DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS Negócios · Miguel do Gostoso, com 108 MW. /Estadão...

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Negócios SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 9, 10 E 11 DE MAIO DE 2015 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS 6 Copel inicia operação no RN ENERGIA EÓLICA A estatal paranaense Copel informou que dois parques eólicos, com capacidade insta- lada de 59,4 MW, entraram em operação comercial ao longo da semana passada. Os parques Santa Maria e Santa Helena, localizados em João Câmara (RN), integram o Complexo Brisa Potiguar. A meta da Copel é ampliar o número de parques em operação no Rio Grande do Norte dos atuais seis para 32 até 2019. Os quatro primeiros investimentos da companhia no estado foram inaugurados em fevereiro passado, no mu- nicípio de São Bento. “Quando estiverem prontos, os comple- xos somarão 662,5 MW de energia instalada”, informou a companhia em nota. O volume é suficiente para abastecer 2 milhões de residências. A Copel trabalha com a ex- pectativa de iniciar a operação comercial de outros nove par- ques eólicos até o final do ano. Serão cinco parques restantes do Complexo Brisa Potiguar, com um total de 183 MW, e quatro do Complexo São Miguel do Gostoso, com 108 MW. /Estadão Conteúdo Petrobras contempla refinarias problemáticas PETRÓLEO E GÁS A conclusão de refinarias problemáticas em Pernambu- co e no Rio de Janeiro estará prevista no Plano de Negócios 2015-2019 da Petrobras, a ser divulgado até junho, afirma fonte próxima à companhia. Mas ainda há incertezas sobre quando e como serão efetivados os investimentos para o encerramento das obras nas unidades envolvi- das no escândalo de corrup- ção, acrescenta a fonte. A finalização da Refinaria do Nordeste (Rnest, ou Abreu e Lima), e do Comperj, no Rio de Janeiro, dependerá do fôlego da estatal para aportes e da disponibilidade de empreitei- ras, uma vez que as maiores estão proibidas de fechar no- vos contratos com a petroleira em razão dos desvios aponta- dos pela Polícia Federal. Eventuais investidores inte- ressados em uma fatia minori- tária nos ativos de refino – ain- da que a política de preços de combustíveis no Brasil seja pouco estimulante para um sócio privado – também pode- riam ajudar na conclusão dos projetos, disse a fonte, envolvi- da na elaboração do plano. “As duas refinarias estão no plano, e o timing depende de algumas variáveis”, declarou a fonte, que também confirmou que não mais haverá complexo petroquímico no Comperj. O plano de investimento da esta- tal também deverá vir menor para os próximos cinco anos. No próximo leilão de áreas exploratórias do governo, a empresa terá uma atuação “precisa” e “não será megalo- maníaca”, disse a fonte. Procu- rada, a Petrobras não comen- tou o assunto. /Reuters Fabricantes de alimentos e bebidas querem explorar potencial dos mercados regionais pelo Brasil para incrementar os ganhos. Estratégia pode funcionar como alternativa à retração do consumo Indústrias ampliam distribuição pelo País para elevar receita com vendas ALIMENTOS E BEBIDAS Jéssica Kruckenfellner São Paulo [email protected] Fabricantes de alimentos e bebidas de grande porte têm olhado cada vez mais para mercados fora dos grandes centros como forma de incre- mentar as vendas. O movi- mento já é sentido pelas in- dústrias regionais, que se armam contra as rivais. O diretor comercial de ali- mentos e ingredientes da Bunge, Gerson Francisco, conta que a companhia alte- rou sua estrutura de distri- buição dos produtos para ampliar a presença de suas marcas de alimentos pelo País. “Desde o último ano tra- balhamos com um novo mo- delo de chegada ao mercado, fortalecendo muito os canais indiretos com o atacado e distribuidores”, diz ele. O executivo explica que, junto com a ampliação da distribuição, a fabricante in- veste em ações de marketing para regiões nas quais quer aumentar a presença. “A Bunge também vem de- senvolvendo planos de negó- cios junto com os clientes pa- ra explorar melhor a sazonalidade de alguns pro- dutos e ajudar a desenvolver categorias dentro dos super- mercados”, destaca ele. A fabricante de bebidas Brasil Kirin também aposta no avanço regional para cres- cer em 2015, com um portfó- lio adaptado para o perfil de consumo de cada estado, conforme a vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade da empresa, Juliana Nunes . “Estamos au- mentando a presença em di- ferentes canais de venda e in- vestindo em centros de distribuição próprios e, hoje, já são 25 deles”, conta. A estratégia regional da companhia inclui levar para novos mercados produtos consolidados em determina- das regiões “Estamos levando A sócia da Alimentar Con- sultoria, Pamela Rossi, avalia que o crescimento geográfico da distribuição é um processo natural no setor. Ela reconhe- ce, entretanto, que conquistar clientes em novas regiões pode contribuir para a expansão dos volumes vendidos. De acordo com a consultora, empresas de diversos portes têm investido nos canais de distribuição, mas o grau de di- ficuldade para as pequenas e médias é maior. “Existe uma série de exigên- cias, como licenças e alvarás, para vender esses produtos em determinados estados, uma barreira normal de segurança alimentar, mas que acaba atra- palhando as empresas meno- res”, observa. Ela lembra que, no ano passado, uma empresa de pequeno porte que procu- rou a consultoria desistiu de aumentar sua área de distri- buição devido as dificuldades no processo burocrático. Pamela cita ainda os custos para atender todas as exigên- cias como um dos principais entraves aos pequenos negó- cios. “Mesmo assim a procura de empresas pequenas por consultoria para atender a exi- gências como essas tem cresci- do”, disse ela. A l t e r n at i vas Baseada em pesquisas de mer- cado, a Ambev vem ampliando os programas de atuação off-trade , que são aqueles vol- tados para lojas de pequeno e médio porte. O objetivo, se- gundo a companhia, é alavan- car as vendas destinadas ao consumo doméstico. No primeiro trimestre deste ano, o aumento da distribui- ção contribuiu para a alta de 10,7% na receita líquida orgâ- nica da Ambev, que somou R$ 6,51 bilhões. No mesmo sentido, a Brasil Kirin criou um projeto de mi- cro distribuição, ainda em fase piloto em duas comunidades. De acordo com a empresa, o projeto visa ampliar a presença dos produtos em locais que não são atendidos pelas gran- des distribuidoras de bebidas. DIVULGAÇÃO A fabricante de bebidas Brasil Kirin tem investido para aumentar os centros de distribuição próprios a [marca] Itubaína, forte no Es- tado de São Paulo, para o Nor- deste dentro dessa ideia de ter uma atuação voltada para cada mercado, pensando sempre a partir do consumidor, do que ele quer e procura como bebi- da”, explica Juliana. Para o diretor de marketing da JBS Foods, Eduardo Berns- tein, melhorar a distribuição e a presença no varejo será im- portante estratégia para a companhia, dona das marcas Seara e Friboi, entregar resul- tados neste ano. “Estamos me- lhorando a presença [nos pon- tos de venda] com mais produtos e melhor exposição.” Os planos da JBS incluem, segundo Bernstein, marcas re- gionais. “Os planos incluem o lançamento de novos produ- tos, porque percebemos que o varejo está ávido por novida- des para atrair o consumidor”, observa o executivo. Na BRF, outra gigante do se- tor de alimentos, a estratégia é similar. Em teleconferência com analistas para divulgar o resultado financeiro do pri- meiro trimestre, o diretor-pre- sidente da companhia, Pedro Faria, ressaltou o crescimento em algumas regiões do País. “Quando a gente granulariza isso e enxerga região a região e por canal, a gente enxerga al- guns bolsos de crescimento da companhia muito interessan- tes que estão atrelados a nossa estratégia”, disse ele. Nos três primeiros meses do ano, o vo- lume de vendas da fabricante registrou alta de 7,5% contra igual período de 2014. Faria lembrou que um dos principais projetos da BRF es- se ano é a volta da marca Per- digão em algumas categorias. A expectativa é que o retorno dos produtos às prateleiras ajude a companhia a recuperar participação em algumas re- giões, como o Sul do País. Concorrência A migração das gigantes para localidades fora dos grandes centros já foi percebida pelas empresas regionais. Em entre- vista recente ao DCI, os execu- tivos da paranaense Stival Ali- mentos e da mineira Pif-Paf Alimentos avaliaram que a concorrência tem aumentado, mas como resposta a esse movimento, o investimento em novos produtos e em mar- keting cresceu. A FAVOR CONTRA As grandes fabricantes do setor de alimentos e bebidas têm como principais vantagens dinheiro para investir em campanhas de marketing mais agressivas e adaptação da estrutura de distribuição para ampliar a presença no País. A burocracia e os custos para atender as exigências para comercializar produtos em alguns estados são alguns dos principais problemas enfrentados pelas fabricantes. Para as pequenas e médias, a dificuldade é ainda maior.

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NegóciosSÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 9, 10 E 11 DE MAIO DE 2015 � DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS6

Copel inicia operação no RN

ENERGIA EÓLICA

� A estatal paranaense Copelinformou que dois parqueseólicos, com capacidade insta-lada de 59,4 MW, entraram emoperação comercial ao longoda semana passada.

Os parques Santa Maria eSanta Helena, localizados emJoão Câmara (RN), integramo Complexo Brisa Potiguar.

A meta da Copel é ampliaro número de parques emoperação no Rio Grande doNorte dos atuais seis para 32até 2019. Os quatro primeirosinvestimentos da companhia

no estado foram inauguradosem fevereiro passado, no mu-nicípio de São Bento. “Qu a n d oestiverem prontos, os comple-xos somarão 662,5 MW deenergia instalada”, informou acompanhia em nota. O volumeé suficiente para abastecer 2milhões de residências.

A Copel trabalha com a ex-pectativa de iniciar a operaçãocomercial de outros nove par-ques eólicos até o final do ano.Serão cinco parques restantesdo Complexo Brisa Potiguar,com um total de 183 MW, equatro do Complexo SãoMiguel do Gostoso, com 108MW. /Estadão Conteúdo

Petrobras contempla refinarias problemáticas

PETRÓLEO E GÁS

� A conclusão de refinariasproblemáticas em Pernambu-co e no Rio de Janeiro estaráprevista no Plano de Negócios2015-2019 da Pe t ro b r a s , a serdivulgado até junho, afirmafonte próxima à companhia.

Mas ainda há incertezassobre quando e como serãoefetivados os investimentospara o encerramento dasobras nas unidades envolvi-das no escândalo de corrup-ção, acrescenta a fonte.

A finalização da Refinaria

do Nordeste (Rnest, ou Abreu eLima), e do Comperj, no Rio deJaneiro, dependerá do fôlegoda estatal para aportes e dadisponibilidade de empreitei-ras, uma vez que as maioresestão proibidas de fechar no-vos contratos com a petroleiraem razão dos desvios aponta-dos pela Polícia Federal.

Eventuais investidores inte-ressados em uma fatia minori-tária nos ativos de refino – ain-da que a política de preços decombustíveis no Brasil sejapouco estimulante para umsócio privado – também pode-riam ajudar na conclusão dos

projetos, disse a fonte, envolvi-da na elaboração do plano.

“As duas refinarias estão noplano, e o timing depende dealgumas variáveis”, declarou afonte, que também confirmouque não mais haverá complexopetroquímico no Comperj. Oplano de investimento da esta-tal também deverá vir menorpara os próximos cinco anos.

No próximo leilão de áreasexploratórias do governo, aempresa terá uma atuação“p re c i s a” e “não será megalo-m a n í a c a”, disse a fonte. Procu-rada, a Petrobras não comen-tou o assunto. /Re u t e r s

Fabricantes de alimentos e bebidas querem explorar potencial dos mercados regionais pelo Brasilpara incrementar os ganhos. Estratégia pode funcionar como alternativa à retração do consumo

Indústrias ampliam distribuição peloPaís para elevar receita com vendasALIMENTOS E BEBIDAS

Jéssica KruckenfellnerSão Pauloj e s s i c a . m o ra e s @ d c i . c o m . b r

� Fabricantes de alimentos ebebidas de grande porte têmolhado cada vez mais paramercados fora dos grandescentros como forma de incre-mentar as vendas. O movi-mento já é sentido pelas in-dústrias regionais, que searmam contra as rivais.

O diretor comercial de ali-mentos e ingredientes daBu n g e, Gerson Francisco,conta que a companhia alte-rou sua estrutura de distri-buição dos produtos paraampliar a presença de suasmarcas de alimentos peloPaís. “Desde o último ano tra-balhamos com um novo mo-delo de chegada ao mercado,fortalecendo muito os canaisindiretos com o atacado edistr ibuidores”, diz ele.

O executivo explica que,junto com a ampliação dadistribuição, a fabricante in-veste em ações de marketingpara regiões nas quais queraumentar a presença.

“A Bunge também vem de-senvolvendo planos de negó-cios junto com os clientes pa-ra explorar melhor asazonalidade de alguns pro-dutos e ajudar a desenvolvercategorias dentro dos super-m e rc a d o s”, destaca ele.

A fabricante de bebidasBrasil Kirin também apostano avanço regional para cres-cer em 2015, com um portfó-lio adaptado para o perfil deconsumo de cada estado,conforme a vice-presidentede assuntos corporativos esustentabilidade da empresa,Juliana Nunes . “Estamos au-mentando a presença em di-ferentes canais de venda e in-vestindo em centros dedistribuição próprios e, hoje,já são 25 deles”, conta.

A estratégia regional dacompanhia inclui levar paranovos mercados produtosconsolidados em determina-das regiões “Estamos levando

A sócia da Alimentar Con-sultor ia, Pamela Rossi, avaliaque o crescimento geográficoda distribuição é um processonatural no setor. Ela reconhe-ce, entretanto, que conquistarclientes em novas regiões podecontribuir para a expansão dosvolumes vendidos.

De acordo com a consultora,empresas de diversos portestêm investido nos canais dedistribuição, mas o grau de di-ficuldade para as pequenas emédias é maior.

“Existe uma série de exigên-cias, como licenças e alvarás,para vender esses produtos emdeterminados estados, umabarreira normal de segurançaalimentar, mas que acaba atra-palhando as empresas meno-re s”, observa. Ela lembra que,no ano passado, uma empresade pequeno porte que procu-rou a consultoria desistiu deaumentar sua área de distri-buição devido as dificuldadesno processo burocrático.

Pamela cita ainda os custospara atender todas as exigên-cias como um dos principaisentraves aos pequenos negó-cios. “Mesmo assim a procurade empresas pequenas porconsultoria para atender a exi-gências como essas tem cresci-d o”, disse ela.

A l t e r n at i vasBaseada em pesquisas de mer-cado, a Ambev vem ampliandoos programas de atuaçãoo f f - t ra d e , que são aqueles vol-tados para lojas de pequeno emédio porte. O objetivo, se-gundo a companhia, é alavan-car as vendas destinadas aoconsumo doméstico.

No primeiro trimestre desteano, o aumento da distribui-ção contribuiu para a alta de10,7% na receita líquida orgâ-nica da Ambev, que somou R$6,51 bilhões.

No mesmo sentido, a BrasilKirin criou um projeto de mi-cro distribuição, ainda em fasepiloto em duas comunidades.De acordo com a empresa, oprojeto visa ampliar a presençados produtos em locais quenão são atendidos pelas gran-des distribuidoras de bebidas.

D I V U L G AÇ ÃO

A fabricante de bebidas Brasil Kirin tem investido para aumentar os centros de distribuição próprios

a [marca] Itubaína, forte no Es-tado de São Paulo, para o Nor-deste dentro dessa ideia de teruma atuação voltada para cadamercado, pensando sempre apartir do consumidor, do queele quer e procura como bebi-d a”, explica Juliana.

Para o diretor de marketingda JBS Foods, Eduardo Berns-tein, melhorar a distribuição ea presença no varejo será im-portante estratégia para acompanhia, dona das marcasSe a ra e Fr iboi, entregar resul-tados neste ano. “Estamos me-lhorando a presença [nos pon-tos de venda] com maisprodutos e melhor exposição.”

Os planos da JBS incluem,segundo Bernstein, marcas re-gionais. “Os planos incluem olançamento de novos produ-tos, porque percebemos que ovarejo está ávido por novida-des para atrair o consumidor”,observa o executivo.

Na B R F, outra gigante do se-tor de alimentos, a estratégia ésimilar. Em teleconferênciacom analistas para divulgar oresultado financeiro do pri-meiro trimestre, o diretor-pre-sidente da companhia, PedroFaria, ressaltou o crescimentoem algumas regiões do País.

“Quando a gente granularizaisso e enxerga região a região e

por canal, a gente enxerga al-guns bolsos de crescimento dacompanhia muito interessan-tes que estão atrelados a nossae s t ra t é g i a”, disse ele. Nos trêsprimeiros meses do ano, o vo-lume de vendas da fabricanteregistrou alta de 7,5% contraigual período de 2014.

Faria lembrou que um dosprincipais projetos da BRF es-se ano é a volta da marca Per-digão em algumas categorias.A expectativa é que o retornodos produtos às prateleirasajude a companhia a recuperarparticipação em algumas re-giões, como o Sul do País.

ConcorrênciaA migração das gigantes paralocalidades fora dos grandescentros já foi percebida pelasempresas regionais. Em entre-vista recente ao DCI, os execu-tivos da paranaense Stival Ali-mentos e da mineira P i f - Pa fAlimentos avaliaram que aconcorrência tem aumentado,mas como resposta a essemovimento, o investimentoem novos produtos e em mar-keting cresceu.

A FAVOR CONTRA

� As grandes fabricantes dosetor de alimentos e bebidastêm como principais vantagensdinheiro para investir emcampanhas de marketing maisagressivas e adaptação daestrutura de distribuição paraampliar a presença no País.

� A burocracia e os custospara atender as exigênciaspara comercializar produtosem alguns estados são algunsdos principais problemasenfrentados pelas fabricantes.Para as pequenas e médias, adificuldade é ainda maior.