DIÁRIO ILLOSTRADO -...

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Duodecimo anno

ASSIfiNATUBA EM LISBOA

1 mez .. 300 réis Annuncios, linha 20 iéis.

3 mezea. 900 « Ditos na 1.» pagina 100 réis.

Avulso.. 10 « Corpo do jornal 40 réis.

No corpo do jornal sem signal de pago «e-

rão contratados unicamente na administração. Segunda feira 6 de agosto de 1883

ASSIfiNATlJBA NAS PROVÍNCIAS

mczes, pagamento adiantado. . !£150 réis N11fTlPPH vfiR#

A correspondência sobre administração a An- ■ ■ u 111 v ■ u U>UU4

R. Teixeira, T. da Queimada, n.® 35. tomo

Expediente

Pedimos aos nossos assi-

gnautes que estão em debito,

a especial fineza de mandarem

satisfazer a importancia das

slias assignaturas.

Lembramos que o melhor

meio de realisar qual

gamenlo é por vales do cor-

reio, pedindo a quem mandar

estampilhas o obsequio de re-

gistar a carta para que não

possa haver extravio.

SECCÃO UII1 O

ALMANACH

AGOSTO (31 DIAS)

Quarta feira.

Quinta feira.

Sexta feira.

Sabbado

Domingo.

Segunda feira.

Terça feira.

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PHASES DA LUA

Lua nova a 3.—Quarto crescen-

te a 11.—Lua cheia a 18.—Quarto

minguante a 25.

CHRONICA DO DIA

Segunda feira, 6. — Transfigu-

ração de Christo, S. Thiago.

Paramentos brancos.

Lausperenne naegreia parochial

de^Nossa Senhora ao Soccorro.

Principio da aurora, 3 h. 8 m.

Nascimento do sol 4 h. 58 m.

Occaso 7 h. 2 m.

Primeiro preamar 4 h. 6 t.

Segundo preamar 4 h. 30 m.

Primeiro oaixamar 10 h. 18 t. Segundo baixamar 10 h. 42 m.

TEMPO

Conforme o boletim do Observa-

tório do infante D. Luiz, a tem- Íeratura maxima ante-hontem em

tisboa, foi de 24,2 a minima 16,3.

O tempo provável hoje é:

Vento fresco ou moderado d'en-

tre NW. e NE.

Ceu d'algumas nuvens ou lim-

po.

Com respeito ac> estado geral do

tempo diz o seguinte:

Pequena baixa barométrica,

principalmente no centro e S. do

reino, com augmento de tempera-

tura no N. e diminuição no S.

As isobaras indicam uma peque-

na depressão ao SW. da peninsu-

la e uma região de pressão eleva-

da abordando na parte NW. da França.

ESPECTÁCULOS

8 1[2 h.—Coliseo nos Recreios—

-—Opera: Barbeiro de Sevilha.

N. B. — Os srs. accionistas e

subscriptores dos Recreios teem

-entrada hoje com 50 0/0 de aba-

timento. Chalet—(Belem)—Espectáculos

pela .eompnnhia hespanhola de zarzuella — A's 4, 6, o e 10 horas

—Variados espectáculos. Theaíebo da Kainiia — (Na feira

de Belem)—De tarde: Os Ladroes

levriezes—.A noite: O captivo diabo.

0 dr. Ladislau IVetto

O dr. Ladislau de Sousa Mello

e Netto nasceu na cidade de Ma-

ceió, capital da província das Ala-

goas, a 27 de junho de 1838, e é

hoje o mais distincto botânico e

uaturalista de que o Brazil se ufa-

na.

O illustre alagoano tem publi-

cado grande numero de trabalhos

scientificos sobre a Flora brazi-

leira, alguns d'elles escriptos em

francez e que denotam um profun-

díssimo conhecimento da botani-

ca.

Os botânicos mais abalisados da

França respeitam em Ladislau

Netto um talento de primeira or-

dem, e fizeram-lhe um acolhimen-

to bastante cordial, quando em

4864 elle foi a Paris, convidado a

tomar parte n'um concurso pro-

Íiosto sobre histologia vegetal, pe-

a Academia das Sciencias.

O celebre professor Brogniardt,

decano da Academia e professor

de botanica do Jardim das Plantas,

deu-lhe o franco agazalho da scíen-

cia, reservando-lhe, nos commodo3

do laboratorio de Botanica do

jardim, um local para os seus tra-

balhos, propondo-o membro da

Sociedade botanica de França e

de outras associações scientificas

d'aquelle paiz.

Ladislau Netto privou ali com

os mais illustres botânicos e natu-

ralistas, frequentando os cursos e

trabalhando nos referidos gabine-

tes, ora na Soborne, ora no Jar-

dim das Plantas, onde foi residir.

Foi assim que travou conhecimen-

to com Elias de Beaumont, Flou-

rens, Gratiolet, Cláudio Bernard,

Frecul, Dachortre, que o cita mui-

tas vezes no seu clássico tratado

de Botanica, Naudin, que se fez

seu intimo amigo e que lhe escre-

veu cartas hoje conhecidas pela

imprensa, sobre a Flora Brazilei-

ra, e Henrique Baillon, o illustre

Srofessor de Botanica da Escola de

ledicina de Paris, que lhe dedi-

cou um genero novo de Plantas

da Nova Zulandia—o genero «Net-

tsa» das Baixaceas.

O famoso naturalista brazileiro

tem viajado muito por toda a Eu-

ropa e America, sendo alvo de

grandes e merecidas distineções

nos diversos paizes que percor-

reu.

E' director do Museu Nacional

do Rio de Janeiro, presidente da

Secção da nossa Sociedade de geo-

graphia no Brazil, membro do

Instituto Ilistorico, da Academia

Real das Sciencias de Lisboa e de

innumeros institutos scientificos da

America e da Europa.

E' dignitário da ordem Impe-

rial da Rosa, commendador da

Conceição de Villa Viçosa, de Por-

tugal, official da Instrucção pu-

blica da Academia de França,

etc.

Deram-se ante-hontem á sepul-

tura no cemiterio oriental os res-

tos mortaes da ex."" sr.a D. Maria

Christina Correia de Carvalho, es-

posa do sr. dr. Nuno Severo de

Carvalho.

O préstito fúnebre saiu de casa

da finada na rua Garrett, ás 6 ho-

ras da tarde.

Compunha-se de um coche com

a urna contendo o corpo da finada,

e muitas carruagens com padres,

asylados e asyladas do asylo de

Mendicidade, irmandade do San-

tíssimo Sacramento, e convidados,

entre os quaes se viam os srs.

visconde da Azaruiinha, general

Caula, Thomaz de Carvalho, San-

tos, Ordaz, Antonio de Campos

Valdez, visconde da Graça, cone-

go Gil Carneiro, Emilio Montever-

de, Baptista Podestá, Rosa Araujo,

conselheiro Pedro Franco, dr. Car-

rilho Garcia, Garridos, Oliveira,

Almeida Carvalho, vereadores das

camaras municipaes de Lisboa e

de Belem, engenheiros, ofliciaes de

marinha, accionistas e emprega-

dos da fabrica da Marinha Grande,

empregados da camara municipal

de Lisboa, logistas, etc.

Da porta do cemiterio para a

capella e da capella para o jazigo

pegaram ás borlas da urna as asy-

ladas.

Foram depositadas sobre a urna

5 corôas.

A finada era uma senhora de

todo o ponto virtuosa, e estimabi-

lissima.

Os pobres perderam muito com

a sua perda.

Descance em paz a sua alma.

O Dez de Março transcreveu da

nossa folha a novella—Dedicação

da marqueza.

Não fez o obsequio de nos citar,

e no emtanto a traducção custou-

nos trabalho.

Na próxima quinta feira reali-

sa-se no Chalet do Rato um gran-

de baile ao ar livre, sob a direcção

do bem conhecido professor de

a Justino Soares.

E' uma diversão a que não fal-

tarão surprezas, e que será tão

modestamente annunciada como

modesto é o seu promotor.

dançj

t

Foram julgados quites para com

a fazenda publica:

Pedro Vicente de Moraes Cam-

ilho, recebedor da comarca de

inhaes, de i de julho a 19 de

agosto de 1881.

José Augusto Gomes, pagador

da direcção das obras publicas de

Bragança, de 1 a 6 de julho de

188L -

No hospício dos expostos no

Porto, ficaram existindo no fim do

mez passado, 828 creanças.

Sociedade Promotora

do Apuramento de

Raças Cavallares

Corridas exlraordinarias cm

Cinira no domingo 19 de

agosto de 4883

PREÇOS

Carruagem a 1 ou 2 cavallos e

char-á-bancs 2$2o0 réis.

Carruagem a 4 ou 6 cavallos

(particular) 22$500 réis.

Cavalleiros, 500 réis.

Peões gratis.

Os socios tem entrada livre me-

diante a apresentação da respecti-

va medalha.

O secretario interino

Antonio de Vasconcellos e Sousa■

Sociedade Promotora

do Apuramento de

Raças Cavallares

COMMISSÀO DE CORRIDAS

Programma para as corridas

exlraordinarias a realisar

cm Cintra no domingo, 19

dc agosto dc 1885.

1.» Corrida Handicap

sr.

sr.

Ao 1.° — Premio do ex.®0

Thomaz da Silva Brandão.

Ao 2.° — Premio do ex.""

Antonio Ferreira Gyrão.

Para cavallos e egoas de qual-

quer edade e raça, trenados. Dis-

tancia 2:000 metros. Entrada, réis

4:500 — Desistencia, 2:250 réis.

«.* Corrida

Ao l.Q«— Prémio d.2& senhoras.

Ao 2.° — Premio do ex.mo sr.

Alfredo Anjos.

Gentlemen-riders. Para ca-

HIGH-LIFE

Fazem hoje annoa as ex.*M

sr.,fr

Condessa de Azevedo. D. Thereza Manuel de Vilhena

Saldanha.

D. Maria das Dores Sá Pereira

e Menezes.

D. Maria da Luz Godair de

Lacerda.

D. Joanna da Silveira Viei

D. Maria José Correia de

cerda da Costa Pinto.

D. Julia Pinto Barruncho de

Vasconcellos. D. Maria de Portugal de Faria*'

D. Marianna Candida da Fon-

seca Dine.

E os srs.:

Conde de Alte.

Visconde da Ponte da Barca.

D. Manuel Telles da Gama

(Niza).

Conselheiro Augusto Cesar Fer-

reira de Mesquita.

Cesário Augusto Pinto,

Antonio de Fa-* Gouveia Za- gallo.

, * ornando Leite de Sousa Pe-

I teira de Fovos.

Gustavo Carlos Jalles.

—Partiram hontem para os Aço-

res o sr. visconde das Larangei-

ras (Manuel) e sua ex.m& esposa.

—Estão em Cascaes o sr. dr.

I Alexandre Meyrelles de Tavora*

Vallos e egoas peninsulares exclu- J1"2 da relação de Goa, e sua es-

sivamente de passeio. Distancia Rosa ,a, e^,ma sr,a Dm ^ar°una

4:000 melros. Entrada, 2*250. Partiu hontem' para a ilha de

3.- Corrida ° 8r" barS° de PaÇÔ

—Partem hoje para a Granja oa

Premio da Sociedade — 60^000 srs. viscondes de Ottolini.

ráís. —Partiu para Paris o sr. Rama-

Ao 1." 455000 réis — ao 2.» rs. 'ho Ortigão.

ft.hn- VÍ^S?do8BÕStdlodeo ar.° José Af- Para cavallos 6 egoas, filhos f01180 Espregueira, sua esposa

de reproduetores do posto hippico e 8ua sobrinha,

da Quinta Regional de Cintra. —Está na sua casa de Arcos de

A idéa que preside a esta corri- Valle de Vea o sr. visconde do Ria

da é premiar os cavallos não tre- Vez.

nados, nem montados por jockeys —Estão na Granja a sr.* con-

ou pessoas habilitadas, mas sim de«?a d« Mell° VfuwR d«

os animaes de serviço dos saloios, sJZZf V

montados por elles mesmos, com ' _part'eni .'hoje para Cintra oa

os seus arreias e os seus fatos e 8r8. Alfredo Anjos e Henriquo

só d'esu fòrma serão acceites as Martins.

inscripções. Distancia 1:000 me- —Está nas Caldas da Rainha o

tros. Estrada gratuita mediante, I sr- Victorino Knto de Sá Passos.

O DR. LADISLAU NETTO

Do bem conhecido professor de

musica, o sr. Joaquim Apparicio da

Matta, recebemos um amavel con-

vite para assistir a um sarau dra-

matico e musical na noite de quin-

ta feira no theatro dos Recreios.

Toma parte no referido sarau,

Sor especial obsequio, a fanfarra

a Casa de Correcção, de que é

professor o sr. Matta.

Escreve-nos um nosso assignan-

te para lembrarmos á excellentis-

sima camara municipal a pouca

frequencia com que são regadas

algumas das arvores coJlocadas em

differentes pontos da cidade, algu-

mas das quaes pelo seu aspecto

inspiram verdadeiro dó.

O pedido é tão justo que não du-

vidamos fazel-o aqui.

João Damaso de Moraes, tendo

retirado de Lisboa por motivos ur-

gentes de serviço, não poude des-

pedir-se das pessoas que o visita-

ram e d'aquellas a quem deveu

assignalados favores; pedindo des-

culpa d'esta fa1 ta, offereee os seus

serviços n'esta cidade.

Caàiz, 26 de julho de 1883.

A catastrophe de Iacliia

Roma, 4, m.

Um decreto real nomeia uma

commissão especial em Nápoles

para receber e distribuir os soc-

corros destinados á ilha de Is-

chia.

Na ilha teem sido enterrados

1:200 cadaveres e retirados para

Nápoles 800 feridos.

Parece que as aldeias destruí-

das não serão reconstruidas.

(HavasJ,

TAM TAM

Durante o tempo dos banhos e'da

feira, a guarda da* Junqueira pas-

sa a fazer serviço na Praia da

Torre e Pedrouços.

( Vários jornaes de 2 i>» agosto),

E' costume ir para os banbos

N'este tempo, e tudo vae?

Té a guarda da Junqueira

Da Junqueira também sae.

Para Pedrouços a guarda

Vae com grandes arreganhes

Policiar os gatunos.

Que partiram para banhos!

Logo que S. Carlos abra

No inverno, com presteza

Marcha a guarda da Junqueira

P'ra S. Carlos, com certeza.

Em janeiro, abrem as cortes;

E lá vae veloz, ligeira,

Para o nosso parlamento

A tal tropa da Junqueira.

Eu, se fosse militar,

Palavra, d'esta maneira,

Só me convinha o serviço

Na tal guarda da Junqueira!

Argos.

■ripçoes.

. Entra"

documento que "prove afiliação do

cavallo.

4-* Corrida

Premio do ex.mo sr. Antonio

Vianna.

Genilemea-riders. Para gar-

ranos e garranas de quaJquer eda-

de e raça. Distancia 600 metros—

Entrada, 1£000 réis.

5.1 Corrida

Premio do ex.™0 sr. conde da

Ribeira;

Gentlemen-riders. Para bur-

—Partiu de Coimbra para a

Granja « sr. -dr. Daniel Ferreira

de Mattos, lente de medicina da

universidade.

—Reçressaram ao Porto, da sua

digressão ao Minho e á Galliza,

os srs. condes do Covo. —Estão em Buarcos o or. Ma-

nuel José Raio (S. Lazaro), e sen

penro o sr. dr. João Alfroáo <1$

Carvalho Braga.

—Partiu para o Hussaco o siv

dr. Miguel Maria de Sousa Horta

(Sanúa Cc>mba Dão).

—Parte hoje para a ilha da Ma-

deira o sr. di*. Manuel José da

Fonseca, juiz de direito de Porta- legre.

Estão na .Fi ros e burras de qualquer edade e | H oíí.?!!? £ar

nn° f Ce-den±>a a'" fiJTcáS e 8eu ^obrínho ã tura de 1, 20. Distancia 800 me- 8r> d. Duarte de Zarcão, trn* — F.ntrnH* 4£()M r*,a -Regressou ao'l>to 0 *r. Di

Vasco de Serpa. „

—Retirou das Caldas

Desgraça

Manuel Thomó, quando ante-

hontem á tarde trabalhava na cer-

ca da Casa Pia, em Belem, ficou

muito maltratado por effeito de

desabamento de uma barreira.

Foi conduzido em maca para o

hospital de S. José, onde ficou em

tratamento na enfermaria de San-

to Onofre, cama n.* 3i.

tros — Entrada 1£000 réis.

6.* Corrida

Premio da Sociedade rs. 20.3000.

Consolação — Handicap de distan-

cias.

Para todos os cavallos e egoas,

garranos e garranas, burros e bur-

ras, que tenham tomado parte nas

corridas d'este dia e não tenham

ganho. Distancia maxima 1:000

metros. Entrada 1,5000 réis.

OltMervaçõeM

Estas corridas não são conside-

radas como corridas publicas e

por isso não trazem penalidades

aos vencedores.

Estão abertas as inscripções pa-

ra estas corridas no escnptorio da

Sociedade, rua dos Retrozeiros, 17,

1.° todos os dias úteis, das 11 ho-

ras da manhã ás 4 da tarde, até

16 do corrente; e em Cintra no ho-

tel Victor, nos dias 13,14 e lo.

As entradas são pagas no acto

da inscripção.

Lisboa e escriptorio da Socieda-

de, rua dos Retrozeiros, 17, 1.° —

4 de agosto de 1883.

O secretario interino

Antonio de Vasconcellos e Sousa.

Fantoches de mad.me diabo j

o sr. deputado Adolpho^ i imen"

tel.

—Partiram para a sua casa erií Anadia o sr. conselheiro José Lu-

cianQ de Castro e sua familia.

—E esperado ámanhã em Lis- boa o sr. Antonio Bettencourt Ro-

digues, estudante do 5.° anno me-

dico na escola de Paris, e irmão

do sr. José Julio Rodrigues.

—Partiu hontem para Vizeu o sr. Antonio Augusto Ferreira

Aboim. Vae passar algum tempo em companhia do nosso amigo

Francisco Mendes.

—Partiu hontem para Cintra o

sr. conselheiro Duarte Nazareth.

—Partiu hontem para as Caldas da Rainha o nosso collega. o sr-

Dantas Baracho.

Aft*a*«iuio

Em Maxombombo, foi assassina-

do com um tiro, quando do Rio

de Janeiro recolhia a cavailo a sua

casa em Rincha, José Gonçalves

dos Santos Vianna, portuguez, na-

tural de Vianna do Castello e d©

ha muito residente no Brazil.

O tiro partiu do matto, e, antes

d'aquelle que o matou, partira ou-

tro que matou o cavallo

elle montava.

Ignora-se ainda o movei do cri-

me e quem é o seu auctor ou aa-

ctore*.

em que

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DIÁRIO ILLOSTRADO

0 tvranno

O Progresso anda ha uns pou-

cos de dias a giosar a mesma idéa.

Já consumiu seguramente dez co-

lumnas de prosa em cinco artigos,

e, naturalmente, continuar-se-ha...

Mas só hontem é que a idéa con-

seguiu tornar-se nítida n'uma

phrase, que certamente vae ser

inscripta no livro dos dogmas da

sua politica.

Eil-a: — Consewa-se o homem

pelo homem; isto é, o sr. Fontes

tem o predomínio que tem por ser

o sr. Fontes.

Ora, para chegar a esta con-

clusão, parecia-nos que não era

necessário tanto estudo, tanto es-

tylo, tanta prosa, tanta offensa,

tanta giria.

De certo que um homem é o

que é por ser quem é, por valer o

que vale. Assim como, segundo o

jbiario Popular e o Progresso, 0 sr.

Valbom não pode ser presidente

ào conselho por ser o sr. Valbom,

assim o sr. Fontes tem representa-

do' e representa e representará

aquella dignidade por ser o sr.

Fontes.

Nada mais e nada menos.

O partido progressista não tem

importancia na opinião publica

pelo facto de ser o partido pro-

gressista: uma troupe de bohe-

mios políticos, postos á vontade

nas suas organisações, sem um

duque de Loulé que os obrigue á

seriedade e á legalidade.

Mas se o sr. Fontes tem o pre-

domínio que lhe attribuera contra

a \ ontade do paiz—e esta é que é

a questão—porque ?e não levanta

o paiz a derribar o tyranno?

Commettam essa boa acção os

que affirmam que esse predomínio

é illegal, que é falso, que não cor-

responde a nenhuma realidade:

vençam na urna, porque se trium-

pham em Arouca e Anadia, não

podem dizer com verdade que a

victoria lhes é roubada, nem con-

tra a vontade suprema do povo

se podem praticar esses roubosl E

se a urna pode ser sofismada, to-

quem a rebate; arregimentem for-

Sas; formem legiões, e prostrem o

espotaí

Façam isto, e deixem-se de gri-

tarias. Olhem que, se a sua decla-

mação não é correspondente a

uma verdade, podem chamar-lhes

doidos.

0 phylloxera 0111 Camarate

Tem-se desenvolvido a maior

actividade nos trabalhos prepara-

tórios para se proceder á extrac-

ção immediata do foco phylloxeri-

co, descoberto pelo distincto agro-

nomo do districto o sr. Luiz Cor-

vo na quinta de S. João, na fre-

guezia de Camarate.

Consta-nos que todo o material

e pessoal pratico, necessário para

se dar começo aos trabalhos de

extincção, partiram hontem para

o local invadido, e que ámanhã

deve começar a fazer-se a appli-

cação do sulfureto de carbone á

nodoa phvlloxerada.

Continuam os trabalhos de pes-

quisa dirigidos pelo sr. Corvo, não

se tendo encontrado até agora ou-

tros focos.

A's 4 horas reuniu hontem o con-

selho de ministros, a fim de tomar

"providencias militares, visto ter re-

bentado a insurreição n'uma cida-

de junto á nossa fronteira.

Revolta em Hespanha

lKelientoii 1b ontem, a 1

liorada madrugada, uma

revolução militar em Ba-

dajoz.

A guarnição aublevou-

*e, prendendo o capilão-

general interino, e ou-

tra* auctoridades.

EnIsio cortada» a* com-

municarõe» telegraplii-

ca* e de caminlio de fer-

ro.

PELO ESTRANGEIRO

Na Italia

A catastrophe d'Ischia

Sendo esta a questão do momen-

to, pomos de parte a politica es-

trangeira, e continuamos a dar a

palavra ao correspondente de Ná-

poles para o Gaulois, que descre-

ve, com todos os seus negros deta-

lhes, o espantoso desastre de Is-

chia:

«Nápoles, 31 de julho.—Levan-

tei-me hoje muito cedo, para dar

um passeio de investigação, antes

de jjartir para Ischia.

O palacio da prefeitura, onde

vou buscar o passe para a via-

cado gem, está cercado por grandes ma-

gotes de povo. Milhares de pessoas

correm para ali, afim de alcança-

rem passagem a bordo do vapor

da carreira de Ischia. O numero,

porém, é tão grande que, por me-

dida de segurança publica, se vi-

ram forçados a fechar o palacio,

permittindo apenas a entrada aos

operários que se offerecem para ir

trabalhar nos locaes do sinistro, e

aos jornalistas.

Ainda assim, a multidão quasi

que nos não deixa passar.

Chego cora difficuldade ao pala-

cio da prefeitura, extenuado de

luctar com a grande massa de po-

vo, e dão:me ali o passe que pro-

curava. Parto ás ii horas para Is-

chia.

Eraquanto o vapor não sae, vou

ao hospital dos Peregrinos e ao

hospital dos Incuráveis, onde estão

installados 150 feridos da ilha.

Que quadro ! Braços partidos, per-

nas amputadas, cabeças esmiga-

lhadas ... um horror 1

Saio d'ali cora o coração oppri-

mido, e sem appetite. Partirei em

jejum.

Chegando ao Caes, assisto á

descarga de um vapor, que acaba

de lançar ferro. Trinta feridos., es-

tendidos sobre cobertores e dando

gritos lancinantes, são levados ao

hospital, em macas.

Embarco, depois de ter enviado

esta minha correspondência ao te-

legrapho.»

«Casamicciola, 31 á 1 e meia t.

Durante a viagem contaram-me

muitos episodios.

Havia já quatro dias que se

sentiam, na ilha, ruidos subterrâ-

neos. Accusam as auctoridades lo-

caes de terem dissimulado que is-

to podia ser o signal de um proxi-

mo tremor de terra, afim de não

assustar os banhistas, em numero

de mais de 2:000, e que, por cer-

to se afastariam logo d'ali.

No momento em que a catastro-

phe se produziu, as pessoas reuni-

das no Tlieatro dos Banhos, em Ca-

samicciola, foram lançadas por ter-

ra, ouviram como que um trem

passando com toda a velocidade

sobre uma ponte de ferro, e senti-

ram o solo oscillar como se fosse

um mar agitado. Quando os espe-

ctadores conseguiram levantar-se,

foi um sauve-qui-peut geral. O

actor Petito fugiu, vestido de po-

lichinelo. Hontem pela manhã

viu-se o pobre diabo chegar, n'es-

te ridículo costume, a Nápoles.

Até nas coisas mais tristes ha

sempre uma nota alegre!

A' mesma hora, o principe Gius-

tiniani-Bandini achava-se no hotel,

com seu filho, que esquissava um

clair de lune. De repente, o can-

dieiro volta-se, e a meza cae. «E'

um tremor de terra !»> brada o

principe; salvemo-nos I» Tiveram

apenas tempo de sair. O hotel des-

moronou-se logo nas suas costas.

Hontem, alta noite, tirou-se de

um subterrâneo, onde se refugiara

ao primeiro abalo do solo, uma fa-

mília inteira. Os desgraçados havia

já trinta e seis horas que não co-

miam nem bebiam ! Quando se

acharam libertados, exultavam de

contentes.

Pergunto aos meus companhei-

ros de viagem se tinha podido

obter-se uma lista exacta dos es-

trangeiros que estavam em Ischia.

—Impossível, respondem-me el-

les; os registos dos hotéis foram

queimados no incêndio, ou jazem

sepultados no entulho.

Suppõe-se que «stavam na ilha

muitos inglezes e que morreram

quasi todos.»

«Casamicciola, 31, á 1 e 58 t.

Ao desambarcar na ilha d'Ischia,

fico petrificado de espanto, vendo

o espectáculo que se desenrola á

minha vista. Montões de esquifes

com cadaveres estão formados em

volta do caes.

Centenas de barcas, amarradas

a estacas na praia, enchem-se de

moveis. Toda a gente foge, temen-

do uma nova catastrophe. Lé-se

em todos os rostos uma tristeza

profunda.

Subo para Casamicciola por um

caminho despovoado e tristonho,

atravez das ruinas.

Que espectáculo o da cidade! Na-

da se vé em pé. E' uma necropole,

onde apenas se nos deparam ca-

daveres, padres e soldados enter-

rando os mortos, operários esca-

vando os entulhos para descobri-

rem as victimas, pessoas de todas

as edades e condições, vestindo

lucto carregado, que procuram os

seus. Triste!

Encontro no local do sinistro o

sr. Genala, ministro das obras pu-

blicas de Italia, que avalia em 3:000

o numero dos mortos já encontra-

dos.

O rei Humberto é esperado ás

3 horas.

Telegraphareiesta noite quando

regressar a Nápoles.»

«Nápoles, 31.

A bolsa está fechada.

O conselho provincial de Nápo-

les votou 30:000 francos para as

victimas da catastrophe. Muitos

bancos deram, também, uma som-

ma de 100:000 francos.

Todas as municipalidades sub-

screveram.

Teem morrido alguns soldados,

procurando tirar os desgraçados

das ruinas.

Sabe-se hoje que os deputados

Lazzaro e Miceli tiveram a fortuna

de escapar.

O arcebispo de Nápoles, duque

de San-Felice, veiu, com o seu

clero, em soccorro dos feridos e

dos moribundos.

O bispo de Ischia foi fulminadc

por uma apoplexia, na occasião do

desastre.

O numero dos mortos parece

ue se eleva a 4:000: em Fario,

em Lacco, 1:000, e em Casa

micciola 2:500 a 3:000.

Entre elles contam-se o conde

Ali, miss Roberton, e os srs.Guilher-

me Persico, negociante, e Della

Morte, industrial.

Ha grande difficuldade em en-

terrar os mortos por serem peque-

níssimos os cemiterios, e haver

falta de operários.

Muita gente foge á penosa tare-

fa dos enterramentos, por causa

do estado de putrefacção dos ca-

daveres.

O ministro resolveu mandar dei-

tar grandes porções de cal, nos

logare3 onde estão empilhados os

mortos, em numero de cincoenta e

mais, designadamente sobre as

ruinas dos hotéis. Casamicciola

tornar-se-ha, assim, um verdadei-

ro cemiterio.

Quasi todos os cadaveres estão

desfigurados e horrivelmente mu-

tilados. Entre os mortos conta-se,

também o commandante Conte,

chefe de divisão no ministério da

guerra, em Roma.

O rei visitará ámanhã Casamic-

ciola, acompanhado pelos minis-

tros Depretis, Genala e Acton.

Além d'outros cuidados, a tropa

tem por missão defender os cada-

veres contra uma infinidade de

cães e porcos vadios.»

#

O rei Humberto, acompanhado

pelo presidente do seu conselho e

por dois ministros, visitou no dia

2, durante hora e meia, as ruinas

de Casamicciola e deixou perto de

100:000 fancos para soccorros.

Um engenheiro, que estava alo-

jado no hotel Sauvet, e que, á ho-

ra do desastre estava jogando, viu

abater três casas :e apagarem-se

todas as luzes. A's apalpadellas

poude chegar até ao jardim, onde"

passou a noite no meio da maior

escuridão, ouvindo muitas vo-

zes implorar auxilio a cada mo-

mento. Ao amanhecer tentou diri-

gir-se á borda do mar. A operação

era difficil, não só pelo perigo de

cair nas numerosas fendas abertas

no solo, mas também pelo cuidado

que era preciso ter para não pisar

os infelizes que jaziam nas ruinas,

agitando-se com as convulsões da

agonia. Caminhando para a praia,

viu uma mão coberta de anneis:

era de uma senhora, cujo esposo,

meio sepultado nos escombros, di-

zia com voz lastimosa:

—Salvem-a e não se importem

comigo!

Foi inteiramente impossível sal-

var a infeliz.

Um dos feridos salvou-se, de-

pois de ver morrer pae, mãe e uma

cunhada.

Enviaram-se para Ischia 1:500

toneladas de cal.

Pequenas noticias

Estrangeiro

A febre das manobras militares

invade tudo, como uma epidemia.

No proximo outomno, até se rea-

lisarão vistosas manobras... no

Japão!

—Diz _>m de Hespanha que o rei

D. Afonso fará a sua viagem a

França, por mar.

—Na ascensão realisada ha oito

dias, em Barcelona, pelo aeronau-

ta Luiz Budoy, o balão caiu ao

mar, perto de Alongat.

Felizmente, não houve desgra- ça a lamentar.

—Um sujeito do Estado de Ala-

bama tem uma filha de tres an-

nos e meio, a quem a natureza

dotou com tres línguas: uma de

tamanho normal e as outras mais

pecjuenas.

Se esta creança chega a ser

mulher, fallará pelos cotovellos!

—Foi destruída, pelo fogo, uma

fabrica de farinnas e chocolate,

em Astorga (Hespanha).

—O governo inglez ordenou que

os carregamentos de trapo, que

cheirarem a Londres, procedentes do Egypto, seiam conduzidos a

um deposito, a fim de receberem

fumigações, antes de entregues

ao commercio.

—Teem-se dado, ultimamente,

graves desastres na Bolsa de Ma-

drid.

—Diz um jornal bem informado

de Hespanha que as noticias so-

bre saúde, em^ toda a Europa, são

excel lentes, não havendo que re-

ceiar a invasão do cholera.

—N'uma procissão que se rea-

hsou, ha oito dias, em S. Thiago

de Compostella, appareceram GO

imagens de santos, e mais de 300

padres. ,.

egress

—O conde de Chambord melho- ra progressivamente e tem dado

alguns pequeninos passeios pelo

parque de Frohsdorff.

—Foi experimentada com ma-

gníficos resultados, na Inglaterra,

a illuminação dos wagons por

meio da pintura luminosa.

A' claridade produzida por es- ta pintura pode-se ler perfeita-

mente.

—Os iornaes de Paris vão abrir

uma subscripção em favor das vi-

ctimas d'Ischia.

—O governo inglez recebeu

confirmação da morte de James

Carey. O'Donnel, o assassino d'es-

te, foi preso, encontrando-se uma

machina infernal em seu poder.

—A entrevista dos dois sobera-

nos da Allemanha e da Austria

será, definitivamente, no dia 7,

em lschl.

—Foi transferido o cura da egre-

ja de Saint Germain, de Argen-

tan, por não ter querido arvorar,

em 14 de julho1 na torre da sua

a, a bandeira tricolor.

—O argumento do bailado Ex- celsior, que, como é sabido, sym-

bolisa o triumpho da luz sobre o

obscurantismo, é o seguinte:

No 1.® quadro apparece o Obscu-

rantismo representado por um ho-

mem negro que leva uma serpen-

te enrolada ao corpo e foge da Luz.

Esta apparece personificada n'u-

ma formosa mulher, e, depois de

uma scena de lucta, triumpha das

trevas para onde o Obscurantismo

pretendia arrastai-a.

Quadro 2.° — Grande baile de

nimphas e génios, n'uin palacio

magnifico. Combinações e grupos

artísticos com que termina o 1.®

acto.

Acto 2 °: Quadro 3.°—Uma fes-

ta de aldeia nas margens do We-

ser. O Obscurantismo apresenta-

se, e suspende-se o baile. Todos

o rodeiam. Aconselha aos barquei- ros que destruam o barco a vapor

de Denis Papin. Os barqueiros,

considerando o navio como uma

invenção diabólica, fazem-o pe-

daços. O Obscurantismo triumpha

auxiliado pela ignorancia.

Quadro 4.°—A Luz vem consolar Papin, mostrando-lhe o porto de

New-York com aponte de Brook-

lyn, pela qual passa o caminho de

ferro. Por baixo da ponte atra-

vessa um vapor.

Quadro 5.°—Habitação de Vol-

ta, que trabalha na sua pilha ele-

ctrica. O Obscurantismo preten-

de, como sempre, sepultal-o nas

trevas, mas uma descarga electri-

ca fal-o fugir em presença da

Luz.

Quadro 6.*— Grande pateo da

estação telegraphica de Washin-

gton. (Jm verdadeiro enxame de

boletineiros corre em todas as di-

recções, distribuindo telegram-

ma8.

Quadro 7.°— O ataque de uma

caravaua no deserto serve de mo-

tivo para um combate muito bem

combinado, que termina envolto

nas trevas, condensadas pela von-

tade terrivel do homem negra.

Quadro 8.*—A yictoria do Obs-

curantismo é passageira. A Luz

vae brilhar com todo o seu fulgor

em Ismailia, na inauguração do

canal de Suez. N'esta vista ha ef-

feitos de luz surprendentes e

bailados lindíssimos.

Acto 3.#: Quadro 9.*— O Obscu-

rantismo procura o seu reino nas

entranhas da terra, entorpecendo

os trabalhos dos engenheiros que

estudam a maneira de perfurar o

monte Cenis. Quando julga ter al-

cançado a victoria, apparece a Luz, conseguindo realisar a obra

utesca ao som da Marselheza

o hymno italiano,

hiadr Quadro 10.°—Apparece o retra-

to de Lesseps, ornado com tro-

pheos e bandeiras.

Quadros 11.° e 12.° — O templo

das Nações. Ha, entre outros bai-

lados, um que representa todas as

armadas europêas. A Luz trium-

pha definitivamente sobre o Obs-

curantismç.

—O almirantado allemão vae fa-

zer o ensaio de um navio-hospital,

provido de macas, mczas de ope-

rações e instrumentos cirúrgicos,

que acompanhará ao Báltico a es-

quadra allemã.

E pintado de branco, com uma cinta vermelha, e levará na sua

bandeira a cruz de Genebra.

MíEPiCIÁ 3AVAS RBUTER

INFORMAÇAO

Hoje ás 4 h. e 55 m. da manhã

veiu aviso da estação de Oitavos,

de que na lage do Ilamella, pro-

ximo do pharol da Guia, se acha-

va encalhado um vapor. A cer-

ração estava completamente fe-

chada.

Soube-se depois ser o vapor in-

glez Earl of Damfries, que vinha

de Tanganrog, por Malta, e se

destinava a Altona, com carpa de

ccreaes, e tripulado por 21 ho-

mens e 10 passageiros. Estes, ba-

gagens e tripulantes desembarca-

ram com facilidade, porque o mar

estava chão.

Não houve perda de vidas.

A's 6 h. ainda a ceíração era

densa, segundo participavam de

Cascaes.

Noticia» «lo cbolera

Cairo, 4, n.

Hontem falleceram 170 choleri- cos.

O numero dos atacados não di-

minue muito, mas o que augmen-

ta sensivelmente é o numero das

pessoas curadas.

CHavas).

Novos tacões americanos a 00

réis, o par, durando o triplo dos

ordinários. Collocam-se gratuita-

mente, em menos de 5 minutos, na

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Norte, n.° 95, fecha a 14 de agos-

to e reabre a 1 de outubro.

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pessoas que precisarem do seu

Srestimo para deixar o aviso no

otel Nunes até o dia 8 do corren

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Caldas da Rainha

Um nosso assignante que se acha

ali a banhos pede-nos para recom-

mendarmos este hotel, onde se en-

contra aceio, bom tratamento e

muita ordem.

Eis o que a respeito do esplen-

dido Almanach das Senhoras para

1884 escreve o Correio da Noite.

Almanacli daw Senhoras

«Está publicado o Almanach das

Senhoras, para 1884, — um excel -

lente annuario, collaborado pelos

principaes escriptores portugue- zes e brazileiros, e dirigido pela

ex.ma ar.» D. Guiomar Torrezão,

que tem sabido tornar este livro

superior a todos os seus congéne-

res pela arte com que é feito.

O Almanach das Senhoras entra

galhardamente, ufano da sua re- putação, cheio de louçania e vida,

e vida alegre, no 14.° anuo da

sua existencia.

Compõe-se o volume, que temos

presente, de 33(5 paginas, todas tão úteis como agradaveis, e abre

este anno com um retrato de Ca-

millo Castello Branco, gravado

Eor Severini, e acompanhado da

iographia do grande romancista,

escorçada pela penna habilíssima

e delicada da sr.a D. Guiomar

Torrezão.

Durante o curso do livrinho en-

eontram-se mais os retratos e as

notas de momento dos seguintes

escriptores e notabilidades: Julio

Diniz, Arnaldo Gama, madame

Sousa, conde de Cavour, Gonçal-

ves Cresno, David Corazzi, Sousa

Bastos, Carlos Gomes (auctor do

Guarany), José de Alencar, Leo-

nor da r onseca Pimentel, duque-

za de Chaulnes, Luiz Gmmaraes,

Miguel Angelo Lupi, Victor Hu-

go e os netos, Pedro Américo, etc,

Contém mais um augmento con-

siderável de annuncios dos pri-

meiros estabelecimentos da capi-

tal, insertos na parte litteraria e

no fim; uma serie de problemas

premiados, enigmas, charadas,

anedoctas humorísticas, gravuras

de arte ornamental e outras, etc.,

etc.

Este anno aprezenta a innova-

ção de uma esplendida capa em

chromo, desenhada por Casanova

e impressa na acreditada litho-

ni

iO seinpi uma para Portugal e outra para

grapnia Guedes. Como sempre tira duas edições,

o Brazil.

Vende-se o excellente e recom- mendavel Almanach das Senhoras

em todas as livrarias do reino,

províncias e ilhas. Preços: bro-

chado 240 réis; cartonado, 320

réis. Para revender faz-se abati-

mento.

A redacção e deposito principal

do almanach é na rua de S. Ben-

to, 218.»

Em todos os actos feitos este

anno na universidade de Coim-

bra, houve 78 reprovações e 86 ap-

pro vações simpliciter.'

ATRAVEZ DOS PALCOS

Coliseu do* Recreios

Aida ■

Todos foram para o Coliseu

contando com um fiasco, e, parte

devido á grande fama da opera,

parte devido á grande curiosidade

proveniente da espectativa, o thea-

tro encheu-se a deitar fóra. Nun-

ca vimos uma enchente assim e

nunca assistimos a um triumpho

tão pouco previsto!

Esse triumpho que, no primeiro

acto, apesar de applaudido, se for-

mulou apenas no estado de conje-

ctura, affirmou-se definitivamente

no segundo acto, depois do duetto

de Amneris e Aida, muito bera

cantado pelas sr." Aimo e Ferni.

Esse duetto, um dos principaes

escolhos, foi o grande successo da

Arfa no Coliseu.

E a sr.a Ida Ferni, que tem si-

do um pouco martyrisada pelas

botas indígenas n'estas ultimas

noites, levantou-se, na parte de

Amneris, n'uma verdadeira apo-

theose, apotheose tanto mais au-

thentica, quanto se desenhava em

um horisonte que tinha ao fun-

do... a sr," Stella Bonheur I...

Quando uma pessoa se lembra

da maneira barbara como a sr.a

Stella Bonheur mutilou a pobre

Amneris, em S. Carlos, todo o nos-

no reconhecimento e todos os nos-

sos applausos caem aos pés da

sr.a Ida Ferni, que chega a tomar

aos nossos olhos, perlados de la-

grimas de gratidão, as proporções

gigantescas de uma Patti I

Fizemos em primeiro logar men-

ção d esta cantora; não só porque

o seu êxito na Aida foi relativa-

mente admiravel, tendo tanto de

optimo quanto de inesperado, co-

mo porque quizemos assim com-

pensal-a, em nome do presente,

dos desastres do passado.

A sr.a Ida Ferni disse com brio

a bella phrase «ritorna vencedor»,

teve phrases soberbas no duetto

do segundo acto, e deu extraordi-

nário relevo á sua musica do quar-

to acto, elevando-se quasi sempre

á altura d'esse canto apaixonado,

vehemente de desespero, onde se

debatem, em uma luta despedaça-

dora, o amor, o odio, o orgulho,a o

ciúme.

O pnblico, maravilhado, chamou

a sr.a Ferni e fez-lhe uma verda-

deira ovação.

A sr.a Aimo, um soprano sfoga-

to de grande mérito, deu á parte

de Aida, que se adapta perfeita-

mente á tessitura da sua voz,

uma execução excellente e can-

tou com mimo a formosíssima ro-

manza «O mia dolce pitria», fa-

zendo destacar a phras j, maviosa

como um suspiro, docç como um

beijo d'amor, «n>ai piu», e con-

correndo largamente para o êxito -

brilhantíssimo do duetto com Am-

neris.

O sr. Gnaccarini fez nm rei da

Ethiopia digno de assentar o seu

throno... no palco de S. Carlos.

Logo á primeira phrase, arran-

cou uma salva de palmas. E' for-

mosíssima a voz d'este barytono;

a primorosa execução do Amonas-

ro confirma o vaticínio que já aqui

fizemos, a proposito d'este bravo

artista, a quem de certo está re-

servado um esplendido futuro.

O sr. Ulloa cantou perfeitamen-

te a parte de Ramphis, concorren-

do para o magnifico êxito da ope-

ra.

O sr. Passeti, que se estreiou no

Radamés. foi o único ponto negro

da Aida.

0 debutante possue uma voz

nasal, muito pequena, e muito fa-

tigada, que estala como uma cor-

da avariada (vide o terceiro acto),

quando elle a quer forçar a exer-

cícios superiores ás suas mingua-

das posses.

Afigura-se-nos que o sr. Stucci

teria dado melhor conta do recado.

A mise-en-scenc da Aida é supe-

rior, a todos os respeitos, ao que

havia direito a esperar fóra do

theatro de S. Carlos, notando-se a

boa execução dos bailados e a ir-

reprehensivel afinação dos coros.

A direcção esmeradíssima, hon-

ra o maestro Bonnicioli, que teve

duas chamadas especiaes.

Em resumo, a Aida foi um suc-

cesso de palmas... e de libras!

Malvadez

Foi preso no Porto um trabalha-

dor, natural de Pedroso, concelho

de Gaia, por espancar um menor

de 10 annos de edade, que ficou

com a perna direita fracturada,

sendo por isso recolhido no hospi-

tal da misericórdia d'aquella ci-

dade.

Fratricídio

No Bouro ura pequeno de 10

annos de edade seguidamente a

uma disputa com a irmã, que ti-

nha apenas 7 annos, assassinou-a

com um tiro de pistola, no mo-

mento em que ella entrava em

casa.

Page 3: DIÁRIO ILLOSTRADO - purl.ptpurl.pt/14328/1/j-1244-g_1883-08-06/j-1244-g_1883-08-06_item2/j...Duodecimo anno ASSIfiNATUBA EM LISBOA 1 mez .. 300 réis Annuncios, linha 20 iéis. 3

O NOSSO CANCIONEIRO

LXXVIII

Como um gigante suarento—dorme

Nos pardos mantos d'uma névoa estranha

A ciaade opulenta, em cuja entranha

Rasteja a fome como um verme enorme.

Dos lampeões, a dúbia claridade,

Passam, repassam vultos cautelosos:

Este procura no mysterio os gosos,

Procura aquelle um pão, na realidade.

Contra o caes solitário o rio escuro Geme convulso e espuma—e novamente

Volta a gemer, de encontro ao velho muro; •

Retine o ouro: véla a industria ingente,

Cresce a miséria, e augmenta o vicio impuro...

Oh! millionaria Londres indigente!

Lurz de Goimaraes Junior.

Chronica lisboeta

A primeira noite que Bébé pas-

sou fóra de casa, corria os campos

um friosinho áspero de nordeste,

a claridade azulina das estrellas

derramava-se por entre os arvore-

dos com uns tons phantasticos de

\punch, as pontas esguias dos cy-

prestes faziam no ar uns vagos

gestos de bracinhos infantis que

pedissem soccorro ao afundarem-

se, as pedras dos tumulos tinham

alvuras seccas de mortalhas recor-

tadas em feitios architectures. O

pharol do guarda, que fazia a sua

guarda nocturna, acabara de su-

mir-se atraz d'uma avenida escura

em que de longe a longe desponta-

vam cruzes pretas. Ia para a meia

noite. A toda a volta do cemiterio

mergulhado em trevas, os campos

immensos concentravam se n'um

silencio concavo, assombrado de

religioso terror.

Bébé, entretanto, dormia pro-

fundamente, muito pallido, com os

seus beicitos descorados e as suas

palpebras corridas, ao comprido

no pequenino caixão forrado de

seda branca com cruzinhas de oi-

ro. As suas mãositas de cera, que

a doença não descarnára, descan-

savam sobre o peito, apertadas

lima na outra, como se esboças-

sem uma derradeira supplica. Os

seus cabellos loiros, d uma finura

ideal de raios de sol, espalhavam-

se em ondas fofas aos lados da sua

cabeça cheia d'uma expressão tran-

quilla. A essa hora em que Bébé

dormia tão sereno na frescura gla-

cial da terra, o papá e a mamã

choravam em casa, e Moloch,—o

enorme cão do S. Bernardo que

era o mais intimo amigo da crean-

ça, aquelle a quem a creança pu-

chava as longas orelhas e dava

metade da sobremeza,—gemia de-

solado, aos pés do pequenino leito

de cortinados brancos onde Bébé

passara as noites dos seus tres an-

íios, com o focinho enterrado nas

roupas pendentes que ainda guar-

davam um resto de calor da fe-

bre.

Mas quando a aragem trouxe

n'uma resonancia esbatida as ba-

daladas longínquas da meia noite,

ouviu-se um bater de azas vindo

do alto, quasi a prumo, e uma for-

ma vaporosa veiu pousar á porta

do tumulo de Bébé. A fórma que

assim descia pela noite abaixo,

desde as alturas innecessiveis em

que as estrellas, como lascas de

diamantes, esparziam a sua clari-

dade fria e violacea, era d'um se-

raphim que andava na sua colhei-

ta de almas para o firmamento.

Entrou, fechando as suas azas

brancas de remiges muito compri-

das, como se fossem as varetas de

algum monstruoso leque de noiva.

A tampa do pequenino caixão sal-

tou, sob os olhos do seraphim que

acabava de se curvar curiosamen-

te, com as mãos sobre os joelhos.

Bébé lá dormia sempre, tranquillo

lia morte, de mãositas encruzadas

e palpebras descidas, emquanto

que os seus finos cabellos de oiro,

tocados por um golpe de ar, pare-

ciam ter uma ultima palpitação de

vida.

—«Como elle é bonito!—mur-

murou o seraphim, sorrindo ao

aspecto d'aquelle adoravel corpi-

nho.»—

E poz-lhe de manso a mao na

testa, que a morte e a noite ha-

viam enregelado. Passou-lhe pela

physionomia um ar de piedade:

—«Estás tão frio, meu pequer-

rucho!... tão frio. .4 Realmente

seria uma dor d'alma levar-te as-

sim atravez do espaço, exposto á

corrente da aragem, que te gela-

ria mais ainda. Pobresinho! pobre-

sinho!. -. >»—

E com ternuras infinitas de mãe

ou de irmãsinha mais velha, de-

bruçando-se, tomou Bébé em peso

nos braços, deitou-o sobre o collo,

esteve a aquecer-lhe as faces, as

mãos, os pésitos cujo frio repassa-

va os minusculos sapatinhos de se-

tim branco. Bébé tomára n'aquelle

collo amigo uma attitude sinuosa e

repousada, como se ali descanças-

se mais á vontade; dir-se-ia que

os seus lábios adquiriam pouco a

pouco um rubor ligeiro, que a re-

de finissima de veias das suas pal-

pebras se coloria de sangue; e en-

treabriu-se-lhe a bocca deixando

ver as fieiras de madro-perola dos

seus dentes, atravez dos quaes pas-

sava uma respiração ténue, em-

quanto que o peito até ahi immo-

vel principiava a animar-se com

uma arfa gem muito serena. O se-

raphim sorria sempre, docemente,

aos progressos d'aquella renascen-

ça milagrosa.

—«Hein?—disse elle por fim,

com modo animador,—vamos lá,

que são horas... Preguiçoso! an-

da ver o Jesus, que é muito ami-

guinho. ..»—

E levantou-o um pouco, para

acabar de o acordar. Bébé abriu

ligeiramente os olhos, ainda papu-

dos de somno, levou os punhos fe-

chados ás palpebras para as esfre-

gar, e fitou meio tonto o seraphim,

que lhe sorria mesmo ao pé da ca-

rita já rosada. Ainda balbuciou,

como fazia d'antes, quando acor-

dava de noite no seu pequenino

leito de cortinados brancos em que

agora Moloch se lastimava:—«ma-

mai. ..»—; todavia lançou machi-

nalmente os braços ao pescoço do

seraphim e deitou-lhe a cabeça so-

bre o hombro, talvez para conti-

nuar a dormir...

—«Não ha que ver,—pensou o

seraphim,—tenho de o levar assim

mesmo... Elie acordará com o

fresco da noite.»—

E saindo com Bébé, tomou-o no

braço esquerdo pelos sovacos,

desdobrou as azas, e levantou voo

para as regiões infinitas. Já muito

louge, na força da corrente, a ca-

becita de Bébé reelinava-se para

traz, com os cabellos a esvoaça-

rem n'uma ondulação do ar,—e o

seu longo vestido de gaze com es-

trellinhas d'oiro parecia sumir-se

peio espaço acima, como um ras-

tro de faiscas d'aquella viagem

sobrehumana.

Fazia mais claro ao passo que

elles mais iam penetrando no in-

finito. Longe, muito longe, Bébé

acordou, e viu a uma profundida-

de immensa as nuvens que rola-

vam como as vagas d'espuma d'al-

gum mar alteroso, em encastella-

mentos de vapor. Agarrou-se

n'uma ancia de naufrago ao pes-

coço do seraphim. E em voz bai-

xa, cheia de susto, com a sua pro-

nuncia hesitante de creança, per-

guntou-lhe pelo papá, — se iam

ver o papá, se o papá estava ain-

da muito longe...

—«Muito, muito,—respondeu o

seraphim luctando contra as on-

das d'ar que se lhe engolphavam

pela bocca,—mas estamos perto

do pae do ceu, que é muito teu

amiguinho... Tu vaes ver, como

elle te dá bonitos.. .»>—

—«E o papá?—^perguntava in-

sistentemente Bébé. O papá?...—

E o seraphim, apiedado d'aquel-

la dor infantil ao mesmo tempo

que os seus lábios sorriam, não

sabia que responder para tranquil -

lisar a anciedade da creança.

—«E a mamã? — continuava

Bébé n'um tom que principiava a

ser lacrimoso.»—

Depois, como se de súbito lhe

acudisse uma ideia muito urgente:

—«Ah! e Moloch?»—

—«Moloch!—exclamou o sera-

phim,—quem vem a ser esse Mo-

loch?»—

Como! pois o seraphim,—poz-se

Bébé a scismar com espanto,—não

sabia quem era Moloch! Mas Mo-

loch,— explicou elle então lon-

gamente, com a sua volubilidade

papagueada dos bons dias,—era o

seu amiguinho, um cão qu3 o pa-

pá lhe trouxera de longe, muito

grande, muito felpudo, com umas

orelhas que elle puxava e uma

bocca em que metade da sua so-

bremeza, todos os dias, se preci-

pitava como ura pedregulho n'um

abysmo... E desatou então a cho-

rar, com desespero, á lembrança

de todos aquelles pormenores. Pe-

diu ao seraphim que lhe deixasse

levar o Moloch,—o seu Moloch,—

para brincar...

—«Como assim! pois havia d'en-

trar no ceu um cão!—acudiu o se-

raphim, quasi indignado. Jámaisf»

Mas quando soube que era um

cão do S. Bernardo, a sua intran-

sigência pareceu affrouxar, enter-

neceu-se. E disse a Bébé, n'um

assomo irreflectido de bondade:

—«Pois bem, vae buscar Mo-

loch, eu espero-te aqui n'esta es-

trella. Uma vez que o cão é do S.

Bernardo, o santo que peça ao seu

collega S. Pedro para fazer a vis-

ta grossa quando o animal appa

recer á porta. E' uma questão de

empenhos...»—

Bébé, então, teve á socapa um

geitosinho adoravel de creança

que já sabe empregar estratage-

mas com êxito, e partiu por ali

abaixo, mais depressa do que ti-

nha subido, n'um raio branco de

luar. O seraphim lá ficava tran-

quillo, á espera,—na confiança im-

Sierturbavel dos logrados, — sem

he passar pela ideia que Bébé era

um evadido da Morte. E entretan-

to, junto ao leito ainda desman-

chado da creança, Moloch levan-

tava das roupas o focinho em que

corriam lagrimas, a um rumor es-

tranho. Fora tudo um pezadello.

No seu leito de cortinados bran-

cos, Bébé dormia serenamente,

com a bocca entreaberta n'um sor-

riso de botão de rosa, e a lampa-

rina do velador derramava uma

claridade frouxa de pequenina lua.

Dormia toda a casa, dormiam os

moveis, dormiam os proprios re-

posteiros aconchegados nas suas

pregas; e por cima de tudo, sere-

namente, pairava como que uma

essencia finissima de bem-estar,—

o bem-estar nocturno das casas

em que se repousa sem a inquie-

tação torturante da morte, e em

que o somno é uma refeição de

forças para a alegria do dia se-

guinte. ..

Beldemonio.

Tauro sói sicliia

Festa artística de José Monteiro

E' no proximo domingo que se

realisa na praça do Campo de

Sant'Anna, a festa artística do es-

timado cavalleiro José Casimiro

Monieiro.

Proraette ser uma lide esplendi-

da, pelos excellentes attractivos

que se preparam. Os touros foram

esmeradamente escolhidos das vas-

tas manadas que possue o bem

acreditado lavrador de Val de Fi-

gueira, o sr. Emilio Infante da Ca-

mara, sem duvida um dos nossos

mais afamados creadores de raças

bravas. Como nenhum, é dos la-

vradores, que possue touros mais

notáveis para a lide dos cavai lei-

ros, pela sua extra rdinaria bra-

vura.

Uma completa novidade se apre-

senta n'esta tarde aos amadores:

um touro lidado por cavalleiro e

bandarilheiros meninos! cujos tra-

balhos deverão muito agradar.

Tomam parte na corrida quatro

cavalleiros e um distincto amador.

Espera-se que n'esta tarde seja a

reapparição dos nossos estimados

bandarilheiros irmãos Robertos. A

embolação é publica para que se

possa ajuizar da braveza dos tou-

ros, que chegam ámanhã ás pasta-

gens de Friellas, onde os amado-

res podem ir vel-os.

O beneficiado, que é um artista

modesto e intelligente, torna-se

digno da estima e protecção do

publico, e por isso é de esperar

que a sua festa tauromachica seja

muito concorrida. Os seus amigos,

que os tem, e muitos, preparam-lhe

grande ovação.

#

# #

No dia 26, realisa-se, como já

dissemos, a tourada em que reap-

parece o sympathico e arrojado

cavalleiro-amador, o sr. Alfredo

Tinoco.

Os estimados bandarilheiros ir-

mãos Robertos continuam experi-

mentando algumas melhoras, o

que muito estimamos.

A troupe do lheatro do Gymnasio

regressou de todo a Lisboa, vindo

todos os artistas satisfeitíssimos

pela maneira como foram acolhi-

dos não só no estrangeiro como

no norte de Portugal, onde ulti-

mamente trabalharam.

No dia 30, o emprezario, o sr.

Carlos Borges, mandou collocar

na tabella do theatro Baquet do

Porto o seguinte:

Terminando ámanhã 3i a pre

lira, supplica-me que entre na al-

cova da sua bem amada e que lhe

conte o que ella faz.—Pois sim í

_ eu lá vou.—A tua bem amada,

sente temporada, cumpre-me agra- meu amigo, exhala um forte cheiro

decer a todos os srs. artistas a

boa vontade, sollicitude e dedica-

mais inequívocas provas, assim

como não posso deixar de lhes

louvar a maneira briosa e digna

por que sempre se houveram. Co-

mo indivíduos e como artistas, em

todas as terras que percorremos,

honraram a classe a que perten-

cem e tornaram-se dignos da mi-

nha estima e da minha gratidão.

Nunca me arrependerei de haver

convivido tão intimamente com

todos durante este longo espaço

de tempo».

Estas palavras honram sobre-

maneira os artistas do theatro do

Gymnasio, que de modo algum dei-

xariam de as merecer pelas excel-

lentes qualidades que a todos dis-

tinguem.

A sympathica troupe reappare-

ce ámanhã no theatro dos Recreios,

em espectáculo extraordinário, le-

vando á scena as comedias Mari-

do no Campo e Ninguém diga.

Escusado será dizer que os es-

pera uma boa ovação.

A literatura honrara

A proposito da visita dos excur-

sionistas húngaros a Paris, escre-

ve o E'oénement um curioso arti-

go, fallando da litteratura húnga-

ra.

Esta litteratura, segundo a folha

parisiense, começou na edade me-

dia, pelo tempo em que os reis da

dynastia d'Arpad luctavam contra

os tartaros; continuou com a guer-

ra dos llunyads contra os turcos e

chega aos nossos dias no poema

de Taldi rejuvenescido por João

Arany.

A edade litteraria da Hungria

começa, porém, com José II, que

fez ali reviver as tradições mor-

tas, restituindo-lhe o seu idioma

nacional. Vemos, então, Alexan-

dre Kisfaludy compondo as suas

mais ternas poesias. Encontramos

depois o auctor dos Contos d'amor

d'Himfy, Carlos Kisfaludy, que es-

creveu mais de quarenta peças pa-

ra o theatro. Apparecem era segui-

da Jsokonai, Berzsényi e Potoefi

Sandor, cujas poesias se asseme-

lham um tanto ás de Alfredo de

Musset.

Ahi vae uma amostra da litte-

ratura húngara, para quem gostar

d'estes estudos:

Eleçia «la lua

Para que sou eu a lua? O que

fiz eu, Deus do Ceu, para ser mais

miserável que a mais miserável

das ereaturas? Antes queria ser o

ultimo dos lacaios na esphera ter-

restre, que a rainha da noite no ai

to dos ceus; desejava mais arras-

tar-me lá baixo, como uma pobre

mendiga, vestindo uns tristes far-

rapos, do que ser aqui rainha e

ostentar as minhas vestes de pra-

ta.

Sim! preferia o cheiro nausean-

te das tabernas terrestres aos per-

fumes que se exhalam aqui do cá-

lice das estrellas. Não tenho eu,

porventura, direito á compaixão?

Hade isto ser eterno? Todos os

cães e todos os poetas não fazem

senão ladrar por baixo de mim. Os

cretinos que se exhibem em parvas

composiçoes poetisas, imaginam

que oiço attenta as suas jeremia-

das e que me entristeço com elles

por uma sympathia voluntaria.

Sou pallida é verdade, mas não é

a dôr que me empallidece o rosto;

fico pallida de cólera quando vejo

todos os tenebrosos choramingas

da terra, nas noites estrelladas, di-

de toucinho; aproxima-se do fo-

gão. .. leva á boca uma batata as-

ção de que me deram sempre as sada na cinza, e... queima os lá-

bios. Ah! que horrenda careta el-

la faz a chorar! Realmente a sua

figura é digna da tua... Agora,

que já resolvi as tuas duvidas,

vae-te imbecil, e que os demonios

te levem.

Hontera, ás 1 i horas e meia da

manha, morreu repentinamente o

pedreiro Manuel Vicente, que es-

tava trabalhando nas obras do

Passeio Publico.

Foi conduzido para o cemiterio

oriental.

Morava na travessa das Parrei-

ras; e deixou mulher e uma filha

menor.

Foi ante-hontemcurar-seao hos-

pital de S. José:—Julia Emilia

Martins, de cor preta.

Tinha um ferimento de um cen-

tímetro na cabeça e fora aggredida

na rua dos Vinagres.

Também ali se foi curar Maria

do Rosario, cora uma contusão no

pé direito, em resultado de ag-

gressão feita na Ribeira Nova.

O sr. dr. Ravara fez na sexta

feira a um doente da enfermaria de

Santo Amaro a amputação da per-

na esquerda, pelo terço medio, ine-

thodo circular.

A operação correu bem, coadj u-

vando o operador os medicos drs.

Oliveira Soares, Cypriano Ferrei-

ra e Jayme Santos.

O mesmo illustre clinico fez

hontem a um doente da enfermaria

de Sauto Antonio a amputação

da perna esquerda. Foi coadjuva-

do pelo sr. conselheiro Barbosa.

A operação correu bem.

O Theatro «las Criança**,

por D. Maria Rita Chiappe Cadet.

A livraria editora de madame

Marie François Lallemant, tendo

sempre em vista a publicação de

livros de reconhecida utilidade, e

vendo a falta que ha em Portugal

de livros que contenham pequenos

escriptos, ou comedias infantis,

próprias para ser declamadas nos

collegios e nas famílias, desenvol-

vendo assim a boa dicção nos me-

ninos, que se habituam a pronun-

ciar com precisão as palavras,

desembaraçando-os e habituan-

do-os a fallar em publico, sem

mal entendida timidez, adquirindo

maneiras de sociedade, resolveu

emprehender a publicação de pe-

quenos livrinhos mensaes, conten-

do peças da mais escrupulosa es-

colha, e da mais delicada lingua-

gem, de cuja elaboração se acha

encarregada a nossa distincta es-

criptora, a sr.* D. Maria Rita Chiap-

pe Cadet.

Recommendamos esta publica-

ção ás nossas leitoras, e estamos

certos que este inverno, nos sum-

ptuosos salões do high-life, vere-

mos os gentis pequenos actores

desempenhar com esmero os mi-

mosos papeis que lhes são desti-

nados, nas comedias Uma idéa de

Clotilde; A mascarada infantil; O

dia de annos, etc, que taes são os

títulos, segundo nos segredaram,

das primeiras publicações.

Está despertada a curiosidade

dos lei torsi nhos; agora, é pedir ás

mamãs e ir assignar na rua do The-

soyro Velho 22, onde receberão

como brinde A recreação mal o-

grada. %

Mascararia «I© pantomi-

meiro*

Dois pantomimeiros de Villa No-

va de Famalicão, precisando ar-

ranjar dinheiro, deliberaram trans

formar-se um em juiz e o outro

em escrivão, e eil-os em marcha

para Landim, revestidos da sua

auctoridade.

Chegados ali, trataram logo,

com toda a solemnidade, de em-

bargar as obras que um sujeito

andava a construir, obrigando ain-

da o homem a dar-lhes de jantar.

O dono das obras, para as conti-

nuar, teve de untar as mãos dos

taes sujeitos.

A auctoridade verdadeira trata

de procurar os seus falsos colle-

gas e de os desmascarar para que

não levem mais por diante a sua

industria.

Por desordem, foram presos ás

> horas e meia da noite de sab-

bado, na rua da Amendoeira, Ma-

ria das Dores da Silva e Luiz Ce-

sar Gouvéa.

Alfredo Chaves Tinoco da Silva,

agradece a todas as pessoas que

se interessaram pelas suas melho-

ras durante a sua doença, epede

desculpa de não o fazer pessoal-

mente por o seu estado ainda não

lh o permittir.

Lisboa, o de agosto de 1883.

Alfredo Chaves Tinoco da Silva.

Coliweu <loa Recreiog*

Hontera foi uma das noites de

maior enthusiasmo d'esta casa de

espectáculo, chegando por vezes

ao delirio as ovações a todos os

artistas e maestro, coros e orches-

tra.

A Aida é sem duvida o successo

da época.

Hoje repete-se o Barbeiro de

Sevilha, uma das operas que mais

teem agradado. Teem entrada os

accionistas por meio preço. '

O sr. visconde de Carriche com-

prou o palacete da rua de S. Mar-

çal, que pertenceu ao fallecido

conselheiro Antonio Manuel da

Fonseca.

O sr. dr. Feijão, professor de

cirurgia, fez hontem a extracção

de um kisto na região glútea a um

doente da enfermaria de S. Carlos

do hospital de S. José.

Manuel Gomes, taberneiro, esta-

belecido na travessa da Boa Hora,

n.° 36, fez toques de apito, ás 9

horas e meia da noite de sabbado,

porque uns indivíduos lhe haviam

quebrado uma meza do estabele-

cimento.

Quando chegou a policia, já os

meliantes tinham dado ás de Villa

Diogo.

Deftaatre

No meio da estrada que liga a

villa do Louriçal com a de Pom-

bal, voltou-se ura carro, despe-

nha ndo-se por uma rampa abaixo.

Ficaram maltratados os passa-

geiros que eram, entre outros, os

srs. parocho, substituto do juiz or-

dinário, pharmaceutic, director

do correio e regedor, todos do

Louriçal.

O desastre attribue-se ao pouco

cuidado do cocheiro, que se dei-

xou dormir na almofada.

O trabalhador Manuel Gomes,

andando no sitio do Paul (Grando-

la) com uma espingarda, e vendo

um lagarto, apontou lhe a arma.

Sem se saber como, a carga foi

despedaçar-lhe o braço esquerdo.

Conduzido ao hospital de S. José,

ali lhe foi feita operação pelo sr.

dr. Sabino Coelho. ■ ■ ———————

Mais uma vez lembramos á ca-

ridade dos nossos leitores a infeliz

viuva Maria Julia Pacheco, mora-

dora em um quarto do prédio 602,

da rua de S. Bento, no qual vive

na maior miséria.

rigirem-me a palavra como se fos-

semos conhecidos velhos. A's ve-

zes devo confessal-o, apparece al-

gum que não pertence a canalha

litteraria; é um verdadeiro poeta;

uma viva centelha que brotou da

fronte de Deus. Quando ouço os

seus cantos, sinto alegrar-se o meu

coração e dilatar-se a minha luz.

Mas por cada cantor d'esta espe-

cie, ha mil dos outros que me tor-

turam a existencia. Aquelles im-

becis nascem, como os cogumel-

los, em toda a parte e em todás as

estações. Não ha anno esteril para

colheitas d'este genero. Todas as

noites me preparo para o suppli-

cio atroz de os escutar! Que hor-

ríveis angustias! A todo o instan-

te pode começar este concerto de

matracas, que vem azoinar-me

os ouvidos.

Eis um que chega. Vede a sua

attitude rnelancholica, e como elle Realisou-se hontem no collegio de

agita os braços de macaco, pare- Maria Santíssima Immaculada, de

cendo querer atiral-os para longe Campolide, a solemne distribuição

de si! Para que é esta gesticula- dos prémios aos alumnos do mes-

cão? O desgraçado não encontra mo collegio, que se distingui-

ninguem que deixe abraçar-se por ram nos seus cursos durante o

elle. Exhala fundos suspiros, como anno lectivo,

se lhe tivessem dado uma sova. | Assistiu a este acto o exm.° e

As suas veias dilatarám-se; o seu rev.mo sr. nuncio apostolico n'esta

rosto torna-se sombrio; grita, de- çorte,

Tjpographia do "Diário llluslrado" T&. tía (^aeSmada, 35

Continúa tomando grande des-

envolvimento a secção de corres-

pondências para jornaes de pro-

víncia, inaugurada pela Empreza

Encyclopedica, de que é activo

gerente o sr. Theotonio de Olivei-

ra, zeloso funccionario da direcção

geral dos correios.

Esta empreza, como é sabido,

tracta em Lisboa variadíssimos ne-

gocios das províncias por uma taxa

fixa.

E' de provada utilidade para as

pessoas residentes fóra da capi-

' tal.

I\/íANOEL Antonio d'Araujo

Veiga, e sua esposa D. Emi-

lia Barbosa Maraues Veiga, agra-

decem reconhecidas profundamen-

te a todas as pessoas que se di-

gnaram acompanhar á ultima mo-

rada sua querida sogra e mãe D.

Francisca Barbosa Marques, e bem assim áquellas que se interessa-

ram pelo seu estado.

A todos pois, se confessam es-

tremamente penhorados, rogando-

lhes d. sculpa de não irem desde

já testemunhar a sua gratidão.

NOVIDADE

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e madeira para funis, bat-jours de

metal para candieiros a 1£200 rs.,

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da Horta Secca. 48.

4307 *

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onde disse. Está tudo

nido. D. 5,

prevê-

Page 4: DIÁRIO ILLOSTRADO - purl.ptpurl.pt/14328/1/j-1244-g_1883-08-06/j-1244-g_1883-08-06_item2/j...Duodecimo anno ASSIfiNATUBA EM LISBOA 1 mez .. 300 réis Annuncios, linha 20 iéis. 3

DIÁRIO ILLUSTRADO

Aimanach das Senhoras

Para 1884

PORTUGAL E BRAZIL

Publicado sob a protecção dc S. Mageslade a Rainha

Collaborado pelos principaes escriptores por-

tuguezes é brazileiros

14.° aimo çov

GUIOMAR TORREZÃO

Este aimanach tira 1 edições, uma para Portugal outra para o Brazil

.O a Imana ill abre ente anno com um magnifico

retrato de Camillo Caatello Branco, gravado por

Severini, acompanhado da biograpliia do grande

romancista, e seguido dos retratos de: Julio Diniz, Arnaldo Ga-

ma, madame Sousa, conde de Cavour, Gonçalves Crespo, David Co-

razzi, Sousa Bastos, Cartos Gomes (o maestro do Guarani, José de

de Alencar, Leonor da Fonseca Pimentel, Gayarre,duqueza de Chaul-

nes, Luiz Guimarães, Miguel Angelo Lupi, Victor Hugo e os netos,

Pedro Américo, gravuras da arte ornamental e outras.

O aimanach apresenta a innovação de uma esplendida capa em

chromo a cores, desenhada por Casanova e impressa na lythographia

Gnedes. Contém mais um augmento considerável de annuncios dos

primeiros estabelecimentos da capital- insertos na parte literaria e no

nm; uma serie de problemas premiados, enygmas, charadas, aneedo-

tas humorísticas, etc., etc.

A' venda em todas as livrarias do reino, nas províncias e ilhas.

Um vol. de 336 paginas, preços: brochado 240 réis, cartonado 320 rs.

Faz-se abatimento para revender.

Redacção e deposito principal do Aimanach da« Senho-

ras. rua de S. Bento, 218.

GUIOMAR TORREZÃO

TTM volume em 8.°, com mais de 300 pagi

^ santee e primorosos contos originaes. Pr<

nas, contendo interes

originaes. Preço, 600 réis.

A' venda no escriptorio da Empreza Litteraria de Lisboa, rua No-

ya do Almada, 36—1.° andar, e nas livrarias.

Aimanach do Século XIX

Dedicado ao disliucto escriptor o

Ex.mo Sr. Dr.

MAGALHÃES LIMA

e illustrado com o retrato do mesmo senhor

1:° sumo Ac \ui\>\u*açvu>

YAE apparecer brevemente este interresente aimanach, comico,

satyrico, burlesco, epígrammatico, politico e biographico

E' aajrnaao de um bom numero ae gravuras, que o tornarão o

mais barato de todos os almanachs.

As ultimas paginas são consagradas a annuncios ao preço de 1£500

éis a pagina e meia pagina 900 réis.

Tiragem 8:000 exemplares

Toda a correspondência relativa ao mesmo deve ser dirigida para

a travessa das Mercês, 49, 1.®, (antigo edifício do Correio Geral.)

Companhia real dos

eaminhos de ferro

portuguezes

Applicação das tarifas espe-

ciacs a.03 41 c 41 líis—pe-

quena velocidade aos trans-

portes de madeira em bru-

to ou serrada, das linhas

da Beira Alta c Figueira da

Foz para Lisboa. Assomar,

Santa Eulalia, Elvas e Fron-

teira

1.» DESDE 10 de agosto dc 1863, as remessas de madeira cm

bruto ou serrada a que são appli-

caveis as tarifas especiaes n.°*l l

e 11 bis de 1 de maio de 1880,

expedidas directamente de qual-

quer das estações das linhas da

Beira Alta e Figueira da Foz pa-

ra as supras indicadas, das linhas

d'esta companhia, serão taxadas

pelas referidas tarifas no percur-

so desde Pampilhosa, como se

procedessem de Mealhada.

2.° Em conformidade com a ta-

rifa n.° 11 as expedições destina-

das ás estações de Poço de Bispo

a Santarém gosarão dos preços de

Lisboa.

3.° Ficam em vigor para estes

transportes, todos as demais con-

dições das referidas tarifas.

Lisboa, 5 de julho de 1883.

Pelo director da companhia

A. P. de Carvalho.

Venda de prédio

TfENDE-SE a propriedade de

* casas situada na rua dos Re-

medios, n.°" 120 e 122, ao Terrei-

ro do Trigo, esauina do beco dos Ramos, consta ae duas lojas e tres

andares, rende 111£000 réis, e é

foreira em 800 réis, ás Freiras da

Esperança. Os titulos acham-se no

escriptorio do tabellião Cosmelli

—rua do Crucifixo, 50, sobre-loja

—onde se prestam quaesquer es

clarecimentos ou na rua dos An-

jos, 34, 1.°

Letras extraviadas

Réis 4:0008000, data 10

julho vencimento 10 de no-

vembro.

Réis 1:0008000, data 20

julho vencimento em 20 de

novembro,

Réis970$íí00, data 20 ju-

ilio vencimento cm 30 de no-

vembro.

Saques dc Antonio Carva-

lho, acceiles por José Diogo

da Silva & C.a. Quem as achas-

se as poderá entregar ao sae-

cador rua dos bacalhoeiros,

62. Estão dadas as providen-

cias para delias se não poder

fazer uso.

JHH mm Hl li IBII ■ I

IVO dia 7 de agosto, primeiro

anniversario do faílecimento de D. Maria da Gloria Santos,

rezar-se-ha uma missa por sua al- ma na egreja de Sacramento, pe-

las 10 horas da manhã.

Contra o cholera

1 DESINFECTANTE para pu-

^ rificar o ar nas salas e quar-

tos habitados (indicação do ex.mo

delegado de saúde), preço por ki-

logramma 550 réis, e em frascos com rolha apropriada para espar-

gir o liquido 200 réis cada frasco.

Desinfectante para roupas (in- dicações do mesmo ex.mo delega-

do), cada frasco 240 réis. Alem

d1 estes desinfectantes ha muitos

outros, como o chloreto de cal,

phenol (Boboeuf), acido Dhenico,

etc., etc. Para revender aesconto

vantajoso. Drogaria Peninsular,

53, rua Augusta, 55.

1ARIADES, CARLOS

Pilo de todas as qualidades

13, Rua do Outeiro, 13

a BRIU hontem esta padaria com pão de todas as qualidades, fa- A bricado com as melhores farinhas, como facilmente se pode veri-

ficar.

O proprietário d'este estabelecimento para maior vautagem ao pu-

blico promptifica-se a mandar a casa dos seus freguezes, á hora a que

estes lh'o indicarem, o pão requisitado.

JOIO CANDIDO DA SILVA

229, Rua do Ouro, 231

Hoje, segunda feira 6 dc agosto

250:000 pesetas

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Villar y Villar Brevas 120 »

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LEILÃO

A' porta d'Alfandega

Por intervenção do corretor de n.° A. 0. Guimarães

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com assistência do agente de seguro, consta de 24 barricas e 27

saccas com differentes marcas e números contendo cevadinha, proce-

dente de Amstardam pelo vapor JUNO.

Companhia carris de ferro

de Lisboa

Arrematação de palha

pSTA companhia recebe propostas em carta fechada até ao dia

16 do corrente, pela 1 hora da tarde, para o fornecimento de

palha de trigo, até a quantidade de 1:200:000 kilogrammas (20:000

pannos), procedendo-se n'ease dia á abertura das propostas

As condições respectivas acham- se desde já patentes no

rio da companhia, S. Amaro, 1 de agosto de 1883.

O chefe

Luiz Sommer.

escripto-

Junta Geral do districto

de Lisboa

pELA repartição d'obras publicas do districto se annuncia que x até ao dia 14 do corrente, se recebem propostas em carta fe-

chada para o fornecimento de todos os artigos quo dizem respeito

a expediente a saber: papel almasso pautado, branco, liso, imperial

pautado, para cartas, sobrescritos, lapis, canetas, pennas, barrachas,

tinta preta, tinta encarnada e lacre, etc., devendo os fornecedores

apresentar no acto da arrematação as competentes amostras com a

designação dos diversos artigos.

d ^'°^ras Pu^^cas districto de Lisboa, 4 de agosto

Lmiz Augusto Dias.

Amanuense desenhador.

Typographia do Diário illustrado

53, Travessa da Queimada, 35

N'esta typographia se encarrega de toda a qualidade de tra-

balhos typographies, taes como: — jomaes, obras, facturas, mo-

delos, bilhetes de loja, bilhetes de yisita, etc. Perfeição, rapidez

de economia.

Praça do Campo de Sant'Anna

rj OMINGO,

19 d'agos-

to, beneficio do

cavalleiro An-

tonio Maria

Monteiro, ex-

trondosa corri-

da de treze tou-

ros pertencen-

tes ao abastado lavrador o ex.roo

sr. dr. Manoel Dias Sirgado, ca-

pricha a apresentar uma das pri-

meiras corridas da época porque

ha 15 annos não tem querido alu-

gar touros para a Praça do Cam-

po de Sant'Anna; por se ver com

tantos pedidos amigos do benefi-

ciado cedeu esta corrida, n'esta

tard^ virá o bem conhecido BOI

ANAO dos campos de Coimbra

este touro vem destinado para

premio dos cavalleiros, o bene-

ficiado achando-se compromettido

com o respeitável publico do anno

passado promette debaixo de toda

a segurança que a dita vem, mais

não vem annunciado, ha um pre-

mio de 4£500 réis para o cavallei-

ro que se prestar pondo 4 ferros

compridos e uma bandarilha cur-

ta sem o cavallo ser colhido, ami-

gos do beneficiado offerecem pa-

ra se pôr em exposição ao respei-

tável publico no intervallo de 10

minutos, tres abortos que o publi-

co ficará admirado aos defeitos

que tem os animaes. n'esta tarde

tomam parte 6 cavalleiros, have-

rá serviço em selim raso e ferros

curtos, e um touro sem auxilio de

capinhas, executar-se-ha um diffi-

cil trabalho a cavallo.

Os bilhetes de camarotes e trin-

cheira acham-se á venda na taba-

caria Clímaco, rua daBitesga, 71,

desde o día 13 de agosto até ao

dia da corrida.

O TENENTE coronel Ambro- w sio Henriques da Silva Pom-

bo, Floripes Chermont de Miran-

da Pombo, Maria Emília de Mon-

cada Pombo, Anna Henriques de

Moncada Pombo, Amelia Garcez

da Moncada e Antonio Mathias

Garcez Moncada, participam a to-

dos os parentes e pessoas das suas

relações que foi Deus servido cha- mar á sua presença, seu estimado

e sempre chorado filho, neto, so-

brinho e primo Antonio Henriques

da Silva Pombo, o qual se ha de

sepultar hoje, segunda feira 6 do

corrente, no cemiterio occidental,

sahindo o préstito ás tres horas

da tarde, da rua do Convento de

Sant'Anna, n.# 8.

TINTURA DE BUKINGHAM

Para a barba

M UDA a cor da BARBA RRAN- CA ou de qualquer outra cor

que se não goste nas cores casta-

nha ou preta: CONFORME SE

DESEJAR. È' uma preparação

muito conveniente pai;a se usar. O

SEU RESULTADO E PERFEI-

TO e nunca nocivo á saúde.

Vende-se nas pharmacias e lojas

de perfumarias e na rua da Prata

196, Lisboa.

Agentes geraes, JAMES CAS-

SELS & C.&, rua das Flores, 130,

1.°, Porto.

00MPAGNIE

DAS

IHESSÀGEKIES MABITIIHES

PaquebolN poNte françaii

liiAa quinzenal

Para Dakar, Rio de

Janeiro, Montevi-

deu e Buenos Ayres

SAÍRA' DEPOIS DE POUCA

DEMORA n este porto o paquete francez CONGO.

Commandante Grou. Que se espera de- Bordeaux ena

8 ou 9 do corrente.

Para mais informações trata-se

no escriptorio da agencia, travefl-

ea do Sequeiro das Chagas, 1.

Os agentes

Torlades & C.•

Para o Rio de Janeiro

Directamente

O vapor

CORDILLERA

Que se espera a 7 do corrente,

Sara sair depois da indispensável

emora.

Pede-se aos srs. carregadores

que tomem a praça que prt tendem

com anticipação.

Para carga trata-se no Caes do

Sodré, 64, 1.°

Os agentes E. Pinto Basto & C*

Pará o Maranhão

Ceará

e

^portos •ao de-

tes vapores:

AnNclm.

IKazil

Para os

acima sairj

pois da demora

indispensável em Lisboa os seguiu-

ai

. em 12 d'a gosto

. em 20 d'a gosto •

Pará e Manaus

ParaenNe em 27 d'agostG-

Para carga ou passagens por

juste particular trata-se na roa •

o Alecrim, 10.

Os agentes

Garland Laidley & C7.»

Liverpool, Brazil ãõí

River Plate, iall

Steamers

Bahia e Bio de Janeirt

Para os porfcofl

acima sairão de-

pois dc curta de-

mora em Lisboa os paquetes ia-

glezes:

IIORRAY HURRAY, em 6 de agosto.

*HUMBOLDT em 13 de agosto.. Os vapores com o signal • vie

ambem a Santos.

T ./dos os vapores para o Rio 4e

Janeiro, recebem carga e passa- geiros para Paranaguá, Sa&t*

Catharina, Rio Granae do Saio

Pelotas e Porto Alegre.

Para carga ou passagons trato"

Io Alecrim, 10. ae na rua

Os agentes

Garland Laialey de G.?

The Pacific Steam Navigation Company

Para o Rio de Janeiro, Montevideo

Buenos-Âyres, Valparaizo, Arica, Islaye Caí! ao

44.

SAIRÃO OS PAQUETES!

Cordillera a 7 de agosto. J] Valparaiso a 4 de setembro.,

«Patagonia a 22 de agosto, fl #Araucania a 19 de setembro*.

#0s4>aquetes Britannia e Araucania farão escala por Per-

nambuco e Bahia para onde só recebem malas e passageiros.

Faz-se abatimento ás familias que viajarem para os portoi 4o

Brazil e Rio da Prata.

A companhia acaba de reduzir os preços de passagens em olaa l

5 para Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro a 36£000 réis.

Na passagem de 3.a classe por estes magníficos vapore*, está ia]

cluido vinho á hora da comida, cama, roupa, etc.

A bordo ha criados, cosínheiros portuguezes e medicos.

Para carga e passagens trata-se com os

No Porto

Vasco Ferreira Pinto Basta,'.

L&rgo de 8' João Novo, 10.

Afentes

Em Lisboa

£. Pinto Basto A ff,

Caes do Sodré, 641?