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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ’’ DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM AUTORA: JANETE DIAS DA SILVA ORIENTADORA: FABIANA MUNIZ RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL FEVEREIRO DE 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ’’

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

AUTORA: JANETE DIAS DA SILVA

ORIENTADORA: FABIANA MUNIZ

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ’’

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

AUTOR: JANETE DIAS DA SILVA

Trabalho Monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Psicopedagogia.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ’’

AUTOR: JANETE DIAS DA SILVA

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Trabalho Monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Psicopedagogia.

______________________________________________

JANETE DIAS DA SILVA

Aprovado por: ______________________________________________

______________________________________________

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2003

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Dedico este trabalho aos meus amados

filhos, Júlio César Júnior, Jacqueline e

Marco Antônio, que sem o amor e

incentivo deles não conseguiria concluir

essa caminhada.

Ao meu marido Júlio César que contribuiu

e ajudou em todas as minhas dificuldades e

tribulações.

A minha querida nora Fabianne que de

outro continente me estimulou com suas

palavras de carinho.

Ao meu querido genro Marcelo o meu

muito obrigada pela autenticidade jovial.

A todos o meu infinito amor.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “ A VEZ DO MESTRE ’’

Resumo do trabalho monográfico apresentado como requisito parcial

para obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogia.

AUTORA: JANETE DIAS DA SILVA

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

ORIENTADORA: FABIANA MUNIZ

Este trabalho, desenvolve uma pesquisa sobre os alunos que apresentam dificuldades de

aprendizagem e mostra os possíveis fatores que precisam ser levados em consideração na

busca do diagnóstico.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2003

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SUMÁRIO

Capítulo I – Introdução ...................................................................................................... 01

Capítulo II – Dificuldade de aprendizagem e a interferência no contexto sócio – familiar ... 07

2.1 - Introdução ................................................................................................................... 08

2.2 – O que é aprendizagem? ................................................................................................. 10

2.3 - O que sabemos sobre aprendizagem? ............................................................................ 11

2.4 - Estágios de desenvolvimento ..................................................................................... 11

2.5- Conclusão ..................................................................................................................... 13

Capítulo III – Característica da clientela alvo da pesquisa .................................................. 14

3.1 – Introdução .................................................................................................................... 15

3.2 – Fatores que podem prejudicar o ensino ........................................................................ 17

3.3 – Fracasso escolar ............................................................................................................ 19

3.4 – As dificuldades na Aprendizagem da leitura ............................................................... 21

3.5 – Conclusão ..................................................................................................................... 23

Capítulo IV – Dificuldade de aprendizagem ......................................................................... 24

4.1 – Introdução .................................................................................................................. 25

4.2 – Distúrbio de Aprendizagem ......................................................................................... 27

4.3 – Conclusão ..................................................................................................................... 28

Capítulo V – Conclusão ......................................................................................................... 29

Glossário ................................................................................................................................ 32

Bibliografia .............................................................................................................................. 33

Anexos ..................................................................................................................................... 34

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

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Capítulo 1 – INTRODUCAO

1.1 – TEMA :

Educação

1.2 – DELIMITAÇÃO DO TEMA

Dificuldade de Aprendizagem

1.3 – JUSTIFICATIVA

O trabalho foi elaborado com base na observação e experiência de que alguns alunos

apresentam dificuldades no rendimento escolar.

1.4 – OBJETIVO

Identificar as dificuldades de aprendizagem no rendimento escolar.

1.5 – PROBLEMA

Quais as dificuldades que podem intervir na aprendizagem?

1.6 – HIPÓTESE

Mostrar as dificuldades de aprendizagem e buscar possíveis métodos para o desenvolvimento

deste aluno.

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1.7 – METODOLOGIA

O relato da experiência vivificada é sobre dois alunos, irmãos oriundos de uma família onde

cada irmão tem um pai diferente. Estudam na mesma escola.

A Coordenação Pedagógica avaliou “ S ” de 13 anos, 1ª série, da seguinte forma: O aluno

não tem linguagem fluente, expressa seu pensamento de forma coerente. Desenha com cena

completa, verbalizando a intenção do desenho, dessa forma, já domina o pensamento, logo já

está amadurecido para alfabetização. Precisa melhorar a percepção espaço – temporal e

encontra – se na fase silábica.

“ S ” mora com a avó e cinco irmãos. A mãe perdeu a memória após um acidente e o pai foi

assassinado.

“ S ” estuda pela manhã e trabalha a tarde com a avó vendendo doces na porta da escola.

Segundo informações do responsável, ele começou a querer se envolver com más companhias.

A avaliação da professora diz que requer muita atenção, pois é agitado. Sente – se bem em

liderar. Atinge lentamente os objetivos propostos, já lê vocábulos simples e constrói pequenos

textos, escreve até o numeral 100, identifica soluções para problemas e cálculos de adição e

subtração. Seu comportamento em relação ao grupo precisa ser mais trabalhado. Apesar das

dificuldades de adaptação percebe e reconhece o seu potencial.

“ M ” possui 8 anos, é irmão de “ S “ só freqüentou a escola durante um ano. Não reconhece

formas nem cores. Não consegue ordenar e desconhece todo esquema corporal.

Reconhece as vogais, sabe contar mais não sabe escrever os números.

A avaliação da professora ressalta que ele não atingiu os objetivos propostos, é inquieto

porém interessado. Ainda não conhece todas as letras do alfabeto, não escreve seu nome de

memória. Trabalha harmoniosamente quando a atividade é em grupo.

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Por ser um aluno disperso às atividades propostas, precisa ser mais trabalhado para

alcançar seu crescimento.

Ambos apresentaram dificuldades na aprendizagem e dessa forma foram avaliados pela

Coordenação Pedagógica e enviados para tratamento especializado.

1.8 – FUNDAMENTACAO TEORICA

Nesse estudo, foram enfocadas as crianças que apresentam Dificuldades na

Aprendizagem, por ser um assunto polêmico e atual na situação de nosso país.

A opção pelo tema ocorreu através de observação onde evidenciamos, que atualmente,

sem se proclamando nos discursos oficiais o tema dificuldade de aprendizagem, uma vez que

as escolas vêm funcionando como termômetro, separando pobres e ricos, fracos e fortes,

capazes e incapazes. Os “incapazes” são encaminhados para uma Escola Especial, na maioria

das vezes, sem nenhum critério de avaliação. O que nos leva a supor que as instituições

escolares de ensino encontram-se para lidar com este tipo de situação.

O trabalho tem o propósito de instituir uma fonte de análise e consulta, para reflexão de

profissionais interessados no que concerne a dificuldade de aprendizagem.

Diante desta realidade, surgiu a oportunidade de relatarmos uma experiência com

alunos de ensino regular que, apresentando dificuldade de aprendizagem, foram encaminhados

para uma escola especial, da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Posteriormente, integrados a

escola regular.

As crianças com dificuldade de aprendizagem vão mal nas escolas porque são

portadoras de inúmeras “deficiências”, em várias etapas do seu desenvolvimento.

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Sabe-se que a educação não é transmitida de forma igual para todos, porém, o

desenvolvimento desse indivíduo acontecerá através de métodos adequados, da dedicação e do

amor oferecido pelo profissional da educação.

De início, a pesquisa aborda considerações acerca da realidade da criança com

dificuldade de aprendizagem.

Prosseguindo, enfoca-se a dificuldade de aprendizagem e a interferência do contexto

sócio-familiar, mostrando assim a situação crítica por eles vivenciados.

Dando continuidade retrata-se, também, características da clientela alvo da pesquisa,

que apresentam comportamento dos mais variados.

No momento posterior, ressalta-se inúmeros fatores apontados como responsáveis pela

dificuldade de aprendizagem, procurando sistematiza-los.

A seguir salienta-se a escola de ensino regular numa visão crítica, procurando enfocar

o fracasso escolar (repetências) e a evasão escolar.

A escola especial como último recurso para os alunos com dificuldade de

aprendizagem.

Espera-se que este trabalho de pesquisa tenha cunho inesgotável, não sendo pois, uma

monografia que só enfatize a reflexão, mas questionamentos e ações efetivas em relação ao

tema.

1.9 – DEFINICAO DOS TERMOS DE PESQUISA

Segundo GARCIA, Jesus Nicasio:

“Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno ou

desenvolvimento lento em um ou mais processos de fala, leitura, escrita, aritmética ou outras

áreas escolares resultante de um handicap causado por uma possível disfunção cerebral e/ou

alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, de privação ou

fatores culturais e instrucionais”.

(Kirk apud García, pag. 08)

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1.10 – CONTEUDO DO TRABALHO

No Capítulo II, é feita uma abordagem sobre a interferência do contexto sócio-familiar

na aprendizagem.

Apresentamos um histórico sobre a aprendizagem e os estágios do desenvolvimento

cognitivo.

No Capítulo III, desenvolve-se a conceituação das características da clientela alvo da

pesquisa e os fatores que podem prejudicar o ensino.

No Capítulo IV, está reservado às conclusões, comentários e sugestões sobre o tema

abordado, com suas principais contribuições e seus possíveis desdobramentos contínuos e

futuros, contextualizando-os em nossa realidade cotidiana.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E A

INTERFERÊNCIA DO CONTEXTO SÓCIO – FAMILIAR.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E A

INTERFERÊNCIA DO CONTEXTO SÓCIO – FAMILIAR.

2.1 – INTRODUCAO

Existe na sociedade um quantitativo enorme de famílias em estado de grande

precariedade e até mesmo de total pobreza.

Admite-se ser a família o espaço de convivência, onde o ser humano cresce e

desenvolve-se como pessoa. É sem dúvida o ambiente que melhores condições poderá

oferecer à criança, no sentido de seu desenvolvimento físico, psíquico e social, nos aspectos

que influenciam nos aspectos que influenciam decisivamente em sua integração no meio em

que vivemos.

Com o passar dos anos, a família vem sofrendo grandes transformações. No mundo

atual, estas transformações se sucedem rapidamente e os valores e padrões culturais não

conseguem se manter por muito tempo. A família não se apresenta como uma aproximação de

pessoas ou uma união somente biológica. Revela-se como uma realidade social fundamental.

Porém, observa-se que os fatores econômicos e a desorganização familiar, além de

outros exercem grande influência na dificuldade de aprendizagem de uma criança.

Em conseqüência da situação de pobreza, adultos e crianças, moram mal, vivem em

condições sub-humanas, sem o mínimo de conforto, estando sempre próximas de pessoas que

praticam “atividades” anti-sociais.

A criança que vivência a pobreza apresenta baixo nível de escolaridade. Parece que a

educação escolar fica em segundo plano para a família, pois o que necessita, primordialmente,

para sua sobrevivência é o alimento.

Mediante as dificuldades de vida, em muitos casos as crianças apresentam:

• Dificuldade de aprendizagem

• Distúrbios de comportamento

• Problemas mentais

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Nota-se ainda, em relação à idade, que a criança apresenta pouco crescimento físico,

psíquico e social. São poucas as que completam a primeira fase do Ensino Fundamental.

Em algumas famílias existem crianças que jamais freqüentaram escola. Das que fazem

parte de um “grupo escolar” poucas conseguem “passar de ano”, principalmente pela razão de

terem sido satisfeitas suas necessidades básicas, nos primeiros anos de vida.

A família que deveria ser, para a criança, um referencial básico, pode constituir-se em

centros de muitos conflitos.

Cabe, pois, a família assumir a responsabilidade de socialização de suas crianças, dando-

lhes amor, transmitindo-lhes a cultura da sociedade em que vivem, sem impor-lhes as

aceitações de certos padrões, estimulando o senso auto-crítico.

Conforme salienta LUPPI, Carlos:

“O equilíbrio da família resulta não só do grau de interação que seus membros atingiram

dentro do sistema familiar, mas também, como a sociedade oferece condições para a

integração da família”. (pág 168)

As condições de trabalho dessas famílias geralmente são cansativas e de insatisfações,

pois as pessoas trabalham muitas horas e recebem abaixo do valor do mercado.

Diante dos problemas econômicos, as crianças ingressam cedo no mercado de trabalho,

exercendo atividades com mais empenho físico e, são restritas ao lazer, pois a família não tem

recurso ou tempo disponível.

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Triste contexto as crianças sobreviverem com seus direitos ameaçados, sejam de

educação, saúde, lazer, etc. devido à inoperância por parte do governo quanto ao

desenvolvimento de uma política social justa.

Finalizamos este capítulo com a afirmação do texto base da Campanha da Fraternidade

de 1987.

“O ser humano é, de todas as criaturas, a que mais precisa da presença e do afeto de seus

genitores. E por isso é impossível a busca de solução para a questão da criança e do

adolescente sem tocar devidamente na família”. (Carvalho, pág.20).

2.2 – O QUE E APRENDIZAGEM ?

Rosita Edler Carvalho, em seu livro, resume o pensamento de alguns teóricos que

considera a aprendizagem como um processo pelo qual o sujeito adquire, processa, armazena e

usa conhecimentos, no contexto onde está inserido. Como processo, a aprendizagem é

contínua, permanente, flexível e dinâmica, tendo dimensões cognitivas, sociais, biológicas e

psicológicas.

A aprendizagem está no nosso dia-a-dia, sem que tenhamos consciência de sua

existência. Diariamente, buscamos ou fornecemos informações.

Atualmente, estamos vivendo a “Era da Informação”. A instituição social responsável

pela transmissão dos conhecimentos é a escola. A educação formal é importante para a

conquista da cidadania e da ascensão profissional.

Cada pessoa tem o seu jeito próprio de aprender, entretanto, todos passam pelos mesmos

estágios de desenvolvimento cognitivo. E em cada um deles forma-se esquemas que

organizam a inteligência prática, simbólica, intuitiva, operatória e abstrata. Quanto mais rica

em experiência, melhor será sua interação com o meio e a sua adaptação.

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2.3 – O QUE SABEMOS SOBRE APRENDIZAGEM ?

A aprendizagem é contínua. A compreensão continua a desenvolver-se ao confrontar-se

com novas idéias. As idéias anteriores podem ser mudadas a luz de novas experiências.

É um processo individual e social.

Um grupo de crianças ou adulto podem passar pela mesma experiência, mas a

aprendizagem realizada será diferente para cada indivíduo. Isto ocorre porque cada um de nós

traz para cada situação uma combinação única de experiências anteriores.

Partilhar a aprendizagem com outros pode ser agradável e instigante. Contudo, muitos

adultos têm dúvidas sobre a afirmação quando pensam na experiência de escolaridade.

Aprender pode ser ao mesmo tempo trabalhoso e agradável e os erros fazem parte do

prazer de aprender.

Ninguém pode aprender pelo outro, pois requer a implicação ativa, em ações e

palavras.

Aprender significa mudar, abandonar convicções enraizadas.

2.4 – ESTAGIOS DE DESENVOLVIMENTO

Segundo PIAGET, a inteligência é a capacidade que o indivíduo tem de interagir com o

meio ambiente. O pensamento se desenvolve na mesma seqüência fixa de estágios. O

desenvolvimento cognitivo acontece através de quatro estágios ou fases: Sensório-motor, Pré-

operatório, Operatório-concreto e Operatório-formal.

Sensório-motor (durante os primeiros vinte e quatro meses de vida) – É o período de

desenvolvimento mental que começam com a dificuldade de alguns reflexos e a existência

dos sistemas de movimentos e percepções coordenados entre si, que constitui toda conduta

elementar suscetível de se repetir como por exemplo, apanhar um objeto e deslocá-lo e

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termina quando a linguagem e outros meios simbólicos de representar o mundo aparecem

pela primeira vez.

Com as realizações deste período formam a base de todos os progressos cognitivos, ele é

de fundamental importância.

Pré-operatório (02 aos 07 anos) – É o período de preparação para operações concretas,

abrange a transição de estrutura de inteligência sensório-motoras para pensamentos

operacionais. Neste estágio a capacidade de representar uma coisa por outra aumenta a

rapidez e o alcance do pensamento.

Operatório-Concreto (entre os 07 e os 11 anos) – As crianças, neste estágio,

desenvolvem a capacidade de usar a lógica e param de se guiar pelas informações sensoriais

simples, entendem a natureza das coisas. Adquirem a habilidade de realizar operações mentais

silenciosas. As ações físicas começam a ser “internalizadas” como ações mentais ou

“operações”. Embora lidem com objetos e baseiam-se no raciocínio, elas não são ainda

plenamente capazes de lidar com idéias abstratas. Os problemas são resolvidos por tentativas

de erro em vez de usar uma estratégia sistemática como, por exemplo, avaliar prós e contras de

diversas soluções para escolher a melhor delas.

Operatório-formal (entre os 11 e os 15 anos) – as crianças desenvolvem a capacidade de

entender a lógica abstrata. Elas não estão mais limitadas ao “aqui e agora”. Antecipam,

planejam, analisam. Neste estágio mental final, criam diversas alternativas quando solicitadas

a resolver um problema. Tentam entender a vida, a própria identidade, as realidades sociais,

religião, justiça, significado, responsabilidade e outros elementos afins.

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2.5 – CONCLUSAO

Aprendizagem, portanto, é a capacidade do sujeito em modificar-se ou ao seu meio,

a partir de informações do exterior, na direção de uma condição mais evoluída de ser.

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CAPITULO III

CARACTERISTICA DA CLIENTELA

ALVO DA PESQUISA

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CAPÍTULO III - CARACTERÍSTICA DA CLIENTELA ALVO DA PESQUISA

3.1- INTRODUCAO

A criança com dificuldade de aprendizagem vem sendo confundida com a que é

portadora de deficiência mental, uma vez que não compreende e não consegue acompanhar a

turma, ou seja, não apresenta o desempenho escolar esperado pelo professor diante dos

conteúdos programáticos.

Esta criança consegue ler ou lê com dificuldade. Não pode desenvolver-se

normalmente no meio que lhe exige ler sinais, avisos, instruções e notícias e, vê-se impedida

de se desenvolver plenamente do ponto de vista intelectual, social e emocional.

Isabel Adrados coloca o drama por que passa a criança de baixo rendimento da

seguinte forma :

“... a criança que não rende porque suas dificuldades emocionais são de tal índole que

inibe seu aproveitamento escolar a ponto de apresentarem um quadro bastante parecido ao do

deficiente”.

(Adrados, pág. 263).

As crianças que apresentarem dificuldades de aprendizagem não são sempre minoria

em sala de aula.

Em geral, apresenta-se com idade cronológica avançada, ultrapassando a da média do

grupo, onde está inserida.

Percebe-se que estas crianças sofrem com o preconceito de não alcançarem a promoção

ao término do ano letivo. Por isso, no ano seguinte sofrem descriminações por parte dos que

foram promovidos.

Os constrangimentos não terminam por aí, pois ao chegarem a sala de aula no ano

seguinte, o professor despreparado pedagogicamente pergunta:

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_ Você aqui de novo?

A carência de não obter conhecimentos necessários e os inúmeros fracassos levam a

criança a um sofrimento diário, às vezes, mesmo que inconsciente, a afasta, desorganiza e

desorienta levando-a a ter baixa estima.

Segundo o texto “A criança da Escola Pública: deficiente, diferente ou mal

trabalhada?” (Patto, 1985).

“A dificuldade de aprendizagem escolar é encontrada em crianças com atrasos no

desenvolvimento psicomotor, perceptivo, lingüístico, conectivo e psicológico”. (Seber 1997).

A constatação que a criança apresenta dificuldade de aprendizagem começa quando

passa a fazer parte de um grupo escolar, tornando conhecimento de um saber mais formal e

sistemático distante daquele que estava familiarizado.

A relação familiar no mundo globalizado sofreu modificações.

Para sobrevivência da família, o responsável passa a maior parte do tempo ausente do

lar. Muitos trabalhando em serviços de baixa remuneração, viajando em condições precárias.

Essas pessoas são tomadas pelo cansaço e pela irritabilidade entre outros aspectos.

Neste contexto, as crianças permanecem sozinhas sendo que geralmente o filho mais

velho, é quem assume a responsabilidade de cuidar da casa.

Como os pais passam um longo período distante dos filhos, o diálogo que favorece a

educação, torna-se raro ou inexistente. O convívio familiar é difícil. Os pais não orientam os

filhos e estes não obedecem os pais.

Quando acontece uma ruptura familiar, problemas de alcoolismo, drogas e maus tratos,

essas situações agravam, provocando uma série de problemas em família.

Por essas e outras razões, concorda-se com Isabel Adrados quando salienta que:

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“... é preciso assinalar que é muito difícil que uma criança”.

Que é consciente ou inconscientemente rejeitada pelos pais possa ter confiança em si

mesma para enfrentar o ambiente social com tranqüilidade. A incorporação da figura humana

se faz no lar, através da incorporação das figuras parentais; a inadequação desse processo

perturba e dificulta a socialização da criança “.

(Adrados, pág.263)”.

As crianças atingidas por esses problemas podem apresentar rancor, mágoa,

insegurança, revolta, desobediência, agressividade, em fim, comportamento dos mais variados.

Desta forma, muitas vezes, são rotulados de portadores de distúrbio de comportamento e de

aprendizagem devido à dificuldade de diálogo e carência afetiva.

As famílias, diante dos fatos, tornam-se impotentes, muitas até não se conscientizam

deste problema e não sabem como trabalha-los, contribuindo assim para a repetência, que

acaba culminando com a evasão escolar.

Para dar um sentido específico a esta analise, destaca-se a colocação de Isabel Adrado,

quando ressalta que:

“... junto às dificuldades escolares apresentem problemas de adaptação familiar e

social; a criança se torna retraída, passiva e apática, ou, pelo Contrário, agressiva e

oposicionista; de qualquer forma, torna-se impopular por seu comportamento inadequado”.

(Adrados, pág. 263).

3.2 – FATORES QUE PODEM PREJUDICAR O ENSINO

Inúmeros são os fatores quer desencadeiam dificuldades na aprendizagem e no

relacionamento de muitas crianças.

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Nas crianças com problemas de aprendizagem a causa determinante, muitas vezes não

é clara.

A professora da Universidade de Barcelona Joana Sancho especifica que as

dificuldades são atribuída ao universo social como a pobreza, a desnutrição, a composição

familiar, ao ambiente em que vive, a violência da sociedade atual, a influência da televisão

etc...

Pais superprotetores que impedem a autonomia da criança ou ao contrário: os pais

ausentes também influenciam bastante neste processo. Outro fator relevante é a entrada da

criança muito cedo no mercado de trabalho.

No caso de uma família desestruturada, é preciso descobrir os motivos desse problema

fora da escola. A criança pode não estar tendo a devida atenção em casa.

“Certamente’a afetividade ou sua privação pode ser a causa de aceleração ou atraso no

desenvolvimento cognitivo” (Piaget, pág. 47).

A escola não tem como substituir o papel da família que é fundamental, pois tem muito

mais influência na formação moral da criança. É necessário que a sociedade seja convocada a

resolver o problema. A criança vai para a escola aprender a conviver na sociedade. É na sala

de aula que a sua cidadania é desenvolvida. As crianças com dificuldade de aprendizagem

tendem a ficar perdida em sala de aula.

A família que incentiva e apóia, que se interessa pela criança, contribui para o seu

desempenho na escola. A criança não aprende se não tiver:

“... interesse, motivação, afetos, facilidade, esforço... A afetividade é o motor das

condutas. Ninguém se esforçará para resolver um problema de matemática, por exemplo, se

não se interessa em absoluto por tal disciplina”.

(Seber, pág. 216).

A afetividade contribui e é fundamental para a aprendizagem.

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“Com a psicanálise de Freud e seus seguidores, descobriu-se a importância dos afetos,

dos desejos, das motivações, que são determinantes na esfera do inconsciente. A partir das

descobertas no âmbito da Psicologia e da Psicanálise, a Educação começou a ver a

aprendizagem como resultante dos problemas emocionais”.

(Ferreira, pág, 16)

Encontra-se na dinâmica familiar uma explicação mais concreta para criança que

não aprende e tem problemas de aprendizagem. Geralmente são mães autoritárias,

descomprometidas, pais ausentes, agressivos e desatentos.

3.3 – FRACASSO ESCOLAR

O fracasso escolar não é só a perda do ano letivo, vai mais além. As crianças ficam

com a auto estima baixa, e isso dá início a uma série de problemas.

Por não ser capaz de apresentar boas notas, a criança insiste na auto desvalorização e

acaba achando que não aprende porque não é inteligente.

O aluno que é castigado pelos pais por ter notas baixas acredita que o fracasso é seu,

quando o problema é social.

Na busca de aceitação, a criança, por não ter conhecimento na escola, passa a ter um

comportamento diferenciado.

Elizabete da Assunção José vê o fracasso escolar como:

Os sentimentos de fracasso e desânimo que muitos estudantes desenvolvem como

resultados de experiências escolares mal sucedidas são a causa agravante de comportamento

mais sério.

( José, op. Cit, p.169).

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Nas classes mais pobres, pela diferença ambiental entre a sala de aula e a residência do

aluno, é que encontramos uma das causas para o fracasso escolar.

A criança encontra na escola uma realidade diferente da sua e muita das vezes este

fator provoca dificuldade para aprender.

Corina Dotti enfatiza com certeza uma das variantes do fracasso escolar e comenta:

“ É nas escolas dos baixos periféricos com menor renda que percebemos um maior índice de

fracasso escolar. Os mesmos excluídos da escola são excluídos da habitação, da saúde, da

sociedade de uma forma geral “

( Dotti, apud Freire, 1996. Pp. 23 e 24).

Dando continuidade, vê o fracasso escolar da seguinte maneira:

“ O descaso com que a questão é tratada é fruto de uma falta de vontade política, a

nível estadual e a nível municipal, e reflete-se na própria escola, onde as discussões giram em

torno de questões acessorias. Raramente, o debate recai sobre este grande câncer da educação

brasileira ...”

( Dotti, apud Freire, 1996. Pp. 22).

O fracasso escolar é extremamente negativo e constitui – se de várias faces:

1- Representa desperdício de verba, na medida que cria um estrangulamento de oferta

de vagas nas séries iniciais. Se não tivéssemos um número tão grande de

reprovados no brasil, poderíamos oferecer vagas para todos.

2- Revela a baixa capacidade da escola em trabalhar com as classes populares.

Sempre alegamos que nossos alunos precisam aprender conosco, mas, como Paulo

Freire diz claramente: “ è preciso que nós aprendamos no primeiro momento”.

3- Representa evasão. O aluno que é reprovado numa primeira e Segunda vez vai

lendo nas estrelinhas que a escola não é o seu lugar. A evasão é um fenômeno

coletivo e sistemático na escola.

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4- Aumenta os custos da sociedade, que é a grande pagadora dos impostos que

mantém a redes de serviços públicos.

5- O mais grave de tudo isso é que essas crianças ficarão a mercê de subempregos, à

margem da cidadania.

O fenômeno do analfabetismo não ocorre isoladamente, ele vem associado a questões

sociais muitos graves, como a fome que se abate sobre o nosso país.

O analfabetismo se concentra em dois níveis: em primeiro lugar, há crianças que não

conseguem entrar na escola e, em segundo, as muitas crianças que nela não tem sucesso.

Em nosso país, é notório o descaso com relação as classes populares, que, com a

influência dos meios de comunicação de massa atribuem todos os seus problemas à

incapacidade pessoal.

3.4 – AS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA

As dificuldades de leitura produzem complicações na aprendizagem escolar e incidem no

diagnósticos das crianças com problemas de adaptação. As crianças que não conseguem ler ou

lê com dificuldade fracassa na maioria das matérias escolares.

Há muito tempo, esta criança, leitora deficiente, era considerada retardada mental ou

negligente. E isso era confundido com incapacidade para aprender. Hoje, existe uma

preocupação no sentido de discriminar a natureza do problema e estabelecer um diagnóstico

preciso e procedimentos terapêuticos adequados.

A leitura faz parte de um processo lingüistico complexo. Quando desenvolvida, a

linguagem é marcada por etapas interdependente e hierarquizadas, dentro das quais a leitura e

a escrita indicariam os estágios superiores. Com os estímulos ( auditivos, visuais, táteis, etc.)

que a criança recebe desde cedo, é que vai se formando uma linguagem interna.

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A criança aprende a ler pela imposição de símbolos verbais visuais á sua linguegem

auditiva e é somente mais tarde que é capaz de expressar – se através da escrita de simbolos

gráficos.

Desse modo, as etapas do funcionamento verbal seriam:

1- Aquisição do significado;

2- Compreensão da palavra falada;

3- Expressão da palavra falada;

4- Compreensão da palavra impressa; e

5- Expressão da palavra expressa.

Aprender a ler é apenas uma parte do desenvolvimento total da linguagem. As

dificuldades da leitura não podem ser consideradas de maneiras isolada, mas como parte de

uma deficiência na estrutura e organização da linguagem em geral.

Uma das causas mais conhecidas de dificuldades para a aprendizagem da leitura e da

escrita é a dislexia específica.

No livro de Mabel Condemarin Marlys Blomquist a dislexia é definida como um

conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal ou parietal occipital, geralmente

hereditária que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que s estende do sintoma leve ao

severo.

A dislexia é freqüentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita,

ortografia, ortografia, gramática e redação.

O termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a

mesma facilidade com a qual lêem outras pessoas, apesar de possuir inteligência normal,

saúde e órgãos sensoriais intactos, motivação e incentivos normais, bem como instrução

adequada.

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A maioria das crianças com problemas de aprendizagem na leitura não podem ser

considerada disléxica, pois a maior parte destas dificuldades provem a incapacidade geral

para aprender; imaturidade na iniciação da leitura; problemas emocionais, carência cultural e

métodos de aprendizagem defeituosos.

3.5 – CONCLUSÃO

O fator ambiental é, determinante no diagnóstico da criança com problemas de

aprendizagem, pois é através disso que percebemos as possibilidades reais que o meio lhe

fornece, à quantidade, à quantidade, freqüência e abundância dos estímulos que constituem

seu mundo de aprendizagem.

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CAPITULO IV

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

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CAPITULO IV – DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

4.1 – INTRODUÇÃO

A dificuldade de aprendizagem é aprendizagem é a rigidez de um processo que impede

a integração de informações bloqueando o desenvolvimento.

Jesus Nicasio Garcia conceitualiza a dificuldade de aprendizagem como:

“ Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo

heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na

aquisição e uso da escrita, fala, leitura, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses

transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo – se devido a disfunção do sistema

nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, juntos com as

dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto – regulação, percepção

social integração social, mas não constituem, por si próprias, uma dificuldade de

aprendizagem”..

( Freire, pág.. 31 e 32).

A dificuldade de aprendizagem pode ser gerada por causas internas ou externas a

estrutura familiar ou individual e não ocorre apenas na educação escolar.

A dificuldade de aprendizagem, requer um processo diferente do aprender e possui

várias conceitualizações.

“ As crianças que têm dificuldades de aprendizagem são as que manifestam uma

discrepância educativa entre seu potencial intelectual estimado e o nível atual de execução

relacionados com os transtornos básicos nos processos de aprendizagem, que podem ou não

vir acompanhados por disfunções demonstráveis no sistema nervoso central, e que não

secundárias ou retardamento mental generalizado, de privação cultural ou educativa, alteração

emocional severa ou perda sensorial”.

(Bateman put Garcia, pág. 08).

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A dificuldade de aprendizagem é muitas vezes confundida com preguiça, desatenção,

rebeldia, hiperatividade, etc.

A reação familiar diante da dificuldade de aprendizagem, pode variar muito. Vai desde

a negação do problema ou a sua conformidade, sem nenhum tipo de “reação” que venha

colaborar para sua resolução.

O primeiro impulso diante da situação de dificuldade de aprendizagem é repreender o

filho e procurar uma professora particular. Por vezes, passando um tempo, vem a constatação

de que a queixa inicial não se modificou, ou até piorou por existir um clima mais tenso e

agressivo.

A explicação deste insucesso está no fato da professora ter em sua formação

profissional uma visão essencialmente pedagógica e a causa da dificuldade de aprendizagem

não ser meramente acadêmica.

A dificuldade de aprendizagem – o não aprender é um sintoma, sendo apenas

temporário, não configura um quadro permanente.

Vitor da Fonseca conceitua a criança com dificuldade de aprendizagem da seguinte

forma:

“A criança com dificuldade de aprendizagem não é deficiente. Na criança com

dificuldade de aprendizagem, verifica-se um perfil motor adequado, inteligência média, uma

adequada visão e audição, em conjunto com ajustamento sócio-emocional”.

(Fonseca, pág. 30 ).

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4.2 - DISTURBIO DE APRENDIZAGEM

O conceito de distúrbios de aprendizagem em muito se assemelha com dificuldade de

aprendizagem.

O termo distúrbio significa perturbação ou alteração no comportamento habitual de

uma pessoa.

Drout, enfatiza o pensamento de Alan Ross quando salienta que:

‘“Distúrbio abrande uma variedade de problemas de diferentes espécies e devido a

causas diferentes, o que pode ocasionar confusão no diagnóstico e no tratamento”.

(Ross aput Drout, 1997)

Para alguns profissionais, os distúrbios são problemas ou dificuldades no processo de

ensino-aprendizagem. Segundo esses profissionais, distúrbios são perturbações de origem

biológica, neurótica, intelectual, psicológica, sócio-econômica ou educacional, encontrada em

escolares, que podem tornar-se problema para a aprendizagem dessas crianças.

“Todos os distúrbios - da fala, da audição, emocionais, do comportamento etc –têm

sua origem em causas diversas,porém todos eles se constituem em obstáculos à aprendizagem,

prejudicando-a, ou mesmo impedindo – a . São portanto, problema dentro do processo de

ensino-aprendizagem”.

(Doutr, 1997).

Os fatores que podem ocasionar um problema ou distúrbio de aprendizagem são:

a) Fatores orgânicos e constitucionais da criança;

b) Fatores específicos, localizados principalmente na área perceptivo-motora.( visão,

audição, coordenação motora);

c) Fatores psicogenos, que compreende os fatores emocionais e intelectuais;

d) Fatores, ambientais, representados pelo lar, pela escola e pela comunidade como

um todo.

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Elizabete da Assunção José e Maria Tereza Coelho. Utilizam o quadro de Correll e

Schrvart para relacionar as formas de distúrbios que podem ocorrer no processo de

aprendizagem.

1 – Distúrbio de aprendizagem condicionada pela escola:

a) Os condicionados pelo professor;

b) Os condicionados pela relação professor-aluno;

c) Os condicionados pela relação entre os alunos; e

d) Os condicionados pelos métodos didáticos.

2 – Distúrbios de aprendizagem condicionados pela situação familiar.

3 – Distúrbios de aprendizagem condicionados por características da personalidade da

criança.

4 – Distúrbios de aprendizagem condicionados por dificuldades de educação.

(José, at.al pág.25).

4.3 – CONCLUSÃO

Consideramos dificuldades de aprendizagem aquelas que atentam contra a normalidade

deste processo. Os problemas se aprendizagem são aqueles que se superpõe ao baixo nível

intelectual, não é permitido ao sujeito aproveitar as suas possibilidades.

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CAPITULO V

CONCLUSÃO

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CAPITULO V – CONCLUSÃO

Muitos aspectos gostaria de ter abordado neste trabalho, haja vista a ansiedade

de dar continuidade para um maior esclarecimento às perspectivas concernentes à

dificuldade de aprendizagem.

Milhares de crianças e adolescentes vivem em nosso país desprovidos de

alimentação, habitação, educação, saúde e segurança. Enfim, privadas do direito que a

Constituição deste país lhes garante, que é a de cidadania. Para essas crianças a vida é

uma luta constante pela sobrevivência. São essas as vítimas de violação dos direitos

humanos e civis. Surgem com freqüência diferentes grupos sociais e econômicos,

aumentando a desigualdade.

A criança desde seu nascimento sofre uma série de transformações bio-psico-

pedagógica e social, vindo desprovida dos suportes essenciais para alicerçamento de

suas característica de formação básica.

Sabe-se que é suscetível a qualquer indecorrência do meio no desenvolvimento

das suas funções intelectivas. Portanto, torna-se importante detectar a dificuldade de

aprendizagem, logo no início, para orientar, trabalhar junto, visando preparar esta

criança, dando-lhe condições mínimas necessárias para seu posterior crescimento

educacional.

Percebe-se que estas crianças são procedentes de famílias desorganizadas ou

desestruturadas, culturalmente ou socialmente, que passam por várias privações de

subsistência. A participação da família no processo evolutivo e afetivo da criança é de

grande importância.

A cada dia apesar da evolução que passamos neste século, o problema da

dificuldade de aprendizagem vem assumindo grande importância num contexto geral.

Torna-se necessário um melhor estudo das situações que originam tal efeito, assim

como o melhor atendimento a esta clientela que aumenta assustadoramente.

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Não se pode ignorar a existência de alunos que necessitam de recursos

diferentes, incluímos aí aqueles que são alvo de nossa pesquisa, os que tem dificuldade

de aprendizagem.

O desafio está em alfabetizar nossas crianças com dificuldade de aprendizagem

e conduzi-las na aquisição de hábitos e atitudes, orientando-os para uma participação

ativa e responsável, tornando-as capazes de transformação.

O papel do educador destas crianças deve esta voltado principalmente para o

processo de socialização, respeitando as diferenças individuais objetivando atingir a

justiça social, possibilitando-lhes, assim a plena cidadania.

O processo de conscientização da família é árduo, pois enfrenta-se o

desinteresse da mesma e aliado a isso o desprezo advindo das próprias autoridades, por

estarem investindo sem a vantagem do retorno, onde observa-se que a verba para a

educação diminui a cada ano.

A escola está aberta a todos os indivíduos, de diferentes contextos, possuidores

de diferentes experiências de vida com práticas culturas diversas. A escola não pode

ignorar o conhecimento que dispõe uma criança, antes do seu ingresso na mesma, que é

o da vida cotidiana, advindo de sua realidade de vida.

Estar lado a lado de quem necessita de ajuda, é o nosso compromisso, enquanto

educadores.

Concluí-se que a estas crianças com dificuldades de aprendizagem deve-se o

nosso aprendizado profissional. Compreende-se que sozinhos não se pode transformar

a tudo e a todos, mas juntos, alcançaremos algo mais que contribua para a melhoria de

vida da população, contribuindo com uma parcela do nosso conhecimento, vivência e

dedicação.

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GLOSSÁRIO

Cognição – aquisição de um conhecimento.

Disfunção- que se efetua de maneira anômala.

Dislexia – distúrbio na capacidade de ler.

Evasão – ato de evadir-se, fuga.

Estímulos – acontecimentos físicos, químicos, biológicos, que agem sobre o

indivíduo.

Handicap – palavra inglesa que significa desvantagem.

Inoperância – que não ocorre para um resultado, que não produz um efeito

necessário.

Lingüística – ciência da linguagem e, em particular, da linguagem articulada.

Perceptivo – que tem a faculdade de perceber.

BIBLIOGRAFIA

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AQUINO, Júlio Groca. Diferença e Preconceitos na Escola. Alternativas

Teóricas e Práticas. São Paulo. Summus Editorial, 1989.

BLOMQUIST, Marlys & CONDERMARIN, Mabel. Dislexia. Manual de

Leitura Corretiva. Porto Alegre. Artes Médicas, 1989.

CARVALHO, Rosita Edler. Temas em Educação Especial. Rio de Janeiro.

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DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbio de aprendizagem. 3ª Edição. São

Paulo Atica, 1997.

FERREIRA, Isabel Neves. Caminhos do Aprender. Brasília. Corde 1993.

GARCIA, Jesus Nicasio. Manual de dificuldades de aprendizagem.

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LUPPI, Carlos Alberto. Agora e na Hora de Nossa Morte. O Massacre do

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PIAGET, Jean. Problema de Psicologia Genética. Rio de Janeiro. Forense.

1973.

PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de aprendizagem. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1992.

SEBER, Maria da Glória. Piaget, O Diálogo com a Criança e o

desenvolvimento do raciocínio. São Paulo: Scipione, 1997.

Texto: A Criança da Escola Pública: Deficiente, Diferente ou Mal Trabalhada?

Texto extraído da Palestra proferida por Maria Helena Souza Patto, no Encontro

do Ciclo Básico em 09/5/1985. São Paulo.

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ANEXOS