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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO

TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que

respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne

aos direitos de autor e direitos conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença

abaixo indicada.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/

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AGRADECIMENTOS

A concretização deste trabalho foi possível, não apenas, pelo empenho e

dedicação de quem o realizou, mas também pela preciosa ajuda e apoio de outros

intervenientes, sem os quais a conclusão deste trabalho não se teria tornado uma

realidade. Deste modo, quero manifestar o meu sincero agradecimento:

À minha supervisora, Doutora Ana Sofia Afonso, pelo carinho, apoio,

dedicação e disponibilidade constantes que manifestou ao longo desta caminhada.

À Professora Fátima Fernandes por ter estado sempre disponível e

interessada em acompanhar este trabalho, mas também pelas ideias, sugestões,

apoio e estímulo constantes, que conduziram a este relatório.

À minha amiga e colega de estágio, Vanessa, pela amizade, companheirismo,

partilha de ideias, experiências e o apoio incondicional demonstrado.

Ao meu marido Paulo, pelo carinho, companheirismo e constante incentivo

nos momentos de desânimo.

Aos meus familiares pela paciência e compreensão durante esta longa caminhada.

Obrigada!

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico

e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização

indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas

conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da

Universidade do Minho.

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UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA DE “TERRA NO ESPAÇO”: UM ESTUDO

CENTRADO NAS EXPLICAÇÕES DOS ALUNOS DO 7.º ANO DE ESCOLARIDADE

Resumo

Em Portugal, a Astronomia é um tema ensinado aos alunos do 3.º ciclo do

ensino básico (7.º ano de escolaridade), mas muitas vezes gera explicações para

fenómenos astronómicos que não são aceites do ponto de vista científico. Vários

autores têm mencionado que a ausência de observações do céu noturno e as

conceções alternativas dos alunos sobre Astronomia têm limitado a sua

compreensão.

O presente relatório de estágio, inserido na unidade curricular “Estágio

Profissional”, do Mestrado em Ensino de Física e Química no 3.º ciclo do Ensino

Básico e no Ensino Secundário, descreve uma intervenção pedagógica com alunos

do 7.º ano. Na intervenção foram usados simulações computacionais e atividades

laboratoriais com materiais de baixo custo no ensino do tema “Terra no Espaço”.

Esses recursos foram inseridos numa abordagem construtivista e a sua eficácia foi

avaliada em termos do seu impacto nas explicações dos alunos sobre os fenómenos

astronómicos. Antes da abordagem de ensino, foi aplicado um questionário a 16

alunos, a fim de analisar as suas explicações sobre os fenómenos astronómicos e

como eles os representam. Os resultados deste questionário permitiram o desenho

da abordagem de ensino a ser utilizada na aula. Após a intervenção, um

questionário foi aplicado aos alunos para analisar se as suas explicações evoluíram

ou não.

No geral, os resultados mostraram que os alunos melhoraram as suas

explicações sobre os fenómenos. No entanto, tanto depois como antes da

intervenção pedagógica, as explicações dos alunos para os fenómenos incluíam

conceções alternativas. Foram fornecidas implicações e sugestões para futuras

intervenções pedagógicas.

Palavras-Chave: Atividades com Materiais de Baixo Custo; Construtivismo; Ensino

de Astronomia; Simulação Computacional.

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A CONSTRUCTIVIST APPROACH TO "EARTH IN SPACE": A STUDY CENTERED

ON THE EXPLANATIONS OF STUDENTS OF THE 7TH YEAR OF SCHOOLING

Abstract

In Portugal, Astronomy is a subject taught to secondary students (7th

grade), but they often generate explanations for astronomical phenomena that are

not accepted from the scientific point of view. Several authors have been

mentioning that the absence of observations of the night sky as well as students’

alternative conceptions on Astronomy have been constraining their understanding.

This report of professional practice, inserted in the curricular unit

“professional practice” of the master degree in basic and secondary school Physical

Sciences Teaching, describes a pedagogical intervention with 7th grade students.

The intervention made use of computer simulations and laboratory activities with

low cost materials in the teaching of the theme “Earth in Space”. These resources

were inserted in a constructivist approach and its efficacy was evaluated in terms

of their impact on students’ explanations of astronomical phenomena. Before the

teaching approach, a questionnaire was applied to 16 students, in order to analyse

their explanations of astronomical phenomena and how they represent them. The

results of this questionnaire informed the design of teaching approach to be used

in the class. After the intervention a questionnaire was applied to the students in

order to analyse whether or not their explanations evolved.

Overall, results show that students improved their explanations of the

phenomena. Nevertheless, both after and before the pedagogical intervention,

students’ explanations for the phenomena included misconceptions. Implications

and suggestions for future pedagogical interventions are provided.

Palavras-Chave: Activities with low cost materials; Astronomy teaching;

Computational simulation; Constructivism.

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ÍNDICE

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS ....... ii

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................. iii

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE .................................................................................................................. iv

Resumo....................................................................................................................................................................... v

Abstract .................................................................................................................................................................... vi

ÍNDICE ..................................................................................................................................................................... vii

ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................................................... ix

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................................. x

ÍNDICE DE QUADROS ......................................................................................................................................... xi

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

1.1 Tema, finalidades e objetivo ..................................................................................................................... 1

1.2 Estrutura do relatório .................................................................................................................................. 2

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO DA INTERVENÇÃO E DA INVESTIGAÇÃO A ELA

ASSOCIADA .............................................................................................................................................................. 4

2.1 Enquadramento Contextual ...................................................................................................................... 4

2.1.1 Caracterização da escola ......................................................................................................................... 4

2.1.2 Caracterização da Turma ........................................................................................................................ 5

2.1.3 Justificação da Intervenção .................................................................................................................... 7

2.2 Enquadramento Teórico............................................................................................................................. 9

2.2.1 O ensino da astronomia no 3.º ciclo de ensino básico: importância e dificuldades ....... 9

2.2.2 As explicações científicas nas aulas de ciências .......................................................................... 12

2.2.3 As atividades práticas no ensino das ciências ............................................................................. 14

CAPÍTULO III - OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ASSOCIADA À INTERVENÇÃO ....................... 19

CAPÍTULO IV - CARACTERIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO E DA INVESTIGAÇÃO A ELA

ASSOCIADA ............................................................................................................................................................ 20

4.1 Metodologia de Ensino .............................................................................................................................. 20

4.2 Metodologia de Investigação .................................................................................................................. 23

CAPÍTULO V - ANÁLISE DOS RESULTADOS DA INTERVENÇÃO ..................................................... 26

5.1 Sucessão dos Dias e das Noites .............................................................................................................. 26

5.2 Estações do Ano ........................................................................................................................................... 28

5.3 Fases da Lua ............................................................................................................................................ 33

5.4 Eclipse da Lua ............................................................................................................................................ 38

5.5 Eclipse do Sol ............................................................................................................................................ 41

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CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES ............................................................... 45

6.1 Conclusões ............................................................................................................................................ 45

6.2 Limitações e sugestões .............................................................................................................................. 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................. 50

Anexos ..................................................................................................................................................................... 59

Anexo 1 – Fichas de Trabalho Utilizadas na Intervenção................................................................... 60

Anexo 2- Questionário ...................................................................................................................................... 71

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização dos alunos da turma. 6

Tabela 2 Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a

ocorrência dos dias e as noites, no pré e pós-teste (f).

26

Tabela 3 Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a

ocorrência das estações do ano, no pré e pós-teste (f).

28

Tabela 4 Distribuição das respostas dos alunos na identificação de

imagens e sequência de aparecimento, das diferentes fases da

Lua, no pré e no pós-teste (f).

33

Tabela 5 Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a

ocorrência das Fases da Lua, no pré e pós-teste (f).

34

Tabela 6 Tipos de explicação dos alunos para a ocorrência de um eclipse

da Lua, no pré e pós-teste (f).

38

Tabela 7 Tipos de explicação dos alunos para o eclipse solar, no pré e

pós-teste (f).

41

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Ilustração auxiliar à explicação para a sucessão dos dias e das

noites (3Pré).

27

Figura 2 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (7Pré). 29

Figura 3 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano

(10Pré).

30

Figura 4 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (4Pós). 31

Figura 5 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (8Pós). 31

Figura 6 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano

(15Pós).

32

Figura 7 Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano

(13Pós).

32

Figura 8 Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (15Pós). 35

Figura 9 Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (10Pré). 35

Figura 10 Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (6Pós). 36

Figura 11 Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (12Pós). 37

Figura 12 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (9Pré). 39

Figura 13 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (3Pós). 39

Figura 14 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (16Pós). 40

Figura 15 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (13Pré). 42

Figura 16 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (4Pré). 42

Figura 17 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (10Pós). 43

Figura 18 Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (13Pós). 43

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 Caracterização dos diversos tipos de explicação (extraído de

Gilbert, Boulter & Rutherford, 1998, adaptado por Figueiroa,

2007, p.112).

13

Quadro 2 Síntese geral da sequência das aulas referentes à investigação. 23

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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Este capítulo, organizado em duas partes, faz uma breve apresentação do tema

em que se focou a intervenção e a investigação a ela associada, incluindo-se algumas

reflexões sobre a sua a adequação e uma breve descrição da estrutura do relatório.

1.1 Tema, finalidades e objetivo

A Astronomia é uma área que desperta o interesse, a curiosidade e o fascínio dos

mais variados públicos, sendo uma ciência que estuda corpos celestes e fenómenos que

se originam fora da atmosfera da Terra (Santos, 2014). O seu estudo tem contribuído

para um conhecimento mais aprofundado do Universo, encontrando-se associado ao

crescente avanço nos mais diversos domínios, nomeadamente na tecnologia, na

economia e na sociedade.

Dominar os temas relacionados com a Astronomia carece de conhecimentos em

outras áreas, como, por exemplo, a Física, a Matemática ou a Química. Como resultado, a

aprendizagem da Astronomia pode constituir um veículo para o ensino das várias

ciências (Langhi & Nardi, 2004).

No contexto Português, este tipo de abordagem das ciências pela Astronomia

parece não ser contemplada nos programas do Ensino Básico e Secundário. De facto, a

Astronomia é abordada, no 3.º ciclo do ensino básico, mais especificamente no 7.º ano de

escolaridade, sendo o único nível de escolaridade do ensino básico, e do secundário, com

uma parte explicitamente dedicada à Astronomia (DEB, 2001; MEC, 2013).

Contudo, este é um tema pelo qual os alunos se interessam, por se relacionar com

aspetos do dia a dia (Lelliott & Rollnick, 2010) e por ser um tema atual abordado com

frequência nos meios de comunicação social (Kikas, 2005; Peña & Quilez, 2001). Por

outro lado, os fenómenos astronómicos são de difícil compreensão por parte dos alunos,

os quais apresentam dificuldades em relacionar os fenómenos astronómicos com as

causas que os explicam e com os modelos científicos que lhes estão subjacentes. Parte

das dificuldades resultam do facto de ser difícil a visualização dos fenómenos que não

ocorrem à escala do aluno (Lelliott, 2007), das metodologias de ensino utilizadas pelos

professores para abordagem da temática não serem, por vezes, as apropriadas e ainda

pelo facto de as várias ideias dos alunos serem incoerentes com o conhecimento

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científico (Afonso et al. , 1995; Atwood & Atwood, 1996; Barrabín, 1995; Baxter, 1989;

Camino, 1995; Domenech & Martinez, 1997; García Barros et al., 1996; Jones et al., 1987;

Lanciano, 1997; Lorite, 1997; Nussbaum, 1989; Ojala, 1992; Schoon, 1992; Sebastiá,

1995; Sneider & Ohadi, 1998; Trumper, 2001).

No entanto, existe uma variedade de estratégias que podem ser utilizadas para

ensinar Astronomia nas escolas, facilitando a evolução das explicações dos alunos no

sentido das cientificamente aceites (Leite, 1993; Santos, 1991). Algumas destas

estratégias passam pelo uso de atividades práticas com recurso a materiais de baixo

custo (Cannalle, 2005; Capeletto, 1992; Pereira et al., 2017; Schwarz & Lutz, 2004, citado

por Machado, 2017) e a simulações computacionais (Bakas & Mikropoulos, 2003; Barab

et al., 2000; Macêdo, Dickman & Andrade, 2012; Santos, Santos & Fraga, 2002; Smetana

& Bell, 2012, 2014; Veit & Araujo, 2005).

As atividades práticas, com materiais de baixo custo e com simulações

computacionais, se inseridas em estratégias de ensino consistentes com uma perspetiva

construtivista (Barab et al., 2000; Santos, Santos & Fraga, 2002; Smetana & Bell, 2012;

Veit & Araujo, 2005), podem ajudar os alunos a formular explicações cientificas sobre os

fenómenos astronómicos, ou seja, são facilitadoras da aprendizagem dos alunos.

Atendendo aos factos anteriormente expostos, o objetivo deste estudo foi

averiguar em que medida as explicações dos alunos do 7.º ano de escolaridade, no tema

“Terra no Espaço” evoluíam quando estes eram submetidos a uma intervenção

pedagógica com determinadas características.

O estudo foi desenvolvido no ano letivo 2012/2013, no âmbito do Mestrado em

Ensino de Física e Química no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, numa

turma de 7.º ano de escolaridade de uma Escola Básica do 2.º e 3.º ciclo da cidade de

Braga, e a sua preparação contou com a colaboração da Orientadora Cooperante.

1.2 Estrutura do relatório

O presente relatório encontra-se organizado em seis capítulos. No primeiro

capítulo, “Introdução”, apresenta-se sumariamente a incidência da intervenção

pedagógica, o objetivo geral da investigação associado a essa intervenção (1.1) e

explicita-se a “Estrutura do relatório” (1.2).

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No segundo capítulo, “Enquadramento da Intervenção e da Investigação a ela

associada”, dividido em dois subcapítulos, apresenta-se o “Enquadramento Contextual”

(2.1) da intervenção e o “Enquadramento Teórico” (2.2) da mesma. No enquadramento

contextual caracteriza-se a escola e a turma, e justifica-se o tipo de intervenção

pedagógica. No enquadramento teórico efetua-se uma revisão de literatura relacionada

com as temáticas em que incidiu a intervenção pedagógica. Essa revisão incide nos

temas: “o ensino da Astronomia no 3.º ciclo de ensino básico: importância e

dificuldades”; “as explicações científicas nas aulas de ciências” e ”as atividades práticas

no ensino das ciências”.

No terceiro capítulo apresenta-se os “Objetivos da Investigação Associada à

Intervenção”, os quais foram definidos tendo em atenção a escola e a turma de

intervenção.

O quarto capítulo, “Caraterização da Intervenção e da Investigação a ela

Associada”, divide-se em dois subcapítulos. No subcapítulo “Metodologia de Ensino”

explicita-se a metodologia de ensino e os recursos que foram utilizados para lecionar o

tema em causa (4.1), e no subcapítulo “Metodologia de Investigação” efetua-se uma

descrição do instrumento de recolha de dados, dos procedimentos e do período de

recolha dos mesmos (4.2).

O quinto capítulo, “Análise dos Resultados da Intervenção”, apresenta os

resultados obtidos, antes (pré-teste) e depois (pós-teste) da intervenção pedagógica,

assim como a análise da evolução observada do pré-teste para o pós-teste. Além disso,

discutem-se os resultados tendo em conta o objetivo da investigação e a literatura

revista. Este capítulo encontra-se dividido em 5 subcapítulos, cada um deles dedicado à

análise dos resultados obtidos com uma das questões incluídas no pré e no pós-teste,

designadamente: “Sucessão dos dias e das noites” (5.1); “Estações do Ano” (5.2); “Fases

da Lua” (5.3); “Eclipse Lunar” (5.4); “Eclipse Solar” (5.5).

O sexto e último capítulo, “Conclusões, Limitações e Recomendações”, divide-se

em dois subcapítulos. Nas “Conclusões” apresentam-se as conclusões deste estudo (6.1),

e nas “Limitações e Recomendações”, apresentam-se as limitações do presente estudo,

bem como recomendações para futura lecionação do tema e investigações relacionadas

com o tema do presente estudo (6.2).

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CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO DA INTERVENÇÃO E DA

INVESTIGAÇÃO A ELA ASSOCIADA

2.1 Enquadramento Contextual

2.1.1 Caracterização da escola

A intervenção pedagógica, descrita neste relatório, decorreu numa Escola Básica

com 2.º e 3.º Ciclos (EB 2,3), situada na cidade de Braga, com cerca de 1500 alunos. A

escola faz parte de um agrupamento de escolas, estando categorizada como Território

Educativo de Intervenção Prioritária. Pouco tempo após o início do ano letivo

(2012/2013) a escola foi alvo de requalificação. Como resultado, as aulas decorreram

num dos edifícios não sujeito a requalificação e em contentores provisórios. No referido

edifício não havia laboratórios e a maioria dos materiais de laboratório encontravam-se

encaixotados. Também os espaços exteriores às salas de aula, destinados aos intervalos,

foram reduzidos.

A população escolar era heterogénea a nível social, cultural, étnico e económico

(PE, 2009). Aproximadamente 44% dos alunos provinham de famílias com poucos

recursos económicos, com baixa escolarização e com algumas debilidades ao nível da

sua estruturação. Nestas famílias, eram baixas as expectativas em relação à

aprendizagem dos filhos. Os relatórios internos da escola referiam a existência de uma

elevada frequência de casos de indisciplina, perturbando o cumprimento dos objetivos

curriculares, pouca comunicação entre a comunidade educativa, e algum insucesso

escolar. Por exemplo, a taxa de insucesso escolar no 7.º ano era de 22,3%, sendo de

19,9% no caso particular da disciplina de Ciências Físico-Químicas do 7.º ano. Deste

modo, algumas das preocupações do Projeto Educativo da escola estavam relacionadas

com o nível e a qualidade da participação dos pais e encarregados de educação nas

várias dimensões da intervenção escolar, principalmente no que se referia ao

acompanhamento dos projetos curriculares de turma, de associativismo e de

colaboração com os órgãos instituídos.

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2.1.2 Caracterização da Turma

A intervenção pedagógica foi implementada numa turma do 7.º ano, na disciplina

de Ciências Físico-Químicas, no ano letivo de 2012/2013, tendo todos os alunos

frequentado o 2.º ciclo nesta escola. No início do ano letivo, a turma era constituída por

vinte alunos. Este era o número total de alunos permitido, uma vez que existia um aluno

com necessidades educativas especiais que não assistia às aulas de Ciências Físico-

Químicas. A implementação da intervenção pedagógica iniciou-se com 18 alunos e

terminou com 17 alunos, devido à transferência de um aluno no decorrer da

intervenção. Na Tabela 1, encontra-se a caraterização da turma recolhida pela diretora

de turma.

Pela análise da Tabela 1 pode-se verificar que a turma era constituída

maioritariamente por crianças com idade de 12 anos, do sexo feminino, existindo apenas

um aluno com retenção em anos anteriores. Mais de metade dos alunos recebia o

subsídio escolar, sendo provenientes de famílias em que os progenitores estavam ambos

empregados (apenas dois alunos tinham ambos os progenitores em situação de

desemprego) e o nível de escolaridade dos pais não era superior ao ensino secundário

(apenas 7 possuíam este nível de ensino).

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Tabela 1: Caracterização dos alunos da turma (N=17)

Características f

Idade 11 anos

12 anos

13 anos

3

13

1

Sexo Feminino

Masculino

10

7

Retenções Sim

Não

1

16

Subsídio escolar Sim

Não

13

4

Situação familiar Pais empregados

Pelo menos um dos pais desempregados

12

5

Nível de escolaridade do encarregado de

educação

Ensino Secundário

3.º Ciclo do Ensino Básico

2.º Ciclo do Ensino Básico

1.º Ciclo do Ensino Básico

7

5

3

2

Nível de aproveitamento em Ciências da

Natureza (5.º ano)

Nível 2

Nível 3

Nível 4

Nível 5

1

11

2

4

Nível de aproveitamento em Ciências da

Natureza (6.º ano)

Nível 3

Nível 4

Nível 5

11

4

3

Nível de aproveitamento a Ciências

Físico-Químicas (7.º ano, 1.º Período)

Nível 2

Nível 3

Nível 4

Nível 5

5

7

4

1

Quanto ao nível de aproveitamento nas disciplinas de ciências, pode-se constatar

que na disciplina Ciências da Natureza (2.º Ciclo do Ensino Básico) a maioria dos alunos

teve aproveitamento suficiente. Na disciplina do 7.º ano de Ciências Físico-Químicas

(referente ao 1.º período) grande parte dos alunos teve aproveitamento suficiente ou

superior. No entanto, existiam alguns alunos com aproveitamento insuficiente.

Os registos de observações de aulas (durante o período de 18 de outubro de 2012

a 9 de abril de 2013) e as informações recebidas sobre os alunos e sobre a escola foram

discutidas com a orientadora cooperante e supervisora. Estes dados permitiram

constatar que, no geral, a turma apresentava um comportamento satisfatório, existindo

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na turma um grupo de alunos pouco participativo, com dificuldades de concentração e,

por vezes, apático aquando da realização das atividades práticas. Verificou-se também,

que os alunos não possuíam hábitos e métodos de trabalho, apresentando algumas

dificuldades na interpretação e coordenação das tarefas, tendo que ser constantemente

incentivados à sua realização. Para além disso, pode-se constatar que os alunos se

mostraram mais interessados e empenhados quando lhes era pedido para participarem

na aula. Nestas situações, pareciam demonstrar vontade de trabalhar e de interagir com

os colegas de turma, sendo até mais participativos. No entanto, estas atividades tinham

que ser bem estruturadas e a interação psicomotora destes controladas, de modo a

evitar a dispersão e a falta de atenção dos alunos nos objetivos das tarefas.

No que concerne às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), os alunos

evidenciavam competências básicas nesta área. Em particular, usavam o Sistema Online

de “Gestão de Aprendizagem e de Trabalho Colaborativo” (plataforma Moodle), na

disciplina de Ciências Físico-Químicas, como meio de comunicação (ex.: submissão de

trabalhos) e de apoio ao estudo (ex.: podiam consultar fichas de trabalho e sínteses das

aulas). Para além disso, apresentavam os seus trabalhos de pesquisa à turma em suporte

informático.

2.1.3 Justificação da Intervenção

A intervenção pedagógica foi implementada numa escola que se encontrava em

requalificação, pelo que as condições das salas de aula condicionaram o tipo de

atividades que poderiam ser realizadas. Por exemplo, era quase impossível escurecer

uma sala de aula que funcionava num contentor. Tal dificultava o uso de modelos para

simular fenómenos astronómicos como a sucessão dos dias e das noites, as estações do

ano e os eclipses. Assim, a escolha dos materiais didáticos a usar tinha que ser pensada

em termos das condições da sala em que as aulas iriam decorrer. Para além disso, tendo

em conta os alunos em causa, as estratégias deviam ser diversificadas e os alunos

convidados a participar. Na verdade, como anteriormente referido, quando os alunos

eram pontualmente chamados a intervir, os mesmos demonstravam desinteresse e falta

de atenção. Tal acontecia, por exemplo, quando as aulas se limitavam a uma exposição

verbal dos conteúdos científicos.

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Tendo em conta o exposto, optou-se por recorrer a simulações computacionais

nas aulas lecionadas em contentores. Este recurso estava em consonância com o projeto

educativo da escola que procurava, entre outros aspetos, valorizar as TIC como

instrumento de aprendizagem e organização do conhecimento, de forma a melhorar o

sucesso educativo e a desenvolver competências de organização, reflexão e regulação da

aprendizagem” (PE, 2009, p.59). Para além disso, segundo a Orientadora Cooperante, os

recursos informáticos despertavam o interesse dos alunos em causa.

No entanto, a manipulação das simulações computacionais pelos alunos não foi

possível, apesar de a escola ter uma sala de informática a funcionar, a qual tinha acesso à

Internet. Tal deveu-se ao facto de a sala ser usada, maioritariamente, pelos professores

que lecionavam as aulas de TIC. Como resultado, o acesso à sala pelos professores de

outras disciplinas era limitado. Tendo em conta estas condicionantes, foi necessário

recorrer ao computador pessoal da professora estagiária para correr os programas de

simulação. Assim, foi apenas permitido aos alunos observar, e não manipular, as

simulações computacionais.

Uma vez que não se dispunha de simulações computacionais adequadas para

todos os fenómenos a estudar, optou-se por usar outros recursos materiais. Os recursos

usados foram materiais de baixo custo, ou seja, materiais simples, de fácil obtenção e

económicos (Capeletto, 1992). Optou-se por este tipo de materiais porque facilmente

estavam disponíveis, não implicavam custos significativos e eram fáceis de transportar

(Costa et al., 2005; Silva & Castilho, 2010). Para além disso, os alunos poderiam repetir o

procedimento em casa (Schwarz & Lutz, 2004, citado por Machado, 2017)

complementando e explorando as ilustrações 2D que apareciam nos manuais escolares.

De facto, alguns autores têm vindo a sugerir a eficácia do uso de materiais de baixo custo

no ensino da Astronomia (Cannale, 2005; Capeletto, 1992; Pereira et al., 2017).

De modo semelhante ao uso de simulações, também o uso de atividades práticas,

envolvendo materiais de baixo custo, solicitaram o envolvimento ativo do aluno, a partir

do questionamento e da reflexão sobre os fenómenos em estudo (Leite, 2001).

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2.2 Enquadramento Teórico

2.2.1 O ensino da astronomia no 3.º ciclo de ensino básico: importância e

dificuldades

Aquando da implementação desta intervenção pedagógica os assuntos a lecionar

eram explicitados apenas no documento “Orientações Curriculares do 3.º Ciclo do

Ensino Básico de Ciências Físicas e Naturais” (DEB, 2001). Neste documento, a

Astronomia está inserida no tema “Terra no Espaço”, que se subdivide por três

subtemas: “Universo” (o que existe no Universo e distâncias no Universo), “Sistema

Solar” (estudo da sua constituição e as características dos seus constituintes) e “Planeta

Terra” (compreender alguns fenómenos astronómicos relacionados com os movimentos

da Terra e sua influência na vida do planeta) (DEB, 2001).

A importância do estudo da Astronomia, por alunos com idades semelhantes aos

que frequentam o 3.º ciclo do ensino básico em Portugal, é defendida por vários autores

(Jarman & McAleese, 1996; Jarvis & Pell, 2002; Jarvins & Pell, 2005; Jenkins, 2006;

Osborne, Simon & Collins, 2003). Uma das razões apontadas para a sua abordagem

prende-se com a relação do tema ao quotidiano dos alunos, não só porque estes

experienciam alguns fenómenos astronómicos no seu dia-a-dia (Lelliott & Rollnick,

2010), mas também porque a astronomia é um tema contemporâneo abordado

frequentemente nos meios de comunicação social (Kikas, 2005; Peña & Quilez, 2001).

Este é também um tema que desperta a curiosidade e a admiração dos cidadãos

(Nascimento, 1989; Puzzo et al., 2004).

Outros autores acrescentam que o ensino da Astronomia permite aos alunos

desenvolverem capacidades como a visualização, classificação de objetos e uso de

raciocínio lógico (Barros, 1997; Fraknoi, 1995; Nussbaum, 1995), as quais são

fundamentais na aprendizagem de outras disciplinas relacionadas com a Astronomia

(Barros et al., 1997), como a Física e a Matemática (Langhi & Nardi, 2004).

Para além de despertar interesse e promover o desenvolvimento de

competências, aprender assuntos de Astronomia pode ser um meio para aprender

acerca da natureza das ciências. Por exemplo, o uso da história da Astronomia potencia o

envolvimento dos alunos com os avanços e recuos científicos (Percy, 2009).

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No entanto, apesar da importância do ensino da Astronomia, este é um tema de

difícil compreensão para os alunos (Lorite, 1998; Ten & Monros, 1984), uma vez que a

maioria possui ideias que não são aceites do ponto de vista científico. Algumas ideias

como, as estrelas possuem pontas (Boczko, 1998) ou a Lua tem um lado escuro são

baseadas em crenças que emergem da cultura em que os alunos se inserem. Outras

ideias resultam das observações que efetuam do céu diariamente, ou seja, são baseadas

na intuição (Lelliot & Rollnick, 2010). Nesta última situação, enquadram-se as

explicações para os fenómenos astronómicos que se baseiam num modelo geocêntrico.

No entanto, muitos fenómenos astronómicos, como por exemplo a sucessão do

dia e da noite, as fases da lua e as estações do ano, para serem entendidos de modo

científico requerem um outro ângulo de observação que não o da Terra e,

consequentemente, os alunos necessitam de adotar um modelo heliocêntrico para gerar

as explicações sobre os fenómenos. Não basta, no entanto, conhecer o modelo

cientificamente aceite para gerar explicações consistentes com o ponto de vista

científico, é necessário compreender, entre outros aspetos, as variáveis relevantes para

descrever o fenómeno a explicar (Pérez et al., 1988). Por exemplo, para explicar o

fenómeno das estações do ano muitos alunos invocam a variação da distância da Terra

ao Sol, ao invés de mencionarem aspetos como a inclinação do eixo da Terra em relação

à sua trajetória ao redor do Sol (Bakas & Mikropoulos, 2003; Baxter, 1989; Dunlop,

2000; Lelliot & Rollnick, 2010; Kikas, 1998b; Roald & Mikalsen, 2001; Tsai & Chang,

2005).

Não é só sobre as estações do ano que os alunos geram explicações que não são

aceites do ponto de vista científico. Vários estudos (Afonso et al., 1995; Atwood &

Atwood, 1996; Barrabín, 1995; Baxter, 1989; Camino, 1995; Domenech & Martinez,

1997; García Barros et al., 1996; Jones et al., 1987; Lanciano, 1997; Lorite, 1997;

Nussbaum, 1989; Ojala, 1992; Schoon, 1992; Sebastiá, 1995; Sneider & Ohadi, 1998;

Trumper, 2001), com alunos entre os 12 e os 13 anos, demonstram que existe um

grande número de conceções alternativas, isto é, ideias prévias construídas pelos

indivíduos, com o objetivo de explicar os fenómenos que observa à sua volta. Estas

ideias, embora diferentes das ideias científicas, fazem sentido e são úteis para quem as

possui (Leite, 1993).

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Em relação às explicações dos alunos sobre os fenómenos astronómicos foram

identificadas conceções alternativas em vários estudos. Como resultado, as explicações

dos alunos são de baixa qualidade. Assim, no que se refere aos fenómenos:

- fases da lua, os alunos interpretam-nas como a sombra da Terra na Lua (Baxter,

1989; Gangui et al., 2010; Jones et al., 1987; Schoon, 1992; Subramaniam & Padalkar,

2009; Trumper, 2001a, 2001b); eclipses lunares semanais (Baxter, 1989; Trumper,

2001); nuvens que cobrem parte da Lua; a sombra de planetas sobre a Lua; a sombra do

Sol sobre a Lua; existindo quatro Luas em pontos fixos no espaço, cada uma com a sua

respetiva fase; devido à ocorrência de eclipses (Baxter, 1989; Langhi, 2004; Peña &

Quílez, 2001; Stahly et al., 1999; Trumper, 2001; Trundle, Atwood & Christopher, 2007).

Sobre a Lua, alguns alunos associam a presença da Lua exclusivamente ao céu noturno,

ou seja, de dia a Lua não existe (Baxter, 1989).

- eclipses, estes são explicados como: a sombra da Terra na Lua (Baxter, 1989;

Jones et al., 1987; Schoon, 1992; Trumper, 2001a, 2001b); a sombra do Sol sobre a Lua;

resultado dos fusos horários. Para além disso, eclipses solares ocorrem, para os alunos,

sempre que a Lua se encontra na fase de Lua Cheia (Trumper, 2001).

- sucessão dos dias e das noites, os alunos geram explicações que indicam que

este fenómeno ocorre porque: o Sol esconde-se por entre as árvores ou por detrás das

montanhas; o Sol gira em torno da Terra; a Terra tem movimento de translação; o Sol vai

dormir; as nuvens cobrem o Sol (Baxter, 1989; Fleer, 1997; Klein, 1982; Schoon, 1992;

Trumper, 2001).

- estações do ano, foram encontradas explicações que atribuem a sua causa: à

distância da Terra em relação ao Sol; ao movimento de rotação da Terra; às nuvens de

inverno que bloqueiam o “calor” do Sol; aos planetas frios que retiram o calor do Sol, o

que leva a que a temperatura da Terra, no inverno, diminua; ao Sol mover-se para o

outro lado da Terra, para fornecer “calor” no verão; ao movimento de rotação e

translação da Terra à volta do Sol e à inclinação do eixo terrestre em relação ao plano da

sua órbita; à intensidade dos raios solares e ao movimento de translação da Lua à volta

do Sol (Barrabín, 1995; Baxter, 1989; Langhi, 2004; Pozo et al., 1991; Ruivo, 2014;

Schoon, 1992; Trumper, 2001).

Parte da dificuldade dos alunos em explicar os fenómenos astronómicos resulta

do facto de as explicações dos mesmos serem baseadas em modelos científicos de difícil

visualização à escala do aluno (ex.: modelo heliocêntrico) e de serem de difícil

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compreensão por parte dos alunos (ex.: não são intuitivos) (Lelliott, 2007). Como

resultado, as explicações geradas pelos alunos para os fenómenos astronómicos têm

subjacentes conceções alternativas.

2.2.2 As explicações científicas nas aulas de ciências

As explicações científicas, o modo como estas se desenvolveram e os modelos

científicos em que se baseiam são considerados aspetos centrais na Educação em

Ciências (Gilbert, Boulter & Rutherford, 1998; Unsworth, 2001), uma vez que as ciências

têm como objetivo central explicar o mundo físico e natural (Gilbert, Boulter &

Rutherford, 1998).

No entanto, não existe um entendimento consensual para o que constitui uma

explicação científica entre os filósofos da ciência. De entre os vários entendimentos,

alguns consideram que numa explicação científica se estabelecem relações de

causalidade (isto é, o comportamento de uma parte do universo em estudo (efeito)

resulta da ação de algo sobre essa parte (causa)). Outros consideram que as explicações

resultam de raciocínios estatísticos e probabilísticos. E ainda, para ouros filósofos, as

explicações envolvem entidades abstratas (por exemplo, átomos, forças, energia) e

baseiam-se em modelos científicos (Braaten & Windschitl, 2011). Seja como for, e de

modo genérico, uma explicação científica deve ser distinguida de uma descrição do

fenómeno natural que se observa.

As explicações científicas veiculadas na sala de aula não são baseadas em

modelos contemporâneos, mas em modelos históricos, que são supostamente

compreendidos por alunos da faixa etária em que são apresentados (Gilbert, Boulter &

Rutherford, 2000). No entanto, a compreensão das explicações científicas pelos alunos

não é tarefa fácil, uma vez que os modelos científicos em que se baseiam são pouco

intuitivos (Ogborn et al., 1997) e é necessário articular diversas informações (ex.: os

dados, as evidências e as teorias de uma forma crítica), de modo a que o aluno seja capaz

de confrontar as explicações científicas com as do senso comum (Figueiroa, 2006). De

facto, alguns autores constataram que quando é pedido aos alunos para produzirem

explicações para um dado fenómeno, estes apresentam dificuldade em se expressar, em

encontrar palavras apropriadas para descrever o que observam (Carvalho, 2004) e em

explicar e lidar com dados e evidências (Figueiroa, 2007).

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Neste contexto, o professor desempenha um papel chave enquanto facilitador da

compreensão das explicações científicas pelos alunos, não só porque conhece as ideias a

explicar como é o responsável por organizar o modo de facilitar a compreensão dessas

ideias (Galvão & Freire, 2004; Leite, 2006). Contudo, esta não é uma tarefa fácil para o

professor dada a existência de conceções alternativas fortemente enraizadas nos alunos

(Leite, 2006). Quando o professor aborda as explicações científicas para os fenómenos

na sala de aula, deve ter em atenção que existe um conjunto de informação que as

precedem (ex.: descrições do fenómeno em causa), que são importantes para que os

alunos as compreendam (Gilbert, Boulter & Rutherford, 1998). Neste sentido, os autores

definem, no contexto da educação em ciências, uma explicação como uma resposta a

uma questão sobre um dado fenómeno. Assim, consideram que as explicações podem ter

diferentes funções tendo em conta tipo de questões a que respondem, sendo estas as

apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1: Caracterização dos diversos tipos de explicação (Gilbert, Boulter & Rutherford, 1998, adaptado

por Figueiroa, 2007, p. 112)

Tipo de

Explicação

Características da explicação

Intencional Respondem à questão “Porquê estudar este fenómeno?”, apresentando a finalidade da

investigação a desenvolver acerca do fenómeno.

Descritivo

Respondem à questão “Como se comporta o fenómeno?”, descrevendo apenas o que

acontece com determinado fenómeno, sem apresentar os motivos responsáveis pela

ocorrência do mesmo.

Interpretativo Respondem à questão “Que entidades intervêm no fenómeno?”, explicando em que

consiste o fenómeno, fazendo referência às entidades intervenientes.

Causal Respondem à questão “Porque é que o fenómeno ocorre desta forma?”, apresentando

as causas do fenómeno, ou seja, o efeito produzido. São elaboradas com base numa

relação de causa-efeito, entre as entidades envolvidas e causadoras do fenómeno em

questão.

Preditivo Respondem à questão “Como se comportará o fenómeno em diferentes condições?”,

permitindo que se faça uma previsão do que acontecerá com o fenómeno em

circunstâncias desconhecidas, tendo conhecimento do seu comportamento em

determinadas condições.

Para além dos tipos de explicação a selecionar, o professor deve ter em atenção a

qualidade das mesmas, tendo em conta o contexto em que surgem. A qualidade das

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explicações pode ser analisada em termos de plausibilidade, isto é, é adequada ao

problema em estudo; de economia, isto é, envolve apenas os parâmetros necessários; de

generalização, isto é, é aplicável a um elevado número de outras situações; de

produtividade, ou seja permite que se gerem previsões que podem ser testadas

experimentalmente (Gilbert, Boulter & Rutherford, 1998). Pelo exposto, as explicações

dos alunos, nas quais se evidenciam conceções alternativas não são de boa qualidade.

2.2.3 As atividades práticas no ensino das ciências

As atividades práticas são atividades que exigem que os alunos estejam

mentalmente envolvidos. Estas atividades podem ajudar o aluno a (re)construir

conhecimentos, a desenvolver atitudes científicas e “skills”, a compreender aspetos dos

processos envolvidos na construção das ciências, dependendo do propósito com que são

desenhadas (Leite, 2002). De entre as diversas atividades práticas existentes, a

intervenção pedagógica descrita neste relatório focou-se em dois tipos: atividades

laboratoriais com materiais de baixo custo e simulações computacionais. Cada uma

delas será descrita e discutida abaixo.

• As atividade laboratoriais com materiais de baixo custo

As atividades laboratoriais constituem o conjunto de atividades nas quais se faz

uso de materiais de laboratório ou materiais alternativos, no caso de os convencionais

não estarem disponíveis (Leite 2001). Em algumas destas atividades é possível

reproduzir um fenómeno físico, enquanto que noutras (ex.: aquelas que recorrem a

modelos) é possível simulá-lo ou modelá-lo (Leite & Dourado, 2013). Embora exista uma

diversidade de tipos de atividades laboratoriais com recurso a modelos (Dourado &

Leite, 2008), as atividades “de visualização de modelos estáticos” e “de visualização de

modelos dinâmicos” foram as usadas para a intervenção pedagógica, relatada neste

relatório. As “atividades de visualização de modelos estáticos” permitem visualizar a

estrutura e a constituição de um dado modelo (Dourado & Leite, 2008). As “atividades

de visualização de modelos dinâmicos” permitem observar a evolução de um dado

fenómeno num dado intervalo de tempo, não permitindo interagir ou alterar o modelo

(Dourado & Leite, 2008). Embora existam recursos convencionais para implementar

estas atividades com recursos a modelos, é possível construir alguns destes com

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materiais de baixo custo e de fácil acesso (ex.: bolas de ping-pong, lanternas, garrafas de

plástico, fios, etc.) (Capeletto, 1992, citado em Machado, 2017). Para além disso, quando

estes materiais não representam um perigo para o utilizador podem ser reproduzidos

ou criados pelos alunos, auxiliando-os no estudo independente (Schwarz & Lutz, 2004,

citado por Machado, 2017). Apesar das vantagens das atividades laboratoriais com

materiais de baixo custo para o ensino das ciências, estas também apresentam algumas

limitações. Por exemplo, em turmas em que há um elevado número de alunos, pode

tornar-se difícil a realização das atividades pelos alunos. Tal não invalida que estes

sejam cognitivamente envolvidos, por exemplo, os alunos podem efetuar previsões,

registar observações, explicar e partilhar ideias com os pares e com o professor (Leite,

2001).

Alguns autores têm relatado experiências de ensino bem sucedidas no tema

Astronomia e nas quais se utilizaram materiais de baixo custo. Estes recursos são

inseridos em atividades laboratoriais que estimulam o envolvimento cognitivo dos

alunos com a tarefa. Pereira et al. (2017), num estudo realizado no Brasil, sugerem que a

impossibilidade de observar o céu noturno, de visitar um planetário e/ou de usar

materiais laboratoriais mais convencionais para estudar Astronomia pode ser

contornada com a adoção de recursos didáticos construídos com material de baixo

custo. Ao fazerem uso destes recursos, para abordar as estações do ano e os eclipses,

lunar e solar (por exemplo, bolas, candeeiro, arame), os autores constataram que os

alunos aprenderam os assuntos e demostravam motivação e interesse pela Astronomia.

Cannale (2005) também sugere várias atividades com recurso a material de baixo

custo para ajudar os alunos a reconstruirem as suas explicações sobre alguns dos

fenómenos astronómicos (sucessão dos dias e das noites, as estações do ano, os eclipses

solar e lunar) e a percecionarem o tamanho dos planetas e as suas distâncias ao Sol. Para

o autor, estas atividades potenciam a aprendizagem de conceitos básicos de astronomia.

• As simulações em computador como recurso didático para a construção de

explicações sobre os fenómenos astronómicos

Os assuntos de Astronomia são considerados pelos alunos estimulantes e

motivadores, pelo facto de se poder observar imagens reais, por exemplo obtidas por

um telescópio (Nascimento, 1989). Contudo, como já mencionado, explicar os

fenómenos astronómicos nem sempre é fácil porque estes ocorrem em escalas espaciais

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que estão fora de alcance dos alunos, ou seja, o que observam é incompatível com a

escala planetária (Praia, 2000); porque compreender fenómenos astronómicos, como as

estações do ano e as fases da Lua, envolve uma compreensão das relações e orientações

espaciais tridimensionais entre objetos celestes (Hubber & Tytler, 2017) e porque

construir explicações para fenómenos astronómicos requer que os alunos entendam o

movimento dos corpos celestes através de referenciais. Neste último caso, necessitam de

coordenar as perspetivas baseadas na Terra e as perspetivas baseadas no Espaço, ou

seja, uma explicação completa requer a alternância entre essas perspetivas de modo a

explicar o que se observa na Terra com base em movimentos e orientações dos corpos

celestes (Hubber & Tytler, 2017). Pelo exposto, os autores sugerem que o ensino da

Astronomia requer que os alunos possuam capacidades de visualização espacial (por

exemplo, a capacidade de imaginar formas espaciais e movimento, incluindo translação

e rotações) e orientação espacial (por exemplo, a capacidade de se colocar em diferentes

perspetivas) (Hubber & Tytler, 2017).

O recurso a programas de simulação computacional pode ajudar os alunos a

formular explicações científicas sobre os fenómenos astronómicos. Estas simulações

computacionais educacionais podem ser definidas como “ambientes de aprendizagem

interativa em que um modelo simula características de um sistema, dependendo das

ações feitas pelo aluno” (Huisman & de Vries, 1991 citado em Kirschner & Huisman,

1998, p.7). Assim, não se devem confundir com simulações computacionais usadas em

ambiente de investigação científica (Greca, Seoane & Arriassecq, 2014).

Contudo, as simulações computacionais usadas como recurso didático requerem

algum tipo de orientação para serem eficazes (de Jong & van Joolingen, 1998). Alguns

autores têm mencionado que estas simulações devem ser inseridas em estratégias de

ensino consistentes com as perspetivas construtivistas, de modo a serem um recurso

facilitador da aprendizagem dos alunos (Barab et al., 2000; Santos, Santos & Fraga,

2002; Smetana & Bell, 2012; Veit & Araujo, 2005). Em particular, quando em causa se

encontra a (re)construção de conceitos por parte do aluno, um modelo de ensino a usar

poderá ser o “modelo de ensino orientado para a mudança conceptual”.

Este modelo baseia-se numa perspetiva construtivista e assume que o aluno deve

ser envolvido ativamente no processo de aprendizagem, através de estratégias que

estimulem a (re)construção do seu conhecimento prévio (Leite, 1993; Santos, 1991).

Embora o aluno seja o responsável pela sua aprendizagem, esta é facilitada por

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interações com o professor e com os colegas. Neste contexto, mais do que ilustrar um

fenómeno em estudo, as simulações computacionais devem permitir ao utilizador

manipular variáveis, ajudá-lo a testar as suas previsões e assim (re)construir as suas

explicações (Dickman & Macêdo, 2009; Smetana & Bell, 2012); permitir obter feedback

rápido sobre o fenómeno em estudo (Hargrave & Kenton, 2000; White & Frederiksen,

1998); integrar várias formas de representação científica de modo coerente (Greca,

Seoane & Arriassecq, 2014).

Para além da integração dos programas de simulação em aulas de cariz

construtivista, outros aspetos como os critérios de seleção de programas de simulação e

o seu uso na sala de aula (pequeno ou grupo turma) têm vindo a ser discutidos. No que

se refere à seleção dos programas de simulação a utilizar, esta depende da faixa etária

dos alunos (Macêdo, Dickman & Andrade, 2012). Contudo, existem alguns critérios a ter

em conta quando se escolhem estes programas. Macêdo, Dickman e Andrade (2012), a

partir de um estudo com alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico em que usaram programas

de simulação, consideram que a escolha de um programa de simulação deve ter por base

aspetos como: facilidade de utilização (não deve apresentar dificuldades ao aluno na

realização das tarefas e deve apresentar instruções de uso); grau de interatividade

(permitir que o aluno altere parâmetros, valores e variáveis que intervêm no

fenómeno); credibilidade do programa de simulação (a informação científica deve ser

aceite do ponto de vista científico); disponibilidade temporal (os programas de

simulação não devem apresentar dificuldades no acesso).

No que se refere ao uso dos programas de simulação em pequeno grupo ou no

grupo turma, Smetana e Bell (2014) concluíram que tanto a configuração de toda a

turma como a de grupos pequenos são apropriadas para o uso de simulações que

procuram apoiar a compreensão dos alunos sobre os conceitos abordados. Concluíram,

ainda, que o uso de simulações computacionais para toda a turma pode promover mais

interações de sala de aula, contribuindo para que os alunos fiquem a par das ideias dos

seus parceiros e das ideias da turma. Tal apresenta vantagens para os alunos que são

menos participativos, pois estarão expostos a uma maior variedade de formas de pensar,

beneficiando das ideias dos outros na interiorização de conhecimentos (Gallimore &

Tharp, 1990, citado em Smetana & Bell, 2014).

Vários estudos (Barroso & Borgo, 2010; Becker, 2011; Bernardes, 2010; Cardinot

& Namen, 2017; Hughes, 2008; Longhini & Menezes, 2010; Sampaio & Rodrigues, 2015)

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têm analisado programas de simulação computacional para a abordagem da Astronomia

com alunos do ensino básico. Alguns desses programas são: planetário virtual Stellarium

e o Celestia, ambos de livre acesso. Cardinot e Namen (2017) desenvolveram um módulo

adicional ao planetário virtual Stellarium de modo a que alunos do 3.º Ciclo do Ensino

Básico tivessem a possibilidade de simularem uma chuva de meteoros. Os autores

concluíram que o uso da simulação computacional desempenhou um papel importante

tanto na compreensão do fenómeno como no apoio à pesquisa dos alunos. Para além

disso, a simulação computacional deu oportunidade aos alunos de obterem informações

reais sobre o fenómeno em estudo, assim como de visualizarem o fenómeno num

determinado local e data.

Sampaio e Rodrigues (2015) realizaram um estudo com 150 alunos do ensino

básico, de uma escola pública de referência no Brasil, com o objetivo de analisar quais as

vantagens da integração de uma simulação computacional numa sequência didática para

o ensino da Astronomia. Nesta sequência didática, os temas de astronomia foram

inicialmente introduzidos e, de seguida, os alunos exploraram o software de simulação

planetário virtual Stellarium. A eficácia desta intervenção foi analisada comparando as

respostas apresentadas pelos alunos a um questionário aplicado antes e após a

intervenção. Os resultados obtidos sugerem que os alunos evoluíram na compreensão

dos conteúdos tratados, estiveram motivados ao interagir com o programa de simulação

e valorizaram o facto de o programa de simulação permitir relacionar as “observações”

com o que aprenderam na componente teórica da intervenção.

Bakas e Mikropoulos (2003), num estudo com 102 alunos Gregos (entre os 11 e

os 13 anos de idade), analisaram como um programa de simulação computacional

permitiu apoiar o ensino de fenómenos astronómicos (isto é, os movimentos da Terra e

do Sol, a sucessão dos dias e das noites e as estações do ano). A simulação computacional

permitia o uso e manipulação de representações computacionais tridimensionais, por

parte dos alunos. Os assuntos veiculados pelo programa não eram novos para os alunos,

pois tinham sido abordados nas aulas de Geografia uma ou duas semanas antes da

intervenção. Contudo, os alunos ainda exibiam algumas conceções alternativas. A

comparação das respostas dos alunos a um questionário, antes e após a intervenção,

permitiu constatar que a maioria revelava entusiasmo com as representações

computacionais e modificou as suas CA sobre a sucessão dos dias e das noites e as

estações do ano.

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19

CAPÍTULO III - OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ASSOCIADA À INTERVENÇÃO

A intervenção realizada teve em conta que o projeto educativo da escola visava

valorizar as TIC no processo de aprendizagem dos alunos, que os documentos

reguladores do ensino e aprendizagem sugerem o recurso à simulação com material

experimental e com programas de computador na unidade “Terra no Espaço” (DEB,

2001), e que os alunos, antes da intervenção, não explicavam de modo cientificamente

aceite os fenómenos astronómicos. Assim, procurou-se desenhar uma intervenção

pedagógica de cariz construtivista de modo a contribuir para a evolução das explicações

dos alunos sobre os fenómenos astronómicos. Para tal, utilizou-se como recurso os

programas de simulação computacional e materiais de baixo custo. Na componente

investigativa deste trabalho analisaram-se as explicações dos alunos para alguns

fenómenos astronómicos, antes e após, a intervenção pedagógica, para, posteriormente,

efetuar uma comparação entre essas explicações. Esta comparação permitiu inferir em

que medida a intervenção facilitou a evolução das explicações dos alunos.

Mais concretamente, este estudo procurou responder às seguintes questões:

• Que explicações os alunos possuem para os fenómenos astronómicos, antes e

após a estratégia de ensino?

• Em que medida a metodologia adotada contribuiu para a evolução das

explicações dos alunos sobre os fenómenos astronómicos?

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20

CAPÍTULO IV - CARACTERIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO E DA

INVESTIGAÇÃO A ELA ASSOCIADA

4.1 Metodologia de Ensino

A intervenção realizada esteve centrada no tema “Terra no Espaço”, referente à

subunidade “Terra e Sistema Solar”, tendo sido abordados os assuntos: sucessão dos

dias e das noites, as estações do ano, as fases da Lua e os eclipses da Lua e do Sol. A

escolha destes assuntos deveu-se ao facto de ser um dos temas possíveis a lecionar

durante o período de intervenção; de ser um tema que permite a abordagem de

diferentes tipos de explicação; de os alunos habitualmente apresentarem dificuldades

em explicar cientificamente os fenómenos astronómicos; de ser um tema que poderia

ser abordado com recurso a simulações computacionais e materiais de baixo custo. Estes

recursos eram viáveis, tendo em conta as salas de aula disponíveis, e adequados aos

alunos com quem se implementou a intervenção.

A estratégia de ensino adotada teve por base uma perspetiva construtivista,

segundo a qual o aluno é considerado um agente ativo da sua aprendizagem (Leite,

1983). Nesta estratégia fez-se o uso de simulações computacionais e de materiais de

baixo custo, dadas as suas potencialidades (ver secção 2.2 deste relatório).

No que se refere às simulações computacionais, atendendo que a escola se

encontrava em requalificação e as salas não tinham computadores para uso dos alunos,

apenas foi possível projetar a simulação no ecrã. Assim, na sala de aula os alunos não

interagiram fisicamente com a simulação. No entanto, o estudo de Smetana e Bell (2014)

sugere que o uso de simulações com o grupo turma é tão eficaz como o seu uso com

pequenos grupos. Seja como for, a não manipulação da simulação pelos alunos foi

manifestada pelos mesmos, pois estes desejavam explorar o programa de simulação no

decorrer das aulas. Procurou-se minimizar este aspeto dando aos alunos a oportunidade

de usarem a simulação computacional fora da sala de aula, uma vez que esta se

encontrava integrada na plataforma Moodle da escola. De modo a tirar proveito da

mesma, foi solicitado aos alunos que usassem o programa de simulação para

responderem a tarefas para trabalho de casa. As respostas dos alunos às tarefas foram

posteriormente discutidas na aula.

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Relativamente à escolha do programa de simulação a usar e tendo em conta os

vários programas de simulação de acesso livre existentes, optou-se pelos programas

disponibilizados pelo projeto Astronomy Education at University of Nebraska-Lincoln. A

seleção teve em conta a credibilidade da informação científica apresentada no programa,

a qualidade e formas gráficas usadas, tendo em conta o público-alvo a quem se destina

(Nikoukaran, Hlupic & Paul, 1998) e a possibilidade de permitir a manipulação de

variáveis (Esquembre, 2002).

Após a seleção do programa de simulação, a sua exploração na aula foi

acompanhada por fichas de trabalho (Anexo 1). O programa de simulação foi

posteriormente inserido na plataforma Moodle da escola, tendo como objetivo apoiar o

estudo dos alunos sobre a Astronomia.

Na elaboração das fichas de trabalho de apoio à exploração do programa de

simulação teve-se em atenção que estes não são “transparentes”, isto é, utilizam

representações com auxílio de códigos de representação (Hubber & Tytler, 2017).

Assim, para que os alunos tirassem proveito da simulação necessitavam, antes de as

usarem, de compreenderem os códigos de representação usados e compreenderem as

limitações das mesmas em termos de representação. O programa de simulação permitia

auxiliar o utilizador a visualizar alguns fenómenos astronómicos com base no modelo

heliocêntrico. Este modelo foi previamente abordado pela professora cooperante antes

da intervenção pedagógica.

No que se refere à realização de atividades laboratoriais com materiais de baixo

custo, estas foram usadas porque não foi possível encontrar simulações adequadas para

todos os assuntos em estudo. Para além disso, como referido na secção 2.1, para os

alunos em causa era necessário diversificar os recursos usados impedindo que estes se

tornassem repetitivos e desmotivassem os alunos do tema em estudo. Optou-se pelo uso

deste tipo de atividades laboratoriais, ao invés de se usarem imagens, porque como

refere Barab et al. (2000) os alunos apresentam dificuldades em transpor

representações 2D para representações 3D de fenómenos astronómicos. Como referido

anteriormente, teve-se em atenção que estas atividades laboratoriais poderiam ser

reproduzidas, em casa, pelos alunos, auxiliando-os no estudo. Este é um aspeto

importante do uso de materiais de baixo custo no ensino das ciências, como refere

Schwarz e Lutz (2004) (citado por Machado, 2017). Tal como no caso das atividades com

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recurso a programas de simulação, também as atividades com materiais de baixo custo

procuraram que o aluno tivesse um papel ativo na sua aprendizagem.

O desenho das atividades para abordar os assuntos de astronomia do programa

teve em consideração o modelo de ensino orientado para a mudança conceptual, sendo

dada a oportunidade aos alunos de tomarem consciência das explicações para o

fenómeno astronómico; testarem as suas ideias, com recurso a programas de simulação

ou a materiais de baixo custo; discutirem os resultados encontrados, de modo a

reestruturarem as suas ideias iniciais. Finalmente, os alunos foram solicitados a

apresentar no decurso da sua aprendizagem vários tipos de explicações.

Optou-se por este modelo de ensino porque o questionário aplicado aos alunos,

antes da intervenção, revelou que estes possuíam conceções alternativas no tema

Astronomia e porque a literatura ter vindo a mostrar que as conceções alternativas são

resistentes à mudança quando não são devidamente tratadas (Baxter, 1989; Langhi &

Nardi, 2010; Trumper, 2001).

As fichas de trabalho foram respondidas no decorrer das aulas, elaboradas

individualmente pelos alunos e cada etapa da sua elaboração foi discutida na turma.

Contudo, teria sido mais vantajoso que as discussões tivessem ocorrido, inicialmente, em

pequenos grupos e só depois alargada ao grupo turma. No entanto, tal não aconteceu

devido aos tempos de aula serem apenas de 45 minutos, dificultando as atividades de

grupo, e também devido à dispersão dos alunos quando efetuam trabalhos de grupo,

verificada no decorrer das aulas assistidas.

Foram disponibilizadas para desenvolver o projeto de intervenção pedagógica

quinze aulas de 45 minutos. Destas 15 aulas, oito foram usadas para abordar conteúdos

de Astronomia: duas para abordar a sucessão dos dias e das noites, duas para as

estações do ano, duas para as fases da Lua e duas para os eclipses do Sol e da Lua.

O Quadro 2 apresenta uma síntese geral das aulas referentes à investigação,

descrevendo-se a sequência dos conteúdos abordados, assim como o objetivo principal

de cada aula.

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Quadro 2: Síntese geral da sequência das aulas referentes à investigação

Aula Conteúdos Objetivo principal

Aula

1

Sucessão dos dias e as

noites.

Promover a evolução das explicações dos alunos em relação ao modo

como pensam que ocorre a sucessão dos dias e das noites. (Ficha de

Trabalho n.º 2)

Aula

2

Fusos horários.

Movimento aparente do

Sol e de outros objetos

celestes.

Promover a evolução das explicações dos alunos relativamente ao que

pensam sobre a variação da hora local de um dado lugar da Terra. (Ficha

de Trabalho n.º 2)

Aula

3

Estações do ano Promover a evolução das explicações dos alunos em relação ao modo

como interpretam a ocorrência das estações do ano. (Ficha de Trabalho

n.º 3)

Aula

4

Estações do ano:

Solstícios e Equinócios.

Altura do Sol ao Longo do

ano e temperatura à

superfície da Terra.

Promover a evolução das explicações dos alunos em relação ao modo

como pensam que acontece a desigualdade na duração dos dias e das

noites, ao longo do ano, conforme a localização geográfica. (Ficha de

Trabalho n.º 3)

Aula

5 e 6

Fases da Lua Promover a evolução das explicações dos alunos relativamente às fases

da Lua para observadores em diferentes posições (na Terra e no

espaço). (Ficha de trabalho nº 4)

Aula

6

Fases da Lua

(continuação)

Promover a evolução das explicações dos alunos em relação à face da

Lua visível da Terra. (Ficha de trabalho nº 4)

Aula

7

Eclipses.

Eclipse da Lua.

Promover a evolução das explicações dos alunos em relação à

ocorrência de eclipses da Lua (total, parcial e penumbral).

Promover a evolução das explicações dos alunos para o facto do eclipse

da Lua não ocorrer todos os meses. (Ficha de trabalho nº 5)

Aula

8

Eclipse do Sol

Promover a evolução das explicações dos alunos em relação à

ocorrência de eclipses do Sol (total, parcial e anular). (Ficha de trabalho

nº 6)

4.2 Metodologia de Investigação

De modo a responder às questões de investigação formuladas na secção 3,

aplicou-se um questionário (Anexo 2) para avaliar explicações dos alunos sobre

fenómenos astronómicos, antes e após a intervenção. O questionário que serviu como

pré e pós-teste foi adaptado de alguns estudos já efetuados sobre o tema (Bakas &

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Mikropoulos, 2003; Gangui et al., 2010; Trumper, 2001; Yannick, 2003). Optou-se pelo

questionário por ser um instrumento que permitia recolher dados num curto período de

tempo, em que os respondentes eram expostos a questões formuladas da mesma forma

e apresentadas pela mesma ordem. Contudo, teve-se presente que o questionário

também apresenta limitações, por exemplo, não permite um aprofundamento das ideias

dos alunos (Gall et al., 1996).

O questionário foi aplicado aos alunos da turma antes da intervenção (como pré-

teste) de modo a identificar o modo como explicam em termos escritos e pictóricos

alguns fenómenos astronómicos. O pré-teste foi aplicado no 2.º período letivo de

2012/2013, no início do mês de março, numa aula de 45 minutos. Os resultados do pré

teste permitiram obter informações acerca dos conhecimentos iniciais dos alunos sobre

Astronomia, servindo de suporte para a preparação da intervenção pedagógica.

Após a intervenção pedagógica, aplicou-se novamente o questionário, como pós-

teste. Este foi aplicado no início do mês de junho (3.º período letivo de 2012/2013),

duas semanas após a intervenção pedagógica e nas mesmas condições que o pré-teste.

De modo a analisar como evoluíram as explicações dos alunos, foram analisadas

as respostas dadas ao questionário antes e após a intervenção pedagógica. Como

responderam ao pré-teste 17 alunos e ao pós-teste 16 alunos, e sendo o objetivo analisar

a sua evolução, apenas se analisaram os questionários dos alunos que responderam

simultaneamente ao pré e pós-teste, isto é, 16 alunos.

Após o preenchimento dos questionários foi-lhes atribuído um código constituído

por um número, a que correspondia um dado aluno, e pela palavra “Pré” ou “Pós”,

consoante se tratava do pré-teste ou do pós-teste, respetivamente.

Tal como no estudo de Figueiroa (2007), que analisou as explicações dos alunos

para fenómenos físicos, as respostas ao pré e pós-teste foram submetidas a uma análise

de conteúdo. Para tal, utilizaram-se as categorias da tipologia de Gilbert, Boulter e

Rutherford (1998) para identificar e comparar o tipo de explicação dada pelos alunos.

Refira-se que, embora esta tipologia de explicações apresente cinco categorias, as

questões do questionário solicitavam na sua maioria explicações do tipo causal. Assim as

explicações de tipo “intencional” e do “preditivo” não foram incluídos na classificação

das respostas, por não existirem questões que remetessem para este tipo de explicações.

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Para além disso, analisou-se a qualidade das explicações apresentadas pelos

alunos, inferindo se estas eram cientificamente aceites, incompletas ou se tinham

subjacente conceções alternativas.

Salienta-se ainda que, se analisou a qualidade das explicações de tipo causal,

nomeadamente, se estas correspondiam a CA, se eram aceites do ponto de vista

cientifico ou incompletas, tendo em conta o que se pretende para este nível de ensino.

Para além disso, para cada categoria de resposta calculou-se a frequência de respostas

para cada categoria, de modo a compreender em que medida houve, ou não, evolução

nas ideias dos alunos.

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CAPÍTULO V - ANÁLISE DOS RESULTADOS DA INTERVENÇÃO

Neste capítulo, os dados apresentados nas tabelas refletem a frequência do tipo

resposta dos alunos, para cada uma das perguntas do questionário (anexo 2), aplicado

antes e após a intervenção pedagógica. Os mesmos serão divididos por conteúdo

abordado em cada um dos conjuntos de perguntas.

5.1 Sucessão dos Dias e das Noites

No que diz respeito ao conteúdo “Sucessão dos Dias e das Noites”, constata-se

que, quer antes quer após o ensino, a maioria dos alunos apresenta explicações causais,

sendo as explicações de tipo descritivo apenas mencionadas antes do ensino (Tabela 2).

Este tipo de explicação não foi identificado nas respostas dos alunos após o ensino.

Tabela 2: Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a ocorrência dos dias e as noites, no pré e

pós-teste (f) (N=16)

Tipos de explicação Pré- teste Pós-teste

Causal

Cientificamente aceites 3 8

Possui CA 7 7

Descritiva 3 0

Interpretativa 0 0

Outra 3 1

Não responde 0 0

Um exemplo de uma explicação descritiva é:

• “Ao nascer do dia o Sol aparece a Este e depois cai a Oeste. A seguir nasce a Lua e depois cai. E assim

sucessivamente” (6Pré).

A qualidade das explicações dos alunos aumentou após a intervenção pedagógica,

pois aumentou o número de respostas cientificamente aceites. Contudo, o número de

explicações contendo conceções alternativas manteve-se. As principais conceções

alternativas identificadas foram:

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a) A noite e o dia resultam do movimento de rotação e de translação da Terra, como se

pode constar nos seguintes exemplos de resposta:

• “Os dias e as noites ocorrem devido ao movimento de rotação Terra e ao movimento à volta do sol”

(9Pré).

• “Devido ao movimento de rotação e de translação da Terra” (11Pós).

b) É de noite quando a Lua não reflete a luz do Sol. Um exemplo de resposta é:

• “Quando a Terra está virada para o Sol é dia enquanto que no outro lado é noite, pois a lua não

reflete a luz do Sol” (3Pré).

Figura 1- Ilustração auxiliar à explicação para a sucessão dos dias e das noites (3Pré).

c) A noite corresponde à parte da Terra que se encontra na sombra. Um exemplo de

resposta é:

• “A Terra é redonda não pode ficar totalmente virada para o sol, logo os dias ocorrem devido à luz

que o Sol transmite e a noite nada mais é que a sombra” (9Pré).

A conceção alternativa “A noite corresponde à parte da Terra que se encontra na

sombra”, não se detetou após o ensino. Por outro lado, as conceções alternativas: “a

noite e o dia resultam do movimento de rotação e de translação da Terra” e “é de noite

quando a Lua não reflete a luz do Sol”, continuam a estar presentes nas explicações dos

alunos após o ensino do tema.

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As explicações nas quais os alunos recorrem ao movimento de translação para

explicar a noite poderão estar associadas à existência de alguma dificuldade dos alunos

em distinguir o movimento de rotação e o de translação da Terra, e de compreender os

seus efeitos para um observador na Terra. No que se refere à conceção alternativa “a

noite corresponde à parte da Terra que se encontra na sombra”, ela poderá resultar das

experiências sensoriais dos alunos com a Luz.

Refira-se ainda que a conceção alternativa “é de noite quando a Lua não reflete a

luz do Sol”, também foi identificada por Baxter (1989) e a conceção alternativa “a noite e

o dia resultam do movimento de rotação e de translação da Terra” foram encontradas

nos estudos de Baxter (1989), Sharp (1996) e Vosniadou (1991), sendo também das

mais frequentes no estudo de Trumper (2001).

5.2 Estações do Ano

No que diz respeito ao conteúdo “Estações do Ano”, os dados da Tabela 3, indicam

que antes do ensino, os alunos apresentavam explicações de tipo causal. Contudo, estas

explicações causais não eram consistentes com as ideias aceites, incorporando

conceções alternativas.

Tabela 3: Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a ocorrência das estações do ano, no pré e

pós-teste (f) (N=16)

Tipos de explicação Pré- teste Pós-teste

Causal

Cientificamente aceites 0 0

Possui CA 10 5

Descritiva 0 0

Interpretativa 0 10

Outra 4 1

Não responde 2 0

Antes do ensino, as conceções alternativas identificadas nas explicações dos

alunos no assunto estações do ano foram:

a) As estações do ano devem-se ao movimento de rotação da Terra, como se ilustra nos

seguintes exemplos de resposta:

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• “As estações do ano ocorrem por causa da rotação da Terra” (15Pré).

• “Por causa da rotação da Terra” (8Pré).

b) As estações do ano devem-se à maior ou menor distância da Terra ao Sol. Quanto

mais próximo estiver a Terra do Sol, mais quente estará o planeta Terra e, portanto,

será verão. Por outro lado, quanto mais afastada estiver a Terra do Sol, mais frio

estará o planeta e, portanto, será inverno. Exemplos de resposta que incluem esta

conceção alternativa são:

• “As estações do ano ocorrem, pois, o Sol em certas estações do ano afasta-se da Terra, e noutras,

aproxima-se” (16Pré).

• “As estações do ano ocorrem devido à proximidade a que nos encontramos do Sol” (7Pré).

Figura 2- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (7Pré).

c) As estações do ano devem-se ao movimento de translação da Lua à volta do Sol. Tal

conceção alternativa, parece indicar que o aluno ainda não compreendeu o modelo

heliocêntrico. Um exemplo de resposta na qual se evidencia esta conceção

alternativa é:

• “Por causa dos movimentos da Lua” (10Pré).

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Figura 3- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (10Pré).

d) As estações do ano devem-se ao bloqueio da luz solar pelas nuvens, como se pode

constatar pelo seguinte exemplo de resposta:

• “deve ser as nuvens de Inverno que obscurecem o Sol, o céu” (12Pré).

Após o ensino, constatou-se uma melhoria na qualidade das explicações

apresentadas, embora as explicações mais próximas das explicações científicas sejam de

tipo interpretativo. As explicações inseridas neste tipo de explicação, tem subjacente o

modelo heliocêntrico e mencionam os parâmetros envolvidos na explicação das estações

do ano, sem referir como esses parâmetros (i.e., o movimento de translação da Terra e a

inclinação do seu eixo de rotação, relativamente ao plano da órbita) se relacionam, para

explicar as estações do ano. Exemplos deste tipo de explicações podem ser encontrados

nos seguintes exemplos de resposta:

• “As estações do ano ocorrem devido ao movimento de translação da Terra e à inclinação do seu eixo”

(4Pós).

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Figura 4- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (4Pós).

• “As estações do ano ocorrem devido ao movimento de translação e do movimento do eixo da terra”

(8Pós).

Figura 5- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (8Pós).

É ainda de notar que mesmo após o ensino algumas explicações não são de boa

qualidade do ponto de vista científico, pois continuam a ter subjacente conceções

alternativas, designadamente:

a) As estações do ano devem-se ao movimento de rotação da Terra, como se evidencia

nos seguintes exemplos de respostas:

• “As estações do ano devem-se ao movimento de rotação da Terra” (11Pós).

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• “As estações do ano devem-se ao movimento de translação e ao movimento de rotação” (15Pós).

Figura 6- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (15Pós).

b) As estações do ano ocorrem pela aproximação da Terra ao Sol durante a sua órbita,

como se pode constatar pelo seguinte exemplo de resposta:

• “As estações ocorrem devido ao movimento de translação da Terra e a aproximação ao Sol” (13Pós).

Figura 7- Ilustração auxiliar à explicação para as estações do ano (13Pós).

As conceções alternativas identificadas neste estudo, relativamente ao conteúdo

das estações do ano, foram também identificadas nos estudos de Barrabín (1995),

Baxter (1989), Sharp (1996) e Trumper (2001). Estes autores constataram que grande

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parte dos alunos consideram a variação da distância entre o Sol e a Terra, como a

principal causa para as diferenças de temperatura nas diferentes estações do ano. Esta

foi também uma das conceções alternativas inseridas nas explicações dos alunos que

participaram no presente estudo. Esta conceção alternativa poderá estar relacionada

com o facto de os alunos, por vezes, imaginarem uma órbita elíptica de elevada

excentricidade, o que os leva a pensar que as estações do ano são resultado da distância

orbital (Atwood & Atwood, 1996; Lee, 2010).

5.3 Fases da Lua

No que diz respeito ao conteúdo “Fases da Lua”, a análise das respostas dos

alunos permite constatar que a maioria dos alunos, antes da intervenção pedagógica,

identificou corretamente duas das fases da Lua, nomeadamente as fases de Lua cheia e

Lua nova, apresentando dificuldade na identificação das fases de quarto crescente e

quarto minguante (Tabela 4).

Após a intervenção pedagógica, constata-se que a maioria dos alunos identificou

corretamente todas as fases da lua, enquanto os restantes alunos continuam a confundir

as fases de quarto crescente e de quarto minguante.

Quanto à sequência de aparecimento de cada uma das fases, constata-se que

houve evolução nas respostas dos alunos como resultado da intervenção pedagógica. De

facto, só após o ensino é que a maioria dos alunos foi capaz de apresentar uma

explicação descritiva adequada.

Tabela 4: Distribuição das respostas dos alunos na identificação de imagens e sequência de aparecimento,

das diferentes fases da Lua, no pré e no pós-teste (f) (N=16).

Conteúdo Respostas corretas Pré-teste Pós-teste

Fases da Lua – identificação do

seu aspeto

Todas 4 12

Nomeia 3 fases 1 0

Nomeia 2 fases 7 4

Nomeia 1 fase 2 0

Não nomeia nenhuma

fase

2

0

Fases da Lua – sequência de

aparecimento

Sim 2 12

Não 14 4

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Estes resultados sugerem que os alunos não observam de modo sistemático a

aparência da Lua ao longo dos dias, uma vez que ainda revelam algumas dificuldades na

descrição do seu aspeto, assim como na sequência em que aparecem as fases da Lua no

céu. Deste modo, e de acordo com a estratégia implementada por Hans et al. (2008),

seria importante que nos níveis iniciais de escolaridade, os alunos efetuassem um

registo diário das fases da Lua. A análise destes registos, poderiam facilitar a perceção

dos aspetos da Lua, e a identificação da sequência em que vão aparecendo ao longo do

tempo. Este tipo de registo, considerado como fundamental por alguns autores (Lorite,

1998; Sharp, 1996), permite aos alunos construir ideias de modo a interpretarem e

compreenderem as fases da Lua, pela observação direta do céu.

No que se refere às razões para as fases da Lua para um observador na Terra,

como se pode constatar pelos dados apresentados na Tabela 5, nenhum aluno, nem

antes nem após o ensino, apresentou uma explicação causal cientificamente aceite.

Tabela 5: Tipos de explicações apresentadas pelos alunos para a ocorrência das Fases da Lua, no pré e

pós-teste (f) (N=16).

Tipos de explicação Pré- teste Pós-teste

Causal

Cientificamente aceites 0 0

Possui CA 3 2

Descritiva 2 1

Interpretativa 3 9

Outra 5 4

Não responde 3 0

As explicações causais identificadas incluíam conceções alternativas, sendo estas

semelhantes antes e após o ensino. Estas conceções alternativas são:

a) As fases da Lua devem-se à sombra da Terra na Lua, como se ilustra no seguinte

exemplo de resposta:

• “Quando a lua tem aquelas formas variadas pois a Terra faz sombra contra a Lua” (9Pré).

• “Porque a luz do Sol é tapada pela Lua e dá-se para ver as fases da Lua” (15Pós).

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Figura 8- Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (15Pós).

b) As fases da Lua ocorrem porque a Lua é iluminada pelas estrelas, como se constata

no seguinte exemplo de resposta:

• “por causa da luz das estrelas que ilumina a Lua” (10Pré).

Figura 9- Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (10Pré).

c) As fases da Lua ocorrem quando o Sol passa à frente da Lua, iluminando-a. Um

exemplo de resposta que ilustra esta conceção alternativa é:

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• “…porque o Sol passa pela frente da Lua…” (6Pós).

Figura 10- Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (6Pós).

A conceção alternativa “as fases da Lua devem-se à sombra da Terra na Lua” foi

encontrada em vários estudos realizados (Baxter, 1989; Gangui et al., 2010; Jones et al.,

1987; Schoon, 1992; Subramaniam & Padalkar, 2009; Trumper, 2001). Esta conceção

alternativa, na qual as fases da Lua são interpretadas como o resultado da interposição

da Terra no caminho da luz solar, parece indicar que os alunos confundiram as fases da

Lua com o eclipse lunar. Por este facto, alguns autores (Baxter, 1989; Trumper, 2001)

designam esta ideia por “teoria do eclipse”.

É de notar que após o ensino se registou um incremento das explicações de tipo

interpretativo. As explicações inseridas nesta categoria, tem subjacente o modelo

heliocêntrico, o facto das fases da Lua se relacionarem com a porção da Lua iluminada

pelo Sol, mas sem explicar a razão da variação da posição da Lua em relação à Terra e ao

Sol. Exemplos destas respostas são:

• “Devido ao seu movimento de translação” (12Pós).

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Figura 11- Ilustração auxiliar à explicação para fases da Lua (12Pós).

• “É possível observar a partir da Terra as imagens da Lua apresentadas devido ao movimento de

translação e de rotação da Lua” (16Pós).

Uma análise global das respostas apresentadas, sugere que ocorreu uma evolução

positiva das respostas dos alunos sobre o fenómeno, uma vez que as explicações de tipo

“interpretativo” aumentaram. Nesta tipologia de resposta, quer no pré-teste, quer no

pós-teste, todos os alunos associam o fenómeno ao movimento de translação da Lua em

torno da Terra, como a causa para a formação das fases da Lua, no entanto não o

relacionam com as várias posições que a Lua ocupa em relação ao Sol e em relação à

Terra. Ainda assim, é de salientar que em algumas respostas do pós-teste, a ilustração

que acompanha a explicação (ex.: Figura 11), apresenta as várias posições que a Lua

ocupa em relação à Terra e ilustra as zonas não iluminadas e iluminadas.

É ainda de referir que existem algumas respostas inseridas na categoria “outras”,

quer antes quer após o ensino. Exemplo destas respostas são:

• “É possível através de um satélite que os cientistas mandam para ver se a lua está em forma” (2Pré).

• “É possível a partir da Terra observar as imagens da Lua através do telescópio” (2Pós).

Lightman e Sadler (1993) e Trumper (2001) analisaram o modo como os alunos

explicam as fases da Lua, tendo constatado que, antes do ensino, os alunos

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apresentavam respostas cientificamente aceites para o fenómeno. O mesmo não se

verificou no presente estudo, o qual apresenta mais semelhanças com a investigação

desenvolvida por Trundle, Atwood e Christopher (2007). Neste último estudo, os

autores constataram que nenhum dos alunos apresentou, antes do ensino, uma resposta

cientificamente aceite para as fases da Lua. No que diz respeito às conceções alternativas

identificadas com os alunos da intervenção aqui descrita, elas são semelhantes às

encontradas noutras investigações (ex.: Baxter, 1989, Langhi, 2004, Peña & Quílez, 2001,

Stahly et al., 1999, Trumper, 2001).

5.4 Eclipse da Lua

No que diz respeito à explicação para a ocorrência de um eclipse da Lua, constata-

se, pela Tabela 6, que antes do ensino os alunos raramente apresentaram explicações

para o fenómeno, consistentes com as explicações científicas.

Tabela 6: Tipos de explicação dos alunos para a ocorrência de um eclipse da Lua, no pré e pós-teste (f)

(N=16).

Tipos de explicação Pré- teste Pós-teste

Causal

Cientificamente aceites 0 5

Incompletas 1 4

Possui CA 7 5

Descritiva 0 0

Interpretativa 0 0

Outra 5 0

Não responde 3 2

Apenas se identificou uma explicação incompleta do ponto de vista científico, a

qual considera que o eclipse da Lua ocorre quando:

• “um eclipse lunar ocorre devido à sombra feita da Terra para a Lua” (9Pré).

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Figura 12- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (9Pré).

Por seu turno, embora alguns alunos ainda apresentem, após o ensino, explicações que

não são aceites do ponto de vista científico, por conterem conceções alternativas, a

maioria das explicações causais, após o ensino, faz referência ao alinhamento dos astros

Sol, Terra e Lua, à projeção da sombra da Terra na Lua (representada por esquemas) e

menciona as dimensões relativas destes três astros. Exemplos de resposta que incluem

estes elementos são:

• “Um eclipse lunar é quando a Terra, o Sol e a Lua se encontram todos alinhados e a Lua se

encontra na zona de sombra da Terra e aí diz-se que aconteceu um eclipse total, mas quando a

Lua se encontra na zona de penumbra diz-se que aconteceu um eclipse parcial.” (3Pós).

Figura 13- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (3Pós).

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• “Ocorre um eclipse lunar quando os três astros (Lua, Terra, Sol) estão alinhados e a Terra mete-

se à frente da Lua. Por vezes existe a zona de penumbra” (16Pós).

Figura 14- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Lunar (16Pós).

Note-se que nas respostas acima, os alunos fazem referência ao conceito de

sombra, mas não explicitam qual o seu entendimento sobre o mesmo. Assim, a qualidade

destas explicações causais poderá não ser tão boa quanto o desejado do ponto de vista

científico, pois não se conhece o que os alunos entendem por sombra. Na verdade, é

possível que este conceito esteja associado a conceções alternativas, até porque o

conceito de sombra, segundo o programa do 3.º Ciclo do Ensino Básico para as Ciências

Físicas e Naturais, só é retomado no tema Luz do 8.º ano (MEC, 2013).

É ainda de referir que nem todos os alunos fazem referência ao facto de a Lua se

encontrar na fase de Lua cheia para que ocorra um eclipse lunar, pelo que as explicações

causais se encontram incompletas do ponto de vista científico.

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5.5 Eclipse do Sol

No que se refere ao assunto eclipse solar, a análise das respostas dos alunos

(Tabela 7) parece indicar que, antes do ensino, os alunos não apresentavam explicações

próximas das científicas para a ocorrência de um eclipse solar.

Tabela 7: Tipos de explicação dos alunos para o eclipse solar, no pré e pós-teste (f) (N=16).

Tipos de explicação Pré- teste Pós-teste

Causal

Cientificamente aceites 0 10

Possui CA 6 6

Descritiva 0 0

Interpretativa 0 0

Outra 6 0

Não responde 4 0

Algumas respostas foram inseridas na categoria “outras” e sugerem que os alunos

não estavam familiarizados com o fenómeno. Nestas respostas inseridas na categoria

“outras”, os alunos apenas indicam algumas precauções com a observação direta de um

eclipse do Sol. Alguns exemplos de resposta incluídos na categoria outras são:

• “O Eclipse solar tem a forma oval e é uma linha onde os cometas atravessam” (2Pré).

• “Um eclipse solar é quando o Sol fica muito quente e faz ficar muito brilhante e ninguém pode

olhar” (8Pré).

Outras explicações para o eclipse do Sol, antes do ensino, são de tipo causal, mas

apresentam conceções alternativas. As conceções alternativas identificadas são:

a) Um eclipse solar ocorre sempre que a Lua, independentemente da fase em que se

encontra, oculta o Sol. Exemplos de resposta são:

• “Um eclipse solar é quando a Lua se coloca à frente do Sol e tapa a radiação do Sol” (13Pré).

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Figura 15- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (13Pré).

• “Um Eclipse solar é quando a Lua tapa por completo o Sol” (3Pré).

b) Um eclipse solar ocorre quando o Sol se coloca à frente da Lua, um exemplo de

resposta é:

• “Um Eclipse solar é quando o Sol põe- se sobre a Lua” (11Pré).

• “Um Eclipse Solar é quando o Sol, se coloca à frente da Lua” (4Pré).

Figura 16- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (4Pré).

A comparação entre as respostas obtidas no pré e no pós-teste, permite constatar

que ocorreu uma evolução positiva das respostas dos alunos sobre o eclipse solar, uma

vez que o número de respostas causais, consistentes com o ponto de vista científico,

aumentou. Nestas respostas, todos os alunos referem e representam os três astros

devidamente alinhados, referindo que a Lua se encontra na fase de Lua nova e

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representando no desenho as zonas de sombra e de penumbra da Lua e a razão para

ocorrerem:

• “É o alinhamento entre o Sol, a Lua na fase de Lua Nova e a Terra” (10Pós).

Figura 17- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (10Pós).

“Um eclipse solar é um fenómeno visível a partir da Terra. Consiste no alinhamento perfeito entre o

Sol, Lua Nova e Terra. A Lua oculta o Sol durante determinado período” (13Pós).

Figura 18- Ilustração auxiliar à explicação para o Eclipse Solar (13Pós).

Constata-se ainda, que o número de respostas com conceções alternativas se

manteve, sendo que as explicações causais com conceções alternativas identificadas no

pré-teste continuam a ocorrer no pós-teste.

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O estudo realizado por Trumper (2001) revelou que os alunos apresentam

dificuldades em identificar o movimento da Lua à volta do Sol, admitindo que a Lua

apenas circula a Terra, ou seja, não consideram o seu movimento relativo. Este facto, por

vezes reforçado pelas imagens apresentadas nos manuais escolares, as quais não

representam o movimento da Lua em torno do Sol, poderá ser uma das causas para a

dificuldade dos alunos em explicar os eclipses. O autor constatou que existia também

nos alunos uma confusão entre os fusos horários e os eclipses solares. Esta confusão não

foi identificada neste estudo, apesar de os fusos horários terem feito parte da

intervenção.

Os resultados sugerem que os alunos apresentam algumas dificuldades de

visualização e de posicionamento em diferentes planos de órbita necessários à

compreensão dos fenómenos dos eclipses, solar e lunar. Estas dificuldades podem

dever-se ao facto de nos programas curriculares do ensino básico não estarem

contemplados objetivos conducentes a um entendimento deste nível de complexidade e

de as capacidades dos alunos desta faixa etária serem ainda algo limitadas para este

entendimento (Hubber & Tytler, 2017; Lelliott, 2007).

Para além disso, apesar das metas curriculares do 3.º ciclo de Ciências Físico-

químicas, para o 7.º ano contemplarem como objetivos “associar os termos sombra e

penumbra a zonas total ou parcialmente escurecidas” e “interpretar a ocorrência de

eclipses da Lua (total, parcial, penumbral) e do Sol (total, parcial, anular) a partir de

representações, indicando a razão da não ocorrência de eclipses todos os meses” (MEC,

2013, p.6), a sua abordagem nem sempre é fácil. Esta dificuldade pode ser explicada, em

parte, pela falta de recursos materiais disponíveis nas escolas e pela curta duração dos

tempos de aula, que não facilita o aprofundamento dos conteúdos.

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45

CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES

Neste capítulo apresentam-se as principais conclusões, resultantes da avaliação

da intervenção pedagógica realizada e tendo como referência os objetivos mencionados

no capítulo III. Referem-se ainda algumas limitações desta intervenção e apresentam-se

sugestões para futuras intervenções no tema “Terra no Espaço”.

6.1 Conclusões

O presente estudo foi realizado com o objetivo geral de compreender de que

modo as atividades práticas com recurso a materiais de baixo custo e simulações

computacionais, inseridas numa perspetiva construtivista, contribuem para evolução

das explicações de alunos do 7.º ano de escolaridade no tema Astronomia. Mais

concretamente, procurou-se avaliar a intervenção pedagógica respondendo a duas

questões:

1- Que explicações os alunos possuem para os fenómenos astronómicos, antes e

após a estratégia de ensino?

2- Em que medida a metodologia adotada contribuiu para a evolução das

explicações dos alunos sobre os fenómenos astronómicos?

No que se refere à primeira questão - Que explicações os alunos possuem para os

fenómenos astronómicos, antes e após a estratégia de ensino? – é possível concluir que

antes da intervenção pedagógica, apenas no assunto sucessão dos dias e das noites um

número reduzido de alunos foi capaz de apresentar uma explicação causal aceite do

ponto de vista científico. Na verdade, antes do ensino, a qualidade das explicações dos

alunos para os fenómenos em estudo era baixa. As explicações apresentadas revelavam

a existência de conceções alternativas (em assuntos como as “fases da Lua”, “eclipse da

Lua” e “eclipse do Sol”) ou as explicações inseriam-se nas categorias “outras” e “não

responde”.

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As conceções alternativas identificadas nas explicações dos alunos para cada um

dos fenómenos astronómicos em que foram inquiridos, antes da intervenção pedagógica,

foram as seguintes:

• Sucessão dos dias e das noites: os alunos explicam a sucessão dos dias e das

noites como sendo devido ao movimento de rotação e de translação da Terra;

associam a presença da Lua, à noite, e do Sol, ao dia; a noite corresponde à parte

da Terra que se encontra na sombra;

• Estações do Ano são devidas: à variação da distância entre o Sol e a Terra; ao

movimento de rotação da Terra; ao movimento de traslação e ao movimento de

rotação da Terra;

• Fases da Lua - são explicadas como sendo devidas à sombra da Terra na Lua e

associam-nas à iluminação do Sol sobre a Lua;

• Eclipse da Lua resultam da sombra da Lua na Terra; da Lua se colocar em frente

ao Sol, ocultando-o;

• Eclipse do Sol é o resultado da Lua ocultar a luz do Sol; o Sol se colocar à frente da

Lua.

Para além disso, antes do ensino, poucos são os alunos capazes de descrever a

sequência com que se observam as fases da Lua.

A maioria das conceções alternativas identificadas, também foram detetadas

noutros estudos efetuados sobre os temas (Atwood & Atwood, 1996; Barrabín, 1995;

Baxter, 1989; Gangui et al., 2010; Lee, 2010; Peña & Quílez, 2001; Stahly et al., 1999;

Subramaniam & Padalkar, 2009; Sharp, 1996; Trundle, Atwood & Christopher, 2007;

Trumper, 2001; Vosniadou, 1991), com alunos da mesma faixa etária.

No entanto, constatou-se também que em todos estes estudos, com exceção do

estudo Trundle, Atwood e Christopher (2007), alguns alunos apresentaram respostas

cientificamente aceites sobre os temas de Astronomia em que foram inquiridos. Este

facto sugere que os alunos do presente estudo aparentam ter, antes do ensino, menos

conhecimentos científicos de Astronomia do que os alunos de outros estudos. Sendo a

Astronomia um assunto frequentemente apresentado nos meios de comunicação social,

em particular sempre que ocorrem eclipses, estes resultados podem estar relacionados

com o contexto social em que a maioria dos alunos se inserem.

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Após a intervenção pedagógica, pode-se constatar que as explicações dos alunos

se inserem maioritariamente no tipo “explicações causais”, para os fenómenos “eclipse

da Lua”, “sucessão dos dias e das noites”, “eclipse do Sol”. Contudo, nem sempre estas

explicações são aceites do ponto de vista científico. Isto é, embora tivesse ocorrido uma

melhoria na qualidade das explicações para estes fenómenos, algumas explicações

continuaram a incluir conceções alternativas. As conceções alternativas mais resistentes

à mudança para estes fenómenos foram:

• Sucessão dos dias e das noites: ocorre devido ao movimento de rotação e de

translação da Terra;

• Eclipse do Sol ocorre quando a Lua oculta o Sol ou quando o Sol se coloca à

frente da Lua;

• Eclipse da Lua ocorre quando a Lua se coloca à frente do Sol.

No caso dos fenómenos “estações do ano” e “fases da Lua”, embora se tenha

verificado uma evolução das explicações dos alunos, estas apenas evoluíram para

explicações de tipo interpretativo. As explicações causais apresentadas continuaram a

evidenciar a existência de conceções alternativas, sendo as mais frequentes as seguintes:

• Estações do ano: as estações do ano devem-se à variação da distância entre o

Sol e a Terra, devem-se ao movimento de rotação e de translação da Terra;

• Fases da Lua são devidas à sombra da Terra na Lua ou ao facto de o Sol passar

em frente da Lua, iluminando-a.

No que se refere à questão “Em que medida a metodologia adotada contribuiu

para a evolução das explicações dos alunos sobre os fenómenos astronómicos?”, pode-se

concluir que, globalmente, a metodologia adotada contribuiu para a evolução da

qualidade das explicações dos alunos, mas não foi eficaz na alteração de algumas

explicações que possuíam conceções alternativas. Estas parecem ser resistentes à

mudança.

No que se refere aos recursos usados para a implementação da intervenção

pedagógica, as simulações computacionais usadas permitiam ajustar a velocidade com

que os fenómenos eram simulados, visualizar os vários parâmetros necessários para

explicar um dado fenómeno. Por exemplo, no caso das estações do ano, a simulação

computacional permitia observar o efeito conjunto do movimento de translação da

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Terra à volta do Sol, a inclinação do eixo de rotação da Terra relativamente ao plano da

sua órbita em torno do Sol, a direção dos raios solares e a sua influência na temperatura

à superfície da Terra. As simulações computacionais usadas na visualização dos

fenómenos parecem ter ajudado alguns alunos a evoluir as suas explicações, mas não

facilitaram a construção de explicações causais, consistentes com o ponto de vista

científico. Por exemplo, no caso das explicações para as estações do ano o número de

explicações com conceções alternativas diminuiu para metade, tendo o número de

explicações interpretativas aumentado. De modo semelhante, no assunto “fases da Lua”,

os alunos evoluíram as suas explicações para explicações de tipo interpretativo. Tal

ausência de explicações causais poderá relacionar-se com o facto de estas exigirem que

os alunos possuam capacidades de visualização e de abstração para explicarem os

fenómenos (Barros, 1997; Fraknoi, 1995; Hubber & Tytler, 2017; Lelliott, 2007;

Nussbaum, 1995), as quais poderão ainda estar pouco desenvolvidas nestes alunos.

No que se refere ao uso de materiais de baixo custo, usados para ensinar o eclipse

da Lua e a sucessão dos dias e das noites, estes parecem ter auxiliado alguns alunos na

construção de explicações cientificamente aceites. De um modo geral, pode-se concluir

que os recursos utilizados, inseridos numa perspetiva construtivista contribuíram para a

evolução das explicações de alguns alunos.

6.2 Limitações e sugestões

Este trabalho apresenta algumas limitações a este estudo. A primeira limitação

prende-se com o facto de a escola estar em processo de requalificação, como referido no

ponto 2.1., impedindo que as simulações computacionais fossem usadas pelos alunos no

decorrer das aulas. Além disso, o facto de os tempos de aula serem apenas de 45

minutos, sem que a turma estivesse dividida, dificultou uma abordagem mais

aprofundada dos assuntos, não sendo possível a cada aluno, ou a alunos em grupo,

expressarem as suas ideias sobre os fenómenos e terem tempo suficiente para refletirem

sobre as suas aprendizagens.

Para além disso, sendo a primeira vez que estava a implementar uma estratégia

de cariz construtivista, e embora conhecesse os seus fundamentos, implementá-la nem

sempre foi um processo fácil. Nem sempre é fácil refletir sobre o que foi efetuado no

final de uma aula e alterar a seguinte em conformidade com as limitações encontradas.

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Relativamente às simulações usadas, poderá ser necessário escolher simulações

mais explícitas no que se refere aos parâmetros necessários para explicar os fenómenos,

por exemplo, seria vantajoso apresentar os diferentes planos de órbita dos corpos

celestes envolvidos num eclipse. Para além disso, os programas de simulação poderiam

ser complementados pedindo aos alunos para construírem os seus modelos com

materiais de baixo custo.

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Anexos

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Anexo 1 – Fichas de Trabalho Utilizadas na Intervenção

Ciências Físico-Químicas 7.ºano Ano letivo 2012/2013

Ficha de Trabalho n.º 2: Sucessão dos Dias e das Noites

Nome: _______________________________________________________________ N.º: ______ Turma: ______

Como sabes, ao contrário do que se pensou durante muito tempo, o nosso planeta

não está parado, nem está no centro do Sistema Solar. Atualmente, aceita-se que a Terra,

tal como todos os outros planetas do Sistema Solar, move-se à volta do Sol, isto é, tem

movimento de translação, e em torno de si própria, designado de movimento de rotação.

O movimento de rotação da Terra faz-se em torno de um eixo imaginário, no sentido

direto, sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio.

1. Tendo em conta o modelo Heliocêntrico, como explicas:

1.1. O facto de não ser possível ver o Sol de noite?

1.2. A que se deve a sucessão dos dias e das noites?

2. Para tentares analisar as tuas respostas vais utilizar uma representação do sistema

Terra-Sol.

2.1. Começa por referir:

O que representa o candeeiro - ___________________________________

O que representa o Globo Terrestre - _______________________________

O que representa o arame - _____________________________________

2.2. Agora que sabes o que cada um dos elementos do dispositivo representa, realiza

as seguintes tarefas:

• Posiciona o candeeiro e o Globo Terrestre de modo a que em Portugal seja dia;

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• Modifica o sistema para que em Portugal seja noite;

2.2.1. Tendo em conta a atividade que realizaste, explica a que se devem a sucessão dos

dias e das noites?

3. Tendo em conta o modelo heliocêntrico, como é que explicas o facto de o Sol variar a

sua posição ao longo do dia, para um observador na Terra?

3.1. Usando o modelo anterior do sistema Terra-Sol, para um observador posicionado

em Portugal, faz variar a posição do globo de modo a representar o movimento

da Terra ao longo de um dia e deduz como o observador na Terra veria a posição

do Sol ao longo desse período.

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Ciências Físico-Químicas 7.ºano Ano letivo 2012/2013

Ficha de Trabalho n.º 3: Estações do Ano

Nome: _______________________________________________________________ N.º: ______ Turma: ______

Certamente já reparaste que no local onde vives, no inverno as noites são mais

longas que os dias, e as temperaturas são, em média, baixas. Tal contrasta com o verão,

em que as noites são mais curtas que os dias, e as temperaturas são, em média, mais

elevadas. Repara também que a altura do Sol ao longo do dia é mais alta no verão do que

no inverno e, quando é inverno no hemisfério Norte, não o é no hemisfério Sul.

1. Como explicas, com base no modelo heliocêntrico a ocorrência das estações do ano,

descritas no texto anterior? Faz um desenho.

2. Vais agora visualizar uma simulação que te vai ajudar a explicar a situação descrita

na introdução e perceber porque ocorrem as estações do ano. A aplicação utiliza

diferentes códigos de representação, os quais deves conhecer antes de iniciares a

aplicação. Assim, antes de começar a aplicação, faz a legenda do que se encontra

representado na imagem abaixo.

Imagem 1

Legenda:

A – ___________________________________________________________________

B – ___________________________________________________________________

C – ___________________________________________________________________

D – ___________________________________________________________________

E – ___________________________________________________________________

F – ___________________________________________________________________

A D

C

B F

E

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3. Faz um desenho de como esperarias ver representado na simulação, os raios solares

quando chegam à superfície da Terra.

3.1. Quando a Terra se encontra na posição X:

3.2. Quando a Terra se encontra na posição Y:

4. Compara a imagem que desenhaste na alínea 1, com o que se observa na simulação, e

efetua os ajustes necessários.

4.1. Depois de visualizares o programa de simulação, explica:

4.1.1. Porque será que, em Portugal, a duração da noite não é sempre a mesma?

4.1.2. A que serão devidas as estações do ano.

Posição Y

Posição X

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Ciências Físico-Químicas 7.ºano Ano letivo 2012/2013

Ficha de Trabalho n.º 4: Fases da Lua

Nome: ________________________________________________________________________ N.º: ______ Turma: ______

1. Na figura abaixo está representado o aspeto que a Lua apresentou em Portugal, ao

longo do mês de outubro de 2012.

1.1. Da sequência de imagens apresentada identifica as fases da Lua que conheces,

indicando o dia do mês em que ocorreu.

Dia do mês Fase da Lua

1.2. Quanto tempo leva a Lua a completar um ciclo de fases, em dias?

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1.3. Como explicas, com base no modelo heliocêntrico, que a lua no dia 01 de

setembro se encontre na fase de lua cheia, e no dia 16 de setembro se encontre na

fase de lua nova.

2. Vais agora visualizar uma simulação que te vai ajudar a analisar a tua resposta à

questão anterior. A aplicação utiliza diferentes códigos de representação, que

deves conhecer antes de iniciares a aplicação. Para isso, identifica:

2.1. O que se encontra representado nas imagens abaixo;

A- _________________________________________________________________

B - _________________________________________________________________

C - _________________________________________________________________

D - _________________________________________________________________

E - _________________________________________________________________

F - _________________________________________________________________

G - _________________________________________________________________

2.2. As limitações da representação.

3. Tendo em conta o que observaste na simulação, representa no esquema abaixo a

parte iluminada e não iluminada da lua, para um observador na Terra.

A B

C

D

E

F G

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4. Com base nos teus registos, explica a que se devem as fases da Lua.

5. O Daniel e o João conversavam acerca da Lua.

O Daniel afirmava: “Sabes que na Terra, só conseguimos ver uma das faces da Lua.”

O João dizia: Isso é impossível, pois se a Lua se movimenta em torno de si própria,

conseguimos ver todas as faces da Lua.”

Nota que:

Período de rotação da Lua 27,3 dias

Período de translação da Lua 27,3 dias

Explica por palavras tuas, o que dirias para esclarecer estes dois amigos.

6. Imagina que és um astronauta, e estás em missão numa estação espacial para

observar a Lua ao longo de algum tempo. Como achas que verias o aspeto da Lua

ao longo da tua missão? Justifica.

Terra

B

C

D

E

Luz Solar A

Lua

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Ciências Físico-Químicas 7.ºano Ano letivo 2012/2013

Ficha de Trabalho n.º 5: Eclipses – Eclipse da Lua

Nome: ______________________________________________________________________ N.º: ______ Turma: ______

1. Explica por que pensas que ocorre um eclipse Lunar.

2. Como sabes, a Lua orbita em torno da Terra e esta, orbita em torno do Sol. Por vezes

pode acontecer que a Lua, a Terra e o Sol fiquem alinhados no Espaço, ocorre um

eclipse lunar.

Observa a imagem seguinte:

2.1. Identifica o que está representado na imagem.

2.2. Agora irás realizar a seguinte atividade, na qual terás à tua disposição uma

lanterna e uma bola, e pretendes observar o que acontece, quando projetas a luz da

lanterna na parede, colocando a bola à frente da lanterna, segundo o esquema

apresentado abaixo.

a) Indica o que representa:

- a lanterna;

- a bola;

- a parede;

Parede

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b) Regista o que observaste:

3. Quando ocorre um eclipse da Lua, o que é que a oculta?

4. Explica o que tem que acontecer para ocorrer um eclipse da Lua.

5. Como sabes, o eclipse lunar ocorre sempre durante a fase da Lua cheia. Como o plano

da órbita da Lua à volta da Terra, está inclinado 5,9º em relação ao plano da órbita

que a Terra realiza ao redor do Sol, nem todas as fases de Lua cheia levam à

ocorrência do eclipse.

Tendo em conta a informação do texto anterior, explica por que razão os eclipses são

raros.

6. Volta a analisar a resposta dada em 2 e efetua os ajustes necessários.

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Ciências Físico-Químicas 7.ºano Ano letivo 2012/2013

Ficha de Trabalho n.º 6: Eclipse do Sol

Nome: _______________________________________________________________ N.º: ______ Turma: ______

1. Quando ocorre o eclipse do Sol, o que é que o oculta?

2. Tendo em conta o que aprendeste sobre os eclipses, observa a figura e identifica o

que nela está representado.

2.1. Explica o que tem que acontecer para ocorrer um eclipse do Sol.

2.2. Em que fase se encontra a Lua quando ocorre um eclipse solar?

2.3. Um eclipse do Sol pode ser, ao mesmo tempo, total e parcial. Explica porquê.

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3. Lê com atenção a seguinte notícia, publicada pelo jornal semanário Sol, em Janeiro

de 2011.

Eclipse solar em Portugal dia 4 de Janeiro

“Dos seis eclipses que poderão ser vistos no nosso planeta em 2011, o primeiro

vai ter lugar já na manhã da próxima terça-feira, dia 4 de Janeiro.

A partir das 6h40min de amanhã, a Lua vai tapar parcialmente o Sol, fenómeno que

terminará às 11horas.

No pico deste eclipse solar, o Sol ficará coberto entre os 40% e os 60%.

O eclipse será visível no nosso país, mas será na Escandinávia e da Rússia que poderá ser

observado na sua totalidade. Também na África Central e em grande parte da Ásia será

possível observar o eclipse.

Os portugueses poderão observar o eclipse total da Lua - quando a Terra tapar

completamente a luz do Sol que ilumina o satélite - entre as 19h22min e 23h22min do

dia 15 de Junho.”

Adaptado de: http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=8297

3.1. Explica por que razão o eclipse solar total apenas pode ser visto em algumas

zonas.

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Anexo 2- Questionário

Questionário

Com este questionário pretende-se conhecer o modo como compreendes alguns

fenómenos astronómicos. Agradeço que respondas às questões que se seguem,

individualmente, e o mais completo possível. Procura não deixar nenhuma pergunta sem

resposta. Obrigada.

Nome:

.

1. O João observou o Sol a partir da janela de sua casa, em Braga, nos dias 10 de julho e

no 29 de dezembro, e desenhou o que observou nos diferentes dias.

Como explicas que as observações registadas pelo João sejam diferentes nos dois casos

apresentados?

2. Explica, com o auxílio de um desenho, porque ocorrem os dias e as noites.

Explicação

Desenho

10 de julho 29 de

dezembro

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3. Explica, com o auxílio de um desenho, porque ocorrem as estações do ano.

Explicação

Desenho

4. A figura seguinte apresenta quatro fotos da Lua vista da Terra.

4.1. Indica que nome se dá a cada um dos aspetos da Lua, evidenciados nas fotos.

A -________________________

B -________________________

C -________________________

D -________________________

A B C D

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4.2. A ordem por que são apresentadas as imagens anteriores, corresponde à que

efetivamente se observa no céu noturno?

Sim.

Não. Coloca as imagens pela ordem com que se podem observar.

4.3. Explica, com auxílio de um desenho, por que razão é possível, a partir da Terra,

observar as imagens da lua apresentadas.

Explicação

Desenho

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5. Faz um desenho, de modo a explicar o que é um eclipse lunar?

Explicação

Desenho

6. Faz um desenho, de modo a explicar o que é um eclipse solar?

Explicação

Desenho