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    n.111Jul. Ago. Set.

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    UNIO EUROPEIA

    Fundo Social Europeu

    Uma introduoUma introduo resilincia resilincia

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    demo-la como uma competncia transversal que permite mizar ou superar os efeitos nocivos das adversidades. Asaplicaes destinam-se a enfatizar a existncia de um potede crescimento e de uma abordagem optimista, que tiramtido da resilincia enquanto competncia alimentada com gia positiva. Nesta ptica, a resilincia est a ser cada vezrequisitada nas organizaes.

    Na actualidade so cada vez mais frequentes as situaes impre-vistas e inditas, sem um padro orientador da aco, em que sesucedem exigncias progressivamente maiores. Neste contexto,ou se sabe sobreviver e encontrar equilbrio na relativa instabili-dade, ou se sucumbe aos contratempos e aos reveses da vida.Nem sempre existe consenso relativamente ao conceito deresilincia e sua aplicao no contexto organizacional. Enten-

    Uma introduo

    resilinciaPor:Alina Oliveira Psicloga, Formadora Certicada FranklinCovey, Consultora na CEGOC

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    Imaginem a resilincia posta numcontinuumde uma es-

    cala. Num extremo situam-se as pessoas que podem que-rer ser mais resilientes para sair do negativismo; no outroesto as pessoas que querem ser mais resilientes para re-velarem o seu potencial. No livroResilincia para Principian-tes (ed. Slabo) podem ser encontradas as ferramentas pararesponder a qualquer uma destas necessidades. O livro pro-pe reectir sobre a resilincia enquanto competncia com-portamental que pode ser desenvolvida, no a considerandoum estado de capacidade ou incapacidade permanente.

    O que a resilinciaPor se tratar de um conceito relativamente novo no cam-po da Psicologia, o estudo da resilincia recente.Vem sendo pesquisado h cerca de trinta anos,mas apenas nos ltimos cinco tem sidodiscutido do ponto de vista terico e meto-dolgico em encontros internacionais.Nos Estados Unidos, Canad e em diferentespases da Europa, a palavra resilincia utiliza-da com mais frequncia do que em Portugal,tanto por prossionais das cincias sociaise humanas como em referncias dosmediaa pessoas, lugares e aces.

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    Algumas denies da resilincia Na Fsica, resilincia a propriedpela qual a energia armazenada num co

    deformado devolvida, quando cessa a t

    so causadora duma deformao elstica(Dicionrio de Lngua Portuguesade Ferreira,conhecido comoNovo Aurlio 1999.)

    Em sentido gurado, resilincia : Resistncia ao choque. (Dicionrio deLngua Portuguesade Ferreira, conhecidcomoNovo Aurlio 1999.) Capacidade de defesa e recuperao uma pessoa perante factores ou condiadversos. (Dicionrio da Lngua Portug

    sa da Porto Editora, em www.infopedia.pt)

    Resilincia de carcter a habilidade de voltar ramente para o seu habitual estado de sade ou de espdepois de passar por doenas ou diculdades. (Diciode Lngua Inglesa,Longman Dictionary of Contemporary glish 1995.)

    (Do latim)resilienta, part. pres. neut. pl. deresilre: sal-tar para trs; recusar vivamente. (Dicionrioda Lngua Portuguesada Porto Editora, emwww.infopedia.pt)

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    No entanto, resilincia e invulnerabilidade no so termosequivalentes.Zimmerman e Arunkumar 1994

    Em Psicologia, os termos invencibilidade ou invulne-rabilidade so os precursores do termo resilincia e ain-da bastante referidos na literatura. Segundo Rutter (1985,1993), um dos pioneiros no estudo da resilincia no campoda Psicologia, invulnerabilidade passa uma ideia de resis-tncia absoluta aostress, de uma caracterstica imutvel,como se fssemos intocveis e sem limites para suportaro sofrimento.A verso inicial de resilincia comoinvulnerabilidade ou re-sistncia s adversidadesainda orienta a produo cient-ca de muitos pesquisadores da rea.

    Invulnerabilidadetransmite a ideia de uma caractersticaintrnseca do indivduo.Resilinciarefere-se a uma habilidade de superar adversida-des, o que no signica que o indivduo saia da crise ileso.As pesquisas mais recentes tm indicado que a resilinciaou o grau de resistncia aostress varia de acordo com ascircunstncias (Rutter, 1985).

    A NOSSA DEFINIO DE RESILINCIA

    Todas as pessoas tm capacidade para ultrapassar diculda-des. Todas as pessoas possuemfactores de proteco, isto, condies que as ajudam a lidar positivamente com os problemas e as situaes sem sucumbirem aos seus efeitos. A resilincia como um elsticoque pode ser esticadoquase at ao ponto de ruptura e, uma vez liberto da acoanterior, capaz de retomar a forma original.A resilincia cria e mantm uma atitude positiva, trazendoconana para assumir novas responsabilidades no traba-lho, ultrapassar situaes constrangedoras ou embarao-sas, procurar novas experincias estimulantes do autoco-nhecimento, saber mais sobre si prprio e ousar ligar-se deforma mais forte aos outros. Este mbito da resilincia designadoreaching out(1). Fazendo-o, a vida torna-se maisrica, a rede de relacionamentos interpessoais aprofunda-se

    e alarga-se. Algumas aplicaes da resilincia1. Ultrapassar consequncias negativas decorrentes de acon-tecimentos traumticos ocorridos na infncia ou adolescn-cia lutos violentos, divrcio dos pais, doena (do prprioou de algum prximo), privaes importantes devidas a es-cassez de recursos, maus-tratos (fsicos ou emocionais).2. Vencer as diculdades quotidianas mais comuns:

    discusses com amigos, familiares, ou com o chefe; uma despesa avultada e inesperada.

    3. Encontrar um novo signicado ou nalidade para a vidaestar aberto a novas experincias e desaos e poder alcan-ar novos objectivos.

    Desenvolver a resilinciaAs pessoas resilientes usam os seus recursos internos paralidar com as contrariedades habituais da vida sem se sentiremesmagadas ou negativistas (chegar atrasado a uma reunio,argumentar com os colaboradores, gerir os horrios do lhomanter o controlo sobre um rol interminvel de tarefas).Nas situaes difceis, uma pessoa no resiliente esperaque algum dena regras e transmitao que fazer, como,

    Resilincia a capacidade de responder, de forma sau-dvel e produtiva, a circunstncias de adversidade outrauma, sendo essencial para gerir o stress da vidaquotidiana.

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    Segundo Rutter, os factores de proteco: reduzem os riscos da exposio da pessoa situaoversa; reduzem os comportamentos negativos consequenteexposio da pessoa situao adversa; ajudam a manter a auto-estima e a realizar as tarefas sucesso; geram oportunidades para transformar positivamentefeitos dostress.

    As pessoas resilientes tm relaes afectivas graticansucesso prossional, dedicam-se ahobbiese outras formasagradveis de ocupao dos tempos livres, cuidam besi prprias e acreditam num futuro promissor para as vidas. Considerando critrios como a simplicao e sibilidade, existem actividades que aumentam a protee contribuem para o bem-estar pessoal no domnio frelacional e intelectual; contribuem para um sentimenmaior felicidade e incrementam a sensao de eem equilbrio.

    onde e quando.Em consequncia, a motivao super-cial e os resultados do trabalho tendem a ser uma respostadirecta s solicitaes dos outros.Pelo efeito da vontade prpria, existem obstculos pessoais,com origem no sistema de valores, crenas e experinciaspessoais de vida, que podem ser modicados ou contrariados:

    Paradigmas mentais (formas de pensar).

    Comportamentos adquiridos e tornados rotinas rgidas.A auto-eccia muito importante para superar o excessodestress podemos aprender com os erros, manter o direc-cionamento para objectivos desaantes e persistir.

    Factores de protecoOs factores de proteco podem ser encontrados no meiosocial, garantem o acolhimento e aceitao incondicional eajudam a superar adversidades.Em termos gerais, relativamente consensual considerarquatro factores de proteco fundamentais para o desen-volvimento da resilincia:1. Desenvolver relacionamentos interpessoais onde existaafecto e apoio:

    Ter pessoas em quem podemos conar.2. Participar activamente:

    Estar inserido num grupo e estar rodeado de factoresfavorveis da expresso de si prprio.

    3. Resolver problemas, xar objectivos e aprender continua-mente:

    Ter uma rede de apoio qual recorrer (famlia, instituioeducativa, organizaes sociais, polticas ou religiosas).

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    Os recursos de que mais precisamos esto dentro de ns.

    AUMENTAR A RESILINCIA 1. Desenvolver a conana em si prprio Tirar partido das suas qualidadesDesenvolver uma melhor auto-imagem atravs do reconhe-cimento das suas qualidades e aceitao dos seus limites.No depender da opinio dos outros para agir.

    No fazer juzos de valor precipitadosAo preparar-se para ir falar com algum sobre um assuntoimportante, quantas vezes j lhe ocorreu pensar aquelapessoa no ouve nada do que se lhe diz ou vou falar comaquele teimoso/a ou l vou eu enfrentar aquela pessoaque s sabe arranjar conitos?Por vezes atribumos aos outros caractersticas, ou com-portamentos, que reprovamos com base no ouvir dizer.No estamos a dar uma oportunidade ao relacionamento, experincia surpreendente e enriquecedora que pode serir falar com aquela pessoa e entender-me com ela de umamaneira que ainda ningum conseguiu...

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    Saber dizer noSaber dizer no assertivamente assegurando uma rela-o positiva, alm de constituir um direito individual umaprova de segurana e de respeito por si mesmo, uma dascondies fundamentais para criar o hbito da armaopessoal.Algumas pessoas referem-me que tm diculdade em dizerno. natural! Existe o receio de ofender, de pr em riscoo emprego, de transmitir uma imagem de incapacidade oufalta de prossionalismo. No entanto, cada vez mais se dimportncia ao equilbrio de vida prossional/pessoal e aobem-estar que transmite estar de baterias carregadas e

    sentir-se apto a usar a sua energia positiva naquilo que fazobtendo bons resultados.Treine-se em transmitir de forma clara, concisa e concretaas suas necessidades, expectativas e objectivos:

    Pense que o seu interlocutor tambm os tem. Construa uma forma de salvaguardar os interesses de

    ambas as partes. Desae a sua criatividade na procura de solues no-

    vas para problemas antigos. H que pr de parte o receio de dizer no. Os outros

    no nos respeitam mais por isso!

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    2. Procurar melhorar continuamente

    Estar aberto a novas experincias, aprendizagens e oportu-nidades um primeiro passo para mudar e melhorar!Reforar a sua conana nos outros, aceitando a partilha deideias e opinies, um segundo passo para progredir.Integrar-se em ambientes de entreajuda, onde o conceito deequipa seja efectivamente posto em prtica, uma con-dio importante para evoluir com maior rapidez e produzirresultados de nvel superior.

    3. Ser mais proactivo Ser proactivosignica pensar antes de agir, prever e an-tecipar, assumindo a responsabilidade pelos resultados.A proactividade est ligada ao planeamento e tomada dedeciso. Se quer que algo acontea, tem que agir nessesentido! No adianta car espera que os acontecimentosmudem por si prprios e aparea uma conjuntura mais fa-vorvel!

    Qual ano-alternativa ?Designa-se atitude reactiva e podemos dar um exemploda gesto do tempo:

    Quanto mais tempo gasta em tarefas urgentes, mas nonecessariamente importantes, mais tempo lhe falta para se

    dedicar s tarefas realmente importantes. Como inevel realiz-las quando j se tornaram urgentes, no asliza to completa ou correctamente por falta de tempoturalmente, os erros surgem e necessrio corrigi-losperder mais tempo, necessrio para realizar uma oactividade mais rentvel e graticante, e ostress negativoa aumentar!!!

    Est nas mos de cada um reectir criticamente e optaalterar os seus hbitos, ritmos, forma de comunicao rar assim efeitos diferentes sua volta.

    No mude as circunstncias para melhorar a sua vida. Mua si mesmo para melhorar as circunstncias.

    ...Podemos superar-nos, surpreender-nos e regozijarmo-noscom isso.

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    Ningum jamais alcana um sucesso muito notvel simples-mente a fazer o que se exige dele. o grau de excelncia doque est alm do exigido que determina a grandeza. A diferen-a entre o ordinrio e o extraordinrio o extra!

    Charles Kendall AdamsPresidente da Universidade de WisconsinNOTA

    1 Reaching out: alcanar algo; ir alm dos seus limites; ultrapassar-se.

    Ajudar a organizao a desenvolver a resilincia:

    Resolver os problemas que pode controlar e inuenciar. Inovar os mtodos e processos de trabalho ao seu alcance.

    Promover a iniciativa, a proactividade e a responsabilidade prpria. Aumentar o autoconhecimento sobre os impactes que produz sobreoutras pessoas. Adaptar-se mudana e ajudar as outras pessoas a mudar:

    Desenvolver uma atitude positiva face s mudanas e ajudar asoutras pessoas a consegui-lo tambm.

    Facilitar a mudana e inspirar os compromissos. Valorizar os colaboradores da equipa (formal ou informal), orientar aevoluo das competncias e a melhoria dos desempenhos. Criar e manter um ambiente de trabalho baseado na conana.

    A resilincia organizacionalA resilincia organizacional pode ser denida como a capa-cidade de uma organizao em responder rpida e efectiva-mente a uma mudana no prevista.Em muitos aspectos, a resilincia organizacional pode im-pulsionar a evoluo nas organizaes que mantm estru-turas clssicas e localizadas, para estruturas deslocaliza-das (at virtuais) e centradas nas pessoas, permitindo-lhestrabalhar a qualquer hora em qualquer lugar. Aorganizaovirtualest a surgir como a estratgia preferida por muitasorganizaes globais como forma de ultrapassar as frontei-ras do tempo, da distncia e da interculturalidade.

    A capacidade de responder rpida, decisiva e efectivamentea situaes imprevisveis e nunca experimentadas tornou-seum imperativo para as organizaes.A organizao resiliente adopta comportamentos de exibi-lidade, elevada responsabilidade, proactividade e resistn-cia aostress; assenta numa estrutura baseada no conhe-cimento que permite responder e prosperar num ambientede constantes mudanas, com capacidade de adaptao erapidez de resposta s novas situaes. A organizao re-siliente tem capacidade para recomear quando os resulta-dos no vo ao encontro dos objectivos e metas visadas.

    Que organizaes precisam de ser resilientes?Todas as que denem na sua viso ter sucesso numa pocade desaos, incertezas e constrangimentos econmicos,sociais e tecnolgicos.

    A nossa maior glria no nunca cair, mas levantarmo-nos decada vez que camos.

    Confcio

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    EDIO DO INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAO PROFISSIONALSUPLEMENTO DA REVISTADIRIGIR N. 111 NO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

    P a p e l 1

    0 0 % R e c

    i c l a d o

    C O N C E P

    O G R

    F I C A E P A G I N A

    O : P

    l i n f o I n f o r m a

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    d a

    I M P R E S S O : S o c

    t i p

    I L U S T R A

    E S : J o o

    A m a r a l