Distribuição Regional de Renda no Brasil
description
Transcript of Distribuição Regional de Renda no Brasil
IntroduçãoRenda: recurso componente do
nível de bem-estar de uma sociedade
Assim, é possível adotar-se a renda como critério de avaliação do nível de bem-estar de uma sociedade – daí a importância do tema
IntroduçãoDécada de 1950: estudos sobre
tendências espaciais/regionais de desenvolvimento econômico ganha destaque;
Principais autores: Myrdal (1958), Hirschman (1958), Kaldor (1970), Kuznets (1955), Williamson (1965), Richardson (1980);
Curva de Kuznets Kuznets parte da premissa de que o desenvolvimento
econômico das sociedades ocorreria por meio de etapas similares;
A diferença entre as rendas do campo e dos pólos industriais seria explicada pelo fluxo migratório daquele para esses, e na falta de capacitação inicial dos trabalhadores imigrantes – o que geraria a diferença dos níveis de renda;
No longo prazo, com o aumento da capacitação e estabilização dos fluxos migratórios, a diferença do nível de renda cairia;
Coeficiente de WilliamsonPara Williamson, as causas da
disparidade regional seriam: existência de recursos naturais diversos em cada região, migração do trabalho, movimento de capital e políticas governamentais.
Assim, partindo de premissas similares às de Kuznets, desenvolve um coeficiente para mensurar o nível da desigualdade de renda um país
Coeficiente de Williamsonyi: renda per
capta da região i;
y: renda per capta nacional
n: número total da população;
fi: população da região i
Coeficiente de WilliamsonQuanto Vw for mais próximo de
1, maior será o nível de desigualdade de renda de um país;
Quanto Vw for mais próximo de zero, menor será o nível de desigualdade de renda;
Coeficiente de Williamson para países selecionados, 1980-1998.
Anos EUA Índia México Rússia Chile China Indonésia Brasil
1980 0,29 - - - - - -
1981 0,289 - - - - - -
1982 0,291 - - - - - -
1983 0,286 - - - - - -
1984 0,292 - - - - 0,986 -
1985 0,305 - - - - 0,929 0,478
1986 0,302 - - - - 0,914 0,462
1987 0,306 - - 0,377 0,95 0,912 0,498
1988 0,302 - - - 0,905 0,87 0,509
1989 0,333 - - - 0,882 0,846 0,51
1990 0,159 0,323 - - 0,372 0,882 0,786 0,49
1991 0,147 0,328 - - - 0,976 0,758 0,475
1992 0,139 0,37 - - 0,359 0,972 0,73 0,485
1993 0,13 0,385 0,57 - - 0,96 0,724 0,47
1994 0,122 0,393 0,573 0,447 0,334 0,874 0,725 0,452
1995 0,12 0,414 0,559 0,524 - 0,882 0,714 0,473
1996 0,212 0,419 0,561 0,561 - - 0,715 0,458
1997 0,122 0,414 0,571 0,571 - - 0,715 0,4681998 - - 0,566 - - - 0,721 -
Coeficiente de Williamson e disparidades regionais no Brasil (Chiarini, 2006)
Chiarini aplica a fórmula de Williamson utilizando não o PIB, mas sim os dados de renda do PNAD, excluindo as transferências estatais;
Organizando graficamente os dados, conclui pelo afastamento da curva de Kuznets e pela configuração de um padrão em ‘S’, com o aumento da disparidade entre as rendas regionais
Conclusão precipitada e baseada em divergência de apenas um ano.
Tendência de convergência das rendas per capita estaduais (Afonso e Diniz, 1995)
As rendas per capita dos Estados nacionais tenderia a crescer à mesma taxa
Desvios positivos: Rio Grande do Sul, Amazonas, Sergipe, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Distrito Federal.
Desvios Negativos: Amapá, Pernambuco, Acre e Maranhão.
Diagnóstico para a convergência (Afonso e Diniz, 1995) Desenvolvimento e ampliação da infra-estrutura
básica
Movimento de fronteiras agrícola e mineral
concessão de incentivos econômicos pelos Estados
Crise econômica do Rio de Janeiro
Reversão da polarização da área metropolitana do estado de São Paulo
Movimentos migratórios
Tendências para a distribuição de renda entre os Estados (Afonso e Diniz, 1995)
São Paulo e Rio de Janeiro: redução da participação do PIB, mas com manutenção da tendência de convergência;
Maranhão, Piauí, Ceará: crescimento acima da média nacional, devido à expansão agrícola, industrial e mineral (Carajás)
Tendências para a distribuição de renda entre os Estados (Afonso e Diniz, 1995)
Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe: inconclusivo
Pernambuco: possível recuperação da tendência de convergência decorrente de emigração;
Região norte: tendência de crescimento econômico (industrial, mineração e agrícola)
Tendências para a distribuição de renda entre os Estados (Afonso e Diniz, 1995)
Espírito Santo, Minas Gerais e Região Centro-Oeste: tendência de crescimento econômico acima da média nacional;
Região Sul: tendência divergente, com crescimento acima da média nacional;
Distrito Federal: crescimento acima da média, em decorrência de sua elevada renda per capita
Distribuição de Renda no Brasil
Os oito estados mais industrializados do país (SP, MG, RS, PR, RJ, SC, BA e AM) concentravam 88,7% da indústria de transformação nacional em 1995. Essas participações reduziram-se para 87,2% em 2007.
O estado que mais perdeu participação na indústria foi São Paulo (- 4,3 pp) seguido pelo RS (-1,6 pp). Grande parte dessa participação perdida distribuiu-se entre os outros seis estados líderes da indústria nacional em 2007, além de Goiás, Espírito Santo e Pará.
Distribuição da renda no Brasil Região Norte: todos os Estados cresceram acima da
média nacional (39,8%)
O Nordeste cresceu 44% no período, sendo que somente CE, PE e AL cresceram abaixo da média brasileira
Sudeste: crescimento de 33%, sendo que SP e RJ cresceram abaixo da média nacional.
Região Sul cresceu 39,9% no período, quase igualando a média brasileira (39,8%).
O Centro-Oeste (63,5%) ficou atrás apenas da Região Norte (73,6%).
Distribuição de renda no Brasil por faixa de rendaA desigualdade de renda no
Brasil concentra-se na cauda superior da distribuição, ou seja, nos níveis mais altos de renda.
Se a renda dos 10% mais ricos não fosse levada em consideração, Brasil e Estados Unidos teriam níveis desigualdade similares.
Distribuição da renda em 1990 (IPEA, 1997)Classificação de regiões conforme obra de
Carlos Langoni (1973)
Região Norte: Roraima, Acre, Amapá, Rondônia, Amazonas e Pará
Meio-Norte: Maranhão, Piauí Nordeste Central: Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba, Alagoas; Leste: Sergipe, Bahia; Sudeste: Minas, Espírito Santo Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul Centro Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Tocantins, Distrito Federal. Paraná Rio de Janeiro São Paulo
Proporção da Renda Apropriada por cada décimo da população economicamente ativa (IPEA, 1997)
Décimos NorteMeio-Norte
Nordeste-Central Leste Sudeste RJ SP PR Sul
Centro-Oeste
Primeiro 1,03 0,77 0,78 0,75 0,93 1,21 1,2 1,13 1,26 0,9
Segundo 1,79 1,56 1,79 1,61 1,99 1,86 2,16 1,98 1,87 1,59
Terceiro 2,39 2,31 2,75 2,36 2,17 2,38 3,09 2,62 2,69 2,09
Quarto 3,27 3,13 3,04 2,51 2,85 3.25 3.95 3,48 3,6 2,93
Quinto 4,36 3,77 3,78 3,22 3,87 4,2 4,999 4,48 4,59 3,94
Sexto 5,69 5,14 4,98 4,4 5,08 5,55 6,44 5,98 5,86 5,27
Sétimo 7,53 7,19 6,64 6,17 6,97 7,25 8,12 7,83 7,76 7,21
Oitavo 10,22 10,14 9,48 8,99 9,86 10,18 10,88 10,71 10,53 10,1
Nono 15,42 16,05 15,6 15,2 15,93 15,98 16,35 16,15 16,49 16,61
Décimo 48,29 49,95 51,17 54,8 50,36 48,14 42,83 45,63 45,34 49,36
Distribuição da renda em 1990 Desigualdade da distribuição tendo a ser maior nos Estados
mais pobres (exceção: região Centro-Oeste)
São Paulo e a região Sul apresentam mais riqueza e menor desigualdade.
Áreas do Nordeste e da Região Sudeste são as mais desiguais
As demais áreas ocupam posições intermediárias
Em todas é possível observar a baixa disparidade entre os primeiros décimos e a grande disparidade entre estes e os últimos décimos
Nos Estados mais pobres aumentou-se a distância entre a classe média e os décimos mais ricos
Componente demográfico da distribuição de renda (Menezes, Silveira e Azzoni, 2006)A composição etária dos estados
concorreria para a diferença da distribuição de renda.
Em estados mais pobres, os jovens têm menor participação na renda, enquanto, em contrapartida, os idosos têm maior participação – decorrência da menor capacitação do trabalhador
Componente demográfico da distribuição de renda (Menezes, Silveira e Azzoni, 2006)
Por outro lado, a diferença entre a aposentadoria e os salários dos trabalhadores empregados é pequena – o que ocorre também devido à baixa capacitação do trabalhador.
Assim, em estados pobres, os níveis mais jovens da população têm renda inferior aos níveis mais idosos
Componente demográfico da distribuição de renda (Menezes, Silveira e Azzoni, 2006)
O oposto ocorre nos Estados mais ricos: jovens capacitados para o trabalho têm remuneração superior às aposentadorias.
Assim, as camadas mais jovens têm renda superior às mais idosas
Bibliografia Barros, Ricardo Paes de, Mendonça, Rosane Silva Pinto, Duarte, Renata Pacheco Nogueira. Bem-Estar,
Pobreza e Desigualdade de Renda: Uma Avaliação da Evolução Histórica e das Disparidades Regionais, IPEA, Texto Para Discussão 454 (http://www.ipea.gov.br/082/08201008.jsp?ttCD_CHAVE=1028)
CHIARINI, Túlio. Coeficiente de Williamson e as Disparidades Regionais de Rendimento e Educação no Brasil, Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 37, nº 4, out-dez. 2006 (http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/eventos/forumbnb2006/docs/coeficiente.pdf)
IBGE (2009). IBGE divulga as contas regionais 2007.
IBGE (2009). Contas Regionais do Brasil 2003-2007.
FERREIRA, Afonso Henriques Borges e DINIZ, Clélio Campolina, Convergência entre as rendas per capita estaduais no Brasil, Revista de Economia Política, v. 15, nº 4 (60), out-dez 1995 (http://www.nemesis.org.br/artigos/a0024.pdf)
LANGONI, Carlos Geraldo, Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico do Brasil, ed. Expressão Cultura, Rio de Janeiro: 1973
MENEZES, Tatiane Almeida de, SILVEIRA NETO, Raul da Mota, AZZONI, Carlos Robero, Demografia, Ciclo de Vida E Dinâmica da Desigualdade Regional de Renda No Brasil, XXXIV Encontro Nacional de Economia, 2006 (http://www.anpec.org.br/encontro2006/artigos/A06A028.pdf)
Magalhães, José Carlos, MIRANDA, Rogério Bueri, Evolução da Desigualdade Econômica e Social no Território Brasileiro, in Ensaios de Economia Regional e Urbana. Org. Alexandre Xavier Ywata Carvalho, IPEA, 2007, p. 135/176.