distúrbios metabólicos

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1 - INTRODUO Nos ltimos anos, o confinamento de bovinos transformou-se em uma prtica importante, pois os produtores buscam os benefcios dos melhores preos na entressafra e/ou o giro mais rpido do investimento financeiro (MARQUES et al, 2000) Apesar da procura por melhores preos na entressafra, as tendncias do mercado indicam equilbrio entre os preos praticados ao longo de todo ano, impondo aos pecuaristas a necessidade de reduo cada vez maior nos seus custos. Desse modo, o confinamento tende a deixar de ser uma prtica especulativa e passa a ser um componente do sistema produtivo de uma empresa pecuria moderna. Segundo o CENTRO NACIONAL DE PESQUISA GADO DE CORTE da Embrapa, muito importante que os animais sejam adaptados gradativamente dieta do confinamento, especialmente aqueles mantidos anteriormente exclusivamente em pastagens. A no adaptao dieta tem sido responsvel por distrbios como acidose e timpanismo nos confinamentos. Os alimentos novos da dieta devem ser includos rao em propores crescentes at atingirem a proporo final da rao balanceada a ser usada. Dependendo da dieta, so necessrios de quinze a trinta dias para que o animal se adapte dieta e o consumo dos alimentos se estabilize. No desejvel que durante a engorda em confinamento seja alterada a composio da rao. Em caso de necessidade de mudana de alguns dos componentes da rao, esta dever ser feita tambm de forma gradual, de maneira a permitir que a populao microbiana do rmen se adapte a nova dieta. Segundo BANCO DE NOTCIAS DA EMBRAPA CNPGC, alm da acidose e timpanismo, no confinamento de bovinos podem ocorrer outras doenas que reduzem a capacidade de ganho de peso do animal. Pedro Paulo Pires, em experimentos com controle da alimentao, observou reduo da maioria das doenas, como botulismo, enterotoxemia e intoxicao por uria. Entre as alternativas para aumentar a digestiblidade dos alimentos e para reduzir os distrbios metablicos do confinamento esto os ionforos, que so aditivos que influenciam o crescimento e o metabolismo da microflora do rmen, alm de agir na digestiblidade e na utilizao dos nutrientes. O prolongamento do tempo de permanncia do alimento no rmen, otimizando a digestiblidade da fibra e do amido, so alguns dos efeitos positivos para melhorar o rendimento do animal durante o tratamento. (BORGES, 2003) 2 METABOLISMO NORMAL NO ESTOMAGO DOS RUMINANTES: 2.1 COMPOSIO QUMICA DOS ALIMENTOS: O sucesso ecolgico dos ruminantes deve-se aos benefcios da fermentao nos pr-estmagos, o que permite o uso de dietas muito fibrosas, conferindo a capacidade de desdobrar celulose e liberando assim o contedo intracelular. Permite ainda que a prpria celulose, a forma mais abundante de carboidrato nas plantas, torne-se o maior nutriente. (DUKES 1993).

Os principais componentes dos tipos mais comuns de alimentos dos ruminantes so mostrados na tabela 1:

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% Carboidratos - no estrutural Amido outros - estrutural Celulose hemicelulose pectina Outros -Protena crua -Lipdios - lignina

Ligao e

Palha 7 32 31 3 4 2 10

Capins 1 13 24 20 2 14 4 7

Gros 64 2 8 4 12 4 2

Leguminosas 7 8 14 7 6 24 6 5

Adaptado de CZERKAWSK, 1986. An Introducion to rumen studies, Pergammon Press, Oxford.

Os amidos so cadeias de polissacardeos de unidades de glicose distribudas linearmente com ligaes -1,4, sem cadeias laterais (na amilose) ou com laterais (amilopectina), sendo os pontos de ramificao providos pelas ligaes -1,6. A parede celular das plantas feita de fibras embebidas na matriz de hemicelulose. A celulose um polissacardeo composto principalmente de unidades de glicose -1,6. As hemiceluloses, com unidades de xilose e ligao -1,4, e a pectina uma galacturona -1,4. As ligaes -1 so difceis de hidrolisar, e as enzimas necessrias so encontradas apenas nos microrganismos e plantas. por esta razo, que os herbvoros se beneficiam de uma relao fermentativa simbitica com microrganismos adequados. Quando as paredes vegetais envelhecem, a hemicelulose substituda pela lignina, a qual, at mesmo no ruminante, raramente degradada. 2.2 FERMENTAO RUMINAL: ADAPTAO DOS RUMINANTES A DIETAS FIBROSAS Os microrganismos (bactrias fungos protozorios), dada a cobertura impenetrvel da maioria das superfcies das plantas, podem fermentar apenas depois, no interior das plantas atravs dos poros das folhas e talos cotados. A maioria so anaerbios estritos, dessa forma, as principais vias de fermentao so a hidrlise e oxidao anaerbia. Diferentes microrganismos, tem diferentes pH ideais. Os protozorios e bactrias celulolticas primrias e secundrias requerem um pH 6,2 ou mais alto, enquanto que as bactrias amilolticas so ativas em condies mais cidas, ao redor de pH 5,8. A um pH de valores mais baixos, o lactobacilo produtos de cido lctico, normalmente insignificante, torna-se o tipo dominante, o que torna as condies ruminais, certamente, mais cidas e desfavorveis ra a populao mista normal. Quando h sbta mudana na concentrao da dieta necessita-se de cerca de duas semanas para que uma nova populao de microrganismos, em nmero e espcie, se estabelea. Por est razo, as mudanas na dieta precisam ser feitas gradualmente. (DUKES, 1993) 2.2.1 FERMENTAO DA CELULOSE: Bactrias celulolticas trabalham lentamente na fermentao da celulose. Seu tempo de duplicao pode chegar a 18 horas, o pH timo de 6,2 a 6,8, o que se assemelha a um pH tpico de animais alimentados com fibras. Os produtos finais dessa fermentao so CO2 e AGV. O CO2, mais suprimento d hidrognio, e convertido em metano pelas bactrias metanognicas. E os AGV formados esto na proporo 70:15:10 acetato, propionato e butirato respectivamente. 2.2.2 FERMENTAO DO AMIDO:

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Ocorre na presena de bactrias amilolticas, que ao contrrio das bactrias celulolticas, possuem rpidas taxas de fermentao e tempo de duplicao de quinze minutos a quatro horas. O pH timo est em torno de 5,5 a 6,0 e se assemelha ao pH ruminal de animais com dieta rica em concentrados. A proporo de AGV produzido de 55:25:15 acetato, propionato, butirato respectivamente, e tambm produzido CO2, posteriormente transformado em CH4 e cido ltico , por sua vez transformado em propionato por bactrias secundrias. Quando so feitas mudanas bruscas de alimentos fibrosos para concentrados, as bactrias amilolticas aumentam rapidamente, e a taxa de fermentao promove um rpido acmulo de cido ltico, abaixando o pH. Esse pH muito baixo para as bactrias secundrias, portanto, o cido ltico aumenta continuamente, acidificando ainda mais o ambiente. O nmero de protozorios aumente quando os concentrados so administrados, provavelmente por causa da maior disponibilidade de grnulos de amido e das bactrias que se alimentam desses grnulos. Os protozorios por isso, controlam a amillise bacteriana at que o pH caia a 5,5, ponto no qual os protozorios so rapidamente inativados e, posteriormente, morrem. DIETA

FIBROSO

CONCENTRADO

CELULOSE

AMIDO

Bact. Amilolticas pH< 5,5

Bact. Celulolticas pH > 6,2

CO2

8HBact. Metanognicas

AC LTICO 8H CO2 CH4 AGVPropionobactrias pH >6,2

AGV

CH4

PROPIONATO

2.3 FERMENTAO DA PROTENA DA DIETA: A protelise bacteriana comea com atividade extracelular da protease para produzir peptdeos, os quais so fagocitados e submetidos a hidrlise dentro da clula bacteriana. Os Aminocidos finais podem ser capturados por outros microrganismos, ou desaminados para produzir amnia. Porm, a amnia no se origina apenas por desaminao, mas tambm da converso de compostos nitrogenados no proticos (NNP). A atividade uresica, que alta na parede ruminal, degrada rapidamente uria em amnia. Este um importante substrato para sntese de protena microbiana, entretanto, a superalimentao com protena um costume esbanjador que provoca superproduo de amnia, alm disso, consome energia para converter a amnia em uria (no fgado) e tambm cria risco de intoxicao por amnia.

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3 DIETA DOS ANIMAIS CONFINADOS: O manejo estabulado pode provocar distrbios de sade, algumas vezes patognicos ou apenas de inadaptao ao meio. O animal estabulado acaba ingerindo alimentos que, antes, no encontravam. A partir da surgem as complicaes metablicas.(SANTOS, 2001) Segundo EMBRAPA-CNPGC, a escolha dos alimentos para composio da dieta dos animais em confinamento deve ser feita, em primeiro lugar, pela qualidade geral dos mesmos, ou seja, nunca devem ser utilizados alimentos mofados, rancificados ou com qualquer outro indcio de deteriorao, sob pena de comprometimento do lote de animais em conseqncia de distrbios metablicos e intoxicao. Alguns alimentos, por uma outra razo, tem um limite para utilizao. Por exemplo, o resduo de prlimpeza do gro de soja, que chega a ter 16% de PB na MS, no deve ser includo nas raes em proporo superior a 25% NA MS, pois acima disso causar diarria e timpanismo. O mnimo permissvel so duas refeies dirias, espaadas convenientemente, sendo o horrio de fornecimento, um fator de importncia no manejo da alimentao, e no deve ser alterado durante todo o perodo do confinamento, para evitar distrbios digestivos e estresse dos animais (EMBRAPA CNPGC). Segundo BULLE et al (2002), o nvel de energia da dieta consumida pelo animal, pode alterar a proporo do tecidos magros ou tecidos gordurosos depositados. Dietas de alto concentrado, onde o nvel de energia consumido alto, levam a um aumento na taxa de ganho e na concentrao de gordura dos tecidos depositados. Essa partio de energia para deposio de lipdios e protena varia em funo do potencial de deposio de cada animal. A reduo da proporo de volumoso est geralmente ligada a um aumento no teor de energia da dieta e, conseqentemente, na taxa de ganho e proporo de gordura no ganho. A manipulao do teor de volumoso deve ser feita de forma a atender as exigncias de fibra efetiva para ruminantes. Com o objetivo de no permitir que os animais percam peso no inverno, os produtores utilizam o confinamento, sem observar alguns detalhes que evitariam o aparecimento de distrbios metablicos, como o fracionamento da dieta, fornecimento de alimentos de qualidade e a utilizao de programas de formulao capazes de encontrar o teor de energia timo para maximizar o lucro, e que levam em considerao as restries para manter os nveis de fibra efetiva na dieta. 3.1 DIETAS ENRIQUECIDAS EM CONCENTRADO ENERGTICO: Embora paradoxalmente, a energia potencial de uma unidade de quantidade de concentrado (5 mol de AGV por Kg de MS digerida), seja menor do que aquela do material fibroso (7,5 mol de AGV por Kg de MS digerida), os concentrados compensam em virtude de sua maior digestibilidade (75 a 90%) quando comparados com o material fibroso (45 a 70%). As vias amilolticas produzem quantidades substancias de cido ltico. Se as condies ruminais permanecem com pH abaixo de 6,2, inativam as propionobactrias, resultando no acmulo de acido ltico, que mais forte que os AGVs. Os gros e outros concentrados requerem menos mastigao durante a ingesto do que as dietas com fibras, e seus tamanhos de partculas tambm so pequenos para evocar muita ruminao. Com isso, h um reduzido reflexo excitatrio dirigindo-se dos mecanorreceptores para os centros gstricos e salivares. A salivao reduzida est assim ocorrendo num tempo maior do que a acidez ruminal normal quando a necessidade para lcalis salivares est elevada. A motilidade seguinte reduzida para os prestmagos resulta em menos mistura e menos absoro, de forma que o potencial para trocas AGV:bicarbonato atravs do epitlio dos pr-estmagos diminudo quando quantidades aumentadas de bicarbonato dentro do rmen-retculo seriam vantajosas para combater o aumento da acidez. Finalmente, a motilidade ruminorreticular cessa (xtase ruminal). Em alguns casos, isso suficiente para retardar a fermentao, e o animal retorna ao normal. Em outros casos, a alta osmolaridade intra-

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ruminal surgindo da fermentao de grandes molculas, causa grande movimento de gua para dentro dos pr-estmagos, levando a diarria. A grande acidez d lugar a acidose metablica sistmica. 3.2 DIETAS ENRIQUECIDAS COM PROTENA OU NITROGENADOS NO PROTEICOS O excesso de protena, de forma nenhuma pode ser adequado, pois para fermentao das protenas da dieta h uma reciclagem contnua da protena de microrganismos mortos, especialmente no sobrenadante fibroso. Essencialmente, nenhum dos aminocidos produzidos nos pr-estmagos se torna imediatamente disponvel para o ruminante. Em vez disso, do material que flui para dos prestmagos para o abomaso e intestino delgado, o ruminante adquire protenas no fermentveis da dieta e microrganismos, protenas cujo valor biolgico maior do que das protenas vegetais da dieta. Alm disso, da desaminao das protenas da dieta, NNP e uria, surge a amnia. Se estiverem presentes quantidades adequadas de AGV, o NH3 incorporado a protena bacteriana. De outra forma, ele ser absorvido, particularmente se o pH ruminal alcalino. O NH 3 deve ser removido do sangue porta e convertido em uria, caso contrrio, ocorrer intoxicao por amnia.

4 DISTRBIOS METABLICOS DO CONFINAMENTO: 4.1 ACIDOSE METABLICA: Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, est a acidose, caracterizada pelo aumento do cido ltico no rmen, geralmente em conseqncia do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentveis. (EMBRAPA CNPGC) Classicamente, a acidose ruminal pronunciada, vista quando op bovino subitamente mudado de dieta. Menos pronunciada, mas talvez cumulativamente mais importante, a acidose ruminal subclnica, que ocorre de uma a trs horas aps uma refeio de concentrado. A silagem de boa qualidade tem um pH em torno de 4,0 e alto contedo de cido ltico. As dietas baseadas em silagem, particularmente quando suplementadas com concentrados, predispe os animais a acidose ruminal, especialmente se a textura fibrosa das ingestas requerem pouca mastigao, exitando reflexamente saliva adicional insuficiente. Alm da acidose sistmica, a acidose ruminal pode desorganizar a integridade do revestimento dos prestmagos, resultando em ulceraes mltiplas no epitlio (rumenite) e entrada de bactrias anaerbicas, em grande escala no sistema porta venoso. Na melhor das hipteses, essas bactrias causam mltiplos abscessos no fgado, agridem o sistema imunolgico do animal, causando toxemia fatal. Inicialmente o animal com acidose perde o apetite, mas com a evoluo, pode ocorrer a morte do bovino. A gravidade da doena varia em funo da quantidade e da natureza do alimento ingerido pelo animal e, tambm, o grau de adaptao da flora. Os sintomas se manifestam de 12 a 24 horas aps a ingesto do alimento. Inicialmente o animal para de se alimentar e apresenta sintomas de clica (Inquietao, chutes no ventre, mugidos), passando para um quadro de inapetncia e depresso, acompanhado de parada da ruminao e aumento da freqncia respiratria, diarria e timpanismo podem ocorrer. Nos casos mais severos, os animais apresentam apatia, prostrao, cegueira e incoordenao, que podem culminar na morte do animal aps um a trs dias, ou em sua recuperao, com lenta retomada da alimentao, quase sempre acompanhada de laminite. (GRUPO DE ESTUDOS EM NUTRIO DE RUMINANTES, 2004) As principais medidas a serem tomadas, se referem a evacuao da ingesta e correo da desidratao e da acidose. Podem ser usados laxativos alcalinos (bicarbonato ou carbonato de magnsio) que so

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eficientes nos casos mais leves, sendo muitas vezes necessrio o uso de sonda para esvaziamento do contedo ruminal. Antibiticos, administrados oralmente, so capazes de controlar o crescimento de bactrias produtoras de cido ltico. Muitas vezes, o abate do animal se torna a opo mais econmica. As medidas mais eficazes so aquelas de ao preventiva, como adio de produtos tamponantes na rao, como o bicarbonato de sdio na proporo de 1 a 2%. O uso de ionforos, tambm indicado para diminuir a incidncia de acidose, controlando a ao de Streptococcus bovis e bactrias produtoras de metano. 4.2 TIMPANISMO: O timpanismo a distenso do rmen retculo pelo acmulo de gases. Pode surgir a partir de diversos distrbios como disfuno esofgica, que dificulta a eructao, e disfuno ruminorreticular, causada pela inibio reflexa da abertura da crdia e da motilidade ruminorreticular. O acmulo de material indigervel (rmen impactado) e acidose ruminal tambm provocam timpanismo do gs livre, em que o gs est na forma de camada, e o timpanismo espumoso, em que o gs est sob forma de bolhas em um lquido com espuma. Alimentos finamente modos podem causar timpanismo, j o constante uso de leguminosas pode levar a formao de espuma. O fornecimento de leo pode amenizar a distenso do rmen, entretanto no timpanismo, associado a ingesto dos gros, o leo pode contribuir para o agravamento do quadro clnico (EMBRAPA CNPGC) Segundo BRANDINI (1996), a excessiva presso intra-ruminal leva a uma distenso do flanco esquerdo e causa uma situao de desconforto para o animal, o que faz com que o mesmo pare de se alimentar e apresente sintomas de dor abdominal, escoiceando o ventre e emitindo grunidos. A freqncia respiratria aumenta e acompanhada de respirao oral, protuso da lngua, salivao, extenso do pescoo e distenso dos membros. A distenso acentuada do rmen leva a atonia e o quadro evolui para queda do animal com a cabea distendida, boca aberta, lngua protusa e olhos dilatados. A morte ocorre algumas horas do incio dos sintomas. Em casos graves de timpanismo, chega a ser necessria a interveno mecnica, para expulso dos gases do rmen. 4.3 INTOXICAO POR AMNIA: A toxidade da amnia surge quando quantidades excessivas de uria so administradas, particularmente no momento de baixa fermentao amiloltica. Com fermentao celuloltica, a taxa de produo de AGV muito menor, de modo que h menos substratos para sntese de protena; a taxa de crescimento microbiano muito menor de forma que a taxa de sntese de protena microbiana tambm reduz, e os maiores valores de pH intra-ruminal favorecem a absoro ruminal da amnia. Os sintomas se iniciam 20 a 30 minutos aps a ingesto de uria por exemplo, podendo em alguns animais, este perodo se prolongar em at uma hora. Apatia, tremores musculares e da pele, salivao excessiva, mico e defecao freqentes, respirao acelerada, incoordenao, dores abdominais, enrijecimento dos membros anteriores, prostrao, tetania, convulses, colapso circulatrio, asfixia e morte. O tratamento deve ser feito rapidamente atravs do uso de cidos fracos, como o cido actico, a cada 6 a 8 horas, que alm de abaixar o pH, diminuindo a hidrlise da uria, formam compostos com a amnia, reduzindo assim sua absoro. O tratamento deve ser feito rapidamente atravs do uso de cidos fracos, como o cido actico, a cada 6 a 8 horas, que alm de abaixar o pH, diminuindo a hidrlise da uria, formam compostos com a amnia, reduzindo assim sua absoro. 4.4 - ENTEROTOXEMIA

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uma infeco aguda, no contagiosa, causada pelas toxinas do Clostridium perfringens, a qual se caracteriza por distrbios gastrointestinais, sintomas nervosos e morte sbita, que afeta principalmente animais jovens. Est comumente associada a animais alimentados com altos teores de concentrado e pouca quantidade de fibras. Pode afetar animais de qualquer raa ou sexo e, embora ocorra em animais adultos, os animais jovens so os mais comumente afetados. crena comum, em alguns Estados americanos, que muitos casos de mortes sbitas de animais confinados sejam atribudos enterotoxemia. Isto se deve recuperao de alguns animais aps tratamento com antitoxina especfica e reduo da mortalidade aps a vacinao dos outros animais do lote. O C. perfringens tipo D um habitante normal do solo e do intestino de animais sadios. A sua proliferao no intestino limitada, com produo de pequenas quantidades de toxina, que no chegam a afetar o bem-estar do animal. Ainda no esto totalmente esclarecidas as condies que favorecem a criao de um microambiente favorvel multiplicao exagerada do microorganismo. Geralmente, os relatos da doena esto associados com dietas contendo altos teores de concentrados, superalimentao ou mudanas bruscas na alimentao. Pesquisadores acreditam que regimes alimentares baseados em altos teores de concentrados, principalmente aqueles com altos teores energticos (milho, trigo, cevada), sirvam de substrato, atravs dos grnulos de amido no digeridos no abomaso, proliferao da bactria no intestino, com produo de grandes quantidades de toxinas. A rpida proliferao da bactria afeta a permeabilidade intestinal, permitindo uma rpida absoro da toxina que, atravs de sua ao necrosante, causa um severo dano ao endotlio vascular, produzindo pequenas hemorragias e levando a um acmulo de lquidos nas cavidades serosas e a um edema severo no crebro, corao e pulmo. Os sintomas so geralmente de ordem nervosa e variam em sua forma de apresentao de animal para animal. Nos casos superagudos, os animais so encontrados mortos sem nenhuma evidncia prvia da enfermidade. Nos casos agudos, mais comuns, os animais apresentam incoordenao e prostrao, assim como manifestaes sbitas de mugidos, manias e convulses generalizadas, que persistem at que a morte ocorra, algumas horas mais tarde. Nos casos subagudos, os animais manifestam apatia e desinteresse em se alimentar ou beber gua. Alguns podem aparentar cegueira, embora os reflexos oculares estejam presentes. Clicas e diarrias podem ser manifestaes comuns nestes casos. A incidncia pode ser espordica, mas em alguns rebanhos, dentro de um curto perodo, a taxa de morbidade alcana 5 a 10%, enquanto a taxa de mortalidade pode estar prxima de 100%. Tratamento Geralmente no realizado em funo do rpido curso da doena. A antitoxina, quando disponvel, pode ter algum sucesso quando administrada nos perodos iniciais ou nos casos crnicos da enfermidade, combinada com a aplicao de antibiticos. A preveno se faz atravs da vacinao de todos os animais no perodo que antecede o incio do confinamento. A vacina, dita polivalente, contm diversas cepas de clostrdeos, aplicada em duas doses, com intervalo de um ms entre elas, sendo a primeira dose feita um ms antes da data prevista para o incio do confinamento, e a segunda dose na entrada do confinamento. Um bom perodo de adaptao ao concentrado e a manuteno de uma boa relao volumoso/concentrado, podero ser medidas complementares teis para prevenir surtos da doena.

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4.5 - BOTULISMO O botulismo uma intoxicao especfica, e no uma infeco, resultante da ingesto e absoro pela mucosa digestiva de toxinas pr-formadas do Clostridium botulinum, que levam o animal a um quadro de paralisia motora progressiva. O Clostridium botulinum um bacilo anaerbio, gram-positivo, formador de esporos, encontrado no solo, gua, matria orgnica de origem animal e vegetal, e no trato gastrointestinal dos animais. Os esporos so extremamente resistentes, podendo sobreviver por longos perodos nos mais diversos ambientes, proliferando em carcaas ou material vegetal em decomposio, nos quais produz uma neurotoxina que, quando ingerida, causa a doena. O botulismo em bovinos tem sido mais comumente descrito em rebanhos a campo, estando normalmente associado a uma deficincia de fsforo nas pastagens, bem como devido a uma inadequada suplementao mineral, que determina um quadro de depravao do apetite, com osteofagia, nos animais. Nos alimentos, o esporo passa, em geral, sem causar problemas pelo trato alimentar do animal vivo, mas, em carcaas o esporo encontra condies ideais de anaerobiose para se desenvolver e produzir toxinas, contaminando principalmente os ossos, cartilagens, tendes e aponeuroses que so mais resistentes decomposio. Com isso, ao ingerir fragmentos de tecidos ou ossos, outros bovinos adquirem a toxina e, tambm, esporos, estabelecendo assim a cadeia epidemiolgica do botulismo a campo. As condies de risco para animais confinados ocorrem quando estes recebem silagem, feno ou rao mal conservadas, com matria orgnica em decomposio, ou com cadveres de pequenos mamferos ou aves, que criam condies ideais para multiplicao bacteriana e produo de toxina. Smith (1977) citado Por BRANDINI (1996), denomina de "intoxicao da forragem" o botulismo decorrente do consumo de feno ou silagem contaminados pela carcaa de pequenos animais mortos acidentalmente e incorporados ao alimento durante sua preparao. Reservatrios de gua contaminados por carcaas de roedores ou pequenas aves, tambm podem ser considerados como possveis fontes de infeco para bovinos estabulados. O botulismo uma intoxicao cujo quadro sintomatolgico, no que diz respeito velocidade de aparecimento dos sintomas e severidade, est diretamente relacionado com a quantidade de toxina ingerida pelo animal. O perodo de incubao pode variar de algumas horas at dias. Na fase inicial, os animais apresentam graus variados de embarao, incoordenao, anorexia e ataxia. Tem incio ento, um quadro de paralisia muscular flcida progressiva, que comea pelos membros posteriores e faz com que os animais prefiram ficar deitados e, quando forados a andar, o fazem de maneira lenta e com dificuldade (andar cambaleante e lento). O componente abdominal da respirao se torna acentuado e o vazio se torna fundo. No h febre. Os animais podem sucumbir repentinamente se estressados. Com o avano da doena, a paralisia muscular se acentua, impedindo que o animal se levante, embora ainda seja capaz de se manter em decbito esternal, progredindo para os membros anteriores, pescoo e cabea, que faz com que a cabea fique junto ao solo ou voltada para o flanco. A paralisia muscular afeta a mastigao e a deglutio, levando ao acmulo de alimentos na boca e sialorria, alm de exteriorizao espontnea da lngua (protruso). O animal apresenta diminuio dos movimentos ruminais. Na fase final o quadro de prostrao se acentua, fazendo com que o animal tenha dificuldade para se manter em decbito esternal, tombando para os lados (em decbito lateral). A conscincia mantida at o final do quadro, quando o animal entra em coma e morre. Tratamento

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O tratamento indicado nos casos subagudos ou crnicos, nos quais os sintomas se desenvolvem mais lentamente (Blood & Henderson, 1978; Jones, 1991). Como no h antitoxina disponvel no mercado, recomenda-se o tratamento sintomtico, que visa dar condies, quando possvel, para que o animal resista ao quadro clnico apresentado. O uso de antibiticos indicado para prevenir ou controlar o aparecimento de infeces secundrias decorrentes do estado de debilidade do animal. Uma medida importante a ser tomada a identificao e remoo da fonte de contaminao, assim como a vacinao imediata de todos os animais que esto sujeitos ao mesmo tipo de fonte de infeco (alimento ou gua contaminada). Como o perodo de latncia da vacina varia de duas a trs semanas, outros casos podero ainda ocorrer. Animais vacinados podem apresentar a doena quando expostos a uma fonte de contaminao com altas cargas de toxina. Isto se deve ao fato de que o grau de proteo da vacina efetivo apenas contra determinada quantidade de toxina, alm do que, a toxina pouco imunognica em casos de contaminao ambiental, no estimulando assim a produo de anticorpos, sendo estes oriundos somente da vacina. O correto armazenamento do feno, da silagem e da rao, a fim de evitar material em decomposio e os devidos cuidados na alimentao dos animais com cama de frango, so consideradas medidas auxiliares importantes na preveno do botulismo. Vale a pena lembrar que as medidas preventivas acima descritas so destinadas aos animais confinados. Nos casos de surtos da doena em animais criados extensivamente, uma correta medida de preveno do botulismo consiste na adoo de uma mistura mineral de boa qualidade, associada a uma eficaz remoo de carcaas e ossos das pastagens.

5 CONSIDERES FINAIS: O confinamento representa uma alternativa para a engorda de bovinos, porm, um manejo alimentar inadequado e mudanas bruscas na dieta dos animais, leva a ocorrncia de alguns distrbios metablicos. Acidose, timpanismo, intoxicao pela uria, enteroxemia e botulismo, so alguns dos distrbios causados com excesso de nutrientes na dieta e m conservao dos alimentos.

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