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CONVERSAS COM ISABEL PIRES DE LIMA PAINEL DE PROVA BRANCOS 2010 ARTIGOS DE OPINIÃO RUI CORREIA SÉRGIO PEREIRA VINHOS NO FEMININO MARCAS COM HISTÓRIA PERIQUITA GOURMET HENRIQUE SÁ PESSOA ESTA EDIÇÃO É DA RESPONSABILIDADE DA HDEM, LDA E FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO DE 06 DE AGOSTO DE 2011 E NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE #09 ISSN 1647-7669 AGOSTO 2011 | REVISTA QUADRIMESTRAL PUB

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CONVERSAS COMISABEL PIRES DE LIMA

PAINEL DE PROVABRANCOS 2010

ARTIGOS DE OPINIÃORUI CORREIA

SÉRGIO PEREIRA

VINHOS NO FEMININO

MARCAS COM HISTÓRIAPERIQUITA

GOURMETHENRIQUE SÁ PESSOA

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#09 ISSN 1647-7669AGOSTO 2011 | REVISTA QUADRIMESTRAL

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EDITORIAL

Uma vez mais sentado em frente ao meu computador, numa destas noites em que

o Verão parece ter ido de férias, comecei a pensar no assunto que iria abordar mais

tarde para o editorial desta edição. Voltar a falar na crise? Não, já chegam os jornais,

TV e afins. Porque não falar em algo um pouco diferente? Porque não abordar a área

do vinho pelo seu lado mais feminino? É sabido que as mulheres são mais sensíveis,

mais responsáveis, mais resolutas. Resolvi então colocar pés ao caminho e falar com

diferentes mulheres, meninas, senhoras, que dedicam o seu dia a dia a esta actividade

tão conotado com Homens de barba rija. A sensibilidade, alegria e o profissionalismo

com que falam sobre o seu trabalho, com que relatam as suas experiências, levam-me

a confirmar que são, de facto, grandes mais-valias para as empresas onde trabalham.

São mulheres que desenvolvem o seu trabalho e as suas competências em áreas tão

diversificadas como a comercial, marketing, consultoria, produção e, claro está, a de

enologia. Alguns desses relatos transitaram para esta edição, num artigo elaborado

sobre o tema. Recentemente, uma destas portuguesas, a enóloga Filipa Pato, foi galar-

doada com o prémio “Óscar do Vinho” pelo seu trabalho como produtora. Foi a pri-

meira vez que uma enóloga portuguesa ganhou esta distinção, o que diz muito sobre a

evolução, e porque não dizê-lo, revolução que está a acontecer no sector. Por isso, caro

leitor, não se esqueça, quando ouvir que, por detrás de um grande homem está uma

grande mulher, pode muito bem assumir que, por detrás do grande vinho que está

a beber esteve uma grande mulher que ajudou a que essa garrafa esteja na sua mão.

Nesta edição, destaque também para a prova de brancos (com um painel de prova

exclusivamente composto por mulheres) e para os diversos artigos de opinião que

reflectem um pouco as novas tendências do sector.

A não perder também a oportunidade de adquirir por um valor reduzido, uma gar-

rafa de um óptimo vinho - Cistus Reserva 2008 - que a DiVinum coloca à venda, em

primeira mão.

Até à próxima DiVinum. Boas férias e bons vinhos.

Hugo Cunha

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ÍNDICE

Editorial

Novidades

Conversas comIsabel Pires de Lima

Guia de Compras

Artigo de Opinião - Rui CorreiaMarketing de Vinhos

Espaço Blog - copode3.blogspot.comO risco de não arriscar

Painel de Prova

Vinho Feminino

Aveleda

Herdade de Mingorra

Marcas com História

UdacaUnião Demarcada das Adegas Cooperativas do Dão

Artigo de Opinião - Sérgio PereiraGastronomia e Vinhos

GourmetChefe Henrique Sá Pessoa

C. da Silva

Herdade da Comporta

Notícias

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A “Quinta do Vale da Perdiz – Sociedade Agrícola, Lda.” é uma empresa familiar que aposta no bi-nómio qualidade/preço com o objectivo de fazer chegar aos consumidores vinhos de qualidade a preços atractivos. O sócio fundador – António Augusto Fernandes – dedicou a vida à vinha e aos vinhos tendo iniciado a produção de vinhos ge-nerosos e de mesa no ano de 1989. Constituída em Junho de 2000 com o objectivo de desenvol-ver a vertente dos vinhos de mesa apostando na melhoria dos métodos e técnicas de vinificação, a empresa vinifica na Quinta do Reboredo, em Torre de Moncorvo. Todos os vinhos da Quinta do Vale da Perdiz – comercializados sob a mar-ca “Cistus” – são produzidos a partir de uvas do

Douro Superior, sendo na sua maioria provenien-tes das vinhas da família Fernandes, detentora da sociedade, com uma área total aproximada de 50 hectares repartidos por seis quintas.

CISTUS RESERVA TINTO 2008 Elaborado a partir das castas Tinta Roriz (40%) ; Touriga Franca (40%) e Touriga Nacional (20%), o Cistus Reserva Tinto 2008, este vinho foi vinifi-cado em cubas de aço inox com controle de tem-peratura a partir de uvas provenientes de vinhas situadas no Douro Superior. Posteriormente, foi submetido a um estágio em madeira por um pe-ríodo de quinze meses em barricas de carvalho americano, francês e húngaro. É um vinho de cor vermelha profunda com laivos púrpura. Nariz complexo com aromas de fruta muito madura e especiarias bem integrados com a madeira. Na boca apresenta-se envolvente, com boa estrutura, redondo e com acidez afina-da num conjunto equilibrado. Termina longo.

Companheiro ideal para pratos de carne, caça e queijos.

Enologia: Manuel Angel ArealParâmetros analíticos:Grau Alcoólico: 15%

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HERDADE DAS SERVAS TINTO 2009 E BRANCO 2010HERDADE DAS SERVAS COM DOIS NOVOS TOPOS DE GAMA O produtor alentejano Serrano Mira - Socieda-de Vinícola, S.A. | Herdade das Servas, de Estre-moz, lança os novos “Herdade das Servas Tinto 2009” e “Herdade das Servas Branco 2010” para os mercados nacional e internacional. Com a chancela da marca topo de gama da Herdade, o branco é uma estreia, criado pela dupla Luís Serrano Mira e Tiago Garcia.

Depois do sucesso alcançado com o “Herdade das Servas Tinto 2008”, que esgotou em me-nos de seis meses, chega agora ao mercado a colheita de 2009. Aragonez (40%), Touriga Na-cional (30%), Alicante Bouschet (15%) e Syrah (15%) são as castas que dão estrutura e corpo a este tinto, conferindo-lhe uma cor escura e complexidade de aroma bem integrados com a madeira. É um vinho redondo na boca, concen-trado e com um final agradável e persistente, ideal para acompanhar pratos típicos alenteja-nos. O PVP mantém-se nos € 8,75.

Na concepção do novíssimo “Herdade das Ser-vas Branco 2010” estão três castas – Roupeiro (50%), Verdelho (25%) e Viognier (10%); predo-mina a Roupeiro que provém de uma vinha com mais de 60 anos. Revela-se um branco com cor cítrica aloirada, com aromas a frutos tropicais maduros integrados com algumas notas de mel. Bem estruturado, de enorme complexidade e com boa acidez, num conjunto agradável e de final persistente.O PVP recomendado por garrafa é de € 8,75.

Antes mesmo de ir para o mercado, o ‘Herdade das Servas Branco 2010’ alcançado o primeiro prémio na categoria de vinhos brancos no “V Concurso de Vinhos Engarrafados do Alentejo”, realizado no mês de Junho.

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NOVIDADES

HERDADE DA AjUDA LANçA O HERDADE DA AjUDA ROSé 2010 E PROMOVE O EVENTO SUN7 By HERDADE DA AjUDA ROSé

CHURCHILL’S ESTATES BRANCO DOURO 2010 E CHURCHILL’S ESTATES ROSé 2010VINHOS DE ELEIÇÃO PARA UM VERÃO MAIS FRESCO

A Churchill’s acaba de lançar dois novos vi-nhos no mercado nacional: “Churchill’s Esta-tes Branco Douro 2010” e “Churchill’s Estates Rosé 2010”. Frescos e vivos são a companhia ideal para os quentes dias de Verão…

A Churchill apresenta a colheita de 2010 do “Churchill s Estates Branco Douro” e do “Churchill’s Estates Rosé”, originais de vinhas situadas na sub-região do Cima Corgo.

Produzido exclusivamente com a casta Touri-ga Nacional, o “Churchill’s Estates Rosé 2010” apresenta uma suave cor salmão e notas de manga e clementinas no aroma. Destaque ain-

da para o palato vivo e delicado, com nuances de pêssego e maracujá, terminando num lon-go e refrescante final.

O “Churchill s Estates Branco Douro 2010”, composto por duas castas - Rabigato (70%), Viosinho (20%) - e Vinhas Velhas (10%), osten-ta uma leve cor lima, ao qual se junta um aro-ma a notas de limão fresco com nuances de pi-nheiro e hortelã. Delicado na prova, combina notas resinosas e citrinas com uma acidez bem definida conferindo-lhe um vivo e fresco final.Recomenda-se o “Churchill Estates Branco Douro 2010” como acompanhamento de pra-tos tradicionais de peixe, como amêijoas à Bo-

lhão pato, robalo grelhado ou ao sal, sardinhas assadas, dourada grelhada, arroz de marisco ou arroz de tamboril. Uma combinação que permite apreciar como combina e harmoniza a acidez e frescura natural do vinho com os sabores destes pratos únicos e muito portu-gueses.

Para o “Churchill’s Estates Rosé 2010” sugere-se como acompanhamentos pratos frios, no-meadamente maionese de peixe ou camarão, salada russa, carnes frias e saladas.

O preço destes vinhos da Churchill’s varia en-tre os €6,00 e €10,00.

Apreciar um vinho, apelando ao convívio, às conversas entre amigos, aos brindes em finais de tarde. Esta será a forma diferente de promo-ver a socialização da marca.É baseado neste conceito que a Herdade da Ajuda fará a promoção do seu mais recente lan-çamento, o Herdade da Ajuda Rosé 2010.O primeiro SUN7 by Herdade da Ajuda Rosé, aconteceu no passado dia 7 de Julho em Braga no Restaurante Caldo Entornado. O evento tem por base a elaboração de um menu harmoniza-do com o Herdade da Ajuda Rosé 2010, sugeri-do aos clientes.A marca será promovida em diferentes restau-rantes do país levando assim o vinho directa-mente ao consumidor, numa lógica de proximi-dade. O Herdade da Ajuda Rosé é um vinho de cor salmão profundo, aromas de frutos vermelhos, morango e framboesa. Boca untuosa e equi-

librada com acidez a conferir boa frescura e final de média persistência.Pode ser tomado como aperitivo antes das refeições, ou como acompanhamento de pratos de peixe grelhado e carne branca. PVP: 3,95€

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NOVIDADES

DELTA Q POWER COFFEE,UM DUPLO SHOT DE ENERGIA APENAS NUMA CÁPSULA.CONSTITUÍDA POR INGREDIENTES NATURAIS CAFÉ, GINSENG E GUARANÁ.

Com o dobro da cafeína de um expresso normal, a nova cápsula de café Delta Q Power Coffee foi totalmente desenvolvida pelo departamento de Investigação e Desenvolvimento da Delta Cafés, e é ideal para todos aqueles que, por terem uma actividade exigente, necessitam de uma dose ex-tra de energia.

A cafeína adicional da nova cápsula advém, em exclusivo, dos ingredientes naturais que a com-põem – o Café, o Ginseng e o Guaraná - e ajuda, segundo a EFSA*, a aumentar a concentração, contribuindo também para o aumento da capa-cidade de resistência e do estado de alerta.

Power Coffee junta-se assim a um vasto portfólio de cápsulas Delta Q de diferentes intensidades, constituído por Qalidus, Qharacter, aQtivus, Qonvictus, Qonvivium, deliQatus e deQafeitanus e ainda o único chá espresso do mundo.

*European Food Safety Authority

«Quanta terra Grande reserva 2008» e «terra a terra reserva 2010» são os dois lançamentos Que a empresa duriense «Quanta terra» acaba de fazer CHEGAR AO MERCADO NACIONAL.

Um tinto, grande reserva, de 2008 e um branco, reserva, de 2010, são as mais recentes apostas da empresa duriense «Quanta Terra», dos enólogos e sócios Celso Pereira e Jorge Alves.Depois das excelentes criticas, por parte da comu-nidade enófila, aos anteriores vinhos produzidos pela «Quanta Terra», chegam os novos «Quanta Terra Grande Reserva 2008» e o «Terra a Terra Reserva 2010». No entender dos responsáveis, tratam-se de dois vinhos capazes de surpreender até os mais incautos.

O novo tinto, resulta da selecção de quatro das tradicionais castas da Região Demarcada do Dou-

ro, Touriga Nacional (60%), Touriga Franca (23%), Tinta Barroca (11%) e Sousão (6%). De cor ruby, mostra-se estruturado e muito equi-librado na boca. Estagiou durante 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. Acompanha na perfeição pratos de carne, caça e toda a cozi-nha tradicional portuguesa. O preço de venda a público ronda os 18 euros. O outro vinho agora lançado é o branco «Terra a Ter-ra Reserva 2010». Das castas Gouveio, Viosinho e Ra-bigato, este néctar apresenta-se de cor citrina e boa intensidade aromática, assim como uma excelente acidez. Chega às melhores garrafeiras com um preço de venda a público que rondará os 10 euros.

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NOVIDADES

j. PORTUGAL RAMOS LANçA NO MERCADO OS SEUS NOVOS VINHOS DA MARCA VILA SANTA.

A empresa J. Portugal Ramos, lança no mercado os seus novos vinhos da marca Vila Santa. Com uma nova e apelativa imagem, os vinhos Vila San-ta Reserva Tinto 2009 e o Vila Santa Reserva Bran-co 2010, acabam de chegar ao mercado.

O Vila Santa Reserva Tinto 2009, foi produzido a partir das castas Aragonez, Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, tendo estagiado durante nove meses em pipas de carvalho americano e francês. Com um grau alcoólico de 14%, apresenta-se com cor granada intensa. Aroma que sugere frutos pretos muito maduros bem casados com especiaria de barrica. Elegante e encorpado com taninos macios bem presentes. Um vinho carnudo, poderoso e cheio. PVP: 9,99€

O Vila Santa Reserva Branco 2010, foi elaborado com as castas Antão Vaz, Arinto e Verdelho, tendo sido parcialmente fermentado em barricas novas de carvalho francês.

É um vinho de cor bem definida com ligeiros tons esverdeados, aroma citrino, frutos exóticos e elegantes notas de especiarias. Sabor complexo, onde a estrutura se combina na perfeição com uma frescura mineral de grande elegância.PVP: 9,99€

C. DA SILVA LANçA OS NOVOS DALVA SUNRISE E DALVA SUNSET

A empresa C. da Silva, acaba de lançar no mer-cado os seus novos vinhos da marca Dalva, os novos brancos Sunrise e Sunset.Dalva Sunrise é um vinho leve e aromático que evoca o nascer do dia, podendo ser apreciado como aperitivo ou no acompanhamento de re-feições leves. O vinho Dalva Sunset é mais estru-turado e complexo, mas igualmente aromático e frutado, com notas de maracujá, e remete para a magia do aparecimento das estrelas, enrique-cendo os momentos de partilha e convívio.O PVP de referência para o Sunrise ronda os 5,00€ e para o Sunset, os 6,00€.

A imagem inovadora que acompanha os novos vinhos é da responsabilidade da agência por-tuense Omdesign. Os dois rótulos, ambos ilustra-dos pelo olhar artístico do mestre Júlio Resende a contemplar o Douro, remetem para a perso-nalidade, aromas e momentos que cada um dos vinhos transmite.

Estes dois vinhos têm uma imagem inovadora e apelativa que representa a fusão entre o vinho, a obra do mestre Júlio Resende e a geografia da região, através da transparência de toda a garrafa.

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É UMA MUlHer DO NOrte e UM DOS rOStOS DA CUltUrA eM

POrtUGAl, OCUPOU O CArGO De MiNiStrA DUrANte trêS ANOS e

MeSMO qUANDO SAiU DO PODer NUNCA DeixOU De DefeNDer OS

iNtereSSeS DA CUltUrA e DA CiDADe DO POrtO.

PIRES DE LIMA

CONVERSAS COM

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Como foi a sua infância?

Isabel Pires de Lima -Nasci em Braga, não direi ocasionalmenteporque os meus pais acabaram por ir para lá viver durante 20 anos mas não tinha raízes nortenhas muito evidentes. O meu pai tinha crescido no Alentejo e a minha mãe era Madeirense mas foram para Braga por razões profissionais, eu nasci lá e sinto-me ligada à cidade porque passei lá a infância e adolescência, só saí de lá quando vim para o Porto, para a Universidade.

Mantém ligações?

IPL -Sim, companheiras de liceu e do secundário e ainda famílias ami-gas que os meus pais tinham e que mantenho hoje.

Diferenças entre Porto e Braga, encontrou muitas?

IPL -O Porto era uma cidade fechada mas não tanto como Braga. Osmeus pais eram um pouco estrangeiros na cidade por isso as festas de escape e até o pensamento critico em relação á sociedade vinham sem-pre de dentro de casa e da família. O poder da Igreja era pesadíssimo e isso sentia-se na escola pública. Quando vim para o Porto, a cidade era também fechada, a oferta cultural era pratica-mente nula todavia a universidade era um foco de abertura, de contestação e de questionamen-

CONVERSAS COM

to. Aqui consegui sentir o trepidar da cidade real e das gentes, aprendi a gostar do Porto, a ouvir as conversas no eléctrico.

A escolha pelas das Letras era algo que já estava definido?

IPL -Tenho a noção que o meu caminho foi este mas talvez tivessemsido outros, sempre gostei de artes e sempre gostei de literatura e fui incentivada a ler desde muito jovem. Licenciei-me em Filologia Româ-nica todavia eu tenho a percepção que aquilo que eu na altura procu-rava era alguma coisa nas ciências sociais, que era uma oferta quase inexistente no Porto, não havia cursos de sociologia, antropologia. Hoje tenho a sensação que era isso que queria porque hesitei imenso em ir para economia e geografia, hoje sei que o que procurava era a parte social dessas disciplinas. Hoje não estou nada descontente com a opção mas sinto que podia ter feito outras coisas.

E depois há um amor especial a Eça de Queirós?

IPL -Eu gosto sobretudo da literatura portuguesa, e fixei-me no estudoda literatura do século XIX e XX, o Eça surgiu um pouco por acaso, como causa e consequência de uma opção teórica que eu fiz. Interessa-va-me a sociologia da literatura e acabou por me parecer interessante pegar num clássico realista e analisar nessa óptica. Claro que conhecia boa parte da obra de Eça de Queirós e quando se trabalha num clássico como ele fica-se presa para a vida toda, é difícil não se ser solicitada para falar e continuar a publicar sobre ele.

E a entrada na política como aconteceu?

IPL -Começa por me aparecer dentro de casa uma vez mais, ao con-trário do que acontecia com a maioria das famílias da classe média na minha casa falava-se de política, mais através do meu pai. Depois, na universidade mantive essa atenção ao que se passava e sempre tive a preocupação de ligar o meu trabalho universitário à cidade sobretudo a vida cultural. Estive alguns anos no Partido Comunista como militante na década de 80, durante cerca de quinze anos e isso fez-me estar atenta.

Surge depois o convite para deputada?

IPL -Por acaso, uma vez mais. Eu deixo a vida andar, não sou muitoansiosa sou q.b., senão não fazemos nada na vida, mas as coisas acon-

teceram por acaso o que é um privilégio, consi-dero-me muito privilegiada.Um dia uma amiga telefona-me para casa a perguntar se podia dar o meu número ao Nar-ciso Miranda, na altura presidente da Fede-ração do PS, e eu disse que sim. Conhecia-o

“CONtiNUAM A fAzer-Se OrçAMeNtOS

PúbliCOS COM UMA filOSOfiA

ANtiqUADA, ONDe Há CUltUrA

CAbe O reStO DO reStO DO reStO”

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CONVERSAS COM

por ser Presidente da Câmara de Matosinhos e como ia haver eleições pensei que ia pedir o meu apoio, convidar para mandatária ou qualquer coisa. Na verdade quando falei com ele surge a proposta de integrar as listas para deputados, coisa que nunca me tinha passado pela cabeça. Fi-quei atarantada e até pensei dizer que não, mas o facto de estar numa fase avançada da carreira académica foi decisivo para ter aceitado o convite.

Como foi a vida política?

IPL -Aprendi muito nesse percurso, sobre o que é a vida, a política eos poderes. Foi uma experiência enriquecedora mas que me fez ver a vida de outra forma. O poder legislativo não me entusiasmou parti-cularmente porque a Assembleia da Republica é uma instituição que está mediocremente organizada no sentido em que não são exploradas as virtualidades e as capacidades dos deputados. E por isso vemos a opinião pública a tecer duras crí-ticas aos deputados sem ter a noção do que é o trabalho dos deputados. Embora tenha aprendido muito considero que o poder exe-cutivo é muito mais interessante do que o legislativo.

Chegar a Ministra da Cultura, como foi?

IPL -Surgiu inesperadamente e essa experiência é muito interessanteporque permite explorar a área do planeamento que eu aprecio, cons-truir projectos e encontrar meios para os executar.

Mas é uma área ingrata?

IPL -Claro, o poder executivo no geral e a área da cultura de formamuito particular. Primeiro porque os homens são insatisfeitos e depois porque temos memória muito curta e depois há sempre uma certa ingra-tidão relativamente ao executor, é sempre o rosto do problema e nunca a

solução. O campo da cultura é ingrato porque tendo virtualidades enor-mes na sociedade contemporânea, a verdade é que ainda não é entendi-da assim pela maior parte dos executivos europeus, continua a ser a ce-reja no topo do bolo. Ainda não é reconhecida como factor de inovação, é olhada como um factor de despesa e não investimento. Os últimos dados mostram que há uma economia da cultura que está emergente e de boa saúde mas continuam a fazer-se orçamentos públicos com uma filosofia antiquada, onde há cultura cabe o resto do resto do resto.

Foi com mágoa que abandonou o cargo?

IPL -Não exactamente com mágoa, estava preparadíssima desde osprimeiros meses que cheguei, isso percebe-se desde logo. Mas ficou

a mágoa de não ter finalizado projectos que tenho a certeza de que iam vingar. Senti falta de apoio político do meu primeiro-ministro, nunca tive interferência nem pressões nas políticas que desenvolvi mas também nunca senti um poder político cla-ro, não necessariamente a mim mas à área da cultura. Um apoio político dá-se de mui-tas formas, não é só a questão orçamental, estar ao lado da Ministra da Educação por

exemplo no primeiro dia de aulas é uma forma de demonstrar apoio.

Como vê o panorama cultural actualmente?

IPL -Não tenho uma visão catastrofista, a situação é muito diversa, hásectores em que a cultura está de boa saúde e outros em que está gravemente doente como por exemplo a área do património edifi-cado, a falta de investimento é trágica. É uma vergonha, não tem outro nome, que o Convento de Cristo esteja como está, é uma obra de primeira linha com um valor patrimonial inestimável. Há fal-ta investimento na formação de públicos, por vezes em Lisboa há excesso de oferta para os públicos que temos e é preciso investir

“SeNti fAltA De APOiO POlítiCO DO

MeU PriMeirO-MiNiStrO, NUNCA tiVe

iNterferêNCiA NeM PreSSõeS NAS POlítiCAS

qUe DeSeNVOlVi MAS tAMbÉM NUNCA

SeNti UM PODer POlítiCO ClArO, NãO

NeCeSSAriAMeNte A MiM MAS à áreA DA

CUltUrA”

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CONVERSAS COM

nessa área. Agora na área do teatro e das indústrias criativas há uma grande dinâmica.

Concorda com a proposta de gestão integrada dos TeatrosNacionais?

IPL -Não acho que seja uma catástrofe nacional mas acho que nestemomento se tivesse necessidade de o fazer evitaria uma Direcção Na-cional centrada em Lisboa, que acho que é o que vai acontecer. Porque o Teatro Nacional S. João tem uma relevância na organização e susten-tação do que de teatro se faz no Porto e na área metropolitana. Mas é uma situação difícil para gerir.

Falando de vinhos, é consumidora?

IPL -Absolutamente. Sou uma consumidora diária, é praticamente oúnico álcool que bebo. Há medida que os anos passam tendo a consumir mais. É quase raro o dia em que não bebo vinho a uma das refeições. E sou também confrade da Bacalhôa, uma região muito interessante também.

Tem preferências?

IPL -Douro nos tintos e Alentejo nos brancos mas gosto também dos vinhos da Península de Setúbal. Eu estou muito ligada à fundação Eça de Queirós que produz um vinho de transição que eu aprecio. Quando se tenta internacionalizar a cultura é preciso pensar nos produtos, os vinhos por exemplo. Não tenho dúvidas que se vende melhor se for feito em conjugação, vinhos, turismo e cultura. O Museu do Douro e o parque natural de Vila Nova de Foz Côa são bons exemplos daquilo que pode ser a interligação entre os vários sectores. Portugal tem que olhar para os mercados emergentes, temos um pro-blema de quantidade, não vamos responder à China mas podemos res-ponder a Taiwan ou à Coreia.

Diz-se uma privilegiada, o que faz nos tempos livres?

IPL -Tento sempre ter tempos livres para ler, ir ao teatro, ver um filmeou uma exposição. E depois ocupo uma parte dos meus tempos livres a fazer exercício físico, faz bem ao físico e à mente. Habitualmente ao fim-de-semana vou para uma casa de aldeia na Serra DArga e depois gosto de viajar sempre que posso. Um fim-de-semana rápido para ver alguma exposição ou então viagens mais longas proporcionam uma forma diferente de olhar o mundo e até de viver.

“NãO teNHO DúViDAS qUe Se VeNDe MelHOr Se fOr feitO eM

CONjUGAçãO, ViNHOS, tUriSMO e CUltUrA”

“POrtUGAl teM qUe OlHAr PArA OS MerCADOS eMerGeNteS, teMOS

UM PrObleMA De qUANtiDADe, NãO VAMOS reSPONDer à CHiNA

MAS PODeMOS reSPONDer A tAiwAN OU à COreiA”

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PULO DO LOBOREGIONAL ALENTEJANOSOCIEDADE AGRÍCOLA DE PIAS BRANCO 2010Elaborado a partir da casta Antão Vaz.Vinho de cor citrina, com aromas a frutos tropicais. Na boca a fruta tropical está bem presente. Termina médio.Deve ser servido à temperatura de 13ºC, acompanhando pratos de peixe, marisco e queijos com sabor ligeiro.

P.V.P.2,83€

PULO DO LOBOREGIONAL ALENTEJANOSOCIEDADE AGRÍCOLA DE PIAS TINTO 2010Elaborado a partir da casta Aragonêz.Vinho de cor granada, com aromas a frutos vermelhos maduros. Na boca é um vinho macio, com boa estrutura. Final de boca persistente.Deve ser servido à temperatura de 18ºC, acompanhando pratos de carnes vermelhas e queijos com sabor ligeiro.

P.V.P.2,83€

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PArA UM wiNe lOVer, UM bOM jANtAr eM bOA

COMPANHiA É O MOte PerfeitO PArA Abrir UMA

GArrAfA De UM bOM ViNHO. qUer Dizer, PArA

UNS bAStA A bOA COMPANHiA, PArA OUtrOS,

O bOM jANtAr. OUtrOS DirãO qUe NãO É

NeCeSSáriO NADA. UM bOM ViNHO É SeMPre

beM ViNDO. É VerDADe.

CRIAR TENDêNCIAS: PENSAR “iNSiDe tHe bOx”MARKETING DE

POr: rUi COrreiA([email protected])

Abrir uma garrafa de vinho é quase sempre um momento solene, en-volto em expectativa. Tirar a rolha, verter no copo, provar ou dar a provar. Depois, bem, depois vêm as opiniões. Salvo raras excepções, é difícil não haver opiniões. E um simples movimento do sobrolho já é, em si, uma opinião.O leitor wine lover, provavelmente reviu-se nestes dois parágrafos. Até aqui tudo bem. Mas… e os outros? E aqueles que apenas gostam de vi-nho? Aqueles a quem o vinho apenas sabe bem ou mal (também acon-tece) e que apenas querem tirar o prazer puro e simples? Aqueles que bebem vinho mas poderiam beber outra coisa qualquer, como sangria ou cerveja?Esses são a maioria. E o mercado, neste caso, são todos, inclusivamente a maioria! Parece básico. Então vamos falar da maioria, para variar.A maioria, aquela maioria que, por regra, não vai a restaurantes gour-met, nem a lojas gourmet, nem a garrafeiras. Aquela maioria que jan-ta pelo prazer de jantar, que sai á noite para estar com amigos, essa, quer prazer. E consegue-o bebendo vinho, ou sangria, ou cerveja ao jantar. Essa maioria que sai à noite e bebe… sangria, ou cerveja, ou bebidas brancas. Esperem lá, esqueci-me de escrever vinho? Não. Apenas não tive alternativa, porque na noite, esse hábito não está – ainda – implementado. Andamos a promover o consumo de vinho a copo, é verdade, mas fa-zemo-lo essencialmente nos restaurantes. Porquê? Porque lá o vinho é caro e se o bebermos a copo continuará a ser caro, até será mais caro, mas pelo menos conseguiremos fazer baixar o valor da factura. E só

ARTIGO DE OPINIÃO

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o conseguimos fazer porque reduzimos na mesma proporção ou em proporção superior o consumo.Hoje, como sempre, o consumo está onde estão as pessoas, e numa época em que, apesar de tudo, as pessoas continuam a sair à noite, seja nos gran-des centros ou nas cidades de província, o consumo de vinhos tem que ser promovido. Há que criar a tendência.Para mim, essa tendência será mais facilmente criada quando os produto-res e representantes do sector deixarem cair os preconceitos e se lançarem no bag-in-box. Para quem não sabe, o bag-in-box são aquelas caixas de car-tão que têm uma torneirinha e trazem lá dentro um saco cheio de vinho e que, por efeito de vácuo, permitem que depois de aberto, o vinho se aguen-te bastante mais tempo, quando comparado com a garrafa.Alguns dos principais produtores nacionais exportam alguns dos seus vinhos nesta embalagem. Os principais mercados são os países nórdicos. Mas também os EUA. Porque não o fazem no mercado interno?É verdade que muitos dos vinhos que hoje aparecem nesta embalagem não são propriamente os melhores exemplos da qualidade que o consu-midor procura e merece. Mas é também verdade que falar em bag-in-box é falar de um segmento que cresce a dois dígitos, em contra-ponto com o restante mercado, o qual tem vindo a decrescer e do qual ninguém espe-ra uma inversão da tendência. Além disso, o bag-in-box traz um conjunto de benefícios para o consumidor. É uma embalagem prática, facilmente transportável, que ocupa pouco espaço e que, depois de aberto, conserva o vinho por bastante tempo. Estes mesmos atributos são uma mais-valia para o mercado nocturno. Quer para quem vende, por ser prático e ocupar pouco espaço, quer para quem consome, porque tem a garantia que o vinho está em boas condições.Agora imaginemos que os produtores, dependendo da estratégia que definem, colocam as suas marcas nesta embalagem, ou criam uma nova marca para esta embalagem. E que dentro desta embalagem colo-cam vinhos de qualidade capazes de conferir prazer àquele consumi-dor que eu referi atrás e que é a maioria. Imaginemos ainda que essa embalagem é bem decorada, com uma imagem jovem e “trendy” e que até pode ganhar novas formas, mais apelativas. Conseguem imaginar? Conseguem imaginar as pessoas a beberem mais? Conseguem imagi-nar os jovens a poderem ir ao bar “A” porque gostam da música e do

ambiente e dos vinhos que eles servem lá, que até ficam mais em conta do que as bebidas brancas, e assim, atraí-los para o consumo do vinho? Eu consigo.E consigo mais, consigo imaginar os consumidores a gostarem tanto, que passarão a comprar para ter em casa para que, quando chegam, depois de mais um cansativo dia de trabalho, bebam um copo e relaxem. Não acredi-tam? Querem que vos fale de uma marca de café que alterou os hábitos de consumo ao criar uma marca e um certo tipo de produto que fez com que as pessoas consumissem mais?Além disso, seria importante que a crítica desse espaço às provas de bag-in-box. Nesse sentido, desafio a Divinum a, já no próximo número, levar a cabo uma prova de vinhos DOC ou Regionais disponíveis em embalagem bag-in-box. Quem sabe, não será a Divinum a precursora? E quem sabe não teremos agradáveis surpresas!Recordo-vos agora os dois primeiros parágrafos para vos dizer que se os produtores, distribuidores e retalhistas acreditarem neste caminho, con-seguirão não só vender mais e melhor, como ainda vão atrair mais consu-midores que se transformam em apreciadores e que nos jantares especiais e em boa companhia vão querer experimentar o ritual de abrir a garrafa.Numa fase posterior, poderemos ainda assistir ao aumento de consumo ao final da tarde, hábito que ainda não existe em Portugal.É o paraíso na terra? Não. É um caminho que considero poder ser per-corrido com sucesso e de forma global, o que será também importante. Também não será um caminho de um só produtor, nem será suficiente disponibilizar esta embalagem. Será necessário, claro está, promovê-la e transformá-la numa tendência, através de acções nos pontos de venda, através da opinião dos críticos e líderes de opinião, através das festas e eventos onde vão os colunáveis, através dos programas de fic-ção nacional.Apesar do momento que vivemos, as pessoas não deixarão de consumir. A tendência será consumir produtos mais económicos e um copo de vinho poderá ser bem mais económico que um copo de uma qualquer bebida branca.Infelizmente para os pequenos produtores, estou convencido que serão alguns grandes produtores a iniciarem este caminho. E se os grandes o iniciarem, vão ganhar o espaço no linear, no balcão do bar e na cabeça dos consumidores.

ARTIGO DE OPINIÃO

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Dito isto é com agrado quando vejo produtores a apostarem num acto de coragem e muita convicção, em castas nativas da sua re-gião, ditas menos nobres e que outros nunca ousaram em utilizar a solo ou mesmo perder tempo com elas, “…ó menino isso é coisa que nunca rendeu vai lá agora vossemecê fazer vinho dessa uva… “ pois bem, a dita uva agora dá origem a vinhos com procura e aqueles que antes torciam o nariz agora até já pensam em fazer um vinhito com aquela casta porque nisto do negócio temos de andar a par do que o

De VOltA à eSCritA Dei COMiGO A PeNSAr NOS

ViNHOS qUe teNHO bebiDO UltiMAMeNte,

NAqUeleS exeMPlAreS qUe Me têM COlOCADO

UM eNOrMe SOrriSO NO rOStO, têM SiDO AlGUNS

eNqUANtO OUtrOS DeixAM-Me SiMPleSMeNte

A OlHAr PArA O COPO e A qUeStiONAr qUAl

O iNtereSSe eM lANçAr PArA O MerCADO UM

DeStilADO De frUtA SUPer MADUrA fOrrADA A

MADeirA ACAbADA De COrtAr…

O

DÁ MAIS DO MESMO.DE NÃO ARRISCAR...

povo quer… ou será que o povo não sabe mesmo o que quer e bebe aquilo que lhe vendem?Quantas vinhas velhas de Castelão foram e continuam a ser arrancadas com o objectivo de plantar Viognier, Alvarinho ou Touriga Nacional… recentemente uma famosa Cooperativa do Alentejo lançou um Alvarinho e isto tanto se pode falar no Alen-tejo como em Setúbal/Palmela, Douro ou mesmo no agora Tejo e mesmo Lisboa. Felizmente não vejo no Dão quem ande a plan-tar Chardonnay, Viognier, Alvarinho ou Sauvignon Blanc… Mas afinal de contas onde param os projectos que arriscam de alma e coração em demonstrar que com aquela casta é possível, basta acreditar e saber trabalhar a dita, dedicando-se a ela, entenden-do o que se faz e não caindo na tentação da Enologia de bolso ou do cabular barato e inserido numa perspectiva de produção em série com grandes volumes que torna os vinhos iguais e sem qualquer interesse porque ali o que interessa é apenas e só o lu-cro. Em Portugal parece que todos querem enriquecer o quan-to antes, salvo as devidas excepções no vinho não é diferente, lança-se um vinho e no ano seguinte duplica-se a produção nem que se tenha de comprar uva e com isso comprometer ao de leve a qualidade do vinho que já tinha sido lançado anteriormente… o consumidor estranha e depois a culpa é do tempo que não aju-da mas nunca da ganância de quem decidiu aumentar a produ-

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eM POrtUGAl PAreCe qUe tODOS qUereM

eNriqUeCer O qUANtO ANteS, SAlVO AS

DeViDAS exCePçõeS NO ViNHO NãO É DifereNte,

lANçA-Se UM ViNHO e NO ANO SeGUiNte DUPliCA-

Se A PrODUçãO NeM qUe Se teNHA De COMPrAr

UVA e COM iSSO COMPrOMeter AO De leVe A

qUAliDADe DO ViNHO qUe já tiNHA SiDO lANçADO

ANteriOrMeNte…

ESPAÇO BLOG

ção uns milhares valentes de garrafas e uns cêntimos a mais no respectivo vinho. É nesta maré que os jovens enólogos acabam por ser engolidos e até afogados, os projectos ou direi mesmo, as micro adegas em que a aposta em castas nossas e ditas menos nobres são quase uma miragem ou inexistentes em Portugal, em vez disso temos fábricas de vinho e esses mesmos micro projec-tos que numa escala de produção mais pequena em que o risco de ficar com vinho parado na adega é menor, com poucos hectares onde a aposta em vinhos de puro terroir, com identidade marca-da e menos custos respectivos a material da adega e por ventura com uma maior facilidade em escoar o produto a preço compe-titivo, faz com que seja algo que a meu ver faz falta ao mundo do vinho em Portugal. Onde anda o jovem enólogo que esteve a aprender lá fora e depois quando chegou a Portugal pegou numas vinhas velhas de Castelão perdidas num morro da serra e que resolveu dali fazer um vinho, dando umas meras 600 garrafas de vinho com estágio em inox e passagem por madeira velha e ainda aproveitou a melhor parcela a que chamou Esguelha para fazer 348 garrafas do suposto topo de gama com direito a passar por barrica nova, tudo isto instalado na garagem da casa de campo onde se instalou com a esposa e os dois filhos. Será isto apenas um conto bonito ou é uma realidade que só se pode encontrar fora de Portugal?

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Tipo de Vinho: BRANCOS DE 2010Tipo de Prova: Cega Condições de Prova: Realizada no Laboratório da CVR Vinhos Verdes.Vinhos servidos à temperatura ideal.Notas: Foram excluídas as notas de prova dos vinhos, com os quais o(s) elemento(s) do painel possuam qualquer tipo de relação profissional.

19-20: Grande vinho de classe mundial.17-18: Excelente, de grande categoria.16-17: Muito bom, com personalidade e complexidade.14-15: Bom, sólido e bem feito, bebe-se com prazer.12-13: Médio, honesto, simples, correcto.10-11: Abaixo da média, sem defeitos graves mas também sem virtudes.Menos de 10: Negativo, defeituoso ou desiquilibrado.

Um agradecimento especial para o nosso painel de provas, pela disponibilidade e amabilidade com que acedeu ao nosso convite.

A prova desta edição incidiu sobre vinhos bran-cos de 2010, divididos entre reservas e colheitas.Pretendemos mostrar aos nossos leitores que existe um variado leque de vinhos de preço médio capazes de estar à altura de qualquer desafio. Foram vinhos enviados de todas as zo-nas vitivinícolas do país o que tornou esta prova abrangente e equilibrada.

Os preços de venda ao público referidos são recomedados pelos produtores.

FICHA DE PROVA CLASSIFICAçÃO QUALITATIVA

PAINEL DE PROVA

Ana Urbano

Ivone Ribeiro Raquel Lopes

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PAINEL DE PROVA VINHOS BRANCOS RESERVA 2010

QUINTA DA LAPADOC TEJOAGROVIA - SOC. AGRO-PECUÁRIA, SA. QUINTA DA LAPAAromas intenso a frutos tropicais maduros, marcados pela presença da madeirausada. Mel, alguma baunilha. Na boca tem um bom volume de boca, com uma acidez muito elegante.

€4,00

QUINTA DO VALDOEIRO RESERVADOC BAIRRADASOC. AGR. E COMERCIALDOS VINHOS MESSIAS, SA.Cor dourada. Aroma com notas de fruta madura e compota que dão complexidade.Na boca, frutos maduros e algumas notas de baunilha que lhe são conferidos peloestágio em barrica. Final agradável e persistente.

€10,00

MONTES CLAROS RESERVADOC ALENTEJOADEGA COOPERATIVADE BORBA, CRL

Cor amarelo palha, no nariz é algo especiado,mas fresco. Na boca tem uma entradadoce, mas depois equilibra com a acidez. Um vinho untuoso, com final longo.

€5,02

CURVA RESERVADOC DOUROSOGEVINUS

Cor amarelo palha. No nariznota-se a tosta da barrica e algumas notas florais, naboca é um vinho muito marcado pela presença de madeira, mas tem uma excelente acidez aliada a um bom corpo. Tem um excelente prolongamento de boca.

€8,00

VILA SANTA RESERVAREGIONAL ALENTEJOJ. PORTUGAL VINHOS, SA.

Cor amarelo dourado, nota-se a fruta tropical tal como manga e algumas notas demadeira. Na boca é muito suave, mas permanece durante algum tempo na boca, deixando uma boa sensação de frescura.

€9,99

GRAINHA RESERVADOC DOUROQUINTA NOVA NOSSASENHORA DO CARMO

Cor ligeiramente amarela. No nariz aroma muito intenso a frutos maduros tipo (ameixa). Paladar macio, encorpado. A acidez está bem casada com a madeira que lhe confere algumas notas a baunilha.

€11,00

POçAS RESERVADOC DOUROMANOEL D. POÇASJÚNIOR - VINHOS, SA.

Vinho de Cor citrina. No nariz é floral com notas de mel, na boca tem muita estrutura.É um vinho com um optimo comprimento de boca.

€7,00

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QUINTA DA ALORNAARINTO & CHARDONNAyREGIONAL TEJOQUINTA DA ALORNA - VINHOS, LDA.Cor ligeiramente amarelada. Aroma limpo com notas de fruta e algum toque vegetal.Paladar com acidez equilibrada, notas de fruta marcadas pela madeira. Final agradável e longo.

€4,99

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2010 VINHOS BRANCOS RESERVA PAINEL DE PROVA

MONTES ERMOS RESERVADOC DOUROADEGA COOP. DE FREIXODE ESPADA À CINTA

Vinho limpo e brilhante. No nariz notas de fruta tropical com pequenas notas verdes.Na boca mostra-se fresco, com presença da fruta e uma boa acidez. Boa persistência.

€3,02

CONDE DE VIMIOSOREGIONAL TEJOFALUA, SOCIEDADEDE VINHOS, SA.

Vinho de cor citrina, com aromas de fruta fresca, com notas citrinas, numa boaintensidade. Na boca a acidez bem presente está integrada com notas de fruta, num bom volume.

€1,99

CASAL DA COELHEIRA RESERVAREGIONAL TEJOCASAL DA COELHEIRA -CENTRO AGR. DO TRAMAGALCor amarelo palha, de aroma fresco, com notas de citrino com alguma notas de fumo. Na boca existe bom equilibrio entre acidez, fruta e alguma madeira. Bom final de boca.

€4,50

GUADALUPE SELECTIONREGIONAL ALENTEJOQUINTA DE QUETZALSOC. AGRÍCOLA, LDA.

Vinho de cor cristalina, com um nariz fresco, com fruta pouca madura, mas boaintensidade. Na boca mostra a mesma complexidade aromática, num bom equilibrio entre a fruta e a acidez. Bom final de boca.

€7,49

DALVA SUNSETDOC DOUROC DA SILVA VINHOS, SA.

Cor Citrina. Aroma docee muito frutado (frutos tropicais). Confirma-se na boca os aromas tropicais, acidez muito equilibrada. Bom final de boca.

€6,00

alfarazREGIONAL ALENTEJOHENRIQUE UVA

Cor Amarelo citrino. No nariz, de notar um aroma algo evoluído, com notas minerais e florais. Na boca, um ataque fresco e boa acidez.

€5,20

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PAINEL DE PROVA VINHOS BRANCOS COLHEITA 2010

PORTALDOC DOUROQUINTA DO PORTAL, SA.

Vinho de cor pálida, nariz muito fresco com alguns toques verdes, na boca tem um optimo equilibrio com uma acidez muito elegante.

€6,00

BONS ARESREGIONAL DURIENSEADRIANO RAMOS PINTO

Cor limpa, brilhante. Um nariz fresco com notas tropicais de fruta pouco madura. Na boca é equilibrado com excelente casamento entre fruta e acidez. Belo final.

€7,90

AjUDAREGIONAL ALENTEJOHERDADE DA AJUDA

Vinho de cor cristalina, num nariz intenso, fruta tropical madura. Atractivo. Na bocamostra-se com a mesma complexidade aromatica,num belo conjunto.

€3,00

ALVARINHO (POUCO COMUM)REGIONAL MINHOQUINTA DA LIXA, SOC.AGRÍCOLA, LDA.

Nariz limpo, fresco, com boa intensidade. Na boca boa presença de fruta, comalguma untuosidade. Boa acidez e final fresco.

€4,75

QUINTA DA AVELEDADOC VINHOS VERDESSOC. AGR. E COMERCIALQUINTA DA AVELEDA, SA.

Cor citrina. Aroma intenso a citrinos (toranja e lima). Paladar fresco, equilibrio entre a acidez e a doçura, a fruta confirma-se na boca. Vinho muito agradável.

€3,99

QUINTA DA LIXADOC VINHOS VERDESQUINTA DA LIXA, SOC.AGRÍCOLA, LDA.

Vinho com um nariz muito elegante, onde sobressaem notas florais, na boca estevinho tem um corpo muito bom com uma optima acidez aliada a uma doçura muitodiscreta, fica uma ligeira gordura na boca.

€3,09

QUINTA DO GRADIL VIOGNIERREGIONAL LISBOAQUINTA DO GRADIL, SA.

Cor citrina, aroma limpo, muito intenso a frutos do tipo laranja e limão. Na boca, fresco, frutado. Muito equilibrado.

€6,40

FOLLIESALVARINHO/LOUREIROREGIONAL MINHOSOC. AGR. E COMERCIALQUINTA DA AVELEDA, SA.

Vinho de cor citrina. No nariz tem notas de limão com alguns toques verdes. Na boca tem um ataque doce com uma boa acidez. Bom prolongamento de boca.

€5,99

GRANDES QUINTASDOC DOUROCASA DE ARROCHELLA

Vinho de cor palida. Narizmuito floral. Na boca é muito equilibrado, ficamos comuma agradavel sensação de frescura na boca.

€6,99

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2010 VINHOS BRANCOS COLHEITA PAINEL DE PROVA

ALTANODOC DOUROSYMINGTON FAMILY ESTATES VINHOS, LDA.Amarelo citrino, aromamuito intenso com notas de maracuja, na boca tem umaacidez muito bem marcada, tem um final muito elegante.

€3,99

Quinta do cruzeiroDOC VINHOS VERDESGONÇALO SOUSA LOPES, LDA.

Vinho de aromas limpos com notas de citrinos. A boca é intensa, com notas de frutaverde e uma acidez elevada. Vinho bem feito.

€4,00

TONS DE DUORUMDOC DOURODUORUM VINHOS, SA.

Vinho de cor amarelada palha, no nariz é floral muito intenso, na boca confirma-se todas as notas florais do vinho, tem uma boa acidez aliada a uma boa gordura de boca.

€3,59

TRÊS BAGOSDOC DOUROLAVRADORES DE FEITORIA

Nariz completamentemarcado pela madeira nova, de tosta intensa. Na boca éuntuoso, com boa acidez e final muito agradável.

€6,90

van zellersDOC DOUROLEMOS & VAN ZELLER, LDA.

Cor pálida, no nariz é muitoelegante tem alguns toques de maracuja muito suave emuito fresco. Na boca deixa um leve travo amargo que rapidamente desapareceficando unicamente uma sensção de frescura.

€8,50

COMENDA GRANDEREGIONAL ALENTEJOMONTE DA COMENDA -AGROTURISMO, LDA.

Cor amarelo palha. Nariz floral, com alguma fruta confitada. Na boca é equilibrado, com um elegante final de boca.

€N/D

POMARESDOC DOUROQUINTA NOVA NOSSASENHORA DO CARMO, SA.

Nariz limpo, fresco, com boa intensidade. Na boca, boa presença de fruta, comalguma untuosidade, num bom equilibrio fruta/acidez.

€5,50

TRÊS BAGOS SAUVIGNONREGIONAL DURIENSELAVRADORES DE FEITORIA

Cor ligeiramente amarelada. Aroma floral muito intenso com nuances de frutosmaduros. Paladar ligeiramente frutado. Acidez equilibrada com a doçura, final agradável.

€8,50

MARQUÊS DE BORBADOC ALENTEJOJ. PORTUGAL VINHOS, SA.

Cor amarelo palha. Aroma ligeiramente evoluído. Na boca a acidez bem marcada dá equilíbrio ao conjunto.

€5,19

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PAINEL DE PROVA VINHOS BRANCOS COLHEITA 2010

TERRENUSREGIONAL ALENTEJORUI REGUINGA, LDA.

Nariz intenso, com aromas marcados pela madeira. Na boca é fresco, com a presença da madeira,num vinho de estrutura e final de boca médio.

€15,00

LOIOSREGIONAL ALENTEJOJ. PORTUGAL VINHOS, SA.

Vinho de cor amarelada palha com os aromas da tosta da barrica a sobressairem.Na boca uma frescura bem presente.

€2,99

PERIQUITAREG. PENÍNSULA SETÚBALJOSÉ MARIA DA FONSECAVINHOS, SA.

Cor ligeiramente amarelada. Aroma com notas de fruta. Paladar doce, ligeiramentefrutado a denotar alguma falta de acidez e estrutura.

€3,99

SENSES ALVARINHOREGIONAL ALENTEJOADEGA COOPERATIVADE BORBA, CRL

Vinho de cor amarelada. Nariz marcado pela tosta da madeira. Na boca tem umaacidez marcada. Vinho com alguma estrutura.

€5,02

TERRA DE LOBOSREGIONAL TEJOCASAL BRANCO, SOC.VINHOS, SA.

Amarelo citrino de cor, muito neutro de aroma, na boca tem uma acidez algo desequilibrada.

€2,95

QUINTA DO PINTOSAUVIGNON BLANCREGIONAL LISBOAQUINTA DO PINTO, SOC.AGRÍCOLA, SA.

Cor citrina, aroma a citrinos com notas de espargos verdes. Na boca tem algum açúcar residual que desequilibra um pouco o conjunto. Falta alguma acidez. Tem um final médio.

€9,00

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VINHO NO

A RAMOS PINTO, gerida pelas mãos de João Nicolau de Almeida é um bom exemplo disso mesmo, e a prova está no número de mulhe-res que ocupam cargos de chefia, a direcção de produção dos Vinho do Porto e Vinho do Douro, comunicação, direcção financeira e de marketing, são todos cargos ocupados por mulheres. Ana Rato está há 15 anos na empresa e como directora de marketing há dez e não tem dúvidas das mais-valias para a empresa. “Acho que a Ramos Pinto é um caso verdadeiramente exemplar no que diz respeito a oportunidades para as mulheres. O fundador da empresa, Adriano Ramos Pinto adorava e respeitava as mulheres, basta ver pelos belos cartazes publicitários que mandou produzir, no início do século XX”, acrescenta.Mas voltando um pouco atrás, as coisas nem sempre assim foram, “quando eu comecei atrabalhar, há 18 anos atrás, as únicas mulhe-res que existiam nos vinhos eram as da contabilidade, as secretá-rias, análises técnicas e nem existia marketing”, adianta. O contacto do mundo dos vinhos surgiu um pouco por acaso mas para trás estava já um gosto pelo sector, gostava das vindimas, gos-tava de beber vinho mas muito antes, quando ainda era pequena

É UM SeCtOr MArCADAMeNte trADiCiONAl

e MAiOritAriAMeNte MASCUliNO MAS AOS

POUCOS, O “MUNDO DOS ViNHOS” eStá A MUDAr,

AS MUlHereS COMeçAM A APAreCer e MUitAS

já OCUPAM CArGOS De CHefiAS NAS eMPreSAS

NACiONAiS.

Feminino

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VINHO NO FEMININO

gostava sobretudo de apreciar os rótulos das garrafas que eram tra-zidas pelo pai. Depois começou por retirar os rótulos e fazer uma pequena colecção, “achava piada, se calhar foi esse o click”, recorda.Ana Rato reforça que nunca encontrou nenhum entrave por ser mulher mas nem sempre isso acontece, “o sector é ainda um pouco tradicional. Só há pouco tempo é que há mulheres em determinados lugares e ainda há muitas empresas, actualmente, em que não há mulheres em cargos de direcção”. É com satisfação que nota que as coisas estão a evoluir e que as dife-renças se estão a esbater, mas na memória está ainda a pergunta que lhe foi feita na entrevista antes de integrar a equipa da Ramos Pin-to, “Sente-se à vontade para trabalhar num mundo só de homens?”. Ou seja, esse era um facto relevante, era um mundo fechado mais ligado aos homens e portanto uma mulher entrar para um lugar de marketing não era comum. “Claro que respondi que sim, que estava perfeitamente à vontade para trabalhar num mundo de homens”, refere. As diferenças nas formas de trabalhar estão à vista e são fáceis de identificar, “as mulheres são mais práticas, e não podem perder tempo, pois têm mais 50 mil coisas para fazer”, acrescenta. Esta “guerra” de sexos transforma-se muitas vezes num equilíbrio perfeito quando homens e mulheres trabalham em conjunto, as sensibilidades são diferentes, é certo, mas para Ana Rato a questão mais relevante é mesmo a paixão pelo trabalho e pelo sector.

RAMOS PINTO COM NOVO ROSTO

As mudanças estão já na fase final e vão poder ser vistas a partir de Outubro, a empresa decidiu apostar numa mudança da imagem do Vinho do Porto de forma a estar mais perto dos consumidores.

A empresa sempre foi forte em comunicação e prova disso é o tra-balho que foi desenvolvido por Adriano Ramos Pinto. Foi pionei-ro com os cartazes que criou e a empresa tem usado muitas destas imagens para os produtos actuais. O que está para vir é uma “revo-lução” mas dentro de uma coerência com a história, a tradição e os valores que querem comunicar. A gama de vinhos do Porto pratica-mente não foi reduzida mas a ideia da mudança partiu de um pres-suposto básico, desenvolver uma lógica na óptica do cliente. “Quem chega a uma prateleira e vê onze ou doze tipos de vinho diferentes não sabe o que escolher, não percebe”. A ideia é as pessoas chegarem à prateleira e verem a cor do vinho no rótulo, depois as garrafas possuem o QR code que contém infor-mação para quem tiver um telemóvel que descodifique este tipo de mensagens. Depois o contra rótulo vai conter informações simples, como por exemplo, se é um aperitivo ou digestivo, se a garrafa deve estar de pé ou deitada, e a temperatura a que deve ser bebido.“Informação clara e sucinta, este é o nosso grande projecto”, reforça Ana Rato. As mudanças foram desenvolvidas por toda a equipa, as ideias fo-ram apresentadas aos distribuidores de todo o mundo, foram feitas várias reuniões internas, por isso o resultado é consensual, “é uma gama de todos”.Além das mudanças de imagem, outra das preocupações da empre-sa está nas exportações, o mercado nacional está muito difícil, por isso as atenções estão voltadas para o exterior. O projecto de diver-sificar os mercados começou há cinco anos e já começa a dar os seus frutos. “Acho a estratégia fundamental para a nossa sobrevivência e consolidação no mercado, Ásia, Europa de Leste e América do Sul, estamos presentes em bastantes mercados”, adianta a Directora de Marketing.

Feminino

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VINHO NO FEMININO

RAQUEL LOPES_GR Consultores

A experiência de Raquel Lopes é bastante diferente, é enóloga trabalha na GR Consultores (de Rui Cunha e Gonçalo Sousa Lo-pes) e entrou no mundo dos vinhos um pouco ao acaso. Recor-da que sempre gostou de ciências, do contacto com a terra e dos animais, por isso o objectivo inicial era mesmo ser veterinária. Ainda no secundário e depois de uma visita á Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro teve uma certeza, “tinha de ir para lá de qualquer forma, até podia ser outro curso”, gostou sobretudo da calma e da natureza envolvente. E assim foi, acabou por ficar em Vila Real mas no curso de enologia. Recorda que nesse ano a maioria dos colegas queria mudar de curso mas um professor aconselhou-os a repensar a ideia, Raquel ficou convencida e não pensou mais no assunto. No final do curso seguiu-se um estágio na Casa de Sezim, outro na Adega Cooperativa de Guimarães e depois uma experiência de tra-balho menos positiva em Famalicão. Raquel Lopes desanimou mas logo depois tudo mudou,“Ligou-me uma amiga a dizer que o Gonçalo (Gonçalo Sousa Lopes)precisava de alguém para trabalhar nos vinhos verdes e para fazer a vindima em Famalicão”. Aceitou e seguiu-se o convite para ser

consultora. Confessa que teve algum receio, porque ainda estava a começar, mas reforça, “sempre tive apoio do Rui e do Gonçalo e só tenho a agradecer aos dois”. Sobre a questão de ser um mundo de homens Raquel Lopes diz que quando entrou para a faculdade as coisas já eram mais divididas sendo que no curso já havia muitas mulheres. E no mundo do tra-balho nunca notou grandes diferenças.“Sou uma pessoa com sorte, nunca tive problemas com ninguém. Na empresa são três homens e nunca foi entrave para mim, tudo depende da forma como encaras as pessoas e depende das pessoas que encontras”, afirma. Contudo, no dia-a-dia continua a ser um mundo de homens na parte da vinha e das terras. Na questão da sensibilidade feminina a enóloga Raquel Lopes reco-nhece que há uma percepção diferente das coisas mas que no global não há assim tantas diferenças entre homens e mulheres. Na GR Consultores os serviços de consultadoria em viticultura e enologia são dos mais variados. Podem ir desde projectos de insta-lação de vinhas, ao acompanhamento do ano vitícola, e depois no final ao acompanhamento da vinificação e evolução dos vinhos. Além deste tipo de trabalhos a empresa lançou-se em 2004 na pro-dução de vinhos de autor, Secret Spot, Sedna, Rhea , Crooked Vines, Pinote, Lacrau e Vale da Poupa.

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AVELEDA

A DAr AleGriA Há MAiS De 70 ANOS…

O SlOGAN NãO eNGANA e ASSOCiA O CASAl

GArCiA A MOMeNtOS De feStA e CelebrAçãO.

DiAS beM PASSADOS eM fAMíliA OU COM OS

AMiGOS NA COMPANHiA De UM ViNHO freSCO,

frUtADO e leVe.

São apenas algumas das características que têm vindo a cativar os con-sumidores ao longo de várias décadas. É um dos produtos âncora da Quinta da Aveleda que soube evoluir com os consumidores e adaptar--se aos desafios do mercado, e é o ponto de partida para uma conversa com Eng.º António Guedes.O Administrado da Aveleda não tem dúvidas que o Casal Garcia foi o que lançou a casa no mundo dos vinhos, o Brasil deu um grande impulso porque foi um dos primeiros mercados a acolher este vinho verde português. A explicação parece simples, “a colónia Portuguesa era maioritariamente do Norte e do Minho e quando viu chegar um vinho verde branco que se bebia fresco, isto num clima quente foi um sucesso”, recorda. O sucesso não se ficou pelo Brasil e rapidamente foi aceite por outros mercados de forma praticamente consensual. Há vá-rios factores que atestam essa longevidade e aceitação, tem um leque de consumidores muito grande, principalmente nas estações quentes, são vinhos que se adaptam a esses climas e portanto são vinhos refrescan-tes. “Há uma apetência por este tipo de vinhos, têm mais ocasiões de consumo, podem acompanhar aperitivos, almoço e jantar e proporcio-nam um tipo de vida mais solta”.

CASAL GARCIA

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AVELEDA

Vinho diferente, sobretudo na qualidade. Antigamente a vinha era muito diferente. A tecnologia era incipiente, quando se fez o vinho aqui, foi um técnico francês que cá veio, introduziu uma data de prá-ticas que não eram usuais, a higiene, limpeza das vasilhas, filtrações decantações que na altura eram novidade, fizeram com que se pudesse fazer um produto que era constante ao longo dos anos. Ele veio com esses métodos e deu essa possibilidade.Apesar das adaptações e das melhorias há características que se man-têm praticamente desde o início, o vinho branco dentro do vidro ligei-ramente azulado, o rótulo azul, com o rendilhado que era um lenço

da bisavó do Eng.º António Guedes, são características que atravessa-ram gerações. “Há uma intimidade do consumi-dor com esta marca, como é antiga as pessoas ouvem falar nela desde pequenas, é uma marca que nas-ce com as pessoas, não é estranha e portanto, isso cria facilidade no consumo do vinho, toda a nossa propaganda é feita nessa base. A marca está aí é sua há muitos anos, é amigo ou não é”, acrescenta Antó-nio Guedes.A marca Casal Garcia sobrepõe-se por vezes à marca Aveleda mas isso não é um problema, apesar de não as associarem uma à outra, os con-sumidores reconhecem nas duas a qualidade e notoriedade. Em 2008 surgiu o Casal Garcia Rosé que se revelou um sucesso, as vendas têm duplicado todos os anos, “é um vi-nho verde rosé, frutado com notas de morango e muito fresco, dife-rente dos que existem no mercado, adapta-se a vários momentos de consumo”, conclui.

MAIS PELO MESMO PREÇO

É uma das mais recentes campanhas da Aveleda a pensar no Ve-rão. Um litro de Casal Garcia ao mesmo preço de uma garrafa de 0.75 cl. Este pequeno mimo para os consumidores obrigou a empresa a desenvolver uma nova garrafa mas com os mesmos padrões de elegância da garrafa de 0.75 cl e a algumas adaptações na linha de engarrafamento.

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AVELEDA

O MERCADO PELOS OLHOS DA AVELEDA

O mercado dos vinhos não foge à regra e 2011 pode ser sinal de al-gumas quebras. Felizmente, para a Aveleda é uma coisa muito ligeira, “fruto da conjuntura, as estatísticas nas vendas dos supermercados está à vista. O cabaz de compras reduz-se ao essencial e é preciso ver que o vinho não é um produto essencial, é dispensável”, acrescenta.Mas no mercado externo a situação é ligeiramente diferente, as vendas da Aveleda subiram 5%, e a tendência é vir a aumentar. O mercado Português está cada vez mais estagnado, o poder de compara tem dimi-nuído e a concorrência é cada vez maior. António Guedes fala de uma guerra de preços, e muitas vezes do salve-se quem poder. António Guedes acredita que a crise vai limpar muita coisa, muitas empresas vão fechar, “vai haver uma grande monda neste país, e estou convencido que no mundo dos vinhos também vai acontecer”, adianta. As empresas que não têm capacidade de exportação aguentam-se pou-co tempo a vender a baixo preço por isso se a crise se prolongar essas empresas não vão conseguir aguentar-se.Por outro lado há mercados com possibilidades imensas, os EUA, a Europa, Canadá, Angola, Brasil e África do Sul. Convém não esquecer que logo a seguir ao Vinho do Porto, os vinhos verdes são os que mais exportam. António Guedes reconhece que o Douro tem sido muito fa-lado porque alguns produtores têm feito vinhos excepcionais e de gran-de qualidade mas reforça que também é importante existirem marcas com grande capacidade de exportação. “ O Douro não tem marcas de guerra e o Alentejo também não. O Vi-nho verde está aparte, nem é branco, nem tinto é vinho verde, único no mundo, só é preciso saber criar uma história à volta dele”.Uma das mais recentes e vem de Nova Iorque, um jovem Americano contactou a Aveleda para saber se podia pedir a noiva em casamento num dos espaços da quinta. Tudo porque adorou o vinho da Aveleda, decidiu que queria visitar Portugal, saber como é feito o vinho e por fim acabar com um pedido de casamento. A história parece saída de um livro de ficção mas não, é real e vai mes-mo acontecer em breve. É um sinal que o vinho toca as pessoas e que está sempre associado a momentos importantes de celebração, festa e amor.É com orgulho que António Guedes partilha esta história e que olha também para o que a Aveleda conseguiu conquistar aos longos dos últi-mos anos. Quando muitos diziam que os vinhos verdes não eram para exportação a Aveleda mostrou o contrário,“Fomos persistentes e conseguimos, o sucesso dos vinhos portugueses deve-se muito ao Vinho do Porto mas também aos verdes, a univer-salidade que conseguimos dar é uma satisfação. A qualquer parte do mundo que vamos, não é difícil encontrar os nossos vinhos”.O segredo é estar atento á mensagem dos consumidores, a marca tem passado várias gerações, “foi criada pelo meu pai e o meu avô ainda era vivo, os meus filhos e sobrinhos já aqui trabalham e vão continuar… O espírito mantêm-se”, conclui.

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HERDADE DA MINGORRA

A ideia de criar uma linha gourmet estava prevista por Henrique Uva desde o inicio do projecto e era partilhada pelo enólogo Pedro Hipólito.“Tínhamos a vontade de produzir um vinho de colheita tardia, na nos-sa propriedade, sabíamos que à partida seria difícil, mas é um tipo de vinho que é muito do nosso agrado”. Depois de ter sido produzido pela primeira vez em 2009, e reconhecendo nele características únicas que se identificam com o nosso projecto, resolvemos criar uma linha “M” de Mingorra Gourmet, onde colocaríamos produtos com esse perfil: características diferentes, únicas mas que se identificam com a Herda-de da Mingorra, acrescenta Henrique Uva. Mas afinal que características diferenciadoras são essas?

A resposta surge solta nas palavras de Henrique Uva. O Late Har-vest (Colheita Tardia) é um vinho branco doce, feito com uvas so-breamadurecidas, a partir da casta Semillon, vindimadas à mão, em final de Outubro.

O “M” DeSeNHADO SUbtilMeNte A DOUrADO,

COMO Se De PeqUeNAS PePitAS De OUrO

Se trAtASSe DeixA ADiViNHAr O CONteúDO

DAS GArrAfAS. UMA liNHA GOUrMet

COM PrODUtOS De exCelêNCiA,

UM lAte HArVeSt brANCO e UM eSPUMANte.

DE MINGORRA

Uma das características que o diferencia de outros vinhos do mesmo género é a menor quantidade de açúcar, resultando num excelente ba-lanço entre doçura e acidez.Outra das curiosidades é que para a obtenção deste vinho, as uvas são afectadas pelo fungo “Botrytis Cinerea” (podridão nobre).

“Este sim é um verdadeiro desafio na nossa região, conseguir-se, com a longa permanência das uvas na vinha e concentração da polpa, um resultado de qualidade, que já encontrou o seu lugar junto dos consu-midores”, destaca.

Em relação ao Espumante, a diferenciação também está presente, “ela-borámos um vinho fresco e atraente, diferente dos outros tantos pro-duzidos na região”. É feito através do método clássico, é um Espumante Bruto feito a partir de castas locais e de novas variedades introduzidas na propriedade. A vontade de inovar é constante por isso é natural o aparecimento de novos produtos e referências no mercado.

Trabalhar em Contraciclo

Tem sido assim para a Mingorra nos últimos anos, o crescimento foi superior a 150% e desde 2004 que o crescimento não tem parado. Ape-sar das adversidades e dos constrangimentos da conjuntura o projecto foi implementado. “Todos os objectivos foram tratados com calma e prudência, uma vez

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descurado, para já cobrem 75% do território nacional e a aposta é para continuar quer através de vinhos com boa relação qualidade-preço, quer através de vinhos diferenciadores.

Além da vinha, a Herdade da Mingorra tem um olival de grande dimensão, que permite produzir um azeite próprio, com a marca Alfaraz. Resulta da combinação de diferentes variedades de azei-tona, que também o tornam distinto. “A aposta neste produto vai continuar a crescer, vindo no futuro a surgir outras referências dentro desta gama”.

O Enoturismo é outra das vertentes a explorar, como não podia dei-xar de ser esta Herdade Alentejana, a escassos quilómetros da cidade de Beja, tem uma beleza natural que encanta qualquer pessoa que lá passe. Ou seja, características essenciais para desenvolver um projecto de enoturismo. Por enquanto organizam visitas guiadas à adega, acom-panhadas por um técnico, provas com uma boa escolha de vinhos e seguidas, ou não, de um almoço harmonizado. “O que pretendemos no futuro é ter uma unidade de turismo rural, com todas as comodidades modernas, não perdendo a essência de uma estadia no campo, com tudo o que é inerente”, revela.Henrique Uva adianta que seguindo uma linha de prudência, o pro-jecto, apesar de já se encontrar bem delineado, só será concretizado a médio prazo. Prevista está também o desenvolvimento da actividade sinegética, uma vez que a caça de salto é uma das principais actividades praticadas na Herdade.

que engloba uma grande área de vinha e consequentemente um grande investimento na adega, mas também sabemos que temos de ser arro-jados para o projecto poder ser viável”, refere Henrique Uva. Determi-nante foi também o investimento feito nos 140ha de vinha, respeitan-do as castas e a antiguidade de cada parcela, mas inovando através da plantação de novas variedades.O facto de fazerem uma aposta forte na exportação, tem ajudado na consolidação da empresa.O administrador não tem dúvidas que às vezes parece que estão a tra-balhar em contra ciclo. Tanto as adversidades meteorológicas, como as circunstâncias sociais e politicas, nacionais e internacionais, criam incertezas que vão dificultando o caminho inicialmente tracado. Pre-parados para continuar a crescer e prosperar, têm a consciencia que se devem ir adaptando aos novos cenários que se criam.Essencial para combater todos os obstáculos, é sempre a vontade de continuar e o empenho de toda a equipa.

“Tenho de confessar que sempre tive muita esperança e fé no sucesso deste projecto, talvez por ter sido um sonho muito antigo. A calma e prudência que tivemos no inicio, fez-nos criar este projec-to de uma forma sustentada. Uma aposta para hoje podermos chegar onde estamos. Mas também sabemos que ainda temos muito para per-correr e para fazer!”

A exportação continua a ser um dos grandes objectivos, é preciso manter e incrementar. No entanto, o mercado nacional não tem sido

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MARCAS COM HISTÓRIA

Contar a história da marca é contar a história da José Maria da Fonse-ca, empresa fundada pelo homem que lhe deu o nome. Corria o ano de 1830, na altura José Maria da Fonseca da Fonseca deixou Viseu e resolveu instalar-se a Sul do Tejo, mais precisamente em Nogueira de Azeitão uma aldeia da Península de Setúbal.Foi aí que nasceu um dos mais antigos vinhos de mesa de Portugal, José Maria da Fonseca comprou várias propriedades, entre elas, uma denomi-nada Cova da Periquita em 1846.Nessa terra começaram a ser plantadas as primeiras castas de castelão e cedo se percebeu que a qualidade das uvas era excepcional. De tal maneira que muitos produtores chegaram a pedir varas daquela casta para plantarem nas suas terras.Nascia assim o vinho da Periquita conhecido em toda a região e que viria a ser comercializado com esse mesmo nome. Sobre a data da primeira colheita as dúvidas permanecem até hoje mas é certo que em 1850 o vinho já estava a ser produzido, anos depois, a colheita de 1886, chegou mesmo a ser distin-guida com a medalha de ouro na Exposição de Vinhos de Berlim em 1888.Mas não se pense que a produção era descuidada ou até rudimentar, a em-presa estava bastante á frente do seu tempo e nada era deixado ao acaso. Os rótulos eram impressos em Paris, as garrafas produzidas em Inglaterra e França, chegando mesmo a ser contratado um perito Catalão para selec-cionar as rolhas de melhor qualidade. Em 1880, a produção de Periquita rondava as cinquenta mil garrafas, quando agora vende anualmente qua-tro milhões e meio de garrafas.O caminho foi feito de altos e baixos, nos anos trinta as exportações caí-ram de forma acentuada devido à revolução no Brasil e às medidas protec-cionistas sendo o moscatel de Setúbal o mais penalizado. Isso fez com que o Periquita se notabilizasse tornando-se o produto líder da José Maria da Fonseca, 1938 foi o ponto de viragem. Todos os anos saía uma nova colhei-ta para o mercado e ainda hoje é um dos vinhos europeus mais vendidos naquele mercado.

PERIQUITA

É um vinho tinto produzido predominantemente com a castaCastelão. O blend faz-se com 85% de Castelão sendo o restante completado com as castas Trincadeira e Aragonez. É um vinho único que reflecte as características da Península de Setúbal, que reflete o gosto dos consumi-dores. A marca soube adaptar-se às exigências dos mercados e passados 161 anos desde a primeira garrafa, e após ligeiras alterações, o Periquita mantém-se moderno e actual.

A maior parte, cerca de noventa e cinco por cento das uvas que constituem o blend do Periquita são produzidas em solo arenoso e cinco por cento em solo argilo-calcário.

A vindima começa a ser feita em meados de Setembro, a fermentação de-corre durante aproximadamente 7 dias a uma temperatura controlada de 28ºC. Depois de seis meses o viho é normalmente armazenado em tonéis antigos de 20.000 litros que se encontram na Adega da Mata, localizada na Casa Museu José Maria da Fonseca, no centro de Vila Nogueira de Azeitão.

Periquita Reserva e Superyor

O Periquita reserva surgiu de um trabalho que começou a ser desenvolvi-do ainda antes dos anos 90 cerca de 12.000 garrafas, de colheitas excep-cionais foram envelhecidas pelo menos durante dez anos e acabaram por chegar ao mercado sob a designação de reserva. O Periquita Reserva afirma-se como “o herdeiro da verdadeira tradição do Periquita e, simultaneamente, uma visão para o futuro”. Também aqui o Castelão é a casta predominante conjugada depois com a Touriga Nacional e a Touriga Franca. O resultado está à vista, um vinho de perfil elegante e despretensioso, extremamente consensual, quer para o consumidor na-cional, quer para o consumidor estrangeiro.

Mas a marca não ficou por aqui, na colheita de 2008 a empresa teve a oportunidade de criar um novo néctar, o Periquita Superyor, um vinho super-premium nascido da principal casta tinta da Península de Setúbal, o Castelão. As uvas de vinhas velhas, foram pisadas a pés, e o vinho estagia durante 14 meses em barricas novas de carvalho francês. A marca Periquita tem várias referências no mercado entre elas, o Periquita Branco, Rosé, Tinto, Periquita Reserva e Peri-quita Superyor.

A marca foi registada por José Maria da Fonse-ca em 1941, daí o título de mais antiga marca de vinho de mesa Portuguesa. Cedo tornou-se po-pular em Portugal mas a notoriedade é também reconhecida além fronteiras em mercados como a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, o Brasil, o Reino Unido, os Estados Unidos da América e o Canadá.

Apesar de completar mais de 160 anos, o Periqui-ta tem sabido adaptar-se ás exigências dos con-sumidores e é apreciado de geração em geração.

JOSÉ MARIA DA FONSECA

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ENTREVISTA

Aproveitando o lançamento do Irreverente Rosé, fomos entrevistar Bruno Cardoso, Director Comercial da UDACA – União Demarcada das Adegas Cooperativas do Dão.

Para Bruno Cardoso, os primeiros 7 meses de 2011 foram meses bastan-te positivos para a empresa. Os diversos prémios atribuídos aos Vinhos UDACA (o último dos quais para o Vinho UDACA 2006 como “Melhor Compra” na Feira Guangzhou Interwine 2011, realizada na China, um dos principais mercados da empresa) ajudaram a consolidar a empresa em alguns mercados externos.Recentemente a UDACA recebeu também o estatuto PME líder.A tendência no ano de 2011 tem sido a consolidação dos mercados interna-cionais que se assumem como uma aposta estratégica da UDACA. Nestes 7 meses o volume de exportação da empresa traduziu-se em 55%.

Porquê o lançamento do Irreverente Rosé?O Rosé assume-se como uma novidade e um produto que a UDACA não comercializava à mais de 15 anos. Optamos em 2011 por retomar a produ-ção de Rosé por acharmos também que este ano conseguimos encontrar o perfil de vinho que já procurávamos à uns anos.

Quais as principais características deste vinho?Este vinho é a prova que a Região do Dão tem excelentes condições para a produção de Rosé. Com base nas castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto, o Irreverente Rosé tem um aspecto cristalino e cor rosada com reflexos cereja. No Aroma apresenta notas delicadas de framboesa, groselha e flor de la-ranjeira e no sabor demonstra estrutura e acidez equilibradas, requintada frescura e longa persistência

Quais são as expectativas de venda?Para a primeira edição a UDACA produziu apenas 13.000 garrafas que estimamos vender na sua totalidade até Outubro. Como está a reagir o mercado?O Vinho encontra-se ainda numa fase de lançamento mas a reacção e re-ceptividade tem sido bastante positiva em mercados como França, Bélgica, Luxemburgo e brevemente para Ásia. Apesar de não ser um produto ao qual os clientes da UDACA estão acostumados, a qualidade dos restantes vinhos UDACA dá garantias aos nossos clientes que o Rosé se pauta pelos mesmos níveis. Quais os principais mercados?O vinho, bem como a grande maioria da comercialização dos Vinhos UDACA, destina-se essencialmente aos mercados internacionais. Os principais mercados para o Irreverente Rosé serão os mercados Europeus bem como Ásia, Estados Unidos e Brasil. Quais os principais projectos que se seguem?A UDACA vai apresentar brevemente uma nova Gama de Vinhos “Feira de São Mateus”. A Feira de São Mateus é a Feira mais antiga de Portugal que se realiza à 619 anos em Viseu. A UDACA foi o parceiro escolhido para apresentar uma gama de 3 Vinhos comemorativa desta conceituada Feira. Os Vinhos estarão à venda na Feira e posteriormente comercializa-dos pela UDACA nos mercados em que actua. Esta nova gama de vinhos, vinificada nas Adegas Cooperativas associadas da UDACA, alia toda a tra-dição, tipicidade, genuinidade e qualidades dos Vinho do Dão a uma Feira conhecida internacionalmente e que conta com mais de 600 anos.É assim o casamento perfeito entre um dos produtos mais tradicionais da Região e a Feira mais antiga de Portugal.

UNIÃO DEMARCADA DAS ADEGAS COOPERATIVAS DO DÃO

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E com um calores destes, o vinho é um parceiro ideal, que com um consumo cada vez mais acentuado e já crescente nos últimos anos e depois de chegada esta estação do ano primordial para esse mesmo consumo, os vinhos brancos tão versáteis e apelativos existentes no mercado irão ser aqui retratados neste artigo no binómio vinho bran-co e a comida típica desta pausa de Verão.Um pouco por toda a parte, e nas vozes das opiniões deste e daque-le nosso amigo, está hoje de forma merecida e consolidada por pré-mios e reconhecimentos nacionais e internacionais alicerçadas em vendas crescentes a Região do Vinho Verde, ligada há muito tempo aos gostos e escolhas das prateleiras de garrafeiras e supermercados, bem como dos vastos restaurantes disponíveis pelo nosso território.O Vinho Verde hoje está muito bom e recomenda-se muito, já que além de casas clássicas e de confiança que mantêm uma identidade da região, “saltaram” para o mercado marcas novas e afirmadas, co-locando um estilo procurado por um mercado de clientes que cresceu e se tornou muito mais especializado.Não será de estranhar que o frigorífico lá de casa tenha pelo menos uma garrafa de Vinho Verde, prontinha para ser aberta num almoço de saladas ou massas frescas para atacar o calor bem como uns ma-riscos comprados nas bancas e lojinhas típicas da nossa beira-mar sediadas, acompanhadas por umas tostas e uns vegetais grelhados, que assumem uma refeição descomprometida e divertida com a sen-sação refrescante trazida pela mineralidade, fruta leve e fresca, ca-racterística dos vinhos desta região.Pela região do Douro, já é mais do que usual um complemento aos brancos em madeira e austeros, bons para uns peixes gordos grelhados ou de forno, feita também por brancos sem estágio de madeira, vibran-tes, com uma frescura e fruta no aroma facilmente assimiláveis, leves e florais. Para estes vinhos aqueles vários petiscos que possuímos na nossa Gastronomia Portuguesa, como o polvo de coentrada, o recheio de sapateira ou umas costeletas de sardinha panadas levemente tem-peradas com limão, vão ser um par de sucesso lá por casa.

eSte VerãO De 2011 qUe tArDOU eM CHeGAr, e Só NeSteS últiMOS

DiAS MOStrOU OS SeUS PriMeirOS rAiOS qUeNteS De SOl, tãO

APeteCíVeiS NA HOrA De ir De fÉriAS e qUe AtrASArAM tAlVez AS

tíPiCAS “tAiNADAS” CASeirAS, CHUrrASqUiNHOS eM NOSSA CASA OU

De AMiGOS, e AqUelAS tArDeS De AlMOçArADAS PelA tArDe fOrA AO

Ar liVre.

POr: SÉrGiO PereirA (eSCANçãO & DireCtOr reStAUrANte DOCAx, MAtOSiNHOS)

ARTIGO DE OPINIÃO

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Numa afirmação recente e que mais bons episódios irão trazer, estão as renovadas regiões do Dão, Bairrada e Beiras, com exemplares mi-nerais, levemente metálicos, de fruta de pomar nos aromas e de boca intuitiva, que com aquela orelha de porco com molho verde, ou até uma alheira na brasa com uns pimentinhos assados vão fazê-lo olhas para estes vinhos com bons olhos. E que vinhos!!

Nos vinhos mais a Sul, nas regiões de Tejo, Lisboa, Setúbal e Alen-tejo, encontramos soluções de fruta mais evidente em aroma e boca, bem como um corpo um pouco mais presente, trazendo por vezes um controverso palato de frescura e calor pela existência de notas mais complexas de alguns vinhos destas regiões.Com segurança, o acompanhamento de uma açorda de coentros ou marisco, de umas tiras de porco preto só com sal na brasa, ou uma salada de queijo Serpa DOP com beldroegas, vão fazê-lo sentir numa “onda” de dois sabores e sensações finais que são

ARTIGO DE OPINIÃO

também muito importantes quando abrimos um vinho por casa ou o escolhemos num restaurante, para não tornar o balanço fi-nal de boca desconcertante, e que muitas vezes relegam para o esquecimento ou até rejeição futura mais o vinho que se achou mau do que o prato que se diz sempre “Já comi melhor, mas não está mau…”.

Se com este texto ajudo a “desmontar” a teia de muitos nomes e adjec-tivos utilizados nos meios da especialidade quando tratam de comida e vinhos, na próxima visita a uma garrafeira pergunte e peça uma ajuda sobre esta temática e por certo a sua confiança vai aumentar.

Como digo sempre, liberte-se, erre, pergunte e experimente…Descu-bra afinal que testar e provar levam ao conhecimento!

E ao reconhecimento dos bons vinhos de Portugal!

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Chegar ao mundo da cozinha foi um acaso na vida de Henrique

Sá Pessoa, a paixão começou por volta dos 15 anos mas tudo

ficou mais claro com um curso de cozinha nos Estados Unidos,

“percebi que estava na profissão certa e apaixonado”. Daí à

profissionalização o caminho foi curto.

“Assim que comecei a tirar o curso, adorei! Sabia que seria e

será sempre um percurso trabalhoso mas se gostamos do que

fazemos é muito gratificante!”, acrescenta. O Chef Sá Pessoa

considera que a experiência no estrangeiro foi fundamental, o

contacto com outras culturas, formas de estar e pensar, hábitos

alimentares e variedade de produtos, “ganhei muita maturidade

e comecei a criar um estilo próprio que está em constante cresci-

mento”, acrescenta.

Regressou a Portugal e trabalhou em alguns espaços emblemáti-

cos como o Bairro Alto Hotel e o Sheraton em Lisboa e tornou-se

conhecido do grande público através de um programa de tele-

visão. Essa foi a forma de entrar em casa da maioria dos portu-

gueses, “a televisão tem esse poder mas o que gosto é da oportu-

nidade de poder partilhar e passar aquilo que sei e aprendi para

outros. Fico feliz quando sei que consigo passar o “bichinho”

da cozinha para outros”, reforça. Tem noção que pode mesmo

ser, para muito jovens, uma inspiração e um modelo a seguir e

isso fá-lo ter ainda mais responsabilidade no dia-a-dia confessa

que o mais importante é que esses jovens que percebam quais as

razões certas para seguir esta carreira.

A profissão de Chef de cozinha mediatizou-se e hoje está mesmo

na moda para alegria de Sá Pessoa,

“Felizmente os Chefs, em tempos recentes, finalmente começa-

ram a ter o reconhecimento merecido do público e dos media.

Penso que é uma moda para demonstrar que cozinhar e comer

faz parte dos grandes prazeres da vida das pessoas. Os chefs são

qUeM NãO ArriSCA NãO PetiSCA... fOi NeSte

ANtiGO DitADO qUe HeNriqUe Sá PeSSOA

PeNSOU qUANDO eM 2009, eM PleNA CriSe,

DeCiDiU AVANçAr COM O “AlMA”, UM PrOjeCtO

eM NOMe PróPriO qUe rAPiDAMeNte Se

tOrNOU UM lUGAr ObriGAtóriO PArA OS

AMANteS DA NOVA COziNHA POrtUGUeSA.

GOURMET

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PessoaSáHENRIQUE

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embaixadores deste movimento, mas com as modas também

vêm aspectos negativos, hoje em dia alguns jovens querem ser

Chef pelo mediatismo e não deveria ser esta a sua motivação”,

acrescenta. Sá Pessoa destaca que para singrar é importante ter

“determinação, persistência, viajar, e muito, muito trabalho”,

sem esquecer claro que “a paixão pela cozinha é a base de tudo

isto”, conclui.

Para o futuro Henrique Sá Pessoa tem muitos projectos ainda

para concretizar, “continuar com o programa de televisão, edi-

tar mais 2 livros que já estão agendados e possivelmente avançar

com outro projecto de restauração”.

GOURMET

RESTAURANTE ALMA

É o primeiro projecto pessoal de Sá Pessoa, surgiu em 2009,

em plena crise económica mas isso não o fez demover dos

objectivos.

“Sabia que era um risco mas como o ditado diz: “quem não

arrisca não petisca”. Sabia que com a equipa que tinha e

com algum do nome que já tínhamos construído na “praça”

seria um risco calculado, o equilíbrio preço, qualidade é

fundamental nestes projectos”. A cozinha do Alma continua

fiel às raízes de Sá Pessoa e pode definir-se como “moderna

com forte inspiração na cozinha portuguesa e nos produtos

portugueses, não é tradicional mas respeita as nossas bases,

gosto de oferecer um pouco de tudo nos meus menus”. O

Alma não é excepção por isso a carta muda de forma sazo-

nal, quatros vezes por ano mas existe sempre uma secção

de clássicos que inclui todos aqueles pratos que as pessoas

gostam e quase exigem na carta.

47

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INGREDIENTES

8 Gambas

9 vagens de Baunilha

Frutas tropicais (1 manga, 1 abacaxi)

1 Malagueta Vermelha picada

1/2 Lima

1 molho de ervas aromáticas (coentros)

Flor de Sal q.b.

Pimenta q.b.

Azeite q.b.

PREPARAÇÃO

4 horas antes de fazer a receita, aqueça numa frigideira a polpa da

vagem de baunilha com um fio de azeite sem deixar que ferva.

[Sugestão do Chef] Guarde o azeite num frasco durante duas sema-

nas e use para temperar todo o tipo de peixes.

Com um espeto de madeira, perfure as gambas e alargue ligeiramen-

te o furo para colocar de seguida a vagem de baunilha. Tempere com

flor de sal e pimenta.

[Sugestão do Chef] Pode preparar um tempero de flor de sal com

baunilha, que serve para todo o tipo de peixe.

Corte uma manga e um abacaxi em pedaços, pique um molho de

coentros e uma malagueta.

[Segredo do Chef] retire as sementes da malagueta para ficar

menos picante.

Junte sumo de lima, tempere com azeite, sal e misture bem todos os frutos.

Frite as gambas em azeite baunilhado e regue a parte superior das gambas

com o azeite da fritura.

[Observação do Chef] O camarão frita muito rápido! Se for verão,

grelhe as gambas no carvão.

APRESENTAÇÃO

Coloque folhas de alface no prato, temperadas com azeite de baunilha e

pimenta, junte a salada tropical e por último a espetada de gambas.

ESPETADA DE GAMBAS EM VAGEM DE BAUNILHA4 PAx

Por Henrique Sá Pessoa

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CREME INGLÊS COM FRUTA CARAMELIZADA4 PAx

INGREDIENTES

2 vagens de Baunilha

300 ml de Leite

200 ml de Natas

5 ovos

150g de Açúcar

2 colheres de chá de Farinha maizena

1 colher de sopa de Açúcar Mascavado

1 colher de sopa de Manteiga

1 Pêra

1 Maçã

Pimenta preta q.b.

Noz Moscada q.b.

PREPARAÇÃO

Coloque o leite com as natas a aquecer num tacho e junte a polpa da

vagem de baunilha. Quando ferver, retire do lume e deixe a baunilha

libertar o seu perfume.

Bata 5 gemas com 150 g de açúcar.

[Sugestão do Chef] reduza a quantidade de açúcar até 30 g se não

quiser que fique tão doce!

Quando as gemas estiverem esbranquiçadas, tempere-as com o leite

para as habituar à temperatura e junte de seguida a gemada ao leite.

Volte a colocar o tacho no lume para as gemas cozerem e engrossa-

rem o leite. Dilua a maizena num pouco de leite e junte à mistura,

mexendo devagar. Retire o creme e coloque numa taça.

Coloque 1 colher de sopa de açúcar mascavado e 2 cubos de man-

teiga numa frigideira e acenda o lume. Corte pêras e maçãs às fatias,

deite os pedaços de fruta na frigideira e tempere com pimenta preta

e noz moscada.

APRESENTAÇÃO

Sirva a fruta num prato regando-a com o creme inglês.

Por Henrique Sá Pessoa

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C. DA SILVA

No passado dia 01 de Julho, aproveitando a participação no “Cir-cuito da Boavista 2011”, a C. da Silva apresentou o seu Dalva Rosé. Num evento que contou com a presença de Paulo Ramos da Co-cktail Academy, a C. da Silva demonstrou que não há más alturas para degustar um Porto Rosé.Paulo Ramos, World Master Bartender e, um dos maiores especia-listas do sector, aceitou o desafio de preparar, em pleno Paddock do circuito da Boavista, alguns cocktails tendo por base o Dalva Rosé.Numa acção que visou dar a conhecer o Dalva Rosé a novos con-sumidores e potenciar novos momentos de consumo, Paulo Ramos quase não chegava para todas as solicitações, tantos foram os inte-ressados em provar os excelentes cocktails, resultado da mistura do Dalva Rosé com as mais variadas frutas, desde a laranja, o limão, a tangerina, as framboesas, uvas, etc… O gengibre foi também utili-zado e até malaguetas se viam na mesa improvisada para o efeito.O calor que se fazia sentir, tornou ainda melhor a experiência. A nota menos positiva vai para o barulho que se fazia sentir no recin-to, devido à realização das provas, parte integrante da competição.

No entanto, nada disso impediu que o evento se transformasse num verdadeiro sucesso.O lançamento deste produto surge com a necessidade de continuar a provocar no consumidor novos desafios, novas tendências, levan-do à “reciclagem” dos habituais consumidores de Vinho do Porto. Numa lógica seguida por outras empresas do sector, a C. da Silva lança-se numa nova aposta, tentando que este novo produto alavan-que as vendas de que o sector tanto precisa.Quanto ao vinho, propriamente dito, trata-se de um vinho elabora-do com o mesmo estilo e com as mesmas uvas das usadas no restan-te vinho do Porto, tendo apenas uma exposição limitada à casca da uva. Somente o suficiente para ganhar a cor rosada.Por norma são vinhos muito frutados que devem ser consumidos mui-to frios, simples ou com as combinações que desejar. Se juntar uma rodela de laranja e uma folha de menta, veré que o resultado é óptimo.O Dalva Rosé, é um vinho exuberante de aroma a framboesa e mo-rango, com um toque floral. Muito equilibrado na sua doçura fruta-da, lembrando cereja, mel, toranja. Suave e atractivo.

DalvaRoséAPRESENTA-SE NO CIRCUITO DA BOAVISTA

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O projecto nasceu em 2001, nessa altura foi plantada a vinha e em 2003 começaram a surgir os primeiros vinhos, hoje reconhecidos na-cional e internacionalmente.A proximidade do Atlântico confere aos vinhos da Comporta uma frescura e acidez diferenciadoras, a vinha está plantada num vale, um pouco protegida, é bastante arejada, os solos são arenosos e fáceis de trabalhar. O Eng. Miguel Palma faz as honras e conduz-nos a uma visita guiada pelas vinhas da Herdade, pelo caminho vai explicando pedaço a peda-ço, aquilo que vemos,

“A nossa vinha está em protecção integrada o que quer dizer que só actuámos na vinha quando é necessário, estamos numa posição privi-legiada temos o mar a 2 km e o rio a 7 km, o que produz um microclima e faz com que as maturações sejam muito lentas, quando o Alentejo acaba de vindimar em finais de Agosto nós só começamos na terceira semana de Setembro”, refere.Outro factor importante para garantir a qualidade das uvas está na adega, que tem o dobro da capacidade da vinha. Permite fazer uma vin-dima muito rápida, já que as maturações lentas fazem com que a vindi-ma comece já numa altura perigosa, com o inicio das primeiras chuvas. “Temos ali castas que se apanham mais humidade nesta fase, reben-

O PrOjeCtO NASCeU eM 2001, NeSSA AltUrA fOi

PlANtADA A ViNHA e eM 2003 COMeçArAM A

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SOL, MAR, AREIA… E VINHO UMA COMbiNAçãO PerfeitA PArA UNS DiAS De DeSCANSO e lAzer

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tam e começam a fazer fermentações precoces na vinha, não podemos deixar isso acontecer, este clima é único e dá particularidades únicas aos vinhos”, acrescenta.

Voltando um pouco atrás, a empresa começou por apostar numa única marca, a Herdade da Comporta, “primeiro porque quando temos mui-tas marcas e temos que as dar a conhecer começamos a dispersar capi-tal”. Hoje há uma grande proliferação de marcas por isso a estratégia inicial foi apostar numa única marca para não correrem o risco de ser mais uma empresa no mercado. A aposta foi para os vinhos de quali-dade mas com os preços um pouco abaixo da concorrência, o mercado estava difícil e o objectivo era vender mais de 100 mil garrafas.

“Como as vinhas eram novas tivemos que fazer concentração de ca-chos, mandar muitos abaixo, em vez de produzir 8 toneladas, produzí-amos 4 por hectare”, recorda.Depois a vinha começou a ganhar maturidade e começaram a ser fei-tos pequenos lotes de um segmento mais alto com a marca “Parus”, são pequenos lotes de seis, sete mil garrafas. Um vinho extremamente cuidado, colhido à mão quase videira a videira, e onde os cachos são muito escolhidos. Mais tarde, e por uma questão de complementarida-de de gama foi lançado o vinho “Chão das Rolas”, é o entrada de gama.

“Surgiu porque foi solicitado pelos nossos parceiros do Hotel Tivoli, foi feito exclusivamente para eles mas a pressão tem sido tão grande que começamos a lançar para o mercado e já vai nas 60 mil garrafas, não existe na distribuição moderna só no canal HORECA”, acrescenta.

E as vendas não podiam estar a correr melhor…

A Herdade da Comporta começou por vende 40 mil garrafas, no ano passado as vendas foram de 180 mil e todos os anos o crescimento anda na ordem dos 30%.Brancos ou tintos? A escolha não é fácil e Miguel Palma prefere comen-tar o que ouve: “Já ouvi pessoas muito conhecedoras a dizer que um apreciador de vinhos acaba sempre nos tintos ou então dos tintos vai para os brancos. Até lá não consegue perceber a essência de um bom vinho branco”. Uma coisa Miguel Palma não tem dúvidas, e aqui fala mais alto o lado comercial, bons vinhos são aqueles que se vendem. “Este ano em ter-mos de vendas vamos 40% acima do ano passado, temos subido muito na exportação”.O mercado português está muito parado por isso a estratégia é toda para fora, Canadá, Angola, Alemanha, Suécia e brevemente, EUA e Brasil. De-pois vendem um pouco no eixo Asiático, Macau, Hong Kong e China. E

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se as vendas crescem os projectos vão no mesmo sentido, a área de vinha vai aumentar 5 hectares, três de branco e dois de tinto, num total de 30 hectares, isto a par das reconversões que têm vindo a acontecer. Apresar dos bons resultados, os termos recessão e crise não são esquecidos, são até um incentivo para trabalhar melhor que a concorrência, trabalhar mais, com melhor organização e saber muito bem o que se faz. “Acelerar a exportação é o caminho, existem programas da comuni-dade europeia que temos que aproveitar, o melhor é aproveitar agora senão nunca fazemos nada”. O final de 2011 pode trazer uma surpresa para os mais chegados, um vinho novo chamado, “Comporta”, um topo de gama, 3 mil garrafas que nem vai chegar a entrar na comercialização. Vai ser destinado a amigos, pessoas mais próximas que vão apreciar este néctar tão especial.

Muito para além do vinho…

A riqueza da região faz com que o projecto da Comporta seja muito para além da vinha, aliás “o vinho é a cereja em cima do bolo”.O bolo não pára de crescer, os planos de desenvolvimento turísticos andam na ordem dos 50 milhões de euros, e contemplam vários tipos de oferta para que as pessoas visitem a Comporta tanto no Inverno como no Verão. Três campos de golfe, actividades de observação de pássaros, percursos pedestres, existe um projecto para a construção de um centro equestre, tudo isto a juntar a vários eventos que já são realizados na zona. Miguel Palma reforça que o projecto não passa só pelo vinho e que a empresa preocupa-se muito com aspectos sociais e com a agricultura. Além do negócio da vinha existe o negócio da relva, a exploração do pinheiro, a horticultura, e a produção de batata, cenoura e amendoim. Por curiosidade a Herdade da Comporta está a criar um projecto com uma empresa francesa de flores de cheiro para fazer extractos para a perfumaria. “Nós temos aqui um privilégio porque temos terras de areia, um clima óptimo, água” E claro está o vinho...

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ALVARINHO QM E CASTRUS DE MELGAçO SÃO AS SUGESTõES

Quintas de Melgaço propõem um Verão pre-miado.A Quintas de Melgaço sugere, para o tempo quente, os seus vinhos medalahados Castrus de Melgaço e Alvarinho QM, perfeitos para sa-borear a leveza da casta Alvarinho. Ao todo são seis medalhas para os vinhos que vão marcar a estação quente.São dois vinhos ideais para acompanhar as re-feições típicas da estação. O Alvarinho QM é um vinho ideal para acompanhar saladas e pratos à base de peixe, com o seu aroma frutado, notas exóticas e ligeiro floral desta criação Quintas de Melgaço que lhe valeram já quatro medalhas, das quais a mais recente é a medalha de ouro no Alvarinho International Wine Challenge. Para saborear pratos mais condimentados, como peixe assado, ou ainda grelhados, o Cas-trus de Melgaço é o ideal. De aroma intenso e frutado, com predominância de fruto tropical, foi também premiado com uma medalha de ouro no International Wine Challenge

j. PORTUGAL RAMOSazeite oliveira ramos premiumDESIGN INOVADOR CONQUISTA PRÉMIO INTERNACIONAL’

A Los Angeles International Extra Virgin Oli-ve Oil Competition assinala doze edições, sendo uma das mais prestigiadas em termos mundiais. Este ano contou com a presença de 600 produtos a concurso que foram divi-didos por diversas categorias de acordo com designações regionais e níveis de intensida-de de frutado.Este ano, o azeite Virgem Extra Oliveira Ramos Premium da empresa J. Portugal Ramos, rece-beu a medalha de Ouro na Los Angeles Inter-national Extra Virgin Olive Oil Competition, na categoria Packaging Design - Innovative De-

PVP Alvarinho QM 2010: 7,99 €

PVP Castrus de Melgaço 2010: 9,50 €

sign. A garrafa desenvolvida para o azeite destaca-se pelo facto de ser foscada e serigrafada com uma mensagem “manuscrita”, em relevo, do produtor João Portu-gal Ramos com a história ligada à produção deste produto. A emba-lagem tem uma grande harmonia estética, transmitindo um inegá-vel requinte que lhe confere um posicionamento diferenciado e de prestígio. Para além desta distinção, o azei-te Virgem Extra Oliveira Ramos Premium conquistou a medalha de Prata na categoria de Delicate que valorizou o seu sa-

bor único que alia frescura, elegância e um fru-tado intenso. O reconhecimento internacio-nal é muito importante para uma marca que aposta na internacionalização e já se encontra presente em vários países.

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NOTÍCIAS

LAVRADORES DE FEITORIA COM O úNICO VINHO PORTUGUÊS A SER PREMIADO‘TRêS BAGOS SAUVIGNON BLANC 2010’ GANHA MEDALHA NO ‘CONCOURS MONDIAL DE SAUVIGNON’

A Lavradores de Feitoria (LDF) acaba de ver o seu último lançamento, o “Três Bagos Sauvignon Blanc 2010”, ser premiado com uma medalha de prata no ‘Concours Mondial de Sauvignon 2011’, que teve lugar em Bordéus. Este foi o único vinho português a subir ao pódio.Esta é a segunda edição do ‘Concours Mondial de Sauvignon’, promovido no âmbito e pela orga-nização do ‘Concours Mondial de Bruxelles, jun-tamente com as entidades Bordeaux Supérieur e ODG de Bordeaux. Um painel de provadores in-ternacionais avaliou 481 vinhos provenientes de 19 países – África do Sul, Alemanha, Argentina, Áustria, Bulgária, Chile, Croácia, Espanha, França, Grécia, Itália, Nova Zelândia, Portugal, República Checa, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suíça e

Turquia. Em comum todos eles tinham o facto de a casta Sauvignon Blanc estar em predominância (percentagem superior a 51).

A empresa lançou o ‘Três Bagos Sauvignon Blanc 2010’ no passado mês de Maio. Tendo sido pro-duzidas 25 000 garrafas. Trata-se de um vinho fresco, com uma cor viva – citrina limão – e um aroma exuberante, com nuances tropicais bas-tante intensas, lembrando manga, pêssego e fru-ta mais fresca como ananás. Na boca a entrada é muito fresca, sendo bastante frutado e equili-brado. Com uma boa acidez e final de boca lon-go. Uma excelente opção como aperitivo e uma boa companhia para pratos de peixe ou marisco, nomeadamente agora que o calor nos conduz a

degustações menos quentes. O PVP deste bran-co é de € 8,5Entre os dias 12 e 18 de Agosto, tanto o ‘Três Bagos Branco 2010’ e o ‘Três Bagos Tinto 2007’ poderão ser degustados no Grande Real Villa Itá-lia Hotel & Spa, em Cascais, numa parceria vínica estabelecida entre as empresas.Na recepção à chegada, à beira da piscina, no quarto ou em qualquer um dos fantásticos am-bientes do Real Villa Itália, o convite é para que prove gratuitamente os néctares durienses da Lavradores de Feitoria. Estes e outros os vinhos da Lavradores de Fei-toria integram a lista do Grande Real Villa Itália Hotel & Spa, podendo ser adquiridos a copo ou em garrafa.

VINHOS PORTUGUESES SOBRESSAEM EM TOUR NO REINO UNIDO PROMOVIDO PELO MAIOR DISTRIBUIDOR DE VINHOS ONLINE

O produtor e distribuidor Parras Vinhos continua a sua aposta na internacionalização, através de acções como a Naked Wines Tasting Tour, que decorreu no início de Julho, no Reino Unido. Este evento, a cargo do mais dinâmico distribuidor online, juntou enólogos de todo o mundo, pro-dutores independentes em busca de negócios, jornalistas e clientes interessados em novos produtos. Perto de vinte produtores e enólogos, onde se inclui a Parras Vinhos, percorreram as cidades britânicas de Norwich, Brighton, Bir-mingham, Londres, Bristol, Manchester, Leeds e Edimburgo, interagindo com os participantes em almoços, provas de vinhos e momentos de con-vívio, tudo num contexto informal.Nas degustações que tiveram lugar em Londres marcaram presença três dos mais conceituados opinion makers internacionais do sector: Jancis Robinson, Tim Atkin e Robert Joseph.

Os vinhos alentejanos da gama Montaria, a gran-de aposta da Parras Vinhos, têm actualmente um volume de vendas no Reino Unido de 200 mil garrafas por ano, comercializadas apenas pelo canal online do distribuidor Naked Wines. A par dos Montaria marcaram ainda presença, no painel de vinhos escolhido para as sessões de prova, o vinho alentejano Casas Brancas e vinho duriense Rio Real. São já vinte mil os consumidores, conhecidos por “Angels”, que compõem o canal Naked Wi-

nes, dedicando-se ao financiamento de produ-tores a troco de exclusividade e de preços mais acessíveis. As novas tecnologias e os canais online de distri-buição começam a ficar cada vez mais na mira de empresários portugueses. No caso da Parras Vinhos, a exportação para o Reino Unido através da Naked Wines é, segundo a administração, um canal para ser explorado e potenciado. No total, a Parras Vinhos exporta anualmente através da distribuidora online cerca de 300 mil garrafas.

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excelentes pontuações obtidas na imprensa norte-AMERICANAWINE ADVOCATE PONTUA 3 VINHOS DA JOSÉ MARIA DA FONSECA COM CLASSIFICAÇõES DE EXCELêNCIA

A prestigiada publicação americana Wine Advocate criada em 1978, analisa e pontua (0-100) desde o seu início milhares de vinhos produ-zidos em todo o mundo. Robert Parker, o mais famoso e conceituado crítico de vinhos do Mundo, tornou-se, através dela, mundialmente conhecido pelas suas notas e sugestões fornecidas aos consumidores. O seu site eRobertParker.com: The Independent Consumer’s Guide to Fine Wine tornou-se referência obrigatória no mundo dos vinhos, refi-nando as suas apreciações e classificações com a colaboração de outros conceituados críticos de vinhos. Mark Squires é um deles. Escreve com regularidade e, é uma referência incontornável no que toca a aprecia-ção de vinhos Portugueses. É neste contexto que 3 vinhos da José Maria da Fonseca obtiveram excelen-tes pontuações atribuídas por Mark Squires, no site eRobertParker.com.Tanto o Periquita Superyor 2008 como o Domini Plus 2008, obtiveram 90 pontos no eRobertParker.com O Periquita Superyor 2008, expoente máximo da casta Castelão, representa a responsabilidade da José Maria da Fonseca em apresentar um vinho super-premium a partir da principal casta tinta da Península de Setúbal. Provém de vinhas velhas e, estagiou em carvalho Francês durante 14 meses.

O DOMINI Plus 2008 é o topo de gama da José Maria da Fonseca no Dou-ro, produzido com castas provenientes da vinha de Mós, no Douro Superior, pertencente à José Maria da Fonseca. Mostra toda a personalidade, beleza e excelência únicas desta região de Portugal.Fazendo justiça à excelência e qualidade dos Moscatéis de Setúbal produzi-dos pela José Maria da Fonseca, o Moscatel de Setúbal Superior de 1955 foi classificado com 98 pontos.Devido às reduzidas quantidades disponíveis deste produto, o Moscatel de Setúbal Superior 1955 apenas será colocado à venda num Leilão a realizar no final do ano, em Vila Nogueira de Azeitão, nas instalações da José Maria da Fonseca. Conjuntamente com os lotes do Moscatel de Setúbal Superior de 1955, serão colocados à venda outros vinhos que fizeram e fazem a história da José Maria da Fonseca.

VINHOS DA HERDADE DO MONTE DA RIBEIRAEXCLUSIVOS DA WINE O’CLOCk GANHAM TRIPLO OURO POUSIO BRANCO 2010, POUSIO TINTO 2010 E QUATRO CAMINHOS 2009 FORAM PREMIADOS NO V CONCURSO DE VINHOS ENGARRAFADOS DO ALENTEJO

Três vinhos da Casa Agrícola Herdade Monte da Ribeira, Pousio Branco 2010, Pousio Tinto 2010 e Quatro Caminhos 2009, foram premia-dos com medalhas de Ouro no concurso pro-movido pela Confraria dos Enófilos do Alente-jo. Em prova estiveram vinhos tintos, brancos e rosados com Denominação de Origem Alen-tejo ou Indicação Geográfica – Vinho Regional Alentejano. A apreciação dos vinhos esteve a cargo de um júri aberto e alargado a enólogos, técnicos de viticultura, enófilos, vitiviniculto-res e consumidores.De referir que estes três néctares são comer-cializados e distribuídos em exclusivo pela Wine o’Clock.Estes vinhos complementam a alargada oferta de vinhos da Wine o’Clock, e reforçam a apos-ta da loja garrafeira em disponibilizar referên-cias nacionais de elevada qualidade.

VINHOS DA ADEGA MAyOR DISTINGUIDOS NOS PRINCIPAIS CONCURSOS INTERNACIONAIS

O ano de 2011 tem sido um excelente ano para a Adega Mayor, uma vez que consagrou o valor dos seus vinhos ao obter honrosas distinções nos concursos internacionais Challenge Interna-tional du Vin, no Concours Mondial de Bruxelles e ainda no Decanter World Wine Awards. A 35ª edição do Challenge International du Vin 2011, teve lugar nos dias 8 e 9 de Abril em Borde-aux e colocou à prova 4.624 amostras de vinhos, provenientes de 35 países. O branco Reserva do Comendador 2009, produzido a partir das castas Antão Vaz, Roupeiro e Arinto, destacou-se com a conquista de uma medalha de ouro.O Concours Mondial de Bruxelles 2011, teve lugar no Luxemburgo e contou em prova com

7.386 vinhos de 49 países. Os vinhos da Adega Mayor foram mais uma vez distinguidos, entre os quais o Solista Touriga Nacional com Meda-lha de Ouro e prata para o Reserva do Comen-dador tinto 2007 e para o vinho Caiado 2009. Também no Decanter World Wine Awards, a Adega Mayor viu cinco dos seus vinhos serem destacados com principal relevância para o Reserva do Comendador Branco 2009, que obteve uma medalha de prata.

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monte velho celebra o vinho e a amizade com o lançamento DE UM ALMANAQUE

Para celebrar o dia Mundial da Amizade (20 de julho) o Monte Velho lançou um Almanaque que reúne dez autores e dois ilustradores, que se juntaram para escrever sobre o vinho e a amizade. Clara Ferreira Alves, Nuno Artur Silva e Helena Sacadura Cabral são alguns dos nomes que colaboraram no “Almanaque da Amizade e do Vinho”, que foi lançado no Clube Ferroviário de Lisboa.

VENâNCIO DA COSTA LIMA VENCE CONCURSO “MUSCATS DU MONDE”

A empresa Venâncio da Costa Lima, sediada em Quinta do Anjo, con-celho de Palmela, venceu o concurso “Muscats du Monde” com o vinho Venâncio da Costa Lima – Moscatel de Setúbal Reserva 2006. Além da conquista do prémio de Melhor Vinho do Concurso, a empre-sa posicionou, também, o seu Moscatel de Setúbal DOC na 6ª posição do Top 10.

O concurso “Muscats du Monde” realiza-se, anualmente, na cidade francesa de Montpellier e dedica-se em exclusivo a vinhos produzidos com a casta “Muscat”, pelo que todos os vinhos a concurso são ava-liados por provadores especializados nesta casta e obedecem a um conjunto de regras de grande exigência, que caracterizam este certa-me como um dos mais credíveis a nível mundial. Esta foi a 11ª edição do concurso, que analisou 210 vinhos de 23 países. Ao longo de dois dias, um painel de 55 provadores de várias nacionalidades avaliaram os concorrentes em prova cega. No total, foram atribuídas 49 meda-lhas de ouro e 25 de prata. A Venâncio da Costa Lima concorre ao “Muscats du Monde” desde 2008, obtendo sempre Medalha de Ouro, e em 2010 teve o único vi-nho português a classificar-se no Top 10. Em funcionamento na aldeia de Quinta do Anjo, em plena Serra da Arrábida, desde 1914, a Venân-cio da Costa Lima integra a Rota de Vinhos da Península de Setúbal/ Costa Azul.

Para assinalar duas décadas de sucesso do Monte Velho e celebrar os valores que esta marca tem preservado e promovido, o Espo-rão, empresa responsável pela marca, lançou o “Almanaque da Amizade e do Vinho” ou, por outras palavras, um guia para quem quer saber tudo (ou quase tudo) sobre a amizade, os amigos e o papel que o vinho tem nessa re-lação.

Este projecto conta com a participação de Cla-ra Ferreira Alves, Nuno Artur Silva, Rui Cardoso Martins, Helena Sacadura Cabral, Manuel João Vieira, Nuno Costa Santos, João Caraça, Mário Laginha, Eduardo Madeira e Luís Filipe Borges na elaboração dos textos e com as ilustrações de Tiago Albuquerque e Adriano Lameira.

Este livro vai desvendar, entre outras coisas, como nasceu o deus Dionísio, o que significa

entornar vinho à mesa, quais os heterónimos de Fernando Pessoa que bebiam vinho, se tem algum amigo camaleão social ou uma amiga vegetariana eco-bio-zen, quantas castas têm os vinhos alentejanos, o que fez de Dom Qui-xote e Sancho Pança uma dupla de amigos de carne e osso, como se diz vinho em sueco, por que motivo é o gato o maior amigo da mulher, o que é um vinho generoso, quais os 11 man-damentos da amizade e muitas outras curio-sidades.

O Almanaque do Vinho e da Amizade esteve à venda com a revista Sábado nas edições de 28 de Julho e 4 de Agosto e estará também à venda com a edição do dia 11 de Agosto. O seu custo é de 3,45€. Em meados de Agosto será ainda oferecido na Grande Distribuição, mediante a compra de duas garrafas Monte Velho.

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NÃO PERCA EM OUTUBROA PRÓXIMA EDIçÃO

ATÉ JÁ

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