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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A GESTÃO SUSTENTÁVEL DE PROCESSOS NA FABRICAÇÃO DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS COMO UM DIFERENCIAL PARA A QUALIDADE DOS PRODUTOS. Cleidson de Oliveira Fonseca Orientador Prof. Dr. Luiz Claudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO SUSTENTÁVEL DE PROCESSOS NA FABRICAÇÃO

DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS COMO UM

DIFERENCIAL PARA A QUALIDADE DOS PRODUTOS.

Cleidson de Oliveira Fonseca

Orientador

Prof. Dr. Luiz Claudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A GESTÃO SUSTENTÁVEL DE PROCESSOS NA FABRICAÇÃO

DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS COMO UM

DIFERENCIAL PARA A QUALIDADE DOS PRODUTOS.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Engenharia da produção.

Por: Cleidson de Oliveira Fonseca.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela força, coragem, determinação e perseverança. Por

estar presente em todos os momentos da vinha vida, dando-me forças para

vencer todos os obstáculos que apareceram no decorrer deste curso.

A Empresa Argamassa Brasil pela contribuição nas informações

necessárias para o desenvolvimento desse trabalho.

Ao orientador Prof. Dr. Luis Claudio Lopes Alves pela extraordinária

paciência e livre compartilhamento de seus conhecimentos para a realização

desse trabalho.

Aos professores pelo brilhante trabalho que foi feito durante o

decorrer do curso, e na ajuda na superação dos obstáculos e diferentes

problemas, através de uma liderança bem definida e uma disposição em

contribuir com seus conhecimentos.

A meus filhos que tiveram a paciência de passar várias noites e fins

de semana na minha ausência para que eu pudesse realizar as atividades para

a conclusão deste curso.

Aos meus pais pelo incentivo a nunca desistir de meus sonhos e a

enfrentar todas as dificuldades que a vida nos empõe.

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DEDICATÓRIA

Aos meus filhos: Matheus, Ana Júlia,

Marcela.

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RESUMO

A construção civil é um dos maiores consumidores de recursos naturais, pois é

um mercado em crescimento devido ao grande déficit de habitações e aos

programas de financiamento de habitações populares e obras públicas o PAC,

isso traz a necessidade de empresas que possam suprir a demanda do

mercado de argamassas industrializadas e produtos cimentícios. Nos

segmentos industriais direcionados para a produção de materiais de construção

para habitação, observamos também que a tendência a má utilização dos

recursos naturais não renováveis na sua produção, devida à falta de

capacitação tecnológica das empresas. A falta de processos produtivos

organizados e eficientes leva ao desperdício de recursos: matérias-primas,

energia, tempo. Estes fatores são responsáveis pelas não-conformidades

técnica de materiais e componentes da construção civil resulta em habitações e

obras civis de baixa qualidade, afetando o cidadão, as empresas e o habitat

urbano como um todo. Desperdício, baixa produtividade, poluição urbana e

déficit habitacional fazem parte desse cenário. Visando ações Sustentáveis de

combate ao desperdício e não-conformidade este trabalho propõe-se

demonstrar as ferramentas para a gestão sustentável dos processos, pelas

quais, devem ser submetidos os processos produtivos dos produtores de

argamassas industrializadas, para o atendimento as normas técnicas, para

evitar deterioração da qualidade dos produtos, pois a não-conformidade

sistemática de alguns fabricantes desestabilizam, por efeito "dominó", grande

parte do mercado. Deste modo, este trabalho propõe-se fomentar a Gestão

sustentável dos processos e a Produção Mais Limpa, pois as questões

ambientais passaram a ser vistas como elementos essenciais na gestão de

processos das empresas que desejam produzir em conformidade com as

normas técnicas, e combater a não-conformidade sistemática, visando sempre

à melhoria da qualidade na produção habitacional.

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METODOLOGIA

Severino (2002) destaca que a metodologia é um conjunto de

métodos ou caminhos percorridos na busca do conhecimento. Sendo assim, a

pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos fundamentados no

raciocínio lógico, objetivando encontrar soluções para os problemas propostos,

mediante a utilização de métodos científicos.

Para Vergara (2004), a pesquisa descritiva expõe características de

determinada população ou determinado fenômeno. Não tem compromisso de

explicar os fenômenos que a descreve, embora sirva de base para tal

explicação.

Para Lakatos ; Marconi (1992, p. 43) a pesquisa bibliográfica permite

que o pesquisador entre "[...] em contato direto com tudo aquilo que foi escrito

sobre determinado assunto [...]", o que possibilita o reconhecimento dos

aspectos importantes que cercam o tema, no caso específico deste estudo, a

satisfação.

Este trabalho é fundamentado através da pesquisa bibliográfica de

vários autores que versem pelo tema proposto, de forma a demonstrar os

fatores determinantes para uma gestão sustentável dos processos de

fabricação de argamassas industrializadas com um diferencial na qualidade dos

produtos, como responsável pelas não conformidades dos produtos e pelos

problemas nas habitações e obras civis.

A pesquisa também foi feita através dos sites de organismos

governamentais responsáveis pela implantação e manutenção dos programas

de sustentabilidade e qualidade para os materiais de construção civil.

Demonstrando as etapas de implantação dos programas de Produção Mais

Limpa através de dados relacionados a gestão sustentável dos processos e

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sua forma de implantação nos processos de fabricação de argamassas

industrializadas.

Então as atividades desenvolvidas neste trabalho foram a de

pesquisa bibliográfica, tabulação dos dados e conclusão a partir, da análise

crítica dos autores pesquisados e dos organismos governamentais

responsáveis pelos programas setoriais de sustentabilidade, produção mais

limpa e controle de qualidade.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

ORIGEM DAS ARGAMASSAS 17

1.1 Origem e evolução das argamassas industriais 19

1.2 O surgimento das argamassas colantes no Brasil 21

CAPÍTULO II

MATÉRIAS PRIMAS 24

2.1. Areia natural. 24

2.1.2 Areias industrializadas 28

2.1.2.1 Lavra e processamento 30

2.3. Cimento Portland 33

2.3.1 história do cimento portland 35

2.3.2 Definições 36

2.3.3 Vantagens das adições no cimento 36

2.3.4 Cimento Portland CP II (NBR 11578). 37

2.3.5 Cimento Portland de Alto Forno CP III (com escória - NBR 5735). 38

2.3.6 Cimento Portland CP IV (com pozolana - NBR 5736) 39

2.3.7 Cimento Portland CP V ARI - (Alta Resistência Inicial - NBR 5733).. 39

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2.3.8 Cimento Portland CP (RS) - (Resistente a sulfatos - NBR 5737) 40

2.3.9 Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) - (NBR 13116) 41

2.3.10 Cimento Portland Branco (CPB) - (NBR 12989)... 41

2.4. Calcário calcítico. 42

2.4.1 Propriedades físicas 43

2.4.2 Sua utilização 44

2.5. Aditivos 45

2.5.1 Copolímeros. 46

2.5.2 Retentores de água. 47

CAPÍTULO III

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 48

3.1 Hierarquia do Processo 50

3.2. Processo de fabricação de argamassas industrializadas 51

CAPÍTULO IV

SUSTENTABILIDADE 55

4.1 Reduzir 57

4.2 Reutilizar 58

4.3 Reciclar 58

4.4 Sustentabilidade na Construção Civil 61

4.4.1 Pré-condições de empreendimentos sustentáveis 61

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CAPÍTULO V

PRODUÇÃO LIMPA 64

5.1. Conceitos 64

5.2 Princípios da Produção mais limpa 69

5.3 Descrição das fases de implantação da metodologia da

produção mais limpa 70

5.3.1 Fase 1: Pré-avaliação 70

5.3.2. Fase 2: Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa 71

5.3.3. Fase 3: Elaboração do diagnóstico ambiental e de processos 72

5.3.4. Fase 4: Elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do

processo produtivo 73

5.3.5. Fase 5: Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades

de produção mais limpa 74

5.3.6. Fase 6: Priorização das oportunidades identificadas na avaliação 75

5.3.7. Fase 7: Elaboração do estudo de viabilidade econômica das

prioridade.. 78

5.3.8. Fase 8: Estabelecimento de um plano de Monitoramento 79

5.3.9. Fase 9: Implantação das oportunidades de produção mais limpa

priorizadas 80

5.3.10. Fase 10: Definição dos indicadores do processo produtivo 81

5.3.11. Fase 11: Documentação dos casos de produção mais limpa 82

5.4. Sistemas de gestão integrada relação entre programas de

produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental 82

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CONCLUSÃO 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90

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FIGURAS

Figura01: Dragagem de areia 24

Figura02: Areia de cava 28

Figura03: Pedra de Quartzo ( areia artificial). 29

Figura 04: Lavra de areia a céu aberto. 32

Figura05: Fábrica de cimento 33

Figura06: Adições no cimento portland. 37

Figura07: Rochas calcárias. 42

Figura08: Filler calcário calcítico 45

Figura 09: Layout de uma fábrica de argamassas 51

Figura 10: Hierarquia do processo: processo, sobprocesso, atividades, tarefas...

52

Figura 11: Sustentabilidade na construção civil 57

Figura 12: Usina de reciclagem 61

Figura 13: Fluxo de emissões 66

Figura14: Elementos essenciais da estratégia de Produção Mais Limpa 67

Figura 15: FLUXO DO CUSTO DAS EMISSÕES 68

Figura 16 - Níveis de aplicação da produção mais limpa 76

Figura 17 - Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão Figura 03:

Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão 83

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QUADROS

Quadro 01: espectro dos principais modelos de processos 50

Quadro 02 - Tipos de misturadores de argamassa 53

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LISTA DE NOTAÇÕES, ABREVIATURAS

CEPAL = Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

ECO-92 = Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

ONG's = Organizações Não Governamentais

ONU = Organização das Nações Unidas

CNUCED = Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CDS = Comissão de Desenvolvimento Sustentável

ECOSOC = Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

ASBEA = Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

CBCS = Conselho Brasileiro de Construção Sustentável

CIB = Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção

CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente

FIEMG = Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

USP = Universidade de São Paulo

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

INMET = Instituto Nacional de Meteorologia

PROCEL = Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

SIAC = Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras

PBQP-H = Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

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INTRODUÇÃO

O mercado da construção civil é um mercado em crescimento devido

ao grande déficit de habitações e aos programas de financiamento de

habitações populares e obras públicas o PAC, isso traz a necessidade de

empresas que possam suprir a demanda do mercado de argamassas

industrializadas e produtos cimentícios.

Nos segmentos industriais direcionados para a produção de

materiais de construção para habitação, observamos também que a tendência

que até 10% da produção em não-conformidade, além de desperdícios que

podem chegar até 30% da produção, devido à falta de capacitação tecnológica

das empresas e falta de uma gestão sustentável de seus processos.

A gestão de processos como um diferencial sustentável na

fabricação de argamassas resulta no aproveitamento sustentável das matérias-

primas minimizando os impactos ambientais gerados a cada etapa do processo

de fabricação das argamassas industrializadas, além de diminuir o

desperdício, baixa produtividade, poluição urbana e déficit habitacional fazem

parte desse cenário.

Visando ações de sustentabilidade e combate a não-conformidade e

este trabalho propõe-se demonstrar as ferramentas de gestão de processos a

que devem ser submetidos os processos produtivos dos fabricantes de

argamassa industrializadas, para o atendimento as normas técnicas, para evitar

deterioração da qualidade dos produtos, pois a não-conformidade sistemática

de alguns fabricantes desestabilizam, por efeito "dominó", grande parte do

mercado. Esta atividade ilegal beneficia somente alguns fabricantes,

revendedores de materiais e construtores inescrupulosos, e prejudica o usuário

final da habitação.

Deste modo, este trabalho propõe-se fomentar uma gestão

sustentável dos processos as empresas que desejam produzir em

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conformidade com as normas técnicas, e combater a não-conformidade

sistemática, visando sempre a melhoria da qualidade na produção habitacional.

O capítulo I descreve a origem das argamassas e sua utilização

desde o ínicio da história até a década de 70, a sua introdução no Brasil até

os dias atuais.

O Capitulo II fala sobre os tipos de matérias-primas utilizadas na

fabricação das argamassas, seus conceitos e definições. Como vários autores

conceituam as matérias-primas, normas da ABNT, sua composição física e

química e os ensaios necessários para sua caracterização.

O capítulo III descreve o que são processos industriais, conceitos e

modelos a partir do ponto de vista de vários autores. Descrição sobre os

processo de fabricação de argamassas industrializadas e sistemas de dosagem

e envaze.

O capítulo IV define Sustentabilidade seus conceitos na visão de

vários autores, sustentabilidade na construção civil, reuso, reciclagem e

redução de consumos como diferencias na qualidade e processos como

diferencial competitivo. Aspectos importantes do aproveitamento de resíduos

gerados em outros processos na fabricação de argamassas industrializadas.

O capítulo V são abordados o programa de produção Mais Limpa,

conceitos a partir do entendimento de vários autores, sua utilização no

mercado da construção civil e na produção de argamassas industrial. são

demonstrados que a produção mais limpa melhora a tecnologia dos processos

industriais e o know-how reduzindo os índices de não conformidade dos

produtos fabricados em empresas que adota técnicas de gestão voltadas a

sustentabilidade e a produção mais limpa.

O capítulo VI é feito uma análises dos fatos apresentados nesta

pesquisa e a relação entre a gestão sustentável dos processo e a qualidade

dos produtos produzidos.

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CAPÍTULO I

ORIGEM DAS ARGAMASSAS

Há milhares de anos que a arquitetura e a construção de edifícios

sempre estiveram muito associadas ao uso de argamassas.

O homem primitivo, na tentativa de melhorar sua qualidade de vida,

procurou dentro dos recursos naturais, criar condições favoráveis para se

proteger, passando a edificar abrigos. Inicialmente, estas construções eram

frágeis, porém com a evolução dos conhecimentos dos materiais existentes

passou a edificar construções mais sólidas. (RAQUEL; NASCIMENTO,

2006,p.13).

[...] Supõe-se que, no começo, certos povos arrumavam as pedras umas sobre as outras, simplesmente empilhando-as de modo aleatório, o que comprometia a estabilidade. É certo que algumas civilizações evoluiriam nessa técnica talhando as pedras em formatos adequados, conseguiram executar edificações que duraram séculos. Outras, porém, partiram para ligar os componentes constituintes das alvenarias com uma massa plástica contendo aglomerante, inerte e água, denominada de argamassa, de modo a auferir estabilidade à alvenaria (OLIVEIRA, 1959; COUTINHO, 1973).

Supõe-se que há 8 mil anos, certos povos empilhavam tijolos de

adobe (argila amassada com água e seca ao sol) ou pedras umas sobre as

outras de maneira aleatória, a seco com a interposição duma camada fina de

argila amassada com água. (RAQUEL; NASCIMENTO, 2006,p.13).

Os Romanos utilizaram as pozolanas (material de origem vulcânica)

na preparação de Argamassas, devido às suas propriedades hidráulicas

Componentes activos das pozolanas:

Compostos de cálcio: 3 a 10%

Compostos de alumínio: 15 a 20%

Compostos de sílica: 40 a 60%

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As Argamassas utilizadas pelos Romanos eram constituídas

essencialmente por:

Cinzas vulcânicas ou pozolanas

Pó de Tijolo ou de Telha

Cal Hidratada

Areias

Matérias orgânicas (gorduras)

Segundo Coutinho (1997), os Romanos adicionavam clara de ovo,

sangue, banha ou leite aos concretos e argamassa rudimentares utilizadas em

suas construções para melhorar a trabalhabilidade das misturas.

A construção em zonas marítimas e fluviais levou o Homem a

procurar Aglomerantes Hidráulicos. (APFAC, 2007, p.5).

Segundo SELMO (1989) nos livros de BOLTSHAUER (1963)

constam, que na Grécia, no período micênio (por volta de 2000 a.C.), a argila

crua foi empregada em construções de taipa ou pau-a-pique, envolvendo as

estruturas resistentes de madeira.

Técnica idêntica foi utilizada pela arquitetura romana etrusca

(séculos VII ao VI a.C).

Nas construções egípcias modestas, de 1600 a 1100 a.C., a argila

em pasta era utilizada envolvendo a armação estrutural das casas, feita de

caules de plantas ou de tronco de palmeiras. A argila cozida em placas

molduradas e com baixos relevos foi também empregada na arquitetura grega,

para revestir os paramentos de pedra das fachadas. Os gregos e os romanos

preparavam misturas de cal, areia e água, ou adicionavam gesso para obter o

estuque, que constitui uma especialidade para revestimentos internos. Em

certos casos, adicionavam também na mistura o pó de mármore. Os romanos

fizeram uso amplo das argamassas, tanto no assentamento das alvenarias,

como nos revestimentos de seus edifícios. Portanto, há mais de 2.000 anos, a

argamassa vem sendo utilizada para assentamento e revestimento dos blocos

de pedra que constituem as paredes das edificações.

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De acordo com WESTPHAL (2004), no Brasil, a argamassa passou

a ser utilizada no primeiro século para assentamento de alvenaria de pedra

(largamente utilizada na época). A cal utilizada na argamassa era obtida

através da queima de conchas e mariscos. O óleo de baleia era também muito

utilizado como aglomerante.

1.1 Origem e evolução das argamassas

industriais

Em 1893 foi registrada a primeira patente de manufatura de

argamassas secas na Europa. No entanto, ainda em 1950, o cimento era

enviado para as obras de forma separada dos agregados, especialmente areias

de quartzo, onde seriam armazenados até ao momento da utilização, sendo

então misturadas com água, nas proporções pretendidas e em seguida

aplicadas, antes de acabar o seu tempo aberto. Desta forma, ao montar o

estaleiro de obra seria necessário garantir a existência de espaço suficiente

não apenas para o armazenamento das matérias-primas, como para a sua

mistura. Seria também necessário afetar a mão de obra exclusivamente para a

tarefa de dosear e preparar as argamassas, sendo que apesar deste fato,

poucas ou nenhumas garantias existiriam acerca da constância da qualidade

das argamassas produzidas.

Entre 1950 e 1960, tanto na Europa Central como nos Estados

Unidos, a nova indústria de construção, com maior exigência em qualidade e

rapidez de execução, iria obrigar à substituição da mistura dos componentes

das argamassas na obra, por argamassas secas prontas a aplicar. Evolui-se

também no transporte, com sistematização do transporte a granel e a

mecanização dos sistemas de mistura.

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Em face deste cenário surgiria uma nova indústria na construção

civil, a das Argamassas Industriais, fabricadas em fábrica, que possibilitou uma

progressiva melhoria na qualidade das argamassas utilizadas e também a

criação de uma vasta gama de produtos, com maior grau de especificação.

Nos anos sessenta, inicia-se no centro da Europa, a utilização de

argamassas preparadas em centrais, transportadas em caminhões silos para

obra. Estas argamassas são denominadas Argamassas Retardadas ou

Estabilizadas.

A estabilização destas é conseguida à base de adjuvantes

retardadores de pega e introdutores de ar. Os componentes destas

argamassas, doseados por peso, normalmente, numa central de mistura, são

transportados para obra e aí depositado

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em recipientes específicos, os quais têm por norma uma cubagem

de 250 a 350 litros cada, ou seja, ¼ a 1 metro cúbico. Estas Argamassas

Estabilizadas permitem a sua utilização num prazo que oscila entre 12, 24 ou

32 horas no máximo. Este sistema ainda hoje é utilizado, todavia, o seu

mercado tem vindo a ser substituído gradualmente pelo das Argamassas

Secas, as quais permitiram um novo acréscimo qualitativo e uma

especialização que as Estabilizadas não conseguem oferecer.

As argamassas secas, à semelhança das argamassas estabilizadas

resultam da mistura de um ou mais ligantes orgânicos ou inorgânicos,

agregados, cargas, aditivos e/ou adjuvantes doseados e misturados em

centrais especializadas, no entanto apresentam-se "em pó". Uma vez

produzidas, as argamassas secas são seguidamente, transportadas para a

obra, em caminhões cisternas e ali misturadas com água, em betoneiras

normais ou em máquinas de amassadura e projeção.

1.2 O surgimento das argamassas colantes no Brasil

No Brasil as argamassas colantes industrializadas suguem no início

da década de 70 com forma de minimizar os problemas de desplacamentos em

revestimentos cerâmicos em pisos e paredes causados pela mão de obra

desqualificada e falta de um controle de qualidade da argamassa feita em obra.

“O experimento prático brasileiro (por exemplo, no estado do Rio de Janeiro a utilização de areias argilosas com até 30% de argilas é prática comum). Comprova que as argamassas feitas com areias argilosas apresentam melhor trabalhabilidade e melhor resiliência sendo, que a capacidade de aderência e a resistência podem (ou não) ser prejudicadas em função do teor e da natureza de materiais finos”. (SABATINI, 1989).

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Seguida de um processo inovador que, constituía o assentamento

do revestimento cerâmico sem precisar deixá-lo imerso em água. Desde então

continuam processos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias a

fim de ter uma argamassa específica para cada tipo de aplicação. (ROSSA,

2009, p.5)

Atualmente, há mais de 100 fabricantes, pulverizados em pequenas

produções regionais. Também existem algumas grandes indústrias com

fábricas em diversas cidades do Brasil. Praticamente 100% do mercado foi

convertido para utilizar argamassa colante industrializada.

“A argamassa colante mais comercializada é a ACI, representando cerca de 80% do volume de argamassas. O consumo estimado de argamassa colante é de 3 milhões de toneladas/ano, valor calculado por meio de uma correlação entre consumo de argamassa colante por m2 de revestimento cerâmico”. (CONSTRUÇÃO E NEGÓCIOS, 2011).

Atualmente encontramos argamassas específicas de acordo com o

tipo de utilização (revestimento cerâmico, interno, externo, porcelanatos,

pedras, mármores e granitos, pastilhas de vidro e porcelana e etc.).

No Brasil, estima-se que aproximadamente 1,5% das argamassas

básicas consumidas sejam industrializadas, com maior utilização em São

Paulo, ao redor de 4%; existe, assim, um desafio de mudança na cultura das

obras, pois ainda existe muito espaço para o crescimento na utilização das

argamassas industrializadas.

O volume estimado do mercado de argamassa básica do Brasil é de

100 milhões de t/ano; a base de cálculo é balizada no volume de cimento

destinado à produção do material, pois existe uma proporção em relação à

quantidade de cimento utilizada x a quantidade de argamassa produzida.

Destas, 1,5% é industrializada, representando um volume de 1,5 milhão t/ano.

O mercado não tem a cultura da utilização das argamassas básicas

industrializadas, mas, com essa necessidade pela construção civil, há grande

potencial de crescimento para o produto. (CONSTRUÇÃO E NEGÓCIOS,

2011).

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O diretor da divisão de Infraestrutura, do Departamento da Indústria

da Construção (DECONCIC) da Fiesp, Manuel Rossitto, foi enfático ao afirmar

que “2011 é o ano de crescimento da nossa construção”, mas ressaltou que a

inovação tecnológica e a segurança jurídica são pilares essenciais para

garantir investimentos, que até 2022, deverão atingir mais de R$ 2

trilhões.(SINAPROCIM, 2011).

As argamassas colantes apresentam um avanço em relação às

tradicionais, abrindo a possibilidade de se utilizar um processo de execução

mais produtivo, como o uso de desempenadeira dentada, em relação a sua

elevada resistência a aderência e maior capacidade de retenção de água.

A resistência de aderência representa a capacidade da argamassa

de suportar esforços de tração direta normais ao plano de referência, e

tangenciais de cisalhamento.

Com relação à capacidade de retenção de água, a propriedade da

argamassa colante associada a ela e o tempo em aberto, definido como um

período decorrido desde a extensão da argamassa no substrato até o momento

em que não mais apresenta capacidade de ancorar satisfatoriamente a

cerâmica, proporcionando uma resistência de aderência menor que 0,5 MPa.

As características descritas anteriormente são decorrentes da

tecnologia utilizada na formulação das argamassas industrializadas, que além

de cimento e areia, normalmente utilizados no traço das argamassas, são

adicionados aditivos especiais, cujas propriedades visam resistir às tensões de

movimentações presentes nos revestimentos, e promover um maior tempo de

trabalho e resistência à aderência do revestimento.

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CAPÍTULO II

MATÉRIAS PRIMAS

2.1. Areia natural

Figura01: Dragagem de areia

Fonte: : Manual de agregados para construção civil

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Areias são grãos, essencialmente de quartzo, resultantes da

degradação ou decomposição das rochas em que entra sílica. A separação do

quartzo das rochas pelos agentes de erosão se faz por causa de sua maior

resistência, tanto ao desgaste de ordem física, quanto à composição química.

“Esses grãos de quartzo, uma vez desintegrados da rocha primitiva, são

transportados pelos diversos agentes erosivos externos, indo formar as praias,

as dunas e outras infinidade de depósitos de areias” (GUERRA, 1978).

Entretanto, materiais decompostos e mantidos in si tu (manto de

alteração de pedreiras), que não sofreram qualquer tipo de transporte também

são areia. O transporte, por sua vez, pode ser fluvial e eólico. Este último traz

para os grãos elevado grau de arredondamento. Isto é muito bom porque

aumenta a trabalhabilidade da argamassa ou concreto, embora piore a

aderência dos grãos à pasta.

A norma NBR 7225 – Materiais de pedra e agregados naturais

normatiza três produtos diferentes:

1) Areia grossa, -2+1,2 mm,

2) Areia média, -1,2+0,42 mm e

3) Areia fina, -0,42+0,075 mm.

Já a norma NBR 7211 – Agregado para concreto considera quatro

produtos:

1) Areia grossa;

2) Areia média;

3) Areia fina;

4) Areia muito fina.

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A cor da areia é muitas vezes utilizada como critério de avaliação da

sua pureza. Areias misturadas com saibro ou argila têm coloração amarelada

ou avermelhada. Cor castanha pode indicar a presença de feldspatos,

alterados ou não, embora muitas vezes seja devida a presença de quartzo

escuro. Areias com muscovita, biótica, ilmenita ou pirita têm brilho. Cores

cinzentas podem indicar a presença de lamas ou lodos.

Alguns minerais, como as sílicas não cristalinas (opala, calcedônia,

ágata), argilas e dolomitas podem reagir com o cimento, resultando em

compostos expansivos e por isto são nocivos (SBRIGHI, 2000 e NEVILLE,

1997).

“Finalmente, a presença da matéria orgânica (partículas de húmus)

sempre é prejudicial à pega e endurecimento das argamassas e concretos”

(PETRUCCI, PAULON,1995 ).

As Normas NBR 7211, 7218, 7219, 7220,7221 e ASTM C 123 tratam

dos limites destas impurezas.

A areia é extraída de leito de rios, várzeas, depósitos lacustres,

mantos de decomposição de rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. O

Sumário Mineral (2007) afirma que, em 2006 foram produzidos 358 milhões de

toneladas de agregados, representando um aumento de 8% em relação a

2005.

Deste total, 146 milhões de toneladas são representados por pedras

britadas e 212 milhões de toneladas por areia. No Brasil, 90% da areia é

produzida em leito de rios, sendo que no Estado de São Paulo, maior produtor

brasileiro, a relação é diferente, 45% da areia produzida é proveniente de

várzeas, 35%, de leitos de rios, e o restante, de outras fontes. O estado

responde por 39% da produção nacional, seguido de Rio de Janeiro (16%),

Minas Gerais (12,5%), Paraná (6,5%), Rio Grande do Sul (4,2%) e Santa

Catarina (3,5%).

Em relação à areia:

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• Cerca de 2.000 empresas registradas se dedicam à extração de

areia, na grande maioria, pequenas empresas familiares;

• Gerando cerca de 45.000 empregos diretos;

• Destas, 60% produzem menos de 100.000 toneladas/ano;

• 35% produzem entre 100.000 e 300.000 toneladas/ano;

• E 5% delas produzem mais do que 300.000 toneladas/ano.

O frete é um dos principais itens dos custos das pequenas empresas

do segmento de brita, chegando a representar cerca de 40% do preço final

obrigando, o produtor a operar próximo aos centros consumidores, localizando-

se a atividade mineradora nas regiões limítrofes das grandes cidades, que,

com o inevitável crescimento urbano, acaba “envolvendo” as pedreiras,

iniciando-se ai os conflitos com a comunidade vizinha e com os órgãos ligados

ao meio ambiente.

Segundo a NBR 7211 (ABNT, 2005), agregados miúdos são

“agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75

mm e ficam retidos peneira com abertura de malha de 150 µm, em ensaio

realizado de acordo com ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela

ABNT NBR NM ISO 3310-1”.

A distribuição granulométrica da areia influencia diretamente no

desempenho da argamassa, interferindo na trabalhabilidade e no consumo de

água e aglomerantes, no estado fresco; no revestimento acabado, exerce

influência na fissuração, na rugosidade, na permeabilidade e na resistência de

aderência (ANGELIM et al., 2003).

Segundo CINCOTTO & CARNEIRO (1999), foram os trabalhos de

FÜLLER & TROMPSON (1907), FURNAS (1931) e de ANDEREGG (1931)

“que embasaram o desenvolvimento de curvas granulométricas de

argamassas, para ser estudada a influência do agregado nas suas

propriedades, ressaltando-se que nestes estudos a dosagem do aglomerante e

do agregado foi realizada a partir da curva”.

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Em geral, a areia é caracterizada pelo seu módulo de finura,

especificações de faixas granulométricas, ou selecionada a partir de normas,

as quais especificam a granulometria dentro de certas faixas. Não existe um

consenso entre os autores nacionais, pois curvas granulométricas distintas

podem levar ao mesmo módulo de finura. Algumas vezes utiliza-se também o

coeficiente de uniformidade. O coeficiente de uniformidade traduz uma

continuidade na distribuição granulométrica da areia. É definida como sendo a

relação entre os diâmetros correspondentes à abertura da malha pela qual

passam 60% e 10% em massa de areia (CARNEIRO, 1999).

Figura02: Areia de cava

Fonte: Manual de agregados para construção civil

2.1.2 Areias industrializadas

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As areias industriais são constituídas essencialmente de quartzo,

tendo como impurezas óxidos de ferro, minerais pesados e argilas. As areias

industriais variam bastante, em termos de propriedades físicas e composição

química. São matérias primas minerais de origem secundária e aquelas de

melhor qualidade industrial foram produzidas a partir de sedimentos arenosos,

arenitos e quartzitos que sofreram concentração através de vários ciclos de

deposição e erosão.

Figura03: Pedra de Quartzo ( areia artificial).

Fonte: Manual de agregados para construção civil

“As areias industriais encontram-se no domínio dos sedimentos e das rochas sedimentares. Este ambiente reúne as condições para formação de extensos depósitos de areia, tais como: grandes volumes de quartzo nos sedimentos e rochas, ampla rede de bacias e elevada competência das drenagens etc. Neste contexto, encontram-se as bacias sedimentares do

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interior do cristalino, as bacias costeiras e as bacias hidrográficas”. (AZEVEDO e RUIZ, 1990).

Segundo esses autores, as areias industriais exploradas estão

associadas a pacotes rochosos definidos como formação geológica, a

coberturas sedimentares ou a depósitos litorâneos.

No Estado de São Paulo, as áreas produtoras de areia industrial

estão distribuídas em três unidades geológicas: i) formações Pirambóia e

Botucatu; ii) coberturas cenozóicas e iii) depósitos arenosos litorâneos. “As

formações Pirambóia e Botucatu caracterizam-se como sedimentos flúvio-

eólicos e eólicos e são responsáveis pela maior atividade de produção de areia

nesse Estado”. (FERREIRA e DAITX, 1997).

O horizonte superior da formação Pirambóia e inferior da formação

Botucatu são constituídos por areias com alto teor de sílica, pouca argila, baixo

teor de ferro e minerais pesados, distribuição granulométrica entre fina e

média, distribuição granulométrica homogênea e elevado grau de

arredondamento e esfericidade. Essas características naturais favorecem o

aproveitamento dessas areias, após o beneficiamento, permitindo a obtenção

de uma variedade de produtos com módulos de finura de 40-50 e 80-100, com

uso nos diversos segmentos industriais.

Os mesmos autores afirmam os horizontes dessas formações, que

se encontram lixiviados (esbranquiçados), apresentam uma areia com baixo

teor de ferro e, por isso, permite o seu uso na indústria vidreira e química. Os

arenitos da formação Botucatu, não lixiviados, apresentam teor de ferro mais

elevado e, em face disto, são usados na indústria de fundição.

2.1.2.1 Lavra e processamento

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As areias de quartzo são lavradas por diferentes métodos,

dependendo do tipo de depósito. No caso dos depósitos não consolidados e

cobertos por uma pequena lâmina d’água, a lavra é conduzida com o auxílio de

dragas flutuantes.

A draga usa uma tubulação de sucção para escavar a areia que é

bombeada através de uma tubulação para uma pilha, em terra, ou diretamente

para uma unidade de processamento.

Quando o depósito apresenta lentes duras de argila, a tubulação de

sucção é equipada com uma cabeça cortadora, de forma a facilitar a

escavação do material, nas frentes de lavra, abaixo da lâmina d’água. “Neste

caso, poderão também ser usadas retro-escavadeiras (draglines); no entanto,

estas apresentam custos operacionais e de manutenção mais elevados, além

de menos eficientes” (ZDUNZYK e LINKOUS, 1994).

“Em algumas minerações no Sul do Brasil, a lavra é feita a céu

aberto, em bancadas, com a extração da areia por retro-escavadeiras, seguido

do transporte, por caminhões basculantes, para a usina de beneficiamento”

(FERREIRA e DAITX, 2003).

No caso da areia ser resultante do processamento de um quartzito, a

lavra é feita a céu aberto com o auxílio de trator de esteira ou explosivos para

aquelas lentes mais compactas. Este é o caso do depósito de quartzito,

atualmente em lavra, no município de Queluz-SP.

De acordo ainda com FERREIRA e DAITX (2003), “no caso de

depósitos de areia não consolidados ou pouco consolidados, e que se

encontram acima da lâmina d’água ou do lençol freático, a lavra é feita com o

auxílio de escavadeira hidráulica e pá carregadeira”. A areia lavrada é estocada

em pilha e, a seguir, alimentada em unidade de processamento.

As areias industriais das regiões produtoras do Estado de São Paulo

são lavradas de diferentes formas. Antes de iniciar a lavra, a vegetação é

retirada com uma pequena camada de solo (0,2 – 1 m), usando pá

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carregadeira e a seguir esse material é disposto em local adequado, para

futura utilização, quando da reabilitação da área minerada.

Nos municípios de Descalvado e Analândia, as empresas fazem a

lavra a céu aberto (Figura 1), em bancadas com altura de 10 m e taludes de

45q-80q, usando escavadeiras e escarificador para a extração da areia.

Esta, quando proveniente das bancadas inferiores (Formação

Botucatu e Pirambóia), onde está intensamente lixiviada, destina-se à produção

de areias para as indústrias de vidro de boa qualidade, cerâmica e química. A

areia explorada da Rochas e Minerais Industriais (CETEM 2005; pag111).

A bancada superior (Cobertura Cenozóica), onde não ocorreu

lixiviação, é destinada à produção de areias industriais para fundição. Da frente

de lavra, as areias explotadas são transportadas para as unidades específicas

de beneficiamento, onde são processadas, separadamente (Ferreira, 1997;

Nava, 1997).

Figura 04: Lavra de areia a céu aberto.

Fonte: Manual de agregados para construção civil

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2.3. Cimento Portland

2.3.1 história do cimento portland

Figura05: Fábrica de cimento

Fonte: Manual de agregados para construção civil

“O material, conhecido dos antigos egípcios, ganhou o nome atual

no século XIX graças à semelhança com as rochas da ilha britânica de

Portland”.

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Por Arnaldo Forti Battagin

A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que

designava na velha Roma espécie de pedra natural de rochedos e não

esquadrejada. A origem do cimento remonta há cerca de 4.500 anos. Os

imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por

uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o

Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem

vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de

Pozzuoli, que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água.

O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756

pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência

por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês

Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de

componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento

artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente

pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha

uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras

empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi

patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland,

que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e

solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.

No Brasil, estudos para aplicar os conhecimentos relativos à

fabricação do cimento Portland ocorreram aparentemente em 1888, quando o

comendador Antônio Proost Rodovalho empenhou-se em instalar uma fábrica

na fazenda Santo Antônio, de sua propriedade, situada em Sorocaba-SP.

Várias iniciativas esporádicas de fabricação de cimento foram desenvolvidas

nessa época. Assim, chegou a funcionar durante apenas três meses, em 1892,

uma pequena instalação produtora na ilha de Tiriri, na Paraíba, cuja construção

data de 1890, por iniciativa do engenheiro Louis Felipe Alves da Nóbrega, que

estudara na França e chegara ao Brasil com novas ideias, tendo inclusive o

projeto da fábrica pronto e publicado em livro de sua autoria. Atribui-se o

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fracasso do empreendimento não à qualidade do produto, mas à distância dos

centros consumidores e à pequena escala de produção, que não conseguia

competitividade com os cimentos importados da época.

A usina de Rodovalho lançou em 1897 sua primeira produção – o

cimento marca Santo Antonio – e operou até 1904, quando interrompeu suas

atividades. Voltou em 1907, mas experimentou problemas de qualidade e

extinguiu-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo

do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, com

precariedade e produção de apenas 8.000 toneladas por ano, sendo então

paralisada, voltando a funcionar em 1935, após modernização.

Todas essas etapas não passaram de meras tentativas que

culminaram, em 1924, com a implantação pela Companhia Brasileira de

Cimento Portland de uma fábrica em Perus, Estado de São Paulo, cuja

construção pode ser considerada como o marco da implantação da indústria

brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no

mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia

exclusivamente do produto importado. A produção nacional foi gradativamente

elevada com a implantação de novas fábricas e a participação de produtos

importados oscilou durante as décadas seguintes, até praticamente

desaparecer nos dias de hoje.

2.3.2 Definições

O cimento portland é uma das substâncias mais consumidas pelo

homem e isso se deve a características que lhe são peculiares, como

trabalhabilidade e moldabilidade (estado fresco), e alta durabilidade e

resistência a cargas e ao fogo (estado duro). Insubstituível em obras civis, o

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cimento pode ser empregado tanto em peças de mobiliário urbano como em

grandes barragens, em estradas ou edificações, em pontes, tubos de concreto

ou telhados. Pode até ser matéria-prima para a arte.

O cimento pode ser definido como um pó fino, com propriedades

aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. Na

forma de concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e

volumes, de acordo com as necessidades de cada obra. Graças a essas

características, o concreto é o segundo material mais consumido pela

humanidade, superado apenas pela água.

Segundo a NBR 5732,1991 “o cimento portland comum é um

glomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer Portland ao qual se

adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas

de sulfato de cálcio”. Durante a moagem é permitido adicionar a esta mistura

materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais

carbonáticos.

2.3.3 Vantagens das adições no cimento

As adições ao cimento melhoram certas características do concreto

e preservam o ambiente ao aproveitar resíduos e diminuir a extração de

matéria-prima.

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Figura06: Adições no cimento portland.

Fonte: ebah adições minerais

2.3.4 Cimento Portland CP II (NBR 11578)

O Cimento Portland Composto é modificado. Gera calor numa

velocidade menor do que o gerado pelo Cimento Portland Comum. Seu uso,

portanto, é mais indicado em lançamentos maciços de concreto, onde o grande

volume da concretagem e a superfície relativamente pequena reduzem a

capacidade de resfriamento da massa. Este cimento também apresenta melhor

resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. Recomendado para obras

correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto simples,

armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. Veja as

recomendações de cada tipo de CP II:

a. Cimento Portland CP II-Z (com adição de material pozolânico),

empregado em obras civis em geral, subterrâneas, marítimas e

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industriais. E para produção de argamassas, concreto simples, armado e

protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. O concreto

feito com este produto é mais impermeável e por isso mais durável.

b. Cimento Portland Composto CP II-E (com adição de escória

granulada de alto-forno), composição intermediária entre o cimento

portland comum e o cimento portland com adições (alto-forno e

pozolânico). Este cimento combina com bons resultados o baixo calor de

hidratação com o aumento de resistência do Cimento Portland Comum.

Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor

moderadamente lento ou que possam ser atacadas por sulfatos.

c. Cimento Portland Composto CP II-F (com adição de material

carbonático - fíler), para aplicações gerais. Pode ser usado no preparo

de argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada,

concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro,

concreto-massa, elementos pré-moldados e artefatos de concreto, pisos

e pavimentos de concreto, solo-cimento, dentre outros.

2.3.5 Cimento Portland de Alto Forno CP III (com escória - NBR 5735)

Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo

calor de hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação

álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos. É um cimento que pode ter

aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa

armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e

outras. Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-massa, tais

como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas,

pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e caneletas para condução de

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líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados

reativos, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e

pistas de aeroportos.

2.3.6 Cimento Portland CP IV (com pozolana - NBR 5736)

Para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto simples,

armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. É

especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e

ambientes agressivos. O concreto feito com este produto se torna mais

impermeável, mais durável, apresentando resistência mecânica à compressão

superior à do concreto feito com Cimento Portland Comum, a idades

avançadas. Apresenta características particulares que favorecem sua aplicação

em casos de grande volume de concreto devido ao baixo calor de hidratação.

2.3.7 Cimento Portland CP V ARI - (Alta Resistência Inicial - NBR 5733)

Com valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a

1 dia de idade e de 53 MPa aos 28 dias, que superam em muito os valores

normativos de 14 MPa, 24 MPa e 34 MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente,

o CP V ARI é recomendado no preparo de concreto e argamassa para

produção de artefatos de cimento em indústrias de médio e pequeno porte,

como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos,

lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-

fabricados. Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras

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desde as pequenas construções até as edificações de maior porte, e em todas

as aplicações que necessitem de resistência inicial elevada e desforma rápida.

O desenvolvimento dessa propriedade é conseguido pela utilização de uma

dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, e pela

moagem mais fina do cimento. Assim, ao reagir com a água o CP V ARI

adquire elevadas resistências, com maior velocidade.

2.3.8 Cimento Portland CP (RS) - (Resistente a sulfatos - NBR 5737)

O CP-RS oferece resistência aos meios agressivos sulfatados,

como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em

alguns tipos de solos. Pode ser usado em concreto dosado em central,

concreto de alto desempenho, obras de recuperação estrutural e industriais,

concretos projetados, armado e propendido, elementos pré-moldados de

concreto, pisos industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e

concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de

tratamento de água e esgotos, obras em regiões litorâneas, subterrâneas e

marítimas. De acordo com a norma NBR 5737, cinco tipos básicos de cimento -

CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI - podem ser resistentes aos sulfatos,

desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições:

• Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor

de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa,

respectivamente;

• Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de

escória granulada de alto-forno, em massa;

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• Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de

material pozolânico, em massa;

• Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de

longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos.

2.3.9 Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) - (NBR 13116)

O Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado

por siglas e classes de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC)

é o Cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor de hidratação,

determinado pela sua composição. Este tipo de cimento tem a propriedade de

retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto,

evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor

desenvolvido durante a hidratação do cimento.

2.3.10 Cimento Portland Branco (CPB) - (NBR 12989)

O Cimento Portland Branco se diferencia por coloração, e está

classificado em dois subtipos: estrutural e não estrutural. O estrutural é

aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, com classes de

resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos de cimento. Já o não

estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em

rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais. Pode ser utilizado

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nas mesmas aplicações do cimento cinza. A cor branca é obtida a partir de

matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês, em

condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do

produto e, principalmente, utilizando o caulim no lugar da argila. O índice de

brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos projetos arquitetônicos mais

ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma

vez que pode ser associado a pigmentos coloridos.

2.4. Calcário calcítico

Figura07: Rochas calcárias.

Fonte: Manual de agregados para construção civil

O calcário é uma rocha sedimentar originada de material precipitado

por agentes químicos e orgânicos. O cálcio é um dos elementos mais comum,

estimado em 3-4% da crosta terrestre, todavia, quando constituinte dos

calcários tem origem nas rochas ígneas. Por meio das atividades de erosão e

corrosão, incluindo a solução de ácidos carbônicos ou outros de origem

mineral, as rochas são desintegradas e o cálcio em solução é conduzido para o

mar por meio da drenagem das águas. Após atingir o oceano, parte do

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carbonato de cálcio dissolvido precipita-se, em decorrência da sua baixa

solubilidade na água marinha.

2.4.1 Propriedades físicas

• Calcita (CaCO3) CaO 56% - Componente mais comum nos calcários

e mármores, bem como de outras rochas sedimentares e metamórficas.

Ocorre no sistema cristalino e hexagonal com boa clivagem

romboédrica. Dureza 3 (escala Mohs). Densidade 2,72. Comumente

ocorre na cor branca ou sem cor (hialino) e coloridas quando contém

impurezas.

• Dolomita CaCO3.MgCO3 CaO 30,4% MgO 21,95% - Sua origem

pode ter sido secundária, por meio da substituição do cálcio pelo

magnésio. Sistema cristalino hexagonal, comumente em cristais

romboédricos com faces curvadas. Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 2,87.

Comumente ocorre nas cores brancas e róseas.

• Aragonita (CaCO3) CaO 56% - É menos estável que a calcita e

muito menos comum. Forma-se a baixas temperaturas e ocorre em

depósitos aflorantes ou próximos à superfície, especialmente nos

calcários, em rochas sedimentares e metamórficas. Sistema cristalino

ortorrômbico. Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 2,93 a 2,95. Comumente

ocorre na forma hialina.

• Siderita (FeCO3 ) - Cristais romboédricos, nas cores castanha ou

preta, são mais comuns. Dureza 3,5 a 4,0. Densidade 3,7 a 3,9.

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• Ankerita (Ca2MgFe(CO3)4 - Ocorre no sistema hexagonal,

comumente com cristais romboédricos. Dureza 3,5 a 4,5. Densidade

2,96 a 3,1. As cores mais comuns: branca, rósea ou cinza.

• Magnesita (MgCO3 ) - Sistema hexagonal. Usualmente ocorre na

forma granular ou massa terrosa. As cores mais comuns variam desde o

branco ao amarelo; em outras cores quando ocorrem impurezas.

2.4.2 Sua utilização

Nas atividades diárias é comum o uso de produtos contendo carbonato de

cálcio nas mais variadas aplicações, tais como:

ü Desde os materiais de construção civil à produção de alimentos;

ü Da purificação do ar ao tratamento de esgotos;

ü Do refino do açúcar à pasta de dentes;

ü Da fabricação de vidros e aço à fabricação de papéis, plásticos,

tintas, cerâmica e tantos outros.

O carbonato de cálcio está sempre presente, desempenhando um

papel invisível na maioria dos setores da indústria moderna. Assim, o calcário,

notadamente o calcítico, é de longe a rocha carbonatada mais comum, seguida

do dolomito e do mármore, este um produto metamórfico. Todas essas rochas

carbonatadas são também as mais comercializadas em todo mundo.

Na produção de argamassas o calcário dolomítico é utilização na

forma de Filler, que é o calcário moído bem fino, que serve para preencher os

vazios dos agregados e dar plasticidade a massa. É encontrado no mercado

nas core branca (dolomítico) e cinza (calcítico), e geralmente suas

granulometrias são passantes da malha 200.

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Figura08: Filler calcário calcítico.

Fonte: Manual de agregados para construção civil

2.5. Aditivos

MEHTA E MONTEIRO(2008) comentam que a ASTM C 125 define o

aditivo como qualquer material que não seja água, agregados, cimentos

hidráulicos ou fibras e que sejam usados como ingredientes do concreto ou

argamassa e adicionado à massa imediatamente antes e durante a mistura.

Ainda de acordo com MEHTA e MONTEIRO (2008), o Comitê ACI

212 relaciona certas finalidades importantes para os quais os aditivos são

usados, como por exemplo:

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• Aumentar a plasticidade do concreto sem aumentar o teor de água;

• Reduzir a exsudação1 e segregação2;

• Retardar ou acelerar o tempo de pega;

• Acelerar a velocidade de desenvolvimento da resistência nas

primeiras idades;

• Reduzir a taxa de evolução do aquecimento e aumentar a

durabilidade do concreto em condições específicas de exposição.

2.5.1 Copolímeros

Os copolímeros EVA é um copolímero termo plástico composto de

monômeros acetato de venila e etileno. O EVA é obtido através da emulsão e

polimerização dos componentes( álcool polivinílico, etileno líquido, acetato de

vinila e catalisadores) sob pressão e temperatura controladas,sendo obtido,

assim, o látex. Após a adição de outros produtos e controle do seu pH o Látex

para por uma secagem em um atomizador de partículas, onde passa por um

aquecimento de 170 a 200ºC. A água dispersa evatora deixando o copolímero

da form de um pó branco muito fino, nesta etapa pode-se adicionar agentes(

argila, sílica, carbonato de cálcio) que impedem o empelotamento do pó após o

empacotamento e armazenagem do produto.

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Tem a função de dar flexibilidade e elasticidade nas argamassas,

além de melhorar a adesividade da argamassa a superfície, aumento nas

resistência mecânicas a aderência e a compressão.

Segundo ANDRADE(2007) os polímeros são materiais compostos

de origem natural ou sintética que apresentam massas molares elevada,

formadas pelas repetições de um grande número de unidades estruturais

básicas.

Suas principais características:

• A boa resistência à corrosão;

• Baixa massa específica;

• Boas características de isolamento térmico e elétrico;

2.5.2 Retentores de água

São compostos orgânicos sulúveis em água formados por ésteres de

celulose (HEC), o HEC Hidroxietil celuloseque é um polímero termoplástico, de

alta massa molecular, obtido através da modificação da estrutura da celulose,

pela substituição de um ou mais grupos hidroxila por grupos hidroxietil, por

meio da reação entre álcali-celulose e óxido etileno. Tem como principal

finalidade conferir maior capacidade de retenção de água, melhor

trabalhabilidade, maior adesividade e maior elasticidade ás mesmas. Nas

argamassas colantes

O HEC pode se apresentar na forma de soluão aquosa, gel ou

sólido, em função da temperatura e do grau de substituição dos grupos de

hidroxila pelos hidroxietil. et al (SARKAR, WALKER, 1995).

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CAPÍTULO III

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

Na concepção mais freqüente, processo é qualquer atividade ou

conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um

output a umcliente específico. Os processos utilizam os recursos da

organização para oferecer resultados objetivos aosseus clientes (Harrington,

1991)

Um processo de produção é um sistema de ações que estão inter-

relacionadas de forma dinâmica e que estão orientadas para a transformação

de determinados elementos. Como tal, os elementos de entrada (conhecidos

como factores) passam a ser elementos de saída (produtos), na sequência de

um processo em que é incrementado o seu valor.

Convém destacar que os factores são os bens que são utilizados

com fins produtivos (as matérias-primas). Os produtos, por sua vez, estão

destinados à venda ao consumidor ou ao grossista.

As ações produtivas são as actividades desenvolvidas no âmbito do

processo. Podem ser acções imediatas (que geram serviços que são

consumidos pelo produto final, independentemente do seu estado de

transformação) ou acções mediatas (que geram serviços que são consumidos

por outras acções ou actividades do processo).

Por outro lado, ainda que exista uma grande quantidade de

tipologias de produtos, podemos mencionar as principais: os produtos finais,

que oferecem os mercados onde a organização interactua, e os produtos

intermédios, podendo ser utilizados como fatores noutra ou noutra ações que

constituem o mesmo processo de produção.

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Mais formalmente, um processo é um grupo de atividades realizadas

numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que

tem valor para um grupo específico de clientes (Hammer e Champy, 1994).

O processo também pode ser qualquer atividade que recebe uma

entrada (input), realiza uma transformação agregando-lhe valor e gera uma

saída (output) para um cliente externo ou interno. Processos fazem uso dos

recursos da organização para gerar resultados concretos.

Qualquer processo que entra em contato físico com o produto ou

serviço que será fornecido a um cliente externo, até o ponto em que o produto

é embalado (por exemplo, a manufatura de computadores, preparação de

alimento para consumo em massa, refinação de petróleo, conversão de minério

de ferro em aço). Não inclui os processos de transporte e distribuição.

Os processo tem seu início e final bem determinados, podemos uns

terem impacto maior que outro na própria viabilidade da empresa e nem

sempre tomam forma lineares nas empresas.

Quadro 01: espectro dos principais modelos de processos

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3.1 Hierarquia do Processo

ü Macroprocesso é um processo que geralmente envolve mais de uma

função da organização, e cuja operação tem impacto significativo nas

demais funções da organização. Dependendo da complexidade do

processo este é dividido em subprocessos.

ü Subprocesso: divisões do macroprocesso com objetivos específicos,

organizado seguindo linhas funcionais. Os subprocessos recebem

entradas e geram suas saídas em um único departamento.

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Figura 09: Layout de uma fábrica de argamassas

Fonte: Fabrica do projeto

3.2. Processo de fabricação de argamassas industrializadas

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ATIVIDADES

TAREFAS

SUBPROCESSOS

PROCESSO

Figura 10: Hierarquia do processo: processo, sobprocesso, atividades, tarefas

Fonte: Grupo de Análise de Valor – Departamento de Engª de Produção –

UFSC

A fabricação de argamassas industrializadas consiste em sistema de

produção por bateladas que podem variar de acordo com a capacidade de

capa unidade de fabril. Consiste em um processo de dosagem e mistura das

matérias-primas em seu estado anidro.

A composição da argamassa compreende: a) cimento portland

comum, branco ou aluminoso, na proporção de 25,0 a 40,0%; b) areias naturais

ou artificiais com 80,0 a 90,0% de silica, e/ou areias naturais ou artificiais de

carbonato de cálcio e magnésio, na proporção de 60,0 a 75,0%, e c) extrato

composto de 50,0 kg de cimento portland comum, branco ou aluminoso e

aditivos químicos, na proporção de 6,1 a 11,5%.

O processo de fabricação compreende as etapas de: a) preparação

do extrato em misturador de hélice em contracorrente, adicionando-se os

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aditivos químicos ao cimento, durante aproximadamente 04 minutos; e b)

mistura e homogeneização do extrato, cimento e areias, no misturador de

hélice em contra-corrente.

As misturas, de acordo com a norma NBR 7200 (ABNT, 1998),

devem ser feitas por processos mecanizados ou, em casos excepcionais, por

processo manual.

A mistura manual não é aconselhável, pois não é garantida a correta

homogeneização da argamassa, o que compromete as suas propriedades.

Muitos são os equipamentos atualmente disponíveis para o preparo

mecânico da argamassa. Tais equipamentos podem ser classificados de

acordo com o sistema de mistura, com o tipo do eixo e com o regime de

produção.

Quadro 02 - Tipos de misturadores de argamassa

Critérios de classificação Tipos de misturadores Tipo de mistura • por queda livre ou gravitacional

• forçada

Tipo de eixo • horizontal

• vertical • inclinado • planetário

Regime de produção • intermitente (por batelada)

• contínuo

Os misturadores são essenciais para a mistura da argamassa, pois

não garantem a perfeita homogeneidade da mistura. O ideal é que o preparo

da argamassa seja feito com equipamento específico e melhor adaptado para a

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produção de argamassa de acordo com seu sistema produtivo, seja ele,

contínuo ou por bateladas.

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CAPÍTULO IV

SUSTENTABILIDADE

Conforme Abreu, Figueiredo Junior e Varvakis (2004), a importância

da questão ambiental vem sendo continuamente reforçada por uma série de

mensagens. Surgiram entre os anos de 1960 e 1990, formas distintas de

ambientalismo, cada uma enfatizando diferentes considerações legais, de

mercado, éticas e do conceito de valor.

Valle (1995) destaca que em 1960 surgiram os primeiros

movimentos ambientalistas motivados pela contaminação das águas e do ar

nos países industrializados. Já nos anos 90,

Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, editou a agenda Global

Compact, solicitando aos empresários do mundo dos negócios que aplicassem

um conjunto de princípios sobre os direitos humanos, trabalhistas e questões

ambientais.

Crescentemente incorporada aos mercados e às estruturas de

regulação da sociedade, a questão ambiental passou a ser vista cada vez mais

como um elemento essencial a ser considerado no processo de gestão

(GOBBI; BRITO, 2005).

Nascimento (2005) ressalta que o campo de abrangência da gestão

ambiental nas empresas, ao longo das últimas décadas, foi sendo ampliado e

seu conceito expandido, incluindo as repercussões sociais das ações

ambientais e a elevação destas preocupações para o nível estratégico das

empresas.

Para Andrews et al. (2001, p. 36), a gestão ambiental define "uma

estrutura gerencial que possibilita a organização visualizar seus impactos no

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meio ambiente, através de um sistema que facilita o acesso, a catalogação e a

quantificação dos impactos ambientais das operações de toda organização".

Maimon (1996, p. 72) conceitua a gestão ambiental como um

"conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de

forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente".

Neste sentido, a gestão ambiental consiste na administração dos

recursos e das operações das empresas visando à preservação do meio

ambiente e/ou a recuperação de áreas degradadas por suas atividades

(FERREIRA, 2003; TINOCO; KRAEMER, 2004).

Darnall et al. (2001) salienta que a adoção de práticas de gestão

ambiental altera profundamente a performance ambiental e econômica da

organização, assim como o seu relacionamento com fornecedores,

consumidores, empregados, agências de financiamento e reguladores das

políticas ambientais.

Definitivamente a minimização de resíduos é uma das principais

maneiras de se reduzir o impacto ambiental. Envolve processos durante todo o

ciclo de vida de uma construção, desde a racionalização do processo

construtivo, componentes reusados e/ou renováveis, até o fim do seu ciclo de

vida.

O desenvolvimento desse processo objetiva ampliar os benefícios

ambientais conseguidos com cada um dos critérios a seguir:

Essa seqüência foi elaborada para que haja reconhecimento de

prioridades na hora de decidir o que deve ser feito com o entulho. O reuso

(reutilizar) foi colocado como segunda opção porque apresenta benefícios como

menor gasto de energia, menores taxas de emissão de poluentes (gases) e menor

uso de água que a reciclagem.

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Figura 11: Sustentabilidade na construção civil

Fonte: Jornal SC

4.1 Reduzir

Quando não é possível recusar um produto ou material, há a

possibilidade de reduzir o consumo do mesmo. A melhor forma de resolver um

problema constante, como é o caso dos resíduos, é a de evitar o seu

aparecimento. Reduzindo sua quantidade, reduz também o lixo gerado por ele,

seja pelas embalagens ou pelo descarte em si. Na fabricação de argamassas

pode-se, por exemplo, reduzir a quantidade de rejeito de areia simplesmente

britando o rejeito em um moinho de rolo e voltando esse material para o

sistema.

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4.2 Reutilizar

Consiste no aproveitamento de produtos sem que estes sofram

quaisquer tipos de alterações ou processamento complexos. Antes de um

produto ser jogado fora, ele ainda tem muitos usos sem ter que passar por um

processo de restauração ou reciclagem. Muitas vezes é preciso ser criativo,

inovador, usar um produto de várias maneiras.

O reuso dos materiais na fabricação de argamassas normalmente

muito simples, trata-se de um reaproveitamento do resíduo dos produtos ou o

pó gerado durante o envase ou de sacos rasgados. Para isso seria necessário

um programa para organizar a seleção ou separação para que os materiais

sejam separados por tipos de argamassas,peneirados, para depois serem

retornados ao processo como, produto, agregado ou filler.

Entretanto, seria ideal que toda fábrica já tivesse dentro do seus

projetos meios para separar e dosar estes materiais, ou seja, é preciso que

haja uma idéia prévia sobre o reuso.

4.3 Reciclar

A reciclagem consiste na reintrodução, no processo produtivo, dos

resíduos, quer esses sejam sólidos, líquidos ou gasosos para que possam ser

reelaborados, dentro de um processo produtivo que envolva gasto de energia,

gerando assim um novo produto idêntico ou não ao que lhe deu origem. Por ser

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um processo que consome energia e até gera resíduos, a reciclagem é

considerada o último recurso no reaproveitamento de materiais.

Na fabricação de argamassas industrializadas, a areia tem boa

reciclabilidade, no entanto seu processo é feito somente em escala industrial

resultando num inevitável consumo de energia, sem contar com o transporte e

lugar para armazenamento. Por isso não é costume reciclá-lo e sim reutilizá-lo

para fabricação de outros produtos com uma granulometria compatível.

Da mesma forma, o vidro é também reciclado em escala industrial,

embora não demande tanta energia em comparação àquela que foi usada na

sua fabricação. Além disso, o vidro pode ser reciclado quantas vezes forem

necessárias sem perder suas propriedades. O único fator que pode dificultar e

até mesmo impedir sua reciclagem é a adição de filmes e películas. Depois de

aplicadas elas precisam ser retiradas através de processos químicos tóxicos

que são obviamente prejudiciais, e, muitas vezes, não é possível removê-las.

O aspecto mais importante da reciclagem na fabricação de

argamassas é a utilização de agregados que são considerados como

subprodutos ou mesmo resíduos de outros processos, como no caso das

areias artificiais extraídas das pedreiras. Estes agregados miúdos formam um

grande passivo ambiental para a exploração de pedras ornamentais, mármores

e granitos, pois enchem os pátios e são levados pelas chuvas para os leitos

dos rios que acabam sendo assoreado por esse resíduo.

O processo de classificação desse material nada mais é que o

fracionamento do pó de pedra até um determinado diâmetro para resultar no

produto final chamado de areia industrial. Para isso, é utilizado peneiras que

podem ser vibratória ou rotativas. Antes do fracionamento é preciso que o

material passe por um processo de britagem, onde são usados equipamentos

para a diminuição dos grãos, no primeiro estágio é utilizado um britador de

martelos ou mandíbulas é ideal para a produção do agregado reciclado se

tiverem ajuda de outro para a britagem secundária, mas é muito fácil se

encontrar contaminantes como ferro e aço. O impacto proporciona o desgaste

das peças contamina o material reciclado.

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Devidamente reciclado, o entulho apresenta propriedades físicas tão

boas quanto à dos materiais originais e apropriadas para seu emprego como

matéria prima na produção de argamassas industrializadas ou outros materiais.

No entanto, é importante ressaltar que o entulho possui características

bastante peculiares.

Há estudos comprovados que mostram um diferencial expressivo

entre os valores anunciados para os materiais convencionais agregados

reciclado, possibilitando a compreensão de que existe viabilidade econômica

para a consideração da implantação da reciclagem.

O agregado reciclado pode substituir diversos tipos de matérias

primas. A destinação final vai depender da finura e da composição do

agregado. Os agregados que vem de telhas e blocos serão novamente

utilizados para a produção dos mesmos e terão que ser moídos até um

diâmetro bem fino; o processo de fabricação a partir do agregado é o mesmo

que seria para a matéria prima convencional. Já o agregado utilizado para

concretos,argamassas, além de passar por uma rigorosa avaliação. O

agregado pode, de maneira geral, servir para a fabricação da maioria dos

materiais de construção, desde concreto estrutural até argamassa, basta

atentar para seu o diâmetro e sua composição.

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Figura 12: Usina de reciclagem

Fonte: ecobrit

4.4 Sustentabilidade na Construção Civil A sustentabilidade, com suas múltiplas implicações, devem ser

buscadas em todas as esferas das ações correlatas ao sistema da construção

civil. A abordagem que se fará a seguir busca aproximar o conceito amplo da

sustentabilidade na construção civil

4.4.1 Pré-condições de empreendimentos sustentáveis

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O primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o

compromisso das empresas da cadeia produtiva a criarem as bases para o

desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis. Apresentamos aqui

três pré-condições fundamentais para a construção dessa base:

Pré-condição 1 - Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade

A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos,

mantidos e disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade,

especialmente a busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a

sustentabilidade porque estimula a melhoria constante dos processos

empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos naturais,

produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

Pré-condição 2 - Sustentabilidade não combina com informalidade

É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e

serviços, assim como a equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham

com fornecedores informais também se tornam informais, alimentando este

ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda a empresa e de todos os

seus processos. Além de garantir a legitimidade da empresa, a seleção de

fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na cadeia

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produtiva e conseqüente eliminação de empresas com baixa produtividade que

só se mantêm no mercado por economias advindas de atividades ilícitas.

Pré-condição 3 - Busca constante pela inovação

Utilizar novas tecnologias, quando possível é adequado. Caso

inviável, buscar soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as

empresas tenham relações estreitas com agentes promotores de inovação na

cadeia produtiva, tanto na oferta de novos materiais e equipamentos, quanto na

capacitação da mão-de-obra. A base para a sustentabilidade na construção é

alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos, daí a necessidade e

importância de inovações.

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CAPÍTULO V

PRODUÇÃO LIMPA

5.1. Conceitos

Em 1989, a expressão "Produção Mais Limpa" foi lançada pela

UNEP (United Nations Environment Program) e pela DTIE (Division of

Technology, Industry and Environment) como sendo a aplicação contínua de

uma estratégia integrada de prevenção ambiental a processos, produtos e

serviços, visando o aumento da eficiência da produção e a redução dos riscos

para o homem e o meio ambiente.

A indústria brasileira descobre a Produção Mais Limpa na década de

noventa, mais precisamente após a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92.

A partir desse novo paradigma, a poluição ambiental passa a ser

sinônimo de desperdício nas empresas responsáveis, e seus processos

passam por mudanças que buscam diminuir o consumo de água, energia e

matérias-primas (BELMONTE, 2004, apud ARGENTA, 2007).

Fernandes et al (2001) define a Produção Mais Limpa da seguinte forma: "a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. Produção Mais Limpa também pode ser chamada de Prevenção da Poluição, já que as técnicas utilizadas são basicamente as mesmas". (FERNANDES et. al., 2001)

De acordo com o conceito proposto por Fernandes (2001), a

Produção mais Limpa pressupõe quatro atitudes básicas. A primeira, e a mais

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importante, é a busca pela não geração de resíduos, através da racionalização

das técnicas de produção. Quando o primeiro conceito não pode ser aplicado

integralmente, a segunda atitude proposta pela Produção Mais Limpa é a

minimização da geração dos resíduos. Já o reaproveitamento dos resíduos no

próprio processo de produção é a terceira atitude defendida pela Produção

Mais Limpa, enquanto a quarta alternativa para a Produção mais Limpa é a

reciclagem, com o aproveitamento das sobras ou do próprio produto para a

geração de novos materiais (CETESB, 2007, apud HENRIQUES e QUELHAS,

2007).

A Produção Mais Limpa é vista entre os especialistas como uma

forma moderna de tratar as questões de meio ambiente nos processos

industriais. Dentro desta metodologia pergunta-se "onde estão sendo gerados

os resíduos?" e não mais somente "o que fazer com os resíduos gerados?".

Dessa forma, evita-se o desperdício, tornando o processo mais eficiente

(MAROUN, 2003, apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

"O que se pode fazer com os resíduos e as emissões existentes?"

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Figura 13: Fluxo de emissões

Fonte: Centro de tecnologias Limpa do SENAI RS

A Produção Mais Limpa, com seus elementos essenciais, adota uma

abordagem preventiva, em resposta à responsabilidade financeira adicional

trazida pelos custos de controle da poluição e dos tratamentos de final de tubo,

conforme proposto na figura 1:

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Figura14: Elementos essenciais da estratégia de Produção Mais Limpa

Fonte: adaptado de UNIDO/ UNEP (1995)

A Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho dos produtos,

busca direcionar o design para a redução dos impactos negativos do ciclo de

vida, desde a extração da matéria- prima até a disposição final. Em relação aos

processos de produção, direciona para a economia de matéria-prima e energia,

a eliminação do uso de materiais tóxicos e a redução nas quantidades e

toxicidade dos resíduos e emissões. Em relação aos serviços, direciona seu

foco para incorporar as questões ambientais dentro da estrutura e entrega de

serviços.

"De onde vêm nossos resíduos e emissões?"

"Por que afinal se transformaram em resíduos?"

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Figura 15: FLUXO DO CUSTO DAS EMISSÕES

Fonte: Centro de tecnologias Limpa do SENAI RS

O aspecto mais importante da Produção Mais Limpa é que a mesma

requer não somente a melhoria tecnológica, mas a aplicação de know-how e a

mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos é que fazem o diferencial em

relação às outras técnicas ligadas a processos de produção.

A aplicação de know-how busca melhorar a eficiência, adotando

melhores técnicas de gestão, fazendo alterações por meio de práticas de

housekeeping ou soluções caseiras e revisando políticas e procedimentos

quando necessário. Mudar atitudes significa encontrar uma nova abordagem

para o relacionamento entre a indústria e o ambiente, pois repensando um

processo industrial ou um produto, em termos de Produção Mais Limpa, pode

ocorrer a geração de melhores resultados, sem requerer novas tecnologias.

Com isso, a estratégia geral para alcançar os objetivos é de sempre mudar as

condições na fonte em vez de lutar contra os sintomas (CEBDS, 2009).

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5.2 Princípios da Produção mais limpa

Vários autores, entre eles, Henriques e Quelhas (2007) apontam que

os sistemas de Produção Mais Limpa são circulares e usam menor número de

materiais, menos água e energia. Desse modo, os recursos fluem pelo ciclo de

produção e consumo em ritmo mais lento.

De modo geral, os princípios da Produção Limpa questionam a

necessidade real do produto ou procuram outras formas pelas quais essa

necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida.

Os autores acima citados ressaltam que a Produção Mais Limpa

implementa o princípio de prevenção e precaução, de uma nova abordagem

holística e integrada para questões ambientais centradas no produto. Essa

abordagem assume como pressuposto que a maioria de nossos problemas

ambientais é causada pela forma e ritmo no qual produzimos e consumimos os

recursos, além de considerar a necessidade da participação popular na tomada

de decisões políticas e econômicas.

Segundo Kind (2005 apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007) a

tecnologia de Produção Mais Limpa é um exemplo de como os recursos

naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento sustentável. Diminuir

os desperdícios implica em maior eficiência no processo industrial e menores

investimentos para soluções de problemas ambientais. Em contrapartida,

reduzir a poluição através do uso racional de matérias-prima significa uma

opção ambiental e econômica definitiva, conforme afirmam os autores.

Assim, o processo de transformação de matérias-primas e insumos

em produtos, e não em resíduos, tornam uma empresa mais competitiva.

(LEMOS e NASCIMENTO, 1999)

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5.3 Descrição das fases de implantação da metodologia da

produção mais limpa

A implantação da metodologia de Produção Mais Limpa pressupõe

inovação, incremento competitivo e responsabilidade sócio-ambiental, uma vez

que tal processo prevê em sua origem, a prevenção da poluição e a busca do

crescimento e desenvolvimento econômico sustentado.

Assim nesta seção busca-se apresentar, de maneira breve, as fases

de implantação e as ações necessárias para operacionalização de tal

metodologia, conforme proposto pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas -

CNTL (apud ARAÚJO, 2002).

5.3.1 Fase 1: Pré-avaliação

De acordo com o CNTL (op cit.), a etapa de pré-avaliação consiste

em realizar uma breve avaliação das atividades executadas pela empresa

através da realização de uma visita técnica, a qual tem como objetivo identificar

as possibilidades da implantação da Produção Mais Limpa, bem como o tempo

dedicado a ela. Sendo assim, deve-se buscar atender três objetivos básicos:

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• Definir a amplitude da avaliação: consiste em definir o escopo da

avaliação, ou seja, se o trabalho irá atender a toda a planta industrial ou

processos previamente selecionados;

• Estabelecer a estratégia a ser adotada para execução do trabalho:

consiste em definir o tempo de aplicação da metodologia e os horários

para capacitação e sensibilização dos funcionários;

• Elaborar o(s) fluxograma(s) de produção: consiste em identificar as

etapas que compõe os serviços a serem analisados.

5.3.2. Fase 2: Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa

Segundo o CNTL (ibid), um dos pontos cruciais da metodologia

fundamenta-se na elaboração de uma equipe de trabalho ou força tarefa,

também denominada Ecotime. Esta equipe deve ser capacitada e

sensibilizada, de forma a disseminar os fundamentos da Produção Mais Limpa

para os demais funcionários da empresa.

Dependendo do porte da empresa e da complexidade da sua planta

industrial, deve se buscar um Ecotime que "cubra" todos os setores da

empresa. Para microempresas, muitas vezes pode ser formado por apenas

uma pessoa.

A sensibilização do Ecotime deve consistir no reconhecimento da

prevenção como etapa anterior às ações de "fim-de-tubo" e no entendimento

da Produção Mais Limpa como princípio de melhoria contínua. Nesta fase,

deve-se ressaltar os problemas ambientais atuais e os impactos ambientais

causados pelo setor em que se enquadra a empresa.

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A capacitação do Ecotime consiste na explicitação das etapas que

compõe a implementação da P+L, assim como no atendimento a dúvidas que

por ventura podem vir a surgir durante o decorrer do trabalho em campo.

5.3.3. Fase 3: Elaboração do diagnóstico ambiental e de processos

De acordo com o CNTL (ibid), o diagnóstico ambiental e de

processos é a base de dados da Produção Mais Limpa. Este deve fornecer

uma "fotografia" da real situação da empresa diante da sua relação com o meio

ambiente. Assim, tal diagnóstico deve permitir reconhecer:

• As principais matérias-primas, auxiliares e insumos utilizados no(s)

processo(s) produtivo(s), inclusive os toxicologicamente mais

importantes com respectiva quantidade utilizada e custo de aquisição;

• O volume de produtos produzidos;

• Os principais equipamentos utilizados no(s) processo(s) produtivo(s);

• As fontes de abastecimento e finalidades do uso de água, bem como

o tipo de tratamento utilizado;

• O consumo de energia;

• O consumo de combustíveis;

• Os locais de armazenamento e formas de acondicionamento de

matérias-primas, insumos e produtos;

• A conformidade ou não com a legislação ambiental;

• Os resíduos sólidos gerados, a forma de acondicionamento, o local e

tipo de armazenamento e a sua destinação final;

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• A existência ou não de emissões atmosféricas e sistemas de

controle utilizados;

• A existência ou não de efluentes líquidos e sistemas de tratamento

utilizados;

• Os custos relativos ao controle dos resíduos gerados

(armazenamento, tratamento, transporte, disposição, e outros) e perdas

de matéria-prima e insumos.

5.3.4. Fase 4: Elaboração do balanço ambiental, econômico e tecnológico do

processo produtivo

Conforme o CNTL (ibid), o balanço ambiental deve ser "alimentado"

com os dados obtidos no diagnóstico ambiental e de processos, principalmente

os que dizem respeito às entradas e saídas do processo produtivo. Utilizam-se

os fluxogramas simplificados realizados na etapa de Pré-Avaliação de forma

combinada com os dados obtidos no diagnóstico. Desta forma, elabora-se o

balanço ambiental através da construção de fluxogramas de processo (entrada

e saída).

O desenvolvimento de fluxogramas para os processos e atividades

setoriais da empresa fornece as informações sobre os locais das saídas de

poluentes de cada atividade ou processo.

Considera-se que, num processo industrial, as entradas são

constituídas pelas matérias- primas, produtos auxiliares, água e energia. As

saídas são os produtos acabados e semi- acabados. No entanto, encontram-se

nos processos industriais outras saídas que são os poluentes gerados, os

quais devem ser tratados de maneira adequada.

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Ainda de acordo com o CNTL (ibid), a metodologia de Produção

Mais Limpa expõe de maneira contundente a proteção ambiental integrada à

produção, a qual propõe os seguintes questionamentos: De onde vêm nossos

resíduos e emissões? Por que afinal se transformaram em resíduos?

Desta forma, o balanço ambiental deve responder a tais

questionamentos, a fim de procurar identificar os pontos críticos da geração

dos resíduos, bem como as informações sobre a sua causa e, posterior

conseqüência.

Com relação ao Balanço Econômico, este deve conter os custos

referentes ao controle dos resíduos, ou seja, a soma dos custos de tratamento

de efluentes, resíduos sólidos e emissões atmosféricas, além dos custos com

transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos gerados.

De igual maneira devem-se apurar os custos com perdas de

matéria-prima, sendo possível analisar o real custo do resíduo gerado, sendo

este muitas vezes desconhecido pela empresa (CNTL, ibid).

Em relação ao Balanço Tecnológico, deve-se verificar o nível de

tecnologia adotada pela empresa. Roberto (2009) apud Nascimento (2000)

escreve que é de fundamental importância a realização e difusão de pesquisas,

como por exemplo, concurso das Universidades e Centros de Pesquisa

Nacionais, uma vez que durante a execução das atividades são identificadas

demandas tecnológicas reais, as quais devem alimentar o trabalho em campo.

5.3.5. Fase 5: Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades

de produção mais limpa

A avaliação do balanço consiste na identificação de oportunidades

e/ou problemas diagnosticados na elaboração do balanço ambiental,

econômico e tecnológico do processo produtivo. Estas oportunidades e ou

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problemas podem estar relacionados ao impacto ambiental proporcionado por

determinada atividade, a problemas de saúde e segurança ocupacional dos

trabalhadores, a custos associados ao controle de resíduos (fim-de-tubo), a

problemas tecnológicos, entre outros.

As informações apuradas, até então, devem permitir a identificação

de oportunidades de aplicar a metodologia de Produção Mais Limpa para a

solução dos problemas diagnosticados (possíveis desperdícios de materiais,

procedimentos operacionais inadequados, entre outros).

Além disso, devem-se determinar as interfaces com outras áreas ou

ambientes da empresa, que afetam a área avaliada. Sendo assim, a avaliação

consiste em descrever os problemas encontrados, as oportunidades de

aplicação da metodologia proposta para solução dos mesmos, a estratégia ou

ação a ser implementada, bem como as barreiras e necessidades para efetiva

aplicação.

Roberto (2009), apud Valle (1995), afirma que deve ser dada

especial atenção aos pontos críticos dos sistemas que geram maior quantidade

de resíduos e ao controle dos processos produtivos que apresentam desvios

em sua eficiência, gerando mais resíduos do que originalmente estimado.

5.3.6. Fase 6: Priorização das oportunidades identificadas na avaliação

O CNTL (CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006) propõe que a

priorização das oportunidades esteja fundamentada na escala de prioridades

para prevenção de resíduos, ou seja, os níveis de aplicação da Produção Mais

Limpa, conforme figura 2.

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Figura 16 - Níveis de aplicação da produção mais limpa

Fonte: CNTL/SENAI-RS apud BARBIERE, 2006.

Desta forma, deve-se evoluir do nível 1 para os demais níveis, pois

os mesmos representam o quão preventivo é a ação a ser implementada. Ao

analisar a alternativa de redução de resíduos na fonte (Nível 1), percebe-se

que existem duas opções a serem seguidas, ou seja, a modificação no

processo ou a modificação no produto.

De acordo com o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), a modificação no processo

pode envolver:

• Técnicas de housekeeping: consiste em limpezas periódicas, uso

cuidadoso de matérias-primas e com o processo, alterações no layout

físico, ou seja, disposição mais adequada de máquinas e equipamentos

que permitam reduzir os desperdícios, elaboração de manuseio para

materiais e recipientes, etc. O housekeeping permite, ainda, mudanças

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nas condições operacionais, ou seja, alterações nas vazões, nas

temperaturas, nas pressões, nos tempos de residência e outros fatores

que atendam às práticas de Prevenção de Resíduos;

• Substituição de matérias-primas: consiste na identificação de

materiais mais resistentes que possam vir a reduzir perdas por

manuseio operacional, ou ainda, a substituição de materiais tóxicos por

atóxicos e não-renováveis por renováveis;

• Mudanças tecnológicas: utilização de equipamentos mais eficientes

do ponto de vista da otimização dos recursos utilizados, uso de controles

e de automação que permitam rastrear perdas ou reduzir o risco de

acidentes de trabalho, entre outras.

Quanto às modificações do produto (nível 1), o CNTL (op cit) propõe

que se leve em consideração as seguintes opções para minimização de

resíduos:

• substituição de produto: essa opção pode envolver o cancelamento

de uma linha produtiva, no qual o produto acabado apresente problemas

ambientais significativos, ou ainda, a substituição de um produto com

características tóxicas por outro menos tóxico;

• - redesenho do produto (ecodesign): consiste em desenvolver uma

nova concepção do produto que leve em consideração a variável

ambiental como fator de redução de custos e oportunidades de

negócios. Nesta fase, há necessidade de uma análise combinada de

substituição de materiais tóxicos por atóxicos e não renováveis por

renováveis, alterações nas dimensões do produto, aumento da vida útil

do produto, facilidade de reciclagem de seus componentes e otimização

produtiva ou de processos.

Encerradas as opções de redução de resíduos na fonte (nível 1),

deve-se buscar alternativas para reciclagem interna (nível 2). Neste nível,

considera-se que os resíduos que não podem ser evitados, devem,

preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da empresa. A

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reciclagem interna busca fazer com que o resíduo possa retornar a cadeia

produtiva ou mesmo ser reaproveitado por setores administrativos.

Conforme o CNTL (ibid), após analisadas as possibilidades de

modificação no processo e modificação no produto (nível 1) e reciclagem

interna (nível 2), deve-se proceder uma análise da reutilização de resíduos e

emissões fora da empresa, ou seja, através da reciclagem externa (nível 3).

Nesta fase, deve-se adotar medidas internas que viabilizem uma reciclagem

externa dos resíduos, como a segregação de resíduos na fonte. Entende-se

que se um resíduo não tem valor "para mim", pode ter valor "para outro". Pode

ser obtida através da reorientação de resíduos gerados para uso em outros

processos, ou recuperação, para venda, de resíduos valiosos.

É importante ressaltar que a priorização dever ser feita em conjunto

com a alta gerência, pois são eles que determinam o planejamento estratégico

da empresa, assim como a sua disponibilidade financeira e tecnológica para

mudanças nos processos produtivos e/ou

produtos. Roberto (2009), apud ARAÚJO ( 2002)

5.3.7. Fase 7: Elaboração do estudo de viabilidade econômica das prioridades

Nesta fase deve-se analisar a viabilidade das opções de Produção

Mais Limpa por meio de dados econômicos, técnicos e dos conseqüentes

benefícios ambientais.

O CNTL (ibid) afirma que a elaboração do estudo de viabilidade

econômica das prioridades baseia-se no fato de que algumas oportunidades de

Produção Mais Limpa podem implicar em investimentos, geralmente devido à

compra de equipamentos com alto grau de inovação tecnológica.

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Desta forma, deve-se obrigatoriamente comparar as alternativas de

Produção Mais Limpa, a fim de identificar qual a opção mais viável do ponto de

vista econômico.

Segundo Roberto (1989), apud ARAÚJO (2002) os métodos de

avaliação mais difundidos para avaliar as propostas de investimento são o

Prazo de Retorno, também conhecido como Payback, o Valor Presente Líquido

(VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). De acordo com o autor, não existe

uma única metodologia que seja adequada para tal avaliação. O autor sugere o

estudo de cada caso, bem como o emprego de mais de um método de

avaliação, dado as limitações previstas em cada metodologia de avaliação.

No entanto, de acordo com o objetivo desse estudo, não cabe

descrever de forma detalhada os métodos de avaliação, somente ressaltar a

importância de se utilizar a metodologia adequada para cada situação, visando

eficiência ao final do processo.

5.3.8. Fase 8: Estabelecimento de um plano de Monitoramento

O plano de monitoramento consiste em estabelecer os pontos de

medição para analisar a eficiência do processo produtivo. Conforme o CNTL

(ibid), deve-se indicar no fluxograma produtivo os pontos de monitoramento e

os parâmetros a serem monitorados, a fim de que seja possível manter um

controle sobre as operações realizadas na empresa. Tais procedimentos têm

como objetivo principal assegurar a melhoria contínua dos processos e

produtos.

Para processos não complexos, geralmente, utiliza-se da ferramenta

5W 1H para fins de monitoramento das operações. Conforme Souza (1995,

apud ARAÚJO, 2002), a ferramenta do 5W 1H provém das palavras em inglês

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what (o que), who (quem), where (onde), when (quando), why (por que) e how

(como). Desta forma, sabe-se o que será monitorado, quem, onde, quando e

por que irá se monitorar determinado processo.

Para processos complexos, recomenda-se utilizar, de forma

combinada, o 5W 1 H com outras ferramentas (check-list - para verificação das

etapas a serem cumpridas, gráficos de controle para fins de análise de

tendências na ocorrência de problemas e, comparações, entre outras que se

fizerem convenientes).

Conforme afirma Roberto(2009), apud ARAÚJO (2002) o

monitoramento pode envolver desde uma simples medição de efluentes, até

um completo programa para realização de um balanço ambiental, tecnológico e

econômico por etapa do processo.

5.3.9. Fase 9: Implantação das oportunidades de produção mais limpa

priorizadas

Nesta fase tem-se o controle das opções economicamente viáveis,

ou seja, após análise das oportunidades de implantação de Produção Mais

Limpa devem-se colocar as opções em prática. Tal procedimento consiste, de

maneira restrita, na implantação propriamente dita das oportunidades de

Produção Mais Limpa priorizadas pela alta direção.

Segundo a CNTL (apud ARAÚJO, 2002) o sucesso da implantação

das oportunidades de Produção Mais Limpa consiste em atender os seguintes

critérios:

• Discutir com a equipe de avaliação, supervisores, gerentes e

trabalhadores operacionais as opções;

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• Executar serviços de suporte e antecipar problemas que poderão

ocorrer;

• Desenhar projetos fáceis de acompanhar, para demonstrar

resultados benéficos desejados;

• Prever mecanismos de realimentação, para atualização de dados,

correção de erros, preenchimento de falhas, etc;

• Acompanhar e avaliar as novas tecnologias de prevenção de

resíduos.

5.3.10. Fase 10: Definição dos indicadores do processo produtivo

Diversos autores, entre eles Nascimento (2000, apud ARAÚJO,

2002) argumentam que, após a realização das etapas anteriores, torna-se

possível a obtenção de uma ferramenta muito importante no processo de

implantação da Produção Mais Limpa: os indicadores de eficiência ou,

indicadores de desempenho dos setores de produção que, em geral, serão

legítimos, naturais e insuspeitos ao processo.

Segundo o CNTL (apud ARAÚJO, 2002), os indicadores ambientais

podem ser absolutos como, por exemplo, o consumo total de energia elétrica e

água na empresa. Contudo, são os indicadores de processo que permitem uma

análise ambiental mais precisa. Estes caracterizam-se pelas medições

realizadas no "chão-de-fábrica" e são extremamente importantes para

identificação de pontos críticos no processo, pois determinam em qual parte do

processo está havendo maiores perdas ou desperdícios.

Com relação aos indicadores financeiros, estes geralmente são

expressos através da linguagem técnica da alta direção. Ao invés de medidas

físicas como quilograma (kg), toneladas (ton), os mesmos são associados a

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valores em moeda corrente. Esta associação permite à alta direção verificar o

benefício econômico da implementação das opções da Produção Mais Limpa,

conforme afirma Araújo (2002).

5.3.11. Fase 11: Documentação dos casos de produção mais limpa

O CNTL (apud ARAÚJO, 2002) considera que a documentação dos casos de

Produção Mais Limpa deve ser realizada a fim de que a alta direção tenha de

maneira eficiente relatórios, demonstrando as opções propostas pela

metodologia implementada, assim como opções de Produção Mais Limpa a

serem implementadas. Da mesma forma, deve servir de exemplo para futuras

aplicações da metodologia na empresa.

5.4. Sistemas de gestão integrada relação entre programas de

produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental

Segundo Roberto(2009), apud Hubmaier (2003) o sistema de gestão

integrada combina processos, práticas e procedimentos adotados por uma

organização, para implementar uma política integrada, atingir objetivos e traçar

metas quanto a qualidade (NBR ISO 9001), meio ambiente (NBR ISSO 14001),

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saúde e segurança no trabalho (OHSAS 18001), entre outras variáveis,

buscando eficiência compartilhada, ao invés de utilizar sistemas de gestão

isolados.

Diversos autores, entre eles Henriques e Quelhas, 2007 afirmam

que entre as principais vantagens da implementação do sistema de gestão

integrada, sobressaem-se: redução da duplicação de recursos internos e infra

estrutura, diminuição do número de documentos e complexidade na

organização, minimização dos custos de implantação, certificação e

manutenção dos sistemas, melhora da gestão e do desempenho

organizacional.

A figura 3 apresenta como os sistemas de gestão se integram.

Neste, verifica-se o sistema de gestão ambiental, juntamente com a gestão da

qualidade, saúde e segurança, prevenção da poluição e responsabilidade

social fazem parte de um sistema compartilhado, o sistema de gestão

integrada.

Figura 17 - Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão Figura 03:

Esquema de Integração dos Sistemas de Gestão

Fonte: Adaptado de MAFFEI (2001) apud HENRIQUES e QUELHAS (2007)

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É interessante ressaltar que a implantação de um sistema de

gerenciamento ambiental - SGA constitui numa estratégia para que o

empresário, em processo contínuo, identifique oportunidades de melhoria para

a redução de impactos ambientais gerados dentro da empresa. Dessa forma,

seguindo a premissa inicial de prevenção a poluição, surge a integração dos

sistemas de gerenciamento ambiental (SGA) com a Produção Mais Limpa

(P+L). Assim, este novo sistema leva em consideração todos os fatores e

aspectos ambientais envolvidos nas diferentes etapas, como: transporte de

matérias-primas para a produção, entrada, estocagem, manuseio e consumo

de matéria-prima no processo; a operacionalização do processo e, por fim, as

saídas do processo. (KIND, 2005 apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007 )

A aplicação da metodologia de Produção Mais Limpa impõe às

empresas que a questão ambiental é mais uma estratégia para a

competitividade, pois através da redução do uso de matérias-primas, água e

energia, assim como na eliminação ou minimização dos resíduos sólidos,

efluentes líquidos e emissões atmosféricas geradas, torna-se possível a

adequação aos requisitos do desenvolvimento sustentável, dentro de uma

condição essencialmente relacionada à "ecoeficiência" (HENRIQUES E

QUELHAS, 2007).

Desta forma, conforme afirma Maroun (2003, apud HENRIQUES e

QUELHAS, 2007) o sistema de gestão ambiental assegura o envolvimento de

toda a empresa com a melhoria contínua, através de programas na área de

meio ambiente, como a Produção Mais Limpa, que provê métodos de análise

dos impactos e propõe soluções econômicas, técnica e ambientalmente viáveis

no caminho da "ecoeficiência" dos processos industriais.

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CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o setor da construção civil é responsável pelo

consumo de cerca de 50% dos recursos do planeta, sendo assim, um dos

maiores causadores do impacto ambiental. Não dá para pensar em

sustentabilidade sem trabalhar o setor da construção civil. A idéia é incorporar

aspectos ecológicos, ambientais, econômicos e sociais a construção. Muita

gente acha que a sustentabilidade é um modismo temporário, mas não pode

ser classificada assim porque não há outro caminho, os recursos vão se

esgotar é preciso conscientizar as pessoas. Pode-se afirmar que a gestão

sustentável dos processos de fabricação de argamassas industrializadas como

um diferencial para a qualidade dos produtos é mais uma estratégia para a

competitividade, pois através da redução do uso de matérias-primas e energia,

assim como na eliminação ou minimização dos resíduos sólidos e emissões

atmosféricas torna-se possível a adequação aos requisitos do desenvolvimento

sustentável e como conseqüência uma melhora significativa na qualidade dos

produtos.

Ao descobrir a Produção Mais Limpa na década de noventa, a

indústria brasileira mais precisamente após a Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. A partir desse novo

paradigma, a poluição ambiental passa a ser sinônimo de desperdício nas

empresas responsáveis, e seus processos passam por mudanças que buscam

diminuir o consumo de energia e matérias-primas. A gestão sustentável é vista

entre os especialistas como uma forma moderna de tratar as questões de meio

ambiente nos processos industriais. Esta metodologia preocupa-se em saber

“onde estão sendo gerados os resíduos? e não mais somente "o que fazer com

os resíduos gerados?". Dessa forma, evita-se o desperdício, tornando o

processo mais eficiente.

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A implantação de um sistema de gerenciamento ambiental - SGA

constitui numa estratégia para que o empresário, em processo contínuo,

identifique oportunidades de melhoria para a redução de impactos ambientais

gerados dentro da empresa, o que influencia diretamente no custo final do

produto e torna a empresa mais competitiva. Na visão empresarial a gestão

sustentável dos recursos torna-se uma importante ferramenta para administrar

processos onde são utilizados recursos minerais escassos e responder a

sociedade que cobra a preservação desses recursos. No caso da produção das

argamassas industrializadas, a demanda por recursos minerais é muito grande

e esses recursos estão em sua maioria escassos foram necessárias

adaptações nos processos produtivos para melhorar a eficiência no

aproveitamento das matérias-primas e diminuição no consumo de energia.

A tecnologia de Produção Mais Limpa é um exemplo de como os

recursos naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento

sustentável. Diminuir os desperdícios implica em maior eficiência no processo

industrial e menores investimentos para soluções de problemas ambientais. Em

contrapartida, reduzir a poluição através do uso racional de matérias-prima

significa uma opção ambiental e econômica definitiva.

No Brasil a construção civil vem passando por um processo de

mudança em seus sistemas construtivos, cultural e social. Tratando de forma

mais responsável a utilização dos materiais de construção e recursos

disponíveis. As mudanças também aconteceram nos canteiros de obra, e

principalmente na maneira de lidar com os desperdícios gerados nos canteiros

de obra, assim como na indústria de materiais de construção. A partir dai,

começou a mudança cultural nos canteiros de obra, porém não houve um

investimento mássico em treinamento, para formação da mão de obra. As

construtoras ao adquirir às argamassas industrializadas em substituição as

fabricadas no canteiro não se preocuparam com o impacto que a utilização

desses materiais causaria nas construções e obras civis. Essa mudança

cultural se arrasta desde os anos 70 até os dias atuais, pois as construções

ainda não se adaptaram as novas tecnologias e a industrialização da

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construção civil. O mercado da construção civil é muito competitivo, exige

obras eficientes e com menos desperdícios.

O desperdício gerado nos canteiros de obras pode chegar a 30%

sem a utilização das argamassas industrializadas, e estes percentuais pode

cair para até 10%, no uso das argamassas industrializadas, que são valores

significativos quando se trata de um mercado competitivo como é o da

construção civil.

Com o advento da Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho

dos produtos, busca direcionar o design para a redução dos impactos

negativos do ciclo de vida, desde a extração da matéria- prima até a disposição

final. Em relação aos processos de produção, direciona para a economia de

matéria-prima e energia, a eliminação do uso de materiais tóxicos e a redução

nas quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões. O que favorece todas

as etapas nos canteiros de obra e na unidade de produção de argamassas

industrializadas acaba se tornando um diferencial econômico e social, pois

demonstra a preocupação da empresa com o meio ambiente.

O grande desafio da produção sustentável de argamassas

industrializadas é criar mecanismos para o treinamento sistemático da mão de

obra. É criar meios para que a mudança cultural também atinja os pequenos

fabricantes que vivem na informalidade o que favorece o aparecimento das

patologias que encontramos nas edificações e obras civis espalhadas por todo

o Brasil.

A eficiência da indústria de Construção Civil é tão importante para a

nação como o é para o industrial individualmente. Uma indústria competente se

caracteriza por um reduzido volume de desperdício dos recursos localmente

disponíveis, de toda ordem: materiais, humanos, energéticos, financeiros,

temporais.

O setor da Construção Civil em geral e, em particular, o setor da

Construção de Edifícios apresenta hoje, no país, um absurdo desperdício de

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recursos, traduzido por uma produtividade destacadamente inferior, quando

comparada à de outros segmentos industriais.

O custo social deste desperdício está ainda para ser quantificado,

mas é evidente que ele é demasiadamente alto para um país com carências

tão gritantes quanto o nosso. E, ao permanecer inalterada esta situação (de a

produtividade do setor continuar atrasada em relação à de outros setores).

O mercado da construção civil, querer sistemas de construção

eficientes, que minimizem as manifestações patológicas a partir de problemas

de qualidade em de argamassas simples ou mistas, que facilmente

comprometem o desempenho das edificações, mais é a falta do

comprometimento de alguns fabricantes o responsável por não-conformidades

e retrabalhos nos canteiros de obras, pois faltam pessoal especializado para

controlar a qualidade dos produtos recebidos, só sendo percebidos com a

manifestação e queda de desempenho nas construções.

Já os diferentes tipos de argamassas, são fatores que podem

favorecer o produto apresenta-se fora de especificação, chegando ao mercado

consumidor fora das especificações de qualidade estabelecidas pelas ABNT.

No caso das argamassas colantes o programa setorial TESIS, fiscaliza as

argamassas colantes do tipo ACI, que vão para o varejo.

Os programas setoriais deveriam sofre ampliações para abranger a

variedades de argamassas e produtos afins que são colocadas no mercado da

construção civil.

Uma pesquisa feita em 1995 comprova que os custos de

acompanhamento pós a entrega de uma obra é equivalente a 3 a 5 % do custo

total da obra, podendo em alguns casos ser maior. Os motivos são à grande

diversidade de desperdícios que são originados nas etapas dos projetos,

decorrentes por pessoas não capacitadas e falta de embasamento tecnológico

e conhecimento de sustentabilidade disponível.

A construção civil é tão importante que absorve grande parte do

PIB, por isso a necessidade de manter esse mercado constante, já que a

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construção civil é responsável pela ocupação de grande parte da mão-de-obra

desqualificada, além de movimentar toda a cadeia produtiva. A falta de

investimentos neste setor pode trazer graves conseqüências à economia do

país.

Nesta pesquisa concluímos que são muitas as fragilidades dos

programas setoriais mantidos pelo governo no que diz respeito ao controle de

qualidade, sustentabilidade e meio ambiente das argamassas industrializadas,

pois não há uma fiscalização efetiva as empresas produtoras de argamassas

industrializadas que estão no mercado, não há também uma fomentação de

informações aos consumidores desses produtos, facilitando a circulação de

produtos não-conformes fora das especificações da ABNT e de fabricantes

desqualificados, sem compromisso com a qualidade. Por isso, que os

problemas ambientais como a degradação de recursos minerais, ambientais

podem causar ineficiência na execução de serviços que utilizam as

argamassas podem ocasionar patologias, perdas de materiais, retrabalho e etc.

São muitas as dificuldades em se estabelecer parâmetros para as perícias

técnicas, pois os problemas podem ocorrer pela falta da qualidade dos

materiais de construção (argamassas industrializadas) pela falta de controle

nos seus processos industriais ou por falta de qualificação da mão de obra.

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