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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AS DIFICULDADES DOS ALUNOS EM ELABORAR TRABALHOS CIENTÍFICOS MONOGRÁFICOS Eliane Maciel Souza Belarmino Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho PORTO VELHO / RO ABRIL - 2007 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AS DIFICULDADES DOS ALUNOS EM ELABORAR

TRABALHOS CIENTÍFICOS MONOGRÁFICOS

Eliane Maciel Souza Belarmino Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho

PORTO VELHO / RO ABRIL - 2007

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Eliane Maciel Souza Belarmino

AS DIFICULDADES DOS ALUNOS EM ELABORAR

TRABALHOS CIENTÍFICOS MONOGRÁFICOS

Trabalho Monográfico apresentado como requisito avaliativo para conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior pela Universidade Cândido Mendes, sob orientação do professor Vilson Sérgio de Carvalho.

PORTO VELHO / RO ABRIL - 2007

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Dedico em especial ao meu esposo Valter Belarmino pelo apoio nas horas

difíceis desta caminhada; À minha mãe Julieta Gomes pelo amor

incondicional; À minha querida irmã Edilene da Silva

pelo carinho, sempre.

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Agradeço em primeiro lugar, à Deus, por estar sempre presente na minha

vida; Em especial aos professores que me orientaram durante a realização desta

monografia.

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RESUMO

O objetivo deste estudo é identificar as causas das dificuldades dos discentes de graduação na elaboração de monografias. Pretende-se analisar se o enfoque construtivista poderá minimizar as dificuldades inerentes ao pesquisador iniciante, a fim de torná-lo mais proficiente na elaboração de trabalhos monográficos. Esse estudo apresenta-se centrado na importância do aluno enriquecer suas pesquisas com um novo enfoque inovador que abrange a pesquisa, a fim permitir ao discente também trabalhar os aspectos subjetivos da pesquisa envolvendo aspectos que permitam uma maior amplidão do campo de pesquisa. Justifica-se a realização deste estudo envolvendo o tema sobre dificuldade de alunos na elaboração de monografias, considerando a hipóteses de que a teoria construtivista poderá ajudar a facilitar o processo de pesquisa e oferecer ao educando as bases de funcionamento da pesquisa científica na fase de iniciação para a elaboração de trabalhos monográficos. Assim, nessa linha de qualificação da pesquisa, ainda relacionada aos seus fins, considera-se as dificuldades que os acadêmicos têm ao se iniciarem nas pesquisas científicas, cuja identificação se fez com base na vivência do grupo e da reflexão dentro de um quadro a que o investigador, seja capaz de dialogando, descobrir e criar metodologias próprias de estudo e pesquisa, de forma a facilitar a elaboração de trabalhos científicos. Portanto, essa pesquisa é também uma pesquisa metodológica por que se voltam ao estudo de métodos ou de questões metodológicas.

PALAVRAS-CHAVE: metodologia, pesquisa, monografia, métodos, pesquisa

científica.

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METODOLOGIA

O objetivo deste estudo é identificar as causas das dificuldades dos

discentes de graduação na elaboração de monografias. Pretende-se analisar

se o enfoque construtivista poderá minimizar as dificuldades inerentes ao

pesquisador iniciante, a fim de torná-lo mais proficiente na elaboração de

trabalhos monográficos. Esse estudo apresenta-se centrado na importância do

aluno enriquecer suas pesquisas com um novo enfoque inovador que abrange

a pesquisa, a fim permitir ao discente também trabalhar os aspectos subjetivos

da pesquisa envolvendo aspectos que permitam uma maior amplidão do

campo de pesquisa.

Conforme Martins (2000): “trata-se, portanto, de um estudo para

conhecer as contribuições científicas sobre o tema, tendo como objetivo

recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas existentes

sobre o fenômeno pesquisado”. (MARTINS, 2000, P. 28)

A metodologia do estudo realizou-se com pesquisa exploratória

bibliográfica e de campo com acadêmicos do curso de Pedagogia na

Faculdade de Porto Velho, instituição de Organização Acadêmica, com sede à

Rua Paulo Freire 4767.

A pesquisa tem caráter exploratório, segundo Martins (2000, p, 30) “se

constitui na busca de maiores informações sobre o assunto coma finalidade

formular problemas e hipóteses”.

A realização deste estudo considerou a hipóteses de que a teoria

construtivista poderá ajudar a facilitar o processo de pesquisa e oferecer ao

educando as bases de funcionamento da pesquisa científica na fase de

iniciação para a elaboração de trabalhos monográficos.

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SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................... 08 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 09

1 O CONSTRUTIVISMO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA .............................. 11

1.1 Uma análise sob o enfoque construtivista da dificuldade de produção

acadêmica monográfica .......................................................................... 11

1.2 As dificuldades dos discentes na elaboração da monografia ................... 15

1.3 Orientando e orientador: uma relação nem sempre compreendida e

muitas vezes conflitante .......................................................................... 18

1.4 O enfoque construtivista na produção do conhecimento e sua relação

com a prática de pesquisa para a produção monográfica ....................... 23

2 RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................... 32

2.1 Caracterização da pesquisa ..................................................................... 32

2.2 Apresentação dos resultados ................................................................... 35

3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 43

3.1 Análise dos resultados da pesquisa ......................................................... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 45

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 48

APÊNDICE ...................................................................................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Você considera que a disciplina Metodologia Científica no

contexto universitário tem um papel importante na aprendizagem dos métodos e técnicas de elaboração de monografias? .............. 35

Gráfico 2 – Você considera que a maioria dos alunos tem dificuldades na

escolha da metodologia mais adequada à elaboração e desenvolvimento de uma monografia? ...................................... 36

Gráfico 3 – Você tem dificuldades para elaborar um trabalho científico

monográfico? ................................................................................ 37 Gráfico 4 – A monografia exige um grau maior de aprofundamento em sua

parte teórica, um tratamento metodológico mais rigoroso e um enfoque original do problema, dando ao tema uma nova abordagem e interpretação. Qual a sua maior dificuldade? ......... 37

Gráfico 5 – Constando-se que não adianta ao discente, o conhecimento

dos componentes processuais e operacionais do trabalho científico, se não há por parte deste, a estratégia de processamento do texto, muitos alunos se queixam que não sabem colocar as idéias em um plano de desenvolvimento de trabalho. Você tem essa dificuldade? ...................................... 39

Gráfico 6 – Você considera que a relação entre orientador e orientando é

uma relação de mediação ou de conflitos? .................................. 40 Gráfico 7 – Você considera que a leitura é um fator fundamental para

o discente realizar suas produções científicas, mas envolve também um complexo sistema de processos cognitivos, recursos e estratégias mentais próprios do ato de compreender? ............. 41

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INTRODUÇÃO

A iniciação à pesquisa científica é um dos pré-requisitos para os

discentes começaram a desenvolver produções acadêmicas, essa fase envolve

a indicação de todas etapas do processo global das investigações científicas.

No entanto, esses componentes processuais e técnicos exigem a observância

de métodos científicos e operacionais de escrita.

A disciplina Metodologia Científica tem se apresentando nos cursos de

graduação de forma técnica e científica sem que seu contexto seja

correlacionado diretamente às necessidades dos educando na pesquisa e na

elaboração de trabalhos científicos.

Neste contexto, a literatura nacional tem abordado o tema de forma

superficial, a pesquisa educacional que demonstra a realidade na sala de aula

é ainda rara, especialmente quando se tratam de problemas didático-

pedagógicos no cotidiano universitário. As pesquisas sobre o contexto

educacional permitem avançar o nível de clareza das questões que envolvem

esse campo de investigação.

O discente/pesquisador terá que analisar a realidade e refletir sobre ela

dentro de um quadro a que o investigador seja capaz de, com ela dialogando,

utilizar metodologias para o direcionamento de seus estudos.

O objetivo deste estudo é identificar as causas das dificuldades dos

discentes de graduação na elaboração de monografias. Pretende-se analisar

se o enfoque construtivista poderá minimizar as dificuldades inerentes ao

pesquisador iniciante, a fim de torná-lo mais proficiente na elaboração de

trabalhos monográficos.

A relevância deste estudo apresenta-se centrado na importância do

aluno enriquecer suas pesquisas com um novo enfoque inovador que abrange

a pesquisa, a fim permitir ao discente também trabalhar os aspectos subjetivos

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da pesquisa envolvendo aspectos que permitam uma maior amplidão do

campo de pesquisa.

Justifica-se a realização deste estudo envolvendo o tema sobre

dificuldade de alunos na elaboração de monografias, considerando a hipóteses

de que a teoria construtivista poderá ajudar a facilitar o processo de pesquisa e

oferecer ao educando as bases de funcionamento da pesquisa científica na

fase de iniciação para a elaboração de trabalhos monográficos.

Considerando-se que a disciplina Metodologia Científica no contexto

universitário representa um relevante marco na formação acadêmica,

permitindo um grau de significância e valorização da pesquisa, a partir da

aplicação de seus métodos e técnicas. Assim, o acadêmico ou o aluno em

formação tem contato com o texto científico de forma operacional, os meios e

recursos didáticos eficazes para a utilização correta dos procedimentos na

realização de produções científicas.

Assim, nessa linha de qualificação da pesquisa, ainda relacionada aos

seus fins, considerando-se as dificuldades que os acadêmicos têm ao se

iniciarem nas pesquisas científicas, cuja identificação se fez com base na

vivência do grupo e da reflexão dentro de um quadro a que o investigador, seja

capaz de dialogando, descobrir e criar metodologias próprias de estudo e

pesquisa, de forma a facilitar a elaboração de trabalhos científicos. Portanto,

essa pesquisa é também uma pesquisa metodológica por que se voltam ao

estudo de métodos ou de questões metodológicas.

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1 O CONSTRUTIVISMO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA

1.1 Uma análise sob o enfoque construtivista da dificuldade de produção acadêmica monográfica

O enfoque construtivista neste estudo é apresentado como uma

ferramenta de investigação que estabelece um método de pesquisa mais

subjetivo que poderá permitir ao pesquisador experiências empíricas e o gosto

pela pesquisa, retirando de certa forma a demasiada dependência do

orientando ante o orientador.

Portanto, a estruturação do desenvolvimento da pesquisa, através do

enfoque construtivista, poderá permitir uma maior autonomia do discente.

Fazenda (1989) realizou um estudo sobre as dificuldades dos alunos em

desenvolver produções científicas monográficas. A motivação para a realização

do estudo centrou-se nas dificuldades sentidas pelos alunos na escolha da

metodologia mais adequada à elaboração e desenvolvimento de uma

monografia.

A monografia é um trabalho acadêmico que tem por objetivo a reflexão

sobre um tema ou problema específico e que resulta de um processo de

investigação sistemática. Segundo Bastos et al (2000, p. 12):

As monografias tratam de temas circunscritos, com uma abordagem que implica análise, crítica, reflexão e aprofundamento por parte do autor. Embora a monografia possa ser o relato de uma pesquisa empírica, o mais comum é que resulte num texto, produto de uma revisão de literatura criticamente articulada, que constitua um todo orgânico. A revisão de literatura não tem, portanto, um caráter aditivo e sim de integração de estudos sobre o tema abordado.

Assim esse tipo de produção acadêmica é realizada ao final dos cursos

de graduação e pós-graduação, e difere das dissertações de mestrado e teses

de doutorado quanto ao nível da investigação. Das últimas, é exigido um grau

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maior de aprofundamento de sua parte teórica, um tratamento metodológico

mais rigoroso e um enfoque original do problema, dando ao tema uma nova

abordagem e interpretação.

Traldi e Dias (1998, p. 9) consideram que “os trabalhos monográficos

constituem-se de parte importante da formação técnico-científica dos

acadêmicos nos cursos de graduação e pós-graduação, por este motivo

necessitam de um rigor metodológico e na podem ser submetidos à pura

espontaneidade criativa de quem elabora”.

Portanto, o discente precisa conhecer plenamente os aspectos

metodológicos, ou instrumentos utilizados para dotá-los de tal modelagem que

ganham progressivamente mais relevância na medida em que o pesquisador

vai se familiarizando com as normas e se especializando no ato de pesquisar.

Tachizawa e Mendes (2000, p. 4):

A monografia de análise teórica evidencia uma simples organização coerente de idéias, originadas de bibliografia de autores consagrados que escreveram a respeito do tema específico de escolha do aluno. Por sua vez a monografia de análise teórico-empírica é uma simples análise interpretativa de dados primários em torno de um tema, com apoio bibliográfico, enquanto a monografia de estudo de caso é desenvolvida a partir da análise de uma determinada organização.

Assim, constata-se que o desenvolvimento da monografia exige

planejamento do pesquisador por se tratar de um trabalho de iniciação

científica com etapas logicamente encadeadas em uma proposta metodológica.

Ferreira (1999, p. 136) define a palavra monografia como “dissertação” o

estudo minucioso que se propõe esgotar determinado tema relativamente

restrito. Assim, etimologicamente a palavra monografia é de origem grega:

monos (único) graphein (descrever), que significa fazer a descrição de um

assunto único resultante de investigação científica.

Autores como Salvador (1970); Salomon (1996) e Asti Vera (1979, p. 2)

consideram que “a monografia se define como um trabalho científico, escrito

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sobre um único tema específico e delimitado com escopo capaz de apresentar

uma contribuição relevante ou original”.

Neste aspecto, Fazenda (1989) considerou necessário identificar as

causas das dificuldades dos discentes na elaboração da monografia. E

analisou que a monografia é um desafio para os educandos pela falta de

familiaridade destes com o texto científico que exige três elementos: desafio,

exeqüibilidade e familiaridade. Além, do desconhecimento sobre a necessidade

de obedecer às normas e/ou padrões estabelecidos, como trabalho de cunho

científico que implica sua qualificação intelectual, domínio dos conhecimentos

técnicos necessários e cumprimento de normas que o rigor científico exige.

Neste sentido, Fazenda (1989) avaliou o fenômeno sob o enfoque

construtivista e sua relação no ato pedagógico da disciplina Metodologia

Científica na produção do conhecimento em sala de aula por parte dos

discentes, na compreensão dos textos científicos, nos usos de técnicas

metodológicas na prática das produções científicas em monografias.

Conforme Fazenda (1989, p. 23):

A Metodologia Científica é uma disciplina que favorece a elevação do nível de conhecimento técnico-científico do aluno, instrumentalizando-o para um melhor desempenho acadêmico e capaz de traduzir em produções científicas suas originais contribuições para a construção do conhecimento.

A disciplina Metodologia Científica é o pré-requisito para o discente

adentrar no mundo da pesquisa, a partir da observação das técnicas e métodos

aplicados pelo professor nas diversas etapas do processo global de ensino que

dará os subsídios para a realização da produção monográfica. Certamente, o

resultado deste processo deverá culminar com proficiência do discente para

produzir monografias.

A pesquisa científica é parte integrante e essencial da formação

acadêmica e lócus privilegiado de aprendizagem do saber-fazer, onde o aluno

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treina (por meios de ensaios) levar ao conhecimento de outras pessoas

(professores e acadêmicos) os estudos realizados.

A finalidade da pesquisa é ajudar aos futuros pesquisadores o

desvelamento dos problemas por eles enfrentados e as limitações, bem como

as formas encontradas para a superação dessas dificuldades e permitir ao

acadêmico/pesquisador novas e relevantes indagações sobre a necessidade

de buscar outros referenciais teóricos.

Todo objeto de pesquisa que pretende se fundamentar na subjetividade

é algo que precisa ser mais teoricamente aprofundado. A tradição de pesquisa

tem sido a da objetividade. Pesquisar a subjetividade supõe a audácia de

adentrar em outros campos tais como a psicanálise, por exemplo. A primeira

barreira que ele encontra refere-se a problemas e dificuldades da decodificação

simbólica que remete efetivamente à relação com a pesquisa.

O conhecimento de novos enfoques em pesquisa permite a imersão em

novos conhecimentos que possam subsidiar-lhe a produção do conhecimento,

na pesquisa, já que possibilita ao pesquisador múltiplas linguagens para a

apresentação dos resultados, bastando para isso, à escolha correta do

instrumento adequado e as técnicas utilizadas na coleta de dados. A escolha

da técnica está condicionada à competência do acadêmico/pesquisador em

explorar a técnica por ele utilizada, em suas múltiplas possibilidades.

Contudo, a análise sobre as aulas de Metodologia Científica precisa

contemplar um enfoque que enlace um processo único de ensino e

aprendizagem que se alicerce na relação didático-pedagógica mediada, a partir

de estudos, de análises, de sínteses, de acertos e de erros. Para que o

discente possa aprender com os erros e revivificar o seu aprendizado,

compartilhado com outros discentes, com o intuito de contribuir para o

crescimento de todos.

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1.2 As dificuldades dos discentes na elaboração da monografia

Na pesquisa realizada por Fazenda (1989) as dificuldades dos discentes

devem ser consideradas quanto à elaboração de monografias em vários níveis

metodológicos: a escolha da metodologia (abordagem/procedimento) e da

problemática, delimitação do tema, levantamento de hipóteses e

especificamente na fixação dos parâmetros que envolvem a identificação das

limitações da pesquisa, da tipologia do estudo, dificuldades no uso de

definições conceituais das variáveis do estudo, identificação dos níveis de

mensuração das variáveis e métodos.

Assim, Fazenda (1989) propôs os seguintes problemas com a turma de

discentes: Poderá o enfoque construtivista equacionar os problemas do ponto

de vista das tomadas de decisões pertinentes à pesquisa e à produção

científica? Como o enfoque construtivista poderia facilitar a elaboração de

produções monográficas? Portanto, a pesquisa teve o objetivo de identificar um

enfoque que possa facilitar a elaboração do trabalho monográfico, permitindo

ao discente se sentir seguro para desenvolvê-lo.

Assim, Fazenda (1989) aponta as dificuldades identificadas a partir de

um estudo de caso com 30 discentes que se dispuseram a participar da

pesquisa e indicar claramente suas próprias limitações na elaboração de

trabalhos monográficos.

Dentre as inúmeras dificuldades encontradas pelos discentes, pode-se

identificar através dos resultados do estudo de Fazenda (1989) que há

especialmente limitações nos discentes (4,5%) quanto à caracterização das

variáveis dentro do rigor científico da pesquisas. Assim, os discentes sentem

dificuldade para identificar as principais variáveis da situação-problema que

está sendo estudado. E neste contexto, também tem limitações (5%) para

analisar cada variável, o nível de especificação, o nível de mensuração e a

posição que ocupa em determinada relação no fenômeno estudado.

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Assim, os resultados do estudo realizado por Fazenda (1989)

demonstraram as dificuldades de 3% dos discentes pesquisados de dinamizar

o estudo quanto ao nível de mensuração quantitativa para representar em

dados e nas discussões dos resultados da pesquisa.

As definições conceituais e operacionais destacam-se também como

fator de dificuldades de 3% dos discentes que declararam ter dificuldade no

correto entendimento da metodologia e dos resultados da pesquisa, quanto à

definição conceitual e operacional dos principais termos e variáveis que serão

utilizados ao longo do trabalho científico, considerando-se que apresentam

receio ou medo de deixar o trabalho vago e disperso, e temem também a

homogeneidade de interpretação e de medição no contexto metodológico do

trabalho científico para conferir ao estudo a precisão e fidedignidade.

Assim, os discentes apontaram as dificuldades quanto ao

aproveitamento, dos instrumentos de pesquisa que podem condicionar ou

restringir a dimensão que o pesquisador gostaria de abordar e os desafios de

identificar no estudo a área geográfica e física de atuação da pesquisa e o

dimensionamento da população a ser estudada também sempre se constitui

em um desafio ao discente/pesquisador iniciante.

A formulação das hipóteses de Fazenda (1989), a partir do estudo

demonstrou 4% dos discentes consideram que têm dificuldades no

procedimento da pesquisa, quando se tratam de fazer correlações entre duas

ou mais variáveis existentes ou da necessidade de criar suposições idealizadas

na tentativa de antecipar respostas do problema de pesquisa.

As pesquisas realizadas através de estudo dos elementos que compõem

uma amostra extraída da população são também consideradas difíceis, já que

a população se constitui em um conjunto de indivíduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas características definidas para o estudo

sendo, portanto, complexo determinar uma amostragem.

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Nos resultados da pesquisa, 6% dos pesquisados demonstraram

dificuldades para realizar operações com método de amostragem probabilística

que exigem que cada elemento da população seja aplicada as técnicas

estatísticas de inferências ou induções sobre a população a partir do

conhecimento da amostra.

As principais dificuldades apontadas apontam os processos que

precisam de técnicas e métodos de Metodologia Científica. Mas, há também

outros problemas identificados em 10% dos discentes analisados sob o prisma

da proficiência na escrita e a organização das idéias. Constando-se que não

adianta ao discente, o conhecimento dos componentes processuais e

operacionais do trabalho científico, se não há por parte deste a estratégia de

processamento do texto. Muitos alunos se queixam que não sabem colocar as

idéias em um plano de desenvolvimento de trabalho.

Neste aspecto, Fazenda (1989) avaliou as queixas sobre as dificuldades

metodológicas ou da realização de interação entre síntese pessoal a leitura e a

escrita durante a elaboração da monografia.

Assim, constatou que a leitura é o processo que caracteriza a

oportunidade para compreender os textos escolhidos para a pesquisa e as

estratégias para a compreensão deverão conter. E conforme Kleiman (2000, p.

7) envolvem “múltiplos processos cognitivos em um conjunto de processos,

atividades, recursos e estratégias mentais próprios ato de compreender”. Ainda

Andrade (2003, p. 12) expõe:

O processo de transmissão/aquisição de cultura, apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicações, ainda é fundamentalmente realizado através da leitura (...). Há, contudo, os alunos que não gostam de leitura. O fato é que os estudantes não estão habituados a encarar a leitura como um processo mais abrangente, que envolva o leitor com o autor, não conseguindo prestar atenção, entender e analisar o que lêem.

Assim, a importância da leitura é fundamental para o discente que

pretende se tornar proficiente na elaboração de monografias. Portanto, cabe ao

discente também buscar uma técnica ou procedimento que possa facilitar a

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compreensão dos textos (significância, delimitação de suas dimensões, análise

da materialização lingüística, as intenções e objetivos do autor) para a

formulação de pressupostos sobre a temática que envolve a apreensão do

objeto em estudo.

Os resultados demonstraram que muitos discentes têm dificuldades na

análise dos resultados de monografias de caráter empírico ou de estudo de

campo, por que tem dificuldades de centralizarem-se na questão da pesquisa,

e muitos apontaram que se sentem despreparados para comprovar hipóteses e

fazer interpretações. Outro fator muito indicado como problemática se constitui

na escolha dos métodos e na interferência demasiada dos orientadores.

Portanto, avaliou-se nestes resultados que a relação orientador/orientando é

sempre conflituosa.

1.3 Orientando e orientador: uma relação nem sempre compreendida e muitas vezes conflitante

O sentido da iniciação científica como propiciadora de pesquisa, com

uma dinâmica operacional própria na qual o docente tem um papel muito

importante de orientador e de estimulador à criatividade deve ser concebida

como uma atividade interventiva e de interação que envolve e comporta várias

modalidades de conflito e tensão na relação entre quem orienta (o docente) e

quem é orientado (o discente).

Nesse contexto, discute-se a pesquisa, mas não se discute o papel de

quem orienta a pesquisa. O pesquisador iniciante se dá conta da sua

incompetência e dificilmente consegue apreender e superar os limites de sua

possibilidade diante das questões que envolvem a correlação entre método de

abordagem1 e métodos de procedimentos2 na escolha do tema da pesquisa.

1 Método de abordagem é o conjunto de procedimentos utilizados na investigação de fenômenos ou no caminho para chegar-se à verdade (CERVO & BERVIAN, 1983, p. 23). Outras características dos métodos de abordagens são constituírem-se de procedimentos gerais, baseados em princípios lógicos, permitindo sua utilização em várias ciências (ANDRADE, 1999, p. 113).

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Na verdade, não há dialética para dimensionar a importância do método

na pesquisa, já que os professores da disciplina Metodologia Científica não

estabelecem a correlação entre tipos de pesquisa e métodos

(abordagem/procedimento).

A incompetência do aluno/orientando se manifesta não só nas formas de

perceber essa relação inquestionável e eficaz no momento da pesquisa, como

nas dificuldades de apreender o fenômeno estudado. Deve-se considerar

ainda, a impotência do orientador perante as limitações de formação do

orientando. Daí, a necessidade de um estudo específico sobre conhecimento

científico e abordagem da pesquisa.

Por vezes também, o aluno não consegue progredir por causa de

orientações inadequadas, pela rigidez e intolerância, a falta de abertura por

parte do orientador em acatar a postura do orientando, a limitação do tempo de

atendimento de orientação para cada aluno, dentre outras dificuldades.

Compreende-se que deverá haver uma reciprocidade na relação entre

orientador/orientando, sendo indiscutível que o orientador deverá apenas

dimensionar o papel dos métodos de abordagem (dialético, fenomenológico,

estruturalista, funcionalista e outros) e métodos de procedimentos (Estatístico,

comparativo, estudo de caso e outros), direcionando as características de cada

método com o tipo de pesquisa.

Sem dúvida, o reconhecimento deste processo por parte do aluno

facilitaria imensamente a pesquisa. No entanto, constata-se na disciplina

Metodologia Científica uma corrente tecnicista que se aflora no seio

universitário enfocando basicamente os processos na forma estética3 e não há

preocupação em demonstrar ao aluno, como se utilizam os métodos e como

chegar a resultados de forma mais abrangente e enriquecedora. 2 Os métodos de procedimentos têm um caráter mais específico, relacionando-se, não com o plano geral, mas com suas etapas (LAKATOS, 1985, p. 32). 3 Dimensionam-se nas universidades uma idéia de estética estritamente regulamentada nas normas da ABNT, assim, muitos orientadores se miram nesta questão e esquecem o mais importante: o conteúdo e a pesquisa.

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Conforme critica severa de Fazenda (2004, p. 36), “infelizmente, há

orientadores que mantém ainda uma excessiva dominância quantitativista das

ações habituais, das ações do dia-a-dia e privilegiaram particularmente a

simetria”.

Assim constata-se, a crítica em relação aos orientadores quanto ao

problema “da identidade das estruturas normativas” que os fazem se perderem

em regras e mais regras. Mas, esse antigo paradigma se defronta com uma

viva oposição de diferentes tendências que confluem na crítica profunda a tais

posturas.

O cotidiano das pesquisas na universidade tem favorecido ao aluno o

interesse crescente pelas atividades do dia-a-dia, pelas questões mais

rotineiras que compõem os acontecimentos diários da vida e os significados

que se impõem no cotidiano do trabalho e da educação. Neste contexto, muitos

alunos preferem pesquisar situações do cotidiano que dizem respeito à suas

realidades subjacentes no trabalho, por exemplo, quando se trata de pesquisa

com enfoque administrativo. As repartições públicas e privadas são sempre

cotadas para estágios4 e pesquisas de campo.

O estudo das realidades que formam o cotidiano tem se realizado por

óticas diferentes. O conceito cotidiano não pode ser tomado univocamente

como se todos os trajetos de vida estivessem sujeitos às mesmas condições e

se traduzissem em realidades constantes, uniformes, independentes de

condições objetivas em que essas vidas acontecem. Conforme Fazenda (2004,

p. 37):

As pesquisas que visaram até esta época submeter os atos a uma análise mais experimental passaram a especificar o conceito de cotidiano operacionalizando-o, a partir de dados empíricos observados com uma estratégia experimental. O cotidiano passou a ser decomposto em parcelas definidas e cada parcela operacionalmente mensurável constitui-se uma unidade fundamental para se verificar a ação global.

4 O estágio supervisionado é um componente obrigatório da organização curricular das licenciaturas, sendo uma atividade intrinsecamente articulada com a prática de ensino e com as atividades de trabalho acadêmico.

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O comportamento e o cotidiano, em suma, são considerados como uma

síntese cristalizada e inconsciente de estruturas normativas que já foram

inculcadas e que regem as condutas ou as motivações dos atores sociais e

explicam à reprodução e a estabilidade da ordem social.

Os orientadores geralmente são muito convencionais e tem o hábito de

optarem pela natureza da pesquisa do orientando, acreditando estar exercendo

o seu papel intelectual. Contudo, a liberdade de optar é fundamental para

prover de motivação o pesquisador, especialmente ele próprio, estabelece um

método para sua pesquisa menos convencional, ou que entra em desacordo

com a abordagem metodológica do orientador.

Conforme Luna (apud Fazenda, 2004), existem muitos descaminhos

entre orientando e orientador. Explica-se basicamente pela visão que o

orientador tem da realidade subjacente, ou seja, a visão própria de quem

estabelece como intelectual uma forma de visualizar a realidade. Portanto, se o

orientador considera possível apreender toda a realidade, e tem a experiência

como retrato do real, é bem mais fácil para o aluno lidar com a pesquisa e

encará-la com mais naturalidade. Assim, cabe ao professor-orientador

desmistificar a pesquisa para o aluno, conforme diz Fazenda (2004, p. 21):

O pesquisador inicial se dá conta da sua incompetência e dificilmente consegue apreender e superar os limites de sua possibilidade. A incompetência se manifesta não só nas formas de perceber o fenômeno, como também nos caminhos possíveis de desvendá-lo, ou, ainda, nas teorizações possíveis de serem realizadas e nas que, necessariamente, precisam ser recuperadas.

Contudo, dificilmente os orientadores possuem essa atitude educativa

com o orientando, aspecto falho e profundamente desmotivador para o aluno

se considerar incapaz de realizar uma pesquisa a contento.

Percebe-se neste contexto que este tipo de postura demonstra que o

orientador não possui uma visão global e não admite a interdisciplinaridade dos

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campos de conhecimento que se interligam para enriquecer o trabalho. Esse

processo é devastador, por que expressa o caráter compartimentado do saber

na universidade. Ainda conforme Fazenda (2004, p. 23):

Por isso as análises quantitativas permanentes sempre exteriores aos sujeitos que produzem os fatos e, portanto, são plenamente prescindíveis, desnecessárias numa pesquisa. Esse grupo de pesquisadores vai centrar seu interesse no contexto dos sujeitos, abandona todas as medidas, todas as quantificações para tomar o dia-a-dia, aquilo que ocorre, as manifestações que são expressas pelas pessoas.

Por esta razão os conflitos entre orientador e orientando, quando este

último sempre se considera incompreendido e sendo, portanto, obrigado a

fazer o que o orientador determina. Neste contexto, Fazenda (2004, p. 21)

expressa:

O orientador precisaria caminhar em novas teorizações, mas, sente-se tolhido ao fazer o outro compreender as teorizações, até, já superadas. Entretanto, ele persiste na luta, na perseguição de uma utopia, no desejo de que, em rompendo as primeiras amarras, a liberdade intelectual do orientando possa ser, enfim, alcançada.

Compreende-se que as teorizações geralmente se apresentam ao

educando de forma tecnicista, cujos métodos de ensino não priorizam a

experiência (empirismo). Mesmo se tratando da pesquisa como processo que

está inserido no cotidiano universitário, o ensino de Metodologia Científica se

apresenta em um contexto puramente teórico-científico e tende a não se

associar com a prática do educando.

Por outro lado, deve-se constatar também o problema apontado por

Fazenda (2004, p. 31) revela que:

O primeiro fato que me chama a atenção, que me impressiona durante essa trajetória é a ocorrência de casos de excessiva dependência do orientando ante o orientador. O orientando, este candidato a pesquisador que está fazendo a sua pós-graduação, espera demais do orientador do que ele pode efetivamente dar. Sua expectativa com relação à contribuição do orientador parece ir muito além do que ele eventualmente poderia oferecer.

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A dependência se estabelece de forma negativa, por que os alunos na

delimitação da proposta de trabalho, na sua estruturação, no desenvolvimento

da própria pesquisa, na redação final do texto, e a orientação, a participação do

professor orientador, que deveria ser um contraponto, apenas uma baliza, um

elemento de comparação, acaba se transformando numa tarefa, às vezes, de

reelaboração do trabalho, de uma prática muito mecânica de fazer junto aquilo

que deveria, na realidade, ser obra eminentemente pessoal do orientando.

É fundamental ao docente buscar construir no aluno uma autonomia

básica no processo de análise dos fenômenos descobertos e na proposição ao

lidar com os métodos e técnicas interpretativas. Considerando-se que na

iniciação científica muitas vezes o orientando tem insegurança excessiva sobre

suas competências para desenvolver um bom trabalho monográfico. E o

orientando acaba, algumas vezes, arrastando o orientador à postura um tanto

quanto inadequada. E, de seu lado, além de tender a cair numa certa

ansiedade e angústia, fica inibido, fica petrificado, sem ímpeto para suprir suas

lacunas que são reais, mas, podem ser eventualmente superadas.

O processo de orientação que fundamentalmente deveria ser um

processo de discussão, de debate, um processo de leitura conjunta, de leitura

em parceria, fica muito sacrificado, uma vez que se passa a maior parte do

tempo de trabalho comum procurando resolver problemas do tipo "o que fazer",

"como fazer", tratando dessa operacionalidade do processo como se houvesse

uma operacionalidade, uma técnica em si que pudesse suprir a criatividade

científica, a capacidade de produção do conhecimento que supõe,

necessariamente, um ímpeto criador.

1.4 O enfoque construtivista na produção do conhecimento e sua relação com a prática de pesquisa para a produção monográfica

A pesquisa é definida como uma forma de estudo de um objeto. Este

estudo deve se realizar de forma sistemática com a finalidade de incorporar os

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estudos obtidos em expressões comunicáveis que permitam um significado de

realidade.

Como o construtivismo se insere na prática da disciplina metodologia

Científica para auxiliar o discente na elaboração de trabalho monográfico?

Como o enfoque construtivista poderá facilitar a construção deste olhar sobre

as técnicas e métodos para a produção do conhecimento científico?

Neste estudo, aponta-se o construtivismo como enfoque para resgatar a

busca do conhecimento e as formas de construção de um novo conhecimento.

Buscou-se analisar nesta problemática como o discente poderá se beneficiar

desta interação pedagógica no cotidiano das práticas de pesquisa.

Na visão de Polimeno e Freire (1999, p. 10):

A leitura, dentro de uma visão construtivista, relaciona-se com a pesquisa no sentido amplo de levar o aluno a interpretar o mundo, pois não basta decodificar as representações indicadas, mas é essencial produzir os meios para conhecer o objeto, transformando-o e transformando-se.

A correlação entre a teoria construtivista e a prática da pesquisa para a

produção de trabalhos científicos, enquanto processo de aprendizagem permite

uma prática pedagógica rica no sentido de formar o discente para a realização

da pesquisa científica.

O construtivismo favorece ao discente trabalhar as habilidades técnico-

operativas que constituem a raiz base da prática de construção do

conhecimento como pressuposto do construtivismo. O sujeito é levado a buscar

a compreensão do objeto ao mesmo tempo em que tem a oportunidade de

articular teoria e prática em conexão com as disciplinas de Prática de Pesquisa

e Metodologia Científica em uma ação interdisciplinar, nos processos

pedagógicos e nas relações sociais mais amplas para a construção das

recontextualizações para a realidade pesquisada.

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Os trabalhos psicológicos de Piaget (1977) e Vygotsky (apud Menezes,

1984)5 deram incremento ao construtivismo que emergiu como uma teoria

influente no currículo e no ensino. Nas análises teóricas de Polimeno e Freire

(1999, p. 37), “a implementação do construtivismo para a formação de uma

prática social na pesquisa, em contato com outras disciplinas, e somente na

totalidade das relações que ocorrem nas interações com outros meios

culturais”.

O termo construtivismo surge porque o sujeito constrói seu

conhecimento em duas dimensões complementares, como conteúdo e como

forma ou estrutura, como conteúdo ou como condição prévia de assimilação de

qualquer conteúdo. A consciência é, segundo Piaget (1984), construída pelo

próprio sujeito na medida em que ele se apropria dos mecanismos íntimos de

suas ações.

Assim, a teoria da Aprendizagem com base no construtivismo parte do

pressuposto de que o pesquisador deverá na pesquisa resgatar a própria

concepção do mundo, a partir da reflexão sobre as próprias experiências.

Conforme Moretto (2003) a reflexão sobre a experiência consiste em

colocar em prática a aprendizagem. Que parte de duas premissas: 1- A

aprendizagem é uma constante procura do significado das coisas. A

Aprendizagem deve pois, começar pelos acontecimentos em que os alunos

estão envolvidos e cujo significado procuram construir; 2- A construção do

significado requer não só a compreensão da "globalidade" como das "partes"

que a constituem. As partes devem ser compreendidas como integradas no

contexto das globalidades.

O processo de aprendizagem deve, portanto, centrar-se nos "conceitos

primários" e não nos fatos isolados; Para se poder ensinar bem é necessário

conhecer os modelos mentais que os alunos utilizam na compreensão do

5 Ambas as obras de Piaget e Vygotsky são amplamente discutidas no livro de Psicologia Cognitiva de Regina Carvalho Menezes. Paz e Terra, 1984.

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mundo que os rodeia e os pressupostos que suportam esses modelos;

Aprender é construir o seu próprio significado e não o encontrar as respostas

certas dadas por alguém.

A proposta construtivista não pretende instalar um regime de ausência

de regras, nem de esvaziar os objetos que se colocam frente ao conhecimento,

pelo contrário, de alguma forma, o discente busca a ação que dá significado ao

objeto de estudo. Mas apresenta os seguintes postulados:

Tabela 01 – Os postulados de base construtivista

Fonte: (MORETTO, 2003, p. 43)

A concepção construtivista dá a significação que o objeto de estudo

representa na ação sensorial, afetiva e cognitiva do discente, por que permite

que este insira a sua práxis vivencial ou experiência empírica. A teoria

construtivista na educação poderá ser a forma teórica ampla que reúne as

várias tendências atuais do pensamento educacional na construção de uma re-

significação do caminho didático-pedagógico.

O construtivismo, segundo Becker (2001, p. 56):

É uma forma de conceber o conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento e, por conseqüência, um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais, permitindo ao pesquisador, levar em conta as construções das estruturas sociais, políticas, culturais e ideológicas que interferem no campo social da pesquisa. A construção do conhecimento se faz por meio da interação com o objeto pela linguagem, a qual é considerada como característica fundamental do homem vista como ser social.

POSTULADOS DO CONSTRUTIVISMO

1- O pesquisador não deverá supor a existência de um mundo exterior independente do observador, para levar em conta a atividade daquele que observa; 2- O pesquisador deverá entender que a realidade é construída (inventada) pelo sujeito cognoscente; ela não é um dado pronto para ser descoberto; 3- O pesquisador deverá compreender que os conhecimentos não são uma descrição da realidade dada, mas uma representação que dela construímos, construção esta cuja função é adaptativa, isto é, permite ao indivíduo prever as regularidades e assim viver num mundo de limitações, representado pelo mundo das coisas.

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O discente em sua pesquisa na prática poderá estabelecer várias

técnicas metodológicas para atingir a “realidade objetiva social”. De acordo

com Becker (2001, p. 144):

A realidade objetivada poderá determinar as características sociais dos momentos dialéticos da realidade social na pesquisa: a sociedade é produção humana; a sociedade é realidade objetiva; o homem é produção social, já que a sociedade tem uma gênese e uma história. Assim, a realidade construída socialmente é constituída de uma consciência que dá sentido às experiências intersubjetivas da realidade.

Assim, entende-se que o enfoque construtivista se adequa perfeitamente

à realidade construída socialmente e a realidade subjetiva têm um caráter

dinâmico, quando, a partir da pesquisa os conhecimentos são construídos.

A busca de novos enfoques na pesquisa (neste estudo, apresentado

como o construtivismo) permite a constituição de novos campos de

conhecimento que demandam, as opções sociais que necessariamente

envolvem os produtores do conhecimento científico. Nesse sentido, o caminho

percorrido pelas disciplinas mais antigas se renova e, como no caso daquelas,

essa renovação permanece até que um dado corpo de conhecimentos seja

considerado necessário e desejável, do ponto de vista da escolarização de

novas gerações. Até que isso aconteça, a articulação entre os diferentes

campos implicados se dá por meio das conexões interdisciplinares.

O método de pesquisa tradicional de pesquisa não aceita novas formas

de coleta e análises dos fenômenos, por que direciona a pesquisa para a busca

da objetividade científica. Na pesquisa educacional, o aluno deve escolher a

opção mais adequada para pesquisar, a partir de um método que lhe permita

alcançar o sucesso na pesquisa.

As abordagens metodológicas são vistas como o caminho do

conhecimento para a pesquisa científica, no entanto, investigar se constitui em

tarefa complexa. As investigações epistemológicas ou metodológicas sobre o

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conhecimento científico é uma forma de procedimento que busca a melhor

forma de construção do conhecimento. A metodologia é um instrumento prático

que investiga fundamentalmente os métodos de conhecimento, ou seja, os

procedimentos que são articulados a partir do uso de teorias.

O século XIX foi muito importante para a formação de teorias que tinham

como influência, certas correntes filosóficas e epistemológicas que foram

utilizadas em diversas investigações científicas.

Nesse quadro de formulação de teorias na busca de métodos de

conhecimento, duas correntes filosóficas diferentes se constituíram como

elemento de discussão sobre soluções para problemas de ordem científica e

social. São elas o racionalismo e o empirismo como correntes teóricas

possuem suas limitações, por se mostram anacrônicas para a realidade do

estudo dos objetos, como conhecimento.

O racionalismo e sua lógica objetiva não expressam as condições para o

pesquisador em pesquisas que envolvem Ciências Humanas encontrar todas

as variáveis do conhecimento. Enquanto o empirismo é uma corrente filosófica

que está mais próxima da Teoria Construtivista, devendo o pesquisador apenas

alinhar os processos de interpretação dos dados com outros aspectos das

Ciências afins.

De acordo com Bhaskar (1978; 1979) a pesquisa científica de uma

maneira geral é considerada como uma atividade social crítica e dinâmica cujo

objetivo é a produção de conhecimento sobre os diferentes aspectos da

natureza do conhecimento e dos fenômenos.

A pesquisa como atividade social possui objetivos diversos, tais como: a

descrição, o controle, a predição e a explicação dos aspectos naturais e sociais

formadores de fundamentações e concepções sobre a natureza do objeto de

estudo. Embora cada um deles tenha a sua importância, a explicação é

considerada o objetivo maior da atividade científica.

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Os métodos e técnicas permitem a penetração para além da superfície

dos fenômenos, buscando compreender as relações mais fundamentais e

determinantes dos fenômenos e suas regularidades empíricas bem

estabelecidas e desvendar as necessárias interconexões entre os fenômenos

pela explicação da sua estrutura subjacente e de seus mecanismos de ação.

O conhecimento (descobertas) das coisas que nos cercam precisa fazer

sentido, mas também corresponder aos fatos e fenômenos que observamos. A

pesquisa científica é produto de uma decisão de observar a realidade com

regras claras e rígidas. Estas regras são estabelecidas e aceitas por parte

considerável da comunidade científica.

Como se apresenta a produção desse saber no construtivismo para

estabelecer o saber científico, a produção de trabalhos monográficos e a

apropriação dos conhecimentos pelos discentes?

Uma das concepções do construtivismo está colocada como postulado

de base coerente com a nova física e os estudos Piagetianos: a construção do

saber e a subjetividade do conhecimento. Sob este aspecto, pode-se afirmar a

visão de conhecimento no enfoque construtivista não se apóia nos sonhos da

razão pela existência de uma "realidade segura”. Na pesquisa o discente

deverá buscar a realidade independente da observação que ele busca

apreender.

Assim, o papel do discente será descobrir a realidade, saber como

funciona e os mecanismos que interferem em suas diretrizes (políticos,

culturais, religiosos, ideológicos e sociais). Assim, o pesquisador deverá

constatar as leis que impõem essa realidade. Para que com estes dados possa

conhecer a realidade que se coloca. Em contraposição, o Construtivismo se

apresenta como uma corrente epistemológica que renuncia à objetividade tal

qual é proposta nas epistemologias empirista, realista e racionalista. Segundo

Moretto (2003, p. 42):

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O construtivismo busca construir uma teoria de conhecimentos coerente e que leve em conta as questões levantadas pelos cépticos. Para chegar a esse intuito, os construtivistas tentam desenvolver "uma epistemologia que coloca tudo ao contrário", como observa Lynn Segal. Em vez de partir, como a maioria das epistemologias tradicionais, da existência de um mundo organizado que envia ao observador as informações que lhe permitirão conhecer a realidade, o Construtivismo parte do observador que constrói ou inventa a realidade com a qual ele estabelece uma correlação dialética por intermédio da experiência.

Assim, constata-se que o conhecimento se dá a partir da descoberta e

da concepção de mundo do observador que constrói ou inventar a realidade.

Os postulados de base do Construtivismo estão propostos neste nível de

compreensão:

Segundo Moretto (2003), o construtivismo é uma teoria do conhecimento

e não uma teoria do ser, portanto, não nega a existência de um mundo exterior

ao sujeito cognoscente, mas considera que este faz experiências que lhe

permitem conviver com as limitações que o mundo das coisas impõe.

Quando o discente realizar uma experiência, depois outra e outra, etc.

Ele as compara umas com as outras. Depois de uma série de experiências

bem sucedidas, o sujeito deverá tentar estabelecer uma regularidade no

conjunto delas. Essa regularidade lhe permitirá fazer previsões para as novas

experiências possíveis. Já as experiências sem sucesso permitirão ao sujeito

representar o mundo das coisas como uma limitação. Os fracassos não são

repetidos, pelo contrário, são experimentos evitados, uma vez ocorridos.

De acordo com Moretto (2003) as experiências bem sucedidas

possibilitam construir uma representação das condições viáveis deste mundo.

Este fato mostra o conhecimento como função adaptativa, isto é, o sujeito

cognoscente constrói seus conhecimentos para viver (sobreviver) num mundo

de limitações.

Assim, constata-se que o postulado do construtivismo é a construção do

conhecimento pelo discente, na sua visão da realidade, já que ao comparar os

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experimentos do momento (visual, tátil, ou outro), poderá constatar o

comportamento das coisas e seus limites. Neste processo, o comportamento é

objetivado, criando assim o objeto de conhecimento para elaboração de um

conceito e, portanto as relações repetíveis constituem-se em um método

racional de construção científica.

Na concepção de Moretto (2003, p. 46):

Para o sujeito cognoscente, este mundo é a realidade constitutiva de um conjunto de limitações às quais ele deve se adaptar. Neste mundo, o sujeito fará experimentos e construirá uma nova realidade que passará a constituir o mundo de suas experiências. Essas experiências são a única realidade à qual ele tem acesso pelo conhecimento.

Assim, conhecimento é uma função adaptativa e depende também do

ambiente físico e social.

Portanto, as qualidades desejáveis na iniciação científica através dos

depoimentos de discentes e professores orientadores em um momento em que

muitos alunos desconhecem ou conhecem parcialmente o que era iniciação

científica e os benefícios diretos e indiretos para seus estudos de graduação,

poderão a partir do construtivismo, iniciar a pesquisa científica como forma de

socialização.

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32

2 RESULTADOS DA PESQUISA

2.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa constituiu-se em um estudo descritivo-interpretativo, numa

abordagem qualitativa, objetivando uma análise detalhada dos procedimentos

que orientaram a elaboração do presente estudo.

Vergara (1998, p. 58) defende que “método é um caminho, uma forma,

uma lógica de pensamento”. O método de pesquisa utilizado neste estudo

orientou-se pelo indutivo que permite desenvolver a investigação do particular

para o geral, buscando identificar os processos em as teorias podem ser

generalizadas.

A pesquisa tem cunho quantitativo (probabilidades estatísticas) e

qualitativo, portanto, ambos foram utilizados de forma combinada neste estudo.

A caracterização da pesquisa conforme a taxonomia proposta por

Vergara (1998), pode se classificar em relação a dois aspectos: quanto aos

objetivos e quanto aos procedimentos adotados para investigação constituiu-se

de pesquisa de campo com o objetivo de identificar as dificuldades dos

acadêmicos do Curso de Pedagogia da Faculdade de Porto Velho – FIP.

Quanto aos objetivos, a pesquisa foi exploratória, descritiva e

explicativa. Exploratória por que envolveu um estudo bibliográfico

sistematizado sobre a dificuldade de produção de monografias científicas pelos

acadêmicos, com a finalidade de identificar as causa das dificuldades

existentes.

O estudo delimitou-se a uma Instituição de Educação Superior de Porto

Velho, Rondônia, em que foram realizadas a pesquisa de campo com 40

acadêmicos das turmas de 7º e 8º períodos do curso de Pedagogia, em uma

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amostra de 20 alunos de cada sala de aula, com o uso de instrumento de

pesquisa como o questionário.

A pesquisa foi também descritiva, à medida que buscou compreender e

descrever as características de uma determinada situação ou fenômeno.

Segundo Rudio apud Oliveira (1998), o propósito desse tipo de pesquisa é

descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e

interpretá-los. Neste caso, foram descritas as percepções dos acadêmicos que

estudam nesta instituição educativa de Ensino Superior.

Quanto aos procedimentos utilizados, esta pesquisa foi bibliográfica e

um estudo de caso na Faculdade de Porto Velho - FIP. A pesquisa é

bibliográfica por que compreendeu uma revisão da literatura disponível sobre o

tema, ou seja, um levantamento sistematizado de livros, artigos, dissertações e

outras publicações sobre o assunto, visando fundamentar teoricamente o

trabalho e subsidiar a análise dos dados coletados.

Finalmente, quanto à natureza das variáveis estudadas, esta pesquisa

pode ser classificada como quantitativa, pois buscou descobrir, compreender e

classificar a relação entre um conjunto de variáveis relacionadas às

dificuldades de realização de monografias científicas por parte dos

acadêmicos.

Na concepção de Lakatos e Marconi (2004), o método quantitativo

representa a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções

de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de

segurança quanto às inferências. Para as autoras, nesse tipo de estudo, a

coleta de dados pode ser feita através de questionários, entrevistas e

observações. Neste estudo foi utilizado o questionário aberto.

Este estudo pode ser considerado, também, correlacional, uma vez que

estabelece correlações entre as diversas variáveis sobre estudo e suas

correlações com as concepções dos alunos. Neste sentido, o delineamento da

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pesquisa permite estabelecer relações de causalidade, gerando indicadores de

associações entre as diversas variáveis pesquisadas.

A primeira fase da pesquisa, que é denominada de exploratória, iniciou-

se a partir dos conhecimentos bibliográficos que favoreceu a realização da

fundamentação teórica sobre os procedimentos científicos e metodológicos que

envolvem a realização de um trabalho monográfico.

A segunda fase se concretizou com a pesquisa de campo realizada em

uma Instituição de Ensino Superior de Porto Velho, através de coleta de dados

com (40) quarenta acadêmicos sendo uma amostragem de vinte (20)

acadêmicos de cada turma de 7º e 8º períodos.

A realização desta investigação favoreceu a observação direta sobre as

queixas de dificuldades dos acadêmicos em realizar trabalho científico

(monografia) Essa fase caracterizou-se pela necessidade de definição dos

instrumentos a serem utilizados no estudo de caso (questionário, forma de

aplicação, forma de consolidação dos resultados e definição da população a

ser pesquisada).

A aplicação do questionário fechado foi parte fundamental no processo

de identificação da percepção dos entrevistados em relação às dificuldades de

realizar monografias. Como as perguntas fechadas dificultam a realização de

estatísticas, aptou-se por utilizar gráficos que demonstram os resultados da

pesquisa como foi realizada. A escolha da população pesquisada foi decidida

de forma intencional, considerando-se a facilidade de aplicação dos

questionários para a coleta de dados.

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35

34 (85%)

6 (15%)

Sim

Não

2.2 Apresentação dos resultados

Gráfico 1 – Você considera que a disciplina Metodologia Científica no

contexto universitário tem um papel importante na aprendizagem dos métodos e técnicas de elaboração de monografias?

De acordo com o gráfico 1, dos acadêmicos pesquisados, 85%

consideram que a disciplina Metodologia Científica no contexto universitário

tem um papel importante na aprendizagem dos métodos e técnicas de

elaboração de monografias e 15% consideram que não tem relevância no

quadro de aprendizagem.

Assim, constatou-se que a disciplina Metodologia Científica ministrada

nos cursos de graduação tem a função de dar as orientações sobre a iniciação

científica e requisitos e métodos necessário para a produção científica em

monografias.

No entanto, o estudo bibliográfico demonstrou que essa disciplina ainda

está sendo ensinada de uma forma técnica e formal que pouco tem ajudado os

discentes em seus problemas efetivos quanto à produção científica

monográfica. Pelo contrário a disciplina, muitas vezes é apenas confundida

com um arsenal de técnicas e normas da ABNT que em nada ajudam à

proficiência do discente na elaboração da pesquisa e elaboração da

monografia.

Avaliou-se neste sentido que a disciplina Metodologia Científica permite

ao acadêmico conhecer as noras técnicas e diretrizes científicas par a

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512,50%

2767,50%

820%

Sim

Não

Somente algunstêm dificuldadesexpressivas

compreensão de como realizar uma pesquisa e ter as noções básicas do

conhecimento científico, de como fazer uma investigação científica de acordo

com os métodos e fundamentos da lógica.

Gráfico 2 – Você considera que a maioria dos alunos tem dificuldades na escolha da metodologia mais adequada à elaboração e desenvolvimento de uma monografia?

Observa-se no gráfico 2, que 67,50% dos pesquisados consideram que

a maioria dos alunos tem dificuldades na escolha da metodologia mais

adequada à elaboração e desenvolvimento de uma monografia; 20%

consideram que não tem dificuldades e 12,50% consideram que somente

alguns têm dificuldades expressivas.

Averiguou-se que existem muitas dificuldades por parte dos acadêmicos

na elaboração de um trabalho científico como a monografia, a escolha da

metodologia ou a abordagem metodológica é um desafio para os acadêmicos

que geralmente não conhecem o conjunto de métodos ou caminhos percorridos

para a pesquisa.

Constata-se conforme Fazenda (2000) que falta aos educadores

tornarem a disciplina Metodologia Científica em prática que favoreça o

entendimento das formas de utilização das técnicas e abordagens. Portanto,

tornar o ensino da pesquisa mais próximo da realidade dos acadêmicos,

buscando amenizar os tecnicismos que marcam o ensino da busca do

conhecimento.

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37

3382,50%

717,50%

Sim

Não

512,50%

1127,50%

1025%

1435%

definições e identificar osníveis das variáveis/ ométodos

identificar principais variáveisda situação-problema/ o nívelde especificação/ o nível demensuração/ posição queocupa em relação aofenômeno dos instrumentos depesquisa/ identificar a áreageográfica e física dapesquisa/ dimensionamentoda população a ser estudada

realizar operações commétodo de amostragem/ astécnicas estatísticas deinferências ou induções

Gráfico 3 – Você tem dificuldades para elaborar um trabalho científico monográfico?

Conforme o gráfico acima, 82,50% dos pesquisados consideram que

têm dificuldades para elaborar um trabalho científico monográfico e 17,50%

consideram que não apresentam dificuldades para elaborarem trabalhos

científicos como as monografias.

Gráfico 4 – A monografia exige um grau maior de aprofundamento em sua parte teórica, um tratamento metodológico mais rigoroso e um enfoque original do problema, dando ao tema uma nova abordagem e interpretação. Qual a sua maior dificuldade?

Constata-se no gráfico 4 que dos acadêmicos pesquisados, 14%

consideram que sua maior dificuldades é definir e identificar os níveis das

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variáveis e o método; 15% consideram que suas dificuldades está em

identificar principais variáveis da situação-problema, o nível de especificação e

de mensuração, e a posição que este ocupam em relação ao fenômeno;

27,50% consideram difícil definir os instrumentos da pesquisa, identificar a

área geográfica e física da pesquisa e dimensionar a população a ser estudada

e 12,50% consideram que suas dificuldades residem em realizar operações

com métodos de amostragem, as técnicas e estatísticas de inferências ou

induções.

Dentre as inúmeras dificuldades encontradas pelos discentes, podem-se

identificar as limitações quanto à caracterização das variáveis dentro do rigor

científico da pesquisas. A dificuldade para identificar as principais variáveis da

situação-problema que está sendo estudada. E neste contexto, também tem

limitações para analisar cada variável, o nível de especificação, o nível de

mensuração e a posição que ocupa em determinada relação no fenômeno

estudado. Esses fatores contribuem para que o discente não consiga

determinar ao certo o grau de delimitação e conjuntura contextual da pesquisa.

Assim, como existem as dificuldades para dinamizar a pesquisa quanto

ao nível de mensuração quantitativa para representar em dados e nas

discussões dos resultados da pesquisa, encontrar definições conceituais e

operacionais, realizar o correto entendimento da metodologia e dos resultados

da pesquisa, quanto à definição conceitual e operacional dos principais termos

e variáveis necessários aos esclarecimentos do tema. Apontam-se as

dificuldades de identificar o melhor método para o desenvolvimento da

pesquisa.

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39

25%

3895%

Sim

Não

Gráfico 5 – Constando-se que não adianta ao discente, o conhecimento dos componentes processuais e operacionais do trabalho científico, se não há por parte deste, a estratégia de processamento do texto, muitos alunos se queixam que não sabem colocar as idéias em um plano de desenvolvimento de trabalho. Você tem essa dificuldade?

Verifica-se no gráfico 5 que a grande maioria dos pesquisados (95%)

consideram que tem dificuldade em colocar as idéias em um plano de

desenvolvimento de trabalho, e 5% consideram que não tem dificuldades de

expressar as idéias.

Averiguou-se que 95% dos acadêmicos afirmaram ter dificuldades na

construção dos textos e na organização das idéias para realizar um trabalho

científico como uma monografia. A carência de textos que auxiliem a elaborar

monografias, devido à carência por textos que os orientem quanto aos passos

a serem dados na elaboração de trabalhos científicos são os principais motivo

das dificuldades enfrentadas pelos alunos na hora de elaborar o trabalho.

Constatou-se que muitos acadêmicos enfrentam problemas para

desenvolver uma monografia. As dúvidas são muitas e a insegurança devido à

falta de familiaridade com leituras científicas.

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40

2357%

718%

1025%

Considero que existeuma grande mediação

Considero que hámuitos conflitos

Existem váriasdimensões demediação e deconflitos

Gráfico 6 – Você considera que a relação entre orientador e orientando é uma relação de mediação ou de conflitos?

Demonstra-se no gráfico 6 que 57% dos pesquisados consideram que

existe uma grande mediação na relação entre orientador e orientando; 18%

consideram que há muitos conflitos nessa relação e 25% consideram que

existem várias dimensões de mediação e de conflitos na relação entre

orientador e orientando.

Identificou-se na pesquisa que pode haver na relação entre orientando e

orientador posturas de mediação e de conflitos que se mesclam na conjuntura

de um trabalho de pesquisa.

Fazenda (2000) aponta que os conflitos se referem à ação diretiva do

orientador no processo que muitas vezes limita ou retira totalmente a liberdade

de escolha do pesquisador. Outros aspectos relevantes citados pela autora são

a falta de mediação no diálogo, considerando que muitos professores utilizam

uma linguagem técnica que não se direciona a prática.

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3485%

615%

Sim

Não

Gráfico 7 – Você considera que a leitura é um fator fundamental para o discente realizar suas produções científicas, mas envolve também um complexo sistema de processos cognitivos, recursos e estratégias mentais próprios do ato de compreender?

O gráfico 7 demonstra que 85% dos pesquisados consideram que a

leitura é um fator fundamental para o discente realizar sua produções

científicas, mas envolve também um complexo sistema de processos

cognitivos, recursos e estratégias mentais próprios do ato de compreender e

15% consideram que não envolvem processos cognitivos complexos.

Kleiman (2000) considera que a leitura impõe a necessidade de técnicas

de interpretação com modelos teóricos subjacentes para o desenvolvimento do

processamento cognitivo da informação contida no texto.

Para a autora o leitor precisa analisar fatores intervenientes na

compreensão pela leitura e utilizar estratégias de leitura no processo de

apropriação da informação com base em estudos cognitivos, voltados para

questões de compreensão de leitura, busca-se analisar formas de apropriação

de informação, entendida como fundamental nas práticas sociais, mormente na

produção de conhecimento acadêmico.

A leitura é considerada um ato cognitivo na medida em que envolvem

processos cognitivos múltiplos, como percepção e reflexão sobre um conjunto

complexo de componentes. Entende-se que a falta de conhecimentos de

técnicas de leituras e as bases metodológicas para o acadêmico atingir esse

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ato de interpretação, a elaboração de trabalhos científicos torna-se muito

complexa.

Nesta perspectiva, sem bases para retirar do texto as sua dimensões, é

visto pelo acadêmico como um objeto complexo, relacionado a um contexto

que o torna coerente, indistinto, com tantas e variadas dimensões que não se

sabe por onde iniciar a sua apreensão.

Na compreensão de um texto, segundo Kleiman (2000), estão

envolvidos: o engajamento do conhecimento prévio, o conhecimento textual e a

ativação do conhecimento do mundo para que não fique perdido no fundo da

memória. Sem essas condições prévias os acadêmicos enfrentam muitas

dificuldades.

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3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 Análise dos resultados da pesquisa

O estudo realizado favoreceu a compreensão das dificuldades dos

discentes na produção de trabalhos monográficos. Assim identificou-se no

percurso do estudo, a partir da análise de um estudo de caso realizado na

Faculdade de Porto Velho - FIP com discentes de curso de Pedagogia. Esse

estudo de caso favoreceu a compreensão de que uma das dificuldades

encontrada pelos discentes é a elaboração da etapa que exige planejamento

como a monografia.

Assim, constatou-se que existem muitas dificuldades por parte dos

acadêmicos na elaboração de monografias e alguns fatores são apontados

como qualificação intelectual, domínio dos conhecimentos técnicos necessários

e cumprimento de normas que o rigor científico exige; compreensão dos textos

científicos, o conhecimento de novos enfoques em pesquisa permite a imersão

em novos conhecimentos que possam subsidiar-lhe a produção do

conhecimento, dificuldades na escolha da metodologia

(abordagem/procedimento), na caracterização da problemática, delimitação do

tema, levantamento de hipóteses e especificamente na fixação dos parâmetros

que envolvem a identificação das limitações da pesquisa, da tipologia do

estudo, dificuldades no uso de definições conceituais das variáveis do estudo,

identificação dos níveis de mensuração das variáveis e métodos.

O estudo apontou a teria construtivista como forma de facilitar a

iniciação científica dos discentes nas tomadas de decisões pertinentes à

pesquisa e à produção científica, considerando-se que a partir deste enfoque

será possível facilitar a elaboração de produções monográficas, permitindo ao

discente se sentir seguro para desenvolvê-lo.

A leitura foi apontada na pesquisa bibliográfica como fator fundamental

para o discente realizar sua produções científicas, mas envolve também um

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complexo sistema de processos cognitivos, recursos e estratégias mentais

próprios ato de compreender.

Verificando-se que cabe ao discente buscar vender essas dificuldades

através do uso de técnica ou procedimento que possa facilitar a compreensão

dos textos (significância, delimitação de suas dimensões, análise da

materialização lingüística, as intenções e objetivos do autor) para a melhor

compreensão do texto.

Identificou-se no estudo que existem muitos conflitos entre

orientador/orientando que muitas vezes desmotivam o discente a realizar a

pesquisa, ou o tornam alheio ao processo. Ao mesmo tempo permitiu analisar a

impotência do orientador perante as limitações de formação do orientando.

Daí, a necessidade de um estudo específico sobre conhecimento

científico e abordagem da pesquisa com base numa discussão que envolve

respeito pelo desejo de pesquisa do discente.

A proposta de uso de um enfoque construtivista vem exatamente de

encontra a uma maior democratização da pesquisa em relação ao orientador,

ou seja, o discente poderá através desta teoria engajar-se em um

conhecimento produzido e descritivo sem medo de ser taxado de subjetivo ou

anti-científico.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada com os acadêmicos do curso de Pedagogia da

Faculdade de Porto Velho - FIP permitiu identificar que as dificuldades que

enfrentadas na elaboração de trabalhos científicos como às monografias.

Os resultados demonstraram claramente as dificuldades em colocar as

idéias em um plano de desenvolvimento de trabalho ou tem dificuldades de

expressar as idéias. Esse processo se caracteriza pela falta de uma orientação

para o planejamento do trabalho. As aulas de Metodologia Científica são

importantes para fornecer ao aluno as técnicas e métodos, mas precisam ser

inter-relacionadas à realidade da pesquisa.

Neste processo, as dificuldades de leitura e apropriação de suas

técnicas pode ser uma das principais causas dessa problemática reconhecida e

pouco avaliada como fenômeno de estudo.

O estudo demonstrou que o construtivismo, como teoria se constitui em

um enfoque que poderá facilitar o trabalho de pesquisa dos acadêmicos

iniciantes na pesquisa, considerando-se que seus postulados permitem a

construção do conhecimento e a ruptura com o modelo tradicional de pesquisa,

embasada em fontes e métodos que não permitem apreender o objeto de

estudo.

A Metodologia Científica favorece a elevação do nível de conhecimento

técnico-científico do aluno, instrumentalizando-o para um melhor desempenho

acadêmico e capaz de traduzir em produções científicas suas originais

contribuições para a construção do conhecimento.

O trabalho de pesquisa pode representar um inestimável instrumento

pedagógico no sentido de capacitar os discentes para que percebam que o

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conhecimento científico ultrapasse os limites do senso comum, na medida em

que resultar de um esforço constante de formular e reformular explicações,

respostas, alternativas de solução ou interpretações sobre os fenômenos da

realidade natural, social e cultural na qual seus objetos de interesse que se

encontram inseridos.

Embora haja diferentes níveis de complexidade envolvidos no processo

de investigação, tendo em vista os objetivos a serem definidos e a maturidade

técnica, conceptual, teórica e metodológica necessária ao investigador, a

participação do discente nas várias fases do processo investigatório sempre

permite o estabelecimento de uma relação ativa entre ele e o corpo de saberes

envolvidos neste processo. Esta prática termina contribuindo de forma singular

para a aprendizagem.

O enfoque construtivista se apresenta como teoria que possui

postulados e aspectos práticos que envolvem o processo de estudo, produção

de texto, pesquisa e apresentação de trabalhos de natureza técnico-científico,

especialmente dedicado a discentes do ensino superior na superação das suas

dificuldades de aprendizagem, herdadas dos anos anteriores de escolaridade.

Os acadêmicos apresentam dificuldades no processo de pesquisa,

desde a produção do conhecimento em face da congruência necessária entre

método e instrumentos de pesquisa, e também no momento de produzir

trabalhos monográficos em face da falta de habilidade com textos científicos.

Constataram-se as dificuldades observando-se as próprias experiências

e perspectivas em um estudo de caso realizado com discentes do curso de

graduação em Pedagogia que participaram de uma pesquisa participativa,

avaliando suas dificuldades na elaboração de monografias.

Desta forma, os discentes demonstraram suas dificuldades e suscitou-se

a questão de que há a necessidade deste conhecer várias teorias no momento

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de definir as bases e fundamentos da pesquisa, utilizando a aplicação das

normas da Metodologia Científica para conduzir a realização da pesquisa e a

elaboração do trabalho monográfico. Levando-se em consideração que o aluno

se depara, inadvertidamente, com inúmeras dificuldades comuns no processo

de iniciação científica.

A principal delas, talvez, seja o fato de se ver diante de um discurso

filosófico por excelência e de textos com uma linguagem especificamente

científica; e, conseqüentemente, a necessidade de entendimento desses

textos, tendo em vista a elaboração, redação e apresentação formal de

monografias e artigos científicos sobre temas específicos.

Apresentam-se neste estudo algumas sugestões para o discente

minimizar as dificuldades na elaboração de trabalhos científicos, a saber:

• Buscar a leitura assídua de textos filosóficos, tendo em vista

familiarizar-se com o discurso próprio desta categoria de textos.

• Realizar fichamento destes textos objetivando-se uma apreensão mais

eficaz de seus conteúdos, tendo em vista conservar vestígios escritos do

trabalho e evitar o aborrecimento de se esquecer os pontos principais de

determinado texto.

• Dominar as técnicas de apresentação de seus escritos, através do

conhecimento das normas técnicas especificadas.

• Criar subsídios para a condução do processo de iniciação à pesquisa

científica e de produção intelectual. Neste contexto, a Metodologia Científica é

a chave de iniciação ao meio acadêmico por possibilitar o encaminhamento da

produção científica nos cursos de Extensão, Graduação e Pós-graduação.

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APÊNDICE

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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ACADÊMICOS DO CURSO DE

PEDAGOGIA

1) Você considera que a disciplina Metodologia Científica no contexto universitário tem um papel importante na aprendizagem dos métodos e técnicas de elaboração de monografias?

( ) Sim ( ) Não

2) Você considera que a maioria dos alunos tem dificuldades na escolha

da metodologia mais adequada à elaboração e desenvolvimento de uma monografia?

( ) Sim

( ) Não

( ) somente alguns têm dificuldades expressivas.

3) Você tem dificuldades para elaborar um trabalho científico

monográfico?

( ) Sim

( ) Não

4) A monografia exige um grau maior de aprofundamento em sua parte

teórica, um tratamento metodológico mais rigoroso e um enfoque original do problema, dando ao tema uma nova abordagem e interpretação. Qual a sua maior dificuldade?

( ) Dificuldades no uso de definições conceituais das variáveis do estudo, identificação dos níveis de mensuração das variáveis e métodos;

( ) Dificuldade para identificar as principais variáveis da situação-problema que está sendo estudado, o nível de especificação, o nível de mensuração e a posição que ocupa em determinada relação no fenômeno estudado.

( ) Dificuldades quanto ao aproveitamento, dos instrumentos de pesquisa que podem condicionar ou restringir a dimensão que o pesquisador gostaria de abordar, os desafios de identificar no estudo a área geográfica e física de atuação da pesquisa e o dimensionamento da população a ser estudada.

( ) Dificuldades para realizar operações com método de amostragem probabilística que exigem que cada elemento da população seja aplicado as técnicas estatísticas de inferências ou induções sobre a população a partir do conhecimento da amostra.

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5) Constando-se que não adianta ao discente, o conhecimento dos componentes processuais e operacionais do trabalho científico, se não há por parte deste, a estratégia de processamento do texto, muitos alunos se queixam que não sabem colocar as idéias em um plano de desenvolvimento de trabalho. Você tem essa dificuldade?

( ) Sim

( ) Não

6) Você considera que a relação entre orientador e orientando é uma

relação de mediação ou de conflitos?

( ) Considero que existe uma grande mediação

( ) Considero que há muitos conflitos

( ) Existem várias dimensões de mediação e de conflitos

7) Você considera que a leitura é um fator fundamental para o discente

realizar sua produções científicas, mas envolve também um complexo sistema de processos cognitivos, recursos e estratégias mentais próprios do ato de compreender?

( ) Sim

( ) Não

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