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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O MARKETING NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Por: Blanche Ferreira de Carvalhaes Pinheiro
Orientador
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O MARKETING NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por: Blanche Ferreira de Carvalhaes Pinheiro
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AGRADECIMENTOS
À minha irmã, Renata, e à minha
eterna sogra, Dalva, que sempre
estiveram ao meu lado; e à Professora
Dra. Cristina Delou que, num momento
não planejado, me ajudou a dar
direção às inspirações que há tanto
formigavam em meu espírito e em
meus desejos.
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DEDICATÓRIA
À minha família que, de todas as
formas, presente, sempre foi a base de
toda a minha coragem, mesmo nos
momentos mais difíceis. E,
especialmente, ao Andrei e à Raquel,
que acompanharam, ou sofreram, cada
etapa deste último ano, me apoiando,
ajudando e acreditando, por vezes,
muito mais do que eu mesma.
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RESUMO
Esse trabalho tem por objetivo avaliar a divulgação acerca da educação
inclusiva e propor novos caminhos para difundir e tornar essa informação tão
acessível ao público comum que passe ao seu cotidiano de forma
naturalmente inclusiva, ou seja, na essência do conceito dessa expressão.
Parte-se da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em seu Inciso III, da
alínea c, do art.4º, título III, e transversa-se por alguns exemplos de materiais
ou conteúdos de divulgação. E, através destes, tenta-se rever os conceitos de
deficiência, preconceito e integração, para se chegar ao limite possível, quase
impossível talvez, de se realizar uma inclusão efetiva e real das pessoas com
deficiência nessa, que se propõe nova sociedade. A metodologia do tipo
exploratória buscou em sites, materiais jornalísticos, livros, revistas de
negócios, redes sociais, as informações sobre o discurso e a divulgação sobre
a educação inclusiva. Os resultados mostram que os discursos apresentam
termos e conceitos errados, envolvem mais o meio da educação inclusiva e a
pessoa com deficiência, sem alcançar o público comum. As considerações
finais mostram que o marketing vai muito além do mercado econômico,
corporativo. Suas estratégias pensam o mercado a partir de uma avaliação de
segmentação e outras premissas para atingir um objetivo maior ou mais
estruturado. Em relação a educação inclusiva, deve-se encontrar meios que
insiram o tema e as pessoas com deficiência na sociedade de forma natural.
As perspectivas são de criar estratégias de marketing para a captação de
recursos, envolvendo segmentos de mercado para que a informação se efetive
num âmbito maior, e a pessoa com deficiência passe a fazer parte da
sociedade como qualquer cidadão.
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METODOLOGIA
O trabalho foi realizado com a utilização da observação de sites de
instituições de ensino que se dizem inclusivas, ou divulgadoras de trabalhos
sobre a inclusão da pessoa com deficiência ou altas habilidades nas escolas e
nas universidades.
Revistas voltadas ao público docente, revistas do mundo dos negócios
corporativos e materiais de comunicação, impressos ou virtuais, também foram
verificados, pois o tema da inclusão, de alguma forma, tem gerado conteúdo
em cada um desses espaços, ainda que seja apenas, inicialmente, para o
cumprimento da pauta politicamente correta.
Os Manuais da Mídia Legal, disponibilizados pela ONG Escola de
Gente, foram essenciais para o entendimento e compilação de diversos
exemplos. Materiais de comunicações ou divulgação que, de alguma forma,
abarcaram o tema da inclusão ou, mesmo, da deficiência.
A internet, as mídias e redes sociais, por sua vez, são cada vez mais
inevitáveis na disponibilização de oportunidades vivas e diárias desse discurso.
Dessa forma, alguns exemplos foram aproveitados daí.
Avaliação, questionamento e proposições de ideias plausíveis, foram
trazidos à tona para que esse trabalho pudesse ser o semeador de ideias
realizáveis.
,
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Educação Inclusiva 09
CAPÍTULO II - O ambiente e o discurso 15
CAPÍTULO III – Um novo paradigma 26
CONCLUSÃO 30
ANEXOS 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 43
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INTRODUÇÃO
A partir da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, (BRASIL, 1996) o
tema da inclusão das pessoas com deficiência, ou altas habilidades, nas
escolas e universidades, despontou no universo da mídia.
Muito conteúdo pode ser absorvido através dos estudos realizados pela
ONG Escola de Gente, que, através de um trabalho de campo realizado por
alunos de diversas graduações, representantes da ONG e do Ministério
Público, compilou matérias, notas e publicidades para observar e questionar os
paradigmas da diversidade, da deficiência e, principalmente, do preconceito,
embutidos no discurso entranhado em décadas e décadas de
desconhecimento e omissões.
A discussão da inclusão escolar, a partir da obrigatoriedade imposta
pela Lei, concentra-se, na maioria das vezes, nas questões técnicas,
estruturais, arquitetônicas, físicas, das instituições de ensino. Mas quando
algum escândalo surge, a mídia dispõe de alguns segundos ou alguns
milímetros informativos, que logo se perdem no meio da poluição viral que a
tudo anuncia, mas pouco se fixa no cotidiano das pessoas.
Então, como divulgar a inclusão escolar além dos muros das instituições
de ensino, muito mais além das instituições especializadas nas múltiplas
deficiências humanas?
Esse é o propósito deste trabalho. Avaliar o que temos e criar sugestões
para que a inclusão não seja apenas um tema polêmico, mas passe a
constituir o dia-a-dia de forma naturalmente coletiva e, assim, transcenda o
termo “inclusão”, ainda tão polêmico quanto mal utilizado.
CAPÍTULO I
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A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
“Somos todos seres humanos perfeitamente imperfeitos.”
Nick Vujicic
Em tempos em que a educação simula uma subida ao pódio das
prioridades políticas, com o slogan “Brasil Pátria Educadora” (BRASIL, 2015)
faz-se urgente falar-se de um tema atual, associado, porém ainda pouco
resolvido na estrutura e na cultura da sociedade.
A educação inclusiva (WERNECK, 1999) entra no cenário a partir da
Declaração de Jomtien (BRASIL, 1990), ratificada pela Declaração de
Salamanca (BRASIL, 1994), entrando em vigor com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (BRASIL, 1996) e vem se desdobrando, timidamente,
entre cumprimentos e estudos paralelos com vistas a auxiliar no entendimento
e no estabelecimento de políticas públicas que auxiliem e façam cumprir a lei.
O registro oficial, atual, sobre a educação inclusiva em que se pode
amparar está no Inciso III, da alínea c, do art.4º, título III da Lei Nº 9.394,
atualizada em 2013, pela redação dada com a nova Lei nº 12.796 (BRASIL,
2013), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional no Brasil,
descrevendo o dever do Estado no sentido de garantir a educação básica
obrigatória e gratuita, na forma de:
“– atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
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transversal a todos os níveis, etapas e modalidades (...).”
(BRASIL, 2013).
Ainda, os Arts. 58 a 60, do Capítulo V, da mesma Lei, definem os
termos, o atendimento e a forma em que a educação especial deve ser
realizada:
“Art.58. Entende-se por educação especial, para os
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
oferecida (...), para educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação.” (BRASIL, 2013).
1.1 – Um caminho para a evolução
Até um passado bastante recente à memória da geração atual, anos
80/90, as pessoas com algum tipo de deficiência ou ficavam isoladas do
convívio com a sociedade, se abstendo de uma possibilidade de
educação/instrução, ou, de acordo com as possibilidades financeiras de suas
famílias, faziam parte do que foi chamado durante as aulas dadas, muito
apropriadamente pela Professora Mestre Adriana Correa, da AVM, como “Ilhas
de Diferenças”, nas quais os deficientes, visuais ou auditivos, por exemplo,
tinham a possibilidade de se instruírem com métodos devidamente específicos
para as suas deficiências, mas se habilitavam socialmente apenas entre os
seus iguais. Ou seja, continuavam excluídos da sociedade como um todo.
Havia, como ainda o há, instituições específicas para educação de
cegos, o Instituto Benjamim Constant, IBC, fundado em 1854, e o Instituto
acional de Educação de Surdos, INES, fundado em 1856, entre alguns outros.
(MAZZOTTA, ANO). Não podemos tirar o mérito e todo o investimento em
pesquisa e dedicação direcionada que essas instituições promovem há tantos
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anos em benefício daqueles que lhes faltam sentidos ou possibilidades físicas
contextuais ao ser humano.
Mas, é muito fácil observar a possibilidade social que sempre foi
negada aos deficientes por receio ou inabilidade de se trabalhar a inclusão
como uma medida igualitária e de real integração a todos os cidadãos.
“A nossa sociedade não acolhe o diferente. Ela espera
que o diferente se acomode à maioria, não dando ao
diferente a oportunidade dele trazer a sua contribuição
para que a sociedade crescesse com ele naquilo que ele
já alcançou de habilidades.” (DELOU, 2012).
O Poder Público acaba promovendo um exercício invertido, inversão
essa que se dá com a regra estabelecida sem o devido preparo estrutural que,
por sua vez, é imprescindível. Mas o que devemos observar, e nos valer disso,
é que a determinação imposta na forma da Lei abre espaço para muitas
mudanças.
Assim, há que se modificar a sociedade, a arquitetura e, principalmente,
a abordagem. Uma mudança que, após realizada, e se efetiva, terá um
exercício silencioso, pois que terá atingido o seu objetivo maior, o de incluir.
Talvez uma abordagem mais cotidiana possa ajudar a compreender
esse conceito:
“Ser elegante é não parecer que se esforçou para parecer
elegante. Exemplo? Edward, filho mais velho da Rainha
Vitória, era apontado como um dândi, para desespero da
mãe. Mas os nobres ensinamentos da casa real não
foram totalmente desperdiçados porque, certa vez,
quando alguém disse ao príncipe que ele estava muito
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elegante, Edward retrucou: - Se o senhor notou, não
estou.” (REIS, 2015).
1.2 – Das regras à execução possível
Com o estabelecimento da regra da inclusão na Lei, ganha-se, diante
da imposição imediata de execução, a possiblidade de se iniciar uma mudança
de comportamentos e atitudes reais, mesmo que seja necessária e urgente
toda uma manobra para que isso ocorra em todas as suas estruturas, ainda
que não tão imediatamente como seria ideal.
A partir disso, o assunto ganha a mídia, as matérias de jornais, a
discussão popular, e, principalmente, as discussões acadêmicas. E,
poderíamos questionar: Qual o motivador de tanta repercussão? A lei? O
deficiente? Aproveitar-se do tema para explorar o histórico acerca da evolução
e conquistas obtidas? Não: Muito mais para evidenciar o despreparo técnico e
estrutural não planejado previamente à instituição da Lei; a falta de estrutura
física das instituições educacionais; a falta de preparo técnico dos profissionais
educadores – o corpo docente; a falta de hábito, e as intervenções, no convívio
social dos alunos – o corpo discente, e o despreparo dos profissionais de apoio
no convívio e no atendimento a esses novos integrantes, no seu dia a dia.
A questão mesma da deficiência ainda não entra no foco, nesse
momento.
1.3 – Uma breve inversão
Fazem-se alguns movimentos inversos. Estimuladas com a
repercussão do tema nos cenários político e social, algumas instituições
tentam uma inclusão ao contrário, confundindo assim as expressões mais
comuns nesse discurso: inclusão e integração.
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Na matéria avaliada no Manual da Mídia Legal 5, publicado pela
Escola de Gente, pg 40, sobre a Escola para Crianças Surdas Rio Branco, diz-
se que ali “os alunos com esse tipo de deficiência já estão acostumados a
conviver com os ouvintes no mesmo espaço físico e isso facilita o processo de
inclusão”, completando com a fala da coordenadora da instituição, Sabine
Vergamini que “explica que há um trabalho de interação em que os alunos
surdos trocam correspondência e desenvolvem projetos com os ouvintes. ‘O
processo de integração é bem rápido por conta dessa preparação.’”
Fala-se de inclusão e integração no mesmo discurso, sem se dar conta
de que para a inclusão não se propõe “a análise e o julgamento das
diferenças, mas a garantia de sua manifestação em qualquer espaço,
sobretudo na escola, como um valor insubstituível.” (idem, ano).
Quando se integra alguém a um determinado grupo, essa pessoa é
que tem que se adaptar ao ambiente existente. Já a inclusão pressupõe uma
inserção, como temos no dicionário Priberam da Língua Portuguesa: “2.Inserir
num ou fazer parte de um grupo. 3.Abranger, compreender, conter.”
Ou seja, o ambiente é que tem que se adaptar para poder conter a
todos, indistintamente. Assim, e somente assim, efetiva-se a inclusão.
1.4 - O elemento mais frágil a superar
A Lei determina uma ação imediata. A falta de instrução e a falta de
preparo técnico exigem uma mudança de paradigma, emergencial, e ações
que permitam receber, da melhor forma possível, esses novos protagonistas
da história educacional do país.
Mas, quantos estarão preparados?
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Até agora falou-se de estrutura, instituições, legislação, que são, a
princípio, grupos organizados e passíveis de uma remodelação mais técnica,
instrumental, digamos assim. Porém, não se promove uma mudança social
sem a atuação de todos os envolvidos.
E, nesse contexto, existe uma estrutura muito maior, com um grande
poder, força e persuasão, que não podem ser esquecidos: a sociedade
comum.
Em que campo a sociedade se insere na promoção da Educação
Inclusiva? No mesmo campo em que se inserem tantos outros temas similares,
por demais discutidos e polemizados ao longo dos milênios de nossa
existência: no âmbito cultural.
A lei determina regras que devem ser traduzidas em realizações
práticas, com incidências de infrações quando não realizadas e suas devidas
punições, quando detectadas. Mudanças tão palpáveis como as arquitetônicas,
por exemplo. Mas a Lei, por si só, não é capaz de mudar comportamentos. E é
por esta via, a cultural, que esse trabalho se propõe uma atuação mais efetiva
e palpável.
CAPÍTULO II
O AMBIENTE E O DISCURSO
2.1 - O ambiente discursivo
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A regra oficial já seria suficiente para delinear o que, neste momento,
discutimos como sendo a inclusão educacional:
“Art.3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: I – igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola; II – liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a
arte, o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à
tolerância. (...)” (BRASIL, 1996)
No entanto, o alarme se dá na determinação do atendimento obrigatório
referido na mesma Lei 9.394 (1996), no Título III, Do Direito à Educação e
do Dever de Educar:
“Art.4º O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de: (...) III –
atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino. (...).”
(BRASIL, 2013)
Não é necessário discutir a gratuidade, pois adiante, na Lei, outros itens
asseguram o acesso ao ensino em qualquer instituição, estabelecendo a
educação, como “dever da família e do estado”, e garantindo que
“Qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação
comunitária, organização sindical, entidade de classe ou
outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério
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Público, (possa) acionar o poder público para exigi-lo.”
(BRASIL, 2013).
O que se grita no meio acadêmico, no entanto, é a falta de estrutura
para exercer a obrigatoriedade da Lei. E, no que diz respeito a isso, a
amplitude é muito maior do que apenas discursar acerca das questões
técnicas, como a adaptação física, arquitetônica, logística e regulamentar, para
se atender à Lei.
Como se preparou, então, a estrutura humana, nesse contexto?
Em relação ao corpo docente: orientação psicológica, orientação e
preparação instrumental para o professor, como a habilitação em Libras
(Língua Brasileira de Sinais), para comunicação com pessoas surdas, por
exemplo.
Na comunidade discente, com os alunos: orientação psicológica,
discussão sobre a didática, práticas pedagógicas de inclusão.
Com as famílias: discussões, entendimentos e aprendizado mútuo.
Muito pouco se fez no início. E agora, como se poderia dizer no discurso
popular, “trocando o pneu com o carro andando”, as adaptações estão
acontecendo sob a força das circunstâncias.
Mas, ainda falando na estrutura humana que é essencial a esse
contexto, e principal objeto desse trabalho: e a comunidade comum, o público
em geral? Em que âmbito está participando dessa discussão? Ou podemos
dizer, dessa inclusão?
Alguns representantes da sociedade, digamos, comunicacional,
começaram um movimento que alimenta a discussão. Com notícias, na grande
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maioria das vezes, negativas, acendem uma discussão positiva e de peso no
mundo das Redes Sociais e, discretamente, na imprensa.
O senador Romário Faria tem se manifestado de modo contundente em
favor da inclusão e reporta em suas Redes Sociais diversas matérias e
assuntos ligados às pessoas com deficiência (ROMÁRIO, 2015). O jornalista
Anselmo Gois, por sua vez, publicou uma nota em sua coluna Gois de Papel,
do Jornal O Globo, em 18 de novembro de 2015, repudiando a atitude do
Colégio CEL que incluiu em seu contrato de matrícula, para assinatura dos
pais, o item: “Declaro que o aluno não é portador de qualquer necessidade
especial, e, ainda, que fui informado que a escola não trabalha com
necessidades especiais”.
Diz o Art.8 da Lei Nº7.853 de
1989: “(...) Constitui crime punível
com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
anos e multa. Em seu inciso 1º, detalha e reitera: recusar, cobrar valores
adicionais, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno
em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado,
em razão de sua deficiência.”
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As instituições têm ciência da Lei de Inclusão, mas, ao invés de se
instrumentalizarem em favor dela, gastam tempo, energia e risco tentando se
proteger contra a regra oficial.
Na cartilha Mídia e Deficiência (Fundação Banco do Brasil, 2003) temos
os seis quesitos básicos para que se tenha uma sociedade acessível:
acessibilidade arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental,
programática e atitudinal. Barreiras ratificadas pela recente Lei Brasileira de
Inclusão (BRASIL, 2015)
Com a discussão passando às Redes Sociais e à Imprensa, iniciamos
um tímido envolvimento da sociedade comum, do público em geral. Mas ainda
não é o suficiente. O assunto ainda se mostra muito restrito aos interessados
ou envolvidos nos temas deficiência e inclusão. Romário Faria, por exemplo,
iniciou o seu discurso e divulgação a partir de uma vivência própria: sua filha
Ivy (2005) nasceu com Síndrome de Down. E desde então, nunca se furtou em
declarar: “Ivy veio ao mundo com uma responsabilidade enorme, mudar o
Romário”. Assim, passou a fazer diversas postagens e inserir projetos políticos
voltados para a inclusão ou à deficiência.
Em sua página no Facebook, Romário comenta sobre o texto polêmico
da jornalista Silvia Pilz, de O Globo, que em dado momento diz: "Chegamos
em Salamanca e nos deparamos com um enxame de crianças com síndrome
de Down circulando pelas ruas. Parecia um pesadelo, mas era só um grupo de
crianças especiais conhecendo a cidade." O título de sua postagem acende a
polêmica: “Uma criança Down te causa desconforto?” Tendo o senador mais
de 2 milhões de seguidores no Facebook, pode-se considerar expressivo o
alcance da mensagem, mas deve-se descontar daí o fluxo da Linha do Tempo
da página de cada um de seus seguidores. Pois a visibilidade de uma
publicação no Facebook vai depender das prioridades e de outros fatores de
interação do usuário.
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Uma instituição que desde 2002 faz um trabalho intenso voltado para a
acessibilidade e sustentabilidade é a ONG Escola de Gente – comunicação em
inclusão. Através dela, a jornalista e fundadora da ONG, Cláudia Werneck, que
atua desde 1992 nesse cenário, realiza diversas ações em prol da inclusão.
Um de seus trabalhos foi uma das inspirações para esse projeto: através de
um grupo de 15 universitários de disciplinas como ciências sociais,
comunicação e direito, foram realizados encontros e discussões a partir dos
quais foram constituídos os Manuais da Mídia Legal. São seis exemplares que
versam sobre diversos aspectos da inclusão, passando pela discriminação,
pelas políticas de inclusão e, principalmente, pela comunicação pela inclusão.
Na maioria deles, a equipe utiliza exemplos de matérias jornalísticas e
publicidades para avaliarem os meios e as formas de se comunicar a
deficiência e o preconceito.
Num deles, o Manual da Mídia Legal nº1, apresenta-se uma matéria de
capa, da Revista Exame, com o título “Por que os economistas erram tanto?”.
A foto que ilustra a chamada é a de um cego caminhando com seu cão-guia.
Na sequência seguem três avaliações acerca da publicação: comentários
rápidos de cinco estudantes do grupo dos Universitários pela Inclusão, um
comentário da Escola de Gente e um do Ministério Público. Cada um deles
avalia sob o seu ponto de vista as implicações que essa publicação traz no
imaginário coletivo.
Logo de início a estudante Flávia, de jornalismo, infere:
“A foto, junto ao título ‘por que os economistas erram
tanto? ’, estigmatiza e discrimina a pessoa cega e dá ideia
de que ela erra muito. Trata-se da reprodução de uma
visão preconceituosa.” (ESCOLA DE GENTE, 2002)
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A Escola de Gente se pronuncia dizendo que talvez hoje essa capa não
se repetisse. A matéria é de 1998, estamos em 2015. Um misto de casos
isolados de polêmicas a respeito do tema, e de conscientização a partir de
uma certa pressão social, talvez sejam os motivos dessa afirmação. Pois,
como diz Cláudia Werneck,
“A mídia brasileira tem se conscientizado de que pessoas
com deficiência não são sempre vítimas. Mas está
lentamente entendendo que também não são,
obrigatoriamente, heróis.” (ESCOLA DE GENTE, 2002).
No Manual da Mídia Legal nº4 - Comunicadores pelas políticas de
inclusão, apresenta-se uma publicidade da companhia CPFL Energia,
divulgando o seu Programa Diversidade, em que informa a possibilidade de
contratação de pessoas com deficiência (ESCOLA DE GENTE, 2005).
No material encerram-se várias questões a problematizar: I - não fica
claro se essa disponibilidade de contratação de pessoas com deficiência cuida
apenas do cumprimento da Lei, na cota obrigatória; II - nas palavras do
estudante de Direito Renan B. Kalil, evidencia-se um paradoxo, pois na peça
publicitária a CPFL diz que “sempre acreditou na igualdade de oportunidades”,
mas, para isso, tiveram que criar um programa diferente, destinado a pessoas
com deficiência (...); III - talvez a informação mais relevante, porém
imperceptível, e, por isso mesmo, comentada em apenas uma das avaliações,
esteja na imagem gráfica, pois a foto que ilustra uma das peças mostra uma
pessoa cega caminhando com bengala e, na outra, uma pessoa com duas
bengalas de axila. No entanto, toda a peça publicitária é escura, com uma
vinheta esfumaçada em que se coloca o foco de luz no rosto das pessoas,
escurecendo-se o restante da imagem, ou seja, a deficiência fica
discretamente oculta na comunicação.
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Os Manuais da Mídia Legal contêm diversos outros exemplos, bastante
conteúdo acerca da inclusão, suas leis e as formas corretas de se falar das
deficiências ou das pessoas com deficiência. Mas, infelizmente, também é um
conteúdo que circula basicamente no meio dos grupos que discutem a inclusão
ou o preconceito. E, ainda, assim, num grupo bastante restrito. Não alcança a
grande mídia, tampouco as universidades ou as próprias escolas, que é onde a
cultura precisa germinar. Muito menos o público comum.
2.2 – A inclusão
Vamos, então, ao discurso e ao termo. O que é a inclusão, enfim?
A discussão é complexa, contraditória e, por tudo isso, ainda não está
inserida no contexto da sociedade.
Um modelo simples de representação tem circulado pelas Redes
Sociais, ilustrando a diferença entre exclusão, segregação, integração e
inclusão (FOLHA SOCIAL, 2014)
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No livro Ciladas da Diferença, Antônio Flávio Pierucci abre um caminho
para a discussão acerca da diferença e da igualdade. Aborda a questão
através da sociologia, da política, das diferenças de classe, sublinhando o
preconceito que ronda diferentes épocas e culturas (PIERUCCI, 2013).
Pierucci confronta a sua pesquisa, realizada em 1986/1987, em bairros
de classe média baixa de São Paulo, com o “(...) retrato do conservador inglês
da década de 40” e demonstra como diversos princípios preconceituosos e
racistas são tão fortes que atravessam décadas e classes sociais. Ao observar-
se, ainda, a “enorme distância sociocultural que existe entre as populações
urbanas da Inglaterra e do Brasil”, a similaridade e a permanência dos termos
apontados surpreende assustadoramente:
“As pessoas não brancas são inferiores. A miscigenação
deve ser desencorajada. As mulheres não são iguais aos
homens em inteligência. Nem todos os seres humanos
nascem com as mesmas potencialidades. Pessoas com
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graves defeitos hereditários deveriam ser
compulsoriamente esterilizadas” – são algumas das
frases do estudo. (PIERUCCI, 2013)
Vale revisitar sua abordagem, retratada em diversos trabalhos
acadêmicos (SANTIAGO e AKKARI, 2014; COLLI, 2015), pois a luta pelos
direitos dos negros, das mulheres, dos homossexuais, entre outros, “legitima
que a diferença seja enfocada e as distâncias alargadas” (PIERUCCI, 2013).
Busca-se a igualdade apontando a diferença e o risco é o de se congelar a
discussão na “oposição binária igualdade-versus-diferença e em qualquer
oposição simples” (PIERUCCI, 2013).
Aí se volta ao conceito de “ilhas de diferenças” (CORREIA, 2014),
descrito no início deste trabalho, melhor retratado em Travessias, por M.
Cristina M. Kupfer, quando esta se refere às “Ilhas de Inteligência” dos ateliês
da Pré-escola Terapêutica Lugar de Vida. Com o objetivo de mudar a ordem
das coisas, constituiu-se o Grupo Ponte que, através de um trabalho conjunto
de diversos profissionais voltados para o humano em suas múltiplas
singularidades, e, na contramão desses pré-conceitos institucionalizados,
“acompanha a inclusão de crianças e jovens atendidas no Lugar de Vida em
escolas regulares da cidade de São Paulo” (PATTO, 2014), para que, assim,
através do contato com o Outro, lhes seja permitido se estruturar como sujeito.
(KUPFER, 2005).
O trabalho do Grupo Ponte vai além: junto com o Lugar de Vida,
envolve corpo docente, famílias e alunos num processo que só se realiza no
momento em que seja possível constatar que “o aluno deixa de ser aluno do
professor e passa a ser aluno da escola” (COLLI, 2005). É quando podemos
começar a falar da inclusão propriamente dita.
“(...) se a escola como um todo não for capaz de se
envolver e assumir para si a responsabilidade pela
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escolarização desses alunos, o processo de inclusão não
se efetiva.” (MITSUMORI e AMÂNCIO, 2005)
Seria muito diferente ao se transferir esse mesmo conceito para a
sociedade em geral? Afinal, essa é a proposta.
2.3 – O discurso inclusivo
Para tentarmos um pretexto para falarmos em divulgação, publicidade,
marketing e cultura, podemos ilustrar os tempos atuais do discurso com uma
referência atemporal: o escritor José Saramago (1922-2010). Em entrevista ao
Jornal O Globo (2009), ao ser questionado sobre as Redes Sociais, é sucinto:
“O GLOBO: O senhor acompanha o fenômeno do
Twitter? Acredita que a concisão de se expressar em 140
caracteres tem algum valor? Já pensou em abrir uma
conta no site? SARAMAGO: Nem sequer é para mim uma
tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo
que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo
como forma de comunicação. De degrau em degrau,
vamos descendo até o grunhido.” (DIARIO DIGITAL,
2009)
Como falar na e da deficiência num mundo já tão monossilábico, como o
saudoso escritor diz? O erro é certo, os tropeços, alguns vêm na tentativa de
se acertar. Para quem já é do meio educacional inclusivo, Romeu Kazumi
Sassaki é referência. Entre tantos estudos acerca do tema, em publicação da
Cartilha Mídia e Deficiência, publicada pela Fundação Banco do Brasil (2003),
ele desfila uma série de expressões historicamente utilizadas para descrever
ou falar sobre a deficiência.
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Através de uma sistemática revisão de conceitos, nos ajuda a repensar
os termos com uma coerência quase óbvia, que o preconceito ou, até mesmo,
o assistencialismo (BRAGA, 2005), como caminho mais curto, insistia em não
reparar.
“Fulano é portador de deficiência visual”, “criança excepcional”, “surdo-
mudo”, “inválido”, “vítima de pólio”, são alguns dos termos revisitados por
Sassaki, que reitera: “(...) Na linguagem se expressa voluntária ou
involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com
deficiência. (...)”. E, assim, nos faz refletir a partir de alternativas como:
“(...) 3. “apesar de deficiente, ele é um ótimo aluno”. Na
frase (acima) há um preconceito embutido: ‘A pessoa
deficiente não pode ser um ótimo aluno’. Frase Correta:
“Ele tem deficiência e é um ótimo aluno”. (...) 11.
deficientes físicos. Termo correto: pessoas com
deficiência; (...) 21. “ela foi vítima da pólio” A palavra
vítima provoca sentimento de piedade. Termo correto:
pólio, poliomielite e paralisia infantil. Frase Correta: “ela
teve pólio”. 47. portador de deficiência. Termo Correto:
pessoa com deficiência. (...)” (SASSAKI, 2003)
O preconceito vem do olhar equivocado do outro que não consegue
deslocar o olhar de si mesmo. Em Ciladas da Diferença, Pierucci, reforça a
questão: “O racista vê o mundo dos humanos sob a ótica privilegiada da
diferença, melhor dizendo, pondo em foco a diferença” (PIERUCCI, 2013).
Então, se através da cultura é possível juntar as pessoas com um
objetivo comum, já temos munição para, pelo menos, começarmos a falar de
modo mais assertivo.
CAPÍTULO III
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UM NOVO PARADIGMA
Em que medida o marketing poderia, então, atuar em favor da inclusão
escolar? Ampliando-se o contexto, e relembrando Fernando Colli (COLLI,
2015) quando diz: “(...) quando o aluno deixa de ser aluno do professor e
passa a ser aluno da escola (...)”, podemos chegar à sociedade comum e
realizar a inclusão das pessoas com deficiência como o elegante príncipe
Edward, em seus melhores dias (O GLOBO, 2015), sem ser notado, porém,
não desprezado.
O marketing existe desde a Roma antiga. A expressão, oriunda do
termo mercari, em latim, no sentido de “comércio”, “mercado”, “trocas”,
estabeleceu-se como estratégia em torno de 1940, nos Estados Unidos, berço
do capitalismo, quando, saindo da era da produção - em que tudo o que era
produzido, era vendido, introduz a era das vendas, em que se começa a
trabalhar o escoamento dos excedentes - agora gerados a partir da
industrialização, começando a desenhar novos mercados.
Com a especialização, o marketing passou a atuar em diversas frentes:
social, política, religião, cultura, esportes, etc. E hoje, na era digital, em que o
termo “viralização” exerce, para o bem ou para o mal, a difusão de informações
muitas vezes partidas, incompletas, disseminadas globalmente, não deixa de
ser uma estratégia de comunicação com um poder de alcance cada vez maior.
Principalmente se bem direcionada.
“(...) epidemias sociais. Casos em que produtos, ideias e
comportamentos difundem-se entre uma população.
Começam com um pequeno grupo de indivíduos ou
organizam-se e se espalham, com frequência de uma
pessoa para outra, quase como um vírus. (...)” (BERGER,
2014)
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A estratégia se especializa através de segmentações cada vez mais
específicas, com base nas necessidades e desejos do consumidor,
acompanhando as mudanças do mercado e, cada vez mais, introduzindo esse
consumidor no processo de criação – co-criação de valor.
O “Mix de Marketing”, estruturado na definição dos 4 P’s: produto,
preço, praça e promoção (KOTLER, 2012), não atende mais apenas a uma
relação de venda e lucro. Trabalha a segmentação no que ela tem de mais
específico, seja no campo dos produtos ou dos serviços, estruturando
posicionamentos de marcas, de empresas ou de instituições.
Como falar com um consumidor cada vez mais individualizado? A
constituição de família, que até os anos 90 era tradicionalmente formada pelo
pai, a mãe e dois ou três filhos, hoje apresenta variações e necessidades que
permitem a uma empresa ter diversas marcas para um mesmo produto. Ou faz
com que a estratégia de canal (meios de vendas, distribuição, entregas) tenha
que ser analisada em suas diversas possibilidades e custos.
Através de um bem estruturado Plano de Marketing (KOTLER, 2012)
desenha-se a direção e a estratégia de captação de recursos de instituições
filantrópicas que têm por princípio ajudar, e, não vender. Sua linha de
comunicação precisa ser coerente com o posicionamento, a segmentação, a
distribuição, a imagem de marca. É um estar no mundo cada vez mais
individualizado, com acesso multifuncional e global.
Nesse sentido, quem dita as regras? O cliente. A quem se dá a voz?
Ao cliente. Então, como realizar a inclusão (do deficiente) na escola, sem que
ele esteja inserido no contexto da sociedade, apesar de toda a sua
individualização?
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Há que se escutar o deficiente, permitindo que ele próprio seja o ator
social de suas próprias causas; como sujeito que se reconhece no outro que,
por sua vez, se espelha nele também. Deixar de falar em seu lugar, utilizar as
expressões corretas que lhe permitam encontrar o seu lugar no mundo.
Desestigmatizá-lo em movimentos que impeçam o preconceito velado,
como na campanha do próprio Ministério da Cultura, que, ao anunciar os
resultados do Enem de 2015, veiculou um comercial, na TV aberta e nas
Redes Sociais, ilustrando a presença do deficiente e do negro, exercendo
sobre eles uma supervalorização em comparação com o branco, que chega
atrasado e não consegue fazer a prova (BRASIL, 2015). Há aí, também, uma
inversão tão desnecessária quanto preconceituosa, porém, subliminar: não o
faz de coitado, mas de herói, diferenciando-o, da mesma forma, dos demais.
Em dado momento, o vídeo apresenta em locução e vídeo:
“(...) foram mais de 50 mil candidatos com algum tipo de
deficiência ou condição especial, como o Gilliarde, que
chegou cedo e fez a prova numa boa. Ao contrário do
Maurício que (...)”.(BRASIL, 2015)
Atente para alguns fatos: no vídeo, o aluno Gilliarde (deficiente)
aparece, ao mesmo tempo em que uma aluna negra senta logo ao seu lado,
na comparação com o aluno Maurício (branco), que chega atrasado e não
consegue fazer a prova.
Ainda não é ao deficiente que lhe é permitido definir o seu lugar no
mundo. São vozes externas que falam por ele e determinam o que acham
melhor, na verdade, muito ainda, se defendendo do preconceito, em lugar de o
eliminando.
Em uma bem estruturada estratégia de marketing é possível definir as
melhores práticas, com assertividade, definir a segmentação a ser atingida;
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calcular, através de pesquisas de campo, os conceitos e os pré-conceitos que
deverão ser trabalhados; determinar os meios de divulgação, os métodos de
captação de recursos, de modo que seja possível inserir o deficiente no
universo cultural da sociedade e, assim, fazer com que ele passe a fazer parte
do contexto, “restituindo-lhe a posição de sujeito”. (BRAGA, 2005). Fazer com
que a pessoa deficiente participe do processo de criação e de estruturação
dessa comunicação e da estratégia, será fator fundamental.
Não mais falar por ele, falar com ele, no mundo.
CONCLUSÃO
A observação do comportamento humano não é complexa, se a
realizarmos com critério. Ela se retrata no cotidiano que é cada vez mais
acessível e transparente. Através das exposições nas Redes Sociais, nos
programas de competições ao vivo, como os Reallity Shows, nas
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manifestações culturais, e nas diversas formas de exposição que se renovam a
cada ano, e, não mais, em décadas.
Neste trabalho, abordou-se o tema da inclusão escolar, que envolve,
em muitos sentidos, o comportamento humano, nas atitudes, no discurso e na
sua exposição.
O preconceito, diversas vezes retratado através do discurso
equivocado, se reflete na educação inclusiva e no tema inclusão como um
todo, impedindo o acesso da pessoa deficiente à escola, segregando o
deficiente no ambiente social e, principalmente, não lhe dando voz.
Os conteúdos literários ou ações relativas à inclusão dificilmente
alcançam o público comum, contribuindo para a manutenção de uma falsa
proteção social que discrimina o deficiente, não o acolhendo em suas diversas
possibilidades. Entre alguns exemplos, temos leis que não são cumpridas e,
mais ainda, boicotadas no desconhecimento da sociedade.
O Marketing pode nos dar os critérios e as estratégias para que
possamos modificar esse status quo. Trabalhar o discurso, incluir,
efetivamente, a pessoa deficiente na comunicação e, portanto, no ambiente
social, participando dele como qualquer cidadão.
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ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Romário Faria, Facebook;
Anexo 2 >> Coluna Gois de Papel;
Anexo 3 >> Mídia e Deficiência;
Anexo 4 >> Manual da Mídia Legal 1: páginas 40 e 41;
Anexo 5 >> Manual da Mídia Legal 4: páginas 60 e 65.
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ANEXO 1 Romário Faria
Página curtida · 5 de fevereiro de 2015 ·
Quem aí é igual? O que é ser perfeito? O que nos torna diferente do outro?
Essas perguntas podem ter muitas respostas. Eu tenho seis filhos, para mim,
todos eles são diferentes: cor, altura, personalidade, deficiência... mas todos
são igualmente perfeitos.
Faço esta reflexão porque, nos últimos dias, recebi uma avalanche de
mensagens com alertas sobre a jornalista Silvia Pilz, do O Globo, que escreve
textos altamente preconceituosos sobre pessoas com deficiência, negros e
pobres.
Em um dos textos, intitulado "Cacoete", ela escreveu:
"Chegamos em Salamanca e nos deparamos com um enxame de crianças
com síndrome de Down circulando pelas ruas. Parecia um pesadelo, mas era
só um grupo de crianças especiais conhecendo a cidade."
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E continua, após alguns parágrafos:
"Será que o enxame de crianças com síndrome de Down ainda está por aqui?
Eles devem ter alguma coisa para nos ensinar. Vejo sempre relatos de pais
emocionados, como se fossem abençoados. Deus, como temos dificuldade em
assumir fardos!"
Peço desculpas por fazer vocês lerem isso. Talvez, assim como eu, já estejam
sentindo um embrulho no estômago. Mas acreditem, ela não parou por aí. E
disse em outro texto:
“Todo mundo quer ser branco e ter olhos claros. Negras alisam cabelos, pais e
mães, quando resolvem adotar bebês, vão pro Sul do país. Se bem que os
mini-afrodescendentes estão em alta. Simbolizam o "eu não tenho
preconceito", porque o que acontece em Hollywood, depois de um tempinho,
acontece aqui. Parece uma espécie de campanha na qual quem adotar o mais
feio garante seu lugar no céu”.
Em outro trecho ela afirma que “gostaria de voltar pro mundo onde anões eram
chamados de anões e não de pessoas verticalmente prejudicadas”.
Talvez aí esteja o cerne do problema da jornalista. Ela vive em um tempo que
não lhe cabe mais. Prova disso foi a avalanche de protestos contra suas
palavras. Já vivemos um tempo em que pessoas eram escravizadas pela cor
da pele, por disputas territoriais ou guerras. Neste mesmo tempo, crianças
nascidas com deficiência não tinham vez, eram abandonadas, doadas,
escondidas. Anões (sim, eles continuam sendo chamados assim) eram
expostos em feiras de bizarrices. E tudo isso era considerado normal. Este
tempo passou. Não de uma hora para outra, mas à medida que a consciência
das pessoas despertou para a diversidade do nosso mundo. À medida que o
alcance e a velocidade da nossa comunicação se ampliaram para muito além
das fronteiras. À medida que muitas pessoas gritaram e se ergueram contra as
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injustiças.
Vejo este grito por mudança se erguendo novamente. Agora contra pessoas
que pensam como você, que acham que existem pessoas perfeitas e outras
consideradas "fardos". Assim como acha que todos querem ser brancos de
olhos claros. Ou mesmo que se assustam com um anão ou sentem
desconforto na presença de crianças com síndrome de Down. Você realmente
vive no tempo errado, no meu tempo, 45 milhões de brasileiros têm algum tipo
de deficiência. Algo como 24% da população. Estranho mesmo é não enxergar
essas pessoas à sua volta, a ponto de, quando vê-las, sentir desconforto. Mas
suas palavras são apenas tolices de uma pessoa com uma visão de mundo
bastante limitada. Sou a favor da liberdade de expressão, mas lamento um
veículo como o jornal O Globo dispor de valioso espaço para um jornalista
ofender cidadãos brasileiros.
Fica aqui o meu repúdio.
Disponível em: <https://www.facebook.com/romariodesouzafaria/photos/pb.
111949165566730.-2207520000.1455392541./771675519594088/?type=
3&theater> . Acesso em: 05/fev/2015
ANEXO 2
O GLOBO. COLUNA GOIS DE PAPEL. CEL registra no contrato de matrícula
que não aceita alunos especiais. Disponível em:
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<http://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/cel-registra-no-contrato-de-
matricula-que-nao-aceita-alunos-especiais.html> . Acesso em: 18/out/2015
CEL registra no contrato de matrícula que não aceita alunos especiais
POR ANCELMO GOIS
18/11/2015 06:30
No novo contrato de matrícula do colégio CEL, no Rio, os pais dos alunos têm que
assinar um documento que, entre os itens, diz assim: “Declaro que o aluno não é
portador de qualquer necessidade especial, e, ainda, que fui informado que a escola não
trabalha com necessidades especiais.”
ANEXO 3
MÍDIA E DEFICIÊNCIA / Veet Vivarta, coordenação. – Brasília: Andi ;
Fundação Banco do Brasil, 2003.
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Segundo o consultor em inclusão Romeu Kazumi Sassaki, para dizer que uma
sociedade está acessível é preciso verificar sua adequação de acordo com
seis quesitos básicos:
• Acessibilidade arquitetônica: não há barreiras ambientais físicas nas casas,
nos edifícios, nos espaços ou equipamentos urbanos e nos meios de
transporte individuais ou coletivos.
• Acessibilidade comunicacional: não há barreiras na comunicação
interpessoal (face-a-face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta,
apostila, incluindo textos em braile, uso do computador portátil) e virtual
(acessibilidade digital).
• Acessibilidade metodológica: não há barreiras nos métodos e técnicas de
estudo (escolar), de trabalho (profissional), de ação comunitária (social,
cultural, artística etc) e de educação dos filhos (familiar).
• Acessibilidade instrumental: não há barreiras nos instrumentos, utensílios e
ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional) e de lazer ou
recreação (comunitária, turística ou esportiva).
• Acessibilidade programática: não há barreiras invisíveis embutidas em
políticas públicas (leis, decretos, portarias) e normas ou regulamentos
(institucionais, empresariais etc).
• Acessibilidade atitudinal: não há preconceitos, estigmas, estereótipos e
discriminações.
ANEXO 4
MANUAL DA MÍDIA LEGAL, 1: jornalistas e publicitários mais qualificados para
abordar o tema inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. páginas 40
e 41. Rio de Janeiro: WVA, 2002.
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37
Revista Exame (capa), abril de 1998, nº659. Por que os economistas erram
tanto?
Avaliação dos universitários, Agentes da
Inclusão, da Escola de Gente:
ANEXO 5
MANUAL DA MÍDIA LEGAL, 4: comunicadores pelas políticas de
inclusão/Escola de Gente. páginas 60 a 65. Rio de Janeiro: WVA, 2005.
Anúncio da empresa CPFL energia. Revista Veja, edição 1918, ano 38, nº33
Outdoor – São Paulo
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38
Título do anúncio: Na hora de contratar alguém, a gente enxerga a vontade de
trabalhar.
Subtítulo: Programa diversidade CPFL. A CPFL dando força para a pessoa
com deficiência trabalhar.
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39
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40
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41
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http://www.escoladegente.org.br/escola-de-gente/apresentacao
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42
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ÍNDICE
![Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · resolvido na estrutura e na cultura da sociedade. A educação inclusiva (WERNECK, 1999) entra no cenário a partir da Declaração](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022012001/6086fc72aa4cdf0597248278/html5/thumbnails/43.jpg)
43
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 09
1.1 – Um caminho para a evolução 10
1.2 – Das regras à execução possível 12
1.3 – Uma breve inversão 12
1.4 – O elemento mais frágil a superar 13
CAPÍTULO II
O AMBIENTE E O DISCURSO 15
2.1 – O ambiente inclusivo 15
2.2 – A inclusão 21
2.3 – O discurso inclusivo 24
CAPÍTULO III
UM NOVO PARADIGMA 26
CONCLUSÃO 30
ANEXOS 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 43