DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · da tecnologia sobre a qual é construída a...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS E EDUCAÇÃO: UMA NOVA
ESCOLA É POSSÍVEL E NECESSÁRIA
Cássia Helena Glioche Novelli de Souza Soria
ORIENTADOR:
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Transmídia – Gestão de Mídias Digitais
CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS E EDUCAÇÃO: UMA NOVA
ESCOLA É POSSÍVEL E NECESSÁRIA
Rio de Janeiro 2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os mestres que tive nas salas de aula e na vida.
Sempre aprendemos e ensinamos um pouco com as pessoas que
passam pela nossa vida. Viver é um eterno aprendizado..
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa à minha avó Helena, minha
primeira professora e a minha filha, de mesmo
nome, minha primeira aluna.
RESUMO
As novas tecnologias avançam em um ritmo frenético, os jovens
estão ávidos por novidades e a escola segue com a mesma estrutura de
séculos atrás. Nesse universo onde a informação transborda dos meios de
comunicação, qual o papel do professor e da escola na vida de seus alunos?
Na presente pesquisa, tentou-se conhecer melhor as novas mídias
que permeiam o processo comunicacional atual e a sua relação com ambientes
educacionais, trazendo questionamentos e apontando para conversações entre
os dois universos que podem enriquecer ainda mais essa relação.
METODOLOGIA
Para a realização desta pesquisa, buscou-se a leitura de livros, sites
e revistas de autores atuantes que se destacam nas áreas conexas, a fim de
entender melhor o funcionamento dos processos e análise dos conceitos
históricos que englobam as temáticas propostas.
No primeiro capítulo, conceituou-se o modus operandi das
tecnologias midiáticas atuais, atentando-se as características principais de
dispositivos, redes sociais e aplicativos em voga.
No segundo capítulo, traçou-se um panorama da história do uso das
tecnologias em ambientes educacionais.
No terceiro capítulo, a tônica são as hipóteses de novas formas de
ligação em um futuro próximo, da relação de mídia convergente e processos
educativos.
A conclusão aponta caminhos e levanta novos questionamentos que
só o tempo responderá, tamanha a velocidade dos processos em andamento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Novas tecnologias e convergência 11
CAPÍTULO II
A relação entre tecnologia, mídia e educação 19
CAPÍTULO III
Uma nova escola é possível e necessária 28
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a cibercultura, através de sua mediação com
tecnologias digitalizadas e móveis, instaurou uma nova era nos processos de
comunicação. Combinando texto, imagem e som, foi possível trazer para o
debate social, ingredientes que enriqueceram a temática comunicacional
contemporânea.
Novos signos códigos foram introduzidos e saber o internetês agora
é uma questão de sobrevivência. Emoticons, gifs, memes, emojis já são
códigos aptos a complementar a comunicação da sociedade mundial de forma
escrita e muitas vezes, a utilização de aplicativos são em si mesmo, a própria
mensagem, propondo desafios para quem lida com comunicação de maneira
geral.
Blogs e redes sociais deram voz a quem nunca pensou em ser
ouvido e softwares educacionais facilitam a observação e o entendimento de
conceitos. Esses softwares, alguns gratuiutos, vêm ganhado espaço nas
escolas e universidades e muitos projetos modernos já apostam no reforço da
produção de conteúdo multiplataforma.
A gameficação de matérias como história, com a criação de
ambientes virtuais que projetam uma realidade pré-histórica, por exemplo,
contagia os alunos dos ensinos fundamental e médio que antes poderiam estar
desinteressados pela matéria quando esta era apenas um livro repleto de
textos extenuantes.
O acesso as mídias digitais caminha junto com a expansão da
capacidade comunicativa das pessoas comuns. O surgimento das plataformas
digitais aumentou a diversidade de atividades possíveis, tornando mais
participativas ainda, as pessoas que já estavam socialmente ligadas em rede.
O usuário não espera mais o conteúdo de maneira passiva, ele faz buscas e
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comparações ativas, pressionando quem produz mídia e conteúdo através de
diversos conteúdos e plataformas, de maneira que marcações específicas,
como hashtags, facilitem o encontro dessas informações na rede, otimizando o
processo de busca d itens e idéias e a experiência do usuário em sua
navgação.
Na contramão da tendência quase simbiótica com as novas
tecnologias, as salas de aula insistem em não acompanhar esta realidade e
muitas chegam a proibir dispositivos que poderiam ser úteis em sala de aula.
As mídias digitais são facilitadoras do processo de ensino aprendizagem, mas
a receptividade ao novo nas salas de aula não acelera na velocidade das
tendências.
A rede conectada cada vez mais veloz conta com redes sociais,
aplicativos dos mais diversos e as novas tecnologias em geral proporcionam
um ambiente rico e diverso de possibilidades de aprendizagem, dentro e fotra
do ambiente escolar, permitindo que o processo seja laborado e reelaborado a
qualquer tempo e em qualquer lugar,com possibilidade até de um encontro
virtual através de avatares..
A utilização dos ambientes digitais como recurso de enriquecimento
pedagógico transforma a mediatização da aprendizagem e a coloca numa
perspectiva transmidiática, de convergência, quando multiplica os canais de
informação.
É claro que a inserção de novas tecnologias digitalizadas
conectadas precisa ser realizada no ambiente escolar de maneira coerente e
sustentável e longe de uma comunicação em excesso sem sentido e sem
eficácia.
Pensar na democratização desses espaços também é fundamental
para a formação de uma sociedade mais justa, dando voz e oportunidades a
todos.
Mas só há uma formação satisfatória e plena quando os homens por
trás das máquinas estão munidos do saber, do querer e da consciência do que
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está sendo feito por todos os envolvidos no ambiente educacional e na
utilização consciente das novas tecnologias de comunicação conectada e
digital.
Nos capítulos a seguir, vamos descobrir juntos como escola,
professor, recursos e dispositivos de comunicação podem ajudar a construir
uma nova escola, com novas funções e desenvolvendo novas habilidades em
estudantes e professores com o intuito de construir uma sociedade cada vez
mais ética e igualitária.
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CAPÍTULO I
NOVAS TECNOLOGIAS E CONVERGÊNCIA
A popularização das novas tecnologias e mídias digitais e
conectadas entre as crianças e adolescentes já é uma realidade m todo o
mundo. Notebooks, tablets e smartphones são hoje, mais atraentes que
qualquer outra atividade para os jovens, basta olhar em volta para perceber
este fenômeno. Conhecimento compartilhado, redes sociais, aplicativos e
softwares invadiram a vida dos jovens, em um processo que já se inicia em
tenra idade.
Para o doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, Luis Mauro Sá
Martino (2015):“ As redes sociais podem ser entendidas como um tipo de
relação entre seres humanos pautada pela flexibilidade de sua estrutura e pela
dinâmica entre seus participantes.” As Redes Sociais estão disponíveis
através de diversos sites e/ou aplicativos e cada uma delas, tem o seu “dress
code” e a sua maneira de fazer comunicação. Sobre essa característica,
Martino explica:
“Cada rede social tem sua própria dinâmica, e isso está ligado de alguma maneira à própria arquitetura da tecnologia sobre a qual é construída a interação social. (...) Nas redes sociais, os vínculos entre os indivíduos tendem a ser fluidos, rápidos, estabelecidos conforme a necessidade em um momento e desmanchado no instante seguinte. A noção de flexibilidade das redes sociais refere-se a essa característica dos laços existentes em uma rede – os vínculos criados podem ser transformados a qualquer momento, de acordo com sua dinâmica e com as características dos participantes”
O Facebook desponta como uma das redes mais utilizadas entre os
brasileiros. Twitter, Snapchat e Youtube também são redes muito procuradas,
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principalmente pelos jovens. São muitas, surgindo o tempo todo, mas apenas
algumas conseguem entender e atender as necessidades dos ávidos
utilizadores.
Segundo o divulgado no início deste ano, pelo executivo da empresa
de Zuckerberg, Ime Archbong, na Campus Party 2016, os dados são bastante
impressionantes. Oito em cada dez brasileiros conectados à internet estão
cadastrados e utilizando o Facebook. A empresa também é proprietárias das
redes WhatsApp ( de mensagens instantâneas) e Instagram (de fotos e
vídeos).
E como não citar o advento da Wikipedia, que se tornou a maior a
enciclopédia colaborativa do mundo digital. Como ela mesma se define: a
enciclopédia livre que todos podem editar. Apesar das informações não serem
tão confiáveis, elas podem ser a porta aberta para que a curiosidade leve a
uma busca mais aprofundada.
Seja através de notebooks, Tablets ou smartphones, a velocidade
das informações e conexões acelera na mesma proporção do volume das
mesmas. Se o notebook nos deu a possibilidade de sair da inércia da cadeira
em frente ao desktop, os tablets que vieram logo a seguir, rapidamente se
tornaram quase obsoletos com o advento dos smartphones, que aliou
personalização e mobilidade em alto grau nesse aparelho cada vez mais
moderno, prático e útil no dia a dia.
Mas o que muitas escolas e docentes ainda não se deram conta é
de que os dispositivos que já foram vistos como grandes vilões, muitas vezes
proibido em salas de aula, podem se tornar grandes aliados dos ambientes
escolares.
É ali, na ponta dos dedos de cada envolvido na produção do
conhecimento, que o conteúdo aprendido na escola e as informações do
mundo virtual podem convergir e transbordar, sendo absorvidas e produzidas
pelos dois lados envolvidos: docentes e alunos, em sala de aula ou em
qualquer outro ambiente onde seja possível estar conectado em rede
virtualmente.
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1.1. Novas tecnologias (dispositivos)
1.1.1. PC´s, Notebooks e projeção via e-board
Muitas escolas, principalmente as da rede particular já estão
guarnecidas desse tipo de dispositivos. Nas aulas de informática os
computadores são utilizados pelos alunos que descobrem ali os primeiros
passos de criação e movimentação de arquivos,alguns, engatinhando na vida
digital.
A projeções são recursos mais utilizados pelos docentes no ensino
infantil e início do fundamental para aulas mais expositivas e já há uma
maleabilidade do uso dos equipamentos pelos alunos do segundo segmento do
ensino fundamental e no ensino médio.
1.1.2. Smart TV’s
As Smarts TV´s ainda são um recurso muito novo e quase não são
exploradas ainda nas escolas. Em parte, pelo custo, por outra, pela falta de
conhecimento dos docentes e administradores escolares para a utilização das
mesmas.
Seu principal mote é a conexão com a internet e abriu as portas para
a permanência da Televisão que vem tentando se superar para não ser
substituída por novas tecnologias. Muitos lares substituíram ou adicionaram o
Netflix, onde é possível acessar conteúdos de séries, entre outros sem seguir o
horário pré-definido pelas emissoras de televisão no modo convencional. A
única forma de fugir dessa programação definida pelo horário estipulado era
adquirir um gravador disponibilizado, mediante compra, pelas empresas de TV
a cabo.
Mas as tecnologias citadas até aqui neste capítulo se por um lado
estão aptas a conexão, ainda esbarram na falta de mobilidade ou de
personalização. Por mais leves que estejam os notebooks, nada se compara
aos smartphones.
1.1.3. Smartphones
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Os Smartphones são os dispositivos em maior volume no Brasil.
Segundo dados de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo,
chegamos a 168 milhões de aparelhos em território nacional. Ainda segundo a
pesquisa da FGV/SP, a projeção é que, até 2018 o número chegue a 236
milhões de unidades e a projeção de densidade de dispositivos (unindo
computadores e dispositivos móveis) conectados a internet será de dois por
habitante.
Hoje, os smartphones já são a tecnologia digital atual favorita dos
jovens brasileiros. Nenhum grupo incorporou essa tecnologia de maneira tão
rápida e ampla à sua rotina quanto este grupo o fez. Somando-se os outros
grupos, os aparelhos de celular, já são o principal meio de acesso à internet no
Brasil.
Assim como já acontece em países com uma economia mais
próspera, em um futuro próximo, o que já é implantado em empresas e
algumas escolas e universidades no exterior, o sistema BYOD (Bring Your
Own Device- na tradução – Traga o seu próprio dispositivo), substituirá o
caderno de anotações e pode complementar as informações vistas em sala de
aula.
1.2. Novas tecnologias (redes sociais e de mensagens
instantâneas)
1.2.1. Facebook
O Facebook chegou de mansinho e arrebatou os brasileiros,
substituindo de vez o Orkut em meados de 2008. A rede social é a mais
utilizada no Brasil e é por isso tem o maior poder de viralização de conteúdos.
São mais de 103 milhões de usuários conectados no país. Um fenômeno da
internet.
Muitos já o consideram como uma verdadeira plataforma de
comunicação, tendo em vista suas múltiplas capacidades de utilização,
mensagens instantâneas, fotos, textos, vídeos, formação de grupos de
interesses e fan pages individuais, além do mais novo recurso, disponível a
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partir de junho deste ano, de transmissões ao vivo que podem ser feitas por
qualquer usuário.
1.2.2 WhatsApp
O WhatsApp é a ferramenta de mensagens instantâneas mais
usada pelos brasileiros . Segundo pesquisa da Nilsen, aproximadamente 70%
dos smartphones do país contam com a tecnologia de comunicação e quase
30% da população o utiliza diariamente.
As mensagens trocadas podem ser gravadas por áudio ou por texto
digitado e contam com a segurança das mensagens serem criptografadas.
Vídeos, fotos e arquivos também podem ser anexados e compartilhados. A
rede permite ainda a criação de grupos e é bastante eficiente para a troca de
informações. Tais características são indicativas de alta capacidade de
viralização de conteúdos.
1.2.3 Instagram
O Instagram surgiu, em 2010, como uma rede social com base no
compartilhamento de fotos onde a novidade era a possibilidade do uso de
diversos filtros de imagem.
Atualmente o Instagram também possibilita ao usuário a postagem
de vídeos de até 1 minuto de duração, onde também pode se utilizar filtros e
postagm combinadas com o Facebook (empresa que o comprou em 2012, por
1 bilhão de dólares).
Hoje é bastante comum que escolas em geral tenham conta no
aplicativo, a fim de compartilhar imagens das atividades realizadas na/pela
escola.
1.2.4 Twitter
O Twitter continua vivo e é ainda uma forma de comunicação ágil,
objetiva e eficaz. É muito utilizado por SAC’s de empresas para atender ao
consumidor que não quer mais fazer reclamações ou sugestões usando o
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telefone ou outros meios tão ou mais burocráticos com protocolos e gravações
prontas.
Os jovens costumam ser mais concisos no uso desta rede social, o
que acaba por proporcionar uma timeline mais “limpa” e objetiva.
1.2.5 YouTube
A rede social YouTube foi fundada em fevereiro de 2005, já é a
segunda rede social mais acessada no mundo e como buscador de conteúdo,
só perde a primeira colocação para o gigante Google, empresa que o adquiriu
em outubro de 2006.
A quantidade de vídeos disponíveis na plataforma com conteúdos
diversos é muito vasta e a possibilidade de criar um canal próprio de vídeos
(privados ou não) é especialmente atraente para as relações possíveis com o
ambiente escolar.
1.3 – Softwares
Os softwares são os mais recentes do grupo no ambiente
educacional e vem sendo muito utilizados para a complementação do ensino
presencial, com atividades que os alunos podem fazer de casa no ambiente
virtual, como em um curso a distância.
Criados com a finalidade de encaminhar o aluno para a construção
de um determinado conhecimento, Softwares educativos, além de inovadoras
ferramentas de ensino podem contribuir de maneira expressiva nas práticas
escolares como um meio didático alternativo na relação de ensino
aprendizagem.
1.4. Transmídia: Convergência de mídias
A convergência das tecnologias é um assunto relativamente novo e
pouco pesquisado, mas traduz bem o novo movimento midiático nas
plataformas digitais.
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Segundo o estudioso de mídia, Henry Jenkins (2009):
“Por Convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando”.
Na cultura transmídia, muitas vezes a mesma mensagem ou idéia
está ao mesmo tempo em redes sociais diversas, remodeladas de acordo com
o perfil de cada uma delas, dentro do eu cada uma oferece de melhor
ampliando ou não, a informação a cada rede. O reforço dessas mensagens e a
atitude participativa na produção do conteúdo levam a um envolvimento e
engajamento maior, gerando assim melhores resultados.
Mas o uso de toda essa tecnologia já citada é somente instrumento
de necessidades de comunicação entre as pessoas, torna-las mais ágeis,
otimizando o processo.
Pierre Lévy (1999), um dos principais pensadores do cyberespaço já
previa que a mídia em vigor não poderia mais atender aos anseios da
sociedade:
“Em primeiro lugar, que o crescimento do cyberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõe. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas desse espaço nos planos econômico, político, cultural e humano”.
Lemos também traz essa questão dessa necessidade de se
expressar:
“As diversas manifestações socioculturais contemporâneas mostram que o que está em jogo, com o excesso de informação, nada mais é do que a emergência de vozes e discursos anteriormente reprimidos pelo pela
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edição da informação pelos mass media. A liberação do polo da emissão está presente nas novas formas de relacionamento social, de disponibilização da informação e na opinião e movimentação social da rede”.
No próximo capítulo vamos conhecer como funciona a ligação entre
o mundo virtual das tecnologias e mobilidade de conexão nos ambientes
educacionais.
Como professores e alunos vêm utilizando os novos recursos dentro
e fora das salas de aula? O processo têm trazido resultados positivos? Quem
tem esse acesso? E o que veremos a seguir no segundo capítulo desta
pesquisa.
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CAPÍTULO II
A RELAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA, MÍDIA E
EDUCAÇÃO
É no ato de se comunicar que se constrói qualquer conhecimento. A
comunicação atual com sua volatilidade e excesso de informações ofertadas
estão esvaziando as permanências e disparando toda essa aceleração pelo
novo.
Hoje a atenção é a mercadoria mais cara que há. É muita
informação para pouca apreensão do conteúdo.
A educação, desde sempre, agregou novas tecnologias. Quem
passou dos 30 anos de idade ainda lembra bem o cheiro das provas que saíam
do mimeógrafo, lembra também dos filmes vistos em sala de aula na TV antiga
com apoio do então moderníssimo vídeo cassete. Mas a relação verticalizada
entre professores e alunos permanece intocável por séculos e o sistema
educacional a cada dia que passa e na velocidade com que as novas
tecnologias e a multiplicação das mídias progridem deixando a escola
desinteressante.
Mesmo com nativos digitais em sala de aula ainda é pequena a
presença da internet nos ambientes educacionais, seja por computadores,
tablets ou smartphones.
Observando os professores, vemos muitos profissionais mal
remunerados e pouco estimulados a buscarem uma complementação e um
diferencial em sua formação continuada que aponte para essa modernização
na utilização de recursos comunicacionais, alguns por desconhecimento, outros
temendo que a integração de dispositivos móveis e a conexão com a internet
desvie a atenção das aulas e os faça perder o “controle” da sala de aula. É
ótimo fazer pós-graduação, mas, que tal um curso de edição de vídeos no
YouTube?
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As ferramentas digitais já são uma realidade e não podem mais ser
ignoradas por administradores de instituições de cunho educacional. E se o
meio é a mensagem, como afirmou Marshall Mcluhan, a escolha das
plataformas, recheadas de conteúdos e preferências já é em si mesma, o
próprio discurso.
É claro que é um imenso desafio, principalmente para os
profissionais da educação, mergulhar nesse mundo novo. Como fazer para
preparar alunos para empregos que não existem em que vão utilizar
tecnologias que ainda nem foram inventadas, para resolver problemas que
ainda nem conhecemos.
O foco da educação agora também sai do modelo conteudista
tradicional e passa a ser o de desenvolver habilidades e competências para a
vida real. O próprio Ministério da Educação Brasileiro em seus Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN’s) já estão também em sintonia com essas
premissas e propõe medidas que estimulam e seguem essa nova diretriz. A
professora doutora, Luciana Allan (2015) é uma das redatoras dos PCN´s e diz
sobre os novos recursos:
“As tecnologias educacionais têm sido essenciais para repensarmos modelos pedagógicos obsoletos. Da mesma forma, elas estão aí para ajudarem os professores a levarem os alunos a alcançar seu potencial máximo, preparando-os para o exercício pleno da cidadania. Nessa missão, os mestres têm de se reinventar. Sem isso, a sociedade corre o risco de contar com uma geração de professores desatualizados que não vai saber o que fazer para propiciar boas oportunidades de aprendizagem as seus alunos que contam com tantas informações e tecnologias à disposição”.
Mais do que novos conteúdos, os alunos precisam aprender o
suficiente para desenvolver a competência para construir as suas próprias
reflexões sobre o mundo que os cerca. E essa habilidade muitas vezes é
subestimada nos alunos pelos professores assim como o alcance de recursos
tecnológicos e habilidade de uso das mídias por alunos das escolas da rede
pública.
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Recentemente as escolas da rede estadual do RJ foram ocupadas
em uma greve em que os próprios alunos ajudaram a deflagrar. Eles
(movimento #ocupa) assumiram o território e as funções da escola e
denunciaram as condições precárias que impediam o bom funcionamento das
mesmas.
Com a intenção de divulgar o que estava sendo realizado e relatar
as principais queixas e reivindicações do grupo, os alunos de cada escola
criaram nas redes sociais canais e páginas transmidiatizadas, onde
conseguiram fazer até transmissões ao vivo pelas redes sociais, com
denúncias sobre a violência policial (PMRJ) e de membros da escola contrários
às ocupações (movimento #desocupa). Toda a articulação dos ativistas foi
feita pelo uso de aplicativos de smartphones.
Assim, estas ocupações se tornaram visíveis pela sociedade,
primeiramente por essas mídias digitais alternativas pra depois ganhar os
noticiários da grande mídia, nas rádios, jornais de grande circulação, portais de
internet e emissoras de televisão. Ainda assim, os movimentos que emergem
na sociedade ainda acontecem de maneira difusa.
Essa foi apenas uma demonstração da capacidade e da pró-
atividade dos jovens de hoje. Seres ativos na criação do seu próprio
conhecimento e desenvolvimento. Os alunos de hoje, em sua maioria, já
conhecem os processos que envolvem as novas tecnologias e é importante
criar grupos nos meios virtuais que tenham a finalidade de compartilhar
informações entre alunos e alunos com professores, tornando a aprendizagem
mais significativa.
Cabe ao Ministério da Educação incluir em seu Plano Nacional
(PNE) avaliar e selecionar projetos de iniciativas com experiências bem
sucedidas da implantação satisfatória dos meios digitais unificar projetos,
criando uma ação nacional.
As escolas estão obsoletas e precisamos mudar rapidamente o
modelo escolar vigente que produz pessoas iguais.
Levando-se em conta a imensidão do território brasileiro e das
dificuldades sociais existentes em nosso país, não podemos deixar de falar na
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desigualdade do acesso ao aprendizado de maneira tecnológica. Não há
dúvidas de que a capacidade de se expressar em redes conectadas pela
internet é uma fonte de poder que depende de questões econômicas
educacionais e lutar por esse direito é fundamental para que haja justiça social.
Não estar conectado hoje é também estar alijado, de certa forma, do processo
de cidadania
Assim como devem pensar os professores e alunos no ambiente
educacional. Na intenção de minimizar as dificuldades no acesso, tentem
facilitar ao máximo a inclusão e habilidade digital da comunidade escolar
envolvida.
A velocidade da comunicação e o barateamento dos meios
tecnológicos também são uma porta para a integração de novos grupos
excluídos. A inclusão digital é fator fundamental para o acesso a informação e
a produção do conhecimento. Estar atuante na rede é muito mais que uma
opção, é uma necessidade, eu em pouco tempo pode se tornar tão importante
quanto à alfabetização.
Recentemente, no Brasil, especulou-se que as assinaturas de Wi-Fi
fossem cobradas por pacotes de acesso limitado, como nos planos G. A
medida, por bem, não entrou em vigor, mas uma reviravolta como essa na
telefonia, geraria um custo alto, colocando em risco a cultura da convergência e
o avanço cultural/educacional de toda a sociedade brasileira. Uma medida
totalmente antidemocrática.
Dominar o uso das mídias digitais é a melhor forma de se comunicar
em rede. Buscar capacitação constante e tornar a prática didática
continuamente reflexiva é o caminho para a busca de um currículo escolar com
conteúdos realmente significativos. Só uma formação continuada pode tornar
os profissionais de educação mais comprometidos com esse processo de
modernização do ensino.
O professor precisa aprender a levar e como levar a postura digital
que já existe na sua vida particular para o ambiente escolar, compartilhando
em rede o resultado de experiências para que com essa divulgação estimule
outros professores a iniciarem projetos com o mesmo objetivo.
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Mas é bom lembrar que uso, puro e simples das novas tecnologias
midiáticas não é o centro das práticas didáticas. A tecnologia por si só, não é
capaz de revolucionar os processos educacionais. Sobre este ponto, o
pensador Mario Sérgio Cortella explica:
“E aí qualquer um de nós, na ansiedade de modernizar o modelo pedagógico, eletrifica sofregamente a sala de aula ou, mais desesperadamente, sonha em fazer isso, imaginado quanto o trabalho seria espetacular com esses instrumentos. Daí, se possível, enche de coisa eletrônica, como se, para fazer algo que interesse às pessoas, precisasse eletrificar continuamente o processo, metendo aparelhos eletrônicos ligados para todo lado, dizendo que, com isso precisamos modernizar o ensino. Depende da finalidade, de para onde se deseja ir; se você sabe para onde quer ir, vai usar a ferramenta necessária. O que se deve modernizar não é primeiramente a ferramenta, mas sim o tratamento intencional dado ao conteúdo! Por isso, é preciso trazer sempre na memória o ditado chinês que diz que “quando você aponta a lua bela e brilhante, o tolo olha atentamente a ponta de seu dedo”.”.
Além do uso das tecnologias, é importante valorizar quem está por
trás da mensagem. Mesmo com todo o avanço da tecnologia, não se pode
esquecer de que nada substituiu o homem por trás da máquina. O pensamento
do homem sempre vai ser superior e mais complexo do q ue o uso da melhor
tecnologia. É a humanização que dá sentido as relações sociais, mesmo que
elas estejam em um ambiente digital.
Por isso necessário que se repense em toda a estrutura e conteúdo
e não só na sua forma da apresentação da informação. A instrumentalização
tecnológica serve apenas como mais um complemento no objetivo principal
que é motivar o aluno na busca da informação e saber se expressar e refletir
sobre o conhecimento adquirido. As mídias digitais e toda a nova tecnologia em
geral, não são boas nem más, tudo vai depender prioritariamente do uso que
se fará delas.
Mesmo com todas as dificuldades, vivemos hoje no Brasil, uma
aceleração na tentativa de incorporar as novas tecnologias no dia a dia dos
ambientes educacionais e ao mesmo tempo, reformular os currículos das
escolas e da formação dos professores, sendo o segundo, mais fácil de ser
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alterado, porque a escola tem como foco hoje os calendários dos vestibulares,
o que compromete quase a totalidade da carga horária de um aluno do ensino
médio, por exemplo.
Por conta da falta de infraestrutura e da insuficiente capacitação do
professor nos cursos de formação estamos longe da realidade alcançar o que
almejamos como ideal para o melhor aproveitamento da tecnologia e de
alcançar o objetivo maior de modificar e modernizar as práticas pedagógicas,
surgindo daí um novo conceito de aula e novos conteúdos.
É na pouca atenção dada ao aprendizado da leitura de imagens e
mensagens quase subliminares que acabamos nos deixando dominar pelas
ideologias hegemônicas dos maiores influenciadores das redes: grandes
empresas com interesse capitalista.
No ambiente educativo mora a esperança de formar pessoas atentas
às manipulações e conscientes dessa maneira de se comunicar em rede.
Essas mudanças só se darão quando todo o corpo escolar: pais, alunos,
professores, administradores escolares e autoridades competentes estiverem
totalmente envolvidos no projeto de transformação, imersos na experiência de
criar uma sociedade que saiba decodificar as mensagens dos meios midiáticos
em rede.
O grande desafio é transformar a informação em conhecimento, de
forma que o aluno, retendo satisfatoriamente e utilizando o que foi aprendido,
seja capaz de enxergar a aplicabilidade desse conteúdo no ambiente que o
cerca.
Essa mudança não pode acontecer se não tiver a participação
especial dos gestores das instituições que devem ser a alma do processo,
trazendo pra realidade não só as suas idéias, mas atento ao que dizem os
outros docentes envolvidos.
Se o olhar hoje e a atenção, principalmente dos jovens, estão
voltados para as mídias, é lá que a educação precisa estar inserida para que o
interesse do aprendizado, acostumado aos ambientes educacionais
tradicionais seja redescoberto. Para a pós doutora em Tecnologia Educacional
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pela University of Pittsburgh nos EUA, Lígia Silvia Leite, em obra organizada
por Wendel (2011):
“Na contemporaneidade, vivemos com clareza a predominância da mídia nas atividades socioculturais. A mídia tem a presença marcante no trabalho, na vida diária e no entretenimento, com um poder de sedução, muitas vezes, difícil de gerar resistência aos seus apelos. O padrão comportamental mundial predominante parece ser que, nas sociedades urbanas, o consumo de mídia é a segunda grande categoria de atividade depois do trabalho e, certamente, a atividade predominante das casas. Sendo a atividade educativa, que se realiza na escola, uma atividade sociocultural que também está exposta a este mesmo processo de sedução, cabe a nós, educadores, nos perguntarmos d que maneira a mídia deve ser integrada ao processo pedagógico pelos quais somos responsáveis em nossas salas de aula”.
Nessa construção do saber também é verdade que o volume do
fluxo comunicacional não tem permitido que o tempo seja suficiente para
selecionar e questionar as informações. O que se recebe é sempre um recorte
que não foi proposto por nós e a figura do professor intermediador é quem vai
ajudar o aluno a ler esse mundo novo e entender que o recorte é sempre
manipulado/ influenciado por quem o recortou e que a própria experiência de
quem lê, também interfere no significado.
Para que a consolidação da utilização das tecnologias midiáticas
digitais seja explorada com um maior aproveitamento é necessário que
programas e currículos sejam revistos, e possam se tornar mais maleáveis e
receptivos as contribuições dos professores em sala de aula. E para que essas
interferências sejam sugeridas com propriedade, o professor tem que estar
preparado, gerindo os processos com domínio técnico e crítico, tendo assim
legitimada a sua atuação sobre as novas formas de mediar o saber nos
ambientes educacionais.
O conhecimento, agora, sai da posição exclusiva de ter ciência
sobre o que o outro produziu e o saber abrange buscar informações
disponíveis nos conteúdos em rede que são compartilhados e produzir também
a informação, tornando o sujeito coautor do conteúdo, participando,
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modificando e interferindo. Chega ao fim a era do aluno espectador para que
se dê início a era do aluno protagonista na construção de seu próprio
conhecimento.
O professor da nova escola também vai descobrir que o aluno tem
muito a dizer e essa troca de experiências ainda vai levar o conhecimento
além, porque se sozinhos chegamos a algum lugar mais rápido, juntos
podemos ir mais longe. Trabalhar em grupo torna o aprendizado muito mais
rico e múltiplo.
Segundo a pesquisa Juventude Conectada, realizada em 2014 pelo
IBOPE em parceria com a USP e empresas de iniciativa privada, na opinião de
47% dos jovens brasileiros, o bom professor é o que domina a internet e os
recursos tecnológicos atuais. Ainda segundo a pesquisa, 82% dos estudantes
disseram utilizar a internet em casa para realizar as atividades propostas pelos
professores em sala de aula. O público-alvo ouvido nesta sondagem foi de
1440 jovens com idades entre 16 e 24 anos, de todas as 5 regiões brasileiras e
que fazem uso da internet de forma regular. Esses dados mostram o quanto
essas transformações são emergenciais.
A avaliação dos alunos também precisa levar em conta a
capacidade produtiva e não só a de absorver conteúdos memorizados somente
para a realização de provas. Em um futuro próximo, as escolas também serão
responsáveis por desenvolver e fazer a avaliação das habilidades digitais dos
alunos.
Se for permitido que o processo educacional se auto organize, o
aprendizado surge. Não é fazer o aprendizado acontecer, é deixar que ele
aconteça. O professor dá então, início ao movimento como um grande agitador
cultural e observa o aprendizado acontecer.
A formação de qualidade e a valorização do profissional de
educação na sociedade são a chave do sucesso para que os professores
aceitem o desafio de entrar no mundo do aluno, estimule a criatividade, os
motive e os inspire. Essa postura é determinante para o engajamento dos
alunos nos processos sugeridos e o alcance de metas escolares de
aprendizado.
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As intervenções no ambiente escolar no currículo de alunos e na
formação de professores serão os responsáveis por gerar uma transformação
sistêmica na educação.
Veremos no próximo capítulo para onde aponta o futuro dos
ambientes educativos, e de como deve ser de fato essa utilização consciente e
especializada das novas mídias por alunos, professores e administradores
escolares. É a convergência trazendo um mundo de surpreendentes
possibilidades.
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CAPÍTULO III
UMA NOVA ESCOLA É POSSÍVEL E NECESSÁRIA
A conexão e a interação na internet chegaram a um nível nunca
antes alcançado. A utilização em larga escala das mídias digitais pode
viabilizar um significativo avanço dentro do processo de ensino-aprendizagem,
atualizando as práticas pedagógicas do corpo docente, inserindo as novas
tecnologias de maneira cativante e eficaz, dinamizando as aulas e tecendo
novas relações na vida em rede.
É preciso mudar velhos hábitos, repensar as metodologias,
replanejar os conteúdos e modificar muitos projetos políticos pedagógicos
dentro da organização escolar. Não há receitas prontas para o trabalho em
sala de aula.
. Produzir e veicular, e não só consumir a informação, é a chave
para a construção do aprendizado na convergência das mídias. Essa será a
cultura do futuro, mas está sendo moldada desde agora para que todos tenham
o direito de um participar pleno na cultura. Com esse objetivo, iniciar tão cedo
quanto possível, uma educação midiática para professor, pais e alunos ajudará
a construir uma sociedade de cidadãos mais críticos conscientes do uso das
novas tecnologias digitais.
Apesar de ser uma constante a dúvida sobre dar ou não
smartphones para crianças pequenas ou quanto tempo o filho adolescente
passa em contato com as redes sociais, é difícil que jovens estudantes ouçam
de seus pais, conselhos sobre como construir uma relação significativa com as
mídias digitais, com aprendizado, boa produtividade, responsabilidade e
visibilidade.
No ambiente escolar é necessário que se olhe para a aprendizagem
como uma ação continuada e não unicamente focada no que já foi apresentado
pelo professor.
Os alunos se sentirão mais motivados se puderem usar o seu
smartphone e discutir nas redes sobre os assuntos inicialmente apresentados
29
pelo professor em sala de aula. Achar prejudicial ou mesmo banir o uso dessas
tecnologias só afasta o aluno da escola, muitas vezes tendo até a evasão
escolar como consequência deste distanciamento com a vida conectada dos
jovens.
A própria Organização das Nações Unidas pela Educação
(UNESCO), atenta as novas demandas, sugere a integração digital nos
ambientes escolares, recomendando a criação de conteúdo educacional para
tablets e smartphones, o compartilhamento de experiências e informações
sobre novas práticas de aprendizagem por meio de dispositivos móveis, a
atualização constante dos professores de todos os níveis e a articulação de
estratégias equilibrando a interação online e off-line, temendo exageros do uso
dessas tecnologias.
Essas recomendações e alertas, não são por acaso. Pela primeira
vez, o número de dispositivos móveis conectados à internet vai superar a
quantidade de habitantes de nosso planeta, prova cabal de que esse é um
caminho sem volta.
Mas não é só utilizar novos recursos em vão. É preciso evitar
apenas digitalizar processos convencionais de educação, simplesmente
substituindo a lousa comum, pela lousa digital e conectada ou o livro pelo livro
digital ou mesmo uma aula tradicional por uma vídeo-aula com conteúdo
expositivo.
A utilização das novas tecnologias só será de fato eficaz se o seu
uso não for aleatório e sim, feito com planejamento objetivos claros e
específicos sobre o impacto no processo de aprendizagem, deixando claro este
objetivo.
3.1. As tecnologias na prática
Para os nativos digitais, desde a tenra idade, os indivíduos já podem
tirar proveito das novas tecnologias pra o seu desenvolvimento motor e
cognitivo.
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Na educação infantil, por exemplo, o uso do mouse e das telas
touchscreen podem trazer ganhos para a coordenação motora fina dos
pequenos.
Com o uso de vídeos, a linguagem audiovisual, comparativamente
com livros com textos extensos que só tem a escrita como recurso atrativo,
repercute muito mais internamente, facilitando a fixação dos conteúdos através
das imagens, principalmente na visualização de conceitos abstratos, como os
das disciplinas exatas.
No amadurecimento da implantação das novas tecnologias nos
ambientes educacionais, as escolas podem avançar para a modificação do
método e currículo com flexibilização e personalização dos conteúdos em
atividades mescladas em presenciais e a distância, evitando o confinamento
excessivo do aluno em sala de aula.
Na era do aluno produtor de conteúdo, os projetos devem ser
sempre realizados com a colaboração dos pares, aprendendo a trabalhar em
equipe e em um ambiente flexível para a construção, reservando o melhor
(discussões sobre os resultados encontrados) para a sala de aula, o que
culminará num encontro no ambiente escolar enriquecido pela diversidade de
caminhos tomados pelos grupos.
O aluno precisa ser o centro do universo educativo, negligenciar a
sua fala não será mais possível. Muitas vezes é ele mesmo quem dialoga de
maneira mais fluente nesse cenário digital, cabendo ao professor, mediar e
mostrar as possibilidades de conteúdos que levem o estudante a atingir os
seus objetivos para a inserção profissional e social fora de seu núcleo pré-
existente. Para Sayad:
“A partir do momento que a voz dos estudantes passe a integrar o sistema de comunicação da instituição e da comunidade, o tal pertencimento começa a fazer sentido. A escola torna-se um espaço também do jovem, e não um lugar forjado por adultos para ele”.
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Assim, o estudante que participa ativamente na construção do seu
conhecimento passa a se dedicar mais ao aprendizado. Dentro deste processo,
o papel principal do professor é ajudar o aluno a interpretar, relacionar e
contextualizar as informações que os jovens vão descobrir na rede, ou mesmo
em meios mais convencionais, e ele saberá, orientado pelo seu professo,r ou
amigos, como fazer isso sozinho.
E quais são os meios para que tudo isso possa funcionar? As redes
sociais são a principal maneira pra que essa interação enriquecida entre
professor e aluno transcenda a sala de aula. Uma internet veloz e estável é
fundamental para que alunos e professores tenham acesso a plataformas e
recursos sofisticados dos novos processos. Equipamentos cada vez mais
móveis e compactos também são condicionantes para o bom uso da
tecnologia.
No Whatsapp, podem ser criados grupos que incluam o professor
para tirar dúvidas e trocar idéias sobre os temas propostos em sala ou
atividades pontuais.
Já no Facebook, links e transmissões ao vivo podem ser
adicionadas, ampliando o conhecimento e propondo novas fontes de busca de
informação e podendo ser ampliado para pessoas que não sejam da escola e
também tenham interesse e informações para trocar sobre aquele assunto em
questão. Dicas de filmes e livros, com links para assistir no youtube ou
downloads em PDF também podem ser sugeridos pelos professores e alunos
na rede.
O Instagram seria como um álbum de registros e recordações do
grupo e dos lugares externos ou dentro da escola, por meio de fotos ou vídeos
com até 1min de duração de maneira privada ou pública.
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Mas é no YouTube, criando canais e vídeos que o aluno pode
experimentar o fato de se exprimir e estar exposto criando um conteúdo único e
disponibilizado para trocas e quiçá, virar referência no assunto da pesquisa se
aprofundar o tema. Ter o próprio canal ou ter um, disponibilizado para a
postagem de seus vídeos, é o que há de mais autoral e ao mesmo tempo,
praticamente gratuito, uma prática democrática para a produção de conteúdo
sem limite de alcance.
Estar na mídia, ser viral, é algo possível através dessas redes que
podem gerar lucro e ser até mesmo, a profissão de muitos jovens, tendo em
vista que cada vez mais os anunciantes buscam conteúdos específicos para
atingir o seu público alvo, economizando tempo e a alta quantia em dinheiro
que gastariam veiculando seus anúncios nos meios de comunicação de massa
tradicionais.
Meios tradicionais também se tornaram adaptáveis para os meios
digitais. Se antes uma rádio de escola, ficava limitada ao espaço físico daquela
unidade, hoje uma rádio web feita por alunos, seria um investimento de baixo
custo, fácil execução e poderia ser ouvida online do outro lado do planeta
Terra.
Empresas startups da área educacional seguem desenvolvendo
novas plataformas e algumas dessas plataformas já conseguem avaliar em
tempo real o que cada aluno aprendeu, o que não aprendeu, quais as suas
necessidades e com que recursos eles aprendem melhor. Assim, é possível
garantir que cada aluno siga no seu ritmo, a partir dos seus interesses e
conforme o seu perfil de aprendizagem.
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Redes sociais pedagógicas com aparência do Facebook formam um
ambiente colaborativo envolvendo administradores escolares, docentes e
alunos e estão sendo utilizadas nas redes públicas e particular do município de
São Paulo.
Outro desafio que as tecnologias ajudam a gente a superar é o da
qualidade, oferecendo recursos digitais cada vez mais diversificados,
interativos, dinâmicos, que realmente ajudam o aluno a entender e aplicar o
conhecimento. Também dão suporte aos professores, oferecendo a ele,
oportunidade de criar novas estratégias pedagógicas e que fazem com que a
educação esteja disponível a toda hora, em todo lugar, com mais autonomia
para o aluno.
Com todas essas possibilidades, começa a ficar visível a importância
de fazer o jovem, o quanto antes, aprender a habilidade de se comunicar bem
e de maneira clara e eficiente nos diversos ambientes digitais conectados em
rede.
Mudar a atitude do professor em relação a essas novas
necessidades dos estudantes é outra meta fundamental da próxima década
para que uma nova escola seja possível. Aulas meramente expositivas, em que
o conteúdo não tem nenhuma conexão com a realidade do aluno estão
definitivamente fora de cogitação.
Marco Silva (2000) define assim:
“O professor não é o centro da cena e não deixa a peteca cair. Ele promove a criatividade partilhada, colaborativa, de modo que cada participante se reconfigura a si mesmo quando interage com os outros em momentos de debate e argumentação, seja em cada grupo, seja no coletivo”.
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Para educar, o professor irá além da multiplicidade e da facilidade de
conexão e orientar como se transforma o excesso de informação disponível
nas redes em conhecimento de fato.
Além disso, adaptar os currículos das licenciaturas em geral,
aumentando o percentual de horas para a educação digital e sobre as redes
midiáticas em detrimento de disciplinas mais teóricas, que podem ser revistas
ou tenham flexibilidade para serem realizadas a distância é uma reformulação
de urgência para que o mercado de educação e consequentemente as salas de
aula, sejam ocupadas por professores que dominem o uso dos recursos digitais
e estejam prontos para essa nova sala de aula onde o conhecimento se dá de
forma mais horizontalizada.
Para a doutora em Educação Vani Moreira Kenski (2012):
“A tecnologia digital rompe com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contínuo sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto e veloz. Deixa de lado a estrutura serial e hierárquica na articulação dos conhecimentos e se abre para o estabelecimento de novas relações entre conteúdos espaços, tempos e pessoas diferentes”.
Essas são algumas das opções disponíveis nos dias de hoje como
recurso para um ambiente educacional mais atraente para os jovens nativos
digitais conectados desde sempre, ávidos por novos desafios que tornem os
ambientes educacionais lugares acolhedores e empáticos com seu mundo
tecnológico.
Assim pode-se construir a nova escola, a escola pronta para receber
essa juventude. Um ambiente que está disposto a se reinventar todo o tempo
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com base numa educação aberta para o envolvimento dos alunos e na
formação continua da dos docentes.
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CONCLUSÃO
Certamente, todos os recursos e tecnologias aqui abordados,
estarão a curto e médio prazo(talvez curtíssimo), completamente obsoletos,
tamanha a velocidade de criação de novas tecnologias que chegam para
substituí-las a todo momento. Uma criança de 5 anos vai aprender por recursos
tecnológicos agora, que serão diferentes dos que vai usar aos 10 e aos 15
anos de idade.
Adaptação e tolerância parecem ser as palavras chave para o bem
suceder, em um lugar onde todo o conhecimento será compartilhado e
disponível com e para todos.
A tecnologia é decisiva para criar marcas de tempo: o mundo mudou
depois da roda, da luz, do rádio, da tv, da internet e agora, da popularização
dos smartphones. O tempo acelerou as distâncias geracionais entre pais e
filhos se intensificou. Hoje pais e mães estão no mercado de trabalho e muitas
vezes, os avós, que antes ajudavam os filhos na criação dos netos, também
ainda estão produzindo no mercado de trabalho.
O número de escolas ocupadas por crianças em tempo integral, não para d
crescer, justamente para atender a essa demanda da falta de tempo dos
familiares.
As escolas não podem mais continuar com o argumento de que existem
apenas com o objetivo de aculturar o aluno. Capacitá-lo socialmente e
eticamente também pode ser uma proposta da escola e isso não desmerece
de forma alguma a função dos profissionais de educação, pelo contrário,
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proporciona uma formação mais integral e enriquece os dois lados, apesar
da maior responsabilidade.
Muitas empresas já valorizam características pessoais dos
candidatos de maneira prioritária, pois é muito mais fácil desenvolver
habilidades do que absorver valores de uma personalidade positiva, adaptável
para lidar com recursos e formas de relações que ainda não existem em nossa
realidade atual. Talvez essa seja a principal nova função da escola, formar
eticamente e aperfeiçoar a capacidade do aluno se comunicar mais u a de
assimilar conteúdos.
Uma proposta de educomunicação precisa entrar para o debate,
pois, conexões com a internet em suas diversas formas são importantes sim,
elas aceleram e enriquecem o aprendizado, mas a conexão mais importante
em sala de aula é a que acontece entre professor e aluno. O professor
conectado com seus alunos é quem vai fazer o desabrochar das
potencialidades intelectuais e dos talentos e vocações individuais, direcionando
o aluno para que ele trilhe um caminho chio de oportunidades na área em que
se destacar.
O desafio atual da educação é trazer de volta o entusiasmo do aluno
com o aprendizado, fazer o estudante se reencantar com a escola, passada a
fase da educação infantil. O resultado dessa modificação é uma maior
autonomia para o aluno e o nascimento da crença no estudante de sua
capacidade de realização.
As organizações inovadoras, com um projeto pedagógico coerente,
aberto dinâmico, participativo e que promoverem a acessibilidade para o uso
das tecnologias, que contem com docentes bem formados, não só nos
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aspectos intelectual e digital, mas eticamente, entregarão para a sociedade,
jovens aptos a gerenciar suas capacidades em toda a sua extensão. A nova
escola formará um aluno consciente de eu suas perguntas são mais
importantes do que as respostas.
39
BIBLIOGRAFIA
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transformando a educação na prática – 1ª edição, Barueri, SP: Figurati, 2015
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SILVA, Marco – Sala de aula interativa, 1ª edição Rio de Janeiro: Quartet,
2000
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Novas tecnologias e convergência 11
1.1. Novas Tecnologias (dispositivos) 13
1.1.1 PC’s, Notebooks e projeção via e-board 13
1.1.2 Smart TV’s 13
1.1.3 Smatphones 13
1.2. Novas tecnologias (redes sociais e mensagens instantâneas) 14
CAPÍTULO II
A relação entre tecnologia, mídia e educação 19
CAPÍTULO III
Uma nova escola é possível e necessária 28
3.1. As tecnologias na prática 29
43
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 42