DUNAS, MAIS DO QUE MONTES DE AREIA
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Exposição Patente de 22 de Julho de 2013 a 15 de Setembro
de 2013
Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental Rua da Argaçosa 4900-394 Viana do Castelo Tel: 258 809 362 [email protected] www.cmia-viana-castelo.pt
Obrigado pela sua visita!
Julho de 2013
Exposição temporária
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Ilustrações:
Pedro Teixeira Gomes
Imagens:
Pedro Teixeira Gomes - capa e páginas 6, 7, 8 (morganheira-das-praias), 10 (polígono-da-praia), 11, 12 (louva-a-deus) e 13.
Sites da internet - páginas 8 (estorno), 9, 12 (borrelho-de-coleira-interrompida), 14 e 15.
Edições do CMIA utilizadas como suporte à edição destes conteúdos:
MARgens com vida, Julho 2012
Biodiversidade em espaços naturais de Viana do Castelo, Junho de 2010
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Construções e obras de engenharia:
As edificações por cima das
dunas também prejudicam o
sistema dunar, visto que con-
tribuem para a erosão porque
se tratam de um obstáculo ao
ciclo natural da areia, que
consiste na deposição e
transporte. Os molhes e os esporões alteram as correntes costei-
ras. Têm o objetivo de evitar a deposição de material e manter o
caudal de navegação. O mar desloca as areias de Norte para Sul
mas com os molhes, a areia deixa de passar normalmente pela
costa e fica retida do lado Norte. Como o mar extrai as areias da
zona Sul toda essa zona fica sujeita a uma grande erosão.
Erosão:
Afeta a maior parte dos lito-
rais do planeta. Deve-se à
subida do nível médio do
mar, ao mau planeamento do
território que impede as livres
trocas e circulação de sedi-
mentos, à extração de inertes nos estuários e dunas, à ocupação
dos sistemas dunares por infraestruturas de apoio ao lazer.
A utilização de regeneradores - paliçadas - e passadiços é impor-
tante para a preservação dos sistemas dunares e da sua flora, ga-
rantido a sua consolidação e crescimento.
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Introdução de espécies exóticas invasoras:
Uma espécie exótica é a que ocorre num território que não corres-
ponde à sua área de distribuição natural. Estas reduzem a biodi-
versidade, afetam o equilíbrio eco-
lógico e as atividades económicas
e podem prejudicar a saúde públi-
ca, através da transmissão de do-
enças ou parasitas. As espécies
invasoras, como o chorão-da-
praia e a acácia, bastantes observadas, contribuem para a redu-
ção de espécies características
das dunas e, como é natural, as
espécies invasoras não promo-
vem o mesmo grau de proteção
ao sistema.
Pisoteio:
Baseia-se na construção de parques de estacionamento em zonas
posteriores às dunas, no campismo selvagem, na prática delibera-
da de atividades motorizadas e na falta de estruturas aéreas de
acesso à praia; tudo isto leva à destruição da flora dunar, o que
aumenta a vulnerabilidade do sistema.
Ameaças ao sistemas dunares
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Como se formam as dunas?
As dunas são, de uma forma muito simples, elevações de areia.
Trata-se de sistemas temporários que fazem a transição entre o
ambiente marinho e o ambiente terrestre. As correntes existentes
ao longo da costa, a ação dos ventos e da ondulação marítima,
originam fenómenos de erosão e movimentação de sedimentos
muito complexos, dos quais poderão resultar o aparecimento de
zonas de acumulação sedimentar submersos vulgarmente chama-
dos de Bancos de Areia.
Comportando-se o vento sobre a praia como um fluido laminar, em
que as camadas de ar mais baixas estão mais sujeitas ao atrito
gerado pelo contacto com a superfície da praia, o vento vai perden-
do capacidade de transporte de sedimentos, à medida que se des-
loca para o interior. Como consequência, as areias constituintes de
uma praia vão sendo gradualmente mais finas à medida que nos
afastamos do mar. Os sedimentos de maiores dimensões ficam
retidos na praia baixa enquanto que os de menores dimensões são
movimentados para o interior.
Nos sistemas dunares litorais, o processo de fixação de uma duna
está diretamente relacionado com a presença de vegetação. A par-
tir do momento em que a influência marinha direta, por submersão,
deixa de se fazer sentir, estão criadas as condições para o apareci-
mento da primeira vegetação vascular.
A primeira comunidade vegetal que se instala é muito simples, do-
minada por uma planta muito resistente à salinidade (tolera sub-
mersões periódicas por água do mar) e à instabilidade do substra-
to. Trata–se do feno das areias (Elymus farctus), uma gramínea
perene de crescimento muito rápido, cujas longas raízes fixam com
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eficácia as areias móveis onde se desenvolve.
Esta fase pode durar vários anos e a duna vai continuar a crescer em altura, formando estas plantas povoamentos densos e contí-nuos. Forma–se assim uma plataforma arenosa dominada pelo feno das areias, designada por duna embrionária ou degrau de
praia.
Atingida uma certa estabilidade, o que surge ao fim de 3-4 anos, desenvolvem-se no topo desta pequena duna pequenos povoa-mentos mistos de cordeiro das dunas (Otanthus maritimus), cou-ve marinha (Calystegia soldanella) e morganheira das praias (Euphorbia paralias), que levam ao aumento do seu crescimento
vertical.
Por trás da duna embrionária observa-se uma duna frontal ou cor-
dão frontal de dunas, que se pode estender por vários quilómetros
da faixa costeira. A vegetação que aí se encontra é dominada pelo
Estorno (Ammophila arenaria) e inclui um número variado de ou-
tras espécies tais como Silene littorea, o cardo marítimo
(Eryngium maritimum) e o lírio-das-areias (Pancratium mari-
timum), entre outras.
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Os sistemas dunares são habitats de transição entre o meio terres-
tre e o meio marinho, sendo as formações naturais que melhor re-
presentam o dinamismo e a fragilidade do meio litoral.
Para além do seu valor ambiental e paisagístico, desempenham
um papel vital na proteção e conservação da costa:
- São sistemas naturais eficazes contra a erosão do litoral e funcio-
nam como reservas de areia para a alimentação das praias;
- Em épocas de tempestade, dificultam a progressão do mar para o
interior;
- Evitam as invasões de areias, provocadas pelo vento e pelo mar,
para o interior.
As formações dunares são habitats sensíveis e vulneráveis, com
um equilíbrio dinâmi-
co próprio, o que sig-
nifica que qualquer
fator externo pode
provocar disfunções
dificilmente compen-
sáveis.
A importância das dunas
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forma a passar despercebidos neste ambiente de cores claras e
muito exposto. Apresentam uma coloração e uma forma que lhes
permite confundir –se completamente com a areia. Ser colorido e
viver no meio de uma flor é também uma estratégia que funciona e
que é adotada pelas ara-
nhas-caranguejo.
Num misto de defesa e es-
tratégia de aproximação,
tanto a larva como o adulto
de Empusa pennata, uma
das espécies de louva-a-deus que vive nas dunas, apresentam
uma forma que lhes permite facilmente passar por galhos secos ou
confundir-se com a folhagem verde.
Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius hiaticula)
O b o r r e l ho - d e - c o l e i r a -
interrompida é uma ave que
deposita os seus ovos direta-
mente na areia. Contudo a
coloração dos ovos e das cri-
as são idênticas à areia e por
isso passam despercebidas aos seus predadores.
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Para lá do topo da duna frontal, forma-se um ambiente mais seco e
abrigado do vento, onde se desenvolve uma comunidade vegetal
bastante mais complexa. Esta zona é dominada pela madorneira
(Artemisia crithmifolia) e pela perpétua das areias (Helichrysum
picardii), acompanhadas pela vúlpia (Vulpia alopecurus), pela erva
-pichoneira (Corynephorus canescens), Medicago marina, goivinho
da praia (Malcomia litorea), a ansarina (Linaria polygalifolia) e o
morrião azul (Anagalis monelli), referindo apenas as plantas mais
evidentes. Esta zona caracteriza-se pela maior estabilidade do
substrato arenoso, o que permite o desenvolvimento de uma comu-
nidade mais complexa, composta por plantas anuais e arbustivas.
Duna embrionária Duna frontal Duna interior
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As dunas são sistemas biologicamente muito dinâmicos marcados
por um ambiente muito rigoroso no qual a mobilidade do substrato,
o vento, as amplitudes térmicas diárias, a permeabilidade elevada
do solo, o gradiente salino e a falta de nutrientes dificultam a colo-
nização vegetal. Dominam assim herbáceas e arbustivas com
adaptações ao nível do sistema radicular, flexibilidade e/ou
“impermeabilização” das partes aéreas, que as vai distribuindo em
maior diversidade desde a duna embrionária para o sistema dunar
interior. Estas comunidades vegetais favorecem a presença de pe-
quenos mamíferos, artrópodes e anfíbios, também eles dotados de
estratégias diversas de sobrevivência. Para além das condições
físicas extremas do sistema dunar, o abrigo é reduzido, tornando
alguns animais potencialmente vulneráveis a predadores como rép-
teis e aves.
A biodiversidade dos sistemas dunares
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Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes)
Durante o dia vive enterra-
do nas areias das dunas
interiores (o nível freático
encontra-se relativamente
próximo da superfície e as-
sim consegue obter a humi-
dade de que necessita para viver) deslocando-se à superfície du-
rante a noite, em busca dos invertebrados de que se alimenta.
Aranhas e insetos
Não só por proteção face a predadores mas, também no que res-
peita às condições agrestes do meio ambiente dunar, muitos ani-
mais tiram partido da noite para realizarem o seu período de ativi-
dade. As tarântulas, que
durante o dia se escon-
dem nas suas tocas, per-
correm as dunas nas
noites quentes, em bus-
ca de insetos de que se
alimentam.
O pouco crescimento em
altura das plantas fornece o abrigo reduzido a estes animais, o que
os torna vulneráveis aos seu predadores, como répteis e aves.
Sendo assim, muitos deste animais adaptaram-se ao meio de
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água do mar, para outras zonas da costa. As suas sementes muito
leves também facilitam a dispersão pelo vento.
Polígono-da-praia (Polygonum maritimum)
É uma espécie nitrófila que
se desenvolve em locais on-
de se verifica acumulação de
detritos orgânicos, como nos
galgamentos marinhos, zo-
nas ricas em compostos azo-
tados.
Erva-toira-das-areias (Orobanche arenaria)
É uma planta que resolve o problema
da escassez de nutrientes do solo re-
correndo à produção de plantas arbus-
tivas que parasita.
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Feno-das-areias (Elymus farctus)
Possuiu um sistema de rizomas
entrecruzados com crescimento
vertical e horizontal que formam
redes sob a areia contribuindo
para a retenção das areias. Os
rizomas verticais desenvolvem-
se à medida que ocorre o soterramento promovendo uma maior
facilidade de regeneração e crescimento. Ficando com as raízes
expostas, a planta pode morrer, daí que seja especialista em so-
breviver em locais onde haja um fornecimento contínuo de areia.
Cordeiro-da-praia (Otanthus maritimus)
Apresentam um denso tomento
branco, lanoso, sobre toda a
sua superfície que a protege
da forte insolação, mantendo
simultaneamente uma fina ca-
mada de ar húmido em torno
dos seus caules e folhas.
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Morganheira-das-praias (Euphorbia paralias)
Possui uma cutícula grossa para reduzir a
perda de água por transpiração e raízes
profundas para captar água em profundi-
dade. Além disso resolve o problema da
falta de água aumentando a tensão osmó-
tica interna através da produção de subs-
tâncias responsáveis pelo aspeto leitoso
da sua seiva.
Estorno (Ammophila arenaria)
Cresce em tufos densos, o
que lhe permite resistir aos
efeitos da força do vento pelo
efeito do grupo e devido ao
seus colmos flexíveis. As suas
raízes muito profundas ser-
vem não só para captar água em profundidade como também para
garantir alguma estabilidade.
Possui folhas lineares, lisas e brilhantes na face superior e enruga-
das como um fole na face inferior; a superfície brilhante está
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impermeabilizada por uma película cerosa que reflete a luz solar
excessiva e isola as células foliares da ação direta da salsugem
enquanto que a face inferior, enrugada, cria um ambiente abrigado
e húmido onde as trocas gasosas se dão, minimizando as perdas
de água.
Cardo-marítimo (Eryngium maritimum)
Apresenta folhas largas e
finas revestidas por uma
camada cerosa que as im-
permeabiliza e lhes dá um
aspeto brilhante e uma tex-
tura coriácea de forma a
resistir à falta de disponibili-
dade de água.
Lírio-das-areias (Pancratium maritimum)
Tem as raízes em forma de
bolbos grandes e carnudos
que para além de funciona-
rem como reservatório de
água e nutrientes, disper-
sam facilmente flutuando na