Economia Internacional - 1ª Avaliação

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FACULDADE BOA VIAGEM DISCIPLINA: ECONOMIA INTERNACIONAL Prof. Olímpio de Arroxelas Galvão Primeiro Exercício – Setembro de 2012 Aluno: Luiz Carlos Corrêa dos Santos Resolução das questões propostas: 1) Nas últimas três ou quatro décadas, os países mais bem- sucedidos foram aqueles que focaram o seu desenvolvimento na produção para exportações. Porque o crescimento para exportações é considerado uma causa de sucesso, em comparação com o crescimento baseado na produção focada principalmente no mercado interno ? Resposta: É fato que os países mais ricos do mundo nos dias atuais são também os maiores exportadores. Segundo dados do ano de 2009 do anuário norte-americano “The World Factbook”, publicação anual da Central Intelligence Agency (CIA), órgão do governo dos Estados Unidos da América, que é traz informações de base, em estilo almanaque, sobre os países do mundo, os cinco maiores países exportadores do mundo, são: China (com US$ 1.200.000.000.000 em exportações), Alemanha (US$ 1.159.000.000.000), Estados Unidos (US$ 1.046.000.000.000), Japão (US$ 542.300.000.000) e França (US$ 472.700.000.000). Pois estes mesmos cinco países são também atualmente (não nessa mesma ordem) os detentores dos maiores PIBs no mundo. Essa congruência entre quantidade de exportações e riqueza dos países não se trata de mera coincidência, mas sim de uma prova cabal de que os países que tem tido a estratégia de dar foco e

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FACULDADE BOA VIAGEM

DISCIPLINA: ECONOMIA INTERNACIONAL

Prof. Olímpio de Arroxelas Galvão

Primeiro Exercício – Setembro de 2012

Aluno: Luiz Carlos Corrêa dos Santos

Resolução das questões propostas:

1) Nas últimas três ou quatro décadas, os países mais bem-sucedidos foram aqueles que focaram o seu desenvolvimento na produção para exportações. Porque o crescimento para exportações é considerado uma causa de sucesso, em comparação com o crescimento baseado na produção focada principalmente no mercado interno ?

Resposta:

É fato que os países mais ricos do mundo nos dias atuais são também os maiores exportadores. Segundo dados do ano de 2009 do anuário norte-americano “The World Factbook”, publicação anual da Central Intelligence Agency (CIA), órgão do governo dos Estados Unidos da América, que é traz informações de base, em estilo almanaque, sobre os países do mundo, os cinco maiores países exportadores do mundo, são: China (com US$ 1.200.000.000.000 em exportações), Alemanha (US$ 1.159.000.000.000), Estados Unidos (US$ 1.046.000.000.000), Japão (US$ 542.300.000.000) e França (US$ 472.700.000.000). Pois estes mesmos cinco países são também atualmente (não nessa mesma ordem) os detentores dos maiores PIBs no mundo. Essa congruência entre quantidade de exportações e riqueza dos países não se trata de mera coincidência, mas sim de uma prova cabal de que os países que tem tido a estratégia de dar foco e importância ao comércio exterior tem tido grande retorno e sucesso com isso.

É necessário lembrar que desde o final do século 18, quando ainda vigorava no mundo o mercantilismo, que economistas clássicos como Adam Smith e David Ricardo, já atentavam para o fato do comércio entre países produzir muitos mais vantagens, desenvolvimento e riquezas para quem o adotasse, do que as práticas isolacionistas impostas pelo mercantilismo, vigente até então. O fato é que pouco a pouco, a doutrina mercantilista, até por vários de seus preceitos comprovadamente errôneos, foi perdendo espaço para o liberalismo e o comércio internacional entre os países do mundo, com o mundo tendo hoje a nova ordem econômica mundial, de intenso comércio entre os países (com raríssimas exceções).

Desde portanto o século 18, que o comércio internacional foi ganhando mais força, sempre beneficiando os países que tinham seu foco nos negócios exportadores,

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como por exemplo Reino Unido e Holanda, até mais recentemente, nas últimas décadas do século 20, com os chamados tigres asiáticos (Hong Kong, Coréia do Sul, Singapura e Taiwan) e a China, que têm obtido grande retorno apostando no comércio exterior e nas exportações, para o aumento de sua riqueza. Nesses países, a porcentagem representativa das exportações em relação ao seu PIB total, varia de 30 a 60%, sendo portanto, importantíssimas para suas economias.

Os países que os maiores exportadores, a despeito de suas diferenças de extensão territorial, cultura e geopolítica, possuem fatores em comum, que os levam a terem maior sucesso em suas exportações, como: investimentos em tecnologia e educação, incentivos às exportações, abertura para a entrada de capital estrangeiro, forte participação na economia de mercado, inserção na globalização e grande oferta de mão-de-obra qualificada. Essas qualidades os diferenciam de países que não dão atenção ou não tem essas características, levando-os portanto a terem maior vantagem competitiva e obter grande sucesso em seu comércio exterior, fazendo-os mais prósperos, ricos e desenvolvidos.

Mas, afinal, por que as exportações se tornaram tão importantes para os países ? São vários os motivos: Para conseguir ser competitivo nas exportações, os países tem, como já foi dito que investir em diversas melhorias, como educação, infra-estrutura, transparência, redução de impostos, maior abertura, entre outros, gerando assim uma melhoria geral do seu desenvolvimento; Com as exportações, há aumento de produtividade das empresas do país, que aumenta numérica e qualitativamente. Isso ocorre devido a redução da capacidade ociosa existente, que é obtida por meio da revisão dos processos produtivos; Outra vantagem bastante perceptível é a melhoria da qualidade dos produtos, que tende a aumentar, pois as empresas tem que adaptá-los às exigências do mercado ao qual se destina, o que a obriga a aperfeiçoá-los; O intenso comércio gerado pelas exportações estreita os vínculos políticos e econômico entre os países, contribuindo para a preservação de regimes mais abertos e democráticos; Além do mais, as exportações trazem mais divisas ao país, já que o mercado é mundial, e não apenas doméstico, melhorando sua balança comercial, tornando-os menos dependentes de moedas estrangeiras e trazendo mais caixa para o governo do país, gerando benefícios para a população em geral. Fatos como esses compravam que o crescimento baseado em exportações, em detrimento da preocupação apenas com o mercado inerno, é benéfica e de grande importância para os países, trazendo consigo riquezas e desenvolvimento.

2) Os economistas mercantilistas acreditavam que a acumulação de ouro e de prata era considerada vital para crescimento econômico das nações. Apresente as principais características da doutrina mercantilista e as suas implicações de política econômicas. Não deixe de mostrar, na sua exposição, como os objetivos perseguidos pelos mercantilistas eram totalmente inconsistentes considerando-se um mundo constituído de várias nações soberanas.

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Resposta:

A doutrina mercantilista, prática econômica baseada no mercado e que vigorou na Europa entre o século 15 e o final do século 18, originou um conjunto de medidas econômicas diversas nos estados em era praticado. Caracterizou-se por uma grande intervenção estatal na economia, fato apoiado pelos comerciantes da época, a burguesia. Também era caracterizado por numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nacionais, ainda em formação no período. As características particulares do mercantilismo, que o diferenciava de outros sistemas econômicos, eram primordialmente: Metalismo ou Bulionismo (do inglês bullion, "ouro em lingotes"), onde o capital é representado pelos metais preciosos que o Estado tem no seu poder. Procurava-se com essa crença buscar cada vez mais estes metais e evitar sua saída, pois acreditava-se que quanto mais metais o país tivesse em sua posse, mais rico ele seria; Balança Comercial Favorável, onde o esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira; Protecionismo alfandegário, que pregava que o governo de uma nação deveria aplicar uma política protecionista sobre a sua economia, favorecendo a exportação e desfavorecendo a importação, sobretudo mediante a imposição de tarifas alfandegárias. Incentiva-se, portanto, a balança comercial positiva com outras nações. Eram criados impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria e manufaturas nacionais e também evitar a saída de moedas para outros países; Soma zero, em que acredita-se que o volume global do comércio mundial é inalterável. Os mercantilistas viam o sistema econômico como um jogo de soma zero, no qual o lucro de uma das partes implica a perda da outra; Colonialismo, onde teorizavam que a riqueza de um país estria diretamente ligada à quantidade de colônias de que dispunha para exploração. O mercantilismo indiretamente impulsionou muitas das guerras europeias do período e serviu como causa e fundamento do imperialismo europeu, dado que as grandes potências da Europa lutavam pelo controlo dos mercados disponíveis no mundo; Pacto Colonial, onde os países que possuíam colônias na América, mantinham o monopólio da importação das matérias-primas mais lucrativas dessas possessões, bem como da exportação de bens de consumo para as respectivas colônias.O pacto colonial incluía obediência política, ou seja, as leis a serem obedecidas deviam ser as mesmas leis (ou adaptadas) da metrópole correspondente à colônia.O objetivo das autoridades reais era garantir que as atividades econômicas da colônia gerassem lucros para a metrópole; entre outros.

No entanto, é obvio que a execução desses preceitos trazia consequências aos países que os praticavam. Fazendo uma correlação entre as consequências políticas, econômicas e sociais que recaiam sobre os países, pela execução dos conceitos do Mercantilismo, teríamos: Absolutismo político, que ocorria devido ao fato da recém unificação das nações, e pelo apoio da burguesia, que via no governo poderoso e centralizador uma proteção aos seus negócios e interesses; Imperialismo, conflitos e disputas, causados pelo metalismo e pelo colonialismo, já que, como os metais preciosos eram considerados fonte de riquezas, e as colônias, as fontes dos metais

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preciosos, e de outros recursos que traziam lucros aos países, havia muitas disputas, muitas vezes sangrentas, pelo controle desses recursos, tendo essas disputas inclusive, impulsionado muitas das guerras européias do período; Comércio dificultado e menor desenvolvimento dos países, uma vez que o protecionismo alfandegário e a grande preocupação em ter uma balança comercial favorável fazia com que os países perdessem grandes oportunidades de bons negócios e obtenção de riquezas; Baixo desenvolvimento industrial, que acometeu principalmente os países ibéricos, Espanha e Portugal, que tinham as maiores colônias ultramarinas e que por darem uma importância demasiada à obtenção de metais preciosos (ouro e prata), além de se acomodarem com o sucesso e facilidade de obtenção desses metais, não desenvolveram sua indústria e seu comércio como deveriam, enquanto países como França, Reino Unido e Holanda desenvolviam sua indústria e seu comércio, estratégia essa que se revelou mais eficaz do que o metalismo dos ibéricos; Baixa autonomia, exploração e atraso no desenvolvimento geral das colônias, uma vez que, pelo pacto colonial, esses territórios estavam reféns das metrópoles, que tinham o monopólio importação de suas matérias-primas mais lucrativas, bem como da exportação de bens de consumos para essas colônias.

Desde essa época no entanto, que economistas como Adam Smith e David Ricardo, já preconizavam que o livre-comércio seria bem mais vantajoso, o que realmente se revelou verdadeiro. No contexto geopolítico mundial atual, é claro que as medidas adotadas pelo mercantilismo seriam impraticáveis. Não há mais colônias do modo como existiam nesse tempo do mercantilismo, sendo portanto inviáveis mesmo para os países mais ricos e poderosos ao menos tentarem praticarem alguns desses conceitos. Isso porque a forma como os territórios coloniais eram conquistados, e posteriormente subjugados por outros, como acontecia, simplesmente não existe. Nações como a Espanha e Portugal mercantilistas, que dependiam grandemente dos metais preciosos que extraíam de suas colônias, iriam à bancarrota, caso dependessem exclusivamente de um único recuso hoje em dia; Os ibéricos e outros países, que tomavam suas colônias como meros apêndices de suas economias, e que praticavam este protecionismo alfandegário, sofreriam grandes sansões internacionais e levariam grandes prejuízos caso tentassem praticar essas idéia nos dias de hoje; Pela cada vez mais importante globalização, o poder intervencionista estatal está cada vez menor, e o liberalismo e o livre comércio são realidades inexoráveis para quase todas as nações de hoje em dia, em sua maioria com governos democráticos, de territórios estabelecidos, forças armadas próprias e com apoio de órgãos como a OMC, tendo portanto uma liberdade muito grande para entrar e exercer livremente seu papel no comércio internacional. E mesmo países com um poderio bem maior têm que respeitar essa liberdade, autonomia e soberania de qualquer país que seja, tornando definitivamente inconsistentes para o mundo de hoje, os conceitos praticados no mercantilismo.

3) Faça um paralelo entre as causas do empobrecimento da Espanha de Portugal, no século 18, com o problema da “Doença Holandesa”, que ocorreu nas décadas de 1970 e

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início da de 1980 na Holanda. Aproveite para discutir a questão mais atual relativa à “maldição dos recursos naturais”.

Resposta:

Espanha e Portugal, os dois países da península ibérica, eram referências mundiais durante os séculos 15 e 16, já que haviam se unificado anteriormente e dado início as viagens ultramarinas, sendo os pioneiros dentre os países da Europa, mas chegaram ao final do século 18, enfraquecidos de seu prestígio, comercialmente e industrialmente atrasados, e mais pobres que seus vizinhos de continente, apesar de terem tido sob seu domínio vastos territórios e extraído incalculáveis riquezas em matérias prima e principalmente metais preciosos (ouro e prata) de suas inúmeras colônias. Já a Holanda, historicamente uma país muito de muito destaque no comércio internacional e com uma robusta cadeia produtiva de indústria, que possuía uma significativa reserva de gás natural próxima do mar do Norte, no final dos anos cinquenta, e 10 anos depois, quando começou a explorar o mesmo, sua moeda se apreciou tanto pelo rendimento de divisas que terminou tornando o preço dos produtos da indústria do país menos atraentes, afetando a competitividade de sua indústria, e com isso gerando uma onde de desempregos, no país e uma gradual perda de mercados em diversas áreas no comércio internacional, fenômeno este conhecido mundialmente, como dutch disease, ou doença holandesa. O que estes dois exemplos têm em comum, apesar de acontecerem em países diferentes e em épocas distintas, é o fato de ambos mostram como países com recursos naturais abundantes, sejam lá quais forem, e em qualquer época, podem, ao contrário do possa imaginar, serem prejudicados pela descoberta e exploração desses recursos naturais.

No mundo, esse fenômeno da doença holandesa ficou muito conhecido e passou a servir de exemplo para quando acontecem situações em que países têm abundância de algum recurso natural, mas acabam sendo prejudicados devido à grande dependência desse recurso, da maneira errada em que administram e distribuem internamente esse dinheiro entrante no país, e da desatenção que dá ao investimento e desenvolvimento de outros setores da economia, ocasionando assim uma supervalorização de sua moeda e a conseqüente perda competitividade de seus produtos e indústria com o decorrer do tempo. Essa situação, ao contrário do que possa parecer, é relativamente comum, em vários países do mundo através dos anos, com aconteceu na Nigéria, que começou a explorar suas jazidas em 1958 e desde então a vida de seus 148 milhões de habitantes não melhorou. Pelo contrário. Por mais de 50 anos, o petróleo vem servindo como combustível para a desigualdade social, a corrupção e a violência generalizadas. Apenas em 2007 o país fez sua primeira transição de governo democrática, mesmo assim após uma campanha conturbada. Apesar da riqueza que brota no solo e no fundo do mar nigeriano, o país ocupa um modesto 154º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Também foi possível observar nesse país, desde a descoberta e exploração das jazidas de petróleo, a derrocada da sua já insipiente indústria, além da surpreendente diminuição de seu PIB desde o início da exploração do recurso. Outro exemplo de “maldição” proveniente da exploração equivocada de um

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recurso natural é a Venezuela, dona da sexta maior reserva de petróleo do mundo, mas apenas no 61º lugar na relação que mede a qualidade de vida em diferentes países. Desde o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a economia venezuelana abandonou sua vocação agrícola para centrar-se quase com exclusividade na extração e exportação do petróleo. Desde então o país nunca se beneficiou verdadeiramente com a riqueza proveniente de seu subsolo, inclusive tendo retrocessos em vários índices que atestam qualidade de vida, com IDH, mortalidade infantil, violência, democracia, entre outros, principalmente após 1999, no governo de Hugo Chávez, presidente de vocação populista, que lidera no continente um movimento boliviariano e que aguçou os conflitos da região e a desigualdade social no país.

No entanto apesar desses exemplos, e de parecer que é o destino de países com abundância de algum recurso natural padecerem por causa dele, vários economistas refutam a idéia de que é normal ou aceitável que os países sejam prejudicados pela riqueza de seus próprios recursos, com a argumentação de que a grande disseminação de informações a respeito de casos passados e da maior experiência e maturidade de governos ao redor do mundo, que têm conseguido grande sucesso administrando corretamente o ganho com os recursos que têm. Um desses exemplos seria Dubai, nos Emirados Árabes, que aplica uma sobretaxa sobre preços de seu petróleo exportado em até 98% do valor, e usa esse dinheiro obtido para investir maciçamente na diversificação de sua economia, investindo em áreas com resorts, prédios de luxo, turismo em geral, atração de universidades estrangeiras, como a Universidade de Nova York e a Paris-Sorbonne, além da realização de eventos esportivos, como a Fórmula 1 e diversas provas de outros campeonatos em nível mundial. Outro bom exemplo, podendo inclusive ser seguido pelo Brasil, caso se confirmem as previsões das quantidades de petróleo da camada do pré-sal na costa brasileira, é o da Noruega, país da Escandinávia, na Europa, que virou sinônimo de experiência bem-sucedida de distribuição de riqueza a partir do petróleo. Desde 1971, quando os campos petrolíferos noruegueses começaram a ser explorados, a qualidade de vida da população não para de melhorar, com o estado tendo condições de proporcionar serviço de saúde pública, seguro-desemprego, educação universal e outros benefícios para todos os segmentos da população. Um fator essencial para esse cenário foi a criação de um Fundo Soberano do Petróleo, que praticamente isola parte dos lucros da commodity da economia. Aplicados no exterior, eles são posteriormente restituídos ao país. Embora tenha registrado prejuízos significativos na crise econômica mundial que eclodiu em 2008, o fundo protege a Noruega de sobressaltos econômicos, além impedir que aconteça uma fenômeno como a doença holandesa no país, e levando o país ao honroso 2º lugar no ranking do IDH, atrás apenas da Islândia.

4) As exportações do Brasil ainda são constituídas principalmente por produtos de baixo valor agregado. Segundo muitos analistas, a pauta do comércio exterior de um país é o espelho de sua estrutura produtiva e da qualidade da sua mão de obra. Comente por este

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ponto, destacando as grandes prioridades de política de comércio exterior capazes de aproximar o Brasil das grandes potências exportadoras.

Reposta:

O Brasil, que recentemente se tornou a 6º maior economia do mundo, desbancando o Reino Unido, infelizmente ainda não pode ser considerado destaque entre os maiores exportadores do mundo, onde ocupa a modesta 23ª posição (no ano de 2009) no ranking elaborado pelo The World Factbook, publicação da CIA, agência norte-americana de inteligência, atrás de países como Suíça, Espanha e Bélgica, muito menores em extensão territorial, população e recursos naturais. Esta discrepância mostra que o país poderia ser ainda mais rico, e estar em melhor situação econômica caso tivesse mais sucesso em seu comércio exterior. Sabidamente ainda há muitos entraves que impedem o Brasil de aspirar uma melhor posição nesse ranking, a maioria deles já bastantes conhecidos, como: Excesso de burocracia, que leva a situações verdadeiramente vexatórias, como o tempo para abrir uma empresa legalizada, que pode levar mais de cem dias, um período de tempo comparado a países africanos como Guiné-Bissau, muito longe dos poucos dias que se leva para realizar o mesmo processo em países desenvolvidos como a Alemanha; Alta carga tributária e regras fiscais confusas, que encarecem e tiram a competitividade das empresas brasileiras e dos produtos exportados por elas; Taxas de juros muito altas, que dificultam o acesso ao crédito no país; Infraestrutura deficiente, comprovada pelas estradas esburacadas, aeroportos lotados, malha ferroviária quase inexistente e portos insuficientes; Altos impostos que são mal empregados, já que o governo gasta grande parcela com funcionalismo público, cobrindo o “rombo” da previdência social e com programas assistencialistas, de cunho populista, com isso deixando de investir em áreas mais relevantes, como educação e infraestrutura; Corrupção e corporativismo governamentais, que levam à desvios de investimentos e demora na aprovação e execução de reformas políticas, e fiscais das quais o país precisa; Baixo quantitativo de mão-de-obra qualificada, resultado de anos de corrupção, abandono, gastos equivocados entre outros em todas as camadas da educação, desde o ensino básico até o ensino superior; E a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, que além do mais cresce a passos lentos, em média 1,69%, entre 2004 e 2010, segundo estimativas da Total Economy Database, contra 2,8% dos trabalhadores americanos e um aumento médio de 10% dos trabalhadores chineses. Fatos como esses deixam o país dependente de commodities, como café, soja, carne bovina e minério de ferro, que têm baixo valor agregado, dificultando as ambições do aumento de captação de capital pelo país e o tornado mais frágil diante das variações de demanda e dos preços desses produtos no mercado internacional.

É claro que os fatos citados não são confortáveis, mas assim como os problemas existem as soluções, pois não só o Brasil, mas também outros países já tiveram problemas semelhantes ou até piores, mas souberam contorná-los para chegarem ao que são hoje. Esses países, cujos maiores expoentes seriam os chamados tigres asiáticos: Hong Kong, Coréia do Sul, Singapura e Taiwan, além da China e da Alemanha,

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souberam, ao longo de vários anos, priorizar seus esforços e investir pesadamente em políticas tendo como foco o comércio exterior, obtendo grande sucesso. Contudo é preciso lembrar que guardadas as devidas diferenças, entre esses países, o que essas políticas têm em comum é o fato de serem sistêmicas, planejadas, precisas e duradouras, conceitos que o Brasil ainda precisa aprender, já que historicamente medidas deste tipo não são adotadas e nem a devida atenção juntos aos governantes. Com isso, para que o Brasil possa chegar ao patamar das grandes potências exportadoras é necessário que o governo implante políticas e conceitos focados no aumento da competitividade do comércio exterior, em todos os setores no país: Choque de meritocracia, em órgãos governamentais, processos seletivos universitários, entre outros, que simplesmente recompensaria os melhores, trazendo maior eficiência para os processos burocráticos e selecionando e valorizando os melhores; Foco na melhoria da produtividade do trabalhador, coisa que não depende somente do próprio trabalhador, mas de outros fatores, como tecnologia, ambiente econômico e situação social do país, fatores esses de responsabilidade do governo; Diminuição dos gastos governamentais em setores não estratégicos, como funcionalismo, mudando o foco para aumentar os investimentos em áreas como infraestrutura, educação, e possibilitando a diminuição da taxa básica de juros e a diminuição de impostos; Modernização e valorização da educação como um todo, melhorando salários de professores, a infraestrutura de colégios de ensino fundamental a universidades, aumento da oferta de vagas em cursos técnicos e superiores, com foco em profissionais das áreas de TI e engenharia, duas das mais deficitárias no país e duas das grandes responsáveis pela produção de bens de valor agregado, gerando assim uma mão-de-obra qualificada e em grande quantidade; Maior acesso ao crédito; Realização de reformas políticas, fiscais, econômicas e trabalhistas, que tragam o país para a realidade do século 21, deixando de lado conceitos ultrapassados e que só fazem encarecer, complicar e atrasar o país como um todo.

Tudo isso é claro, não deverá ser realizado rapidamente, até porque seria muito difícil, mas ao longo de vários anos, a exemplo do que aconteceu nos países já citados. Só exemplificando o sucesso dos países que tem tido sucesso com essas políticas, podemos citar o crescimento dos tigres asiáticos, que entre 1960 e 1995, multiplicaram sua renda per capita por oito, enquanto os da América Latina apenas a duplicaram, ou da china que reduziu e continua reduzindo drasticamente os níveis de pobreza do país, ou ainda a Alemanha, que passou incólume à crise mundial graças à sua fortíssima indústria exportadora, que exporta principalmente bens intermediários, como turbinas, geradores, produtos químicos, máquinas pesadas, entre outros. Tudo isso está ao alcance do Brasil, desde que siga à risca o receita de sucesso dos países de sucesso.

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