Ed81_fasc_arco_eletrico_cap10.pdf
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Figura 1 Diagrama unifilar resumido.
Por Alan Rmulo e Eduardo Senger*
Captulo X
Reduo dos nveis de energia incidente Estudo de Caso
anteriores. A sequncia das informaes est disposta de
acordo com o recomendado nas normas IEEE 1584 e NFPA
70E. Na parte 1, so apresentadas as informaes bsicas
necessrias para a realizao dos clculos preliminares de
energia incidente.
Descrio do sistema eltrico A instalao eltrica analisada neste trabalho
composta por trs unidades geradoras, sendo dois
geradores responsveis pela gerao principal da unidade
e um gerador pelo sistema de emergncia, no possuindo
nenhum tipo de conexo com uma concessionria de
energia. A Figura 1 apresenta o diagrama unifilar resumido
deste sistema eltrico.
O conjunto de gerao principal da unidade
composto pelos geradores trifsicos A e B que geram em
480 V e possuem potncia de 600 kW. Esses geradores so
acionados por motores de combusto interna movidos a
gs. O painel A concentra as funes de proteo, controle,
sincronismo e disjuno do sistema de gerao principal.
A gerao de emergncia composta pela unidade
geradora trifsica C de 250 kW/480 V, acionada por motor
a diesel. As funes de proteo, controle e disjuno esto
concentradas no painel B.
Em situao normal de operao, a unidade opera
com um gerador principal em funcionamento, enquanto
Os captulos anteriores apresentaram os riscos
envolvendo arco eltrico, os principais Equipamentos de
Proteo Individual (EPIs), equipamentos utilizados para
mitigao desses riscos, bem como os aspectos normativos
mais relevantes.
Os prximos captulos apresentaro um estudo
de caso objetivando a reduo dos nveis de energia
incidentes em uma instalao eltrica, utilizando-se de
toda a teoria e os conceitos apresentados nos captulos
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o segundo gerador principal e o gerador de emergncia permanecem
de reserva. Na ocorrncia de um desligamento no gerador principal que
estiver operando, o outro gerador principal entra em funcionamento
automaticamente e supre as mesmas cargas. Simultaneamente,
comandada a partida do grupo de gerao de emergncia. O gerador
de emergncia foi projetado para entrar automaticamente na linha
em 45 segundos, no caso do gerador principal falhar na partida e no
conseguir suprir as cargas nesse espao de tempo. Tanto a lgica de
partida dos conjuntos de gerao quanto o controle da temporizao
realizada por um CLP.
Caso a ocorrncia que gerou o desligamento de um gerador principal
for caracterizada como uma situao de emergncia, o outro gerador
principal, que estar no modo stand-by, no entrar em funcionamento.
Ele permanecer nessa condio at ser sanada a situao que originou
a emergncia e ocorrer o rearme manual do Sistema de Parada de
Emergncia.
O sistema de gerao de emergncia no pode operar em paralelo
com as unidades principais, mesmo aps ter sido restabelecida a
operao normal. A transferncia das cargas entre o sistema de gerao
de emergncia e o sistema de gerao principal ocorre por meio de uma
chave de transferncia automtica. Essa chave de transferncia possui
um monitor trifsico para evitar a transferncia a menos que ambas
as fontes estejam numa condio de fase, na mesma frequncia ou
prximo de tal condio.
Uma vez que qualquer dos geradores principais tenha retornado
operao, a chave de transferncia automtica transfere as cargas
essenciais de volta para a unidade principal e desliga o gerador de
emergncia, recolocando-o na modalidade de stand-by.
Tanto os geradores principais quanto o de emergncia possuem
uma resistncia de aterramento de 200 ohms.
A distribuio de energia eltrica na unidade realizada por dois
CCMs, ambos de 480 V. O CCM A supre as cargas normais da unidade
e alimentado pelo sistema de gerao principal. J o CCM B supre
as cargas essenciais e, em situao normal de operao, alimentado
pelo sistema de gerao principal. Caso a gerao principal no esteja
disponvel, este CCM alimentado pelo gerador de emergncia,
selecionado por uma chave de transferncia automtica. As cargas da
unidade so constitudas basicamente por motores trifsicos de induo
e transformadores de iluminao/controle.
Proteo do sistema de gerao A proteo dos sistemas de gerao engloba tanto as protees
associadas mquina primria quanto aquelas associadas ao gerador
eltrico.
Com relao mquina primria, so empregadas as seguintes
protees:
Baixa presso de leo lubrificante;
Nvel de leo lubrificante;
Alta temperatura da gua de refrigerao;
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EPIs Baixo nvel de gua de refrigerao; Excesso de velocidade;
Excesso de vibrao.
A proteo dos geradores realizada empregando-se as seguintes
funes:
Sobrecorrente;
Potncia reversa;
Temperatura nos enrolamentos;
Temperatura dos mancais;
Subfrequncia;
Desequilbrio de corrente;
Sobretenso/subtenso.
Na instalao utilizada no estudo de caso, os rels empregados para
proteo dos geradores so estticos. Esse tipo de tecnologia encontra-se
defasada devido ao emprego dos rels digitais. Contudo, quando os
rels estticos foram introduzidos no mercado, eles apresentavam
algumas vantagens importantes sobre os seus predecessores, os rels
eletromecnicos. Dentre essas vantagens, podem-se citar a melhor
exatido dos rels estticos e a ampla faixa de ajuste de pick up.
Outro fator importante o fato de esse tipo de tecnologia no possuir
peas mveis e frgeis, tornando os rels mais resistentes a choques
e a vibraes, com consequente reduo nas manutenes quando
comparados aos rels eletromecnicos, j que no necessita de limpeza
ou ajuste dos contatos, verificao de folgas, entre outros itens inerentes
manuteno de um rel eletromecnico.
Proteo dos barramentos A proteo dos barramentos da unidade realizada empregando-se
somente a funo de sobretenso.
Proteo do sistema de aterramento por alta resistncia Os sistemas de gerao principal e de emergncia possuem uma
resistncia no seu sistema de aterramento no valor de 200 ohms. Essas
resistncias limitam o valor da corrente que flui para a terra, durante um
curto-circuito fase-terra, em 1,38 A.
O sistema de aterramento dotado de um rel de sobretenso de
neutro (ANSI 59G), de tecnologia eletromecnica.
Na ocorrncia de uma falta fase-terra em qualquer parte do sistema
de 480 V, o rel 59G, sensvel s variaes de tenso, aciona um alarme
no painel anunciador da unidade. Uma vez que as correntes de falta so
limitadas a menos de 2 A, o sistema eltrico pode continuar operando.
Porm, a falha deve ser localizada e corrigida brevemente. O voltmetro
localizado no sistema de aterramento indicar tenses entre 0 e 277 V
caso exista uma falta de alta impedncia no sistema eltrico.
Modos de operao e valores de curto-circuito
Definio das condies operativas
A unidade possui trs modos de operao do sistema de gerao
eltrica. As trs condies visam a garantir fundamentalmente a
segurana da unidade e a operao dos sistemas mnimos necessrios
para o processo. O detalhamento das condies operacionais
apresentado a seguir, sendo que cada condio foi utilizada como base
para o desenvolvimento dos clculos de curto-circuito.
Condio 1: dois geradores principais operando em paralelo
Nessa condio, os geradores principais encontram-se em paralelo
alimentando todas as cargas da unidade. O gerador de emergncia no
acionado nesse caso por no possuir sincronismo com o sistema de
gerao principal. Embora os geradores principais estejam projetados
para operar nessa condio, ela somente ocorre momentaneamente
para execuo de manobras no sistema eltrico, visto que somente
um gerador suficiente para suprir a demanda da unidade. A Figura 2
demonstra, por meio do diagrama unifilar, a configurao do sistema
Figura 2 Operao com os geradores principais em paralelo.
Figura 3 Operao com um gerador principal em funcionamento.
eltrico para esse caso.
Condio 2: operao com um gerador principal em funcionamento
Esta a condio normal de operao da unidade. Somente um
gerador em funcionamento garante o suprimento de energia necessrio
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EPIs
Continua na prxima edioConfira todos os artigos deste fascculo em www.osetoreletrico.com.br
Dvidas, sugestes e comentrios podem ser encaminhados para o e-mail [email protected]
*AlAn RMulo SilvA QueiRoz engenheiro eletricista graduado pela universidade Santa Ceclia (Santos, SP), mestre em engenharia eltrica pela escola Politcnica da universidade de So Paulo e membro do ieee-iAS.eDuARDo CSAR SengeR engenheiro eletricista e doutor pela escola Politcnica da universidade de So Paulo. professor livre-docente na rea de Proteo de Sistemas eltricos pela universidade de So Paulo e coordenador do laboratrio de Pesquisa em Proteo de Sistemas eltricos lprot.
garantido apenas para as cargas essenciais, conectadas ao Painel B.
Clculos de curto-circuito
Para a realizao dos clculos de curto-circuito, foi utilizado
o software PTW, desenvolvido pela empresa americana SKM.
Os clculos de curto-circuito esto baseados na norma IEC
60909. Essa norma aplicvel a sistemas trifsicos de baixa e
alta tenso, desde que operem na frequncia nominal de 50 Hz
ou 60 Hz.
Os clculos de curto-circuito foram realizados para as
trs configuraes definidas no item 6.1, em que esperada
a mxima corrente de falta. Os valores de curto-circuito sero
apresentados posteriormente, em conjunto com os clculos de
energia incidente.
Coordenao da proteo A coordenao da proteo foi realizada de maneira a
otimizar a proteo dos equipamentos eltricos, garantir a
seletividade e proporcionar a continuidade operacional, sendo
que os valores considerados de pick-up e tempo de atuao
da proteo de sobrecorrente foram retirados dos critrios de
projeto da unidade.
Foram adotadas as seguintes premissas:
Tempo mnimo de coordenao de 200 ms;
Corrente de partida dos motores seis vezes superior sua
corrente nominal;
Ajuste de proteo de sobrecorrente de 1,15 vezes corrente
nominal dos motores;
Ajuste magntico dos disjuntores de proteo contra curto-
circuito no valor de 10 vezes a corrente nominal de cada motor.
A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, os tempos de
durao do arco considerando trs situaes distintas previstas
na IEEE 1584 e na NFPA 70E. De acordo com essas normas,
deve ser determinado o tempo de durao do arco considerando
100% e 85% da corrente do arco, e 38% da corrente de curto-
circuito. O tempo de durao do arco determinado pela soma
do tempo de coordenao da proteo e do tempo para abertura
do disjuntor (que para esse caso 50 ms).
Nesse caso especfico, no h diferena nos tempos de
atuao da proteo porque nenhuma das correntes previstas na
norma entram na curva de tempo inverso do rel. Dessa forma,
o maior valor de energia incidente ser obtido para 100% da
corrente do arco.
Concluso Este artigo apresentou as informaes prvias necessrias
para o clculo de energia incidente. Nos prximos captulos,
essas informaes sero utilizadas para estimar os valores de
energia incidente, conforme determinam as normas IEEE 1584 e
NFPA 70E.
Referncias IEC 60909. Short-circuit currents in three-phase a.c. systems, 2001.
QUEIROZ, A. R. S. Utilizao de rels digitais para mitigao dos
riscos envolvendo arco eltrico. Dissertao (Mestrado em Cincias
Engenharia Eltrica). Universidade de So Paulo, 2011.
SLEVA, A. F. Protective relay principles. CRC Press, 2009.
SILVA, R. A. Comportamento da funo de proteo de sobrecorrente
instantnea frente a distores harmnicas nos rels de proteo
numricos. Trabalho de Concluso de Curso. Universidade de So
Paulo Escola de Engenharia de So Carlos, 2008.
Tabela 1 Tempo de durao do arco
100% da corrente
do arco
85% da corrente
do arco
38% da corrente
de curto-circuito
Tempo de Durao do Arco (s)
Painel A
0,45
0,45
0,45
Painel B
0,25
0,25
0,25
CCM A
0,45
0,45
0,45
CCM B
0,25
0,25
0,25
Figura 4 Operao com o gerador de emergncia em funcionamento.
para manter a operao da unidade.
Condio 3: Operao com o gerador de emergncia em
funcionamento
O gerador de emergncia entra em operao somente na ocorrncia
de falha nos dois geradores principais. O suprimento de energia