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Vol. XX • N° 351 • Montreal, 9 de junho de 2016 Cont. na pág 6 Última hora: General Luís de Sousa agraciado • Leia artigo na pág. 13 LOGIQ Noite de Prémios • Artigo na pág. 10 Foto de Jules Nadeau/LusoPresse. Editorial Dia da Raça? Por Carlos DE JESUS Lembram-se do dia da raça? Era o dia de Portugal no tempo do Estado Novo. É assim a linguagem. Evolui, segue as tendências sociais, políticas e até cientí- ficas. Naqueles anos, a Raça era a Nação. O Dia da Raça era o dia da Raça Portu- guesa. Havia ali algo de bovino, como a raça mertolenga, a retinta ou arouquesa… Mas era assim o vocabulário nacionalista da época, mesmo quando a ciência já tinha provado que só havia uma raça, a hu- mana.* Depois veio o 25 de Abril e passá- mos então a celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugue- sas, a mesma celebração que todos os por- tugueses e seus descendentes celebram pe- lo mundo fora neste 10 de junho. Deve dizer-se que esta celebração do 10 de junho foi inicialmente uma iniciativa da propaganda republicana, ainda no tem- po da monarquia, quando foram lançadas em 1880 as comemorações camonianas, com o Dia de Camões, como símbolo do génio português. De início esta come- moração era do âmbito municipal. Foi com o regime de Salazar que esta data foi alargada a nível nacional com o nome de “Dia de Camões, de Portugal e da Raça”. A partir de 1963, com as guerras coloniais, o 10 de junho passou a ser uma homena- gem às forças armadas, numa exaltação da guerra e do poder colonial. Em 1978 foi quando o novo regime saído do 25 de abril decidiu converter esta data no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, tal com o co- nhecemos hoje. 8042 boul. St-Michel Satellite - Écran géant - Événements sportifs Ouvert de 6 AM à 10 PM 37 37 376-2652

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Vol. XX • N° 351 • Montreal, 9 de junho de 2016

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Última hora:GeneralLuís de Sousa agraciado• Leia artigo na pág. 13

LOGIQNoite de Prémios• Artigo na pág. 10

Foto

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Editorial

Dia da Raça?• Por Carlos DE JESUS

Lembram-se do dia da raça? Erao dia de Portugal no tempo do EstadoNovo. É assim a linguagem. Evolui, segueas tendências sociais, políticas e até cientí-ficas. Naqueles anos, a Raça era a Nação.O Dia da Raça era o dia da Raça Portu-guesa. Havia ali algo de bovino, como araça mertolenga, a retinta ou arouquesa…Mas era assim o vocabulário nacionalistada época, mesmo quando a ciência já tinhaprovado que só havia uma raça, a hu-mana.*

Depois veio o 25 de Abril e passá-mos então a celebrar o Dia de Portugal,de Camões e das Comunidades Portugue-sas, a mesma celebração que todos os por-tugueses e seus descendentes celebram pe-lo mundo fora neste 10 de junho.

Deve dizer-se que esta celebração do10 de junho foi inicialmente uma iniciativada propaganda republicana, ainda no tem-po da monarquia, quando foram lançadasem 1880 as comemorações camonianas,com o Dia de Camões, como símbolodo génio português. De início esta come-moração era do âmbito municipal. Foicom o regime de Salazar que esta data foialargada a nível nacional com o nome de“Dia de Camões, de Portugal e da Raça”.A partir de 1963, com as guerras coloniais,o 10 de junho passou a ser uma homena-gem às forças armadas, numa exaltaçãoda guerra e do poder colonial.

Em 1978 foi quando o novo regimesaído do 25 de abril decidiu converter estadata no Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas, tal com o co-nhecemos hoje.

8042 boul. St-MichelSatellite - Écran géant - Événements sportifs

Ouvert de 6 AM à 10 PM

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Página 29 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

Se viajarpara os Açores...

Escolha...

Paulo DuarteSEDE:Largo de S. João, 189500-106 Ponta DelgadaTel.: 296 282 899Fax: 296 282 064Telem.: 962 810 646Email: [email protected]ÇORES

PARA QUANDO UM MUSEU DA IMPRENSA AÇORIANA?• Por Osvaldo Cabral

O smovimentos au-tonómicos quese registaram aolongo da históriados Açores difi-cilmente teriamnascido se nãoexistisse a im-prensa regional.

Foram os jornais da altura e os seusmentores que criaram o espírito de Au-tonomia nos Açores, com os consequen-tes movimentos em defesa da causa açori-ana.

Então porque é que se vai criar umaCasa da Autonomia, tipo museu, e nãotemos um Museu da Imprensa Açoriana,onde tudo começou?

Desde 1829 que existem jornais nosAçores.

Foram milhares de títulos que se pu-blicaram ao longo destes 187 anos, deixan-do um rasto de história e de conhecimen-to que a nossa região, infelizmente, nãosoube preservar.

Muitos já morreram na voracidadedos arquivos perdidos, sem registo dosseus vestígios, mas há ainda muitos outrosque estão espalhados por aí, das mais di-versas formas – exemplares guardados porcolecionadores ou por instituições de ar-quivo regional – que deveriam ser recupe-rados e mantidos numa instituição repre-sentativa de toda a rica época do jornalis-mo açoriano.

Há equipamentos centenários, per-tencentes a essa época, que se estão a per-der por estas ilhas fora, para não falar dosmais recentes, ligados à rádio e à televisãoaçorianas.

Açores são pioneiros em vários tí-tulos

Os Açores possuem uma das maisricas histórias da imprensa regional donosso país, sendo mesmo pioneiros nal-gumas publicações de temáticas, nomea-damente a agrícola, como é exemplo “OAgricultor Micaelense”, editado pela So-ciedade Promotora da Agricultura Mica-elense em 20 de outubro de 1843.

Temos o jornal mais antigo de Portu-gal e um dos mais antigos da Europa, o“Açoriano Oriental”, que nasceu a 18 deabril de 1835, seis anos depois do primeirotítulo que se publicou neste arquipélago,a “Folhinha da Terceira”, o pioneiro dojornalismo açoriano.

Da imprensa política nem se fala. Sãocentenas e centenas de títulos, muitos de-les com publicação efémera, mas que fize-ram a sua época naquele tempo, algunsdeles de tal modo conflituosos, refletindoas profundas divergências políticas das su-as épocas, que até levaram ao assassinato,em 1836, de um redator da “SentinelaConstitucional dos Açores”.

Todas estas histórias, todo este levanta-mento histórico, está feito.

Devemo-lo ao saudoso Professor ManuelJacinto de Andrade, um dos mais cultos e expe-rientes jornalistas que os Açores tiveram, Che-fe de Redação do “Açoriano Oriental” na déca-da de 70 e que dedicou grande parte do seuprofundo conhecimento e investigação à His-tória da imprensa açoriana, trabalho depoisprosseguido pelo seu filho José Andrade, tam-bém jornalista e hoje deputado regional.

Os jornalistas autonomistasAutonomistas como Gil Mont’ Alverne

de Sequeira, Aristides Moreira da Mota, ManuelAntónio de Vasconcelos, Bruno Tavares Car-reiro e muitos, muitos outros, fundaram mui-tos dos jornais que refletiam as reivindicaçõesautonómicas e as causas da população aço-riana ao longo dos séculos.

Foi um deles que fundou o famoso “Au-tonomia dos Açores”, cujo lema já era “a livreadministração dos Açores pelos açorianos”.

Perdeu-se quase tudo, até mesmo recente-mente alguns jornais centenários (como o jor-nal “A União”), mantendo-se apenas os títulosde hoje, que vão lutando estoicamente ao ladoda nova revolução do jornalismo digital e dasnovas plataformas.

Os únicos sem museu da imprensaCustaria pouco – nada comparado com

os vários milhões que se vão gastar noutrosmuseus – instalar numa instituição já existente,como no Centro de Artes Contemporâneas,no Museu Carlos Machado ou noutra insti-tuição com espaços por preencher, toda estahistória riquíssima, quase duas vezes cente-nária, recolhendo todo o material existente eespalhado por aí.

No continente existe o Museu Nacionalda Imprensa, considerado um dos melhoresdo mundo, fundado em 1997, no Porto, commais de 600 peças expostas, sem nenhumapeça histórica relativa aos Açores; a Madeiratambém já possui o seu Museu da Imprensa;há poucos dias foi inaugurado o News Mu-seum em Sintra, um conceito mais modernodos media e representando uma fase mais re-cente da nossa história; só os Açores, a regiãomais rica em história de títulos, não possuinada...

O Museu Nacional e o da MadeiraHá poucos dias, falando com o Diretor

do Museu Nacional da Imprensa, o jornalistaLuís Humberto Marcos, que esteve nos Aço-res, ficamos a saber que ele foi autor de umaproposta, há alguns anos, para a instalação deum museu nos Açores, à semelhança do quese veio a criar na Madeira, mas a papelada deveestar no fundo de alguma gaveta dos paláciosda nossa governação.

O Museu da Imprensa da Madeira foi cria-do em agosto de 2013, reunindo o seu rico pa-trimónio histórico, tipográfico, litográfico ecinematográfico da imprensa e comunicaçãomadeirense, integrado no edifício da BibliotecaMunicipal de Câmara de Lobos, com um varia-do espólio de equipamentos tipográficos e ou-tros que pertencem à história da imprensa ma-

-deirense (está aberto de segunda asábado).

A História da impren-sa prolonga-se na diáspora

Mas a História da nossa im-prensa não se fica apenas pelas no-ve ilhas.

Na diáspora temos uma histó-ria, também rica, que reflete toda aepopeia da emigração açoriana na-quelas paragens e que merecia tam-bém o nosso cuidado na respetivapreservação, até porque ela repre-senta uma tradição jornalística quefoi levada das ilhas pelos que emi-graram no século XIX.

Neste especto, refira-se que osaçorianos da diáspora vão mais àfrente do que nós.

Nos EUA, por exemplo, o in-vestigador Miguel Côrte-Real fezuma recolha exaustiva dos jornaislusos publicados na Nova Inglater-ra no século XIX e princípio doséculo XX, enquanto que a cober-tura da Califórnia ficou a cargo deGeoffrey Gomes, que publicou uminteressante ensaio de 90 páginasna “Gávea Brown” (Geoffrey Go-mes, “The Portuguese-LanguagePress in California: The responseto American politics 1880-1928”,Gávea-Brown, Vols. XV-XVI(1994-95), pp. 5-94).

Na costa leste, em New Bed-ford, houve um jornal portuguêsque se publicou durante mais decinquenta anos (1919-1973), cha-mado “Diário de Notícias”, cujosexemplares foram há pouco tempopreservados pelo Centro de Dart-mouth para Estudos e Cultura Por-tuguesa, da Universidade de Massa-chusetts, digitalizando mais de 84mil páginas deste título, um feitoinédito na imprensa ética.

Uma questão de justiçaComo se vê, não faltam moti-

vos, mais do que justos, para queos Açores façam honra à sua his-tória.

Temos o levantamento histó-rico todo feito, temos peças guarda-das por particulares e pelos mediados Açores que são autênticas relí-quias da nossa história, temos gentequalificada para colocar este projetode pé.

Só falta a vontade do nossoparlamento e do nosso governopara a criação efetiva do museu.

Esperemos que as forças polí-ticas inscrevam este projeto nosseus programas para a próximacontenda eleitoral.

É uma questão de justiça.Para com os Açores e para com

a História.L P

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Página 39 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

IGREJA BAPTISTA PORTUGUESADomingos às 15H00 – Pregação do Evangelho6297 Ave. Monkland, (NDG) Montreal

http://www.madisonbaptistmontreal.com/portugues.htmlTel. 514 577-5150 – [email protected]

Com um cheque de 101 500 dólares

Ferreira Café festeja 20 anos em grande• Por Jules NADEAU

A quanto já atingiram os dons do Ferreira Café para o Hospital Sainte-Justine? FotoJules Nadeau/LusoPresse.

«Podia escrever um bestseller» sobreos meus anos na restauração, lançou CarlosFerreira no meio da multidão de amigos, deapoiantes e de generosos doadores a Sainte-Justine. Uma pequena frase que diz muito sobreo homem que fez do Ferreira Café uma institui-ção modelo da gastronomia portuguesa. Vinteanos para chegar ao sucesso pessoal, mas tam-bém para utilizar todos os seus talentos a aju-dar a causa das crianças tratadas em Sainte-Jus-tine. Um cheque de 101 500 dólares.

Sábado passado, uma parte da rua Peel fi-cou mais estreita por causa da imensa tendaplantada à entrada do restaurante, em amareloe azul. «VINTE. Ferreira. 20. Em proveito daFundação CHU Sainte-Justine. Por amor dascrianças». Uma música cativante para acolheros 500 convidados. Uma multidão reunida norestaurante que se estendia em comprimentoaté ao anexo ao fundo do estabelecimento.Uma multidão jet set de alegres convidados ce-lebrando a 7ª edição do Grand Party Ferreira.

Inútil precisar que havia abundância depratos finos regados com os melhores vinhosduma dezena de produtores de Portugal. Nadade pânico entre o pessoal do estabelecimentovisto o grande número de «stations gourman-des» que ofereciam as pequenas delícias. Nãoera necessário encher os copos pois todos po-diam servir-se à vontade de tinto ou de branco.Como sobremesa, centenas de pastéis de nataoferecidos numa bandeja de seis andares, géne-

ro bolo de casamento.O desfecho da noite foi o momento muito

esperado em que uma voz anunciou ao mi-crofone a soma recolhida este ano para Sainte-Justine. Um cheque de 101 500 dólares assinadopor Carlos Ferreira. Tomando em seguida apalavra, o homem do casaco azul aproveitoupara saudar o seu amigo Mike Fortier, presiden-te do Conselho de Administração da Fundação.O preço do bilhete da noite era de 350 dólares,o que queria dizer que os dons se acumularamde outros modos durante o ano de 2016.

Num curto vídeo que passava num grandeecrã, o homem de Aveiro mostrou-nos algunsmomentos importantes da sua carreira emMontreal. Sandra Ferreira, a sua filha, apareceaí com a confiança da futura patroa do estabele-cimento. O chefe João Dias também estavaem evidência. Algumas imagens de Carlos maisnovo, que muito insistiu na contribuição funda-mental de toda a equipa do Grupo. Com umaponta de humor, a vedeta do dia disse: «Esperoque não estarei aqui mais 20 anos para vossaudar!» Se for caso disso, no 40º aniver-sáriodo Ferreira, apos-tamos que ninguémse vai queixar.

Os nossos leito-res poderão ver naLusaQ TV a entrevis-ta dada por CarlosFerreira à animadoraLudmila Aguiar e à câ-mara de Paul Pintea.

Carlos Ferreira com duas das suas filhas, Sandra e Cláudia. Fo-to de Jules Nadeau/LusoPresse.

L P

Os portugueses também marcaram presença nos 20 anos do Ferreira Café, comoprovam as presenças dos casais Miranda, Belo e Paulino. Foto Jules Nadeau/Luso-Presse.

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Página 49 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

FICHE TÉCHNIQUE

LusoPresseLe journal de la Lusophonie

SIÈGE SOCIAL6475, rue Salois - AuteuilLaval, H7H 1G7 - Québec, CanadaTéls.: (450) 628-0125 (450) 622-0134 (514) 835-7199Courriel: [email protected] Web: www.lusopresse.com

Editor: Norberto AGUIARAdministradora: Anália NARCISOContabilidade: Petra AGUIARPrimeiros Diretores:• Pedro Felizardo NEVES• José Vieira ARRUDA• Norberto AGUIAR

Diretor: Carlos de JesusCf. de Redação: Norberto AguiarAdjunto/Redação: Jules NadeauConceção e Infografia: N. Aguiar

Escrevem nesta edição:• Carlos de Jesus• Norberto Aguiar• Lélia Pereira Nunes• Jules Nadeau• Carlos Taveira• Osvaldo Cabral• António da Silva Cordeiro• Adelaide Vilela

Revisora de textos: Vitória Faria

Societé canadienne des postes-Envois depublica-tions canadiennes-Numéro deconvention 1058924Dépôt légal Bibliothèque Nationale du Québec etBibliothèque Nationale du Canada.Port de retour garanti.

LusaQ TVProdutor Executivo:• Norberto AGUIARContatos: 514.835-7199

450.628-0125Programação:• Segunda-feira: 21h00 às 22h00• Sábado: 11h00 ao meio-dia(Ver informações: páginas 5 e 16)

Dra. Carla Grilo, d.d.s.

Escritório1095, rue Legendre est, Montréal (Québec)Tél.: (514) 385-Dent - Fax: (514) 385-4020

Clínica Dentária Christophe-Colomb

Dentista

O Espírito Santo Migrante – a Transnacionalidade Cultural.• Por Lélia Pereira DA SILVA NUNES *

Circunscreve-se, este artigo, ao uni-verso das tradições religiosas do Espírito San-to, nas múltiplas manifestações etnográficas eculturais, presentes no Brasil, em decorrênciado fenômeno migratório açoriano. É a festada mobilidade, do Espírito Santomigrante, to-mando a Diáspora Portuguesa como caso ex-emplificativo de um fenômeno social multifa-cetado, que permite numa abordagem históri-co-cultural, apresentar, inicialmente, um olharsobre a mobilidade do Culto e da Festa do Es-pírito Santo na cartografia cultural brasileira.

Popularizado como “Culto ao Divino”constitui a maior expressão de transnacionali-dade cultural, a partir da emigração açoriana doSéc. XVIII para o Sul do Brasil onde sua con-tribuição foi fundamental na formação da iden-tidade. Pode-se afirmar que por seus múltiplossignificados é lídimo B.I. da Cultura Açorianano Sul do Brasil.

Sua intensa comemoração alimenta umatradição secular que, mesmo modificada na pas-sagem do tempo, se faz sentir em plenitudeno estado de Santa Catarina. A Festa do DivinoEspírito Santo em terras catarinenses retrata avariedade das apropriações dos sentidos de per-tença a uma mesma herança cultural. Os novosconhecimentos combinam-se e recombinam-se aos símbolos e as marcas de pertença, colo-cando em marcha um conjunto de mudanças evalores culturais, promovendo uma nova con-figuração a sua celebração na comunidade emque se insere.

A cada novo ciclo do Divino pode-se ob-servar as muitas faces dos diferentes rituaisque se reproduzem sem, contudo, se afastaremda essência do louvor ao Espírito Santo, umadevoção herdada e transmitida de geração emgeração. O celebrar será sempre singular – sejalá no Império do Monte na Ilha das Flores,“na partilha do pão da vitória”, “na benção

das rosquilhas” da Ilha do Pico, “nos quartosdo Espírito Santo” de São Miguel, na cantoriados foliões na freguesia de Santa Bárbara, naIlha de Santa Maria; seja nas novenas cantadaspelos foliões do Ribeirão da Ilha e Pântanodo Sul, na elegante coroação da Palhoça, naplena vivência da tradição no bairro do Es-treito, na 240º Divina Festa do Divino de Flo-rianópolis, nas Festas do Divino de Penha àJaguaruna, norte-sul catarinense.

É o Espírito Santo migrante que veio dosAçores e sua expressão na diáspora. Na Amé-rica do Norte: a bandeira encarnada, as procis-sões das coroas, a coroação, as paradas da Amé-rica com suas “Queens” e capas ricamente bor-dadas, fruto de promessas e graças alcançadas,a tradicional sopa servida a toda a gente, nascomunidades da Califórnia, Fall River, Toron-to, Montreal. Ou, aqui, na América do Sul, nagrande celebração festiva em louvor ao Divinoque a cada ano se repete com igual fervor e fédo povo que a promove, numa grande partilhafraterna e única.

As Festas do Espírito Santo têm impor-tância primordial na formação do corpo socialaçoriano e identificam de forma extraordináriaa vida cultural daquelas sociedades onde a suapresença representa um passado distante, umageografia de afetos, uma história comum, umaindelével herança com 268 anos em Santa Cata-rina, no Sul do Brasil.

Uma veneração que chegou aos Açoresnas caravelas dos Descobrimentos, em mea-dos do século XV, com os primeiros povoa-dores, atravessou os mares do tempo e aportano século XXI como uma tradição religiosaforte, herdeira de um patrimônio simbólicoque consubstancia o imaginário insular. Ondea partilha do espírito comunga com a partilhado pão, do vinho, da carne revivificados nofestivo e solene ritual espelhado, de forma sin-gular, em cada Ilha, Concelho, Freguesia e “co-

roação”.Conhecer a história do culto e das festas

em honra ao Espírito Santo é o mesmo queestudar a história de um povo com suas lutas,esperanças e conquistas ante as vicissitudes davida. É penetrar numa complexa rede de inter-relacionamentos, traduzidos na unidade, naidentidade do “ser açoriano” que ultrapassamos limites do espaço arquipelágico e alcançamas terras de emigração, nas numerosas comuni-dades da diáspora, do Brasil, dos Estados Uni-dos da América e do Canadá.

Afinal, ELE é um migrante pelo mundorepartido.

*Lélia Pereira da Silva Nunes,Mestre em Administração Pública, Socióloga,Escritora, Professora Adjunta IV, da Univer-sidade Federal de Santa Catarina, SecretáriaGeral da Academia Catarinense de Letras(2014-2016). Titular do Conselho Estadualde Cultura, sendo Presidente da Câmara deLetras e membro da Câmara de PatrimônioCultural; Conselheira da Comissão Nacionalde Folclore; Associação Catarinense de Impren-sa. “Roster Patrimônio Imaterial” – UNES-CO/Am. Latina. Emérita do InstitutoHistórico e Geográfico de Santa Catarina.Pertence ao IH da Ilha Terceira e a AssociaçãoPortuguesa de Escritores/APE.

Investigadora, área Sociologia Cultural.Publicações: Caminhos do Divino, Um Olharsobre o Espírito Santo em Santa Catarina(Insular : 2007, 2010, III Edição no prelo),Na Esquina das Ilhas (Insular : 2011).Zumblick, uma história de vida e de arte (Se-nado Federal 1993, Dioesc, 2013). Presenteem inúmeras antologias no Brasil, Portugal(Lisboa, Madeira e Açores), Canárias (Espa-nha) e Nova Inglater ra (U. Mass, USA).Assina a coluna Pedra de Toque nos jornais:Açoriano Oriental (PDL, Pt), PortugueseTimes (New Bedford, USA) e LusoPresse(Montreal, Ca) e Opinião (Notícias do Diae Diário Catarinense). L P

Montreal Chinese TelevisionCelebra o seu 44º aniversário

• Por Jules NADEAU

Os responsáveis locais das emissões de televisão e de rádiochinesa em Montreal festejaram o 44º aniversário das suas atividadescom um banquete que reuniu centenas de pessoas, incluindo a direçãoda cadeia multiétnica ICI, que difunde agora as imagens em proveito dacomunidade chinesa.

O casal Ruth Lam e Benny Lam organizou uma soirée animadanum hotel do Bairro Chinês para agradecer aos comanditários e amigosa sua fidelidade. Uma 44ª gala abrilhantada dum espetáculo de jovensendiabradas que cantaram e dançaram com energia para grande prazerda sala. Igualmente, uma cantora de talento, Susan Huang Xianshu,ofereceu uma prestação digna do que se pode ver em terra chinesa. Vá-rias personalidades, donde Sam Norouzi, vice-presidente da cadeia ICI,cortaram um imenso bolo de aniversário a seguir à tradicional dança doLião.

Fiel a si mesma, Ruth Koo Lam estava em todo o lado durante agala de recolha de fundos, oferecendo flores aos artistas e fazendo-sefotografar com os jovens. Figura incontornável da comunidade chinesa,Mme Lam, que fala muito bem inglês, tomou a palavra para saudar opúblico. Benny Lam, reformado da companhia Marconi, mostrou umvídeo ilustrando a longa carreira canadiana do casal nos média da co-

munidade.Miss Chinatown 2014, Lucia Ting Li Huang (meio italiana e po-

liglota), assim como Nancy Sun, agiram como mestres de cerimóniarespetivamente em inglês e mandarim. Várias personalidades políticasofereceram os seus votos à Televisão Chinesa de Montreal numa bro-chura intitulada: «Soirée por ocasião do 44º aniversário da Associação».

O casal Ruth e Benny Lam recebeu a presença de Sam Norouzi eesposa, do canal ICI. Foto Jules Nadeau/LusoPresse.

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Página 59 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

Feliz Natala todos!

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Página 69 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

A PROPÓSITO DE FESTAS

ALGUMA VEZ TINHA DE SER...• Por Norberto AGUIAR

As fes-tas sucedem-sena comunidade.Umas mais con-corridas do queoutras. Umasmais aceites doque outras. Acomeçar pelosobjetivos paraque são criadas.Muitas delasdesprovidas deinteresse comu-nitário. Com os clubes e associações aserem os grandes prejudicados. Sabe-se efala-se disso, mas ninguém faz nada... Osmais «sábios» limitam-se a dizer que háclubes a mais na comunidade. E que umsó organismo resolveria todos os pro-blemas organizacionais do nosso grupo.Nada mais errado! O que falta é poder deliderança para dizer basta a uns quantos.Todos eles à procura de «espaço», arre-dando na passagem tudo o que vai apare-cendo pela frente. E não interessa se nesse«desbravar» se atropela gente com perga-minhos de dezenas de anos. Uma des-graça!

Falta de respeitoEm quase 42 anos de comunidade, a

nossa ação já passou por muitos e bonssítios. Em alguns deles tivemos mesmoinfluência decisiva. Por exemplo, no jor-nalismo comunitário, não só fundámoso LusoPresse, como tivemos influênciadeterminante em outros projetos. NoJornal do Emigrante – assegurámos a suasobrevivência durante alguns meses naausência do diretor José Aranha Eires,«exilado» no norte deste país –, RadioCentre Ville – não só como animadormas igualmente como membro do Con-selho de Administração, etc. –, no A Vozde Portugal, onde para além de chefe deredação, liderámos várias promoções –os 25 anos, as festas dos Melhores, oReferendo na comunidade em 1995, etc.Já nem falamos no facto de termos sido,até hoje, o único que se pode dar ao luxode dizer que escreveu para o La Presse eThe Gazette. De propósito olvidamosas nossas colaborações com a Rádio Ca-nadá – rádio e televisão... A lista é longa.Daí que fiquemos por aqui.

Agora a LusaQ TVDepois de termos aberto os jornais

à comunidade, pois quando nela entrá-mos ainda se andava pelo «corta e cola»,mesmo se isso nos custou alguns dissa-bores com o nosso diretor de então, hojetemos dois órgãos de informação no ati-vo. Ambos estiveram, estão e estarão aoserviço da(s) comunidade(s) que serve.E sempre com o máximo respeito portodos, como é nosso timbre. O pior é

que, em relação a nós, nem sempre otratamento tem sido o mesmo, isto paranosso desgosto. Foi o que nos aconte-ceu recentemente quando, depois deconvidados (LusoPresse e LusaQ TV)para uma festa comunitária, não fomostratados com a lisura de processos quemerecíamos. Se não vejamos: saímos decasa em direção à referida festa acompa-nhado pela repórter do LusoPresse e dooperador de câmara em serviço para aLusaQ TV. Ao chegar ao local fomoscolocados numa mesa longe da cena, aofundo da sala, sem condições para fazer-mos o nosso trabalho com minúcia eem condições aceitáveis. Contrariados,lá fomos ocupar o nosso lugar... Mas opior viria depois, quando o mestre decerimónia, na leitura dos apoios à festa,refere toda a gente, menos a LusaQ TVe o LusoPresse... Ainda admitimos umapossível falha de memória do animador,nosso conhecido e homem que muitotinha insistido para que não faltássemosà festa. Mas não. O folheto não deixavadúvidas. Ali estava escarrapachado o no-me de todos os apoiantes da festa, inclu-indo dois órgãos de comunicação social,menos o LusoPresse e a LusaQ TV...

Foi nesse momento que nos puse-mos a pensar que tínhamos encurtado afesta de aniversário da Anália – faz anos,precisamente, a 4 de junho! – e que está-vamos ali para reportar aqueles festejoscom uma despesa pessoal de quatro ho-ras de trabalho, a pagar ao operador decâmara, e sabermos que estávamos a sertratados daquela forma, como diremos,ligeira... Por isso, consultámos os nos-sos dois acompanhantes. Analisámosa situação e decidimos deixar a sala nãosem que gravássemos algumas ima-gens...

Foi nesta mas podia ser noutra...Desde o princípio da nossa saga

jornalística, e já lá vão quase 40 anos –faltam dois apenas! – que temos assisti-do a comportamentos pouco lisonjeirospara connosco e isto em relação a todosos órgãos de comunicação social poronde temos passado. Mas diremos queultimamente as coisas se têm agravado,com alguns organizadores de festas aterem o desplante de pensar – agindomuitas vezes em consequência – que nãofazemos mais do que a nossa obrigação.Obrigação, uma figa! O que fazemos,na maior parte do tempo, é dar do (nos-so) tempo e dinheiro à causa comunitá-ria... principalmente desde o momentoque aparecemos com a LusaQ TV!

Nesta história, para além de havertratamento diferenciado, mesmo de enti-dades que julgávamos insuspeitas, aindatemos de pagar do nosso bolso para di-vulgarmos e promovermos o ego de al-guns.

«Passa fora!», como diria a minhafalecida mãezinha em bom açoriano.

L P

Mensagem por ocasiãodo Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

O dia 10 de junho é uma data de especial relevância para todos nós, sendo o dia em

que revivemos a nossa história comum, comemoramos a nossa Língua e celebramos a nossa

cultura, sentindo um orgulho muito especial em sermos portugueses.

É também o dia em que colocamos em destaque as numerosas Comunidades Portuguesas

espalhadas pelo mundo, salientando o seu papel essencial no passado, no presente e para o

futuro de Portugal.

Relembrando a presença de aproximadamente 68 000 Portugueses e Lusodescendentes

na área de jurisdição do Consulado-Geral de Portugal em Montreal, e o valioso contributo da

nossa Diáspora para o desenvolvimento do Canadá, quero aqui deixar uma especial palavra

de reconhecimento e de incentivo à Comunidade Portuguesa do Quebeque e das Províncias

Marítimas.

O vosso trabalho diário é fundamental para a afirmação de Portugal, da sua cultura e dos

seus costumes, e para a boa integração de todos os nossos compatriotas neste país de

acolhimento.

Quero também deixar aqui um particular agradecimento a todos aqueles que deram o seu

tempo e o seu melhor para que o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas,

seja, uma vez mais, devidamente festejado na cidade de Montreal.

Faço votos que o espírito de unidade que preside às comemorações do nosso Dia

Nacional, e que permite a agregação de múltiplas entidades da nossa Comunidade, possa

constituir um incentivo a uma cada vez maior união de esforços. Só uma forte coesão poderá

garantir uma presença portuguesa ainda mais forte e atuante, que simultaneamente assegure

a consolidação dos vínculos de pertença à cultura portuguesa dos jovens luso-canadianos.

Desejando a todos os Portugueses e Lusodescendentes um excelente Dia de Portugal,

aqui vos deixo uma especial saudação de amizade e de reconhecimento pelo constante

trabalho em prol do nosso país e dos nossos compatriotas.

Viva à Comunidade Portuguesa! Viva Portugal!

O Cônsul-Geral de Portugal em Montreal,José Guedes de Sousa

Se o Dia da Raça sempre incomodou mui-ta gente como designação, a verdade é que ofacto de o nome de Camões sempre ter estadoassociado a esta data deve ser para todos ummotivo de regozijo. Na maior parte dos paísesos heróis nacionais são figuras guerreiras, san-tos, mártires ou homens de poder, que se impu-seram no imaginário nacional desses países.Em Portugal, o facto de os seus homens deestado terem preferido a data da morte de umpoeta como data nacional deve ser sublinhadopelo que esse simbolismo representa. Portugalnão escolheu nem santo, nem mártir, nem he-rói. Escolheu um poeta. Isto é deveras signi-ficativo para bem representar a alma dum povo.O seu romantismo, a sua poesia, o seu pacifis-mo.

Já o facto de o novo regime republicanoem Portugal ter acrescentado o nome das Co-munidades Portuguesas a esta celebração é casopara nos perguntarmos se realmente a diásporaestá ali a ser devidamente celebrada. Como di-zem os franceses “qui trop embrasse malétreint”.

Na verdade esta celebração cá fora, muitasvezes uma iniciativa consular, outras de ini-ciativa popular ou particular, raramente con-segue arregimentar uma concentração tão im-portante como acontece por exemplo com os

irlandeses que fizeram do São Patrício umafesta nacional e internacional onde quer quehaja um irlandês. Uma questão de tradição, decultura, de religião? É verdade que os santosdas igrejas são sempre mais apelativos que ospoetas mortais como Camões.

Mas, enfim, temos ao menos uma dataque pode unir todos os portugueses interessa-dos em celebrar o tronco comum, a cepa origi-nal que continua lá enraizada naquele jardim àbeira mar plantado e cujos braços e ramagensse espalharam pelos quatro cantos do mundo.Aqui em Montreal os portugueses e lusodes-cendentes não são exceção. Tal como noticiá-mos no último número do LusoPresse, pelapena do nosso colega Jules Nadeau, o 30º Fes-tival Internacional de Montreal que vai ter lugara partir de sexta-feira, dia 10 até ao dia 12, comartistas, gastronomia e um desfile no domingo,no canto da St-Urbain e Rachel, vai ser a formados lusomontrealenses festejarem esta data,com o devido orgulho pelas suas origens.

* “Em todos os sistemas genéticos huma-nos conhecidos, os repertórios de genes são osmesmos.”, André Langaney, geneticista.

EDITORIAL...Cont. da pág 1

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Página 79 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

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Na ilha de São JorgeGoverno dos Açores potencia serviço de saúde

O Governo dos Açores aprovou aadjudicação da empreitada de reabilitação e be-neficiação do edifício do Centro de Saúde dasVelas, à empresa Afavias, pelo valor de cercade 1,4 milhões de euros.

Esta reabilitação irá permitir a moderniza-ção do atual edifício, garantindo as condiçõesde segurança, higiene e conforto para os profis-sionais e utentes, além de melhores condiçõesno internamento e na consulta externa, bemcomo a relocalização do serviço de fisioterapia.

Estas obras são cruciais para o processode acreditação em curso e permitirão qualificaros cuidados de saúde prestados.

O anúncio foi feito no dia 1 de junho pe-la Secretária Regional Adjunta da Presidênciapara os Assuntos Parlamentares na apresenta-ção do comunicado do Conselho do Governoque reuniu em São Jorge no âmbito da visitaestatutária a esta ilha.

Ainda na área da saúde, o Governo auto-

rizou a abertura de concurso para admissão deum Técnico Superior de Serviço Social, umTécnico de Terapia Ocupacional e um Psicólo-go para a Unidade de Saúde de Ilha de SãoJorge.

Estas medidas traduzir-se-ão na melhoriade acesso, qualidade e eficiência dos cuidadosde saúde prestados à população da ilha, em es-pecial na área social e no acompanhamento àdeslocação de doentes, bem como no alarga-mento da capacidade de atuação da equipa deintervenção precoce na área da terapia ocupa-cional.

No âmbito das obras portuárias, o Gover-no Regional decidiu incumbir a Portos dos A-çores de lançar o procedimento para contra-tação da empreitada de construção da rampaRoll On – Roll Off no porto da Calheta, ade-quada aos navios de 40 metros, com um valorbase de 600 mil euros e um prazo de execuçãode 180 dias.

O investimento nesta infraestrutura visa

incrementar os níveis de mobilidade no GrupoCentral, potenciando o desenvolvimento defluxos naturais de passageiros e de viaturas.

No que se refere às obras em estradas e vi-as de acesso, o Executivo decidiu, entre outrasempreitadas, adjudicar a intervenção nos Cir-cuitos Logísticos Terrestres de São Jorge - rea-bilitação e beneficiação de um troço da EstradaRegional n.º 1-2.ª, entre o Aeroporto e a Ribeirado Almeida, ao agrupamento de empresasconstituído pela Tecnovia Açores SomagueEdiçor – Engenharia, pelo preço base de ummilhão de euros e com um prazo de execuçãode 12 meses.

Este troço de estrada reveste-se de vitalimportância no contexto da rede viária regionalda ilha, pois serve o tráfego rodoviário comorigem e destino no Porto de Velas e no Aero-

porto.Com a execução desta empreitada, a ilha

de São Jorge passará a oferecer melhores condi-ções de circulação automóvel e pedonal.

No setor agrícola, o Governo dos Açoresvai desencadear os procedimentos necessáriosao lançamento do concurso público referenteà 2.ª fase da beneficiação das instalações doMatadouro de São Jorge.

Esta intervenção inclui a ampliação doespaço destinado à abegoaria, sala de desman-cha e linha de abate.

Com esta obra aumenta-se a capacidadede abate do Matadouro de São Jorge e garan-tem-se as condições necessárias ao bem-estaranimal, contribuindo assim para a melhoriada qualidade da carne abatida e expedida destailha.

Criação de ‘Grandes Rotas’Diversifica oferta turística e valoriza o Destino Açores

O Secretário Regional do Turismo eTransportes afirmou a semana passada, no To-po, em São Jorge, que a criação de ‘GrandesRotas’ no arquipélago diversifica a oferta turís-tica e valoriza o Destino Açores.

Vítor Fraga, que falava na inauguração daGrande Rota de São Jorge, frisou que “as gran-des rotas, pela sua dimensão e abrangência terri-torial, têm um maior grau de dificuldade, atra-indo turistas amantes de turismo ativo e deaventura e ambientalmente exigentes”.

Nesse sentido, salientou que são “mais-valias turísticas que valorizam o arquipélago,as ilhas onde se localizam e os locais por ondepassam”.

“É fundamental termos esta perspetivade desenvolvimento de produtos turísticos queagreguem valor para a economia de cada umadas nossas freguesias e de cada local, que contri-buem para a nossa oferta integrada”, afirmouo titular da pasta do Turismo.

“O seu caráter diferenciador e o especialenquadramento com a matriz ambiental quenos carateriza faz com que sejam espaços ape-

tecíveis para a realiza-ção de grandes even-tos internacionais de‘trail run’, como o A-zores Triangle Ad-venture, o Trail Runou o Ultra Trail do Fa-ial ou o ColumbusTrail, em Santa Ma-ria”, acrescentou.

Para Vítor Fra-ga, todos estes even-tos são “suscetíveisde aumentar a noto-riedade internacionaldo arquipélago, comouma referência doturismo ativo e de na-tureza”.

A Grande Rotade São Jorge é, segun-do o Secretário Regi-onal, “mais um con-tributo para o enri-quecimento e diversi-ficação da oferta deanimação turística dailha de São Jorge, umailha onde já se reali-zam eventos impor-

tantes para o turismo regional, como até hápouco tempo, a Bienal de Turismo Rural, quepassou a ser anual e que se irá realizar nova-mente este ano, em outubro, dando seguimentoàquilo que foi anteriormente anunciado no âm-bito da Azores Nature, a travessia de StandUp Paddle, que faz a ligação entre São Jorge eo Pico e o Encontro Internacional de Canyo-ning”.

Vítor Fraga salientou que estes eventos“têm contribuído e contribuem imensamentepara o desenvolvimento turístico de São Jorge,em concreto, e do arquipélago, em termos ge-rais, tanto na captação direta de fluxos turísti-cos associados aos mesmos, como ao nível dapromoção junto de segmentos de mercadocom apetência por um destino com as caraterís-ticas” dos Açores.

“A notoriedade do Destino Açores sai re-forçada e é extremamente beneficiada com aexposição mediática que acompanha a reali-zação destes eventos e tudo isto contribui paraa construção de um destino turístico que sequer cada vez mais sustentável, gere riqueza,preserve e crie postos de trabalho, que desem-penhe o seu papel maior numa região como anossa, ou seja, que desempenhe um papel quetransforme o turismo bom para quem cá vive”,afirmou Vítor Fraga.

A Grande Rota de São Jorge, que se desen-rola ao longo de mais de 40 quilómetros, per-corre a ilha desde a Vila do Topo até à Fajã dosCubres, indo à descoberta das especificidadeslocais das fajãs, da flora endémica, da arquite-tura, da cultura, do património e das paisagensde São Jorge, de onde se destaca, naturalmente,a predominância das fajãs, recentemente clas-sificadas como Reserva da Biosfera e que colo-cam São Jorge, de uma forma muito particular,vocacionada para o turismo de natureza, comdestaque natural para os percursos pedestres,o geoturismo e o canyoning, elencados noPlano Estratégico e de Marketing do Turismodos Açores como produtos de atração primáriapara a ilha de São Jorge.

L P

L P

VÍTOR CARVALHOAdvogadoEscritório

Telefone: e fax: 2444038052480, Alqueidão da Serra - PORTO de MÓS

Leiria Estremadura (Portugal)

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Página 99 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

O LEÃO MONIZ SERENO NO PARAÍSO• Por Adelaide VILELA

A morte é um argumento poderosoque à vida pertence.

No momento em que saímos do ventreda mãe ganhamos luz vinda do Universo. Si-multaneamente, basta abrir os olhos, e her-damos o fim dos nossos dias. Muito cedo per-cebemos que a vida é uma passagem na terra,num Mundo que é de todos e não pertence aninguém. Mais maduros acreditamos que o ma-ior prémio que a vida nos traz é a sabedoria, sereconhecermos os tempos e os momentos queexistem entre o nascimento e a morte. A Bíbliasagrada revela que todo o Ser humano deve a-preciar o que lhe foi dado pois, no dia da verda-de, ricos e pobres entrarão pelo portão eternoe aí ficarão para sempre. Mas será que todosressuscitarão?

A vida é tudo e nada… nascer e morrersão mistérios envolvidos na essência do verboque dá vida a qualquer mortal. Discutir este as-sunto, indo mais longe, seria doloroso e nãolhe daríamos a devida importância, sobretudoneste período de convalescença, depois de umalonga hospitalização.

Nesta hora, o melhor é dar a conheceraos nossos leitores como foi difícil perder oleão mais majestoso e fiel ao seu clube sportin-guista. José Moniz nasceu na ilha de S. Miguel,casou na Terceira e fechou serenamente osolhos aos 75 anos de idade. Veio a finalizar osseus dias com a bela terceirense que escolheu, aqual lhe deu quatro filhos maravilhosos, três

raparigas e um rapaz: Elisabeth, Cidália, Suzye Richard. Este braçado de filhos, por seu turno,brindara seus pais com os rebentos que emseus lares a cegonha depositou, como floreslindas. A Elisabeth preferiu dedicar-se (de cor-po e alma) aos pais, antes de pensar num bem-amado. Estamos certos de que, lá do Céu, seupaizinho solicitará a Jesus: “leva o melhorcompanheiro à minha amada filha”!

Está na hora de dizer adeus ao José Moniz.Todavia, quero felicitar Ângela Moniz, seus fi-lhos, sobrinhos e amigos, sobretudo os quenão quiseram medir tempos nem minutos paraacudirem ao centro de cuidados paliativos doHospital Marie Clarac, a fim de consolar a famí-lia e dar apoio ao doente, em estado final. Foia partir do citado Hospital, onde também esti-ve internada, no departamento de ortopedia,que me foi dado conhecer a situação dolorosadesta família amiga. Há tanto tempo internado,foi mais um caso pouco falado… Bem me pa-rece que a cultura portuguesa aponta para que,de boca a orelha, se fale muito dalgum escânda-lo ocorrido aqui, pelo Mundo, ou de ajunta-mentos festivos ou religiosos. Que pena, sãoos que mais sofrem que perdem os ditos ami-gos… isto, quando as lágrimas correm até for-marem um rio de pensamentos e sofrimentos.Obrigada à D. Zélia por me ter informado doestado do leão.

Zé capitão entrou na nuvem eterna belo esereno: olhos nos olhos com a sua ÂngelaVieira Nunes Moniz. Por muito difícil que sejacontrolar a dor e o equilíbrio, no momentoem que perdeu o seu bem-amado, a esposa do

capitão reuniu coragem, forças e energias parafalar de amor, com ternura e dedicação, ao seuhomem do coração, rodeada dos filhos, de al-guns familiares e amigos. Eu também aí estava,em pijama, triste como a noite do dia 21 demaio que acabou por levar o leão, da comuni-dade portuguesa de Montreal.

Nascemos pequeninos, inocentes, cres-cemos como árvores; deixamos ramos na terrae partimos sem saber o porquê da “negra”morte…

José Moniz:Morreu grande capitão…Com verde amor e glóriatodos lhe deram razãoaté ao dia da vitória.Quando abraçou Jesus,para o Céu foi o leãonaquela nuvem de luzapagou-se o coração…

Promessa cumprida, alma iluminada! Noúltimo sopro de vida de José Moniz, no meioda família, prometi àquela alma, prestes a deixara Terra, que lhe faria uma oração em forma depoesia. Aqui fica então, a título póstumo, estaminha singela homenagem para o leão maisaguerrido e amigo, como sportinguista, queconheci por terras do Canadá.

Como nota de conclusão: sinceras condo-lências, por parte do Lusopresse e da LusaQTV., coragem a toda a família: À Cidália eEnzo seu marido e filhos: Vanessa e Anthony.À Suzy e meninas: Jasmine, Anna Bella,Angela e Victoria. Ao Richard, sua esposaSandra e filhos, Joshua e Noah, à Elizabeth.À viúva Ângela e a todos, o nosso abraço

consolador.L P

Mais uma amigo que se foi. Um amigo bom,daqueles com quem dá gosto lidar. Era umgrande sportinguista e disso dava a sabera quem o quisesse ouvir. As Ordens mili-tares também eram com ele.

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Página 109 de junho de 2016 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

ESTA LÍNGUA QUE É UM MAR

ONDE SE VIAJA COM ESTA LÍNGUA QUE NOS UNE E SEPARA• Por Carlos TAVEIRA

Quando euera um pirralho, o dia10 de junho chama-va-se Dia de Camões,de Portugal e da Ra-ça, chama-se hojeDia de Portugal, deCamões e das Comu-nidades Portuguesas.Para mim, é o dia des-ta língua que partilha-mos, a mesma dequem um poeta se reclamava cidadão: a minhapátria é a língua portuguesa. Será a tua, prova-velmente, porque se lês este artigo deves tercrescido na língua de Gil Vicente, Luís de Ca-mões, padre António Vieira, Mariana Alco-forado, Eça de Queirós, Fernando Pessoa (otal que é dela cidadão), Castro Alves, Machadode Assis, Cecília Meireles, Osvaldo de Andrade,Vitorino Nemésio, António Jacinto, Agosti-nho Neto, Viriato da Cruz, Alda Lara, JoséCraveirinha, Amílcar Cabral, Florbela Espanca,Pedro Cardoso, José Saramago… E de quantosoutros!

Houve alguém que disse (esqueci-me dequem, acho que foi um brasileiro) que a línguaportuguesa se divide em dois períodos: até Eçae depois de Eça. Outros opõem-lhe o padreAntónio Vieira, a língua portuguesa seria coisaobscura até ser iluminada pelo autor do Sermãode Santo António aos Peixes. Contudo, a mai-oria de nós considera Luís de Camões como oexpoente máximo dessa flor do Lácio, incultae bela nas palavras de Olavo Bilac que, apesardo amor que votava à língua que ilustrou, a fe-riu na sua susceptibilidade. Porque é bela sim,inculta não.

É língua antiga que desabrochou num ra-mo comum, o galego-português, nas monta-nhas do norte peninsular de onde caiu, de achade armas em punho, sobre sarracenos e caste-lhanos que expulsou. Cresceu entre cristãos,judeus, burgueses, plebeus e reis, amadureceu,enobreceu-se, popularizou-se e emancipou-senum retângulo de terra talhado a fio de espada.Espartilhada numa cota de malha assaz miúdapara lhe conter o ímpeto montanhês, arrancouaos pinhais veleiros, com nomes de santos,que armou e lançou ao mar oceano. Neles em-barcou, levantou ferro, içou velas com a cruztemplária e, de coração nas mãos e rezas noslábios, fez-se ao largo para enfrentar adamas-tores que se escondiam nas brumas medonhasdo fim do mundo.

O sopro do lariço de Cascais empurrou-apara a linha do horizonte, as nortadas para osul e, manobrando entre os ventos camachei-ros da Madeira e mata-vacas dos Açores, foi-se instalando em ilhas luxuriantes, desertas depessoas. Lavrando o mar de vaga em vaga, bo-linando ou de vento em popa, chegou aos alí-sios que sopram aguaceiros sobre o Equador,cintura dividindo o mundo em dois hemisfé-rios. Ouçamos o cidadão da língua portuguesasintetizar esta aventura numa das mais belasquadras da sua Mensagem:

«E a orla branca foi de ilha em continente,Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

E viu-se a terra inteira, de repente,Surgir, redonda, do azul profundo.» (*)

Nessa orla branca, que foi cartografando,a língua negociou aguadas e géneros frescos,instalou feitorias, misturou-se aos idiomas lo-cais, mestiçou-se e deu à luz línguas francas,sementes de futuros crioulos, deixando algunspadrões na esteira das naus e cruzes por todoo lado. Permutaram-se vocábulos, e se algunscriaram raízes em terra firme, outros embarca-ram nos conveses atulhados de cordas e rudespés descalços. Nas torna-viagens, os marujosportugueses traziam a África nos lábios, nãofumavam a pipa ou a pipe como os espanhóis,ingleses ou franceses, era no cachimbo que seviciavam em nicotina, a confusão era um ban-zé, o charco de água uma cacimba, a sonecaum cochilo, as contas eram missangas, o mexe-rico um zunzum, a desordem uma bagunça, apalhota uma cubata. E sob os gritos de mestresque enviavam nuvens de trinqueiros aos vela-mes, espraiou-se pelo hemisfério sul, onde hojeé a língua mais falada, chegou ao oriente, insta-lou-se entre indianos, japoneses, malaios, chi-neses… E inventou a tal palavra que lhe é tãocara: saudade!

Em África e na América do Sul encontroufuturo: a uma arrebatou milhões de escravosvendidos à outra a preço de ouro. Embarcou-os nos fétidos porões dos mesmos navios,com nomes de santos e cruzes templárias, ar-rancados aos pinhais do reino. Durante sécu-los, entre as duas margens de dois continentes,ela baptizou, acorrentou, chicoteou, comproue vendeu milhões de seres humanos, cujos ros-tos desesperadamente pasmados lhe trou-xeram uma palavra mais, a ela já tão rica deadjetivos: banzo! E esses mesmos humanos,banzados, reproduziram-se na terra da sua clau-sura a quem os mestres chamavam Brasil. Ali,milhares de escravos alforriaram-se eles mes-mos, servindo-se da língua do cativeiro paralevantarem quilombos de liberdade na Repúbli-ca de Palmares. Tinham compreendido umaterrível verdade hoje tão esquecida: a liberdadeconquista-se, o rei, o explorador e o governantenunca a oferecem. A língua dividiu-se entãoem dois campos: o da emancipação, que traziaurros de bravura e futuro; e o da escravidãoque, ignorante dos ventos da história e de olhosfitos no lucro imediato, vociferava ódios à liber-dade. E quando Zumbi dos Palmares, o imortal,foi decapitado, e sua cabeça salgada e espetadano poste duma praça pública, os executoresacreditavam tê-lo silenciado e vencido o mitoda sua imortalidade. Contudo, não se decapitauma língua e mesmo se Zumbi não era imortal,ainda não morreu. Há quem hoje se esqueçadessas lições que viajam nas memórias destalíngua tão cheia de mundo.

Ela foi testemunha da crueldade de gravesautoridades eclesiásticas que, de mitras nas cabe-ças e rezas em latim nos beiços diabólicos, pe-garam fogo a milhares de fogueiras onde ar-diam, em vida, archotes humanos, num ritualde purificação bárbaro. Tudo isso em nomeduma religião e dum homem que nada daquilotinham pedido. Porque matar em nome deDeus, como disse o único prémio Nobel de li-teratura desta língua que mereceu vários: matarem nome de Deus é fazer de Deus um assassino(**).

A língua portuguesa serviu fielmente, du-rante séculos, um império que se alastrou pelomundo como uma vaga, construindo fortale-zas e abrindo rotas, colonizando, dividindo eunindo. Contribuiu a pavimentar auto-estradasde água por onde circularam as riquezas que osescravos produziam, inspirando outras, seme-lhantes, invisíveis todavia mais eficazes, elec-trónicas, na futura época da híper tecnologia.Como todo o império chega ao fim, e quemcontesta se serve da língua que o construiu pa-ra o derribar, a língua gritou revoltas, guerrilhase independências. Quando a vaga, enfim, enro-lou bandeiras e recolheu à concha onde nascera,deixara pelo mundo pátrias novas, coloridasde amazônias, gorongozas, namibes, pânta-nos de mangue, cafezais são-tomenses e ilhasde fogo. E em cada uma das pátrias novas, alíngua adaptou-se a climas variados e gentesexóticas: no Brasil conta-se com quantos pausse faz uma canoa; em Moçambique se amanhe-ce a cantar ou chorar; em Angola se consegueou se desconsegue bué; na Guiné fuma-se umaordem; em São Tomé tudo vai leve-leve; emCabo Verde tem morabeza. Nesses novos uni-

versos por ela criados, ela canta e dança comharmonias e requebros distintos, desde os fa-dos aos sambas, do kuduro às coladeiras, dogumbe à marrabenta.

Ainda hoje nos perguntamos por que razãoa língua portuguesa produz quase todos os sonsdo mundo. Li num magazine francófono queo ão imita o estoirar das vagas na linha da re-bentação, e o ch, sh, (ce son chuintant) simula ochiar da espuma espraiando-se areais acima.Sendo assim, quando falamos português é como mar nos lábios que o fazemos.

A língua portuguesa criou bolsas de emi-grantes em vários países do mundo onde lutapara se manter viva. E é por isso que a escreve-mos aqui, neste país de frios e gelos, nas vés-peras deste curto verão que se anuncia. Porqueela não é uma pátria, como queria o poeta, elasão vastos universos pertencentes a muitas pá-trias que partilham um paradoxo difícil de resol-ver: por que razão uma língua tão antiga, tãoespalhada e tão rica, é falada por tanta gentetão pobre?

(*) PESSOA, Fernando, Mensagem, 1934.(**) SARAMAGO, José, Outros Cadernos

de Saramago, artigo Deus como problema, pu-blicado pela Fundação José Saramago a 16 deoutubro de 2008

Este artigo é também publicado no blogue:O Blogue do Beto Piri. © Carlos Taveira

Les Offices jeunesse internationaux du Québec

Noite de PrémiosLUSOPRESSE, em Quebeque – Foi

sob a presidência do primeiro-ministro, Phi-lippe Couillard, que por sua vez estava acompa-nhado do Presidente da Assembleia Nacional,Jacques Chagnon, e da ministra das RelaçõesInternacionais e da Francofonia, Christine St-Pierre, que foi levada a efeito a cerimónia daentrega do 8° Prémio Les Offices jeunesse inter-nationaux du Québec. A referida cerimóniateve assentos no passado dia 31 de maio numadas salas do Restaurante Parlamento, da As-sembleia Nacional do Quebeque.

Numa receção assaz concorrida, os galar-doados foram desfilando à medida em que fo-ram sendo chamados ao palco pelos dois jo-vens animadores cheios de classe e bom desem-penho. De seguida, a personalidade convidadapara fazer a entrega da respetiva estatueta, tinhade fazer, embora de maneira sucinta, o elogiodo(s) candidato(s) ou candidata(s).

Os prémios focalizaram diversos temas,desde a Inovação à Exportação e novos merca-dos, da Realização estudantil ao Desenvolvi-mento da carreira, do Engajamento cidadão,ao Empreendedorismo social, todos eles, claro,dirigidos à juventude quebequense, tão capazcomo as melhores.

No final, o Grande prémio LOGIQ foiatribuído a Dragan Tutic e a Renaud Lafortune,dois jovens que criaram a companhia OnekaTechnologies com o objetivo de «conceberemmódulos autónomos de produção de água po-tável pela simples força das vagas como fontede energia». Encarregou-se de os homenagearo primeiro-ministro do Quebeque, o DoutorPhilippe Couilllard.

Les OfficesPara quem desconheça, o LOGIQ é um

organismo sem fins lucrativos que se ocupa,nomeadamente, por encaminhar a juventudepara questões de trabalho, passando por está-gios em qualquer parte do mundo, logo que oprojeto apresentado obedeça aos requisitospré-determinados.

Vejamos alguns dos seus programas.• Estudos, estágios e projetos estudantis• Emprego, inserção social e profissional• Empreendedorismo• Desenvolvimento profissional• Engajamento cidadãoComo participar? Respondendo a uma

oferta...Apresente o seu projeto, submetendo a

sua candidatura, respeitando os períodos deentrega (quatro ao ano). L P

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CAMPANHA ELEITORAL AMERICANA

HILARY CLINTON CADA VEZ MAIS PERTO DA VITÓRIA• Por António DA SILVA CORDEIRO

No princípio do mês de maio, veio apúblico a disputa entre Donald Trump e PaulRyan, Speaker da Câmara dos Representantese terceiro na linha de sucessão. Se houver umasituação em que o Presidente e o Vice-Presiden-te fiquem incapacitados de exercer os respeti-vos cargos, o Speaker será automaticamentejurado na posição de Presidente, escolherá umVice-Presidente e formará governo. Na realida-de, Paul Ryan é o mais alto governante republi-cano eleito. Homem muito inteligente, numaentrevista na TV declarou que não estava aindapreparado para endossar Donald Trump, quefora declarado o presumível candidato Republi-cano às finais. Desde logo convidado a presidirà Convenção Republicana, declarou que, se Do-nald Trump assim o desejar, deixará esse cargo.Delicada e publicamente, dá crédito a Trumppela laboriosa vitória nas primárias. No meiodesta “crise”, reaparece Sarah Palin afirmandoque a carreira política de Paul Ryan chegou aofim e que ela fará tudo para que ele se demita deSpeaker.

Entretanto, Donald Trump nomeia o Go-vernador de New Jersey, Chris Christie, líderdo Comité de Transição para a Casa Branca.Christie foi o primeiro dos candidatos republi-canos a endossar Donald Trump, depois dedeixar a campanha eleitoral.

Nota interessante: uma das organizaçõesque se especializam na análise da verdade dosfactos e afirmações, chamada ‘Factchecking’,afirma que 70% das declarações de Trump sãofalsas; a Secretária Clinton foi o candidato maisverdadeiro da campanha das primárias.

No dia 10 de maio, Bernie Sanders ganhouo 19º estado na West Virginia com 51% dovoto popular, contra 36% de Clinton. Sanderscontinua basicamente sem esperança; Hillaryjá tem 94% do número mágico, se se incluiremos votos dos superdelegados que Sanders dis-puta.

Donald Trump, no mesmo dia, com asvitórias em Nebraska e West Virginia, já chegoua 92% do número mágico de 1237. Natural-mente há que notar que agora, e até ao fim dasPrimárias, Trump está sem oposição. BernieSanders está comprometido a continuar a cam-panha e esta vitória de West Virginia realça asdificuldades de Clinton em ganhar os votantesmasculinos brancos, independentes, bem co-mo a juventude univeristária. Ele continua aencher arenas e estádios, principalmente emuniversidades, mas a angariação de fundos bai-xou e os anúncios também são menos. Pareceque está concentrado apenas nos comícios di-rigidos à juventude universitária.

Os democratas não tiveram eleições noestado de Nevada porque já tinham tido o seucaucus. Todavia houve uma convenção estatal(parte da confusão das primárias americanas)que terminou em desordem e alguma violênciacom cadeiras a voar e ameaças (até de morte)contra a presidente do partido democrata deNevada. Sanders denunciou a violência, masculpou o Comité Nacional Democrata de serdemasiadamente a favor de Clinton. Tem ha-vido declarações algo desagradáveis da parteda campanha de Sanders. Clinton tem mantidouma distância prudente e muito inteligente so-

bre o assunto, concentrando-se na reconcilia-ção do partido, muito dividido nesta altura dacampanha. O Comité Nacional Democrata es-tá preocupado com as ideias e previsões quelhe chegam no que se refere a ameaças de violên-cia por parte dos apoiantes de Sanders na Con-venção em Filadélfia, no mês de julho. Pareceque parte dos dirigentes da campanha de San-ders estão a forçar o Senador a decisões quenão estão de acordo com o seu carácter. Adep-tos de Sanders já têm licenças da Câmara Muni-cipal de Filadélfia para fazer manifestações nasruas próximas da Convenção. Daqui a dis-túrbios e a violência pouco falta. Já se estão apreparar para serem presos e para os processoslegais em que se envolverão. Nada disto, nofim, prejudica Clinton, mas pode prejudicarseriamente o Partido Democrata e até os resul-tados das eleições em geral – as presidenciais,as eleições para o Congresso, principalmenteo Senado, e as eleições locais. A liderança dopartido democrata está preocupada porque nãose prevê grande vontade de cooperação porparte do team Sanders na reunificação do par-tido para a campanha presidencial. Veja-se estecomentário de um “Mayor” da Califórnia queapoia Sanders: “O Senador Sanders não estáobrigado a ajudar a Secretária Clinton, se elaganhar. Isso é uma decisão que o seu (de San-ders) team pode tomar, se tiver de se confron-tar com essa escolha”. Esta campanha de terra-queimada de Sanders é um presente a Trump.É um jogo perigoso. Se ele e a sua equipa conti-nuam estes ataques contra o partido democrata,eles apenas terão sucesso em eleger DonaldTrump para presidente. O facto de que Clintonestá tão à frente que não permite Sanders ganharpoderá salvar este país do caos. A divisão noPartido Republicano também continua viva:Trump, Ryan e os “Trump Never”, emboraestes últimos estejam a deixar de se preocuparcom Trump e a concentrar-se nas eleições parao Senado e a Câmara dos Representantes, con-tinuam a não estar unidos. O Presidente doComité Nacional Republicano, Reince Priebus,organizou um encontro de Trump e Paul Ryan,apenas três pessoas. As diferenças políticasentre os dois continuam a ser grandes e é vã aesperança de que Ryan consiga mudar Trump;ele poderá conseguir concordar convenien-temente em muitos pontos de discórdia paraposteriormente se desdizer como é usual. Oque mais une o Partido Republicano é o ódioa Hillary Clinton. Por isso, os democratastêm que se unir e ter cautela porque Trump po-de ganhar a eleição presidencial.

Nessa mesma ocasião, Trump teve reuni-ões com a liderançada Câmara dos Represen-tantes e com o líder da maioria republicana doSenado. Foram frequentes as sugestões de queele mude e modere o tom das suas declarações,principalmente no que se refere à imigração.Muitos endossos dos Representantes são con-trabalançados por Representates e Senadoresem posições difíceis nestas eleições a quererema liberdade de não ter que alinhar 100% comDonald Trump. Importante e preocupante pa-ra o Partido Republicano é que a oposição aTrump continua muito forte entre os tradicio-nais doadores políticos e os intelectuais con-servadores que apoiam Paul Ryan.

Interessante a perpicaz observação do co-

lunista de The Washington Post, E. J. Dione,que disse recentemente que “culpar o Presiden-te Obama pelo aparecimento de DonaldTrump é popular e frequente entre os líderesrepublicannos. Eles não querem assumir aresponsabilidade das escolhas feitas pelos seuspróprios eleitores, ou da sua cumplicidade aotolerarem e até encorajarem o extremismo re-presentado por Trump. Também não queremconfrontar o facto de que muitos dos votos afavor de Trump foram dirigidos a eles.”

Poucas Primárias até agora foram tão re-nhidas como as de Kentucky e Oregon, nopassado dia 17 de maio. A eleição em Kentuckyfoi basicamente um empate, 27|27 delegadospara Hillary e para Sanders, embora Clintontenha tido mais votos e, portanto, tenha conse-

MENSAGEM A TODOS OS LAGOENSES:Cristina Calisto Deq Mota,

presidente da Câmara estará entre nós nos dias 8, 9 e 10 de julho!Todos estão convidados para a encontrar.

Novidades na LusaQ TV e na próxima edição do LusoPresse.Informações: (514) 835-7199 (Norberto Aguiar)

guido a vitória. Triunfo importante para Clin-ton psicologicamente e do ponto de vista táti-co. Ela consegue ganhar, ainda que Sandersteimosamente continue na corrida sem qual-quer hipótese de sucesso. A divisão partidáriaé, aparentemente, mais séria no Partido Demo-crata do que no Republicano. Nos democratas,o problema, mais agudo e pouco falado, é opossível afastamento da campanha eleitoralde alguns sindicatos e ativistas ambientalistas(os “verdes”, na Europa). Eles farão falta tantona doação de fundos como nas atividades noterreno. Este facto pode ter muita importâncianas economias e na angariação de fundos paraa eleição presidencial. Não há dúvida que osfundos democratas procedem das pequenascontribuições individuais, de muitos milioná-rios e bilionários relacionados com a Wall Streete, muito importante, das milionárias contribui-ções dos sindicatos que são, tradiconalmente,democratas.

Whiting, New JerseyL P

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Sábado, em Los AngelesProdutor de Gondomar recebe “Óscar”GONDOMAR, Porto - O produtor

português Paulo Ferreira recebe sábado em Los

Angeles, Estados Unidos, dois prémios noâmbito de um festival que é descrito como os“Óscares” dos documentários independentes

por um trabalho realizado na Noruega.Trata-se do Hollywood International IndependentDocumentary e Paulo Ferreira venceu nas cate-gorias de documentário e de melhor fotógrafode ‘timelapse’, uma técnica que consiste emsequências de fotografia reproduzidas em vídeocom o tempo a apresentar-se de forma muitorápida.

O vídeo com oqual o produtor por-tuguês venceu os“Óscares” do docu-mentário indepen-dente chama-se“Nordlys - the nor-thern lights” e versasobre as auroras bo-reais, um fenómenonatural que só é pos-sível visualizar em lo-cais de pouca ilumina-ção artificial como éo caso das zonas aci-ma do Círculo PolarÁrtico.

Paulo Ferreira fo-tografou durante umasemana na Noruegacom dois objetivos:“por um lado alertarpara a evolução daTerra e dar a conhecerfenómenos naturais epor outro mostrar abeleza das auroras bo-reais”, descreveu à a-gência Lusa.

“Tive sorte como fenómeno porque

nos dias em que lá estive fui brindado com auroras bo-reais intensas”, acrescentou.

O “Nordlys” - que corresponde à designação noru-eguesa para “Luzes do Norte” - é composto por maisde nove mil fotografias, tem narração do americanoConrad Harvey e é completado por uma parte narrativacedida pela NASA.

“Não estava à espera. O facto de ter ganhado esteprémio pode não significar, de imediato, um retornodireto, mas é bom sentirmos que aquilo que fazemos eem que nos empenhamos é reconhecido. Até porquemuitas das vezes colocando os nossos recursos querpessoais, quer profissionais e familiares ali”, apontouPaulo Ferreira que se descreve um “autodidata” e “apai-xonado” pela técnica de ‘timeplace’.

A par do trabalho no terreno, Paulo Ferreira, que édesenhador, projetista e informático, contou à Lusaque tem vindo a aperfeiçoar os seus próprios equipa-mentos de modo a explorar todas as potencialidadesda técnica, solicitando, nomeadamente, parcerias a pes-soas ligadas à área da robótica.

O vídeo vencedor no Hollywood International Inde-pendent Documentary foi realizado graças a uma campanhade ‘crowdfunding’ (apelo ao financiamento coletivo de proje-tos através de uma plataforma ‘online’), na qual Paulo Ferreiraconseguiu cerca de metade (1.800 euros) da verba necessáriapara a viagem, alojamento e transporte de material, enquantoo restante foi investimento próprio.

“Por muito que nos empenhemos, há sempre luz ar-tificial nas proximidades ao local onde apontamos as nos-sas objetivas, daí que tenha procurado um local onde podiaver-me livre dessa poluição”, descreveu Paulo Ferreira quevoltou da Noruega com menos seis quilos depois de fazervários percursos em trenó com “neve até ao pescoço”.

O produtor de Gondomar, distrito o Porto, venceutambém recentemente um prémio no Festival Time-lapse Showfest em Madrid, Espanha, com um trabalhosobre as montanhas, ribeiros e planícies do ParqueNacional Picos da Europa. L P

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PELO CANADÁGENERAL LUÍS DE SOUSA RECEBE ORDEM DE MÉRITO MILITAR

• Por Norberto AGUIAR

O General Luís de Sousa acaba de

receber das mãos do Governador Geral do Ca-nadá a insígnia da Ordem de Mérito Militar. Asignificativa cerimónia teve lugar em Otava,nos aposentos do representante da rainha Eli-

zabeth, no passado dia 3 de junho. Na ocasião,o General Luís de Sousa fez-se acompanharde sua esposa Gorety Tavares, do seu casal defilhos, e de vários familiares. O recebimentodeste galardão significa os altos serviços que oGeneral Luís de Sousa tem prestado ao Canadá,o seu país de adoção.

Recorde-se que o General Luís de Sousanasceu em Livramento, no concelho de PontaDelgada, em São Miguel (Açores), tendo de-pois emigrado para o Canadá com a idade decinco anos. Nessa altura pairava a guerra colo-nial em África e todo o pai queria sair do país,sobretudo se tinha rapazes. Foi o que fizeramos pais do General: deixaram a terra para queos filhos não fossem parar à guerra que tantasvítimas fazia (fez) no Ultramar...

militar, nós, do LusoPresse e agora da LusaQTV, fomos tomando-lhe o pulso, isto é, fomostendo a rara oportunidade de ir relatando partedo seu percurso, brilhante como se vê.

O General Luís de Sousa também tem si-do generoso para connosco ao ponto de já terparticipado em algumas das promoções do Lu-soPresse e da LusaQ TV.

Depois de ter tirado o curso de engenheiroelétrico na Universidade de Otava, o GeneralLuís de Sousa foi chamado a fazer várias comis-sões de serviço no Haiti, na antiga Jugosláviae no Afeganistão, nomeadamente. Depois, em2003, partiu para Inglaterra, onde para além decursar em diversos domínios de ordem militar,ele conclui um mestrado em Tecnologia de De-fesa.

Por esta condecoração, que muito orgulhaa nossa comunidade, aqui deixamos ao GeneralLuís de Sousa, sua esposa e filhos, os parabénsda parte do LusoPresse e da LusaQ TV!

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Ironia do desti-no, o jovem Luís deSousa, quando atin-giu a idade de 12 anos,entrou nos cadetes,para logo de seguida,aos 18, ingressar nasForças Armadas Ca-nadianas. Depois foisempre a subir, numaautêntica carreira me-teórica que, hoje, ocoloca numa posiçãode destaque no seiodo exército canadia-no. De resto, nalgu-mas etapas da sua vida

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O General Luís de Sousa, depois de agraciado, com a esposa Goreti Tavares e filhos,nos jardins da residência do Governador Geral do Canadá.

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IMPACTO BATE SUPERCAMPEÃO!• Por Norberto AGUIAR

No último jogo que disputou para oseu campeonato, no sábado, dia 28 do mêspassado, o Impacto teve uma atuação deverasmeritória ao vencer, no seu reduto, o Galaxyde Los Angeles, por 3-2, numa partida bemdisputada e com o resultado indefinido até aofim do jogo. De resto, foi já em tempo de des-contos que os montrealenses chegaram à vi-tória, num golo obtido por Didier Drogba,na marcação de um livre à entrada da área dosforasteiros. Um potente remate de pé direitode Drogba, que podia ter sido defendido peloguardião angelino, pois a bola foi em sua dire-ção, deu golo e assim deu para conquistar osrespetivos três pontos da vitória, quando jáninguém esperava que isso acontecesse... foi aprimeira vitória do Impacto diante do La Gala-xy desde que passou a fazer parte da MLS.

Com tão preciosos três pontos conquis-tados, logo perante uma das melhores e maisgalardoadas equipas da liga, o Impacto deu umpasso adiante na tabela classificativa, agoraocupando o terceiro lugar, a quatro do Uniãode Filadélfia, que segue surpreendentementeem primeiro, com 24 pontos, mas com maisum jogo disputado que os azuis e pretos deMontreal.

Com mais uma semana de interregno docampeonato por mor da realização da CopaAmérica Centenário nos palcos futebolísticosdos Estados Unidos, o Impacto tem na dispu-ta do Campeonato do Canadá a sua escapatóriaestressante... Contudo, se os montrealensesquiserem voltar à Liga dos Campeões da CON-CACAF, onde tão boa figura fizeram há doisanos a esta parte quando só foram batidos nafinal pelo poderoso e ganhador Clube Américado México, não se podem descuidar, como ve-remos adiante.

Campeonato do CanadáDepois do sorteio ter acasalado o Toronto

FC x Impacto de Montreal na meia-final doCampeonato do Canadá – a outra meia-finalpôs o Fury de Otava contra o Whitecaps deVancouver – a eliminatória logo se adivinhouproblemática, não fossem estas duas equipasrivais de «olho por olho» e «dente por dente».E o primeiro jogo confirmou isso mesmo...

Foi na passada quarta-feira (dia 1 de junho)que as meias-finais do Campeonato de Futeboldo Canadá tiveram lugar. Em Toronto, a equipalocal recebeu o Impacto, enquanto em Otavao Fury recebia o Whitecaps. E nos dois desa-fios pode considerar-se que houve surpresa. Amaior terá sido a derrota do Whitecaps diantedo Fury, uma equipa que disputa a Segunda Di-visão do futebol norte-americano. O resultadofoi de 2-0, números que podem complicarmesmo o apuramento do atual campeão doCanadá quando receber, em casa, os homensda capital federal (no momento de escrever es-te texto o resultado de ambos os jogos são-nos desconhecidos).

Já no jogo de Toronto, se bem que a vitóriados torontoenses pudesse ser plausível, a ver-dade é que sofrer quatro golos – o marcadorchegou a assinalar um 4-0! – não estava namente nem do mais otimista adepto dos «ver-

melhos»... Para além disso, o Toronto FC jogouquase com a sua equipa reserva por razões deforça maior, como ter dispensado jogadorespara as seleções (Bradley, Jonhson...); e outroslesionados (Altidore, Giovinco...), isto nomesmo momento em que o seu treinadoraproveitava a oportunidade para rodar algunssuplentes e experimentar algumas das suas jo-vens promessas, refletidas na grande exibiçãodo atacante Hamilton, autor de dois belos go-los.

É verdade que o Impacto também foi for-çado a alinhar com uma defesa nova, a começarno guardião Kronberg e a terminar em KyleFisher, isto para não falar em Jeremy Gagnon-Lapare, dois elementos que têm atuado quasesempre no FC Montreal, equipa reserva doImpacto e que disputa a Terceira Divisão norte-americana, prova que conta com 29 equipas.Mas o Impacto tinha obrigação de fazer me-lhor no decorrer deste embate. Não fosse um«forcing» final e os montrealenses teriam dei-xado a cidade rainha do Canadá vergados a umagoleada que lhes teria deixado as portas da eli-minação escancaradas.

Agora, no segundo jogo, o Impacto temde recuperar uma desvantagem de dois golos,o que não sendo fácil, não é de todo impossí-vel. O facto de ter apontado dois golos no ter-reno do adversário pode ter influência decisivana passagem à final.

Mesmo atendendo aos condicionalismosque ditaram estas meias-finais, consubstancia-dos nos resultados verificados, ainda acredita-mos que a final deverá opor o Impacto aoWhitecaps.

Entretanto, como informação comple-mentar, adiante-se que o Fury de Otava, parase qualificar para as meias-finais, teve de defron-tar o Edmonton FC, também da Segunda Di-visão norte-americana. No conjunto dos doisjogos, o Fury de Otava vingou-se da eliminaçãoda temporada passada, vencendo agora por 3-2 (0-2 e 3-0).

Canadá melhoraNuma fase em que a Copa América Cen-

tenário está em plena atividade e que o Campe-onato da Europa está aí à porta, o Canadá apro-veita para disputar jogos amigáveis que o permi-tam ganhar traquejo para os jogos de apura-mento para o Mundial Rússia 2018, a disputar

Taça a entregar ao campeão do Canadá em Futebol.

no próximo mês de setembro. Assim sendo,deslocou-se à Europa, mais precisamente àÁustria para defrontar o Azerbaijão e oUzbequistão. No primeiro jogo, diante daquelaequipa, o Canadá começou por ganhar, mas

depois deixou-se empatar (1-1). Apesar disso,o Canadá fez um jogo sério, próprio de umaequipa que está em plena formação. Jogadorescomo Cyle Laurin (21 anos) e Tesho Akindele(24 anos) já começam a demonstrar que o Ca-nadá tem futuro e que esse futuro já pode passarpor esta fase de apuramento para o Mundial,

apesar de ter como grande adversário a pode-rosa formação do México.

Entretanto, na terça-feira, o Canadá de-frontou, ainda na Áustria, o Uzbequistão, ten-do o resultado sido favorável ao Canadá por2-1.

Próximos jogos do Impacto18 de junhoColumbus Crew x ImpactoSábado, dia 25 de junhoEstádio Saputo, às 19h30Impacto x Sporting Kansas City.

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