EDITORIAL O INFERNO Vol. XXI • N° 373 • Montreal, 22 de...

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A N I V E R S Á R I O . . º º 8042 boul. St-Michel Satellite - Écran géant - Événements sportifs Ouvert de 6 AM à 10 PM 37 37 376-2652 Vol. XXI • N° 373 • Montreal, 22 de junho de 2017 Cont. na pág 13 LusoPresse 20 anos: Mais um patamar de cultura Para benefício de todos • Leia artigo de Raúl Mesquita, pág 6 Serenamente... Partiu Marques da Silva • Leia texto de Adelaide Vilela, pág. 3 POLIMENTO DE SOALHOS Instalação de pisos de madeira MIRANDA Telefone: 514-272-0519 La vie est plus radieuse sous le soleil Manuel Resendes 514-895-1649 [email protected] www.sunlife.ca/manuel.resendes Conseiller en sécurité financière, Distribution Financière Sun Life (Canada) inc.†, cabinet de services financiers Représentant en épargne collective, Placements Financière Sun Life (Canada) inc.†, cabinet de courtage en épargne collective †Filiales de la Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vie La Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vie est membre du groupe Financière Sun Life. © Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vie 2017. Seguro de Vida Seguro de Hipoteca Invalidez e Doenças Criticas Investimentos REER CELI Seguro de saúde Fundo mutualista EDITORIAL O INFERNO Por Carlos de Jesus A tragédia humana que tem sido o incêndio infernal de Pedrógão Grande, é uma das mais tristes de toda a história recente de Portugal. Difícil imaginar a afli- ção das dezenas de vítimas, presas dentro dos carros, a tentar fugir ao braseiro. Adi- vinhamos a dor dos sobreviventes, dos que viram as suas casas a arder, impoten- tes, a ver partir em fumo o fruto do labor de toda uma vida. Mais difícil ainda, tentar compreender a dor dum homem, entre outros, que perdeu a mulher e duas filhas sem as poder salvar. Os dramas humanos, vão para além de todas as considerações que os prejuí- zos materiais possam ter sobre a econo- mia do país e da região. As árvores em breve voltarão a verdejar. A floresta reno- var-se-á, mas os que partiram nunca mais voltarão a alegrar a vida dos que ficaram. É cedo para nos pormos a fazer ba- lanços. Analisar as causas. Encontrar so- luções para evitar tais tragédias. Para já, ainda há muito mato a arder. O mais im- portante é cuidar das vítimas, minorar- lhes o sofrimento, fazer tudo quanto seja possível, para as amparar e ajudar a reto- mar a vida. As entidades oficiais, a todos os ní- veis de governo, devem fazer a sua parte, bem e depressa. Isso, todavia, sem prejuí- zo de que a solidariedade de todos os por- tugueses, dentro e fora do país, se mani- feste, sobretudo através da Cruz Vermelha e de todas as organizações, que no terreno poderão dar uma assistência imediata e Foto LusoPresse. Foto Jules Nadeau/LusoPresse.

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ANIVERSÁRIO

..ºº

8042 boul. St-MichelSatellite - Écran géant - Événements sportifs

Ouvert de 6 AM à 10 PM

3737376-2652

Vol. XXI • N° 373 • Montreal, 22 de junho de 2017

Cont. na pág 13

LusoPresse 20 anos:Mais um patamar de culturaPara benefício de todos• Leia artigo de Raúl Mesquita, pág 6

Serenamente...Partiu Marques da Silva• Leia texto de Adelaide Vilela, pág. 3

POLIMENTODE SOALHOS

Instalaçãode pisos de madeiraMIRANDATelefone: 514-272-0519

La vie est plus radieuse sous le soleil

Manuel Resendes [email protected] www.sunlife.ca/manuel.resendes

Conseiller en sécurité financière, Distribution Financière Sun Life (Canada) inc.†, cabinet de services financiers Représentant en épargne collective, Placements Financière Sun Life (Canada) inc.†, cabinet de courtage en épargne collective†Filiales de la Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vieLa Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vie est membre du groupe Financière Sun Life.© Sun Life du Canada, compagnie d’assurance-vie 2017.

Seguro de Vida • Seguro de Hipoteca

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EDITORIAL

O INFERNO• Por Carlos de Jesus

A tragédia humana que tem sidoo incêndio infernal de Pedrógão Grande,é uma das mais tristes de toda a históriarecente de Portugal. Difícil imaginar a afli-ção das dezenas de vítimas, presas dentrodos carros, a tentar fugir ao braseiro. Adi-vinhamos a dor dos sobreviventes, dosque viram as suas casas a arder, impoten-tes, a ver partir em fumo o fruto do laborde toda uma vida. Mais difícil ainda, tentarcompreender a dor dum homem, entreoutros, que perdeu a mulher e duas filhassem as poder salvar.

Os dramas humanos, vão para alémde todas as considerações que os prejuí-zos materiais possam ter sobre a econo-mia do país e da região. As árvores embreve voltarão a verdejar. A floresta reno-var-se-á, mas os que partiram nunca maisvoltarão a alegrar a vida dos que ficaram.

É cedo para nos pormos a fazer ba-lanços. Analisar as causas. Encontrar so-luções para evitar tais tragédias. Para já,ainda há muito mato a arder. O mais im-portante é cuidar das vítimas, minorar-lhes o sofrimento, fazer tudo quanto sejapossível, para as amparar e ajudar a reto-mar a vida.

As entidades oficiais, a todos os ní-veis de governo, devem fazer a sua parte,bem e depressa. Isso, todavia, sem prejuí-zo de que a solidariedade de todos os por-tugueses, dentro e fora do país, se mani-feste, sobretudo através da Cruz Vermelhae de todas as organizações, que no terrenopoderão dar uma assistência imediata e

Foto LusoPresse.

Foto Jules Nadeau/LusoPresse.

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Pelo 10 de junhoA cultura popular portuguesa aqueceu a Saint-Laurent

• Por Joaquim EUSÉBIO

O Povo Português: inauguração do mural de azulejos do artista Paulo Jones

O Presidente da Câmara de Montreal esteve presente na Festa Nacional do 10 de junho• Por Jules NADEAU

Na presença do presidente da CâmaraMunicipal de Montreal Denis Coderre, váriaspersonalidades da comunidade procederam àinauguração oficial do imponente painel deazulejos voltado para o Parque de Portugal porocasião de uma festa popular muito animada.O arquiteto e artista montrealense Paulo Jonesganhou o concurso do melhor projeto para aobra intitulada O Povo Português. Foram preci-sos três meses de trabalho árduo a uma equipade valorosos benévolos para chegar à versãofinal, confiou-nos Lídia Ribeiro.

Depois dos hinos nacionais interpretadospela talentosa Sara Franco, no quiosque doParque de Portugal, os principais responsáveisda comunidade tomaram a palavra para subli-nhar a sua dedicação à mãe pátria e elogiar osméritos da comunidade.

O otimismo justifica-seCom otimismo e factos a apoiarem-no, o

cônsul José Guedes de Sousa honrou o Dia deLuís Vaz de Camões lembrando os diversossucessos recentes. A eleição de António Guter-res para o posto de secretário-geral da ONU, avitória de Portugal no Euro em 2016, o primei-ro prémio no Festival da Eurovisão com umacanção na língua do país. Num domínio estra-tégico, uma taxa de crescimento de 2,8% (pri-meiro trimestre de 2017), assim como um au-mento sem precedente das exportações, teste-munham da vitalidade reencontrada da eco-nomia. O ano passado, o número de turistascanadianos aumentou de 25%.

Na língua do grande poeta, Daniel Lourei-ro, conselheiro das Comunidades Portuguesas,insistiu por seu lado no dinamismo da comu-nidade instalada no Quebeque, designando al-guns dos atores importantes, como o padreJosé Maria Cardoso em relação ao Mural e àUniversidade dos Tempos Livres. A seguir, aconselheira do Plateau Mont-Royal, Mme Ma-rianne Giguère, ganhou facilmente os aplausosdos participantes ao pronunciar o seu curtodiscurso na língua deles – misturando, segundoela, os sotaques do Brasil e dos Açores.

Dois representantes políticos contenta-ram-se de algumas frases de circunstância, ditasdo fundo do coração. A deputada federal deBrossard-Saint-Lambert estava feliz de fazerparte da festa. Igualmente, de maneira descon-traída, o ministro das Finanças Carlos Leitão,em seu nome pessoal e em nome do governodo Quebeque, saudou a reunião no 10 de junhodos seus compatriotas: «A diversidade culturalé uma força e não uma fraqueza», afirmou oex-banqueiro apontando para a casa da rua Val-lières do renomado poeta Leonard Cohen.

Um presidente da câmara demonstra-tivo

O presidente da Câmara de Montreal De-nis Coderre fez a sua aparição no Parque dePortugal depois da última prestação de SaraFranco. A multidão deslocou-se então paraperto da loja de ferragens Azores para a inaugu-ração do mural, que mede 4 por 6 metros. Oprimeiro magistrado da metrópole exibia umgalhardete vermelho e verde na lapela do casaco.

Visivelmente muito feliz por se encontrar entreamigos, declarou que «não existiria Montrealsem o contributo dos Portugueses». E, acres-centou, «Em vez de construirmos muros, nósconstruímos pontes», uma alusão direta a umpersonagem político cuja identidade não deixoudúvidas a ninguém. A não perder a reportagemda LusaQ TV que será difundida em breve dan-do conta da cerimónia.

Momento em que o presidente da Câmara Municipal de Montreal elogiava a Comu-nidade Portuguesa. Denis Coderre encontra-se ladeado por José Guedes de Sousa,cônsul geral, Carlos Leitão, ministro das Finanças e Manuel Guedes, vereador emRivières-des-Prairies. Foto Jules Nadeau/LusoPresse.

O Sr. Paulo Jones ganhou o primeiro pré-mio do concurso público lançado para esteprojeto suportado pela Caixa Desjardins Portu-guesa – gesto de generosidade sublinhado coma presença do Sr. Emanuel Linhares. A mensa-gem da obra de arte? Segundo o arquiteto, nasua alocução, primeiro uma homenagem aosimigrantes-pioneiros da primeira geração. Emseguida, uma homenagem aos valores famili-

ares que forjam a identidade da comunidade.Depois, a estima da arte e da cultura do paísem geral. Sem esquecer a coragem, a esperança,a perseverança, assim como o medo e os recei-os que todo recém-chegado tinha de afrontar,assim como a capacidade de construir uma no-va vida.

Enquanto o presidente da câmara se ofe-recia um banho de multidão espontâneo e ale-gre diante das câmaras, o representante do Lu-soPresse entrou na loja de ferragens Azores, oedifício que exibe o mural do 375º aniversário.Os três irmãos Pereira aceitaram orgulhosa-mente de posar para o jornal. «Estamos aquihá 50 anos. A partir de Rabo de Peixe. A lojaexiste desde 1968», mencionou Paulo Pereira,ladeado dos dois outros gerentes, Gabriel eDuarte. Todos orgulhosos de participarem deperto nesta realização concreta.

Enfim, apesar de tudo, uma sombra nestequadro. A tradução da placa comemorativa (emfrancês, debaixo do mural) deixa muito a dese-jar. O título do mural não aparece e, justiça se--ja feita a Paulo Jones que, segundo ele, fezmais que fornecer uma simples montagem. Al-guns erros gramaticais estragam o texto. Oacrónimo UTL (por Universidade dos TemposLivres) não é explicado. Inauguração pelo pre-sidente da Câmara Municipal de Montreal?Quem é o responsável da tradução? Infeliz-mente esta robusta placa de metal arrisca-se aficar lá por muito tempo. Talvez uma novaplaca completamente revista e corrigida? L P

Integrado no programa das comemo-rações do Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades, decorreu no passado dia 11 umgrandioso desfile bem representativo quer dariqueza cultural quer da sua diversidade. A partirdas 13 horas as ruas do chamado Bairro Portu-guês encheram-se de colorido, da alegria, dasdanças e dos cantares de largas centenas de por-tugueses que assim exibiam o seu orgulho nafesta nacional do país de origem da sua maioria.E dizemos isto, porque foi notório nesse des-file o convívio das várias gerações. Mesmo semuitos já nasceram no Canadá, o sentimentode orgulho de serem portugueses e a grata emo-ção do afirmarem e exibirem publicamente ir-manou os jovens e os menos jovens.

O cortejo saiu do adro da igreja de SantaCruz e foi descendo calmamente a rua de SaintUrbain para depois atravessar a rua Saint Cuth-bert e subir em apoteose a Saint Laurent. Foisobretudo aqui que os montrealenses tiverama oportunidade de ver e de aplaudir as curtasexibições das danças dos vários grupos fol-clóricos que integravam o cortejo.

A abrir o desfile, o Galo de Barcelos, umagrande mascote bem emblemática. Seguiam-seas entidades, entre as quais distinguimos o dr.Guedes de Sousa, Cônsul Geral de Portugalem Montreal, Daniel Loureiro, Conselheiro dasComunidades Portuguesas, Alex Norris, Con-

selheiro do Plateau-Mont-Royal, o padre JoséMaria Cardoso da Missão de Santa Cruz, Car-los Botelho, Diretor da Azores Airlines, Ema-nuel Linhares, Presidente da Caixa PortuguesaDesjardins e Joe Puga, da organização do Festi-val Portugal Internacional de Montreal.

Na parada, que durou quase duas horas,incorporaram-se o Núcleo de Montreal da Ligados Combatentes, o Grupo Folclórico CanaVerde com o seu rancho e o grupo de bombos,o Grupo da 3ª Idade do CASCM, um represen-tante da freguesia da Serra de Santo António, aRádio Centre-Ville, o Grupo Folclórico Portu-guês de Montreal Coração do Minho, a Asso-ciação Portuguesa do Canadá, o Clube Portu-guês de Montreal, o Grupo Folclórico Campi-nos do Ribatejo, o C. O. P. M. E a Marcha Po-pular Oriental. Quem não faltou este ano paradar ainda mais brilho a este desfile foi um sollindo e quente, diríamos mesmo bem portu-guês. Se o calor incomodava um pouco osdançarinos e os tocadores de bombo, todosno entanto estavam mais satisfeitos que noano passado, em que uma arreliadora chuvaprejudicou o evento.

Após um rápido descanso, o Grupo deBombos Cana Verde iniciou o espetáculo dedanças folclóricas que teve lugar no palco ins-talado no adro da igreja de Santa Cruz. Seguiu-se o Rancho Praias de Portugal do Clube Por-tugal de Montreal que apresentou um excelenteconjunto de viras e chulas do Minho. Seguida-mente, foi a vez do Grupo Folclórico Cam-

pinos do Ribatejo nos deliciar com vários números dofolclore deste província de Portugal e mesmo com umcorridinho do Algarve. Um momento alto foi sem dúvi-da o fandango dançado a preceito pelo Filipe Inácio e oKevin Fernandes. Regressámos depois ao Alto Minhograças às danças do Grupo Cultural Cana Verde. A encer-rar, participou, igualmente com grande brilho, o grupoFolclórico Português de Montreal Coração do Minho.As suas chulas encantaram a assistência. Julgamos queimporta realçar o facto de que este rancho bem como oGrupo dos Campinos do Ribatejo incorporaram tantona parada como no espetáculo de folclore, as suas escoli-nhas. É uma aposta no futuro destas manifestações querepresentam e divulgam as tradições e a cultura popularde Portugal na nossa Comunidade. O festival de folclorefoi apresentado por Tavares Belo e Elisabete Carneiro.

Com o calor a apertar um pouco menos, o públicocontinuou a afluir para vibrar com o resto do programaque se completou com a atuação do DJ The Best, como trio brasileiro de Flávia Nascimento, com o padre Ja-son Gouveia e com Brian Melo acompanhado pelosseus músicos.

Os nossos parabéns à excelente organização quemais uma vez esteve a cargo do Festival Portugal Interna-cional de Montreal. L P

Foto Joaquim Eusébio.

Página 322 de junho de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

Fazer história da... História

«Pode ficar»Como já aqui referi, o agente de imigração canadiano

que me interregou no Aeroporto então chamado de Dorval –hoje é Pierre Elliot-Trudeau – acabou por me conceder um pe-ríodo de «... 15 dias para visitar» a família. Mas se quisesse ficarmais tempo que recorresse aos centros de imigração da cidade.«Que não, que o meu objetivo era ver os meus pais e irmãos elogo depois regressar aos Açores, para entrar ao trabalho, poiso prazo que tinha não dava para mais...», disse-lho eu a pensarque queria era sair dali e o resto logo se veria.

Foi o que aconteceu.Foram 13 dias de convívio familiar nem sempre na mó de

cima, com minha mãe a chorar algumas vezes, pois, dizia ela,«Já não gostas de mim. Já gostas mais de quem deixaste nosAçores». Claro que isto acontecia porque me sentia fora domeu meio: sem os amigos, noiva, futebol, etc..., o que me leva-va a dizer-lhe que não via maneiras de ficar, que o meu lugaragora era na ilha... Mãe adorável como era, ela não conseguiaperceber por que era que eu queria voltar a São Miguel estandocá toda a família.

Com meus pais no trabalho e meus irmãos na escola, euapenas tinha como entretenimento durante o dia todo um ga-tinho que havia lá em casa... O dia tornava-se por isso muitís-simo longo, sobretudo para quem estava habituado a estarsempre fora de casa, com os amigos a ocuparem uma parte im-portante da minha vida. Daí que os meus pensamentos se vol-tassem sempre para o que estaria naquela altura a fazer na minhaterra...

Falo no texto acima de 13 dias porque foi precisamente adois dias de terminar a autorização imigratória que meu pai sedecide levar-me ao Centro de Imigração no edifício Alexis Nihon– não sei se ainda existe –, na rua Atwater, ali para os lados oes-te da cidade. Connosco foi o primo de minha mãe, AdrianoRebelo, o mesmo que muito tinha feito para meu pai cá ficarquando anos antes aqui tinha chagado como turista. O Adriano,que era barra em francês e casado com uma professora quebe-quense de origem, estava muito habituado a esses encontrosna imigração, por já terem passado muitos homens e mulheresnestas circunstâncias pelas suas mãos.

Acreditando piamente na influência do Adriano Rebelo –primo direito de minha mãe pelo lado materno –, meu pai diri-giu-se à Imigração convencido de que tudo ia dar certo, que oagente de imigração ia compreender a situação e por isso me iadeixar cá ficar. O Adriano também afinava pelo mesmo diapa-são. Eu é que já não tinha a certeza se era aquilo que eu queria...Se calhar já queria era que o agente me dissesse que o prazo de«sejour» terminava dentro de dois dias e que tinha de voltar àprocedência...

De tão confiante, meu pai, sem que eu soubesse, levouconsigo tudo o que fosse preciso caso o agente concordassecom a minha estada para além dos 15 dias. Não admira, pois,que logo que o agente assumiu que «Sim, o seu filho não tem21 anos, respondeu positivamente ao nosso questionário ecomo o Senhor diz se responsabilizar por ele, nós damos-lheum ano para cá ficar», ele logo apresentasse toda a documentaçãoexigida de maneira que o agente imediatamente tratasse do meudossiê.

E repare-se que aquela frase do agente ainda não tinha ter-minado e já meu pai mais o Adriano exultavam de alegria! Aoinvés, eu é que me tornei praticamente indiferente. Talvez in-conscientemente. É possível.

Logo naquele instante houve assinaturas de meu pai e mi-nhas a confirmar as responsabilidades e afins inerentes ao meunovo estatuto. O selo de assentimento foi colocado e o agentevoltou a lembrar as minhas obrigações de cidadão responsável,se quisesse, ao fim de um ano, pedir, então, a condição de resi-dente permanente no Canadá.

Faltava agora apenas a assinatura de minha mãe nos docu-mentos. Por ela não ter estado presente, ela teve de lá ir na se-gunda-feira seguinte.

Por Norberto Aguiar L P

SERENAMENTE PARTIU MARQUES DA SILVA• Por Adelaide VILELA

Desapareceu no dia 12 de junho onosso Grande Amigo, o pastor evangélico JoséJoaquim Marques da Silva. A comunidade por-tuguesa de Montreal, a comunicação social,seus familiares e amigos vão sentir a falta destehomem bom e célere, em tudo quanto empre-endia. Marques da Silva – a quem a maior partedos amigos tratava por papá Silva – partiu comserenidade, em casa, ao lado de sua querida Fer-nanda e de outros familiares. Foi encontrar-secom o Pai em quem ele acreditava, com todasas suas forças físicas e mentais. Tinha comple-tado no mês de maio 97 anos de idade. PapáSilva deixa muitas saudades…

Pela parte que me toca não consigo pensarnem escrever duas palavras sem banhar o tecla-do do meu computador… São lágrimas senti-das. São verdades. É carinho pelo velhinhoque eu muito admirava, foi meu ídolo nestaterra, pela sua sinceridade, generosidade e ca-pacidade de aproximação para com o outro.Tive o privilégio de privar com Marques daSilva. Antes que a saúde lhe pregasse algumaspartidas falávamos horas sem conta ao telefonee nenhum de nós mostrava cansaço ou desa-grado por mais ou menos palavras. Muitasdas vezes quando o papá Silva não concordavacomigo ou se dava conta que eu estaria abor-recida, dizia: “Filhinha, vamos lá ter paciência,calma e mais Fé no Senhor. É isso que te fal-ta, acreditar. Sabes bem que Jesus ressuscitoupara nossa Salvação”. Tantas vezes repetiu:“Não desejo partir para o Pai sem que o teunome esteja escrito no Livro da Vida”. Se-gundo o papá Silva, no Livro da Vida está as-sente o nome daqueles que reinarão com Deus,depois deste sistema de coisas.

Como eu amava os conselhos que ele medava. Quando vezes o ouvi dizer que brindavaa Deus seu Mestre por saber que conversavacom uma mulher fiel e honesta. Aprendi muito

com o nosso papáSilva. Ainda que nãotenha mudado devereda espiritual, hojesei amar a Deus Pai deoutra maneira, commais verdade e res-peito em Jesus Cristo.

Mas há coisasque não esqueci. Porisso, lá onde estiverMarques da Silva, que-ro agradecer pelas ve-zes que me defendeuem reuniões da co-munidade portu-guesa, nomeada-

mente em lugares onde o machismo continua a fazer-se sentir. Para es-ses tais, ainda que estejamos no século XXI, as mulheres ainda não têm(totalmente) voto na matéria. Ora, tanto eu como muitos de Vós, sa-bemos bem que Jesus Cristo, depois da sua ressurreição foi às mulheresque apareceu e lhes entregou a Boa Nova. “Não temais! Ide e dizei aosmeus irmãos que sigam para a Galileia, lá eles me verão”.

Papá Silva contava-me sempre quando alguém tentava banir-mede algum encontro social ou comunitário. Mas como ele fazia referência:“Deus perdoa todos os erros”, tentarei imitá-lo, que Deus vos perdoe seeu não puder. E que o Senhor me ajude a entender o caminho, a cadavez, sem falsa modéstia, sem rancor ou maldade.

Aproveito para felicitar o pastor José Manuel da Silva e sua esposaJohanne Gosselin pela singela e bela cerimónia que prepararam para oAdeus ao paizinho Silva. Muito obrigada pela oportunidade que mederam. Desta feita, com carinho e orgulho rendemos homenagem aoGrande Amigo que conheci há mais de três décadas, na comunidade lu-sa de Montreal.

À D. Fernanda Silva, ao seu filho José Manuel e esposa Johanne,netas e bisnetos, em meu nome pessoal, em nome dos meus familiarese em nome da equipa do jornal LusoPresse, deixamos a toda a famíliaSilva as nossas sinceras condolências.

Despeço-me do meu querido cunhado António Vilela, que faleceuno dia 16 de junho, em Lisboa, e do pastor José Joaquim Marques daSilva, do papá Silva, com uma citação de Laura Andrade Costa: “Pensoque a vida é um sonho e que a morte é o despertar deste sono profundo”.

Que Vilela e Silva possam reinar com Deus no eterno Paraíso.

Marques da Silva foi a enterrar...

L P

Página 422 de junho de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

Dra. Carla Grilo, d.d.s.

Escritório1095, rue Legendre est, Montréal (Québec)Tél.: (514) 385-Dent - Fax: (514) 385-4020

Clínica Dentária Christophe-Colomb

Dentista

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LusoPresseLe journal de la Lusophonie

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Editor: Norberto AGUIARAdministradora: Anália NARCISOContabilidade: Petra AGUIARPrimeiros Diretores:• Pedro Felizardo NEVES• José Vieira ARRUDA• Norberto AGUIAR

Diretor: Carlos de JesusCf. de Redação: Norberto AguiarAdjunto/Redação: Jules NadeauConceção e Infografia: N. Aguiar

Escrevem nesta edição:

• Carlos de Jesus• Norberto Aguiar• Humberta Araújo• Luciana Graça• Osvaldo Cabral• Joaquim Eusébio• Jules Nadeau• Adelaide Vilela• Raul Mesquita• Daniel Bastos• Onésimo Teotónio Almeida

Revisora de textos: Vitória Faria

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450.628-0125Programação:• Segunda-feira: 21h00• Sábado: 11h00; domingo: 17h00(Ver informações: páginas 5 e 8)

FOGUETÓRIOS DE S. JOÃO• Por Osvaldo CABRAL

Sabem oque há de comumem todos estes ar-tistas: Quim Bar-reiros, Herman Jo-sé, Rui Veloso,Aurea, Carlão, E-manuel, Vanessada Mata, DiegoMiranda, DiogoPiçarra, Amor

desempregados, resultam em 16 747 pes-soas sem emprego, muito mais do que os15 357 registados em janeiro de 2013!

Vamos todos por um belo caminho,mas ninguém se preocupa com isto.

Há de haver sempre por aí mais umafestinha para nos alegrar.

Com artistas de fora, claro.•••

O EXEMPLO DE CABO VERDE –A companhia de Transportes Aéreos de Ca-bo Verde (TACV) está a braços com gravís-simos problemas de tesouraria e decidiu re-estruturar-se, o que implica o despedimentode 260 pessoas, praticamente metade dosseus trabalhadores.

O responsável da empresa é perentó-rio: “A TACV inflou e depois de váriosanos chegou ao estado em que está hojecom custos operacionais elevadíssimos e,apesar de uma ocupação de 75% (no merca-do interno), não é sustentável”.

Com prejuízos de 4,5 a 5,4 milhões deeuros por ano, o Estado cabo-verdiano játinha injetado mais de 13 milhões de euros,quando o passivo ultrapassa os 100 mi-lhões.

Isto faz-lhe lembrar alguma coisa?•••

MUITOS MILHÕES DEPOIS – Todos os anos, por esta altura, temos maisuma promessa de que o combate à eutro-fização na lagoa das Furnas vai ser desta.

Este ano ainda não se conhece qual amilésima medida que vai ser anunciada, masa lagoa já se apresenta como documenta afoto de um amigo furnense.

No ano passado o anúncio foi de 1,5milhões de euros para a construção do canalde desvio de afluentes da ribeira do Salto daInglesa e de consolidação do leito e margensdo canal do Salto do Fojo.

Vamos nisto há mais de duas décadas.Os milhões continuam, mas os ambi-

entalistas do SOS-Lagoas estão agora nou-tras ‘incinerações’, mais de acordo com anatureza não eutrofizada...

•••FÉRIAS DE VERÃO – Não serão

ainda na lagoa das Furnas, que não se apre-senta com muito bom aspeto. Mas para fu-gir à paisagem maculada que vai por estepaís e região, estas crónicas vão de férias,regressando em setembro. Bom verão.

Electro, Ana Moura, Gabriel O Pensador,Richie Campbell, Matias Damásio, DAMA,Blind Zero e muitos mais que já perdi aconta?

São artistas de renome, custam caropor cada atuação e vão estar todos em S.Miguel em festivais promovidos ou apoia-dos por autarquias (outros tantos vão estarpelas outras ilhas).

Com um cartaz destes, o povão nemsabe para onde se virar.

O problema não está nestas contrata-ções. Está nas prioridades.

Há autarquias que durante o ano inteironão ligam nenhuma aos artistas locais e atédificultam a vida de alguns, mas mais graveé algumas delas nem possuírem saneamen-to básico em condições, caminhos munici-pais limpos e apoios sociais dignos para assuas populações.

Em anos anteriores o cartaz de diver-sões era mais comedido, mas como este anotemos eleições em outubro, os orçamentoshão de aguentar com tanta fartura.

Sinal de que a política, mesmo a maisbásica, está transformada num circo.

Não sei é se, mais tarde, haverá pão...•••

E TRABALHAR? Começam a surgiras primeiras queixas de empresários que nãoconseguem contratar mão-de-obra para aconstrução civil e para áreas do turismo.

Nada que surpreenda. Os programasocupacionais estão a retirar muita gente quejá poderia voltar ao mercado de trabalho,mas como já todos se habituaram ao con-formismo oferecido pelas nossas autorida-des, mais vale a pena passar o dia sem gran-des ambições.

São 7 159 “ocupados” que, neste mo-mento (abril de 2017), somados aos 9 588 L P

Carta ao Montreal esquecidoNo dia deste Portugal relembrado

• Por Humberta ARAÚ[email protected]

Vejo-te na sombra de uma presença invi-sível. Descubro-te hoje, nos anos que foram osteus, de forma clara, cruelmente clara.

Nas ruas vejo o teu nome. As tuas históriasleio-as agora com os olhos removidos da infância.

Ouço os silêncios que guardaste e que em sur-dina contaste a ti própria, quando sozinha calceta-vas as ruas sem que ninguém reparasse que chora-vas. Choravas porque tinhas medos que eu desco-nhecia, demónios que assombravam os teus dias eas tuas noites.

Como envelheceste desde então mãe, mas acidade não. Esta rejuvenesce a cada ano cosmeti-zada, perfumada, modernizada. Sucessivos «pe-elings» removeram as células envelhecidas da urbeque conheceste deixando a nu uma pele asseada,um rosto resplandecente. No processo remove-ram-se os «graffiti» da tua e de todas as outraspresenças, que como tu viram diluídos sonhos epenas, azulejos de vida que suplicam uma redençãoque tarda.

Tu foste o linho e o algodão da imensa toalhaque bordaste e que hoje a cidade estende na mesado seu grande salão, onde recebe com fartos car-dápios os seus distintos convivas.

Mas, como dizia, mãe, tu envelheceste. Tu, talcomo todas as outras mulheres que daquelas ilhaslongínquas partiram um dia, marcaste de forma in-delével esta urbe orgulhosa.

Sem se darem conta, vocês as mães e as avósda história lusa, demoliram muros e construíramos nossos futuros. Em cada passo que deram, emcada carta que escreveram, em cada Avê-Maria querezaram, alinhavaram os alicerces de novas vidas.

Ces rues que j’ai prises aujourd’hui en touteliberté

Je les ai conquises pour toi aussi, maman!

Apesar das muitas mãos de tinta espalhadaspor estas paredes centenárias, adivinho-te mãe nosretalhos que sobrevivem. Presencio-te nos profun-dos regos de água salgada, que fundiram as calçadasde Montreal. Vejo-te na Coloniale, na Rachel, naClark, no Boul. St. Laurent e a subir a escadaria doOratoire St. Joseph. Vejo-te por toda a parte nestamais «santa» das cidades, onde as ruas continuampoliticamente incorretas – Graças a Deus – comoprovavelmente dirias, com a sua nomenclaturaeclesiástica, onde se recordam santos em toda asesquinas e se admira belas igrejas, testemunho deum rico, mas nem por isso menos desumano pas-sado religioso e cultural, desta magnífica cidade.

Vejo-te mulher emigrante só e sem serviçosde apoio neste emaranhado de gentes, num país decontrastes, que enriquecia à custa do teu silêncio,da tua abnegação e das tuas horas mal pagas.

Tu eras uma estrangeira em terra emprestada –o Canadá por muitos sonhado – e tu o sabias beme respeitavas o solo que te acolhera. Hoje ainda so-nhamos, ainda ostentamos esta resiliência teimosae sofrida e nas cartas da cidade que já não escreve-mos pintamos mentiras para que sossegues o teuespírito, mulher!

…et de loin tu me questionnes:Comment ça va ma fille dans cette belle ville

de Montréal? Je te dis: ça va... maman, ça va! L P

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Feliz Natala todos!

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MAIS UM PATAMAR NA ESCADA DO VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DO LUSOPRESSE• Por Raúl MESQUITAPedras no caminho? Guardo-as todas e um dia vou construir um palácio…Fernando Pessoa

Neste ano aniversariante do Luso-Presse, tivemos no último domingo uma outraetapa, na forma de um almoço-conferência noRestaurante Bitoque, com o convidado CarlosTaveira, historiador nascido em Angola em1953, que inicialmente se instalou em Montreale depois em Otava, como profissional infor-mático, sendo autor duma colectânea poéticae de quatro romances, entre os quais, Mots etMarées, tomos 1 e 2, na Editora Interligne.

Carlos Taveira iniciou a sua palestra intitu-lada Lusofonia na Nova França, comMateus da Costa, também conhecido por Ma-thieu da Costa ou ainda, Mathieu Decoste ouMathieu de Coste, sendo o primeiro negro re-ferenciado na História do Canadá, onde deixoua sua marca.

Mateus da CostaSegundo documentação da época (1607),

Mateus da Costa, vinculado como “negro”,foi contratado em data indeterminada por pro-testantes de La Rochelle, grupo constituídopor Pierre du Gua, senhor des Monts, e diver-sos comerciantes Rochelais, como intérpreteentre os Franceses e os Ameríndios do Norteda América. Desconhece-se que linguagem erausada nessa interpretação e, portanto, comoela era feita. Mas tudo deixa crer que funcionou.

Durante o ano de 1609, Mateus da Costafoi figura principal de um contencioso entrePierre du Gua, senhor des Monts, o seu secretá-rio Jean Ralluau e o comerciante francês Nico-las de Beauquemare. Em causa, estavam as in-demnizações decorrentes de certas despesasdas viagens do secretário Ralluau a Provínciasdos Países-Baixos no ano anterior, onde sedeslocou com a intenção de comprar ao comer-ciante Beauquemare o contrato assinado entreeste e o intérprete. Assim, Mateus da Costacujo nome é tipicamente português, veio comointérprete para a Acadia francesa que englobahoje três províncias canadianas: Nova Escócia,Nouveau Brunswick e a Ilha do Príncipe Eduar-do, englobando a Ilha de Cape Breton, a talque o cónego Lionel Groulx disse pertencer aPortugal. Em 1607 é raptado pelo navio holan-dês Lion Blanc, comandado por HendrickLonck e no ano seguinte volta à Europa tendo-se comprometido com o comerciante francêsBeauquemare, interessado no negócio das pe-les, pela soma de 195 libras, como tradutor.

É aqui que surge o tal litígio entre Mateusda Costa, o senhor des Monts e o comercianteBeauquemare pela cedência do contrato assina-do tempos antes e que o secretário Raluau fezprender Mateus da Costa no Havre, em 1609,para o obrigar a respeitar o acordo. Na docu-mentação existente, surge pela primeira vez apalavra “insolência” correspondendo a Mateusda Costa (“les insolences du dit nègre”).

Deduz-se, segundo as análises das ori-gens, que Mateus da Costa se exprimia numadas línguas das Primeiras Nações estabelecidosno território Acadiano, porque as expediçõesfinanciadas por Pierre du Gua e seus associadosse concentraram no princípio na Nova Escó-cia, onde fundaram a habitação de Port-Royal,hoje Annapolis Royal, no centro do território

dos Micmacs, supondo-se que Mateus da Cos-ta falava a língua deles. Mais tarde os Francesespassaram a colocar jovens Franceses com po-vos amigos das Primeiras Nações, a fim deaprenderem as línguas dessas tribos.

Não existem dúvidas sobre os conheci-mentos linguísticos de Mateus da Costa poisque ele, nesse tempo, negociou um contratocom soma importante, como pagamento dosseus serviços de intérprete.

Portugal que na época mantinha relaçõesmais ou menos cordiais com alguns paísesafricanos, no tempo em que os seus navegado-res em rota para a India por causa das especia-rias, escalavam a costa africana, comerciandocom países donde vinham milhares de pessoasque habitavam Lisboa como homens livres.Sabe-se, por exemplo, da existência de um Bis-po negro, filho do Rei do Congo, que foi pro-movido a Vicário Geral da Diocese da Madeira,da África portuguesa e do Brasil, existindo emLisboa uma escola especial para ensinar a Lín-gua e a cultura portuguesa aos súbditos do reido Congo.

Esperança do RosárioApós desvendar um pouco o itinerário

de Mateus da Costa, Carlos Taveira passou aapresentar a segunda personagem deste ciclo:Esperança do Rosário ou Espérance du Rosai-re, brasileira, ex-freira e de origem mourisca.Dela pouco se sabe. Apenas que casou comSimon Longueville, filho de Jeanne Bernard ede Marcel Longueville, a 9 de outubro de 1668em Québec e mais tarde tendo ficado viúva,casou em novas núpcias com Manuel Lopesdit Madère, também viúvo, o homem mais riconessa época.

Martinho N. (Henne) PiresPor entre todos os vindouros de raízes

portuguesas, aquele que deixa mais dúvidasquanto ao seu nome é Martinho (Henne) Pires,filho de Sebastião Pires e Ana Gonçalves. Não

se sabe verdadeiramente o que significa o“Henne” e o nome próprio é apresentado dasformas mais diversas. Como, por exemplo, Pi-re, Lepire) Martin dit Henne ou le Portugais).Sabe-se que nasceu na freguesia de São Marti-nho, Diocese de Braga e que é o pai da linhagemPire/Dufaye na América do Norte, por ter casa-do aos 27 anos com Françoise Dufaye, France-sa de Reims, Marne, de 33 anos, em 15 de ou-tubro de1674 na cidade de Québec, sendo pro-genitores de Emmanuel dit Noël Pire (casadocom Marie Auvray), Claire-Marthe Pire, Jac-ques Pire (que casou com Geneviève Lépinay)e Joseph Pire. Martinho Pires faleceu aos 64anos em 1711 em Charlesbourg e sua esposa,Françoise Dufaye, Dufee ou DU Faye igual-mente com 64 anos de idade, faleceu em 1705também em Saint-Charles-Borromée, Charles-bourg.

Manuel Lopes dit MadèreNeste deambular pelos portugueses na

Nova França, debruçamos sobre Manuel Lo-pes dit Madère, que deve ter nascido cerca 1641,filho de François Lopez e de Antoinette de laCosta, também conhecido por EmmanuelLoppez, tendo casado em 3 de outubro de1667 com Marguerite Renaud e mais tarde,quando enviuvou desta, com Jeanne LeRouge,a 25 de fevereiro de 1675.

Em 1667, Manuel Lopes e Marguerite Re-naud, viviam na Côte Notre-Dame-des-Angesna região de Québec, possuindo uma outrahabitação e terras de 30 arpentes. Em 1681,Manuel Lopes e Jeanne LeRouge viviam naPetite Auvergne, Québec, possuindo uma es-pingarda, quatro animais de cornos e 15 arpen-tes de terra. No século XVII era um dos ho-mens mais ricos da região.

Terá falecido em 1686.

João Baptista Rodrigues das FontesA longa experiência dos corsários portu-

gueses estendeu-se, por exemplo, ao Québec(Canadá).

João Baptista Rodrigues da Fonte ou Fon-tes (Jean-Baptiste Rodrigue, ou John Fund)(c.1670-1733). Em março de 1709, ocupou ocargo de piloto real, em Port-Royal (AnnapolisRoyal, NS). Em 1710 instalou-se em Plaisance(Piacenza), onde trabalhou no comércio, de-dicando-se depois à pirataria. Mudou-se maistarde para Louisbourg, colónia francesa de IleRoyale (Cape Breton) em 1714, onde andouna guerra e na pilhagem, o que não o impediude se tornar num dos mais prósperos comerci-antes da região.

Manuel Miranda TavaresAçoriano da Ilha Graciosa, amigo de Pe-

dro da Silva, comerciante em peles e piloto deembarcação que fazia parte da equipagem deum barco de fundo plano, assim chamado devi-do à configuração da quilha.

Marie-Josèphe-AngéliqueRebelde, amante de liberdade e caráter for-

te.Na primavera de 1734, violento incêndio

declarou-se num grande setor da Rua S. Paulo,em Montreal, destruindo um hospital e 45 ha-bitações. Porque conhecida como revolucio-nária, Marie-Josèphe também conhecida porAngélique, escrava negra, foi acusada do crime,juntamente com o seu amante branco, Claude

Thibault. Este, todavia, fugiu deixando a pobre escravasozinha a defender a sua inocência.

Mesmo se ninguém pode afirmar tê-la visto pegarfogo, as 20 testemunhas chamadas a depor no processo,afirmaram ser Angélique, escrava da viúva Franchevillea responsável.

Uma das testemunhas, escrava ameríndia, declarouter a acusada a intenção de queimar a sua patroa e, umaoutra, confessa tempos mais tarde ter encorajado esterumor. Outra, empregada doméstica em casa da patroade Angélique, descreveu ao tribunal o mau carácter daacusada enquanto que uma personagem com espíritoperturbado, afirma que ela estava particularmente agitadapouco antes do incêndio.

Nada mais foi necessário para que a acusada fosse con-denada à morte. E Marie-Josèphe foi torturada, assassinadae depois de morta queimada em fogueira pública.

Pedro da Silva dit Le PortugaisO primeiro carteiro no CanadáMuito se poderia escrever sobre esta personagem

preponderante durante o Regime Francês, na altura emque uma meia dúzia de Portugueses se instalaram naNova França e se casaram. Mas nenhum retém mais aatenção que Pedro da Silva, também conhecido por LePortugais, devido ao trabalho no domínio das comuni-cações – bastante difíceis naquela época – como recor-dado numa placa colocada no edifício dos Correios narua St-Jacques, em Montreal.

“Desde 1693 o transporte de cartas fazia-se pormensageiros entre Québec e Montreal, lê-se na inscriçãodessa placa metálica.”

O Primeiro carteiro conhecido foi Pierre da Silva, ditLe Portugais, que devia ter fortes braços pois, como nãoexistia ainda a estrada entre Québec e Montreal, somentefoi construída a primeira em 1734, as cartas ou outrasmensagens eram transportadas pelos cursos de água.

A comissão que lhe entrega o Intendente Raudot,testemunha a confiança que nele tinham.

« Étant nécessaire pour le service du roi et le bienpublic d’établir en cette colonie un messager pour porterles ordres en tous lieux de ce pays ou besoin sera, spécifiaitle document, et étant informé de la diligence et fidélitéde Pierre Dasilva dit le Portugais, Nous, sous le bonplaisir de Sa Majesté, avons commis et établi leditPortugais messager ordinaire pour porter les lettres deM. le gouverneur général et les nôtres pour le service duRoi dans toute l’étendue de cette colonie, lui permettantde se charger de celles des particuliers pour les rendre àleur adresse et en rapporter les réponses. »

E assim se estabeleceu o serviço de correio e oposto do Português. Em 16 de maio de 1677, casoucom Jeanne Greslon dite Jolicoeur, tendo o casal seinstalado em Beauport e mais tarde em Québec e dadoorigem a grande prole que se mantém nos nossos diassob formas um tanto diferentes. Porém, todos quantostenham o nome de Dassilva, DaSylva, Sylva, Portugaise outros, são descendentes de Pedro da Silva, o Portu-guês, Carteiro do Rei da França e orgulho dos Portu-gueses.

Bastante aplaudido no final da sua palestra, CarlosTaveira dispôs-se a responder e a esclarecer as questõesdos assistentes. Podemos dizer que foi mais uma etapa do20º aniversário do LusoPresse, bastante animada e culta.

Carlos Taveira, historiador. Foto de JulesNadeau/LusoPresse.

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A BRILHANTE CARREIRA ACADÉMICADO PROFESSOR FRANCISCO FAGUNDES

• Por Onésimo Teotónio ALMEIDA

O Professor Francisco Fagundes, catedrático de Estudos Portuguesesna Universidade de Massachusetts Amherst, aposenta-se no final deste ano letivo.Um grupo de amigos e antigos alunos esteve presente numa festa de homenageme vários tomaram a palavra para enaltecer o brilhante trabalho desenvolvido aolongo de uma cerreira de 41 anos de investigação e ensino naquela universidade.

Natural da Agualva, Terceira. Em 1963, com a idade de 14 anos, emigrou paraos EUA. A primeira parte da sua vida está magnificamente narrada na autobiografiaHard Knocks – An Azorean American Odyssey (Providence, RI: Gávea-Brown,2000), a sua vida deu uma volta impressionante levando-o a fazer um doutoramentona University of California Los Angeles. Foi então que iniciou a sua carreira do-cente na University of Massachusetts Amherst.

Autor de uma vastíssima bibliografia, dedicou-se especialmente ao estudodas obras de Miguel Torga, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena e Fernando Pessoa,deu também especial atenção à escrita produzida na diáspora luso-americana, ten-do ele mesmo escrito alguns livros de narrativas refletindo a sua própria experiência.Os diversos testemunhos de antigos alunos e colegas dão uma muito melhorideia da riqueza e diversidade da sua escrita e lecionação. Eu próprio solicitei maisde uma dúzia e meia de testemunhos de colegas de Portugal, Brasil, EUA e Canadáe todos se prontificaram imediatamente a contribuir. Esses textos serão devida-mente tornados públicos e aqui apenas deixo o meu, lido na festa, mas que incluítambém no scrapbook esmeradamente preparado pela esposa, Maria Deolinda,um mimo que lhe foi oferecido de surpresa durante o evento.

Fecho então com esse escrito:Não me recordo do nosso primeiro contacto, mas sei que o seu nome come-

çou a aparecer no meu radar quando na Brown organizámos o livro das atas doprimeiro simpósio sobre Fernando Pessoa que realizámos na Brown em 1977 esoubemos que, na UCLA, ele tinha escrito uma tese de doutoramento sobre Fer-nando Pessoa. Não tínhamos conhecimento disso quando organizámos o pro-grama do colóquio, mas depois fizemos questão de lhe pedir um texto para o vo-lume coordenado pelo Prof. George Monteiro – Fernando Pessoa – The ManWho Never Was. Para mim, o Francisco passou a ser The Man Who AlwaysWas… there when I knocked at his door. Pouco depois, seguiu para ele um con-vite para participar no simpósio sobre Literatura Açoriana na Brown, em 1983.

Tudo isso foi apenas o princípio de uma grande amizade à distância. Ele,sempre recatado e com pruridos de vir a público, a trabalhar como um danado (co-mo se diz na sua Terceira) a escrever livro após livro, a organizar colóquios (paraque sempre me convidou) e volumes coletivos (idem) e eu, de Providence, habi-tualmente a pensar também em integrá-lo em tudo o que fazia e que fizesse sen-tido incomodá-lo para cá vir ou participar. Nunca o fiz apenas por amizade; fi-lopor respeito e profundo apreço pelo teu trabalho. Nesta frase resumo toda a nos-sa colaboração de colegas. Todos os meus convites surgiram porque lhe reconhecie reconheço imenso valor. Period. Abstenho-me de enumerar as colaboraçõespara que o convidei, a principal das quais terá sido para traduzir o clássico açorianoMau Tempo no Canal, de Vitorino Nemésio, que ele levou a cabo de maneira exí-mia. Mas foram vários projetos.

Admirei sempre a caminhada portentosa da sua vida (por isso publiquei tam-bém na editora Gávea-Brown a sua autobiografia, Hard Knocks) e, nas minhasfrequentes conversas com o George Monteiro, ele foi sempre o amigo ausentetrazido à colação porque partilhávamos um universo: Portugal, os Açores, aAmérica, a L(USA)lândia. Tantas e tantas vezes ele esteve presente à nossa mesae o George é testemunha de como foi sempre positiva essa sua presença de au-sente. Como se diz no belo português da nossa terra, fazíamos-lhe ‘boas ausências’.Felizmente, algumas vezes o Francisco veio juntar-te ao vivo a nós, volta e meiacom a Alice Clemente também, e então o que aconteceu foram verdadeiras ágapesluso-americanas que não esquecerei. Só não aconteceram mais frequentementeporque ele, em Amherst, atirava-se ao trabalho como uma besta (expressão genuínadas nossas ilhas) e não tinha maneira de riscar um dia da sua agenda para roubarquatro horas para viagem e mais quatro para os nossos almoços num restauranteportuguês.

Como não quero trazer para aqui apenas a minha voz, quedar-me-ei por aqui.Oxalá que, agora aposentado, possamos encontrar-nos presencialmente mais ve-zes, já que, em espírito, nunca estivemos desencontrados. Muito pelo contrário.Para mim, o Francisco foi sempre parte do meu universo próximo.

Que tenhas uma longa carreira de aposentado e que consigas moderar umpouco o teu ritmo de trabalho para irmos mais frequentemente almoçar e falatarno Dinis.

L P

CONFERÊNCIA LUSOFONIA NA NOVA FRANÇA...

LUSOPRESSE NAVEGA POR COMPETÊNCIAS FAVORÁVEIS

• Por Adelaide VILELA (Fotos de David BOLINEAU)

Ao longo dos tempos mi-lhares de portugueses deixaram a suaterra rumo a outros países de acolhi-mento. Muitos deles tiveram e têm umpapel influente, quer através das ativi-dades que desenvolvem na sociedadequer como instrumentos de divulga-ção da língua e da cultura portuguesas.Ora, o artigo de hoje deveria ter sidoretratado pelo proprietário do jornalLusoPresse. Norberto Aguiar, noexercício da função que abraça, temrevelado que apesar de vivermos nummundo difícil e numa comunidade di-vidida, consegue-se demonstrar quePortugal deve ser para cada um proces-so de construção, prestigiando a nossaimagem como cidadãos do mundo.Este órgão de comunicação escrita fezno início do ano de 2017 a festa devinte anos de existência e tem mantidouma amizade constante com a comu-nidade lusa de Montreal. E assim dis-põe de várias janelas abertas, contribu-indo para o fortalecimento das liga-ções com Portugal continental e osarquipélagos dos Açores e da Madeira.

Contanto com algumas dezenasde pessoas (sala cheia), o restauranteBitoque recebeu mais uma atividadeque contempla e inova o vigésimoaniversário do jornal LusoPresse. Parao Hermínio Alves e seu filho, que nosdeliciaram com alguns dos pratos dacasa, promover os valores culturais éo lema daquele espaço gastronómicoe de lazer. Nota-se, o caminho quetêm percorrido não hipoteca o futuro.

O Bitoque e suas salas, decoradas à moda antiga, têmgrande procura, simplesmente para jantar ou para qual-quer tipo de festas.

Quem não procurou ir mais longe, para encontraro seu recanto de Lisboa, foi Júlio Lourenço. O artistaganhou um palco (improvisado) debaixo de um grandee sumptuoso painel colorido. Logo, observamos umapintura na qual se vê o elétrico que conduz o turista na

Cont. na pág 10

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Português ao raio X • Luciana GRAÇA

(Leitora de português do Camões- Instituto da Cooperação e da Língua,na Universidade de Toronto)Rubrica pro-duzida em colaboração com a Coordena-ção do Ensino Português no Canadá/Camões, I.P.

Caso: «sózinho» ou «sozinho»?• «A moda está a pegar… afinal o

Ronaldo joga mesmo SÓZINHO.»(2016-07-2015)

• «O Neymar não joga SOZINHO.»(Página de Facebook de Neymar, 2016-08-22)

Comentário:• «sozinho»: i) ao associar o sufixo

«-zinho» à palavra «só», o acento tóni-co (mais forte) avançou para a sílaba «zi»;ii) consequência: supressão (obrigatória!)do acento gráfico que existia na palavraprimitiva («só», portanto).

Em síntese:• sózinho X• sozinho V

Carta de um leitor:

JORNAL LUSOPRESSE RECTIFICAÇÃO Carta publicada no vosso jornal datado do dia8 de Junho de 2017

Senhor Diretor do jornal LusoPresse,

Sobre a carta publicada no vosso jornal, LusoPresse do dia 8 dejunho 2017, pág. 15, com o título MEU CARO AMIGO, eu, comocoordenador do painel que foi oferecido à cidade de Montreal nopassado dia 10 de junho, pelo conselheiro da comunidade (presumoeu) e pela família Pereira (presumo) venho retificar o seguinte:

1 - O Artigo publicado no vosso jornal no passado dia 11 deMaio 2017 foi uma entrevista que concedi e não uma reportagemcomo foi mencionado.

2 – Símbolo do Canadá: No início dos trabalhos, o presidentedo Júri informou-nos que tinha sido combinado com o autor retiraro símbolo do Canadá. O Autor veio posteriormente certificar-nosque não tinha dado autorização para que se retirasse esse elementosimbólico. Daí que, e devido às contradições, nós tenhamos optadopor pintar e entregar as duas alternativas, como se prova junto abaixo.

3 - Deduzo que o Luis Moura Sobral escreveu a carta citada, naqualidade de amigo pessoal do arquiteto Paulo Jones, e não comopresidente do Júri.

4 - Símbolos maçónicos no painel: Clarifico que se trata de umainterpretação objetiva; no painel constam estes símbolos própriosda iconografia maçónica, de forma subtil: olho, martelo, compasso,colunas, etc., abaixo inseridos.

5 – Nome do autor: O nome do autor não constava na peçaoriginal. No entanto, parecia-nos que seria legítimo que o autorassinasse no painel de azulejo. O autor foi convidado para assinar, eos azulejos foram pintados e cozidos assinados, como se provatambém abaixo inserido. O não constar agora no painel deve-se aofacto de o autor dizer que não se revia na execução da obra. Do qual,que se tenha optado por mencionar o seu nome em placa anexa aopainel com a indicação de que a obra foi “inspirada” (embora estejaconforme) no original do autor.

José Nelson de Lemos e Figueiredo L P

conquista de Lisboa. Depois vemos a varina,espetadora, naquela rua histórica com o maiororgulho pela sua Terra. De facto, o Júlio Lou-renço tem um reputado interesse, aqui por estasparagens e por outros lados onde é conhecido.Ama a boa música alegre e romântica, e todosgostam de Júlio Lourenço. Obrigada, é um ex-celente cantor!

A jornalista Inês Faro, mãe de três lindascrianças, dispôs de alguns momentos paraconfraternizar connosco. E como representan-te da Coordenadora do Ensino Português noCanadá, relembrou que se dão aulas em Mon-treal, como objetivo de preservar e enriquecera nossa portugalidade, um bem maior numacomunidade alargada como a nossa. Agra-decemos à Inês por esta recomendação degrande valia.

Talvez por recusar enveredar pelo “ghet-to” a que muitos se habituaram, Carlos de Je-sus – como diretor deste órgão de comunicaçãosocial – vai potenciando a importância de bemfalar a língua do país de acolhimento, mas aomesmo tempo vemo-lo como dinamizador edifusor da língua e da cultura portuguesas. Car-los de Jesus animou o evento do passado dia18 de junho. Esperamos que o jornal LusoPres-se possa contar com a presença deste seu dire-tor por muitos anos.

Norberto Aguiar sabe muito bem aproxi-mar-se de bons colaboradores. Para além dogrande grupo de profissionais que apoiam o

LusoPresse, faz agora parte da família o Dr.Joaquim Eusébio, homem de grande coração ede um saber ser e estar inigualáveis. Chamar-lhe-ia enciclopédia nas artes do teatro e das le-tras. Estimado amigo Eusébio, espero vê-loatar a vontade ao leme por muitos e muitosanos como colaborador do LusoPresse e daLusaQ TV.

Este convívio não levou muitas horas aresolver-se, no entanto foi recheado de coisasboas. Contamos com a presença do fotógrafoDavid Bolineau, que deu do seu tempo para

cobrir o acontecimento. Quanto ao operadorde câmara que esteve de serviço pela LusaQTV (irmã gêmea do LusoPresse) foi incansável,bom trabalhador. Voltem sempre queridos jo-vens, serão apreciados.

Neste conjunto de atividades do jornalLusoPresse, ainda esperamos ouvir o NorbertoAguiar palestrar sobre a importância dos Ór-gãos de Comunicação Social e a língua portu-guesa no mundo, principalmente na Américado Norte. Pois bem, a rouquidão falou baixi-nho. Demo-nos conta do problema de saúdeque o afetou, mas ele promete alargar mais ho-rizontes para o próximo “workshop” de pala-vras, musicalidade e ideias. Ficamos à espera.Quem também esteve neste encontro foi CarlosTaveira. O historiador deslocou-se de Otavapara nos ajudar a descobrir a história dos portu-gueses no Canadá, principalmente aquela quevemos compenetrada nos séculos 17 e 18, in-clusivamente. Não verso sobre este assuntopois sei de fonte limpa que outros o irão fazer.

Como nota de conclusão desejamos queo jornal LusoPresse siga com paixão no riodas letras que vai desaguar na grandiosa fozportuguesa, em qualquer lugar onde pulse Por-tugal.

LUSOPRESSE...Cont. da pág 9

L P

Júlio Lourenço também participou comas suas músicas na conferência do Luso-Presse. Foto David Bolineau.

PEEBOO VOLTA PARA CASA

Gata cinzenta e cabelo longo de raça himalaiaperdeu-se na madrugada de segunda-feira, dia 12 de ju-nho, entre a Mont-Royal e St.Urbain. Pode estar es-condida nos vossos quintais. É muito envergonhadamas se tentar chamar pelo nome dela com umas gulo-seimas talvez entre na sua casa. E telefone, por favor,para a Berta pelo (514) 285-8894 ou celular 1 647 9945840, para a Sociedade de proteção dos animais emMontreal SPCA: 514-735-2711 ou e-mail:[email protected]. Estamos muito tristes. Obri-gada. L P

Publicidade:(514) 835-7199

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De uma escrava negra lisboeta a um corsário aristocrata vianense,

travámos conhecimento com nove personalidades relacionadas com o Canadá e solicitadas ao universo lusófono dos séculos 17 e 18.

Autor de três romances históricos cuja acção se desenvolve na Nova França, o conferencista (Carlos Taveira) mergulhou no banco de dados recolhido durante a preparação dessas publicações.

As fontes documentais foram várias, citemos algumas: documentos conservados na Bibliothèque et Archives nationales du Québec, Bibliothèque et Archives Canada,

mapas, estudos históricos, crónicas de viagens, centros de genealogia, Relations des jésuites.

Nove homens e mulheres que atravessaram o Canadá da

Acádia e Luísburgo até às cidades de Montreal e Quebeque, por rios e mares em canoas e veleiros ou calcorreando trilhos índios calçados de raquetes de neve ou mocassins. Alguns ainda são lembrados, poucos celebrados, enquanto outros foram completamente esquecidos.

Lembrámos aqueles que existiram antes de nós!

ConferênciaLusofonia na Nova França

Uma organização do jornal LusoPresse

Realizada domingo passado, dia 18 de junho no restaurante Bitoque

www

Éditeur etrédacteur en chef :

Directeur :

A N I V E R S Á R I OSESSÃO CULTURAL

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MINISTRO DAS FINANÇAS DO QUEBEQUE, CARLOS LEITÃO

«FIQUEI TÃO CHOCADO COMO QUALQUER OUTRA PESSOA»• Entrevista conduzida por Carlos DE JESUS

O prometido é devido e desta vez ti-vemos a oportunidade de fazer uma longa en-trevista com o atual ministro das Finanças doQuebeque, senhor Carlos Leitão, que, comotodos sabem, é nosso compatriota.

A promessa tinha-a feito por ocasião dolançamento do ciclo de celebrações dos 20 anosdo LusoPresse, quando se comprometeu a ar-ranjar tempo, no meio de uma agenda carrega-díssima, para nos falar dos problemas do seupelouro e dar assim, para benefício dos nossosleitores, a sua visão do mundo económico emque vivemos.

No passado sábado, ele, uma vez mais,foi notícia nas páginas económicas da grandeimprensa, pelo facto de a cota de crédito doQuebeque ter passado à frente da cota do On-tário.

Carlos Leitão recebeu o LusoPresse noseu gabinete em Montreal e prestou-se a res-ponder a todas as nossas questões, sem olharo tempo passar.

Começámos por lhe pedir que nos desseum panorama geral da situação económica doQuebeque.

Ministro Carlos Leitão – Vamos falarda economia do Quebeque. Onde estamos equais as perspetivas para 2017 e 2018. O quenós verificamos é que a economia do Quebe-que, sobretudo na grande região de Montreal,está bem. Podia estar melhor, como tudo podeestar melhor, mas a economia está bem, a taxade desemprego está a níveis historicamentebaixos, a criação de emprego está bastante fortee as finanças públicas estão em bom estado.Portanto, existe um clima de confiança, confi-ança da parte dos consumidores, vê-se que asdespesas de consumo são elevadas, e confian-ça da parte dos investidores, das empresas, querecomeçaram a investir na criação de emprego.O ciclo económico está-nos favorável, a econo-mia está em crescimento, o desemprego estáem baixa, e isto num mundo que está cada vezmais complicado. Creio que isto são boas no-tícias.

LusoPresse – Mas quem segue as notí-cias e sobretudo os comentaristas fica com aimpressão que tudo vai mal.

Ministro Carlos Leitão – O que nósfizemos depois de 2014 não foi fácil. Tivemos,em primeiro lugar, que por ordem na casa. Paraisso tivemos de reduzir o ritmo de crescimentodas despesas. Isto fez com que um certo núme-ro de grupos populares, comunitários, sindica-tos, quando viram que as despesas não iriamaumentar tanto quanto esperavam, isto é, de 6% e que aumentaram só de 3 %, claro que issodeu origem a uma certa polémica. Depois, tive-mos as grandes mudanças estruturais do Mi-nistério da Saúde e até a proposta da reformadas comissões escolares, que embora não ten-do ido avante, deram azo a que se gerasse umacerta oposição ao governo.

Nós aceitamos isso, faz parte do processopolítico normal. Mas ao mesmo tempo tive-mos que renegociar a maior parte dos contra-tos coletivos com os funcionários do governo.Conseguimos com os sindicatos da frente co-

mum. Mas há outros grupos que estavam foradaquela frente, sindicatos mais pequenos mashistoricamente mais difíceis de negociar. Nestecaso as negociações têm-se vindo a arrastardesde 2015. É o caso com o pessoal das ambu-lâncias, os advogados e os engenheiros do Es-tado. O clima de trabalho tem vindo a agravar-se, agora também com a questão dos conflitossindicais por causa da greve dos trabalhadoresda construção. Claro que isto aumenta a contes-tação. Depois temos os partidos da Oposição,o que é normal, de capitalizarem sobre essacontestação sindical e também de tentarem tra-zer coisas do passado para tentar destabilizaro governo.

LusoPresse – Vimos o Ontário anun-ciar a criação dum regime de pensões universale aumentar o salário mínimo para 15 dólares.Em que ponto estamos no Quebeque sobre es-tas duas questões?

Ministro Carlos Leitão – O ano pas-sado, em junho, houve uma conferência pro-vincial federal sobre as pensões. Como sabe,aqui no Quebeque temos um regime separadodo sistema de pensões federal. Nessa conferên-cia procurámos ajustar o nosso plano com oque foi proposto pelo Ontário. Mas não pude-mos chegar a um acordo, porque concluímosque essa bonificação iria prejudicar os trabalha-dores com salários mais baixos. Porque se seaumentam as pensões do futuro temos queaumentar as cotizações atuais. Por conseguinte,os salários mais baixos sairiam penalizadoscom esse ajustamento. O que nós dissemosna altura é que iríamos consultar a população eque iríamos harmonizar o plano de pensõesdo Quebeque com o do Canadá. Fizemos essasconsultas no princípio do ano e muito embreve irei anunciar o nosso novo plano depensões, que será muito próximo do que foiproposto pelo Ontário.

Em relação ao salário mínimo, não vamospoder avançar com os 15 dólares à hora. Porvárias razões. O ano passado estudámos o as-sunto aprofundadamente e fizemos um peque-

no aumento para o aproximar dos 50% do sa-lário médio em 2019. Devido à nossa situaçãoestrutural, um grande aumento do salário míni-mo no Quebeque criaria grandes dificuldadesàs pequenas empresas que teriam de fazer faceao dilema de pagarem 15 dólares à hora ou di-minuir o número de empregados. O ponto deequilíbrio, segundo o que todos os estudos in-dicam, é fazer com que o salário mínimo seja50% do salário médio.

LusoPresse – Segundo as últimas son-dagens, o partido da Coalition Avenir Québec(CAQ), está de vento em popa. Para o anovamos ter eleições. Será que o Parti Liberaldu Québec se sente ameaçado?

Ministro Carlos Leitão – Embora sejanoviço em política, já aprendi que nunca sedevem comentar as sondagens. Não comenta-mos, mas olhamos para elas. A realidade é queo Partido Liberal tem estado sempre em pri-meiro lugar e tem havido mudanças no segun-do, baixa o Parti Québécois, sob a CAQ oubaixa a CAQ e sobe o PQ. Agora temos oquarto partido, o Québec solidaire que tambémestá a aumentar. Há, portanto, uma certa divi-são do eleitorado. As eleições serão em outu-bro de 2018. Não haverá eleições antecipadas,como alguns já falaram. O nosso primeiro-ministro, senhor Couillard, já o reafirmou. Atélá muitas coisas podem mudar. Um ano, empolítica, como se costuma dizer, é uma eter-nidade.

Claro que temos que explicar bem o quevamos fazer nos outros próximos quatro anos.Não acredito que uma eleição se ganhe só como que se fez, mas sim com o que se vai fazer.

LusoPresse – Nos tempos que correm,com as correntes populistas e nacionalistas quejá se traduziram no Brexit, na eleição de Do-nald Trump, e impulsionaram Marine LePen, qual é o risco de vermos essa vaga inflamaros nacionalistas que preconizam a separaçãodo Quebeque?

Ministro Carlos Leitão – O naciona-lismo em si não é uma questão problemática.

As pessoas têm direito às suas opiniões. Aliás,já o disse publicamente, o que me levou a par-ticipar ativamente na vida política em 2014,foi o facto de ver que o nacionalismo estava afazer uma viragem identitária. O nacionalismotradicional do Parti Québécois era um naciona-lismo aberto. Mas em 2014, com a “Chartedes Valeurs” isso criou uma grande reação, nãosó do Partido Liberal, que é um partido extre-mista do cento, mas também de outros movi-mentos políticos, como Québec solidaire. Atentativa que o Parti Québécois fez de se apro-ximar dos “solidaires” falhou, em grande partepor causa da “charte”. Viu-se que houve umagrande reação da sociedade, o que prova que oQuebeque é uma sociedade adulta que sabe par-ticipar nas discussões e não se viu a subida dopopulismo como se viu e se vê na Europa ounos Estados Unidos.

Nas eleições de 2018 esse vai ser um as-sunto importante, tanto mais que a CAQ temvindo a assoprar nesse braseiro da intolerância,como disse o nosso primeiro-ministro, particu-larmente no que diz respeito ao acolhimentoe à integração dos imigrantes. É aí que temosde gritar alto e bom som que o Quebeque éuma sociedade aberta, acolhedora e pronta afavorecer a integração dos imigrantes.

A nossa responsabilidade como homenspolíticos é promover essa integração. O mun-do do trabalho mudou muito nos últimos qua-renta anos. Antigamente havia bastante traba-lho. A integração era mais fácil. Hoje, cada vezé mais difícil encontrar-se trabalho sem quali-ficações. E, sem trabalho a integração cada vezé mais difícil.

LusoPresse – O problema é a concen-tração dos imigrantes na área de Montreal…

Ministro Carlos Leitão – Sim, temosde facilitar a imigração para as regiões do Que-beque. Não quer dizer que vamos por o pessoaltodo num autocarro, mas temos de facilitar es-se processo porque nas regiões do Quebequefora de Montreal, o grande problema econó-mico que existe não é a falta de trabalho, é afalta de trabalhadores. Há até grandes centroscom falta de mão de obra e eles estão prontosa aceitar e a integrar os imigrantes que queiram

Carlos Leitão, ministro das Finanças do Quebeque, em grande entrevista ao nossojornal. Foto LusoPresse.

Foto LusoPresse.

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trabalhar. Tem havido já vários projetos-pilo-tos, como o que fizemos com Saint-Georgesde Beauce, por exemplo, que tem tido um certosucesso e que vai seguramente se acelerar. Ain-da não há muito tempo estive em Baie Saint-Paul, onde existe uma das maiores empresasdo Quebeque em transformação de camiõesnormais em grandes camiões. Empregam qua-se 200 pessoas, mas não tinham pessoal quechegasse para responder às encomendas doresto do Canadá e dos Estados Unidos. Forameles mesmo que tomaram a iniciativa de ir auma feira do emprego, na cidade Quebeque efoi lá que encontraram quatro africanos, recém-chegados a Quebeque.

LusoPresse – Já existem robots emquase todas as indústrias. Mas, com o desenvol-vimento da Inteligência Artificial, pratica-mente todas as atividades laborais vão substi-tuir a mão de obra pelas máquinas. Como éque o governo se prepara para essa nova econo-mia?

Ministro Carlos Leitão – Temos aministra Dominique Anglade que pôs em mar-cha uma estratégia para a inovação, na qual aInteligência Artificial ocupa um grande espaço,visto que Montreal está a transformar-se numgrande polo mundial nessa área. Por conse-guinte, nós vemos a inteligência artificial comouma nova “grappe industrielle” que vai criarmuitos novos empregos.

Por outro lado, ao pormos em prática aaplicação da inteligência artificial, vamos abolirmuitos outros empregos, sobretudo no setordos serviços. No setor industrial, pode dizer-se que essa transformação já se deu. Agora va-mos ver centenas de milhares de trabalhadoresquebequenses, no ramo das vendas, no co-mércio de retalho, nos serviços financeiros,dos táxis, dos transportes sem condutor, todosesses setores vão ser obrigados a grandes trans-formações. A nossa responsabilidade comogoverno é acompanhar essas pessoas que, ine-vitavelmente, vão ser postas de lado. Para issovamos criar programas de formação em cola-boração com as escolas, os CEGEPs e as em-presas.

No caso do Quebeque temos uma vanta-gem que outros não têm. Como temos umapopulação que vai envelhecendo, uma das for-mas de facilitar essa transição é facilitar o pro-cesso da reforma. Não creio que aqui no Que-beque vamos ter um problema de desempregode massa devido às mudanças tecnológicas,como acontece noutras sociedades, como é ocaso da Europa.

LusoPresse – Antes de terminar gostá-vamos de ouvir a sua opinião sobre a polémicaque tem andado à volta da Bombardier.

Ministro Carlos Leitão – Nós intervi-mos diretamente na Bombardier porque ela éuma dessas empresas que faz parte da novaeconomia. O projeto do avião da série “C” é omaior projeto de investigação e desenvolvi-mento de toda a história do Canadá. É o aviãomais moderno do mundo totalmente construí-do aqui. Em 2015 a empresa ficou numa situ-ação financeira delicada e, se não fosse a inter-venção do estado, estou em crer que a Bombar-dier não existiria hoje como ela existe. Não ofizemos para salvar a família (detentora dasações votantes), mas para proteger os 40 milempregos que existem aqui na região de Mon-treal. Nós não queríamos ser acionistas daBombardier Inc., porque assim teríamos pou-co peso nas decisões do Conselho de Adminis-tração. Quisemos foi ser acionistas dos aviões,para o poder proteger e levar o projeto avante.

LusoPresse – Mas como reage aos au-mentos de emolumentos que o Conselho deAdministração se outorgou?

Ministro Carlos Leitão – Quando anotícia saiu nos jornais eu fiquei tão chocadocomo as outras pessoas. Foi por isso que con-vidámos o Conselho de Administração daBombardier a rever a sua política de retribui-ções. Houve certas mudanças. Deviam ter idomais longe. Mas enfim, isso é outro assunto.

EDITORIAL...Cont. da pág 1

eficaz.Mesmo sem entrarmos em balanços pre-

maturos, parece mais que evidente que a causada amplidão deste fogo se deve à natureza dasflorestas em Portugal.

Portugal, com o seu pequeno território,compete, em termos de floresta eucaliptal compaíses como a Índia, a Austrália e o Brasil. Háalgo de anormal neste facto, tanto mais que oeucalipto veio da Austrália e Portugal tem quasetantos eucaliptos como os australianos.

Por alguma razão a Austrália lhe chama aGasoline Tree (Árvore Gasolina). Plantadoperto ou juntamente com o pinheiro, estãoassim criadas as condições para que à mais pe-quena fagulha se desencadeie um braseiro co-mo o que atualmente está a devastar o centrodo país. Duas árvores altamente inflamáveis,devido aos óleos de uma e à resina da outra.Seguramente que o país tem de repensar nautilização do eucalipto para repor a florestaagora ardida.

Segundo o balanço que temos à hora defechar esta edição, já foram contadas 64 vítimasmortais e 135 feridos, dos quais 13 bombeiros.

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OS GABINETES DE APOIO AO EMIGRANTE• Por Daniel BASTOS

Inicialmenteconcentrados nonorte e interior dopaís, e recentementealargados à grandeLisboa, Algarve e Alentejo, os Gabinetes deApoio ao Emigrante (GAE) resultam de A-cordos de Cooperação entre a Direção Geraldos Assuntos Consulares e das ComunidadesPortuguesas (DGACCP) e as Câmaras Muni-cipais, estabelecidos através de protocolos ce-lebrados entre as duas entidades e que assentamem dois princípios base: a disponibilidade parao atendimento e a proximidade ao utente.

Tendo como destinatários os portuguesesque estão emigrados, aqueles que já regressa-ram, assim como todos os cidadãos que preten-dam iniciar um processo migratório, os GAEestão habilitados a tratar de assuntos de segu-rança social, equivalência de estudos, investi-mentos, duplas-tributações, pedidos de coloca-ção no estrangeiro, informação jurídica geral eaconselhamento para quem queira emigrar.

Na prática, sendo um instrumento de in-terligação entre os emigrantes portugueses eos seus territórios de origem e destino, osGAE representam um serviço, gratuito, que asautarquias colocam à disposição dos muníci-pes, e a que recorrem sobretudo antigos emi-grantes para obterem apoio na resolução dequestões relacionadas com os pedidos das suas

pensões de reforma estrangeiras.Nesse sentido, e na prossecução da missão

alargada dos GAE, que segundo o Secretáriode Estado das Comunidades Portuguesas, JoséLuís Carneiro, durante a recente sessão deabertura do III Encontro de Gabinetes deApoio ao Emigrante, realizaram 24 006 aten-dimentos que originaram 2 029 processos, tor-na-se fundamental que estes serviços assumamcomo desígnio estratégico a dinamização daspotencialidades económicas dos concelhosjunto das comunidades portuguesas.

Existindo na atualidade mais de uma cen-tena de municípios com Gabinete de Apoioao Emigrante, estas estruturas disseminadasum pouco por todo o país, têm que evoluirpara outro patamar, mais capacitado e inovador,ao nível da atração de empresas, criação de no-vos postos de trabalho e investimento prove-niente das comunidades portuguesas e lusodes-cendentes que não podem deixar de estar nocentro das políticas de desenvolvimento e pro-moção dos concelhos portugueses.

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PELO 375.° ANIVERSÁRIO DE MONTREAL

JOGOS DA FRANCOFONIA• Por Norberto AGUIARParticipámos, recentemente, numa Confe-

rência de Imprensa de divulgação dos Jogos da Franco-fonia, a realizar em Montreal no âmbito do 375.° ani-versário da cidade.

Haverá dois jogos, um em Gatineau, no dia 6 dejulho, e outro em Montreal, no dia 9 de julho. As equi-pas oponentes são a Seleção Nacional de Haiti Sub-20, o FC Gatineau e a Equipa Canadá-Quebeque, quepor sua vez também será formada dos melhores joga-dores do Quebeque Sub-20 e que tal como o grupohaitiano se prepara para tomar parte nos Oitavos Jo-gos da Francofonia, em agosto, na Costa de Marfim,em África.

Na Conferência de Imprensa, promovida peloComité Organizador Haitiano de Montreal, tambémnos foi apresentada uma lista de antigos desportistasdesta ativa comunidade que serão homenageados nodecorrer de uma gala prévia (dia 7 de julho) ao jogo deMontreal e que contará com diversas personalidadesdo meio social, profissional e político.

Dessa lista podemos destacar alguns nomes, qua-se todos eles com méritos firmados no futebol de altacompetição, desde passagens pelo Impacto, Inter eSupra de Montreal, até à Seleção Nacional do Canadá.

Patrice Bernier, Olivier Occéan, Pierre-RichardThomas, Gaspard D’Alexis, Arthur Calixte, que paraalém de ter jogado no Supra e Inter de Montreal, duasequipas profissionais de futebol, passou por uma dasfamosas equipas do Luso Stars, que chegou a ser cam-

peã do Quebeque, entre muitos outros jogadores decalibre. De resto, não há nesta província nenhuma co-munidade que se possa dar ao luxo de ter tantos e tãobons jogadores de futebol como a comunidade haitianado Quebeque. Próxima dela, só a comunidade italiana,mas a uma boa distância.

Já no âmbito administrativo, o destaque vai paraJean Bernier, pai do outro, Raymond Laurent, Félix St-Élien, Keder Hyppolite, Jean-Marie Julien e muitos ou-tros, nossos conhecidos, de resto, em tempos idos emuito queridos...

A homenagear, os nossos amigos do Comité Or-ganizador não se esqueceram dos homens de preto, osárbitros. Assim, na lista a condecorar encontram-sehomens como John Jérôme (juiz FIFA) e Pierre Lespi-nasse, por exemplo.

Uma festa de gabarito, é a que está reservada paraabrilhantar a vinda da Seleção Nacional de Haiti, equipaSub-20, a qual tem alinhavada dois jogos de futebolnesta província.Recapitulando:Dia 6 de julho, em Gatineau:FC Gatineau x Seleção Nacional de Haiti Sub-20Dia 9 de julho, em MontrealSeleção Canadá-Quebeque Sub-20 x Seleção Nacionalde Haiti Sub-20Este jogo terá lugar no Complexe Desportivo Claude-Robillard e inicia-se às 17h00.Os bilhetes (15 e 20 dólares) já estão à venda.Informações: (438) 385-4535. L P

Falar PortuguêsPor sugestão da representante do Instituto Camões em

Montreal, Inês Faro, alguns colaboradores do LusoPresse deci-diram aderir à proposta «Por que é que é importante hoje falarPortuguês em Montreal».

Assim sendo, vejamos as frases enviadas pelos nossos cola-boradores.

Se cortarmos as raízes a uma planta, ela morrerá. As raí-zes da nossa Comunidade estão na nossa língua.

Joaquim Eusébio

Falar português é ser contributo para o futuro, pois traze-mos formas únicas de ser e de pensar que enriquessem o mosaicomulticultural da cidade.

Humberta Araújo

Falar português é uma herança identitária e um sentimentode orgulho e de pertença.

Adelaide Vilela

Quando falo português estou em casa.Carlos de Jesus

Falar português é-me tão natural como respirar.Vitória Faria

Falar Português em Montreal é ver crescer os meus netos.Norberto Aguiar

A perenidade do Português em Montreal passa pela suafala.

Anália Narciso L P

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CAMPEONATO DA MAJOR LEAGUE SOCCER

IMPACTO COM DESLOCAÇÕES POSITIVAS• Por Norberto AGUIAR

Em artigo anterior, falávamos na difi-culdade das deslocações do Impacto a KansasCity, para defrontar o Sporting local, e à Florida,para se bater com o Orlando City. Em ambosos casos, os adversários eram de peso, comose podia (pode) ver pela classificação atual, on-de, sobretudo, o Sporting Kansas City lidera aZona Oeste do Campeonato, embora com doisjogos a mais do que o FC Dallas, uma das me-lhores formações da MLS. Já o Orlando City,da estrela Kaká, está bem instalado na tabelaclassificativa, com 25 pontos, que dá para ocu-par, para já, o quarto lugar da zona Este, amesma, claro, que a do Impacto.

Na deslocação a Kansas, o Impacto, mes-mo se se viu em dificuldades, arrancou um em-pate a uma bola, com o seu tento, uma obra-prima de Mancosu, a aparecer já em fim dapartida...

Contra o Orlando City, oito dias depois,aconteceu um pouco o invés, pois foi o grupoda Florida a empatar (3-3) a contenda já notempo adicional, quando tudo fazia crer que oImpacto rumaria a Montreal com os três pon-tos no bornal.

Se contra o Sporting o Impacto chegou ater dificuldades para se manter na disputa dostrês pontos, contra o Orlando City pode dizer-se que foi este a ter dificuldades em parar a má-quina atacante dos montrealenses, conduzidapor esse grande jogador que é Piatti. Piatti que

marcou dois golos e ensaboou o juízo aos mé-dios e defensores florianos, que até são de ótimaqualidade...

Campeonato CanadianoAgora, está aí o Campeonato de Futebol

Canadiano, com a disputa da final, a duas mãos.Hoje, em Montreal, e na próxima quarta-feira(dia 28), em Toronto.

Porque é à hora que este jornal entra namáquina de produção, logicamente que não lhe

podemos dar o resultado desta primeira-mão.

Retoma na MLSO próximo jogo do Impacto para o Cam-

peonato da Major League Soccer é já sábado,quando defrontar o Columbus Crew, em Ohio.Segue-se-lhe outro desafio, no dia 1 de julho,mas agora em Montreal, mais precisamenteno Estádio Saputo. O antagonista é o DC Uni-ted, último da zona Este, mas mesmo assim,um osso nada fácil de roer...

Entretanto, no dia 28, ainda de junho, seráo jogo da segunda-mão da final do Campeo-nato Canadiano, a disputar agora em Toronto.

É de não esquecer que o vencedor desteembate terá direito a parfticipar na Liga de Cam-peões da CONCACAF pelo Canadá, claro,dando ainda a possibilidade do seu vencedorparticipar no Campeonato Mundial de Clubes– prova com cunho FIFA.

Restantes jogosA jornada 16, que começou na sexta-feira

e só acabou no domingo, teve resultados maisou menos previstos. Eis os seus números.

Nova Iorque City x Sounders Seattle, 2-1Atlanta United x Columbus Crew, 3-1Revolution de Boston x Chicago Fire, 1-2Toronto FC x DC United, 2-0

San Jose Earthquakes x Sporting KansasCity, 0-0Rapids do Colorado x Timbers de Portland,2-1Real Salt Lake x Minnesota United, 1-0Whitecaps de Vancouver x FC Dallas, 1-1La Galaxy de Los Angeles x Dynamo deHouston, 2-2União de Filadélfia x Red Bull Nova Iorque,0-2Orlando City x Impacto de Montreal, 3-3.

Com mais esta jornada, os líderes das zo-nas Oeste e Este continuam a ser o SportingKansas City, do guineense Gerso Fernandes,jogador que continua a impressionar, e o To-ronto FC, que também lidera o Campeonatoem termos globais.

Entretanto, João Meira continua o titulardo Chicago Fire, equipa que este ano está a fa-zer uma excelente carreira – está logo no se-gundo lugar, a um ponto do Toronto FC. Tam-bém João Pedro é titular do La Galaxy, quetem estado a fazer alguns resultados impre-vistos para a sua qualidade de favorito no Oeste.

Dos portugueses desta liga, apenas RafaelRamos está com problemas. Apareceu no Or-lando City esta época depois de longa ausência,para logo desaparecer depois de levar um cartãovermelho que nos pareceu de forma injusta.

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