Educação é comunicação!

11

Click here to load reader

description

Estou cansado de ler teorias que se propõem a resolver os problemas educacionais; não passam de modismos. Educar é um tipo de comunicação, por isso, um professor não se forma na faculdade e a escola caiu em tamanho descrédito!

Transcript of Educação é comunicação!

Page 1: Educação é comunicação!

Antonio Jaques de Matos

Educação é comunicação!

Page 2: Educação é comunicação!

Prefácio

Pelo amor de deus!, ou, pelo amor a nós mesmos, segundo nós, panteístas!, por que

há dois prédios nas universidades fazendo a mesma tarefa? Quais? A pedagogia ou

faculdade de educação e a faculdade de comunicação social. Por que se tenta reinventar a

roda quando ela já existe?

Nesta presente obra, provaremos que o labore de um magister não difere em nada do

labore de um comunicador, quer seja um jornalista, quer seja um publicitário, quer seja um

relações públicas, tarefas que um mesmo profissional, um comunicador realiza.

Como chegamos a esta tese? A partir da observação de que um professor toma

teorias antigas, as tira de livros e as põe em um quadro, uma mídia, um meio de transmissão

das informações. Como um comunicador deve saber quando e como uma informação se

torna conhecimento, isto é, é compreendida por um aluno ou por um espectador,

telespectador, ouvinte ou leitor. Mesmo quando o professor transmite teorias que ele

mesmo criou, precisa transmiti-las a sua audiência, de um modo que ela entenda e não do

jeito que ele gostaria de fazer.

Não é por acaso que a grande justificativa do por quê a escola não atrai a atenção

dos alunos é que ela não é tão atrativa quanto os meios de comunicação. Isto, por si só, é o

que definimos como 1 a verdade de nossa presente tese: “se os meios de comunicação

competem com a escola pela atenção discente, é porque a educação é uma forma de

comunicação!”

Eu tinha a idéia de que a sala de aula ideal fosse repleta de computadores, mas, o

que são eles, janelas para o mundo, só que janelas fechadas ou alguém já a atravessou e

tocou com as mãos os objetos e os seres que a tela de computador nos apresenta? Com três

anos de experiência em sala de aula, fazendo o possível e o impossível para tornar minhas

Page 3: Educação é comunicação!

aulas atraentes aos alunos e provocar neles aquele momento de maravilhamento, em que os

olhos brilham diante da descoberta, oferecendo aulas diferentes, para perceber suas reações

e suas preferências, para descobrir quais metodologias, vejo, hoje, que a melhor aula é

aquela que trás o mundo até nós ou nos leva ao mundo, teoria que encontramos em

Aristóteles (pela prática alcançamos uma teoria, embora, para mim, teoria é outro nome que

damos à prática ou muitas práticas reunidas em uma definição geral) e Jean-Jaques

Rousseau (ensinar os alunos a lerem o livro do mundo, isto é, a aprenderem na interação

com o mundo real). Assim, não me parece que imitar as mídias seja suficiente para pôr a

educação em rumo certo. A internet, a televisão, o MP3 ou MP4 ou MP “sei lá que

número”, poderá oferecer a sensação muito próxima de, por exemplo, correr em um carro

em alta velocidade, mas ainda, assim, você precisará recorrer a suas experiências em que

correu de verdade em algum veículo automóvel. E a escola levará grande vantagem se fizer

os seus alunos construírem um veículo para eles andarem, mesmo que precise ser

empurrado pelos outros alunos.

Etimologia

Será útil para nosso presente trabalho investigar a origem das palavras “educação” e

“comunicação”? Uma rápida olhada, descobrimos que “comunicare” significava, na Roma

antiga, partilhar, tornar comum, uma coisa física (PETERS, J.D. Speaking into the air: A

history of the idea of communication. (1999))e “educare”, nutrir ou conduzir, daí “duque”,

aquele que comanda soldados em uma guerra. O filósofo Nicola Abbagnano, no verbete

“educação” a define como a “transmissão e o aprendizado das técnicas culturais”

(Dicionário de Filosofia: ed. Martins Fontes, 1988)!

Wittgenstein disse algo como a palavra ser a roupa das idéias. Não basta, conhecer a

origem das palavras, é preciso conhecer as experiências a que elas se referem. E, se no

passado, uma palavra se referia a coisas físicas e outra, a coisas do espírito, digamos assim,

hoje, em dia, professores e comunicadores estão tão próximos que não distinguimos uns

dos outros, exceto pelo fato de que:

(a) o primeiro grupo trabalha em escolas e o segundo, em organizações e,

(b) o primeiro grupo fala para trinta ou quarenta alunos e o segundo grupo, para

milhares ou milhões.

Page 4: Educação é comunicação!

Tanto em (a) quanto em (b) se constituem em diferenças secundárias, pois um

professor pode escrever uma coluna em um jornal e um jornalista pode dar aula em um

colégio. Quantos de nós não aprendemos mais facilmente vendo um programa de tevê sobre

um assunto científico do que sentado em uma sala de aula monótona?

(c) o primeiro grupo transmite verdades e o segundo apenas versões, mas tal

assertiva pode ter tido valor no passado, não mais hoje em dia. E isto não porque a verdade

se transmutou em opinião por ação de algum demônio que vê graça em nos confundir, mas

porque sempre foi difícil encontrar a verdade, ela foge de nós quando nos aproximamos

dela, no máximo conseguimos arrancar-lhe um pedaço, sempre insuficiente para conhece-la

toda. O que ocorre hoje é que perdemos nossa arrogância, nossa crença em um Deus que

não nos enganaria sobre as respostas que encontrássemos. Reconhecemos nossa

incapacidade, nos tornamos humildes após tanto bater cabeça, tanto fracassar. Já a

comunicação, sempre conviveu com versões, mas, também, teve momentos em que

instituições monopolizaram as notícias e escreveram, por breves instantes, uma história

oficial;

(d) na “educação” há uma ação prolongada para produzir um efeito duradouro,

enquanto na “comunicação”, há uma ação temporária. Mas, sabemos, nós professores, que

depois de dias, semanas ou anos, nossos alunos, e nós mesmos, pouco lembraremos do que

aprendemos em sala de aula ou lemos no jornal.

(e) a educação ensina códigos, símbolos e sons que as pessoas usarão nas relações

com as outras pessoas e a comunicação faz uso destes conhecimentos. Há professores que

adquiriram experiência para ensinar o alfabeto e o cálculo para crianças, porém, as letras

são apenas uma das formas de linguagem, ao lado da música, das cores, das formas. Das

impressões tácteis, dos gostos, dos cheiros.

Em que difere “educação” da “comunicação”, então?

Por que usar duas palavras para dizer a mesma coisa? Provavelmente porque era

preciso diferenciar: uma comunicação voltada para crianças e para os mais jovens e outra

comunicação entre adultos. Há, em todas as sociedades, ameríndia, hebraica, romana, etc,

um rito de passagem entre a fase imatura e a adulta.

Page 5: Educação é comunicação!

Mas, há uma outra boa razão e talvez mais fundamental: a educação trata de coisas

tangíveis e a comunicação, virtuais. E sempre será assim? Acreditamos que sim: imagine

receber, junto com o seu jornal diário, um modelo de turbina daquele modelo de avião que

se acidentou recentemente! Volta e meia, uma revista ou jornal, enviam ao leitor amostras

de perfumes, mas isso é o máximo que poderão fazer e dado os milhares ou milhões de

leitores, não poderão fazer mais do que isso! E é precisamente esta a diferença e a

vantagem da escola: ela pode pôr à disposição dos alunos coisas concretas para eles, com

elas, interagirem. Daí, nossa 2 a verdade : “a educação é uma comunicação de algo concreto,

tangível”. É curioso que na Roma antiga, comunicação se referia a algo concreto, agora é a

educação. Mas, por algo tangível, não devemos esquecer, também, de incluir: sentimentos,

virtudes, bondade, maldade, lembranças, esperanças, dor, prazer.

Ocorre, contudo, que nas salas de aula não vemos turbinas, mas, também, temos

empurrado “garganta (cérebro) para dentro” dos nossos alunos informações abstratas, sem

qualquer experiência concreta. Disto se segue que a educação é predominantemente

abstrata e não trata do concreto? Não, disto se segue, tão somente, que se deturpou a função

da educação. Lembremos que na vida rural, as crianças aprendem a plantar, plantando, a

tirar leite da vaca, tirando-o. Mas, vão a escolas apenas para melhorar o que já sabem fazer

ou fazer melhor, aquilo que, para elas, já é concreto, tangível. Nem por isso, se aprende

apenas a prática, mas, também, a teoria (ou seja, a minha prática ou a de outrem,

formalmente registrada, em um livro, por exemplo), nem por isso se deve menosprezar o

pensamento puro, mas o que ele é realmente? Se ele nasce das sensações, ele é uma

combinação delas, ainda que as tenhamos esquecido ou tirado de foco!

Somos, por isso tudo o que dissemos antes, adeptos da escola nova? Não sabemos,

nunca tivemos contato com aqueles teóricos, eles já não existiam mais quando nós

existimos e já éramos adultos! É difícil pôr rótulo em uma coisa que não pára de se mexer,

não acham? Um ser humano é uma coisa que não para de se mexer! É como dizer: você é

este da foto? Não eu sou este que estou entre você e a foto! Em resumo: acreditamos que há

um pouco de verdade em tudo o que já foi e é dito em todo o lugar! Pensemos seriamente: é

possível que alguém seja apenas um educador empirista? Liberal? Revolucionário? A única

diferença que pode existir entre educadores pomos sob a forma de uma 3 a verdade : “todo

educador ou comunicador pode ser de dois tipos: monologal ou dialogical”.

Page 6: Educação é comunicação!

Já que falamos em diálogo, podemos lembrar Sócrates, para quem a educação era a

comunicação, a comunhão, de idéias para juntos se chegar ou se aproximar a uma resposta

verdadeira. Hoje, o diálogo volta à cena nas salas de aula ou, pelo menos, nos livros

didáticos.

O que comunicar nas aulas?

As organizações de televisão e jornal procuram oferecer a seus públicos aquilo que

lhes agrada. Não são descobertas científicas – relegadas a programas de canais fechados -,

mas algo que apenas as façam passar seu tempo, filmes, programas de auditório, vídeos de

pessoas se acidentando, novelas, etc. As salas de aula não comportam isso, não existem

para passar o tempo, mas, antes, para entender a passagem do tempo, a história e estimular

às descobertas do pensamento. Neste ponto, há uma diferença entre educação e

comunicação? Não, em nossa opinião. Porque poderíamos propor uma aula engraçada e

nela incorporar as descobertas humanas e, a partir delas, propor novas reflexões, alterações,

melhoramentos.

Tendemos, também, a perguntar: falarmos apenas sobre os assuntos que interessam

aos adolescentes, não nos levaria a um “adolescentrismo”, tão comum hoje em dia quando

há tantos exemplos de desrespeito aos pais e, por extensão, aos professores? Lembramos

que quando éramos aluno cada aula tinha, para nós, um gosto de algo novo, não provado ou

provado pela primeira vez, que trazia consigo uma esperança de que fôssemos ser

apresentados a uma nova descoberta legada a toda a humanidade pelas gerações anteriores;

hoje, eles não enxergam as coisas desta forma ou, talvez, sejam como na nossa época, pois

poucos sempre tiveram e terão esperança, a maioria preferirá a mesmice na qual foi

acostumada, nas coisas banais, sexo, como se soubessem fazê-lo com arte ou música, como

se realmente as entendessem!

Não nos parece correto ao professor tentar voltar a ter a idade de seus espectadores,

tentar imita-los só provocará na audiência graça. É inegável que devemos ser o que somos.

Talvez devamos fazer o que muitos alunos já sugeriram, nas raras vezes em que lhe foi

perguntado que aula queriam: eles disseram que queriam uma aula em que pudessem falar

dos assuntos que eles mais conhecem e, também, dos que não conhecem, mas querem

conhecer e fazer com que a eles seja apresentado um problema para pedir-lhes uma

Page 7: Educação é comunicação!

solução. Não é fácil a um professor-comunicador que aprendeu a ser monologal, agora,

passar a ser dialogal.

Um novo dicionário pedagógico.

Para um visitante de primeira vez, este livro como um todo e este específico

dicionário poderão parecer uma propaganda daqueles que querem transformar a educação

em objeto de lucro e a escola em organização capitalista. Discordamos, pelo menos, por

esta nossa proposta, uma vez que tanto em regimes de livres do Estado, quanto em regimes

estatais, a comunicação sempre foi usada em ambos. Não digam que uma arma ou uma faca

sejam coisas perigosas, exceto se souberem nas mãos de quem estes objetos estão, certo?

Vocábulo utilizado Tradução e novo significado

Professor Comunicador

Método Roteiro

Escola Mídia

Conteúdo Mensagem

Avaliação Pesquisa informativa

Alunos e pais público-alvo

Conclusão.

1 a verdade : “se os meios de comunicação competem com a escola pela atenção

discente, é porque a educação é uma forma de comunicação!”

2 a verdade : “a educação é uma comunicação de algo concreto, tangível”.

3 a verdade : “todo educador ou comunicador pode ser de dois tipos: monologal ou

dialogical”.