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Revista Linha Direta educação para o trabalho D iante da consolidação das novas tecnologias como fer- ramentas essenciais ao pro- cesso produtivo, o mercado, cada vez mais, exige mão de obra qua- lificada. Ele quer não só um pro- fissional capaz de executar bem sua função, mas que interprete desafios e novas situações, es- tando preparado para calcular, avaliar e discernir riscos para corrigir fazeres e antecipar es- colhas, aprendendo a conviver com o incerto e o inusitado. O novo mundo do trabalho pede que o indivíduo esteja prepara- do para atuar em situações pla- nejadas e não planejadas, dando respostas adequadas à comple- xidade da tarefa apresentada, contribuindo significativamente para a garantia dos resultados demandados. Os últimos anos, especialmente a última década, foram de gran- de importância para o Brasil, por caracterizarem um momento de EDUCAÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO Revista Linha Direta

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educação para o trabalho

Diante da consolidação das novas tecnologias como fer-ramentas essenciais ao pro-

cesso produtivo, o mercado, cada vez mais, exige mão de obra qua-lificada. Ele quer não só um pro-fissional capaz de executar bem sua função, mas que interprete desafios e novas situações, es-tando preparado para calcular, avaliar e discernir riscos para corrigir fazeres e antecipar es-colhas, aprendendo a conviver com o incerto e o inusitado. O novo mundo do trabalho pede que o indivíduo esteja prepara-do para atuar em situações pla-nejadas e não planejadas, dando respostas adequadas à comple-xidade da tarefa apresentada, contribuindo significativamente para a garantia dos resultados demandados.

Os últimos anos, especialmente a última década, foram de gran-de importância para o Brasil, por caracterizarem um momento de

EDUCAÇÃO PARA O MUNDO DO

TRABALHO

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Movimento propõe ações de curto e médio prazos em busca de um ganho de qualidade educacional

crescimento econômico e conso-lidação como uma das grandes potências mundiais, alicerçado na aceleração da atividade in-dustrial que o País vem apresen-tando. No entanto, alguns fatos ainda atravancam o pleno cres-cimento da Nação, entre os quais a baixa qualificação e escolariza-ção dos profissionais que atuam nos setores produtivos.

Mesmo diante de evidente me-lhora no que se refere à capa-cidade produtiva nos últimos anos, o Brasil ainda se encontra em uma posição aquém de suas possibilidades no que se refere à competitividade global. É o que revela o Relatório de Com-petitividade Global 2012-2013 do Fórum Econômico Mundial. O estudo revela que o principal fator para a composição desse cenário é a precária qualidade da educação, fato que interfere diretamente na produtividade da indústria.

Por mais que o empregador decida por capacitar seus co-laboradores, ficam evidentes deficiências oriundas da baixa qualidade da educação básica. O nível educacional da popula-ção, dos que já estão inseridos no mercado de trabalho e dos que em breve tentarão ocupar uma vaga nas empresas, é um dos principais fatores que esti-mulam ou entravam a moderni-zação e a competitividade dos diversos setores econômicos.

Ciente da importância que o nível de escolaridade dos profissionais possui para o desenvolvimento econômico do País, a Confede-ração Nacional da Indústria (CNI) criou o projeto Educação para o Mundo do Trabalho, que tem como objetivo principal melho-rar a qualidade da educação para formar futuros profissionais mais preparados, além de aproximar cada vez mais a educação básica e a formação profissional.

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O programa

As ações tiveram início no ano de 2011, quando um significativo debate promovido pela CNI le-vantou a questão: “O que é edu-cação para o mundo do trabalho hoje?” Especialistas em educação no Brasil, como Claudio de Moura Castro, Francisco Aparecido Cor-dão, José Pastore e João Batista Araújo fizeram parte desse deba-te, que teve como objetivo reali-zar um diagnóstico dos principais desafios de qualidade do sistema educacional brasileiro e propor ações que promovam o seu de-senvolvimento, tendo como eixo principal a aproximação da edu-cação do jovem ao mundo do trabalho, indispensável para a qualificação do sistema produti-vo e para a competitividade da indústria brasileira no panorama internacional.

O objetivo da ação é mobilizar empresários, governos, socieda-de civil e pais de alunos por meio de uma agenda permanente de ações, que apresentem resulta-dos de curto e médio prazos e contribuam para a qualidade da educação voltada para o mun-do do trabalho. De acordo com o gerente executivo de Estudos e Prospectiva do SESI, SENAI e IEL, Luiz Caruso, as ações que o projeto irá desenvolver visam a apresentar soluções mais emer-genciais para o atual cenário da educação no País, ao contrário de outras ações que ele tam-bém julga necessárias, mas que demandariam maior tempo até surtir efeito.

“Trata-se de uma mobilização que estamos promovendo junto com empresários e sociedade de modo geral, no sentido de melhorar a qualidade da educa-ção. Existem ações que visam a

desenvolver a carreira docente. Concordamos que isso é fun-damental, bem como o fato de ser preciso que se revisem os currículos do ensino médio ou a importância da educação em tempo integral. No entanto, a realização dessas ações pode le-var muito tempo, na busca pela melhora da educação em seus fundamentos.”

O foco do projeto é trabalhar a proficiência em disciplinas como português, matemática e ciên-cias. As estratégias a serem utilizadas nesse processo serão discutidas em reuniões regionais e em um encontro nacional. Du-rante todo o mês de agosto de 2013, os 27 departamentos do SESI e do SENAI vão promover encontros para definir quais des-sas ações de resultados em cur-to prazo serão implantadas. Por meio de palestras de sensibiliza-ção, buscar-se-á obter a adesão formal dos parceiros locais ao programa e discutir as ações a serem desenvolvidas.

As reuniões têm o objetivo de apresentar as ideias centrais da ação a empresas, famílias, go-verno, trabalhadores, escola e mídia, convidando-os para par-ticipar da realização do projeto. Após esses encontros estaduais, será feito um trabalho de conso-lidação, em que as premiações aos projetos que se destacarem serão definidas e, logo depois, ocorrerá o lançamento nacional do programa, no dia 30 de ou-tubro. Espera-se que as linhas de ações contemplem a melho-ria do desempenho dos jovens e dos trabalhadores em língua portuguesa e matemática, além de ampliar os compromissos da comunidade escolar, das famílias e da sociedade em geral com a qualidade da educação.

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Após o lançamento do projeto, a CNI pretende construir, em conjunto com a sociedade civil e com os poderes públicos, uma agenda específica de trabalho com foco em ações que gerem resultados em curto prazo – ações que produzam efeitos mais imediatos (em um período de 1 a 2 anos) de melhoria do perfil educacional dos jovens, de modo que estes se integrem mais ade-quadamente ao mundo do traba-lho, fazendo com que a indústria conte com profissionais com me-lhor nível de escolarização bási-ca, especialmente no domínio da língua portuguesa e dos conheci-mentos matemáticos.

Em curto prazo, propõe-se que a ênfase se situe na melhoria da proficiência em português e matemática daqueles que estão na fase de transição escola-tra-balho. Dependendo da situação do jovem e da indústria local, é possível contemplar também al-gumas competências genéricas, como raciocínio lógico, e algumas competências comportamentais. Além disso, é necessário ampliar a oferta de educação profissio-nal de média e alta qualificação. Define-se assim um público a ser prioritariamente atendido.

Público-alvo

Após estudos, foi feito um re-corte referente ao público que o projeto visa a atingir. As ações serão voltadas para jovens de 18 a 24 anos que ainda estão cur-sando o ensino médio, apresen-tando atraso na idade-série. O programa também contemplará jovens que possuem o ensino mé-dio completo ou incompleto, e que se encontram sem trabalho. Segundo Caruso, “este é um gru-po de extrema vulnerabilidade, no qual ações em curto prazo po-

deriam ser desenvolvidas, visan-do a oferecer a eles condições de melhorar sua proficiência em português e matemática para que eles possam ser inseridos no sistema produtivo de algum modo.” Outra ação que se pre-tende desenvolver é a elevação da escolaridade dos trabalhado-res que já se encontram empre-gados atualmente.

Luiz Caruso diz que, no Brasil, existe uma grande quantidade de pessoas que se encaixam no per-fil que os estudos indicaram. Em 2011, quando o projeto começou a ser discutido, o número de pesso-as dentro das características que o programa irá contemplar girava em torno de 14 milhões, sendo que mais de 5 milhões eram traba-lhadores que necessitavam ter seu nível de escolaridade elevados. Uma análise mais aprofundada mostrou, ainda, que 81 mil desses trabalhadores eram analfabetos. O número de jovens na faixa etá-ria de 18 a 24 anos, com o ensino médio completo ou incompleto, chegava a cerca de 9,3 milhões de pessoas, enquanto outros 2 mi-lhões estavam fora da escola e do mercado de trabalho. Para ele, a iniciativa é de grande valor, mas demanda a união de outras forças em prol do seu sucesso.

“Nós sozinhos não temos con-dições de resolver essas de-mandas, mas, com a adesão de outros atores ao projeto, as so-luções serão potencializadas. Nosso objetivo é, exatamente, proporcionar essa adesão. É um projeto que extrapola as dimen-sões da CNI, do SESI e do SENAI. SESI e SENAI já possuem ações, dentro de suas escolas, que con-tribuem em parte para a solução desses problemas. Mas esse é um projeto que necessita da ação de muitos outros atores”, finaliza.

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