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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981-0377 Curso de Educação Física - N. 20, JAN/JUN 2016 EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO SOBRE A FORÇA EM INDIVÍDUOS IDOSOS Gustavo José Martins Ribeiro 1 Matheus Marangon Hagale 2 Ana Paula Sena Lomba Vasconcelos 3 RESUMO O presente estudo tem como objetivo pesquisar a respeito da eficiência do treinamento resistido em indivíduos idosos e identificar alguns efeitos que exerce sobre a força muscular dos idosos e abordar o processo de envelhecimento e suas transformações. Nessa etapa da vida ocorre um declínio natural nas funções dos órgãos e dos sistemas do organismo humano, acarretando a uma queda da taxa metabólica, perda de massa muscular e consequentemente perda de força, entre outros fatores, tornando os idosos fragilizados e com uma autonomia reduzida na realização das tarefas diárias. A metodologia utilizada foi através de revisão bibliográfica, segundos os autores, Spirduso (2004), Lacourt & Marini (2006); Duarte; Andrade; Lebrão (2007); Fleck & Simão (2008) (2013); Silva (2006); Kosek (2006), Arantes et al., (2009); Garcia et al. (2011); Palma (2009); Maciel (2010); Câmara; Bastos; Volpe (2012); Baechle & Westcott (2013); Cavalli et al. (2014), com a proposta de discutir sobre o tema efeitos do treinamento resistido para idosos. Conclui-se que as perdas funcionais são inevitáveis, entretanto, lentas durante todo o processo de envelhecimento natural que facilita a aplicação do treinamento resistido para idosos. Segundo ACSM (2012) a prática regular de exercícios físicos pode ser capaz de prevenir doenças degenerativas, aumentando a força física e tornando o idoso mais autoconfiante. O aumento de suas habilidades cognitivas e motoras contribuirá com a funcionalidade do idoso, diminuindo a incidência de quedas, o que proporcionará uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Exercício físico. Idosos. Força muscular. Processo de Envelhecimento. ABSTRACT 1 Graduado em Educação Física - FMG 2 Graduado em Educação Física - FMG 3 Prof.a M.s Orientadora - FMG

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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granberyhttp://re.granbery.edu.br - ISSN 1981-0377Curso de Educação Física - N. 20, JAN/JUN 2016

EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO SOBRE A FORÇA EM INDIVÍDUOSIDOSOS

Gustavo José Martins Ribeiro1

Matheus Marangon Hagale2

Ana Paula Sena Lomba Vasconcelos3

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo pesquisar a respeito da eficiência dotreinamento resistido em indivíduos idosos e identificar alguns efeitos que exercesobre a força muscular dos idosos e abordar o processo de envelhecimento e suastransformações. Nessa etapa da vida ocorre um declínio natural nas funções dosórgãos e dos sistemas do organismo humano, acarretando a uma queda da taxametabólica, perda de massa muscular e consequentemente perda de força, entreoutros fatores, tornando os idosos fragilizados e com uma autonomia reduzida narealização das tarefas diárias. A metodologia utilizada foi através de revisãobibliográfica, segundos os autores, Spirduso (2004), Lacourt & Marini (2006); Duarte;Andrade; Lebrão (2007); Fleck & Simão (2008) (2013); Silva (2006); Kosek (2006),Arantes et al., (2009); Garcia et al. (2011); Palma (2009); Maciel (2010); Câmara;Bastos; Volpe (2012); Baechle & Westcott (2013); Cavalli et al. (2014), com aproposta de discutir sobre o tema efeitos do treinamento resistido para idosos.Conclui-se que as perdas funcionais são inevitáveis, entretanto, lentas durante todoo processo de envelhecimento natural que facilita a aplicação do treinamentoresistido para idosos. Segundo ACSM (2012) a prática regular de exercícios físicospode ser capaz de prevenir doenças degenerativas, aumentando a força física etornando o idoso mais autoconfiante. O aumento de suas habilidades cognitivas emotoras contribuirá com a funcionalidade do idoso, diminuindo a incidência dequedas, o que proporcionará uma melhor qualidade de vida.

Palavras-chave: Exercício físico. Idosos. Força muscular. Processo deEnvelhecimento.

ABSTRACT

1 Graduado em Educação Física - FMG2 Graduado em Educação Física - FMG3 Prof.a M.s Orientadora - FMG

This study aims at researching about the resistance training efficiency in elderlyindividuals and identify some of the effects that it has on the muscle strength ofelderly and approach the aging process and its transformations. At this stage of life adecline in the functions of organs and body systems is natural, leading to a decreasein metabolic rate , loss of muscle mass and consequently loss of strength, amongother factors , making the elderly fragile and with a reduced autonomy in daily tasks.The methodology was based on a review , according to the authors , Spirduso(2004), Lacourt & Marini (2006); Duarte; Andrade; Lebrão (2007); Fleck & Simão(2008) (2013); Silva (2006); Kosek (2006), Arantes et al., (2009); Garcia et al. (2011);Palma (2009); Maciel (2010); Câmara; Bastos; Volpe (2012); Baechle & Westcott(2013); Cavalli et al. (2014), with the proposal to discuss the effects of resistancetraining for seniors. We conclude that the functional losses are inevitable, however,slow during the natural aging process that facilitates the application of resistancetraining for seniors. It is recommended the prescription according to the ACSM(2012). Regular physical exercise may be able to prevent degenerative diseases ,increase physical strength , making the elderly more self-confident, increase theircognitive and motor skills contributing to their functionality , reducing the incidence offalls and consequent fragility and dependency; important in the execution of dailyactivities providing greater independence and promoting a better quality of life.

Key- words: Physical exercise . Elderly. Muscle strength. Aging process.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população brasileira apresenta novas

perspectivas devido à expectativa de vida que cresce a cada ano no país, atingindo

em média 74,6 anos de vida em 2012. Uma nova realidade social está se

apresentando com mudanças nos perfis demográfico e epidemiológico. Atualmente a

população brasileira conta com aproximadamente 26 milhões de pessoas com 60

anos ou mais, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2013).

A quantidade de pessoas idosas dobrou se comparada ao registrado

em 1991, para 10,7 milhões de pessoas nessa faixa etária (BRASIL /SDH, 2015) tal

que, hoje, representa cerca de 13% da população nacional e deve chegar a 26,7%

do total em até 2060, segundo projeções publicadas em artigos de Jornais Diários

como G1, Economia (2014) e BBC Brasil (2013).

Apresenta-se preocupante a quantidade de indivíduos que estão

envelhecendo com hábitos sedentários. Causador de dependências das atividades

diárias, o sedentarismo é provocado por situações como isolamento social,

aposentadoria, perdas familiares, situações afetivas.

A inatividade da população idosa pode vir a desenvolver incapacidades

funcionais no que tange suas atividades cotidianas e, com isso, aumentar o risco de

morbidade e mortalidade associada com doenças crônicas.

As perdas funcionais são inevitáveis, entretanto, lentas durante todo o

processo de envelhecimento natural do ser humano. Por outro lado, existem

evidências de melhora da capacidade funcional com a adoção de um estilo de vida

mais ativo. A partir da mudança de hábitos como a prática regular de exercícios

físicos, algo de grande valia na vida dos idosos, pode haver a melhora da

capacidade funcional e aumento da independência para exercer as atividades

diárias.

A prática regular de exercícios físicos pode ser capaz de prevenir ou

controlar doenças senis, tornar o idoso mais autoconfiante, aumentando suas

habilidades cognitivas e motoras, proporcionando maior independência e

promovendo melhor qualidade de vida.

A partir desse cenário de envelhecimento da população, abriu-se muitas

oportunidades de estudo sobre a temática e partimos para estudar o processo de

envelhecimento do indivíduo que traz consigo algumas consequências de declínio

físico, especificamente om relação à diminuição da força, principal fator causador do

comprometimento funcional do idoso, fato que traz o aumento da probabilidade de

quedas, a fragilidade e consequente dependência de terceiros, comprometimento no

desempenho da execução das atividades diárias, sua independência e autonomia.

A perda de massa e força musculares é responsável pela redução de

mobilidade e aumento da incapacidade funcional e dependência. Quando associada

à fragilidade, esta perda pode provocar outros problemas, como doenças

degenerativas cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, alguns tipos de

câncer, hipertensão, diabetes tipo 2, osteopatias e depressão (BAECHLE;

WESTCOTT, 2013).

Algumas possibilidades de atuação sobre esse processo de declínio

causado pelo envelhecimento secundário podem ser determinadas por fatores do

estilo de vida, como, nutrição adequada, estímulos cognitivos e a prática de

atividades e exercícios físicos; sendo este último o foco de nosso estudo.

Dentre as opções de exercício físico prescritos, o treinamento resistido

tem se mostrado uma excelente atividade para a melhora na aptidão física de seus

praticantes, podendo ser usado no incremento da força em indivíduos idosos.

Baseado nesta hipótese, esse artigo, teve a seguinte questão norteadora:

De que forma o treinamento resistido pode contribuir, de modo seguro e eficiente,

para o ganho de força entre idosos?

Nesta perspectiva, o objetivo geral do trabalho foi pesquisar a respeito da

eficiência do treinamento resistido em indivíduos idosos e identificar alguns efeitos

que o treinamento resistido exerce sobre a força muscular dessa população.

Justificamos essa investigação a partir de nossas experiências obtidas no

campo de estágio, e consequente participação num programa de exercícios físicos

visando à melhoria da saúde em idosos, organizado a partir de acompanhamento

feito por equipe interdisciplinar composta por fisioterapeuta, nutricionista, educador

físico e médico, desenvolvido na cidade de Juiz de Fora/MG. Buscamos aprofundar

nessa temática de estudo com idosos, fio condutor na elaboração desse trabalho.

A metodologia utilizada para se alcançar os objetivos foi a revisão da

literatura que consiste no levantamento de referências específicas do tema de

estudo, segundos os autores, Spirduso (2004), Lacourt & Marini (2006);Duarte;

Andrade; Lebrão (2007); Fleck & Simão (2008), Silva (2006), Kosek (2006), Arantes

et al., (2009); Garcia et al., (2011), Macedo; Gazolla; Najas, (2008); Borges e

Moreira, (2009); Palma, (2009); Maciel, (2010); Câmara; Bastos; Volpe, (2012),

Baechle & Westcott, (2013) Cavalli et al. (2014), para subsidiar a análise e descrição

de um corpo do conhecimento em busca de resposta a uma pergunta específica.

Para tanto, os materiais pesquisados foram: livros, artigos de periódicos, relatórios

governamentais, sites, teses e dissertações e outros tipos, com a finalidade de fazer

um levantamento acerca dos assuntos pretendidos, como, envelhecimento,

funcionalidade e ganho de força.

No texto que se segue os seguintes temas serão abordados: o

decréscimo da função muscular causado pelo envelhecimento e suas

consequências na vida do idoso; o estilo de vida sedentário, os efeitos na

funcionalidade do idoso e a importância para as atividades diárias. Também nesse

caso o treinamento resistido e seus benefícios quanto ao ganho de força para essa

população, abordamos também a prescrição dos exercícios na montagem de

treinamento seguindo os autores estudados. Importante ressaltar os cuidados e

particularidades na montagem do treinamento dos idosos para garantir a segurança

e eficiência nesse processo.

Sendo assim, apontam-se alguns efeitos importantes na prevenção e melhora

no declínio físico do idoso abrindo possibilidades de novas investigações sobre o

tema.

SARCOPENIA E PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O envelhecimento humano é tratado em seu conceito e classificações.

Segundo Spirduso (2005, p. 6) “o termo envelhecimento é usado para se referir a um

processo ou conjunto de processos que ocorrem em organismos vivos e que com o

passar do tempo levam a uma perda de adaptabilidade, deficiência funcional, e,

finalmente, à morte”. O autor classifica o envelhecimento em dois tipos: primário e

secundário. O envelhecimento primário está ligado ao processo de envelhecimento

com mudanças universais relativas à idade numa mesma espécie, independente de

fatores ambientais ou doenças. Já o envelhecimento secundário, ou processo de

envelhecer está intimamente ligado a fatores ambientais e doenças. Entretanto, as

causas não são independentes, ainda que os dois tipos de envelhecimento sejam

diferentes, esses interagem entre si e podem potencializar-se.

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) define o envelhecimento como um

processo natural e progressivo da funcionalidade dos idosos, SENESCÊNCIA. O

que Spirduso (2005) se refere como envelhecimento primário. Fatores ambientais,

como acidentes, doenças e estresse são causadores da SENILIDADE, equivalente à

definição de envelhecimento secundário.

No processo de envelhecimento, observam-se diminuição das funções

imunológicas do indivíduo, além de declínio nas capacidades funcionais e,

consequentemente, alteração nos aspectos psicológicos, morfológicos, fisiológicas,

bioquímicos e cognitivos envolvidos e decorrentes destas perdas graduais e

contínuas. “Pode ainda ser verificada diminuição significativa da atividade motora,

resultante, em parte, da degeneração fisiológica, fatores ambientais, exigências da

tarefa, doenças, estilo de vida ou a combinação desses elementos” (CAVALLI et al.,

2014, p. 256), todos esses fatores podem levar a um quadro bastante relevante

chamado sarcopenia.

A sarcopenia é definida como um processo de perda de massa

muscular causadora da diminuição de força. O processo vital é lento e progressivo e

acaba por acarretar declínio físico no idoso. A sarcopenia foi identificada na foto

abaixo,

Figura 1 - Sarcopenia (Adaptada de Roubenoff R.), ressonância

magnética retirada de um corte transversal da coxa de um adulto

treinado (21 anos acima) e um idoso sedentário (63 anos).

Fonte: (SILVA et al., 2006, p.391).

Esta apresenta o músculo diminuído na cor da massa cinzenta e a cor

branca aponta o aumento da gordura subcutânea e intramuscular, na figura 2

(acima). Estima-se a redução da força e potência muscular entre 20% a 40% entre

idosos na faixa etária de 70-80 anos independente do gênero e essa taxa de

redução chega a maiores que 50% em idosos com 90 anos ou mais (FLECK et al. ,

2005; GARCIA et al., 2011).

Já o tecido muscular tem taxas diminuídas de força, de

aproximadamente, 2,3kg a cada década entre os 25 e 55. Essa perda é progressiva

e tende a se intensificar com a idade. (BAECHLE & WESTCOTT, 2013).

Essa diminuição da massa muscular relacionada ao envelhecimento foi

atribuída às mudanças nos componentes dos músculos, como diminuição no

número e no tamanho de fibras musculares e perda de unidades motoras completas.

Fibras do tipo I parecem ser mais resistentes à atrofia gerada pelo envelhecimento,

já as fibras do tipo II declinam de 20 a 50% com o passar dos anos (SILVA et al.,

2006). Essa diminuição do tamanho das fibras musculares em um grau crítico inicia

o processo de apoptose, que seria a morte celular programada dessas fibras

musculares (KELLER; ENGELHARDT, 2013), como mostra a figura

Figura 2 - Processo de Apoptose

Fonte: Disponível em: <http://www.infoescola.com/citologia/apoptose/.

Acesso em: 20 out. 2015.

A relativa manutenção da força até a faixa aproximada dos 60 anos e

posterior declínio constante e progressivo é uma situação natural do processo de

envelhecimento (SPIRDUSO, 2005). Segundo Fleck et al. (2005), o início da

diminuição de força se dá após os 30 anos de idade, com perda anual até os 60

anos de aproximadamente 1% e sendo maior entre os 60 e 70 anos, de 15%,

chegando a 30% após essa idade (FLECK & SIMÃO, 2008).

Entretanto, muitos são os fatores que contribuem para a progressão da

sarcopenia no idoso durante o processo de envelhecimento, como, os hormonais,

metabólicos, nutricionais e imunológicos. Todos esses estudos evidenciam e nos

levam a concordar que o envelhecimento traz consigo a perda de massa muscular e

consequente perda de força, mesmo que divirjam sobre a idade do começo desse

processo. A figura 2 ilustra através do diagrama adaptado de Doherty (2003 apud

SILVA et al., 2006).

Figura 3 - Fatores relacionados à gênese da sarcopenia no idoso. Diagrama

adaptado de Doherty (2003).

Fonte: (apud SILVA et al., 2006, p. 393).

A diminuição das unidades motoras e consequentemente das fibras

musculares provocam a atrofia do músculo. Segundo Sepic e Mollinger (1985, apud

SPIRDUSO 2005 p.138) testes indicam que a força de membros inferiores declina

mais rápido em relação à força de membros superiores. De acordo com Spirduso

(2005), a perda significativa de força nas costas e, principalmente, nas pernas pode

dificultar a execução de qualquer atividade física a ser realizada, até as mais simples

caminhadas. Fica então evidente que a força não é perdida uniformemente no corpo

humano e o seu decréscimo torna-se considerável na qualidade de vida do idoso.

O processo de envelhecimento é lento, progressivo e inevitável para o

indivíduo fisicamente ativo ou sedentário de acordo com os fatores relacionados à

gênese da sarcopenia. Isso causa a incapacidade e dependência que influenciam a

funcionalidade e a saúde do idoso.

FRAGILIDADE E FUNCIONALIDADE

A literatura tem associado o modo de vida inativo e o sedentarismo a

diversas doenças e problemas de saúde, como o diabete, doenças coronarianas,

hipertensão, obesidade e sarcopenia (SILVA et al., 2006; PALMA, 2009). Segundo a

OMS (WHO, 2002), de 60 a 85% das pessoas no mundo podem ser consideradas

sedentárias.

Um dos quadros advindos do envelhecimento associado ao

sedentarismo é a síndrome da fragilidade; segundo Arantes et al. (2009, p. 366), “é

complexa e envolve declínios em múltiplos domínios fisiológicos, incluindo força e

massa muscular, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e função cardiovascular” e,

que se caracteriza por apresentar três ou mais, de cinco critérios que são:

diminuição da força muscular, baixo gasto calórico, diminuição da velocidade de

marcha, sensação frequente de exaustão e fraqueza e perda de peso progressiva.

(ARANTES et al., 2009; MACEDO; GAZZOLA; NAJAS, 2008; CÂMARA; BASTOS;

VOLPE, 2012).

O estilo de vida inativo causa dependência na execução das tarefas do

dia a dia, tal que, essa inatividade no idoso cria perdas gradativas quanto à

capacidade funcional. Caracterizada como endemia, o sedentarismo traz como

consequência a perda de massa muscular, seguida da força em indivíduos idosos,

através da inatividade (SILVA et al., 2006 apud BERNARDI, REIS, LOPES, 2008).

Funcionalidade é conceituada como a capacidade do indivíduo de realizar

suas tarefas cotidianas sem o auxílio de terceiros, ou seja, a capacidade de cuidar

de si mesmo e das coisas à sua volta sozinho. Atividades aparentemente simples,

como se levantar de uma cadeira, sentar no sofá ou tomar banho podem se tornar

extremamente difíceis para idosos com o avançar da idade, pois necessitam da

capacidade de gerar força para sua execução (MACIEL, 2010). Avaliações da

funcionalidade dos idosos estão divididas em duas escalas: AVD's - Atividades

Básicas de Vida Diária (KATZ, 1963 apud DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007),

que são atividades de cuidado consigo mesmo, como alimentar-se, tomar banho,

vestir-se, ir de um local para outro. Já a escala de Lawton (1969 apud ARAÚJO et

al., 2008) avalia o desempenho dos indivíduos na realização das AIVD's - Atividades

Instrumentais de Vida Diária, que são referentes à interação com o ambiente, coisas

como fazer compras, dirigir e administrar o próprio dinheiro (BRASIL,

2006c.;MORLEY et al., 2006).

Em um estudo elaborado para verificar a influência da prática de

exercícios físicos regulares foram avaliado os níveis de autonomia para o

desempenho nas AVDs (atividades da vida diária) e AIVDs (atividades instrumentais

da vida diária) em idosos. Divididos em dois grupos etários, de 60-75 anos e 76-88

anos e depois subdivididos em grupos de sedentários (n=24) e ativos fisicamente

(n=24), ambos os grupos praticantes. A comparação dos resultados obtidos nas

escalas de Katz (1963) e Lawton (1969) verifica a maior independência na

realização das suas AVD's após a intervenção de exercícios físicos regulares, o que

demonstra o impacto na funcionalidade dos idosos (apud BORGES & MOREIRA,

2009).

Em outro artigo, (PIMENTEL et al., 2009) analisou a probabilidade de

ocorrência de quedas em dois grupos idosos, sedentários (n=35) e ativos (n=35), por

meio do teste de Berg et al. (1992); os idosos sedentários correm 15 vezes maior

risco de sofrerem quedas, que podem ter consequências muito graves, do que

idosos fisicamente ativos. O artigo sugere que a prática regular de exercícios físicos

pode interferir positivamente quanto ao desempenho de idosos, portanto, indivíduos

ativos têm menor risco de quedas.

As quedas são importantes fatores causais para aumentar o nível de

dependência do idoso, tornando-se uma preocupação específica, já que podem

afetar sua capacidade funcional por estar associada a modificações anatômicas

atribuídas ao processo natural de envelhecimento e a diversas patologias. Segundo

estudo de Fabrício et al. (2004) com uma população idosa de 50 pessoas que

sofreram quedas, o fato foi comumente associado posteriormente à ocorrência de

acidente vascular cerebral, osteoporose, pneumonia, artrite, infecção de trato

urinário e cardiopatia.

Segundo estatísticas, no Brasil cerca de 30% dos idosos sofrem

quedas uma vez ao ano. Essa taxa em pessoas da mesma idade é maior em

mulheres do que homens devido a fatores fisiológicos. Entre os idosos que sofrem

as quedas, 5% podem fraturar algum osso e entre 5 a 10% sofrem ferimentos graves

que precisam de cuidados médicos. As consequências das quedas com fraturas de

fêmur, rádio, clavícula dentre outras, podem provocar a dependência do idoso. As

fraturas de quadril são as mais frequentes e constituem um problema de saúde

pública. Essas fraturas podem aumentar a dificuldade e a dependência nas

realizações das atividades diária – AVDs (SIQUEIRA et al., 2007).

No estudo de Buchner et al. (1997) avaliou-se os efeitos do treinamento

resistido e do treinamento de endurance, concomitante e individualmente, na

marcha, equilíbrio, risco de quedas e intervenções hospitalares em idosos. Foram

selecionados 105 indivíduos de 68 a 85 anos saudáveis e a intervenção durou 26

semanas, com sessões de 1 hora de treinamento com frequência semanal de 3

vezes. Foram divididos em 3 grupos: o grupo TR (treinamento resistido) , o grupo de

TR+ED (treinamento resistido + endurance) e o grupo ED (endurance). Ao final das

26 semanas não houve resultados significativos quanto aos testes de marcha e

equilíbrio em ambos os grupos comparados ao GC (grupo controle), mas o ganho de

força foi significativo nos grupos TR e TR+ED e os grupos que se exercitaram

tiveram significativamente menos intervenções hospitalares e ocorrência de quedas

nos meses subsequentes. O que sugere uma melhora substancial na saúde e que o

risco de quedas foi diminuído entre os idosos que se exercitaram regularmente.

Além disso, vê-se uma evidência de que o treinamento aeróbio sozinho não trás

ganhos de força, mas feito junto ao treinamento resistido não prejudica o ganho de

força e pode trazer resultados adicionais quanto a benefícios além desse aspecto.

Para se prevenir as debilidades causadas pelo envelhecimento e

consequente risco eminente de quedas, entende-se que (Queiroz; Kanegusuku;

Forjaz, 2010) é fundamental adotar condutas que mantenham a força muscular, já

que, mesmo nos idosos, o sistema neuromuscular ainda conserva parte de sua

plasticidade, podendo se adaptar em resposta a estímulos físicos. Assim, o exercício

treinamento tem surgido como um bom método para desenvolver as capacidades

físicas do indivíduo idoso.

PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO RESISTIDO

O American College of Sports and Medicine define o treinamento resistido

como um tipo de exercício físico regular projetado para melhorar a aptidão muscular,

exercitando um músculo ou grupamentos musculares contra uma resistência externa

(Esco, 2013 apud. ACSM 2013. p1). Fleck & Kraemer (2014) afirmam que os termos

treinamento resistido, treinamento com pesos e treinamento de força são sinônimos,

usados para designar exercícios que usam a musculatura corporal para se mover

uma força contrária à exercida pelo indivíduo.

Fleck e Simão (2008) falam a respeito da trajetória do treinamento

resistido (TR) como prática que veio a se popularizar nas últimas décadas. Entre

1930 e 1940, o TR era praticado quase que somente por levantadores de peso

olímpicos e fisiculturistas e com o passar do tempo a imagem de atividade lesiva e

abrutalhada foi se desfazendo, havendo uma grande difusão entre as mais diversas

faixas etárias, inclusive os idosos.

Segundo o relatório Physical Activity and Public Health (Atividade

Física e Saúde Pública) é recomendado a realização de exercícios de força

associados com exercícios aeróbios para o desenvolvimento e a manutenção da

saúde de idosos. As diretrizes recomendam para idosos, atividade física de

capacidade musculoesquelética de 8 a 10 exercícios de força, executados com uma

série de 10 a 15 repetições, 2 ou 3 dias na semana. Inclui-se na prescrição de

exercícios de força circuito de 8 a 10 exercícios de força para facilitar a execução

por tempo, com a duração aproximada de 15 a 20 minutos. Quanto aos exercícios

aeróbios permitem intensidade moderada, executada no total de 150 minutos por

semana distribuída por cinco vezes na semana, ou 20 a 25 minutos de atividade

aeróbia vigorosa três dias na semana para completar 75 minutos ou, ainda, de 20 a

30 minutos de exercícios moderados a vigorosos de 3 a 5 dias por semana (apud

ACSM, 2010).

Atualmente temos vários estudos que mostram a segurança dos

exercícios resistidos para idosos, onde se destacam sua profunda ação sobre o

efeito protetor da independência funcional, proporcionada pela melhora na

flexibilidade, diminuição da perda de massa muscular e óssea.

Num estudo feito pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), relativo aos

efeitos do exercício resistido, foi reportada e documentada a redução do risco de

morte por doenças cardiovasculares, melhora do controle da pressão arterial, na

postura, no controle do peso corporal, modificações no perfil lipídico, melhora nos

níveis de glicose sanguínea, na enfermidade venosa periférica, na função intestinal,

nos quadros álgicos, nas respostas imunológicas, na qualidade do sono, na

ampliação dos contatos sociais e na diminuição do estresse e da ansiedade; é

especificamente aconselhável na prevenção e auxílio de diversas patologias

crônicas degenerativas.

Inúmeros estudos atestam a eficácia do treinamento resistido como

ferramenta no combate à perda de força em idosos.O estudo de De Souza Vale et

al. (2006) com 22 mulheres idosas que foram divididas em dois grupos, o grupo

controle (GC) e o grupo do treinamento resistido de força (GF). Cada grupo contou

com 11 participantes, todos saudáveis e não praticantes de atividades físicas

sistematizadas nos últimos 6 meses. As mulheres do GF fizeram duas sessões de

treinamento resistido por semana, com intervalo mínimo de 72 horas entre as

sessões, e duas séries de 8 a 10 RM dos seguintes exercícios: Supino Reto, Leg

Press, Puxada por trás, Hack 45º, Rosca Bíceps com halteres, Extensão de Pernas

e Rosca Tríceps no pulley. Após 16 semanas os grupos foram reavaliados; os

indivíduos do GF tiveram maior aumento de flexibilidade, autonomia nas atividades

diárias e força (até 75%). No GC não houve diferença significativa.

No estudo de Kosek et al. (2006), os indivíduos foram divididos em 4

grupos, separados entre homens adultos jovens, mulheres adultas jovens, homens

adultos idosos e mulheres adultas idosas, a fim de constatar a diferença de força e

também hipertrofia em diferentes faixas etárias e gêneros em indivíduos submetidos

ao treinamento resistido, que consistia em 3 sessões semanais de treino dos

seguintes exercícios: Leg Press, Extensão de joelhos e Agachamento, com 3 séries

de 8 a 12 repetições máximas cada. Ao final do estudo foi avaliada a força na

extensão de joelhos e a hipertrofia do quadríceps, músculo principal responsável por

esse movimento. A análise durou 16 semanas e ao final das reavaliações o grupo

de homens adultos jovens foi o que teve maiores ganhos em hipertrofia do

quadríceps, seguido pelo de mulheres jovens, homens adultos idosos e por fim

mulheres adultas idosas. Já o ganho de força foi similar entre adultos jovens e

idosos, o que nos leva a concluir que o ganho de força em idosos está mais

relacionado aos fatores de adaptação neural, enquanto nos jovens ao ganho de

massa muscular.

Recentemente, Raso (2003) mostrou o efeito de 16 semanas de

treinamento de força, três vezes por semana, com intensidade de 60% a 80% de

uma repetição máxima (1RM) em idosos, onde foram observados aumentos na

massa muscular e força máxima, indicando que o treinamento de força pode ser

aplicado na reabilitação ou prevenção da sarcopenia de idosos.

Um estudo clássico do treinamento resistido, feito por Fiatorone et al.

(1990) envolveu 10 idosos com idade média de 90 anos residentes numa instituição

para idosos de Boston. Esses voluntários foram submetidos a um período de 8

semanas de treinamento resistido. O treinamento consistia em 3 séries de 8

repetições, com 1 a 2 minutos de intervalo entre as séries e o tempo de 6 a 9

segundos para cada repetição. O peso usado na primeira semana foi mensurado a

partir do teste de 1RM e encontrado o valor utilizado 50% na execução das séries.

Na segunda semana esse valor aumentou para 80%. A cada duas semanas o teste

de 1RM era refeito e o percentual de 80% foi mantido até o fim do experimento. Os

ganhos de força chegaram a até 174%, a secção transversa do quadríceps teve

aumento de até 9% e a velocidade de marcha aumentou em média 48%. Podemos

analisar que o resultado também caminha no sentido de que o ganho de força em

idosos se dá na maior parte por fatores neurais, mesmo que o a hipertrofia de

quadríceps em 9% não seja um fator desprezível. Além disso, o estudo com

nonagenários demonstra que a capacidade de ganho de força não tem limite de

idade.

No estudo de Kalapotharakos et al. (2007), um grupo de 18 homens

idosos saudáveis foi submetido a um programa de treinamento resistido no período

de três semanas, sendo dividido em 3 sessões semanais com duração de uma hora

cada, perfazendo um total de 30 sessões. Os ganhos em força ao final do

experimento foram bastante expressivos, mensurados em testes de 1RM e

agachamentos com salto. Findadas as 10 semanas o grupo que realizou as sessões

de treinamento passou por 6 semanas de destreinamento, período em que ficaram

sem realizar as sessões mas mantiveram suas atividades diárias normalmente. Após

as 6 semanas de destreino os indivíduos foram reavaliados e o resultado nos testes

pioraram significativamente, chegando ao patamar anterior ao início das sessões de

treino. Isso indica que os ganhos provindos do treinamento resistido tem sua

manutenção dependente da continuidade dos seus praticantes, mostrando a

importância da adesão do idoso à prática de atividade física como hábito sempre

presente em sua vida.

Figura 4 : Estudos que compararam ganhos de força em idosos mediante

diferentes tipos de treino.

A montagem do treinamento tem importância para o desenvolvimento de um

programa de treinamento de força na conservação da capacidade dessa valência. A

segurança torna-se cada vez maior conforme o aumento da idade do indivíduo, já

que há tendência progressiva ao declínio.

Para Maior (2003), o idoso que queira iniciar um programa de

treinamento resistido deve se prender a liberação do médico especialista após

resultados dos exames clínicos e de esforço e a importância de uma anamnese. É

necessário que o profissional de Educação Física seja capacitado para trabalhar

com idosos e conhecedor das peculiaridades individuais que demanda um trabalho

com idosos.

Os declínios das capacidades físicas que ocorrem na pessoa com o

passar do tempo e outras modificações fisiológicas devem ser levados em conta,

pois, são essenciais para a elaboração de um programa voltado para a terceira

idade. Para Tribess & Virtuoso (2005) a prescrição dos exercícios deve ser

direcionada as alterações que ocorrem com o envelhecimento.

De acordo com Brandão et al(2014) , o programa de força para idosos

deve incluir exercícios para todos os principais grupos musculares, que são

importantes nas atividades de vida diárias. Entretanto, qualquer tipo de sobrecarga

pode e deve ser utilizado nos programas de força muscular na população acima de

50 anos. Encontram-se nesses indivíduos benefícios como o aumento da força

dinâmica, do pico da capacidade de exercício, da endurance submáxima, diminuição

dos valores de percepção subjetiva de esforço durante exercício intenso e relatos da

melhora de função nas atividades de vida diária. De tal modo que, muitas fibras

musculares recebam um estímulo para reestruturação e hipertrofia.

A ênfase dentro da prescrição deve ser dada para exercícios que

envolvam grandes grupamentos musculares. É importante que haja um trabalho de

aquecimento e alongamento envolvendo todas as articulações. Campos et al. (2009)

ressalta ainda que os exercícios para membros superiores devem ser alternados

com os para membros inferiores, para que o tempo de recuperação seja necessário.

O treino devera englobar uma fase inicial de familiarização, dado que a

população idosa necessita de um tempo maior de adaptação. Esta fase permite a

realização de correções de postura e de execução. Outro componente fundamental

a ter em conta é o volume de treino. Diversos autores fazem recomendações de

uma frequência de treino de 2 a 3 dias por semana, 8 a 10 exercícios, 2 a 3 series

de 8 a 12 repetições cada (MAZZEO; TANAKA, 2001).

Dentre estas variáveis do exercício resistido, a atenção de alguns

autores se voltou para o intervalo de recuperação determinando esse como

interferente no desempenho muscular. Com o objetivo de verificar a influência de

dois intervalos de recuperação no desempenho de força muscular de idosas

treinadas, Jambassi Filho et al. (2010), aplicaram três séries de exercícios com

intervalo de recuperação de 90 e 180 segundos nas variáveis volume total e

sustentabilidade das repetições. Em ambos os intervalos, as participantes não

mantiveram a sustentabilidade das repetições, reduzindo o desempenho do

exercício, porém, aquelas que utilizaram intervalos de 180 segundos apresentaram

volume de treino significativamente superior.

Segundo o American College Of Sports Medicine (2009), o treinamento

com pesos deve ser feito com pesos leves, usando um nível que seja confortável

para o cliente levantar durante o exercício e devem ter maior faixa de repetições (10

a 15), especialmente durante as 8 semanas iniciais do programa de exercícios.

Devem ser estimulados a praticar o treinamento com velocidades de movimento

controladas, por toda amplitude de movimento, sem dor, enquanto respiram

continuamente, ou seja, sem prender a respiração.

Os exercícios devem ser dinâmicos, e não estáticos, englobando os

maiores grupos musculares do corpo e utilizando tanto movimentos concêntricos

(levantando e empurrando) quanto excêntricos (suaves e controlados no retorno).

Os grupos musculares de membros inferiores, como os extensores de joelho e

quadril, flexores de joelho, dorsiflexores e flexores plantares, devem ser priorizados,

uma vez que são críticos para mobilidade, equilíbrio e prevenção de quedas

(VOLPE, 2012). Segundo Carvalho e Soares (2004), outra questão fundamental, que

se deve ter em conta na orientação no treino de força, diz respeito à necessidade

de haver um equilíbrio entre os músculos flexores e os músculos extensores, de

forma a não resultar em desequilíbrios significativos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa revisão de literatura procurou-se demonstrar as causas e efeitos

da perda de força e sarcopenia relacionados ao envelhecimento e a abordagem

necessária para se tratar esse quadro. Fatores fisiológicos, ambientais, entre outros

fatores, podem levar a um quadro de fragilidade, atrofia de fibras musculares e

perdas de unidades motoras, consequente diminuição na funcionalidade,

aumentando também o risco de quedas, eventos causadores de fraturas e que

levam a morbidade e o imobilismo.

O objetivo geral do trabalho foi pesquisar a respeito da eficiência do

treinamento resistido em indivíduos idosos e identificar alguns efeitos que o

treinamento resistido exerce sobre a força muscular dos idosos, assim como abordar

as consequências do processo de envelhecimento.

Esse estudo apresentou algumas considerações acerca da eficiência

do treinamento resistido para ganho de força entre idosos afim de, tratar a atividade

física proposta e seus benefícios na melhora da aptidão física de seus praticantes. O

treinamento resistido tem se mostrado eficaz para promover força, flexibilidade e

agilidade na autonomia das atividades cotidianas, proporcionando ganhos de força

através, principalmente, de adaptações neurais e em menor parcela por hipertrofia

muscular, o que sugere o uso de exercícios multiarticulares e aumento progressivo

de carga, dando ênfase em especial aos membros inferiores, devido à maior perda

de força nessa musculatura e posterior risco de quedas.

O treinamento resistido traz diversos benefícios que dependem da

prescrição correta de algumas variáveis, dentre os quais se destacam a intensidade,

a frequência e o volume de treinamento. Tais variáveis, por sua vez, dependem da

combinação do número de repetições, séries, sobrecarga, sequência e intervalos

entre as séries e os exercícios, além de ser influenciado pela velocidade de

execução dos movimentos aplicados ao treinamento. Constatou que a combinação

das variáveis pode ser igualmente eficiente para o desenvolvimento de força em

idosos, as variáveis séries e regularidade semanal não apresentaram diferenças

significativas, mas as cargas maiores, em média 80% de 1RM produziram ganho de

força significativo.

Os artigos revisados nesse trabalho mostraram que o treinamento

resistido é seguro se prescrito por profissional bacharel em Educação Física e

especializado no treinamento com idosos.

O treinamento resistido pode ser usado em qualquer faixa etária,

melhorando o desempenho físico e funcional, principalmente em idosos, sendo

atualmente indicado na promoção de saúde dessa população. Com relação ao

aumento da força muscular, podemos dizer que retarda o declínio físico, contribuindo

para a funcionalidade do idoso, diminui a incidência de quedas, e consequente

fragilidade e dependência; fato importante para o desempenho na execução das

atividades diárias e que garantem sua independência e autonomia.

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