EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE MICROONDAS PARA...
Transcript of EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE MICROONDAS PARA...
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE MICROONDAS PARA
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E AVALIAÇÃO DA
VIABILIDADE DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum(Vell.).
Aluno: Arthur Ricardo Oliveira da Veiga 09/89983
Orientador: Dr. Ildeu Soares Martins
Coorientadora: Dra. Juliana Martins de Mesquita Matos
Trabalho apresentado ao Departamento
de Engenharia Florestal da Universidade de
Brasília, como parte das exigências para
obtenção do título de Engenheiro Florestal.
Brasília, dezembro de 2015
ii
Agradecimentos
Agradeço a Juliane Menezes por estar sempre ao meu lado me apoiando. Espero sempre poder
estar presente quando precisar de algo, eu a agradeço pela eterna parceria e lealdade.
Quero agradecer a todos os meus familiares por apoiarem minhas decisões respeitando e
acreditando no meu potencial de transformar minha realidade. Especialmente à minha mãe,
Adelaide Veiga e meu pai, Daniel Veiga, minha eterna gratidão por tudo, quero sempre poder
honrar seus ensinamentos e exemplos de vida e prosperidade.
Por último, porém não menos importante, gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos
aos professores que fizeram parte da minha graduação, em especial, à Professora Rosana e a
Doutora Juliana Martins de M. Matos as quais me orientaram de forma brilhante neste
trabalho, sendo, além disso, amigas, sempre solicitas e compreensivas. E ao professor Ildeu,
que me recebeu de braços abertos e sempre respeitou meu jeito de ser.
iii
Resumo
A utilização de métodos rápidos e eficientes para a determinação da qualidade e vigor
de sementes pode auxiliar na preservação de espécies florestais e na tomada de decisão na
hora de colheita, armazenamento e comercialização de semente. O presente trabalho teve
como objetivo verificar a efetividade da determinação da umidade dassementes através do
micro-ondas, comparado ao método de estufa a 105°C/24 horas, empregando-se diferentes
tempos de secagem; assim como avaliar a relação entre o teste de condutividade elétrica e de
germinação para a determinação do vigor das sementes Enterolobium contortisiliquum.
Observou-se que os testes em forno microondas não foram eficientes na determinação do grau
de umidade das sementes da espécie objeto deste trabalho. Com relação à germinação e o
teste de condutividade elétrica, verifica-se que há uma relação inversa entre os mesmos.
Palavras-chaves: Tamboril, secagem de sementes, método de estufa, condutividade
elétrica
iv
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 2
2.1. Objetivo Geral .............................................................................................................................. 2
2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................................... 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................... 3
3.1 Técnicas de secagem de sementes ................................................................................................. 3
3.2 Testes de condutividade elétrica ................................................................................................... 4
3.3 Teste de germinação ...................................................................................................................... 5
3.4 Espécie Estudada .......................................................................................................................... 6
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................... 7
4.1 Coleta e preparação das sementes ................................................................................................. 7
4.2 Secagem e teor de umidade ........................................................................................................... 7
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 9
5.1 Análises dos métodos do teor de umidade .................................................................................... 9
5.2 Análises da qualidade fisiológica ................................................................................................ 11
5.2.1 teste de condutividade elétrica ................................................................................................. 11
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 13
1
1. INTRODUÇÃO
O controle de qualidade de sementes florestais em laboratório é realizado através de
análises, cujo objetivo principal é determinar o valor das sementes de um lote após sua
extração e beneficiamento, antes de serem remetidas ao viveiro ou para armazenamento.
Dentre as análises usuais, a determinação do teor de umidade é essencial para o
armazenamento de muitas espécies (Fowler; Martins, 2001).
A secagem e o armazenamento de sementes são atividades essenciais para o homem
cultivar os alimentos nos próximos plantios. A princípio, os aprendizados desses processos
envolveram a proteção das sementes contra aves, insetos e microrganismos e, posteriormente,
aspectos ligados à germinação e longevidade (MEDEIROS; EIRA, 2006).
A importância do grau de umidade das sementes sobre sua longevidade no
armazenamento torna o desenvolvimento de metodologias para sua determinação de suma
importância (Fowler; Martins, 2001). A ISTA, Associação Internacional de Ensaios de
Sementes, prescreve três procedimentos para determinar a umidade: secar em estufa por 17
horas a 103ºC; secar em estufa por 1 a 4 horas a 130ºC e através da destilação de tolueno
(Fowler; Martins, 2001).
As Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) recomendam para todas as
espécies florestais a utilização dos métodos de estufa a 105ºC/24h, 103ºC/17h e 130ºC/17h
para a determinação do grau de umidade das sementes. No entanto, devido à grande variação
encontrada entre as espécies florestais, é necessária a verificação de qual metodologia é a
mais eficiente para cada espécie. Além disso, os métodos da (BRASIL, 2009) demandam
tempo e impedem a utilização imediata do lote na umidade definida. A utilização de forno
microondas pode ser uma alternativa que vem sendo desenvolvida.
O grau de umidade além afetar a longevidade das sementes armazenadas também é um
fator que influencia as análises do teste de condutividade elétrica. Dias et al (2006) obteve
valores de condutividade semelhantes utilizando sementes de soja com graus de umidade de
13, 15 e 19,5%, observando aumento significativo nas leituras quando o grau de umidade foi
inferior a 8,8%, o que levou o autor a recomendar a condução do teste com sementes com
umidade superior a 13%. Loeffler et al. (1988) e Dias et al. (2006) também observaram
2
aumento na condutividade elétrica de sementes de Glycine Max com grau de umidade inferior
a 11% .
De acordo com (PASTORINI et al. 2002) a secagem em estufa tem a desvantagem de
que mudanças bioquímicas podem ocorrer no material e alterar a composição quando
comparados a sementes frescas. Aliás, a substituição por forno microondas para secagem de
material vegetal foi sugerido por reduzir o tempo de secagem e a contaminação bacteriana, o
qual resulta em melhores aparências e qualidade do produto, sem influenciar na composição
química do material seco.
Nery et al (2004) obteve sucesso na determinação de umidade em sementes de Ipê-do-
cerrado Tabebuia ochracea Standl. Quando utilizou o método de secagem em forno de
microondas. No entanto, de acordo com a autora há necessidade de maior refinamento na
técnica de microondas para que os resultados sejam utilizados na prática, em substituição ao
método de estufa, uma vez que as variações da umidade foram superiores a 7%
consequentemente consideradas estatisticamente não-significativas.
2. OBJETIVO
2.1. Objetivo Geral Averiguara efetividade do método do forno microondas para verificação dos teores de
umidade de sementes de Enterolobium contortisiliquum; bem como analisar a qualidade
fisiológica das sementes aplicando o teste de condutividade elétrica.
2.2. Objetivos Específicos
• Determinar o tempo adequado para o método do micro-ondas para verificação
dos teores de umidade em sementes de Enterolobium contortisiliquum;
• Comparar os resultados produzidos pelos métodos de determinação do teor de
umidade da estufa e do microondas.
3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Técnicas de secagem de sementes
Um adequado controle de qualidade de sementes exige frequentemente à determinação
do grau de umidade. O princípio é a extração de água em forma de vapor pela aplicação de
calor sob condições controladas. Este método é importante para colheita, comercialização ou
armazenamento. De acordo Luz (1998), pode-se determinar, pelo grau de umidade, a
maturação fisiológica, período o qual as sementes atingem o máximo da qualidade.
Mas a duração depende do método utilizado, das condições climáticas, teor de água
nas sementes no início do processo. Ao escolher o método de secagem deverão ser
considerados os custos, a disponibilidade de equipamentos e mão de obra.
Os métodos recomendados pela Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) de
105± 3 °C por 24 horas foram desenvolvidos para remoção máxima de água e reduzir a
oxidação e volatilização de substâncias. Entretanto, os métodos recomendados demandam
tempo e evitam a utilização imediata do lote na umidade definida. Por isso teste com técnicas
mais rápidas, como a do forno microoondas, é uma alternativa testada com eficiência para as
espécies florestais. (NERY et al., 2004).
Para Luz (1998), através da secagem com microondas pode-se realizar a secagem em
tempos curtos (vinte minutos), quando comparados com convencionais, e possibilita a
determinação de umidade simples, precisa e mais rápida. Ademais, o aquecimento por
microondas é por radiação sobre as moléculas de água. Nota-se que a remoção seletiva e
rápida da água evita a perda de componentes voláteis. (PASTORINI, 2002), verificou que em
geral, o efeito da secagem nas análises químicas, e os materiais secos em microondas
apresentaram maior teor de açúcares, carboidratos, aminoácidos e amido.
Outra razão para estes estudo foi a pouca informação sobre as formas mais adequadas
de determinação do grau de umidade para a maioria das espécies florestais nativas. Por esse
motivo existem dificuldades em padronizar os procedimentos básicos de comparação dos
resultados de grau de umidade (RAMOS et al. 2000).
4
3.2 Testes de condutividade elétrica
A avaliação da qualidade fisiológica de sementes é um aspecto importante a ser
considerado em um programa de produção, porque ao empregar a metodologia adequada, a
qual permite estimar a vigor, desempenho em campo e o descarte de lotes deficientes, diminui
os riscos e prejuízos.
A qualidade fisiológica das sementes de espécies florestais pode ser avaliada e
complementada com testes de vigor. Essas técnicas visam identificar possíveis diferenças no
grau de deterioração de sementes as quais apresentam potencial germinativo semelhante
(STALLBAUN, 2015)
Neste sentido, pode-se destacar o teste de condutividade elétrica, no qual a
qualidade das sementes é avaliada indiretamente através da determinação da quantidade de
lixiviados na solução das sementes. Os menores valores correspondem à menor liberação de
exsudatos, os quais indicam alto potencial fisiológico e consequentemente menores
desorganização das membranas das células (VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).
De acordo com VIEIRA et al., (2002), os resultados da condutividade elétrica
podem ser influenciados por vários fatores como: presença de sementes danificadas
fisicamente, tamanho da semente, genótipo de uma espécie, teor de água inicial das sementes,
período e temperatura de embebição. Entretanto, essas variáveis podem ser controladas para
minimizar os efeitos. Ademais, existe outro grupo de fatores os quais não podem ser
facilmente controlados como o efeito do genótipo, qualidade da semente na colheita e
condições de armazenamento (FESSEL et al., 2006).
Os testes de germinação, algumas vezes, não proporcionam informações adicionais
aos diferença no vigor de diferentes lotes (SANTOS & PAULA, 2009). Por isso é importante
a complementação com outras técnicas. De acordo com Marques, Paula e Rodrigues, 2002, os
testes de condutividade elétrica foram eficientes na diferenciação de lotes de sementes de
Dalbergia nigra, com 30 horas de embebição a 25 °C.
Ainda de acordo com VIERA et. al.(2002), têm-se verificado que teores de água
abaixo de 10% ou maiores que 17% apresentam alterações nos resultados. Por isso
recomenda-se a uniformização dos teores de água dos lotes para uma faixa entre 10% e 17%,
antes da avaliação da condutividade elétrica.
5
3.3 Teste de germinação
O teste de germinação pretende determinar o potencial máximo de germinação de
um lote de sementes, o qual é importante para comparar a qualidade de diferentes lotes e
estimar o valor para semeadura em campo (BRASIL,2009). Ainda, alguns testes visam
verificar as repostas de germinação a fatores ambientais, causas de dormência e métodos de
superação (MATOS, 2009).
As realizações de testes em condições de campo não satisfazem devido à variação
das condições ambientais, portanto os resultados nem sempre podem ser reproduzidos. Por
isso métodos de análise em laboratório, efetuados em condições controladas são mais
indicados para permitir uma germinação regular de uma determinada espécie. Em seguida,
estas técnicas devem ser padronizadas para que os resultados dos testes possam ser
reproduzidos e comparados (BRASIL, 2009).
Entende-se por germinação um processo biológico o qual as sementes retomam o
crescimento do embrião, quando as condições mínimas e necessárias, como umidade e
temperatura são ofertadas(SANGRONIS, E.; MACHADO, C.J., 2005). Ademais para fins
acadêmicos consideram-se as sementes germinadas quando apresentarem radícula de pelo
menos 2,0 mm de comprimento.
De acordo com Miranda, (2006) a germinação causa o aumento na atividade
enzimática, perda de material seco, mudança na composição em aminoácidos, diminuição do
amido, aumento de açúcares e lipídios. O aumento de nutrientes e reflete a perda da matéria
seca, principalmente de carboidratos devido à respiração do embrião.
Entretanto, mesmo com as condições propícias as sementes podem não germinam
porque apresentam dormência. É a condição que sementes viáveis não germinam porque estão
com atividade metabólica reduzida. Entre os tipos de dormência, o mais comum em espécies
tropicais é exógena- física (SALOMÃO et al, 2003). Ela caracteriza-se por impedir à absorção
de água e às trocas gasosas. Portanto essas sementes necessitam de escarificação mecânicas
ou química para desfazer as estruturas as quais impedem a absorção de água ou trocas
gasosas.
De acordo com Silva e Rosa (2012), a escarificação mecânica com lixa foi o método
mais eficiente para superação da dormência física do tegumento em sementes de
Enterolobium contortisiliquum.
6
3.4 Espécie Estudada
Enterolobium contortisiliquum, popularmente conhecida como Tamboril ou orelha-de-
negro, é uma espécie da família Fabaceae-Mimosoideae. É uma espécie decídua, heliófita,
seletiva higófita, dispersa em várias formações florestais. Possui altura de 20 a 35m, com
tronco de 80 a 160 cm de diâmetro e forma uma copa ampla e frondosa com folhas compostas
bipinadas com 2-7 jugas LORENZI (1998).
Figura 1: Aspecto da arvore, folhas e fruto de Enterolobium contortisiliquum,
Possui folhas compostas, bipinadas, com 3 a 7 pares de pequenos folíolos oblongos.
As inflorescências surgem na primavera e são do tipo capítulo, globosas, com cerca de 10 a
20 flores brancas(LORENZI 1992).
Ocorre naturalmente em florestas pluviais e semidecíduas do norte ao sul do Brasil. É
uma espécie pioneira, de crescimento inicial rápido, rústica, sendo apropriada para
reflorestamento (CARVALHO, 1994).
Segundo Carvalho (2003), é uma espécie comum na vegetação secundária: em
clareiras, capoeirões e em matas degradadas, onde se estabelece uma regeneração acentuada.
Os frutos são vagens, recurvadas e semilenhosas(Figura 1) que surgem verdes e
tornam-se pretos ao atingir a maturidade fisiológica (LORENZI 1992). Os frutos devem ser
coletados diretamente da árvore ao iniciar a queda espontânea e postos para secar, no intuito
de facilitar a abertura manual. A superfície do fruto é glabra, profundamente reentrante junto
7
ao pedicelo, possuindo um formato semelhante à orelha humana. A espécie apresenta grande
distribuição ecológica, e ocorre em várias regiões fitoecológicas e sobre vários tipos de solos.
Desde o Pará ao Rio Grande do Sul. LORENZI (2002).
A madeira de tamboril é considerada leve e possui muitas utilidades como na
fabricação de barcos e de canoas de tronco inteiro, em compensados, brinquedos, armações de
móveis, miolo de portas e caixas. Por possuir copas amplas e frondosa proporciona ótima
sombra durante o verão, além disso, são boas para reflorestamento de áreas degradadas, de
preservação permanente, em plantios mistos, principalmente, por seu rápido crescimento
inicial (LORENZI, 1998).
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Coleta e preparação das sementes
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento
de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UNB). Foram utilizadas sementes de
Tamboril coletadas aleatoriamente de 7 árvores na região do plano Piloto do Distrito Federal-
DF. A região de coleta apresenta clima predominante correspondente ao tipo CWA da
classificação de Köppen. O índice pluviométrico varia entre 1400 a 1450 mm/ano, com a
concentração da precipitação pluviométrica no verão. E a altitude entre 1000 e 1050m
(FERRANTE et al., 2001).
4.2 Secagem e teor de umidade
O experimento envolveu Três etapas distintas: i) Coleta e preparação das amostras; ii)
Análise do teor de umidade pelos métodos da estufa 105°C/24h (padrão) e Microondas; e
iii)Análise da qualidade fisiológica das sementes pelos métodos da condutividade elétrica e
teste de germinação ( Figura 2).
8
Figura 2: Esquema demonstrativo dos métodos aplicados para analisar as sementes de
Enterolobium contortisiliquum.
Na primeira etapa, foram separadas cinco amostras com 20 sementes para secagem em
estufa. As Sementes de cada amostra foram pesadas e colocadas nos recipientes para obtenção
do peso da matéria fresca e mantidas em estufa por 24 horas a 105°C. Após esse período, os
recipientes contendo as sementes foram fechados e colocados em dessecador durante 30
minutos para resfriar, em seguida, novamente pesadas para obtenção do peso da matéria seca
das sementes. O grau de umidade das sementes foi determinado de acordo com as regras de
analise de sementes (BRASIL, 2009). Foi utilizado dois tratamentos com cinco repetições.
Posteriormente, foi avaliada a possibilidade de utilização do forno de microondas na
determinação de grau de umidade das sementes de Tamboril. Foram utilizadas 100 sementes
divididas em cinco amostras com 20 sementes em cada. Para a determinação da umidade no
forno de microondas, as sementes de cada repetição foram acondicionadas em placas de petri
com 13 cm de circunferência e separadas eqüidistantes. Elas foram pesadas e colocadas em
forno de microondas da marca Philco na potência de 720 w, por 3, 5, 7, 9, 11 minutos.
Foi testada a metodologia, chamada Amostra Única, a qual foi utilizada uma mesma
amostra com exposição das sementes por períodos de 3, 5, 7, 9 e 11 minutos. O recipiente
com a amostra foi inicialmente colocados por 3 minutos em forno de microondas, resfriados
em dessecador por 2 minutos, sendo as sementes pesadas rapidamente, retornando ao forno de
microondas por mais 2 minutos, totalizando 5minutos e assim consecutivamente, de 2 em 2
Coleta e preparação das amostras
Análise dos Métodos de Teor de umidade
Método da Estufa
Método do microondas
Analises de qualidade fisologica
das sementes
Teste de conduHvidade
Elétrica
Teste de germinação
9
minutos, até totalizar 11 minutos de exposição. Foi utilizado um Becker contendo 125 mL de
água para manter uma distribuição homogênea dos elétrons no interiorconforme as
recomendações de Carvalho et al. (1997), citado por (Nery,2004). O forno de microondas foi
resfriado antes de se colocar uma nova amostra.
Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo teste F e as médias
comparas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade através do software GENES (CRUZ,
2013)
Na segunda etapa, foi avaliada a relação da condutividade elétrica com a germinação
das sementes. Na avaliação da condutividade elétrica na solução de embebição das sementes,
foram consumidas 100 sementes, pesadas com precisão de 0,01g e colocadas para embeber
em copos de plástico (capacidade de 50 mL) contendo águas deionizada e, posteriormente,
incubadas em câmera durante uma hora, a 25°C.Após o período de embebição, procedeu-se á
leitura da condutividade em condutivímetro QUIMIB modelo Q405M, sendo os resultados
expressos em µS 𝑐𝑚!!𝑔!! de semente.
E por ultimo, na terceira etapa realizou-se o teste de germinação de acordo com as
Regras para Análise de Sementes(BRASIL, 2009). Foram feitas cinco repetições de 20
sementes, dispostas eqüidistantes entre dois ou mais papel toalha como substrato,
acondicionados em sacolas plásticas fechadas após serem umedecidos com água destilada, até
ao ponto de formar uma película de água em torno das sementes, já o excesso restringe a
aeração e prejudica a germinação(BRASIL, 2009). Os testes foram conduzidos em
germinadores, na temperatura de 25 °C e fotoperíodo de oito horas. Considerou-se como
germinadas as sementes as quais emitiram radícula. No final de sete dias, quando se verificou
que as sementes as quais ainda não germinadas apresentavam-se deterioradas e/ou infectadas
por fungos foram analisadas a porcentagem de germinação.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Análises dos métodos do teor de umidade
O teor de água das sementes variou entre os tratamentos. Pode-se verificar pelos dados
apresentados na tabela 2, que a média para o método tradicional, estufa 105°C por 24 horas,
10
foi de 6,84% e para o método do forno microondas alterou entre 1,25% a 2,53%. Além disso,
observa-se com base com na tabela 1 que houve diferença significativa entre o método
convencional e microondas com teste F a probabilidade 5%.
Tabela 1: Análise de variância e valores de F para teor de água de sementes de E. contortisiliquum, em função do tratamento Estufa microondas
F.V. G.L. F Probabilidade (%) Estufa x Microondas 5 3,74 1,1
resíduo 24 total 29
MÉDIA geral 2,86 CV(%) 81
Efeito significativo a 5%; Coeficiente de variação (CV)
Com base nos dados da Tabela 2 ao aplicar o teste de Tukey, nas médias dos
tratamentos, nota-se que tiveram diferenças significativas nos teste com 3, 5 e 7 minutos de
exposição ao forno microondas. Entretanto ao observar a média do grau de umidade para o
tratamento em que as sementes foram para o método da estufa percebe-se que proporcionou a
maior perda de água. Primeiramente, detecta-se que os testes em forno microondas não foram
eficientes na determinação do grau de umidade.
Resultados obtidos por Araújo (2013) evidenciaram que em sementes de E. contortisiliquum os graus de umidade obtidos em estufa 105°C por 24 horas as sementes cortadas ao meio foram superiores ao teor de água obtidos nas sementes intactas. Pode-se concluir neste estudo que o tegumento impermeável atrapalhou a retirada da umidade das partes internas. Para Lessa et al. (2014), as amostras de sementes de Enterolobium contortisiliquum apresentaram teor de umidade entre 11,9% a 12,5% porém as sementes foram cortadas ao meio com o argumento de facilitar o processo de desidratação. Estudo o qual corrobora com a hipótese de que o tegumento pode impedir a saída da água.
11
Tabela 2: Teste de Tukey, a 5%, aplicado à variável média grau de umidade dos tratamentos
de sementes de E. contortisiliquum comparados com o tratamento de estufa.
Tratamentos
estufa 6.84 a
3 minutos 1,25 b
5 minutos 1,74 b
7 minutos 2,26 b
9 minutos 2,53 ab
11 minutos 2,53 ab
Por outro lado, as principais modificações durante a maturação ocorrem no grau de umidade consequentemente no poder germinativo e no vigor da semente. Ao verificar as taxas de germinação dos estudos de Araújo (2013) e Lessa et al. (2014) detecta-se percentagens acima de 80% em todos os teste. Já nos teste de germinação deste estudo constatou-se abaixo de 80%. As sementes avaliadas poderiam estar com baixo vigor. Estudos realizados por Cherobini (2006) registraram que sementes de Orelha-de-Negro com teor de umidade de entre 7,0% a 7,8% com taxas de germinação ainda menores que as observadas neste estudo, entre 58% a 68%.
5.2 Análises da qualidade fisiológica
5.2.1 teste de condutividade elétrica
Ao realizar uma regressão linear submetido ao teste F e a 5% de probabilidade através
do software GENES, Tabela 3, percebe-se que há relação entre condutividade e germinação.
Tabela 3: Analise de regressão linear para teste de condutividade elétrica e
germinação para sementes de E. contortisiliquum.
F.V. G.L. F Significância(%) REGRESSÃO 1 15,53 0,015 DESVIO 98 TOTAL 99
Equação: 1,45*(-‐0.073X) com R2 de 83%
12
A liberação de eletrólitos para as sementes da espécie E. contortisiliquum não ocorreu
de forma intensa nas sementes intactas e vigorosas, e tornou-se fácil a identificação de
possíveis diferenças de qualidade entre sementes com apenas uma horas de embebição. De
acordo com Santos & Paula (2005), ao testar a condutividade elétrica, em sementes de
Sebastiania commersoniana (Bail) Smith & Downs, para tratamento com recipiente com 50
mL e 75 sementes verificou-se que com duas horas já era possível identificar a qualidade dos
lotes testados. Além disso, pode-se concluir que houve superação da dormência pelo corte do
tegumento. Entretanto, o corte do tegumento é um trabalho delicado e trabalhoso por isso
Cherobini (2006) recomenda a imersão de lotes de sementes entre 23 e 25 minutos em ácido
sulfúrico para proporcionar maiores porcentagem e diminuir o trabalho.
Ao avaliar os resultados e que podem ser verificados na figura 1, visualiza-se que não
houve germinação de sementes as quais apresentaram valores de condutividade elétrica
maiores que 12,6 µS 𝑐𝑚!!𝑔!!.
Figura 3: Gráfico da regressão linear para os testes condutividade elétrica germinação
13
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O teste de condutividade elétrica é eficiente na determinação de qualidade de sementes
de E. contortisiliquum, apresentando alta correlação com a germinação, em condições de
laboratório;
Para determinação do teor de água de sementes de E. contortisiliquum recomenda-se
mais teste em microondas com o tegumento da semente cortado ou lixado ou que se realize
testes com mais tempo de secagem com o intuito de estabelecer uma metodologia mais
adequada para obter o balanço hídrico satisfatório para esta espécie.
14
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, A. V. Determinação do teor de água em sementes de Enterolobium
contortisiliquum (Vell.) Morong. XIII Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão – JEPEX
2013 – EFRPE: Recife, 2013.
BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de
sementes. Brasília: Mapa/ACS. 399p. , 2009
CHEROBINI, E. A. I. Avaliação da qualidade de semente e mudas de espécies
florestais nativas. Santa Maria, UFSM, RS. 115p. (Dissertação Mestrado). 2006
CRUZ, C. D. GENES – a software package for analysis in experimental statistic and
quantitative genetics . Acta Scientiarum Agronomy.v.35, p2171-276, 2013.
DIAS, D. C. F. S.; MARCOS FILHO, J. Testes de condutividade elétrica para
avaliação do vigor de sementes de soja ( Glycine max (L.) Merrill). Scientia Agrícola,
Piracicaba, v.53, n.1, p.31-42, 1996. FERRANTE, J.E.T.; NETTO, B.N.; RANCAN, L. Meio físico. In: FONSECA, F.O. (org.).
Olhares sobre o lago Paranoá. Brasília, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. 2001.
FESSEL et al. Electrical conductivity testing of corn seeds as influenced by
temperature and period of storage. Pesquisa agropecuária Brasileira v.41, n.10, p.1551-
1559, out. 2006.
FOWLER, J. A. P. Manejo de sementes de espécies florestais / João Antônio Pereira
Fowler, Emerson Gonçalves Martins.- Colombo : Embrapa Florestas, 2001. 76 p. (Embrapa
Florestas. Documentos, 58).
LESSA, B. F. T. et al. Germinação e Crescimento de Plântulas de Enterolobium
contortisiliquum (Vell.) Morong em função da localização da semente no fruto e regime
de temperatura. Bioscience Journal. Uberlândia, v. 30, n. 5, p. 1474-1483, Sept./Oct. 2014
LOEFFLER, T. M.; TEKRONY, D. M.; EGLI, D. B. The bulk conductivity test as
an indicator of soybean seed quality. Journal of Seed Technology, Lincoln, v. 12, n.1, p.37-
53, 1998
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual da Identificação e Cultivo de Plantas
Arbóreas Nativas do Brasil. 2 ed. Nova Odessa: Plantarum, v. 1, 1998, 373 p.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual da Identificação e Cultivo de Plantas
Arbóreas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v. 1, 2002, 368 p.
15
LUZ, C. Determinação do teor de água de sementes de arroz por secagem com
microondas. Revista Brasileira de sementes, vol. 20, n° 1, p. 70-74, 1998.
MATOS, J M. M. 2009. Caracterização do teste de pH de exsudato pelo método
individual para avaliação da viabilidade de sementes de Copaifera langsdorffi Desf. 75p.
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Brasília, DF.
MEDEIROS, A; EIRA, M. Comportamento Fisiológico, Secagem e
Armazenamento de Sementes Florestais Nativas. Circular Técnica, 127. Embrapa
Florestas, 2006.
MIRANDA, M. Z. 2006. Trigo: germinação e posterior extrusão para obtenção de
farinha integral extrusada de trigo germinado. Passo Fundo: Embrapa trigo. 12p. HTML.
(Embrapa Trigo. Documentos Online, 74). Disponível em:
HTTP://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do74.htm
NERY, M. C. et al. Determinação do grau de umidade de sementes de Ipê-do-
Cerrado Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. pelos métodos de estufa e forno de
microondas. Ciência e Agrotecnologia. V. 28, n.6 p.1299-1305, Nov.dez. 2004
PASTORINI, Lindamir; BACARIN, Marcos; ABREU, Claudete. Secagem de
Material Vegetal em Forno de Microondas para Derterminação de Matéria Seca e
Análises Químicas. Ciênc. Agrotec., Lavras. V.26, n.6, p. 1252-1258, Nov./dez., 2002.
RAMOS, F. N. et al. Comparação entre métodos de secagem na determinação do
grau de umidade em sementes de Parkia multijuga Benth. (LEGUMINOSAE
MIMOSOIDEAE). Revista Árvore, Viçosa-MG, v.24, n. 2, p.175-179, 2000.
SALOMÃO, A. N.; SOUSA-SILVA, J. C. Germinação, análise e armazenamento
de sementes IN: SALOMÃO, A. N. et al. Germinação de Sementes e Produção de Mudas
de Plantas do Cerrado. Brasília, Rede de Sementes do Cerrado, 2003. 96p.
SANGRONIS, E.; MACHADO, C. J. Influence of germination on the
nutritional quality of Phaseolus vulgaris and Cajanuscajan. LWT
Food Science and Tecnology, v. 40, p. 116-120, 2007.
SANTOS, S. R. G.; PAULA, R. C. Teste de condutividade elétrica para avaliação
da qualidade fisiológica de sementes de Sebastiania commersoniana (Bail)
Smith&Downs- Euphorbiaceae. Revista Brasileira de Sementes, vol. 27, n° 2, p. 136-145,
2005.
16
SILVA, C. T. A.; ROSA, A. P. M. 2012 Tratamento para superação da dormência
em sementes de Orelha-de-Negro (Enterolobium contortisiliquum) (Vell.) Morong).
Revista Varia Scientia Agrárias. V. 02, n.02, P.79-90.
SOUZA, F. H. Produção de sementes de Arachispintoicv. BRS Mandobi no Acre.
Embrapa Acre. Sistemas de Produção, 4. ISSN 1679-1134. Versão Eletrônica. Set/2011.
STALLBAUN, P. H. et al. Testes rápidos de vigor para avaliação da viabilidade de
sementes de Anadenanthera falcata. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer –
Goiânia, V. 11 n.21; p. 1834, 2015.
VIEIRA, R. D. et al. Condutividade elétrica e teor de água inicial das sementes de
soja. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 37, n. 9, p. 1333-1338, set. 2002.
VIEIRA, R. D.; KRZYZANOWSKI, F.C. Teste de condutividade elétrica. In:
KRZYZANOWSKI, F.C; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, F.B. (Ed.). Vigor de sementes:
conceitos e testes. Londrina: ABRASTES, 1999. Cap.4, p.1-26