Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

83
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM MARIA ANTONIETA VELOSCO MARTINHO EFICÁCIA DOS INTEGRADORES QUÍMICOS X INDICADORES BIOLÓGICOS NO MONITORAMENTO DOS CICLOS DE ESTERILIZAÇÃO A VAPOR: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA São Paulo 2007

Transcript of Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

Page 1: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM

MARIA ANTONIETA VELOSCO MARTINHO

EFICÁCIA DOS INTEGRADORES QUÍMICOS X INDICADORES BIOLÓGICOS NO

MONITORAMENTO DOS CICLOS DE ESTERILIZAÇÃO A VAPOR: REVISÃO

SISTEMÁTICA DA LITERATURA

São Paulo

2007

Page 2: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

MARIA ANTONIETA VELOSCO MARTINHO

EFICÁCIA DOS INTEGRADORES QUÍMICOS X INDICADORES BIOLÓGICOS NO

MONITORAMENTO DOS CICLOS DE ESTERILIZAÇÃO A VAPOR: REVISÃO

SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto à Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Orientadora: Profª Drª Ruth Natalia Teresa Turrini.

São Paulo

2007

Page 3: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

Dedicatória

A minha querida mãe, incessante guerreira, que não mediu esforços para tornar possível todas as minhas conquistas.

Ao meu querido pai, que desde cedo incutiu em mim o gosto pelo estudo, intrigando-

me sempre a ir além! Saudades.....

Ao meu querido esposo Luiz, que teve participação especial em toda minha caminhada profissional, especialmente durante o tempo de realização desde estudo. Obrigada pelo companheirismo, dedicação, incentivo e amor, mesmo nos momentos

que você precisava muito mais do que eu. Você é uma pessoa ímpar.

Aos meus amados filhos, Cristiane, André e Deise pela participação especial em minha vida, compreensão e amor que tanto me motivou.

Aos meus irmãos Waldemar e Inês pela companhia durante toda a caminhada.

A vocês meu eterno amor!

Page 4: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

Agradecimentos

Agradeço a Deus por guiar meus passos e mostrar-me sempre o caminho a seguir.

Aos meus pais pelas lições de vida e amor desde minha chegada. A minha orientadora Ruth Natalia Teresa Turrini pelo incentivo, apoio e

sabedoria, estando ao meu lado sempre que precisei. A Prof. Kazuko, que acreditou no meu potencial e que tanto me ensinou e

motivou. Eis a enfermeira mais admirável entre nós! Minha eterna gratidão. Ao grupo de pesquisa da CNPq de Reprocessamento de Artigos Odonto-

médico-hospitalares pelo crescimento profissional e convívio de todos esses anos. A enfermeira Regiane, chefe e amiga pelo incessante apoio em meus

projetos e em especial neste estudo. Valeu! A minha grande amiga Érica que viveu cada minuto deste estudo e que

muitas vezes me fez acreditar que eu era capaz, sempre. Te adoro! Em especial a amiga Suzana por compartilhar todos meus anseios, me

apoiando sempre. Estarei sempre próxima a ti. A amiga Mariângela pela força e principalmente pelo carinho. Você teve

participação especial em minha caminhada. As enfermeiras Angélica, Gleide, Cláudia e Silvia do CC da Santa Casa

de Santos pela força que sempre me deram. As “velhas amigas” Déborah, Cíntia e Regina, que tanto amo! Desculpem-

me a ausência em certos momentos devido à sobrecarga de afazeres. Aos meus filhos de coração Fabiane, Bruno e Flávio, sempre ao meu lado

me apoiando. Amo vocês! Aos funcionários da CME da Santa Casa de Santos e do HGA, eternas

amigas......... A querida vó Evany, que mesmo não estando mais entre nós ainda torce

por mim. Saudades...... A minha amada irmã, sempre presente em minha vida. Parte de todas as

minhas conquistas é graças a ti. Obrigada por você existir. Ao querido cunhado Roberto, pelo apoio e amizade.

Page 5: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

MARTINHO, AVM. Eficácia dos integradores químicos X indicadores biológicos no monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor: revisão sistemática da literatura. [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; 2007. 82 p.

RESUMO

Este estudo trata-se de uma revisão sistemática cujo objetivo foi levantar as evidências na literatura científica da eficácia dos integradores químicos no monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor. As estratégias de busca foram realizadas nas bases de dados MEDLINE, LILACS, CINAHL, DEDALUS, OVID, Cochrane e Google Acadêmico, através de combinações dos termos esterilização (sterilization), integrador químico (chemical integrator), indicador químico (chemical indicator), indicador biológico (biological indicator), monitoramento (monitoring) e reagente (reagent). Foi realizado ainda busca em árvore das referências dos artigos selecionados. Os estudos foram selecionados sem restrições quanta a data de publicação e a língua, com critérios de inclusão de estudos básicos experimentais comparativos quanto ao desempenho dos indicadores químicos frente a cinética de morte microbiana ou resultados obtidos por meio de indicadores biológicos em ciclos de esterilização a vapor e exclusão de estudos realizados com métodos de esterilização que não a vapor e estudos que evidenciam utilização de indicadores químicos classes 1, 2, 3 e 4. No total foram selecionados 7 estudos, sendo que o mais antigo data 1975 e o mais recente 2006, 6 destes estudos compararam indicadores químicos à indicadores biológicos e 1 estudo comparou indicadores químicos frente a curva da cinética de morte microbiana dos Bacillus stearothermophilus. Em relação à origem dos estudos 1 é europeu e 6 americanos, sendo 1 destes brasileiro. Para análise e avaliação dos estudos utilizou-se a seguinte categorização: escopo, tipo de estudo, unidades amostrais, amostra, esterilizador utilizado, procedimentos, análise dos dados, limitações, resultados, conclusões e comentários. Observou-se uma tendência de utilização de temperaturas de 132º e 121ºC para a realização dos experimentos. O tamanho amostral variou de 1 a 47 indicadores por ciclo e o número de ciclos reproduzidos de 1 a 12. Não houve uma tendência em relação aos esterilizadores utilizados e tempos de exposição adotados. 4 estudos utilizaram integradores químicos nos experimentos, sendo que 2 destes utilizaram indicadores não classificados, concomitantemente. Analisando os resultados dos estudos conclui-se que nenhum integradores classe 5 nem indicadores biológicos apresenta respostas 100% sensíveis ou 100% específicas quanto ao desempenho esperado e que Integradores químicos classe 5 e indicadores biológicos apresentam variações de sensibilidade e resistência muito próximos uns dos outros, não cabendo neste momento classificá-los numa escala de efetivos a não efetivos. Os resultados obtidos dos integradores classe 6 mostram 100% de viragem dentro do tempo estimado, sugerindo que estes integradores são efetivos para o monitoramento dos ciclos a vapor.

Palavras-chave: esterilização, integrador químico, indicador químico, monitoramento de ciclos.

Page 6: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

MARTINHO, AVM. Efficacy of chemical integrators X biological indicators in the monitoring of steam sterilization cycles: systematic review of literature. [Theses]. São Paulo: School of Nursing of the University of São Paulo; 2007. 82 p.

ABSTRACT This study is a systematic review, with the objective of collecting evidences in the scientific literature, on the efficacy of the chemical integrators in the monitoring of the steam sterilization cycles. The search strategies were carried out in the MEDLINE, LILACS, CINAHL, DEDALUS, OVID, Cochrane and Academic Google data bases, through the combination of the terms sterilization (esterilização), chemical integrator (integrador químico), chemical indicator (indicador químico), biological indicator (indicador biológico), monitoring (monitoramento), and reagent (reagente). A search in the references tree of the selected articles was also carried out. The studies were selected without restrictions concerning publication date and language, with inclusion criteria of basic experimental comparative studies as for the performance of chemical indicators concerning the kinetics of the microbial death or the results obtained by means of biological indicators in steam sterilization cycles and, the exclusion of studies carried out with non–steam sterilization methods and studies that show the use of chemical indicators classes 1, 2, 3 and 4. A total of 7 studies were selected, the oldest from 1975 and the most recent from 2006; 6 of these studies compared chemical indicators to biological indicators and 1 study compared chemical indicators facing the microbial death kinetics curve of the stearothermophilus Bacillus. In relation to the origin of the studies, 1 is European and 6 are American, 1 of them being Brazilian. For the analyses and assessment of the studies, the following categorization was used: purpose, kind of study, sample units, sample, sterilizer used, procedures, data analyses, limitations, results, conclusions and comments. It was observed a trend of utilization of temperatures between 132º and 121º Celsius for the carrying out of the experiments was observed. The sample size varied from 1 to 47 indicators per cycle and the number of cycles reproduced from 1 to 12. There was no trend concerning the sterilizers used and the exposure time periods adopted. Four studies used chemical integrators in the experiments, and 2 of them used non-classified indicators, concurrently. By analyzing the results of the studies, we came to the conclusion that neither class 5 integrators nor biological indicators present 100% sensitive or 100% specific answers, as for the expected performance, and the class 5 chemical integrators and the biological indicators present variations of sensibility and resistance very close to each other, thus, at the moment they should not be classified in a effective to non-effective scale. The results obtained from integrators class 6 show a 100% turning inside the estimated time, suggesting that these integrators are effective for the monitoring of the steam cycles. Key-words: sterilization, chemical integrator, chemical indicator, cycles monitoring.

Page 7: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Association for the Advancement of Medical Instrumentation …………….. AAMI

Association of Perioperative Registered Nurses ……………………………. AORN

Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar .......... APECIH

Biological Indicator Evaluator Resistometer ............................................... BIER

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ........................................... CCIH

Central de Material e Esterilização ............................................................. CME

Estudo número 1 ........................................................................................ E1

Estudo número 2 ........................................................................................ E2

Estudo número 3 ........................................................................................ E3

Estudo número 4 ........................................................................................ E4

Estudo número 5 ........................................................................................ E5

Estudo número 6 ........................................................................................ E6

Estudo número 7 ........................................................................................ E7

Unidade referência de letalidade ................................................................ F0

Indicador biológico ...................................................................................... IB

Indicador químico ....................................................................................... IQ

International Organization for Standardization ……………………………… ISO

Logarítmico ................................................................................................. Log

Sterility Assurance Level ............................................................................ SAL

Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação

Anestésica e Centro de Material e Esterilização ........................................ SOBECC

Unidade formadora de colônia ................................................................... UFC

Page 8: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

LISTA DE FUGURAS

Figura 1 - IQ tipo Diack ............................................................................... 18

Figura 2 - Teste Bowie Dick pronto uso e teste Bowie Dick em folha ........ 20

Figura 3 Integrador químico com chumbo para esterilização a vapor ........ 20

Figura 4 - BIER vessel ................................................................................ 34

Figura 5 - Onda do ciclo em BIER vessel ................................................... 34

Page 9: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estudos básicos sobre monitoramento dos ciclos de esterilização a

vapor pela análise de IQs ................................................................................... 31

Quadro 2 - Limitações dos estudos selecionados .............................................. 32

Page 10: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de esterilizadores utilizados nos experimentos dos estudos selecionados. São Paulo 2007 ........................................................................

35

Tabela 2 - Temperatura e intervalos de tempo utilizado nos estudos selecionados. São Paulo 2007 ........................................................................

35

Tabela 3 - Tamanho amostral dos IQs utilizados nos experimentos dos estudos selecionados. São Paulo, 2007 ..........................................................

36

Tabela 4 - Relação de temperatura e intervalo de tempo estimado para os integradores classe 5 atingirem end point, segundo norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006) para inativação dos esporos do Geobacillus stearothermophilus. São Paulo, 2007 ..............................................................

37

Tabela 5 - IQs que apresentaram resposta esperada de end point em intervalo de tempo e temperatura preconizado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006) para integradores. São Paulo 2007 ........................................

38

Tabela 6 - Resposta esperada de end point dos IQs em intervalo de tempo a dada temperatura conforme preconizado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006) para integradores classe 5 do estudo E1. São Paulo, 2007..

39

Tabela 7 - Porcentagem de IBs rejeitados com exposição de 38% em média acima do tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). São Paulo 2007........................................................................................................

41

Tabela 8 - Porcentagem de IBs aceitos com exposição abaixo do tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006), evidenciando morte precoce dos esporos . São Paulo 2007............................................................

42

Tabela 9 - Porcentagem dos IBs com resultados negativos para crescimento dos esporos do Geobacillus stearothermophilus frente ao intervalo de tempo preconizado na Norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). São Paulo, 2007 ....

44

Tabela 10 - Resposta dos IQs que apresentam tempo estimado pré-determinados para resposta satisfatória e integradores químicos analisados com parâmetros esperados conforme classe 5 e classe 6. São Paulo, 2007..

47

Page 11: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 1.1 Descoberta dos microrganismos e a geração espontânea ............................. 14 1.2 Histórico da esterilização ................................................................................ 15 1.3 Desenvolvimento histórico do monitoramento da esterilização ...................... 17 2 OBJETIVO ........................................................................................................ 24 3 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................... 25 3.1 Tipo de estudo ................................................................................................. 25 3.2 Questão da pesquisa ...................................................................................... 25 3.3 Unidade de análise .......................................................................................... 25 3.4 Fonte de busca das unidades de análise ........................................................ 25 3.5 Procedimento de coleta de dados ................................................................... 27 3.6 Variáveis do estudo ......................................................................................... 27 3.7 Análise dos dados ........................................................................................... 28 4. RESULTADO E DISCUSSÃO .......................................................................... 29 5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 52 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 54 ANEXO A .............................................................................................................. 57 ANEXO B .............................................................................................................. 58

Page 12: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

11

1 INTRODUÇÃO

A esterilização de materiais odonto-médico-hospitalares é um processo

complexo de suma importância para prover materiais reutilizáveis livres de

microrganismos viáveis, oferecendo segurança aos profissionais que manipulam o

material e especialmente ao paciente, seu usuário final.

Perkins (1980) define esterilização, de forma clássica, como um ato ou

processo de destruição completa de todas as formas de vida microbiana. A

esterilização atualmente assume um entendimento mais complexo, onde um produto

é considerado esterilizado quando a probabilidade de sobrevivência dos

microrganismos de um determinado produto for menor ou igual a 10-6. Segundo

Pinto, Kaneko e Ohara (2003) a morte microbiana não ocorre simultaneamente

sobre toda a população de microrganismos presentes no produto a ser esterilizado.

Afirmam que o número de microrganismos decresce exponencialmente frente ao

tempo de exposição ao agente esterilizante e que um cuidadoso planejamento do

processo de esterilização aumenta a probabilidade de sucesso no sentido da

esterilidade.

Devido à preocupação com a esterilidade dos artigos surgem nas

primeiras décadas do século XX estudos envolvendo dispositivos físico-químicos

para monitorar o processo de esterilização. Este material é capaz de alterar

visivelmente suas formas físico-químicas quando expostos à esterilização por vapor

saturado sob pressão, sendo denominado na época de “Diack”, conforme descrito

em várias literaturas citadas por Perkins (1980). Nos dias atuais este tipo de controle

é denominado monitoramento químico dos ciclos de esterilização, fazendo parte do

controle de esterilidade de artigos, juntamente com o monitoramento biológico e

físico destes ciclos.

A proposta do presente estudo é levantar as evidências na literatura

científica da eficácia dos integradores químicos no monitoramento dos ciclos de

esterilização a vapor.

O monitoramento dos processos de esterilização é uma prática

recomendada em nosso meio, elaborada pela SOBECC (2005), devendo contemplar

o monitoramento dos parâmetros críticos arrolados nos processos de esterilização.

Page 13: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

12

Este monitoramento não se limita à utilização de dispositivos unifocais para a

avaliação destes parâmetros e deve contemplar as avaliações mecânica, física,

biológica e química dos processos de esterilização, conforme afirma Rutala e Weber

(2001). As definições destes parâmetros são:

Monitoramento Mecânico: está relacionado ao equipamento esterilizador,

devendo abranger registros de manutenção preventiva e corretiva realizada,

devendo constar o problema e a solução adotada. O monitoramento mecânico deve

ainda abranger registro dos problemas observados durante a prática diária e

periodicamente a realização de validação deste esterilizador.

Monitoramento Físico: abrange registro dos dados de tempo, temperatura

e pressão durante o transcorrer dos ciclos de esterilização, preferencialmente

realizado de forma automatizada, através de impressão destes dados

seqüencialmente. Na falta de impressora acoplada ao esterilizador, este registro

deverá ser realizado manualmente (ABNT NBR ISO 11134).

Monitoramento Biológico (IB): é realizado por meio de dispositivos

contendo uma população de aproximadamente 105 a 106 de microrganismos

esporulados, comprovadamente bacilos resistentes a um tipo de agente esterilizante

específico. A recomendação atual é a realização deste teste no mínimo

semanalmente, preferencialmente diário e em toda carga contendo materiais

implantáveis (AAMI, 1994).

O monitoramento biológico é realizado através de IBs, cujas

classificações são ordenadas por gerações. Segundo Souza e Padoveze (2003)

apresentam as seguintes características:

Indicador biológico de 1º geração: são tiras de papel impregnada com esporos,

acondicionada em envelope de papel de seda ou ampola, com leitura definitiva após

7 dias.

Indicador biológico de 2º geração: são IBs auto-contidos, onde a tira impregnada de

esporos é acondicionada em uma ampola separada do meio de cultura, onde após a

esterilização a ampola é quebrada e entra em contato com o meio de cultura para

incubação por 48 horas. A leitura é feita por mudança de cor decorrente da mudança

de pH do meio.

Page 14: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

13

Indicador biológico de 3º geração: apresenta as mesmas característica do IB de 2º

geração, sendo que a diferença está na metodologia para detectar o crescimento

dos esporos, que se dá por leitura por fluorescência após 1 a 3 horas de incubação,

através de interação da enzima alpha-D-glucosidase, que se associa ao esporo

testado. Este mesmo IB poderá ser incubado por 48 horas para detecção de

crescimento do esporo da mesma forma que o IB de 2º geração.

Monitoramento Químico: o monitoramento químico dos processos de

esterilização é realizado por meio de indicadores e integradores químicos, que são

tiras de papel (ou outro suporte) impregnados com tinta termocrômica ou dispositivo

contendo pastilha de substância termoreagente, que mudam de cor ou forma

quando expostas aos parâmetros de esterilização, como temperatura, pressão e

tempo (SOUZA; PADOVEZE, 2003).

Devido à sensibilidade diferenciada de cada tipo de indicador químico (IQ)

e ainda frente à necessidade de agrupar e interpretar dados de estudos envolvendo

estes dispositivos a AAMI (Association for the Advancement of Medical

Instrumentation) , em 1994, publicou um boletim técnico intitulado “The selection and

use of chemical indicators for steam sterilization monitoring in Health Care Facilities”.

Até 14 de dezembro de 2005 existiam duas classificações para IQs, uma pela

International Organization for Standardization (ISO, 1995) e outra pela Association

for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI, 1994). A partir desta data

estas duas normas foram unificadas, surgindo a ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006),

cuja principal mudança é o reconhecimento do integrador classe 6, contemplado até

então somente pela norma ISO.

A classificação ANSI/AAMI/ISO (2006) é apresentada a seguir:

Classe 1 - Indicadores de processo: indicam se a unidade foi exposta ao agente

esterilizante.

Classe 2 - Indicadores para uso em autoclaves com sistema de pré-vácuo: teste

Bowie & Dick.

Classe 3 - Indicadores de parâmetro único: designados para reagir a um

determinado parâmetro específico.

Classe 4 - Indicadores multiparamétricos: designado para reagir a dois ou mais

parâmetros críticos.

Page 15: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

14

Classe 5 - Indicadores integradores: designado para responder a todos os

parâmetros críticos do ciclo de esterilização (vapor, tempo e temperatura), com

resposta semelhante à inativação dos microrganismos contidos no indicador

biológico (IB).

Classe 6 - Indicadores de simulação: são designados a reagir a todos os

parâmetros críticos de um ciclo específico de esterilização.

Ao analisar os primeiros estudos de desempenho dos IQs percebe-se que

a maioria das controvérsias encontradas entre os autores refere-se a sensibilidade e

especificidade do produto utilizado no ensaio. Tal situação, nas primeiras décadas

do descobrimento destes dispositivos, gerava insegurança na adoção dessa prática

para monitorar os ciclos de esterilização. Outra dificuldade era encontrada também

quanto a comercialização destes materiais, pois hoje sabe-se que cada um deles

tem uma indicação de uso, segundo sua classe.

1.1 Descoberta dos microrganismos e a geração espontânea

Até o século XVII acreditava-se que os microrganismos surgiam de

substâncias inanimadas, onde este processo hipotético foi denominado na época

como “Teoria da Geração Espontânea”, por Antony Leeuwenhoek, comerciante que

trouxe grande colaboração à microbiologia com a invenção do microscópio. Antony

descreve a descoberta de “pequenas criaturas” na água da chuva, menores 10 mil

vezes que uma pulga, conforme descrito na Carta 18 de setembro de 1675

(FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000). Em uma de suas cartas enviadas a Sociedade

Real em 1702, relata que esses “pequenos animais” são criados a fim de que

possam viver e dar continuidade a sua espécie, contradizendo a teoria da geração

espontânea. Apesar dessa afirmação feita no início do século XVIII, a teoria da

geração espontânea se manteve em pauta por mais de um século. Nem mesmo os

estudos feitos por Lazzaro Spallanzani, em 1765 e Theodor Schwann, em 1839,

onde eles demonstraram que não havia crescimento de organismos vivos em caldo

de carne fervido e protegido contra a entrada de ar, crescimento este fácil de ocorrer

em caldo não fervido, conseguiram convencer a comunidade científica da

inexistência da geração espontânea. Estudiosos da época continuavam a insistir que

Page 16: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

15

a putrefação se dava pelo surgimento de organismos antes inexistentes nos tecidos

em decomposição de plantas e animais mortos. Os críticos deste tipo de

experimento acreditavam que o não crescimento microbiano estava associado à

vedação do recipiente que continha o caldo, que impediu o ingresso de ar em seu

interior. Eles acreditavam existir algum elemento gasoso, mas não vivo, no ar

excluído, necessário para o surgimento de organismos vivos com base em

elementos não vivos (FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000). Esta “força vital” imaginária

recebeu ainda mais crédito quando Laurent Lavoisier demonstrou a importância do

oxigênio para a vida. Há pouco mais de 100 anos atrás as pessoas acreditavam que

sapos, cobras e camundongos poderiam nascer de solos úmidos e que moscas

poderiam emergir do estrume (TORTOGA; FUNKE; CASE 2003).

A hipótese da geração espontânea foi então desafiada por Rudolf

Virchow, em 1858, com o conceito da biogênese, que preconizava que células vivas

poderiam surgir somente a partir de células vivas pré-existentes. Porém, em 1861,

através dos experimentos do cientista francês Louis Pasteur que refutaram a teoria

da geração espontânea, onde colocou caldo nutriente de carne em um frasco de

pescoço longo e curvado em forma de S e realizou a fervura deste caldo por alguns

minutos. Desta forma permitiu que o ar passasse para dentro do frasco, mas o

pescoço em forma de S prendia qualquer microrganismo presente no ar e que

pudesse contaminar a solução. Mesmo após anos, este meio de cultura não

apresentou contaminação.

1.2 Histórico da esterilização

A aplicação de calor como método capaz de destruir microrganismos é o

método de esterilização mais antigo conhecido. Conforme descrito anteriormente,

Lazzaro Spallanzani, em 1765, utilizou a fervura para esterilizar os seus meios de

cultura, denominando-os caldo protéico, onde os submeteu a fervura por uma hora

(FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000; WYATT, 1936). Outra grande colaboração para

redução de microrganismos, desenvolvida por Louis Pasteur, foi a Pasteurização

(método desenvolvido por ele em 1864). Ao ser procurado por produtores franceses

de vinho e cerveja que vinham sendo prejudicados pelo azedamento de seus

produtos, Pasteur resolveu aquecer o vinho e a cerveja o suficiente para matar a

Page 17: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

16

maioria das bactérias que causavam o estrago destes produtos (TORTOGA;

FUNKE; CASE, 2003). Atualmente o processo de pasteurização é um método

utilizado para matar bactérias potencialmente nocivas do leite, de bebidas alcoólicas

e nos dias atuais vem sendo utilizado como método de desinfecção de artigos

termosensíveis, porém com características diferentes da utilizada nesta época que

intercalava aquecimento com o resfriamento da solução.

Na evolução histórica, Charles Chamberland, em 1880, desenvolveu o

primeiro esterilizador a vapor, denominado autoclave. Este aparato se fez necessário

para esterilizar artigos de vidro e recipientes necessários para os experimentos

envolvendo meios de cultura, objetivando atingir temperaturas maiores que a fervura

proporcionava, devido à exigência de maior efetividade da esterilização (PERKINS,

1980). Para este invento, Charles tomou como base uma panela de pressão

denominada Papin’s Digester, inventada por Denys Papin no ano de 1680. Este

primeiro esterilizador era capaz de atingir temperaturas superiores a 120ºC,

associando calor e pressão. Em 1881, nos registros dos experimentos realizados por

Koch, a esterilização por calor úmido mostrou maior efetividade comparada ao calor

seco, onde as bactérias esporuladas apresentavam resistência à temperatura de

100ºC por uma hora e meia (PERKINS, 1980). Outro fator de grande relevância para

a utilização do calor úmido foi o poder de penetração do vapor no interior dos

pacotes, o que incentivou ainda mais a utilização deste método de esterilização.

Este invento foi uma das maiores contribuições da época. Nos dias atuais

o princípio deste equipamento é o mais empregado para esterilização de materiais

odonto-médico-hospitalares, por meio de modernas autoclaves.

Por volta dos anos 80, com a introdução no mercado de vários artigos

termosensíveis, tornou-se necessário haver vários tipos de opções de esterilização a

baixa temperatura. Atualmente, pode ser realizada por meio de método físico-

químico: Óxido de Etileno, Plasma de Peróxido de Hidrogênio, Vapor a Baixa

Temperatura e Formaldeído, que associam a substância química e a temperatura

em torno de 50ºC, além da umidade controlada e pressão do gás.

Page 18: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

17

1.3 Desenvolvimento histórico do monitoramento da esterilização

A preocupação inicial com a eficácia dos processos de esterilização

historicamente aparece em 1888 por Von Esmarch (PERKINS, 1980), por meio de

experimentos arrolados a testes biológicos. Os primeiros estudos sobre a eficácia

dos processos de esterilização através de monitoramento químico surgem na

década de 30. Preocupado em controlar a esterilidade dos pacotes submetidos a

esterilização, Wyatt (1936) recomenda a colocação de um controle (Diack) ou outro,

no centro de pelo menos dois pacotes de maior volume. Afirma que esta precaução

determinará se houve calor e umidade suficiente no centro do pacote para “derreter”

o controle. Em caso de não derretimento do controle, a recomendação era esterilizar

o pacote por um longo período de tempo. O fenômeno físico da fusão é o que

comprova a eficácia neste tipo de indicador.

Walter (1937) publicou na revista Surgery um estudo intitulado “An

Evalution of Sterility Indicators”. Nesta publicação descreve que os hospitais utilizam

algum tipo de indicador de esterilização a vapor para confiar e prover um check, não

somente para provar o grau de calor que a carga foi exposta, mas também para

determinar a duração mínima de exposição ao agente esterilizador. Associa a

utilização de IQ a um potencial erro humano relacionado à sua correta colocação

nos pacotes e ainda a erros de interpretação destes dispositivos após o ciclo de

esterilização. Descreve um experimento das características de vários IQs do mesmo

tipo e fabricante, encontrando discrepância no desempenho destes, o que fez de seu

uso um check de esterilidade de valor duvidoso. Para este experimento foi utilizado

um equipamento disposto de câmara de vapor em vidro, onde o indicador era

claramente visível durante todo o período de esterilização, determinando com

precisão o end point1 de cada tipo de indicador. Este equipamento contava com um

sistema de válvula para rápida admissão e exaustão do vapor, registrando tempo e

temperatura constantemente. Devido à disparidade no desempenho individual dos

end points obtidos no estudo, concluiu que o uso destes indicadores é um gasto

desnecessário e que apresentam um valor dúbio na rotina de monitoramento de

esterilização na prática geral hospitalar. Esta foi uma conclusão precipitada do autor,

1 End point: mudança ocorrida no indicador após exposição a variáveis específicas, a nível igual ou

maior conforme especificação do produto.

Page 19: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

18

pois ele relacionou o potencial erro humano aos resultados encontrados no

experimento.

Underwood (1941) descreve a utilização de um IQ que consiste em um

tablete marrom de substância química contido num pequeno tubo de vidro

hermeticamente selado, cujo resultado esperado é a fusão da substância contida no

tubo e a mudança de forma após exposição ao ciclo de esterilização, não sendo

relevante a mudança de coloração que por vezes poderia ocorrer, resultando numa

cor carmim brilhante. O tempo necessário para um resultado satisfatório da

esterilização era de 5 a 8 minutos a temperatura de 120ºC a 122ºC, demonstrando

que diferenças de tempo de exposição e temperatura interferem nos resultados de

end point dos IQs. O autor traz ainda, que este dispositivo tem como propósito útil a

monitoração do local menos acessível ao vapor do pacote. Este estudo encorajou

Underwood a recomendar o uso deste indicador para monitorar a esterilização,

possibilitando detectar pacotes confeccionados de forma incorreta, assim como

falhas no carregamento e desempenho do esterilizador.

A figura 1 mostra um IQ com sistema vedado do mesmo tipo do Diack

para esterilização.

Figura 1. IQ tipo Diack.

Fonte: http://obi2.vwrsp.com

Propondo monitorar a bomba de vácuo dos esterilizadores, Bowie (1963)

divulga um teste com finalidade específica para detecção de ar residual na câmara

Page 20: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

19

interna das autoclaves com sistema de pré-vácuo. Frente ao ciclo de esterilização

em equipamento gravitacional, o equipamento com sistema de pré-vácuo oferece

relevante vantagem devido ao menor tempo para atingir temperatura de referência e

para sua queda após o tempo de exposição chegar ao fim. O teste proposto por

Bowie trata-se de um IQ atualmente denominado classe 2, cuja recomendação é

para uso diário. O teste inicialmente foi descrito por Dick, utilizando toalhas recém

lavadas e empilhadas a uma altura de 25 a 28 cm, contendo no centro uma folha de

papel “sem lustro” com uma cruz diagonal de fita teste (classe 1), cuja finalidade é

indicar se determinado artigo foi submetido ao agente esterilizante. O ciclo descrito

foi de 3,5 minutos a temperatura de 134ºC ou 12 minutos a 126ºC. A mudança

uniforme da coloração ao longo da fita resulta em teste satisfatório para tal

finalidade. Este teste é hoje uma das práticas recomendadas no monitoramento dos

esterilizadores a vapor com sistema de pré-vácuo, para uso diário. O mercado

oferece este tipo de teste já pronto e empacotado, onde as toalhas são substituídas

por folhas de papel que simulam a dificuldade oferecida no teste original e com

tamanho bastante reduzido se comparado ao teste inicialmente proposto. Outra

opção oferecida é a folha impregnada com IQ, no tamanho preconizado por Bowie

(figura 2), que neste caso, se coloca no pacote teste preparado com as medidas

discutidas anteriormente.

Os primeiros estudos envolvendo integradores químicos (classe 5) datam

de 1976, quando a Association of PeriOperative Registered Nurses (AORN) publicou

um estudo realizado por Beck (1976). Neste estudo o autor avaliou o desempenho

de um integrador químico contendo chumbo e, pelos resultados obtidos, concluiu

que este dispositivo apresenta maior sensibilidade em relação aos demais IQs e

obtém seu end point em tempo e temperatura similar àquela capaz de destruir a

população de bacilos esporulados contidos nos IBs, assegurando que os artigos

foram adequadamente expostos ao agente esterilizante.

Page 21: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

20

Bowie Dick pronto uso. Bowie Dick folha

Figura 2. Teste Bowie Dick em folha. Fonte: http://www.hospitalmanagement.net

Teste Bowie Dick pronto uso. Fonte: http://www.medisan.it/prodotti_browne_dick.htm

Perkins (1980) descreve um estudo realizado com diferentes tipos de IQs

contendo chumbo, tubo de vidro com líquido reagente e tira de papel quimicamente

tratado, onde o end point destes indicadores não atendiam o padrão mínimo

aceitável de 12 minutos a 121ºC. O autor conclui que os IQs não são

suficientemente “claros” em seus resultados, que não representam uma tomada de

temperatura verdadeira e que não apresentam resultados uniformes. Sabe-se hoje,

que cada reagente contido nos IQs tem sensibilidade e especificidade individuais,

segundo sua classificação. Esta particularidade pode não ter sido contemplada na

época do estudo.

Figura 3

Integrador químico com chumbo para esterilização a vapor.

Fonte: http://www.3m.com.br

Page 22: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

21

Rutala, Jones e Weber (1996) relatam que estudos correntes afirmam que

o integrador químico não deve ser substituído pelo IB porque eles indicam margem

de tempo e temperatura de esterilização e que o IB consiste na resistência do

esporo ao agente esterilizante. Frente a uma cultura positiva do IB no monitoramento

da esterilização, foi citada a possibilidade de um único teste positivo ocorrer

esporadicamente devido a variáveis da resistência do esporo contido no IB, ou a

contaminação laboratorial em IBs não auto contidos, além de problemas

relacionados ao esterilizador. Nos casos isolados de IB positivo, o integrador

químico e os parâmetros físicos do esterilizador são considerados de forma

relevante, relacionando a cultura positiva citada a problemas com o IB. Neste

mesmo estudo Rutala relata a necessidade de confirmação após um resultado

positivo do IB e, caso seja confirmada uma segunda cultura positiva, todo material

anteriormente processado neste esterilizador deverá ser recuperado a fim de ser

reprocessado. Caso o material já tenha sido utilizado, a Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar (CCIH) deve ser notificada. Nesta situação o autor descreve que

o resultado do integrador químico e o registro dos parâmetros gráficos do ciclo de

esterilização deverão nortear a conduta dos profissionais da CCIH, levando-se em

consideração a margem de segurança atingida na esterilização, através da análise

dos dados do monitoramento químico e físico do ciclo em questão.

A proposta inicial do integrador químico era substituir o IB no

monitoramento dos ciclos de esterilização. Esta substituição vem sendo

crescentemente abordada em publicações literárias sobre esterilização e discutida

entre enfermeiros que atuam em Central de Materiais e Esterilização (CME) e CCIH.

Recentes publicações de Graziano (2003), Calicchio (2003) e Gurevich, Jocobsen e

Cunha (1996) abordam esta prática de forma inconclusiva pela existência de

controvérsias quanto à segurança nesta substituição, sendo o uso do integrador

químico visto como recurso adicional útil, porém sem o poder de substituição do IB

por ora. Outro fato gerador de insegurança é a falta de trabalhos científicos

independentes conclusivos em relação à confiabilidade dos integradores químicos

no monitoramento de esterilização.

A maioria das recomendações atuais sobre o controle da eficácia da

esterilização abrange os monitoramentos físico, químico e biológico,

concomitantemente. Tradicionalmente em nosso meio, o uso de IB é considerado o

Page 23: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

22

único meio de assegurar a eficácia do processo de esterilização, por se tratar de um

método envolvendo a letalidade do microrganismo frente ao ciclo de esterilização,

sendo este considerado Gold Standard2 pela AORN. Já na cultura européia o uso do

IB não faz parte da rotina diária de monitoramento da esterilização na CME,

adotando-se a liberação paramétrica baseada na complacência do processo por

especificações físicas, sendo amplamente utilizado o monitoramento químico do

esterilizador (RUTALA in press, 2001).

No Brasil é crescente o monitoramento da esterilização por meio de IB e

IQ, simultaneamente, em várias instituições de saúde. Uma pesquisa recente

realizada por Budiski e Graziano (2003) para identificar e analisar a prática do uso do

integrador químico na esterilização por autoclavação entre enfermeiros de CME da

cidade de São Paulo, identificou que grande parte dos pesquisados o utiliza. Ao se

questionar qual é a tomada a decisão frente a discordância dos resultados entre o IB

e o integrador químico (IB com resultado duvidoso e integrador químico aceitável),

os respondentes referiram insegurança para liberar o uso do material processado.

Esta constatação expressa um possível desperdício de recursos, com custo

adicional importante e sem subsídios para a tomada de decisão.

A razão da utilização do integrador químico quanto à vantagem frente ao

IB é oferecer imediata comprovação da eficácia das condições para esterilização,

informando que estas estiveram presentes no material durante o ciclo de

esterilização, após abertura da embalagem, ou visivelmente, após a retirada do

material do esterilizador, em caso de utilização de papel grau cirúrgico com filme.

Porém, a eficácia dos integradores químicos isoladamente é questionada nos

estudos anteriormente citados.

Kurowshi (in press, 2004), aborda o uso de IQ como parte do programa de

garantia de qualidade do processo de esterilização. Ele indica o uso de classe 3, 4,

ou 5 em todo pacote a ser esterilizado, devendo este dispositivo ser colocado no

local menos acessível ao agente esterilizante, o que pode não ser o centro

geométrico do pacote. Em relação ao integrador químico o autor recomenda em

substituição ao IB com o objetivo de reduzir o custo total do processo de

esterilização e a liberação da carga estéril, excluindo desta prática lotes contendo

implantáveis. 2 Gold Standard: Padrão Ouro

Page 24: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

23

O monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor é um tema que vem

preocupando enfermeiros de CME e CCIH, devido à responsabilidade que estes

profissionais assumem na garantia de segurança e qualidade dos processos de

esterilização. Atualmente há uma busca crescente de meios para assegurar que os

ciclos de esterilização ocorram de forma preconizada, conferindo assim eficácia aos

processos como um todo, por meio de monitoramento dos parâmetros críticos do

ciclo de esterilização. Dentre as possíveis causas de infecção hospitalar do sítio

cirúrgico, a esterilidade dos artigos é um dos aspectos mais valorizados dentre as

medidas de prevenção a serem adotadas durante um ato cirúrgico. A principal fonte

de contaminação é a inoculação direta a partir da própria microbiota do paciente,

devendo-se considerar ainda falhas, além das relacionadas ao processamento

seguro dos materiais, aquelas relacionadas à equipe, a quantidade e a virulência do

microrganismo inoculado e de fatores relacionados ao paciente e a seu quadro

clínico (RIBEIRO; FERNANDES, 2003), fatores estes que devem ser controlados. A

esterilização dos artigos é passível de rastreabilidade, por meio principalmente dos

resultados dos integradores químicos e IBs.

Conforme exposto, os integradores químicos estão sendo utilizados sem

um profundo conhecimento de seu desempenho. Toda tecnologia usada na área da

saúde deve ser investigada quanto a sua eficácia, segurança, impacto e relação

custo-benefício. A questão básica que norteia esta pesquisa é a efetividade do

monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor com o uso de integradores

químicos. A pesquisa foi direcionada para esterilização a vapor, por ser o método

mais utilizado em nosso meio. Assim sendo, considera-se a relevância deste estudo

justificada.

Page 25: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

24

2 OBJETIVO

Buscar as evidências disponíveis na literatura sobre o monitoramento dos

ciclos de esterilização a vapor por meio de integradores químicos comparado ao

desempenho dos IBs.

Page 26: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

25

3 MATERIAL E MÉTODO

O material e método utilizado neste estudo foram divididos em sub-

capítulos para melhor compreensão de suas etapa.

3.1 Tipo de estudo

Este é um estudo de revisão sistemática da literatura científica, com

estratégia de busca explícita através de fontes abrangentes.

3.2 Questão da pesquisa

A questão que norteia esta pesquisa é: qual a sensibilidade, a

especificidade e consistência dos resultados dos IQs quando comparados ao

“padrão ouro” IB, na competência no monitoramento dos fatores que garantem a

esterilização a vapor?

3.3 Unidade de análise

Constituídas por estudos básicos3 sobre indicadores e integradores

químicos para ciclos de esterilização.

3.4 Fonte de busca das unidades de análise

a. MEDLINE: é uma base de dados bibliográficos criada e mantida pela Biblioteca

Nacional de Medicina dos Estados Unidos (National Library of Medicine’s – NLM).

3 Estudos Básicos: são todas as pesquisas que testam intervenções ou controlam/correlacionam e/ou

comparam efeitos de variáveis em um dado fenômeno, incluindo ou não grupos controle, sob condições laboratoriais ou de campo, independente da temporalidade, sendo também denominados estudos primários.

Page 27: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

26

Abrange literaturas da área de saúde. Possui 3.900 títulos de revistas biomédicas,

publicadas nos Estados Unidos e em 70 outros países e aproximadamente 09

milhões de registros de todo o mundo desde 1966, com predominância em língua

inglesa. Disponível em: http://www.usp.br/sibi/biblioteca/medline.htm.

b. LILACS: (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde –

Bireme) é uma base de dados bibliográficos, produzida de forma cooperativa pelas

instituições que integram o Sistema LILACS, desde 1982. Possui documentos tais

como: teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências,

relatórios técnicos científicos, artigos e publicações. Disponível em:

http://www.bases.bireme.br/.

c. CINAHL: (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature) é uma base

de dados bibliográficos que oferece literaturas em enfermagem. Disponível em:

http://www.cinahl.com/.

d. DEDALUS: (Banco de Dados Bibliográficos da USP) é uma base de dados

integrado ao sistema de serviços SIBi/USP – SIBiNet, onde oferece acesso ao

público na forma de catálogo on-line. Disponível em: http://www.usp.br/sibi/.

e. OVID: (Companhia Internacional Especializada) é uma base de aproximadamente

200 bancos de dados bibliográficos e 500 livros de forma customizada, desde 1988.

Disponível em: http://www.ovid.com.

f. Cochrane: (Centro Cochrane do Brasil) é uma base de banco de dados

bibliográficos de organização não governamental, com realização de pesquisas em

ensaios clínicos e em Medicina Baseada em Evidências, desde 1996. Disponível em:

http://centrocochranedobrasil.org.br/.

g. Google Acadêmico: é uma base de bando de dados de pesquisa da literatura

acadêmica de forma abrangente. Classifica resultados de pesquisas segundo sua

relevância, levando em conta o texto integral de cada artigo, autor, publicação e

freqüência com que foi citado em outras publicações acadêmicas. Disponível:

http://scholar.google.com.br.

h. CAPES: (Portal Brasileiro da Informação Científica) é uma base de bando de

dados, que oferece acesso aos textos completos de artigos de mais de 11320 de

revistas nacionais e internacionais.

i. Busca bibliográfica em árvore: busca de referências dos trabalhos acessados

relevantes ao tema.

Page 28: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

27

3.5 Procedimento de coleta de dados

Foram consultadas as bases de dados com os seguintes termos:

esterilização, integrador químico, indicador químico, indicador biológico,

monitoramento e reagente e sua correspondência em inglês: sterilization, chemical

integrator; chemical indicator, biological indicator; monitoring e reagent, assim como

combinação dos termos entre si para busca estratégia. Os estudos foram

selecionados sem restrição quanto ao idioma e data dos mesmos.

Os dados foram coletados, avaliados e selecionados quanto aos

seguintes critérios:

Inclusão: estudos experimentais e/ou comparativos que se dispuseram a

avaliar o desempenho dos IQ (quando não explicitado a sua classificação) e

integradores químicos frente à curva de morte microbiana ou à redução da

população dos esporos do Bacillus stearothermophilus contida nos IBs

Exclusão: estudos realizados com métodos de esterilização que não a

vapor e estudos que evidenciaram a utilização de IQs classes 1, 2, 3 e 4.

As informações coletadas sobre os artigos selecionadas são

apresentadas no anexo 1. Os estudos selecionados foram sintetizados por meio de

utilização de planilha,em anexo 2, para registro dos dados dos estudos.

3.6 Variáveis do estudo

Os estudos selecionados foram avaliados através do levantamento das

seguintes variáveis:

1. Escopo;

2. Tipo de estudo;

3. Unidades amostrais;

4. Amostra;

Page 29: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

28

5. Esterilizador utilizado;

6. Procedimentos;

7. Análise dos dados

8. Limitações;

9. Resultados;

10. Conclusões;

11. Comentários.

3.7 Análise dos dados.

Os trabalhos selecionados foram categorizados por tipo de estudo e

analisados segundo as variáveis definidas acima. A seguir, os resultados dos

estudos foram agrupados quanta resposta obtida dos IQ e IB utilizados no

experimento e comparados ao intervalo de tempo e temperatura preconizados na

norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006).

Nas análises, os estudos serão identificados pela letra E de estudo

seguidos pelo número de identificação do estudo, como por exemplo, o estudo

número um será representado por E1.

Page 30: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

29

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

A pesquisa bibliográfica em bases de dados resultou em 14 estudos a

partir dos descritores definidos para a busca, sendo 7 destes excluídos pelos

seguintes motivos:

� 1 estudo sobre mensuração de F0 (F zero) de 1 IQ.

� 1 estudo sobre validação dos IQs.

� 2 estudos avaliaram somente IQ classe 1.

� 1 estudo era não experimental e sobre esterilização em óxido de etileno.

� 1 estudo só sobre IB.

� 1 estudo comparativo entre a resposta de morte de bactérias patogênicas e a

viragem de IQs classe 1.

Dos estudos selecionados observou-se que a maioria deles tem origem

americana, com exceção do E6 que tem origem européia. Destes somente o E7 é

brasileiro, não publicado ainda em periódico científico, mas divulgado sob a forma de

relatório.

Os estudos que preenchiam os critérios de inclusão são apresentados no

quadro 1, conforme número de estudo, autores, título, fonte, país de origem e ano de

publicação.

Ao analisar o quadro 1 notou-se que maioria dos estudos foram

realizados há mais de 10 anos, sendo que o mais antigo data do ano de 1975 (E6).

Quanto ao escopo desses estudos o E1 analisou a resposta dos IQs comparando a

curva de cinética de inativação do Bacillus stearothermophilus4, o E2 e o E6

avaliaram a resposta de IQs e IBs em condições normais e de falhas dos ciclos de

esterilização a vapor e os E3, E4, E5 e E7 realizaram os experimentos que

compararam as respostas dos IQs e dos IBs em condições normais de ciclos de

esterilização a vapor.

As unidades amostrais utilizadas nos estudos contavam com IQs que não

contemplavam a classificação quanto a sua sensibilidade em atingir seu end point.

4 Bacillus stearothermophilus: atualmente denominado Geobacillus stearothermophilus.

Page 31: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

30

Os estudos E1, E4, E5 e E6 foram realizados antes da data em que os IQs foram

categorizados por classes pela AAMI (1994). O E3 foi realizado após esta data, em

1996, porém o estudo limitou-se a identificar dois IQs testados como indicadores de

temperatura específica e três IQs como integradores. Os estudos E2 e E7 realizaram

os experimentos somente com integradores classe 5 e o E7 foi o único estudo que

utilizou integrador classe 6 nos experimentos.

Os IBs utilizados nos estudos foram de três gerações distintas. Os

estudos E2, E3, E5 e E7 utilizaram IBs autocontidos de 3º geração, com leitura após

3 horas em ciclos convencionais e 1 hora em ciclo flash. Todos os estudos, exceto

E1 que não utilizou IB, tiveram em suas unidades amostrais IB autocontidos de 2º

geração, com leitura em 24 horas quando utilizado em ciclo flash e 48 horas em

ciclos convencional. Os estudos E2 e E6 utilizaram ainda IB de 1º geração, com

leitura em sete dias de incubação. Atualmente há uma tendência a utilização de IBs

autocontidos para monitorar os ciclos de esterilização devido a facilidade que eles

oferecem, não necessitando de laboratório para sua incubação. Já nos IBs de 1º

geração, além do tempo de espera para obtenção do resultado final ser muito longo

(até 7 dias), corre-se o risco de contaminar os IBs no momento de sua incubação,

devido a falha técnica na inoculação deste no meio de cultura. Outra grande

vantagem da utilização de IBs autocontidos é o tempo de resposta oferecida pelos

IBs de 2º geração (até 48 horas) e 3º geração (até 3 horas). Na prática diária de uma

CME este recurso é grande valia.

Page 32: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

31

Quadro 1 – Estudos básicos sobre monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor pela análise de IQs.

As limitações encontradas nos estudos são apresentadas no quadro 2. As

principais limitações para a análise foram a data de publicação, evidenciando

estudos antigos, e a não classificação dos IQs, assim como os resultados esperados

dos IBs e IQs, segundo sua projeção.

Estudo Autor(es) Título Fonte Origem e ano

E 1

Cherl - Ho Lee Thomas J. Montville Anthony J. Sinskey

Comparison of the efficacy of steam sterilization indicators

Applied and Environmental Microbiology

Massachusetts

1979

E 2

Philip M. Schneider Robert R. Reich Steven S. Kirckof William G. Foltz

Performance of various steam sterilization indicators under optimum and sub-optimum exposure conditions

American Journal of Infection Control

Minnesota

2005

E 3

William A. Rutala Suzanne M. Jones David J. Weber

Comparison of a rapid readout biological indicator for steam sterilization with four conventional biological indicators and five chemical indicators

Infection Control and Hospital Epidemiology

North Carolina

1996

E 4

Arthur Hirsch Stan Manne

Bioequivalent chemical steam sterilization indicators

Medical Instrumentation

New Jersey

1984

E 5

William A. Rutala Maria F. Gergen David J. Weber

Evaluation of a rapid readout biological indicator for flash sterilization with three biological indicator and three chemical indicator

Infection Control and Hospital Epidemiology

North Carolina

1993

E 6

Jan Hoborn

Steam sterilization: a comparison of Steam-Clox and some European biological indicators

Health Laboratory Science

Sweden

1975

E 7

Kazuko Uchikawa Graziano

Comparação do desempenho entre o indicador biológico (IB) e o integrador químico (classe 5 e 6) na monitoração do ciclo de esterilização pelo vapor

Não publicado

Brasil

2006

Page 33: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

32

Quadro 2 - Limitações dos estudos selecionados.

Estudo Limitações

E1 - Não contempla classificação dos indicadores na época do estudo. - Trabalho antigo, de 1979. - Não apresenta os intervalos de tempo utilizados nos experimentos a 127ºC.

E2

- Ausência da justificativa dos diferentes critérios de desempenho dos IBs conforme os 3 tipos de ciclos testados. - Ausência de uma legenda para esclarecer a sigla CSR como material de embalagem. - Não há referência quanto ao tempo de end point do Integrador C. - Não há referência de desempenho dos IBs a 132ºC.

E3

- O trabalho não cita a classificação dos indicadores químicos (classes 3 a 6 pela Norma ISO/AAMI). - O indicador químico Comply é citado como integrador químico no trabalho, porém é um indicador classe 4 pela classificação atual. - Estudo antigo, de 1996.

E4

- Não foi descrito o número de indicadores utilizados em cada etapa do estudo. - Não apresenta os resultados de forma clara e em conformidade ao método apresentado no estudo. - O texto apresenta resultado que nem sempre coincidem com os resultados apresentados nas tabelas. - Estudo antigo, de 1984. - Não contempla classificação dos IQs.

E5

- Não há classificação dos IQs testados. - Estudo antigo, de 1993.

E6

- O estudo foi realizado somente com tempos muito distante (16 e 20 minutos). - A temperatura utilizada não é uma temperatura padrão. - O autor não fornece informações esclarecedoras sobre os IBs utilizados, nos levando a crer que se trata de um IB de primeira geração (cultura por 7 dias). - estudo antigo, de 1975

E7 - Estudo ainda não publicado e, portanto não submetido à avaliação externa de pareceristas especialistas no assunto.

Os tipos de equipamentos utilizados nos experimentos é uma variável

muito importante a ser avaliada nas análises da presente investigação e deve ser

cautelosamente discutida. O tempo que o esterilizador leva até o alcance da

temperatura adotada para o estudo interfere no resultado final, assim como o tempo

de secagem após a exposição à dada temperatura e tempo, interferindo nos

resultados esperados de forma adicional em relação ao maior tempo de exposição a

temperaturas elevadas.

Nos estudos aqui apresentados utilizaram-se três tipos de esterilizadores,

sendo eles:

1- Autoclave hospitalar com sistema de pré-vácuo.

2- Autoclave hospitalar com sistema gravitacional.

Page 34: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

33

3- Biological Indicator Evaluator Resistometer (BIER) vessel.

As autoclaves hospitalares pré-vácuo são projetadas para esterilizar

artigos que oferecem grande desafio quanto à remoção de ar da câmara interna,

como no caso dos artigos de densidade, contendo têxteis. Para eficácia desta

remoção, objetivando a não existência de ar residual na câmara interna durante o

tempo de exposição ao vapor, estes equipamentos realizam pulsos de vácuo no

início de cada ciclo, podendo ser em torno de três a quatro no total, conforme

estabelecido durante a validação deste equipamento. Segundo as Recomendações

práticas para processos de esterilização em estabelecimentos de saúde (CUNHA et

al, 2000) o vácuo pode ser obtido por meio da formação de um único vácuo (alto

vácuo) ou por meio de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em

temperatura ligeiramente inferior a do processo de esterilização. Após a exposição

requerida este equipamento deverá entrar em secagem, o que se dá por meio de

vácuo contínuo.

Os testes com IQs neste tipo de equipamento podem sofrer interferência

devido ao aumento de tempo de exposição ao calor, que se dá nos momentos de

vácuo inicial e decaimento à pressão atmosférica após exposição ao tempo pré

determinado do ciclo de escolha, estando susceptível a oferecer dados não

fidedignos às propostas dos experimentos.

Autoclaves com sistema gravitacional apresentam diferente projeção em

relação ao sistema de remoção do ar. Neste tipo de equipamento o ar da câmara

interna é expelido por gravidade, gradativamente, ao mesmo tempo em que o vapor

é admitido. O vapor, por ser mais quente que o ar existente na câmara tende a

ocupar a parte superior da câmara interna, enquanto o ar frio e mais denso tende a

ser expelido através do dreno localizado na parte inferior da câmara (APECIH,

2003). Neste tipo de esterilizador o tempo percorrido para atingir a temperatura de

exposição adotada é muito maior, quando comparada ao sistema de pré-vácuo.

Neste contexto os IQs atingem seu end point muitas vezes antes de atingir a

temperatura de referência, nos levando a questionar os achados nos experimentos

realizados neste tipo de autoclave.

O Biological Indicator Evaluator Resistometer (BIER) vessel (figura 7) é

um esterilizador destinado a realizar testes de desempenho com IQs e IBs. Trata-se

de um aparato de pequena dimensão (em torno de 30cm x 30cm x 30cm) capaz de

Page 35: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

34

fornecer um alto nível de controle de ciclos específicos de esterilização, conforme

programado frente as especificações destes indicadores. Devido ao pequeno volume

da câmara interna deste aparato é possível se atingir a temperatura pré-determinada

em apenas 10 segundos, graças a sua bomba geradora de alto vácuo, assim como

voltar a pressão atmosférica também em 10 segundos. Estas características lhe

conferem o reconhecimento como o método de escolha para o desenvolvimento de

testes de desempenho com indicadores, onde as condições para atingir temperatura

e o término do ciclo não interferem nos achados dos experimentos. Os testes

realizados nas indústrias de indicadores de esterilização são obrigatoriamente

realizados em esterilizadores deste tipo e são exigidos em normas de fabricações

específicas. Graficamente este ciclo representa uma “onda quadrada”, conforme

observamos na figura 8.

Figura 5 - Onda do ciclo em

BIER vessel

Figura 4 - BIER vessel

Os testes realizados em esterilizador tipo BIER vessel apresentam uma

considerável vantagem quando comparado aos testes realizados em outros tipos de

esterilizadores, por permitir um aquecimento e decaimento à pressão atmosférica em

poucos segundos. No estudo 4 pode-se observar que a viragem dos IQs chegaram

a 20% e os IBs a 35% com tempo zero de exposição a 132ºC em esterilizadores

hospitalares, evidenciando a interferência devido a demora tanto para o alcance da

temperatura requerida como para retornar à pressão atmosférica.. A tabela 1

apresenta a distribuição dos estudos segundo o tipo de equipamento utilizado nos

experimentos.

Page 36: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

35

Tabela 1 - Tipos de esterilizadores utilizados nos experimentos dos estudos selecionados. São Paulo 2007.

Equipamentos Estudo

BIER vessel pré-vácuo E2, E4, E7

BIER vessel gravitacional E1, E2

Autoclave hospitalar pré-vácuo E4

Autoclave hospitalar gravitacional E2, E3, E4, E5

Os estudos E2 e E4 utilizaram esterilizador tipo BIER vessel somente em

parte dos experimentos, realizando os testes também em esterilizador hospitalar.

Um fato que não foi justificado pelo autor do estudo E2 foi a utilização de dois tipos

de BIER vessel, um com sistema gravitacional e outro pré-vácuo. Dos estudos

levantados somente o estudo E7 realizou o experimento em sua totalidade em BIER

vessel pré-vácuo.

As temperaturas de escolha para os experimentos são mostradas na

tabela 2. Observou-se que não houve uma temperatura padrão para o

desenvolvimento dos experimentos, porém os dados evidenciaram uma tendência

para a realização dos experimentos às temperaturas de 121ºC e 132ºC. A

temperatura de 132ºC é a temperatura largamente utilizada nos países norte-

americanos, enquanto a tendência européia e brasileira é realizar o processo a

temperatura de 134ºC. Já a temperatura de 121ºC é utilizada em todo mundo. Nesta

mesma tabela também foram agrupados os tempos e intervalos de escolha dos

experimentos.

Tabela 2 – Temperatura e intervalos de tempo utilizado nos estudos selecionados.

São Paulo 2007. (Continua)

Temperatura Tempo 118ºC 120ºC 121ºC 132ºC 134ºC

0 min. .. E6 .. E4, E5 ..

30 seg. .. .. .. E4 E7

1 min. .. .. .. E2, E4, E5 E7

1 min. 30 seg. .. .. .. E4 E7

2 min. .. .. .. E2, E4, E5 E7

2 min. 30 seg. .. .. E1 E4 E7

3 min. E1 .. .. E2, E4, E5 E7

Page 37: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

36

Tabela 2 – Temperatura e intervalos de tempo utilizado nos estudos selecionados. São Paulo 2007.

(Conclusão)

Temperatura Tempo 118ºC 120ºC 121ºC 132ºC 134ºC

3 min. 30 seg. .. .. .. E4, E5 E7

4 min. .. .. .. E2, E5 E7

4 min. 30 seg. .. .. .. .. E7

5 min. .. .. E1, E3 .. E7

5 min. 30 seg. .. .. .. .. E7

6 min. .. .. E2 .. E7

6 min. 30 seg. .. .. .. .. E7

7 min. E1 .. .. .. E7

7 min. 30 seg. .. .. E1 .. ..

8 min. .. .. E2 .. ..

10 min. E1 .. E1, E2, E3 .. ..

12 min. .. .. E2 .. ..

12 min. 30 seg. E1 .. E1 .. ..

14 min. .. .. E2 .. ..

15 min. E1 .. E1, E3 .. ..

16 min. .. E6 .. .. ..

17 min. 30 seg. E1 .. .. .. ..

20 min. E1 E6 E1 .. ..

25 min. E1 .. .. .. ..

Nota: O estudo E1 descreve experimentos com temperatura de 127ºC, mas não informa os inter- valos.

O tamanho amostral dos IQs, assim como o número de ciclos replicados

em cada experimento retratam a significância dos dados obtidos, oferecendo-lhe

maior ou menor confiança. A tabela 3 agrupa estes dados.

Tabela 3 – Tamanho amostral dos IQs utilizados nos experimentos dos estudos selecionados. São Paulo, 2007.

Estudo Nº amostra por ciclo Nº ciclos

E.1 5 a 15 1

E.2 5 4

E.3 5 12

E.4 (1) 16 a 47 1

E.5 10 4

E.6 (2) 1 1

E.7 3 3

(1) Os resultados dos testes realizados em pacotes padrão Bowie Dick não foram contemplados pois os dados não são fornecidos. (2) O autor não descreve o resultado do Steam-Clox 1 Spot e não contempla no estudo o Steam-Clox 4 Spot..

Page 38: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

37

Nos estudos selecionados, o tamanho amostral variou de um (E6) a 47

(E4). Dos estudos que replicaram os experimentos, o estudo E7 realizou 3 réplicas,

o E2 e o E5 realizaram 4 réplicas e o E3 realizou o maior número de réplicas, no

total de 12. Os E1 e E4 não mencionaram se houve réplica do experimento.

Os dados obtidos em experimentos com um único ciclo são questionáveis

e estão sujeitos a críticas pelas muitas variáveis envolvidas em todo o processo de

esterilização. O E1 e o E4 utilizaram um número amostral significativo, porém

realizaram um único ciclo, expondo desta forma os achados a dúvidas quanto à

reprodutibilidade dos achados.

A Norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006), em seu anexo C, apresenta

alguns valores de tempo/temperatura esperado de end point dos IQs, relacionando

aos valores determinados para inativação dos esporos do Geobacillus

stearothermophilus, determinado na norma ISO 11138, conforme mostra a tabela 4.

Tabela 4 - Relação de temperatura e intervalo de tempo estimado para os integradores classe 5

atingirem end point, segundo norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006) para inativação dos esporos do Geobacillus stearothermophilus. São Paulo, 2007.

Temperatura Tempo estimado Aceito acima de

120ºC 24 minutos 14 min.30 seg. 121ºC 16 min. 30 seg. 10 min. 30 seg. 127ºC 7 min. 20 seg. (1) 4 min. 40 seg.(1) 132ºC 2 min. 10 seg (1) 1 min. 30 seg. (1) 134ºC 1 min. 30 seg. 56 seg.

135ºC 1 min. 10 seg. 42 seg. (1) Valores calculados conforme fórmula contida na referida norma.

Os valores determinados na tabela 4 estão relacionados à redução da

população contida nos IBs, que é de105 a 106 UFC. O tempo estimado é o tempo

requerido para redução de 11 log da população inicial contida nos IBs e o tempo

limite para um IQ responder aos tempos de exposição a determinadas temperaturas.

Este tempo limite é calculado levando-se em conta o tempo requerido para redução

de 7 log da população de esporos contida nos IBs.

O número de ciclos logarítmicos reduzidos na população dos bioindicadores

define o nível de esterilidade ou Sterility Assurance Level (SAL). Do produto

final. O nível de segurança do processo define a probabilidade de falha

prevista para a operação, estabelece o número final de sobreviventes por

unidade de produto e define o tempo de processo à temperatura de

referência. (PENNA; MACHOSHVILI, 1997).

Page 39: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

38

Conforme Graziano (2003, p.180) “[...] o SAL de 10-6 é requisito para a

classificação de material esterilizado para procedimentos que requerem assepsia

cirúrgica”. Este é o nível mínimo de segurança que se espera quando projetamos os

ciclos de esterilização a vapor dos equipamentos hospitalares. Este valor foi

considerado devido a população dos IBs, que era de 106, porém hoje a maioria dos

IBs contém uma população de 105, o que foi considerado para estimativa dos

cálculos que constam nas atuais normas de IQs e IBs e que serviram de base de

cálculo para se chegar aos valores contidos na tabela 4. Baseado nestes valores

compararam-se os resultados dos IQs obtidos nos experimentos realizados nos

estudos selecionados com tempo de exposição aproximado, conforme tabela 5.

Tabela 5 – IQs que apresentaram resposta esperada de end point em intervalo de tempo e temperatura preconizado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006)

para integradores. São Paulo 2007.

Nº estudo 120ºC 121ºC 127ºC 132ºC 134ºC

E1 ..

-Sterigage -Vac -Chieftan 250 paper -Proper Time Card 4-spot -Propor Time Card Hispeed -ATI Steam Clox

-Chieftan 250 glass -Vac -Chieftan 250 paper -Proper Time Card 4-spoy -Chieftain 270 paper

-Sterigage -Proper OK -Proper Strateline -Propor Time Card Hispeed -ATI 250 Long -ATI Sterilometer-250 short -ATI 2 Sterilometer-70 short

..

E2 .. -A .. -A -B ..

E3 ..

-Comply -Proper -Chemdi -Sterigage -Thermalog S

.. .. ..

E4 .. .. .. -Castle-Tech (1) ..

E5 .. .. .. -Comply -Incheque ..

E6 3 Spot .. .. .. .. E7 .. .. .. .. TST

Nota: Dados somente em ciclos sem condições de falha (1) Apresentou resultado esperado até 2 minutos, com resultado dentro do intervalo, porém em 3 minutos de exposição obteve um resultado menor se comparado a 2 minutos (40% aceito em 2 minutos e 20% aceito em 3 minutos).

Page 40: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

39

No estudo E1 observou-se a maior variedade de tipos de IQs com

resposta esperada de end point em intervalo de tempo e temperatura preconizado

na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). Este fato está relacionado ao número de

IQs de diferentes marcas adotadas pelo autor do experimento, sendo no total de 21.

Analisando a resposta destes IQs em diferentes temperaturas notou-se que a

resposta frente ao tempo e temperatura adotada, em relação aos dados mostrados

na tabela 4, não foi a mesma, conforme mostra a tabela 6. Os resultados

encontrados demonstram que os IQs não respondem de uma mesma forma em

intervalos de tempo e temperatura estimado para viragem destes IQs.

Tabela 6 – Resposta esperada de end point dos IQs em intervalo de tempo a dada temperatura conforme preconizado na norma ANSI/AAMI/ISSO 11140-1 (2006) para

integradores classe 5 do estudo E1. São Paulo, 2007.

121ºC 127ºC 132ºC

Sterigage Sterigage Sterigage

Proper Time Card 2-Spot Proper Time Card 2-Spot Proper Time Card 2-Spot

Proper Time Card 4-Spot Proper Time Card 4-Spot Proper Time Card 4-Spot

Proper Time Card Hispeed Proper Time Card Hispeed Proper Time Card Hispeed

Proper OK Proper OK Proper OK

Proper Strateline Proper Strateline Proper Strateline

ATI High Temp. ATI High Temp. ATI High Temp.

+ATI Steam Clox ATI Steam Clox ATI Steam Clox

ATI Sterilometer-250 long ATI Sterilometer-250 long ATI Sterilometer-250 long

ATI Sterilometer-250 short ATI Sterilometer-250 short ATI Sterilometer-250 short

ATI Sterilometer-270 long ATI Sterilometer-270 long ATI Sterilometer-270 long

Chieftain 270-paper Chieftain 270-paper Chieftain 270-paper

Chieftain 250-paper Chieftain 250-paper Chieftain 250-paper

Unistrip Unistrip Unistrip

Incheque Incheque Incheque

Chieftain 270-glass Chieftain 270-glass Chieftain 270-glass

Chieftain 250-glass Chieftain 250-glass Chieftain 250-glass

Vac Vac Vac

Diak Diak Diak

ATI Sterilometer-270 short ATI Sterilometer-270 short ATI Sterilometer-270 short

Zerosept Zerosept Zerosept

Legenda: Rosa aceito/preto rejeitado

A diversidade de marcas de IQ utilizados nos estudos ou até mesmo no

mesmo estudo sem conhecimento de sua classificação foi um obstáculo à

compreensão dos resultados obtidos nos experimentos.

Page 41: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

40

Para melhor entendimento dos IQs, várias indústrias foram contatadas,

não somente quanto às informações específicas sobre esses IQ, mas também

quanto a substância química contida nestes dispositivos, porém não obtiveram-se

respostas esclarecedoras por parte dos fabricantes, que se limitaram a informar que

se trata de uma substância termocrômica. Analisando as informações contidas nas

bulas que acompanham os IQs disponíveis no mercado não encontrou-se nenhuma

informação sobre a substância utilizada no indicador. Esta informação parece tratar-

se de um segredo industrial. Em pesquisa na internet com o termo Thermotropic ink

(tinta termocrômica) foram encontradas 2 menções (FreePatentsOnline) de tintas

termo reagentes utilizadas em IQs, uma denominada termotrópica e outra

denominada termocrômica, com as seguintes descrições:

Tinta termotrópica: substância química para uso em metal ou alumínio

com uma camada de superfície orgânica, podendo ser utilizada em bolsas de

plástico e metal laminado, tendo como componentes uma lâmina metálica coberta

com resina, um solvente a base de álcool e um corante capaz de reagir na presença

de vapor e alta temperatura, resultando em mudança permanente de cor.

Tinta termocrômica: tinta capaz de sofrer termo reação em mudança de

ambiente térmico, cujos componentes contam com a combinação de solvente, tinta e

outros componentes essenciais. Estas tintas são capazes de indicar que o substrato

foi exposto a um ambiente térmico específico durante um período mínimo

especificado de tempo, resultando em mudança irreversível da cor do indicador

através de lixiviação (arrastamento dos componentes dissolvidos) dos componentes

em questão. O uso mais notável desta substância é a utilização como indicador de

pasteurização e esterilização.

Na tabela 7 observou-se a porcentagem de IBs rejeitados com exposição

de 38% em média acima do tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1

(2006), perfazendo um total de 32% de todos os IBs testados. Do total de 9 IBs

utilizados nos experimentos e apresentaram maior resistência em relação ao

esperado, 5 foram expostos a esterilização em BIER vessel (E2 e E7) e 4 destes

foram processados em autoclave hospitalar gravitacional (E5), cujos dados relatados

pelo autor informam que o esterilizador levou 27 segundos para atingir temperatura e

40 segundos para exaustão do vapor. O que causa estranheza é que as autoclaves

Page 42: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

41

hospitalares, principalmente os gravitacionais, não são projetadas com este

desempenho.

Tabela 7 - Porcentagem de IBs rejeitados com exposição de 38% em média acima do

tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). São Paulo 2007.

Estudo IB % rejeitados Temperatura Esterilizador

E2 RR SCBI 3 horas

10 132ºC BIER vessel pré-vácuo

E2 SCBI 35 132ºC BIER vessel pré-vácuo

E5 Attest RR 1 hora 22 (média) 132ºC Hospitalar

gravitacional

E5 Attest RR 24 horas 5 132ºC Hospitalar

gravitacional

E5 Standard Attest 23 132ºC Hospitalar

gravitacional

E5 Proof Flash 3 132ºC Hospitalar gravitacional

E7 3 M RR 3 horas 77 134ºC

BIER vessel pré-vácuo

E7 3 M RR 48 horas 44 134ºC

BIER vessel pré-vácuo

E7 Browne 66 134ºC BIER vessel pré-vácuo

Os IBs de 3º geração foram aqueles que apresentaram maior resistência,

sendo no total 5 IBs, contra 4 IBs de 2º geração. Rutala, Gergen e Weber (1993)

relatam maior sensibilidade dos IBs de 3º geração pelo fato da enzima ser

ligeiramente mais resistente que o esporo, sendo possível ser detectada por um

breve período após a morte de todos os esporos.

No estudo E1 o autor conclui que o Attest Rapid Readout apresenta

sensibilidade semelhante aos IBs convencionais, porém os dados encontrados em

seus experimentos são contraditórios. Em ciclo flash a 132ºC por 2 minutos o Attest

Rapid Readout resultou em 73% de resultados positivos para crescimento dos

esporos após 24 horas de incubação, enquanto os outros IBs testados variaram em

90%, 48% e 40%. Em ciclos por 3 minutos a leitura após 60 minutos de incubação

resultou em 33% resultados positivos para o crescimento dos esporos e 5% após

leitura por crescimento, em 24 horas. Neste mesmo período os outros IBs testados

resultaram 23%, 3% e zero resultados positivos para crescimento dos esporos. Os

dados encontrados analisando a resposta do mesmo IB, com leitura em 60 minutos

e 24 horas não parece retratar uma ligeira maior resistência da enzima em relação

ao esporo, pois estes dados são muito distantes. Quando comparado aos demais

resultados dos IBs de 2º geração, este fato se repete.

Page 43: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

42

Schneider et al (2005), no E2 concluiu que o IB RR SCBI com leitura por

fluorescência (3 horas) foi mais resistente e sensível que o RR SCBI por leitura

através do crescimento do esporo (48 horas) para detectar falhas nos ciclos de

esterilização, porém esta diferença foi encontrada em todos os estudos que

utilizaram IBs de 3º geração em condições ideais de esterilização. O autor concluiu

ainda que nem todos os indicadores oferecem o mesmo nível de informação relativa

à eficácia dos processos de esterilização e recomenda o monitoramento químico,

físico e biológico para assegurar a eficácia dos ciclos de esterilização.

Na tabela 8 observou-se que os IBs apresentaram morte precoce em

tempos abaixo do esperado nesta norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). Dos 22

IBs utilizados nos experimentos, 50% apresentaram morte precoce dos esporos em

intervalo de tempo variando de 24% a 100% abaixo do tempo médio preconizado na

norma para inativação dos esporos contidos nos IBs. A média de IBs que resultaram

em morte precoce foi de 51%.

Tabela 8 - Porcentagem de IBs aceitos com exposição abaixo do tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006), evidenciando morte precoce dos esporos . São Paulo 2007.

(continua)

Estudo IB % aceito Temperatura Esterilizador Tempo

E2 RR SCBI 48 horas

25 132ºC BIER vessel pré-vácuo

1 minuto

E2 SCBI 15 132ºC BIER vessel pré-vácuo 1 minuto

E2 Spore Strip 100 132ºC BIER vessel pré-vácuo 1 minuto

E2 RR SCBI 48 horas 10 121ºC

BIER vessel gravitacional 10 minutos

E2 SCBI 100 121ºC BIER vessel gravitacional 8 minutos

E2 SCBI 100 121ºC BIER vessel gravitacional 10 minutos

E2 Spore Strip 100 132ºC Serviço de saúde gravitacional 1 minuto

E3 Proof 5 121ºC Autoclave hospitalar Gravitacional 5 minutos

E3 Assert 12 121ºC Autoclave hospitalar Gravitacional 5 minutos

E3 Biosign 7 121ºC Autoclave hospitalar Gravitacional 5 minutos

E3 Attest 1292 RR 3 horas 28 121ºC Autoclave hospitalar

Gravitacional 10 minutos

E3 Spore Growth 98 121ºC Autoclave hospitalar Gravitacional 10 minutos

E3 Biosign 92 121ºC Autoclave hospitalar Gravitacional 10 minutos

E4 α 35 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo 0 minuto

Page 44: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

43

Tabela 8 - Porcentagem de IBs aceitos com exposição abaixo do tempo estimado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006), evidenciando morte precoce dos esporos . São Paulo 2007.

(conclusão)

Estudo IB % aceito Temperatura Esterilizador Tempo

E4 α 85 132ºC Autoclave hospitalar pré-cácuo

30 segundos

E4 α 100 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo 1 minuto

E4 β 20 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo 0 minuto

E4 β 50 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo

30 segundos

E4 γ 30 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo 0 minuto

E4 γ 100 132ºC Autoclave hospitalar pré-vácuo

30 segundos

Nota: Os estudos E5 e E6 realizaram os experimentos com tempo mínimo dentro do intervalo esperado para os IBs resultarem em morte dos esporos.

A morte precoce dos IBs foi observada com maior freqüência nos

experimentos realizados em autoclaves hospitalares, numa porcentagem de 70% do

total. Este dado pode estar relacionado ao tempo que estes esterilizadores levam

para atingir temperatura e exaustão do vapor, sendo muito maior quando comparado

aos esterilizadores tipo BIER vessel. Este achado reafirma a importância da escolha

do esterilizador apropriado para fins de teste envolvendo indicadores de

esterilização. Nos resultados apresentados dos IBs com morte precoce, a exposição

de zero a 30 segundos em 132ºC e 5 minutos em 121ºC foram os menores tempos

encontrados.

O agrupamento dos dados da porcentagem dos IBs que obtiveram

resultados negativos para crescimento dos esporos do Bacillus stearothermophilus

frente ao intervalo de tempo preconizado na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006)

(Tabela 9) foi uma das etapas do estudo de maior complexidade quanto a

interpretação dos dados contidos nos estudos selecionados. Os tempos de

exposição utilizados nos experimentos não são uniformes, sendo muitas vezes

distantes ou foram limitados em relação ao tempo utilizado para as análises, não

chegando ao tempo máximo do intervalo esperado em determinada temperatura.

Como exemplo, observou-se que o tempo utilizado nos estudos E2 e E5 foi de 3

minutos de exposição a 132ºC, sendo que o tempo limite para esta temperatura é de

2 minutos e 10 segundos. Estes estudos realizaram os experimentos com intervalos

de tempo de 2 e 3 minutos, sendo 2 minutos muito próximo do esperado, porém

Page 45: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

44

abaixo do estimado e em 3 minutos estes resultados denotam uma exposição

adicional de 50 segundos. No estudo E7 o tempo de exposição a 134ºC foi de 1

minuto e 30 segundos, tempo este preconizado para esta temperatura, não

apresentando tempo adicional, sendo desta forma um dado mais fidedigno em

relação aos demais. Nos experimentos dos estudos E2 e E3 à temperatura de 121ºC

o tempo máximo adotado foi abaixo daquele esperado, que é de 16 minutos e 30

segundos e no estudo E6, que limitou a análise a 20 minutos a 120ºC, deveria ter

chegado a 24 minutos. Estas foram as dificuldades encontradas para tabular estes

dados.

O tempo médio de exposição a 121ºC é de 14 minutos e 30 segundos e a

132ºC de 2 minutos e 45 segundos. Segundo dados agrupados conclui-se que

77,60% dos IBs testados obtiveram resultado esperado segundo a referida norma.

Tabela 9 - Porcentagem dos IBs com resultados negativos para crescimento dos esporos do Geobacillus stearothermophilus frente ao intervalo de tempo preconizado na norma

ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). São Paulo, 2007 (continua)

Estudo Indicador Biológico

Resposta esperada

Temperatura Esterilizador Tempo

E2 RR SCBI Enzymatic

90% 132ºC BIER vessel pré-vácuo

3 min.

E2 RR SCBI Growth 100% 132ºC BIER vessel pré-vácuo

3 min.

E2 SCBI Growth 65% 132ºC BIER vessel pré-vácuo

3 min.

E2 Spore Strip 100% 132ºC BIER vessel pré-vácuo

3 min.

E2 RR SCBI Enzymatic

90% 121ºC BIER vessel gravitacional

14 min (1)

E2 RR SCBI Growth 100% 121ºC BIER vessel gravitacional

14 min.

E2 SCBI Growth 100% 121ºC BIER vessel gravitacional

14 min.

E2 Spore Strip 70% 121ºC BIER vessel gravitacional

14 min.

E3 Atttest 1292 Rapid Readout fluores.

100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min. (2)

E3 Atttest 1292 Rapid Readout Growth

100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min.

E3 Attest 1262 100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min.

E3 Proof Plus 100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min.

E3 Assert 100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min.

E3 Biosign 100% 121ºC Autoclave gravitacional

15 min.

E4 α 0 132ºC Autoclave hospitalar 2 min. E4 β 100% 132ºC Autoclave hospitalar 2 min.

Page 46: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

45

Tabela 9 - Porcentagem dos IBs com resultados negativos para crescimento dos esporos do Geobacillus stearothermophilus frente ao intervalo de tempo preconizado na norma

ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). São Paulo, 2007 (conclusão)

Estudo Indicador Biológico

Resposta esperada

Temperatura Esterilizador Tempo

E4 γ 0 132ºC Autoclave hospitalar 2 min. E5 Atttest 1291 Rapid

Readout fluores. 67% 132ºC Autoclave

gravitacional 3 min.

E5 Atttest 1292 Rapid Readout Growth

95% 132ºC Autoclave gravitacional

3 min.

E5 Attest 1261 77% 132ºC Autoclave gravitacional

3 min.

E5 Proof Flash 97% 132ºC Autoclave gravitacional

3 min.

E5 Assert 100% 132ºC Autoclave gravitacional

3 min.

E6 SBL 100% 120ºC Autoclave pré-vácuo

20 min. (3)

E6 Oxoid 100% 120ºC Autoclave pré-vácuo

20 min.

E7 3 M Rapid Readout 3 horas

11% 134ºC BIER vessel pré-vácuo

1 min. 30 seg.

E7 3 M Rapid Readout 48 horas

11% 134ºC BIER vessel pré-vácuo

1 min. 30 seg.

E7 BROWNE TST Control

22% 134ºC BIER vessel pré-vácuo

1 min. 30 seg.

(1) Só foi ate 14 min (2) Só foi até 15 min. (3) Só foi até 20 min.

Dos estudos selecionados somente o E2 descreve o intervalo de

tempo/temperatura esperado para resposta de sobrevivência e morte dos esporos

do Bacillus stearothermophilus. O intervalo descrito para esterilização a vapor em

121ºC de temperatura é de acima de 5 minutos a 15 minutos no máximo de

exposição. A esta temperatura a norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006) determina

que este intervalo deva ser de acima de 10 minutos e 30 segundos até 16 minutos e

30 segundos. O resultado frente ao descrito pelo autor não nos permite comparar o

desempenho do IB, pois o autor limitou os experimentos ao intervalo de 6 a 14

minutos. Neste mesmo estudo (E2) o critério esperado para viragem do integrador A

em exposição a 121ºC de temperatura era de 18,5 minutos, resultou em 100% de

rejeição em exposição por 14 minutos, tempo máximo utilizado nesta temperatura.

Pode-se concluir que este resultado é 100% esperado a este tempo de exposição,

porém o experimento deveria contemplar tempos de exposições maiores para

melhor análise dos resultados esperados. Este mesmo integrador A obteve 100% de

resultado esperado, conforme desempenho descrito no estudo, em experimento com

Page 47: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

46

temperatura de 132ºC. O integrador B resultou em 100% de viragem em 132ºC de

temperatura por 2 minutos, atendendo ao preconizado em norma, porém o critério de

desempenho deste no estudo é de 3 minutos, sendo considerado um resultado não

esperado para um integrador classe 5. Não foi informado o tempo esperado de end

point do integrador C, porém respondeu 100% aceito quando comparado com o

descrito em norma a 132ºC e 100% rejeitado nos experimentos com exposição a

temperatura de 121ºC.

Em um estudo francês realizado por Goullet (1997) sobre qualificação dos

indicadores físico-químicos para controle da esterilização a vapor o autor informa

que é indispensável conhecer com precisão os parâmetros necessários à obtenção

do end point definido nos IQs, para que o profissional possa fazer uma escolha

racional do IQ a ser adotado na prática diária e que este indicador não conduza a

uma falsa certeza por interpretação errada dos resultados apresentados nos IQs e

que o gasto pela compra deste “meio de segurança” não seja infrutífero. O autor faz

ainda uma discussão sobre os testes realizados para avaliar o desempenho dos IQs

nas indústrias, em autoclaves tipo BIER vessel, mas porém a sua utilização se dará

em esterilizadores com características muito diferentes daquela observada nos BIER

vessel. Afirma que as respostas obtidas dos IQs em relação ao tempo de exposição

é sempre achada em intervalos menores daqueles anunciado pelo fabricante, pois

não se consideram as fases pré e pós tempo de exposição. Ele recomenda a

utilização de integradores emuladores (classe 6) em cada carga, concomitante a

utilização de teste Bowie e Dick e ao controle dos registros de tempo e temperatura

dos ciclos realizados. O autor conclui que apesar da dificuldade de apreciação do

ponto de end point destes integradores, eles são referências da penetração e da

ação do vapor ao contato no interior da embalagem dos objetos a serem

esterilizados.

A tabela 10 agrupa os dados dos IQs que apresentaram tempo estimado

para resultado esperado quanto a viragem dos IQs. Junto a estes dados agruparam-

se os resultados esperados dos integradores, cuja resposta adotada foi a resposta

estimada na norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006).

Page 48: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

47

Tabela 10 – Resposta dos IQs que apresentam tempo estimado pré-determinados para resposta satisfatória e integradores químicos analisados com parâmetros esperados conforme

classe 5 e classe 6. São Paulo, 2007.

Estudo Indicador Tempo mínimo

Tempo máximo

Temperatura Resultado Observação

E2 Integrador A Classe 5

.. 18 min. 30 seg.

121ºC 100% aceito

Limitou a 14 min

E2 Integrador A Classe 5 .. 2 min.35

seg. 132ºC 100% aceito

E2 Integrador B classe 5 .. .. 121ºC 100%

rejeitado

E2 Integrador B classe 5 .. Após 3 min.

132ºC 100%

rejeitado (2)

Aceito conforme

norma

E2 Integrador C classe 5 .. .. 121ºC

100% rejeitado

(1)

Mudança de cor a 121ºC

E2 Integrador C classe 5 .. .. 132ºC 100%

aceito (1) Mudança de cor a 132º

E3 Integrador Comply .. .. 121ºC

100% aceito

(1)

Limitou a 15 min.

E3 Integrador Sterigage .. .. 121ºC

97% aceito

(1)

E3 Integrador Thermalog S .. .. 121ºC

73% aceito

(1)

E6 Steam Clox 2 Spot 8 min 10 min 121ºC .. Só testou 0,

16 e 20 min.

E6 Steam Clox 3 Spot 12 min. 15 min. 121ºC 100%

aceito Em 16 min.

E7 Sterigage Integrador classe 5

.. .. 134ºC 100%

rejeitado (1)

100% virado em 5 min. Em 134ºC

E7 TST classe 6 .. 7 min. 134 ºC 100º% aceito

Legenda: Verde: porcentagem de aceito; Preto: porcentagem de rejeitado.

(1) Conforme tempo estimado na Norma ANSI/AAMI/ISO 11140-1 (2006). (2) Aceito conforme esperado para integrador classe 5.

Dos estudos avaliados pode-se agrupar dados de resposta esperada em

57% deles (estudos E2, E3, E6 e E7), porém de forma parcial, pois os estudos

limitam-se a informar estes dados somente para alguns dos indicadores adotados

nos experimentos e outros foram avaliados quando apresentaram a especificação de

integradores químicos. Dos integradores testados em diferentes temperaturas, num

total de 13, 1 deles (Steam Clox 2 Spot, E6) não pode ser avaliado devido a

limitação do estudo. Dos demais todos são designados integradores, sendo o TST

(E7) um integrador classe 6 e os demais classe 5. O experimento com integrador B

(E2) resultou em aceito conforme estabelecido em norma para IQ classe 5, porém o

autor descreve sua resposta esperada em 3 minutos a 132ºC. Para análise dos

Page 49: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

48

dados o resultado apresentado foi dado como aceito. Avaliando os dados obtidos

concluiu-se que 75% dos integradores testados apresentaram em média 97% de

viragem em tempo/temperatura esperada.

No estudo 7 o integrador classe 5 (Sterigage) resultou em 100% de

viragem somente após 5 minutos de exposição a 134ºC, tempo este muito além do

esperado, que é de aproximadamente de 1 minuto a 1 minuto e 30 segundos. De

todos os estudos somente o estudo 7 descreve um experimento com integrador

classe 6, com desempenho esperado após exposição a 134ºC por 7 minutos. Neste

estudo este integrador obteve 100% de viragem em tempo esperado.

A maioria dos estudos envolvendo IQs são estudos que comparam o

desempenho dos IBs aos resultados dos end points dos IQs. Os dados de projeção

de desempenho dos IQs devem ser fornecidos obrigatoriamente pelo fabricante do

produto (ANSI/AAMI/ISO 11140-1, 2006). O end point esperado de um IQ é definido

através de várias análises laboratoriais utilizando-se o BIER vessel, realizadas pelo

profissional técnico responsável pelo produto na indústria. A ausência destes dados

interferem na análise global deste estudo onde, mesmo em experimentos realizados

antes da classificação dos IQs, poderíamos agrupá-los segundo o end point

esperado em cada um deles.

Na prática diária das CMEs nos deparamos freqüentemente com

situações muito preocupantes em relação ao monitoramento dos ciclos de

esterilização a vapor. No decorrer da minha vida profissional vivenciei muitas vezes

esta situação, onde resultados de IBs eram negativos para crescimento de

microrganismos e os integradores químicos indicavam falha no ciclo de esterilização

onde, após análise do esterilizador eram detectados problemas com o equipamento.

Levando em consideração ainda o ciclo específico das autoclaves hospitalares, que

contemplam um tempo maior para atingir a temperatura e a secagem até o término

do ciclo, um integrador químico com resultado rejeitado obtido num lote de

esterilização é muito preocupante.

IQs e IBs são indicadores que tem como propósito oferecer segurança

quanto ao monitoramento dos ciclos de esterilização. Neste estudo os dados obtidos

no monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor nos levam a refletir sobre a

uma importante questão em relação a projeção dos indicadores para esterilização,

que são desenhados para fornecer uma resposta esperada em tempo e temperatura

Page 50: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

49

pré determinada, e ensaiados em equipamento com rápida admissão e exaustão da

pressão, o que não ocorre nas autoclaves que são utilizados na prática, que

necessitam realizar pulsos de pré-vácuo para remoção do ar e ainda, após tempo

determinado de exposição, entram em período de secagem, tempo este em média

de 20 a 30 minutos. Os estudos realizados em autoclaves hospitalares evidenciam

que tanto os IBs quanto os IQs sofrem este tipo de interferência, resultando em

viragem a tempo de exposição até mesmo a zero minuto de exposição, chegando

ao resultado esperado somente com a exposição ao tempo para atingir temperatura

programada e exaustão do vapor.

A problemática acima citada, quando levada para prática onde

enfermeiros de CMEs buscam respostas confiáveis dos indicadores de esterilização,

torna-se um fator de grande incerteza para tomada de decisão frente a resultados

não aceitos de IBs e IQs. O achado de 32% dos IBs que apresentaram resistência a

exposição média de 38% acima do tempo estimado representaria 32 ciclos

rejeitados em cada 100. Dos integradores avaliados quanto às respostas de end

point mostradas na tabela 10 observou-se que 75% deles resultaram em viragem em

tempo/temperatura esperada. Dos 25% restantes, 17% viraram antes do tempo a

temperatura de 121º e 8% apresentou não reagiram no intervalo de tempo esperado

a 132ºC. Levando este resultado também para prática diária teríamos recall de 8

ciclos a cada 100 desnecessariamente, devido a maior resistência deste integrador e

17 resultados falso-negativos. Dentre estes resultados somente 1 deles é um

integrador classe 6, cuja resposta apresentou 100% de viragem em tempo

preconizado (E7). Este integrador é também chamado de emulador e tem como

objetivo monitorar ciclos com tempo e temperatura específicos, devendo ser adotado

com parâmetros de resposta conforme o ciclo que se destinará a monitorar. Este foi

o único integrador que resultou em 100% seguro quanto ao monitoramento químico

a que se propõe.

Outro dado encontrado nos estudos é a diferença de respostas de um

mesmo IB de leitura rápida, onde os resultados após 3 horas com leitura por

fluorescência é diferente dos resultados encontrados nestes mesmos IBs quanto a

resposta por crescimento, após 48 horas de incubação. No estudo E2, esta

diferença chega a 70%, onde o IBs de leitura rápida resultaram em 72% de

crescimento dos esporos e este mesmo IB resultou em 2% somente após leitura pos

Page 51: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

50

48 horas, por mudança de coloração. Resultados como estes são encontrados ainda

no estudo E5 e E7. Levando estes dados para prática, isso representaria 70 ciclos

em cada 100 com resultados falso-negativos ou nos levaria a não confiar nos

resultado dos IBs de leitura rápida ou de 48 horas.

Comparando o tempo de exposição usualmente utilizado nas autoclaves

hospitalares ao tempo preconizado pela norma ANSI/AAMI/ISSO 11140-1 (2006)

apresentado na tabela 4 para redução de 12 ciclos logarítmicos, observa-se que na

prática utiliza-se uma margem de “segurança” em torno de 500%, (em temperatura a

134ºC) acima do estabelecido nesta norma. Hirsch e Manne (1984) apresentam um

comparativo entre a resistência dos Bacillus stearothermophilos e a dos

microrganismos patogênicos e concluem que os microrganismos patogênicos

apresentam uma sensibilidade maior que os esporos dos Bacillus

stearothermophilos. Estes dados sustentam de maneira consistente a necessidade

de validação e qualificação de todos as etapas dos processos de esterilização, dos

artigos a serem esterilizados e dos produtos arrolados no monitoramento dos ciclos

de esterilização, oferecendo subsídios ao enfermeiro para tomada de decisão frente

a resultados dúbios dos IBs e IQs.

O levantamento dos dados também revelou a escassez de trabalhos

independentes no assunto. A maioria dos estudos foi realizada por estudiosos

ligados a fabricantes de indicadores para monitoramento da esterilização, o que

também nos leva a questionar alguns dados encontrados, assim como alguns

métodos propostos nos estudos.

A análise dos experimentos realizados nos estudos selecionados revelou

as seguintes características:

1. As limitações mais observadas estão relacionadas ao fato dos estudos

serem antigos e a não classificação dos IQs utilizados nos experimentos.

2. O autoclave tipo BIER vessel foi utilizado na totalidade do experimento

somente em 1 estudo, procedimento este que deveria ter sido contemplado

em todos os demais estudos devido ao maior controle sobre as variáveis que

interferem nos experimentos.

3. Os estudos evidenciaram uma tendência na realização dos experimentos às

temperaturas de 121ºC e 132ºC.

Page 52: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

51

4. O tamanho amostral variou de 1 a 47 indicadores e o número de ciclos

reproduzidos de 1 a 12.

5. Os mesmos tipos de IQs não respondem dentro do mesmo padrão de

viragem frente a cinética de morte dos Geobacillus stearothermophilus em

diferentes temperaturas.

6. Os IBs apresentaram 50% de morte precoce em determinados ciclos dos

experimentos.

7. 32% dos IBs apresentaram resistência ao agente esterilizante a exposição

de 38% acima da temperatura capaz de reduzir 12 log da população contida

nos IBs.

8. Em ciclos distintos, 77% dos IBs resultaram em não crescimento dos

esporos em tempo de exposição pré-estabelecido na norma ANSI/AAMI/ISO

11140-1 (2006), representando os resultados esperados destes indicadores.

9. Dos integradores testados 75% deles apresentaram viragem conforme o

preconizado, perfazendo 97% de resultados aceitos.

10. De todos os integradores testados somente o integrador classe 6 resultou

100% de viragem conforme o esperado.

Page 53: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

52

5 CONCLUSÃO

Os resultados da revisão sistemática sobre a sensibilidade, a

especificidade e consistência dos resultados dos IQs quando comparados ao

“padrão ouro” IB, na competência no monitoramento dos fatores que garantem a

esterilização a vapor nos levou a concluir que:

Os estudos evidenciaram que não há uma metodologia padronizada para

a realização desse tipo de experimento com relação ao tipo de equipamento a ser

utilizado, temperaturas e tempos a serem adotados e tamanho amostral, o que

dificultou o agrupamento e a análise dos dados.

A ausência da classificação dos indicadores utilizados nos estudos ou a

descrição das características dos mesmos também se constituíram em um fator

limitante na análise efetuada, principalmente em relação aos diferentes

desempenhos dos IQ obtidos nos resultados dos experimentos.

Nenhum indicador biológico nem integrador químico classe 5 para

monitoramento dos ciclos de esterilização a vapor apresentou respostas 100%

sensíveis ou 100% específicas quanto ao desempenho esperado, o que põe em

julgamento a utilização dos indicadores biológicos como padrão ouro nos estudos

comparativos da eficácia dos indicadores químicos para o monitoramento dos ciclos

de esterilização.

Integradores químicos classe 5 e IBs apresentam variações de

sensibilidade e resistência muito próximos uns dos outros, não cabendo neste

momento classificá-los numa escala de efetivos a não efetivos, mas o que nos

levaria a supor que em termos de desempenho observado, os integradores

químicos poderiam ser similares aos indicadores biológicos.

O resultados do E7 sugerem que os integradores classe 6 são efetivos

para o monitoramento dos ciclos a vapor. Novos estudos capazes de reproduzir

esses resultados poderiam contribuir para a confiabilidade na utilização de

emuladores para o monitoramento do processo de esterilização, podendo oferecer

uma alternativa segura para substituição dos IBs.

Os integradores adotados por uma instituição deverão ser efetivamente

analisados e validados, devendo obrigatoriamente atender o especificado conforme

Page 54: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

53

informações técnicas do produto, dados estes fornecidos pelo fabricante. Percebeu-

se pelos estudos que IQs nem sempre apresentam resultados confiáveis,

principalmente se utilizados para fins aos quais não se propõe originalmente.

Sugerimos a realização de estudos independentes, através de

metodologia capaz de avaliar os integradores de forma individualizada, e não de

forma comparativa por meio de resultados apresentados por IBs, evitando desta

forma a obtenção de dados conflitantes e que não fornecem dados que possam ser

claramente concluídos.

A efetividade e a segurança do monitoramento dos ciclos de esterilização

a vapor dependem invariavelmente da base científica dos profissionais responsáveis

pelas CMEs e do seguimento das orientações dos fabricantes quanto ao uso de

cada IQ. É importante, sempre que possível pedir aos fabricantes resultados dos

estudos que evidenciem a qualidade dos IQs na obtenção dos resultados

desejáveis.

Em virtude dos resultados obtidos, as enfermeiras devem estar atentas

aos possíveis resultados falso-positivos ou falso-negativos quando da utilização de

IBs e IQs simultaneamente. Esses casos devem ser registrados, pois podem se

constituir em importante material para reflexões sobre as rotinas de utilização dos

IBs e IQs.

Page 55: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

54

REFERÊNCIAS

AAMI - ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF MEDICAL INSTRUMENTATION. Good Hospital Practice: steam, sterilization and sterility assurance. Arlington, VA: Association for the Advancement of Medical Instrumentation, 1994. ANSI/AAMI/ISO 11140-1. ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF MEDICAL INSTRUMENTATION. Sterilization of health care products – Chemical indicators – Part 1: general requirements. Arlington, VA: Association for the Advancement of Medical Instrumentation, 2006. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 11134. Esterilização de Produtos Hospitalares – Requisitos para validação e controle de rotina – Esterilização por calor úmido. Rio de Janeiro, jan, 2001 BECK, W. C. A new integrator for monitoring time and temperature of steam sterilizers. Medical Instrumentation. v. 10, n. 6, p. 293-296, nov-dez. 1976. BOWIE, J. H.; KELSEY, J. C.; THOMPSON, G. R. The Bowie and Dick autoclave tape text. Lancet, v. 1, p. 586-587, 1963. BUDISKY, S. A.; GRAZIANO, K. U. A prática do uso dos integradores químicos na esterilização por autoclave. In: 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, São Paulo, jul, 2003. CALICCHIO, L. G. Controle da esterilização. Parte II – Validação dos processos de esterilização. In: Esterilização de artigos em unidades de saúde. 2. ed. São Paulo: APECIH, 2003, p. 38-51. COOK, D. J.; MULROW, C. D; HAYNES, R. B. Systematic reviews: synthesis of best evidence for clinical decisions. Annals of Internal Medicine. v.1, p. 376-380, 1997. CUNHA, A. F. et al. Recomendações práticas para processos de esterilização em estabelecimentos de saúde, parte I: esterilização a calor. Campinas: Komedi, 2000. p. 31-33. DRUMMOND, J. P.; SILVA, E.; COUTINHO, M. Medicina baseada em evidência. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2004. FREEPATENTSONLINE. Thermochromic jet ink. Disponível em: <http://www.freepatentsonline.com/4756758.html>. Acesso em: 10 out. 2006. FREEPATENTSONLINE. Thermotropic jet ink. Disponível em: <http://www.freepatentsonline.com/4155895.html>. Acesso em: 10 out. 2006. FRIEDMAN, M.; FRIEDLAND, G. W. As dez maiores descobertas da medicina. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Page 56: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

55

GALVÃO, M. C.; SAWADA, N.O.; TREVIZAN, M. A. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem. Rev. Latino am enfermagem, v. 10, n. 5, set./oct. 2002. Disponível em: <http://scielo.br/>. Acesso em: 24 fev. 2007. GOULLET, D. Intérêt et moyens de qualification dês indicateurs physicochimiques à variables multiples pour le contrôle de la stérilisation par la vapeur d`eau. S. T. P. Pharma Pratiques, França, v. 7, n. 2, 1997, p. 129-138. GRAZIANO, K. U. Processos de limpeza, desinfecção e esterilização de artigos odonto-médico-hospitalares e cuidados com o ambiente cirúrgico. In: LACERDA, R. A. Controle de infecção em centro cirúrgico – fatos, mitos e controvérsias. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 163-195. GUREVICH, I.; JACOBSEN, E.; CUNHA, B. A. Unreliability of chemical integrators compared to spore tests for sterilizer monitoring. American Journal of Infection Control, v. 25, n. 5, p. 405-406, 1996. HIRSCH, A.; MANNE, S. Bioequivalent Chemical Steam Sterilization Indicators. Medical Instrumentation, v.18, n. 5, p. 272-275, set./oct 1984. HOBORN, J. Steam Sterilization: A Comparison of Steam-Clox and some European Biological Indicators. Health Laboratory Science, v. 12, n. 3, p. 225-229, jul. 1975. ISO. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Norma ISO 11140-1995 (E). Sterilization of health care products – chemical indicator part 1: General requirements. Suíça, 1995. KUROWSKI, J. A. Chemical Indicators 101: Applications for Use. HICPAC/SHEA Guidelines Debate. Disponível em: http://www.infectioncontroltoday.com/articles/4b1inside.html?wts. Acesso em 11/08/2004. LEE, C.; MONTEVILLE, T. J.; SINSKEY, A. J. Comparison of the Efficacy of Stean Sterilization Indicators. Applied and Environmental Microbiology, v. 37, n. 6, p. 113-117, Jun. 1979. PEDROSA, T. M. G. et al. Central de material esterilizado – processo de esterilização. In: COUTO, R. C.; PEDROSA, T. M. G. Guia prático de controle de esterilização hospitalar – epidemiologia, controle e terapêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. PENNA, T. C. V.; MACHOSHVILI. Esterilização Térmica. Conceitos básicos da cinética de morte microbiana. Revista Farmácia Bioquímica USP, v. 34, supl. 1, p. 1-5, 1997. PERKINS, J. J. Principles and methods of sterilization in health sciences. 2. ed. Springfield: Charles Thomas; 1980.

Page 57: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

56

PINTO, T. J. A.; KANEKO, T. M.; OHARA, M. T. Controle biológico de qualidade de produtos farmacêuticos, correlatos e cosméticos. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. RIBEIRO, N. JÚNIOR; FERNANDES, A. T.; Infecção de Sítio Cirúrgico. In: LACERDA, R. A. Controle de infecção em centro cirúrgico – fatos, mitos e controvérsias. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 69-86. ROMAN, A. R.; FRIEDLANDER, M. R. Revisão integrativa de pesquisa aplicada à enfermagem. Cogitare enfermagem, v. 3, n. 2, p. 109-112, jul-dez. 1998. RUTALA, W. A.; GERGEN, M. F.; WEBER, D. J. Evaluation of a rapid readout biological indicator for flash sterilization with three biological indicators and three chemical indicators. Infection Control and Hospital Epidemiology, v. 14, n. 7, p. 390-394, jul. 1993. RUTALA, W. A.; JONES, S. M.; WEBER, D. J. Comparison of a rapid biological indicator for steam sterilization with four conventional biological indicators and five chemical indicators. Infection Control and Hospital Epidemiology, v.17, n. 7, p. 423-428, 1996. RUTALA, W. A.; WEBER, D. J. Guideline for disinfection and sterilization in healthcare facilities. Healthcare infection control practices advisory committee. 2001. In press. <www.cdc.gov> SCHNEIDER, P. M. et al. Performance of various steam sterilization under optimum and sub-optimum exposure conditions. American Journal of Infection Control, v. 33, n. 5, p. 555-567, Jun. 2005. SOBECC – Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. Práticas recomendadas. São Paulo, 2005. SOUZA, L. P.; PADOVEZE, M. C. Controle da esterilização. Parte I – Métodos para monitoramento da esterilização. In Esterilização de artigos em unidades de saúde. 2. ed. São Paulo: APECIH, 2003, p. 30-37. SUPPLIER PARTNERSHIPS for CUSTOMER SOLUTIONS. Disponível em: <http://obi2.vwrsp.com>. Acesso em 06 nov. 2005. TORTOGA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. UNDERWOOD, W. B. Textbook of sterilization. Chicago, Lakeside, Donnelley, 1941. WALTER, C. W. Evaluation of sterility indicators. Surgery, v. 2, p. 585-589, 1937. WYATT, H. T. Sterilization: a handbook for physicians hospital executive and nurses. 2. ed. Madison, Wis. 1936.

Page 58: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

57

ANEXO A – Planilha para coleta de dados sobre os artigos selecionados

Título

Escopo

Tipo de estudo

Unidades amostrais

Amostras

Esterilizador utilizado

Procedimentos

Análise dos dados

Limitações

Resultados

Conclusões

Comentários

Page 59: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

58

ANEXO B – Resumo dos estudos selecionados

Estudo Nº. 1

Título

COMPARISON OF THE EFFICACY OF STEAM STERILIZATION INDICATORS

Escopo - Avaliar a eficácia dos indicadores químicos para esterilização a vapor frente a cinética de inativação do bacilo stearothermophilus.

Tipo de estudo - Experimental comparativo.

Unidades amostrais

- Indicadores químicos.

Amostra

- 21 tipos de indicadores químicos, disponíveis comercialmente: 05 Amostras de: - Sterigage - Proper Time Card 2-Spot - Proper Time Card 4-Spot - Proper Time Card Hispeed - Proper OK - Proper Strateline - ATI High Temp. - ATI Steam Clox - ATI Sterilometer-250 long - ATI Sterilometer-250 short - ATI Sterilometer-270 long - Chieftain 270-paper - Chieftain 250-paper - Unistrip - Incheque 10 Amostras de : - Chieftain 270-glass - Chieftain 250-glass - Vac - Diak 15 Amostras de: - ATI Sterilometer-270 short - Zerosept

Esterilizador utilizado

Gravitacional com características de BIER vessel: - Alcança temperatura em 30 segundos - Término do ciclo em 30 segundos - Temperatura interna monitorada com instrumento calibrado - Variação da temperatura para + 0,8ºC.

Procedimentos

- A leitura foi feita em 7 momentos a 121ºC e em 8 momentos a 118ºC. - O teste foi realizado em 4 temperaturas distintas com leitura em diferentes intervalos: 118ºC: 3; 7; 10; 12,5; 15; 17,5; 20 e 25 minutos.

Page 60: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

59

121ºC: 2,5; 5; 7,5; 10; 12,5; 15 e 20 minutos.

Procedimentos

127ºC: não informado os intervalos de tempo. 132ºC: não informado os intervalos de tempo. - O resultado foi comparado com o tempo requerido para inativação da população de 106 de Bacillus stearothermophilus a diferentes temperaturas.

Análise dos dados

- O desempenho de todos os IQs foram comparados com a curva representada da cinética de morte do Bacillus stearothermophilus com redução de apenas 6 log, partindo de 106.

Limitações

- Não contempla classificação dos indicadores na época do estudo. - Trabalho antigo, de 1979. - Não apresenta os intervalos de tempo utilizados nos experimentos a 127ºC.

Resultados

- Nenhum IQ apresentou curva coincidente com a cinética de morte do Bacillus stearothermophilus. - Das 21 marcas testadas o Sterigage, o Vac, o Chieftan 270 glass, o Chieftan 250 glass e o Diak apresentaram resultados de curva paralela a curva da cinética de morte do Bacillus stearothermophilus, onde o sterigage e o Chieftan 270 glass apresentaram maior desafio para viragem do que a cinética de morte apresentada pelo Bacillus stearothermophilus. As 3 outras marcas Vac, Diak e Chieftan 250 glass apresentaram desafio menor quando comparada a curva de cinética de morte do Bacillus stearothermophilus, ocorrendo em tempo e temperatura menores. - Dos outros IQs testados o Zerosept foi desconsiderado devido aos resultados inconclusivos apresentados por ele e os outros 15 IQs resultaram em traçados que cruzaram a reta de referência, fugindo do padrão de curva da cinética de morte do Bacillus stearothermophilus.

Conclusões

- O autor não descreve conclusão como item, porém na discussão conclui que estes IQs deveriam ser avaliados de acordo com as recomendações dos fabricantes, frente a projeção de cada um deles.

Comentários

- O indicador Sterigage é um integrador comercializado nos dias atuais, de classe 5, porém não é possível saber se trata-se do mesmo IQ. - Apesar de ressaltar a importância da avaliação dos IQs frente as recomendações do fabricantes, o autor não cita estes dados nos IQs aqui testados.

Page 61: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

60

ESTUDO N. 2

Título

PERFORMANCE OF VARIOUS STEAM STERILIZATION INDICATORS UNDER OPTIMUM AND SUB-OPTIMUM EXPOSURE CONDITIONS.

Escopo

- Avaliar o desempenho dos indicadores biológicos e químicos em condições ideais de esterilização a vapor e também em 2 condições simuladas caracterizadas como problema: ciclo com vapor superaquecido e ciclo com remoção incompleta do ar de dentro da câmara interna da autoclave.

Tipo de estudo - Experimental comparativo.

Unidades amostrais

- Indicadores biológicos comercialmente disponíveis de duas Empresas distintas. - Indicadores químicos comercialmente disponíveis de três Empresas distintas

Amostra

Indicadores biológicos utilizados no monitoramento em condições ideais de autoclavação: -IB auto-contido de leitura rápida por fluorescência após 3 horas (RR SCBI enzimatic) e IB auto-contido de leitura colorimétrica após 48 horas devido a mudança de pH (RR SCBI growth e SCBI growth) atendendo aos seguintes critérios de desempenho: D 250 1,6 min; população de 4,6 x 106 UFC/tira de esporo impregnado, sobrevivência a 5 minutos/morte em 15 minutos a 250ºF. Indicadores biológicos utilizados no experimento para monitoramento de ciclo com vapor saturado superaquecido: -IB auto-contido de leitura colorimétrica após 48 horas devido a mudança de pH (SCBI growth) com os seguintes critérios de desempenho: D 250 1,4 min; população de 2,7 x 105 UFC/tira de esporo impregnado, sobrevivência a 5 minutos/morte em 15 minutos a 250ºF. -IB de primeira geração (tiras de papel impregnadas com esporos microbianos e acondicionadas em envelopes repelentes à umidade) (Spore Strip) com demanda de 7 dias de incubação para obtenção dos resultados. Critérios de desempenho: D 250 1,9 min; população de 2,3 x 104 UFC/tira de esporo impregnado, sobrevivência a 4,5 minutos/morte em 15,9 minutos a 121ºC; sobrevivência de 20 segundos/morte em 2 minutos a 132ºC. Indicadores biológicos utilizados no experimento para monitoramento do ciclo com remoção incompleta do ar de dentro da câmara interna da autoclave: - Pacote teste contendo IB auto-contido de leitura rápida por fluorescência após 3 horas e também IB auto-contido de leitura colorimétrica após 48 horas (RR SCBI enzimatic e RR SCBI growth) devido a mudança de pH atendendo aos seguintes critérios de desempenho: D 250 1,7 min; população de 3,4 x 106 UFC/tira de esporo impregnado. Integradores Químicos. Para todas as 3 condições dos experimentos foram utilizados indicadores/integradores químicos com seguinte critério de desempenho esperado: - Integrador A (classe 5): sinalização da aceitação das condições de esterilização de 18.5 minutos a 250ºF e 2.6 minutos a 270ºF. - Integrador B (classe 5): mudança de cor após 3 minutos a 270ºF. - Integrador C (classe 5): integrador acondicionado no interior de um pacote programado para mudança de cor a 250ºF ou 270ºF.

Page 62: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

61

Esterilizador Utilizado

BIER Vessel Pré-Vácuo - Temperatura monitorada por termopares localizados próximos aos indicadores BIER VESSEL Gravitacional - Temperatura monitorada por termopares localizados próximos aos indicadores Autoclave gravitacional utilizada em Serviços de Saúde (AMSCO 3033). - A entrada inicial do vapor aconteceu em 10 segundos - Exaustão no final do ciclo foi rápida. - Temperatura monitorada por 2 termopares localizados próximos aos indicadores. Autoclave hospitalar de grande porte (AMSCO Eagle 3053-C) - Assistida por dois pulsos de vácuo (quando na prática aplica-se 4 pulsos)

Procedimentos

- Exceto no estudo da remoção incompleta do ar da câmara, os IBs auto-contidos foram acondicionados em pequenos cestos de alumínio com recursos que mantiveram os mesmos separados uns dos outros. Os IB de primeira geração e os IQs foram dispostos nas autoclaves presos a um dispositivo tipo mola. - No estudo dos efeitos da remoção incompleta do ar da câmara, os IBs e os IQs foram acondicionados em embalagens de tecido de algodão e foram, também, utilizados pacotes testes desafio para pronto uso. Esta etapa do estudo foi realizada utilizando-se autoclave gravitacional de uso hospitalar. Os IBs e os IQs foram submetidos a 3 ciclos distintos de esterilização a vapor saturado reproduzindo as condições ideais de esterilização: - Condição de teste 1: em autoclave BIER vessel em ciclo com pré-vácuo a 134ºC.: 5 IBs e IQs de cada tipo foram expostos a tempos fracionados de 1, 2, 3 e 4 minutos. Foram realizadas 4 repetições de cada período de exposição. - Condição de teste 2: em autoclave BIER vessel em ciclo gravitacional a 121ºC.: 5 IBs e IQs de cada tipo foram expostos a tempos fracionados de 6, 8, 10, 12 e 14 minutos. Foram realizadas 4 repetições de cada período de exposição. - Condição de teste 3: em autoclave gravitacional de uso hospitalar (AMSCO 3033) a 132ºC.: 5 IBs e IQs de cada tipo foram expostos a um tempo de 1 minuto, sendo o ciclo replicado 4 vezes. Os indicadores de esterilização foram acondicionados em cestos de borracha dentro de um recipiente com tampa e embrulhado com CSR. Condição simulada de vapor superaquecido com ciclo em: - Condições de teste 4: em BIER vessel em ciclo com pré-vácuo a 121ºC. com vapor superaquecido: 5 IBs e IQs de cada tipo foram expostos a tempos fracionados de 6, 8, 10, 12 e 14 minutos. Foram realizadas 4 repetições de cada período de exposição. Condição simulada de remoção incompleta do ar de dentro da câmara interna da autoclave, o ciclo foi: - Condições de teste 5: Autoclave de grande porte para uso hospitalar (AMSCO 3053), a 132ºC com simulação de remoção incompleta do ar de dentro da câmara interna da autoclave: 4 IBs e IQs de cada tipo foram expostos a tempos de 2, 3 e 4 minutos, sendo cada ciclo replicado 4 vezes. Os indicadores para esterilização (IQ - um de cada tipo, IB de leitura rápida e IB convencional) foram acondicionados no centro geométrico de pacotes grandes de campos de algodão. Estes foram aleatoriamente colocados nas prateleiras superiores e inferiores da autoclave. Adicionalmente utilizaram-se pacotes testes de IB de leitura rápida comercializados para pronto uso nas posições frente e fundo da

Page 63: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

62

Procedimentos

autoclave. Após a exposição, os IBs auto-contidos foram resfriados durante dez minutos a temperatura ambiente e incubados na temperatura recomendadas pelos seus fabricantes em incubadoras próprias. Os indicadores biológicos de leitura rápida foram submetidos à leitura dos resultados em dois momentos: inicial, após 3horas pela técnica de fluorescência e novamente no final, após incubação de 48 horas pela leitura colorimétrica. Os IBs de primeira geração foram incubados durante 7 dias em meio de caseína soja. - Posteriormente repetiu-se os experimentos dobrando-se o número de pulsos de vácuo de 2 para 4.

Análise dos Dados

- Os resultados dos IBs foram registrado como crescimento positivo ou crescimento negativo. - Os integradores químicos os resultados foram registrados como aceito ou rejeitado. - As diferenças nos resultados dos testes de remoção incompleta de ar entre os indicadores foram analisados por meio de Teste Exato de Fisher com p<0,05.

Limitações

- Ausência da justificativa dos diferentes critérios de desempenho dos IBs conforme os 3 tipos de ciclos testados. - Ausência de uma legenda para esclarecer a sigla CSR como material de embalagem. - Não há referência quanto ao tempo de end point do Integrador C. - Não há referência de desempenho dos IBs a 132ºC.

Resultados

Condição de teste 1 - Os IBs e IQs foram expostos a BIER Vessel a 132°C usando um ciclo de vapor saturado com pré-vácuo. Os resultados estão sintetizados em porcentagem na Tabela 1. - Todos os indicadores testados (IBs e IQs) responderam adequadamente após 4 minutos de exposição a 132ºC nos ciclos em BIER vessel com pré-vácuo. Estes parâmetros de tempo e temperatura são consensualmente aceitos para esterilização na prática assistencial. No mesmo ciclo, após 1 minuto apenas de exposição, todos os indicadores apresentaram falhas, com exceção do IB de primeira geração (não auto-contido) que mostrou negatividade. Este fato não atende ao critério de sensibilidade e especificidade do IB para monitorar um ciclo normal de autoclavação, uma vez que poderia levar a falsos resultados negativo na prática assistencial. Condição de teste 2 - Os IBs e IQs foram expostas a BIER Vessel a 250°F usando um ciclo gravitacional de vapor saturado. Os resultados estão sintetizados em porcentagem na Tabela 2. - A esterilização por ciclo gravitacional a 250ºF adota tempo de exposição de 15 a 30 minutos como parâmetro. Até o 14º minuto acompanhado, nem todos os indicadores mostraram eficácia do ciclo. Condição de teste 3 - Os IBs e IQs foram expostos a um esterilizador a vácuo AMSCO 3033 em ciclo de deslocamento de ar por gravidade usando vapor saturado a 270ºF. Os resultados estão sintetizados em porcentagem na Tabela 3. - Em exposição de 3 a 10 minutos TODOS os indicadores do experimento deveriam acusar condições falhas, o que não aconteceu. Dentre os integradores, somente o Integrador A detectou condições inadequadas de esterilização no tempo de exposição de 1 minuto. Condições de teste 4 - Os IBs e IQs foram expostos a BIER Vessel a 121°C usando um ciclo de vapor

Page 64: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

63

Resultados

superaquecido com pré-vácuo. Os resultados estão sintetizados em porcentagem na Tabela 4. - Houve uma significante diferença nas respostas entre os indicadores biológicos e químicos, mostrando que os IQ não têm sensibilidade para detectar a falha do vapor superaquecido. Condição de teste 5 - Os IBs e IQs, acondicionados dentro de pacotes testes foram expostos a um esterilizador a vácuo AMSCO Eagle 3053 em ciclo com apenas dois pulsos de pré-vácuo (quando na prática aplica-se 4 pulsos) usando vapor saturado a 270ºF. Os resultados estão sintetizados em porcentagem na Tabela 5. - A leitura dos IB acusaram falhas nos ciclos, o mesmo não ocorrendo com os IQs.

Conclusões

- Somente os Indicadores Biológicos apresentaram desempenho de uma forma consistente em todas as condições de esterilização avaliadas. - Tanto a leitura dos resultados por fluorescência como por crescimento microbiano em IB auto-contidos, foram capazes de detectar falhas na esterilização, com maior freqüência do que qualquer um dos IQs em condições sub-ótimas. - Adicionalmente, em todas as cinco condições de teste avaliadas neste estudo, a leitura por fluorescência do IB de leitura rápida demonstrou uma resistência e uma sensibilidade, isto é, a habilidade de detectar condições sub-optimas de tempo de exposição, do vapor superaquecido ou da remoção incompleta do ar. - Estes achados demonstram que o indicador da esterilização não pode fornecer o mesmo nível da informação a respeito da eficácia do processo da esterilização o que reforça a prática recomendada atual que advoga que os resultados de todos os controles de monitoração, isto é, indicadores químico, biológico e físico, devem ser usados para assegurar a eficácia do processo da esterilização.

Comentários

- Considerando que a fabricação dos Indicadores biológicos e químicos são normatizados pelas Normas ISO 11140 - parte 1 em consonância com a ANSI/AAMI ST 19, surpreende-nos os resultados da pesquisa relacionados com condições ótimas de esterilização a vapor, quando os indicadores (tanto os biológicos quanto os químicos) mostraram-se fora da conformidade. Espantou-nos a significativa freqüência de falsos resultados negativos. - Indaga-se o fato do teste 3 não ter avançou até pelo menos 15 minutos de exposição uma vez que o ciclo gravitacional de esterilização a vapor a 121ºC. - Considerando os resultados dos experimentos, não nos parece que a primeira conclusão “... Somente os Indicadores Biológicos apresentaram desempenho de uma forma consistente em todas as condições de esterilização avaliadas”....seja verdadeira. Há ressalvas como no caso de IB de primeira geração onde no teste 1 aconteceu a negativação já no primeiro minuto de exposição.

Page 65: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

64

Tabela 1 - Resultado dos testes realizados em BIER vessel pré-vácuo a 132ºC. Porcentagem de IBs positivos e IQs rejeitados.

Indicador/ Tempo

exposição

RR SCBI Enzymatic

RR SCBI

Growth

SCBI Growth

Spore Strip

Integrador A

Integrador B

Integrador C

1 Minute

2 Minutes

3 Minutes

4 Minutes

100

30

10

0

75

20

0

0

85

5

35

0

0

0

0

0

100

100

0

0

95

0

0

0

100

100

0

0

Fonte: Schneider P. M. et al, 2005

Tabela 2 - Resultado dos testes realizados em BIER vessel gravitacional a 121ºC.

Porcentagem de IBs positivos e IQs rejeitados.

Indicador/tempo exposição

RR SCBI Enzymatic

RR SCBI

Growth

SCBI Growth

Spore Strip

Integrador A

Integrador B

Integrador C

6 Minutes

8 Minutes

10 Minutes

12 Minutes

14 Minutes

100

100

100

90

10

100

100

90

0

0

100

0

0

0

0

100

100

100

45

30

100

100

100

100

100

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Fonte: Schneider P. M. et al, 2005

Tabela 3 - Resultado dos testes realizados em Autoclave gravitacional utilizada em Serviços de Saúde a 132ºC. Porcentagem de IBs positivos e IQs rejeitados.

Indicador/Exposure time

RR SCBI Enzymatic

RR SCBI

Growth

SCBI Growth

Spore Stipr

Integrador A

Integrador B

Integrador C

1 Minutes 100 100 100 0 100 0 0

Fonte: Schneider P. M. et al, 2005

Page 66: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

65

Tabela 4 - Resultado dos testes realizados com vapor superaquecido em BIER vessel pré-vácuo a 121ºC. Porcentagem de IBs positivos e IQs rejeitados.

Indicador Tempo

exposição

RR SCBI Enzymatic

RR SCBI

Growth

SCBI Growth

Spore Strip

Integrador A

Integrador B

Integrador C

6 Minutes

8 Minutes

10 Minutes

12 minutes

14 minutes

100

100

100

100

100

100

100

70

0

0

95

90

65

5

0

100

85

100

45

35

25

15

0

0

0

0

0

0

0

O

0

0

0

0

0

Fonte: Schneider P. M. et al, 2005

Tabela 5 - Resultado dos testes realizados com incompleta remoção do ar (2 pulsos de vácuo) e completa remoção do ar (4 pulsos de vácuo) em Autoclave hospitalar de grande porte a

132ºC. Porcentagem de IBs positivos e IQs rejeitados. Single Use B.I. Test

Pack Linen Pack Linen Pack

Indicator/Exposure time RR SCBI

Enzymatic

RR SCBI

Growth

SCBI Growth

Spore Strip

Integrating Indicator

A

Integrator B

Integrator C

2 Minutes 100 100 92 92 25 8 75 (2 pulses) 3 Minutes 100 100 100 100 8 17 50 (2 pulses) 4 Minutes 100 100 97 91 13 0 34 (2 pulses) 4 Minutes 0 0 0 0 0 0 0 (2 pulses)

Fonte: Schneider P. M. et al, 2005

Page 67: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

66

ESTUDO N. 3

Título

COMPARISON OF A RAPID READOUT BIOLOGICAL INDICATOR FOR STEAM STERILIZATION WITH FOUR CONVENTIONAL BIOLOGICAL INDICATORS AND FIVE CHEMICAL INDICATORS

Escopo

- Comparar o desempenho dos Indicadores Biológicos de leitura rápida (após 3 de incubação) com o IB convencional de leitura após 48 horas e 5 Indicadores Químicos

Tipo de estudo - Experimental comparativo.

Unidades amostrais

- IB de leitura rápida (3 horas) por fluorescência. - IB convencional de leitura de 48 horas. - IQs de 5 marcas diferentes.

Amostra

Indicadores Biológicos - Indicador Biológico Attest 1292 de Bacillus stearothermophilus (ATCC 7956) de leitura rápida por fluorescência (após 3h de incubação a 60º) com população de 105 esporos por indicador. - Indicador Biológico Attest convencional 1262 de leitura após 48 horas de incubação a 56ºC. - Indicador Biológico da marca Proof Plus (auto-contido de leitura após 48 horas) - Indicador Biológico da marca Assert (idem) - Indicador Biológico da marca Biosign (idem) Indicadores Químicos - Propper (indicador de temperatura) - Chemdi (indicador de temperatura) - Comply (integrador) - Sterigage (integrador) - Thermalog S (integrador) Foram utilizadas 5 amostras de cada indicador por ciclo do mesmo lote e dentro do prazo de validade dos mesmos.

Equipamento utilizado

Autoclave gravitacional da marca AMSCO modelo Eagle 2021 - Alcança temperatura em 78 segundos - Término do ciclo em 32 segundos - Variação da temperatura para + 1ºC. - Temperatura interna monitorada através de termopar digital - Equipamento validado

Procedimentos

- Autoclave gravitacional em ciclos de 121ºC.: Os 5 IBs e 4IQs de cada marca comercial foram dispostos em uma bandeja próximo do dreno do esterilizador. Os ciclos foram realizados apenas com os indicadores, sem carregamento de material. - Os indicadores foram expostos a ciclos de 121ºC com tempo de exposição fracionada de 5, 10 e 15 minutos. - Considerando que cada tempo de exposição foi repetido 12 vezes, 60 repetições por unidade do indicador foram realizadas. Em todos os experimentos

Procedimentos com IB, fez-se os controles positivos para atestar a viabilidade do microrganismo

Page 68: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

67

teste desafio.

Análise dos dados

- Indicador biológico de leitura rápida foi avaliado por meio de leitura por fluorescência utilizando-se incubadora específica para este fim, após 1, 2 e 3 horas de incubação para detectar crescimento do Bacillus stearothermophilus. - Indicadores Biológicos convencionais foram avaliados por observação direta da mudança de coloração do meio, após 24 e 48 horas de incubação, frente ao crescimento do Bacillus stearothermophilus. - Os indicadores Químicos Comply, Propper e Chemdi foram avaliados quanto a mudança de coloração após o ciclo de esterilização, sendo classificados como aceito ou falho. Os indicadores químicos Comply e o Propper apresentam uma escala evolutiva de falho para o aceito enquanto que o IQ da marca Chemdi é dicotômica falho/aceito (mudança para a cor preta). - Os indicadores Sterigage e Thermalog S foram avaliados por meio de escala de falho/aceito, através do derretimento de uma substância química ao longo de uma “canaleta” dentro do envelope do integrador. - As resposta dos indicadores foram analisados comparativamente em porcentagem.

Limitações

- O trabalho não cita a classificação dos indicadores químicos (classes 3 a 6 pela Norma ISO/AAMI). - O indicador químico Comply é citado como integrador químico no trabalho, porém é um indicador classe 4 pela classificação atual. - Estudo antigo, de 1996.

Resultados

- Em 5 minutos de exposição ao vapor a 121ºC: todos os IBs de leitura rápida (100%) acusaram crescimento positivo dos microrganismos testes em 1, 2, e 3 horas de incubação e estes mesmos IBs resultaram 53% positivos após 24 horas de incubação e 100% positivos após 48 horas de incubação. - Em 10 minutos de exposição ao vapor a 121ºC: 72% dos IBs de leitura rápida acusaram crescimento positivo dos microrganismos testes com 3 horas de incubação e após 48 horas somente 2% destes acusaram crescimento positivo. Dentre os demais IBs com leitura de 48 horas, somente o indicador Biosign apresentou crescimento de 8% do total. - Em 15 minutos de exposição: todos os IBs testados apresentaram resultado negativo para crescimento microbiano. (Tabela 6) - Em 5 minutos de exposição: todos os IQs testados apresentaram resultados indicativos de ciclo falho. - Em 10 minutos de exposição: somente o indicador Sterigage (92%) e o Thermalog S (100%) apresentaram resultados indicativos de ciclo falho. - Em 15 minutos de exposição: 3% do IQ Sterigage e 27% do IQ Thermalog S acusaram ciclos falhos, o que na prática significaria falso resultado positivo, sendo que os demais apresentaram resultados que indicaram aceitação. (Tabela 7)

Conclusões

- A sensibilidade do indicador biológico de leitura rápida é equivalente a dos indicadores biológicos convencionais testados (48 horas). - Alguns indicadores químicos falharam como indicador de esterilização adequada a 15 minutos de esterilização, podendo desnecessariamente resultar em *recall de artigos adequadamente esterilizados.

Comentários

Na prática assistencial, a comprovação de que condições requeridas para esterilização segura estiveram presentes, em um ciclo, por meio de indicadores biológicos e/ou químicos faz-se considerando a resposta unitária do indicador.

Page 69: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

68

Comentários

Explicando melhor: caso um indicador biológico, dentre outros utilizados para monitorar um ciclo, mostre sobrevivência do microrganismo teste, aquele processo de esterilização, naquele equipamento, é altamente questionado, implicando até na possibilidade do recall do material processado, caso o material já tenha sido distribuído para as unidades assistenciais.

Tabela 6 - Comparação do desempenho de cinco indicadores biológicos submetidos a ciclos

de esterilização em autoclave gravitacional a 121ºC, em diferentes tempos de exposição.

Número de indicadores Positivos/total Testado

Indicador Biológico

Tempo de incubação

5 minutos

10 minutos

15 minutos

Attest 1292

Rapid Readout

Attest 1262

Proof Plus

Assert

Biosign

30 min*

1h*

2h*

3h*

24h**

48h**

24h

48h

24h

48h

24h

48h

24h

48h

60/60 (100%)

60/60 (100%)

60/60 (100%)

60/60 (100%)

32/60 (53%)

60/60 (100%)

58/60 (97%)

60/60 (100%)

55/60 (92%)

57/60 (95%)

51/60 (85%)

53/60 (88%)

53/58 (91%)

54/58 (93%)

ND

16/60 (27%)

38/60 (63%)

43/60 (72%)

00/60 (0%)

01/60 (2%)

00/60 (0%)

00/60 (0%)

00/60 (0%)

00/60 (0%)

00/60 (0%)

00/60 (0%)

04/60 (7%)

05/60 (8%)

ND

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

0/60 (0%)

Observações: * Detecção por fluorescência **Detecção por mudança de cor do meio de cultura Fonte: Rutala, WA. Jones, SM, Weber, DJ 1996.

Page 70: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

69

Tabela 7 – Comparação do desempenho de cinco indicadores químicos submetidos a ciclos de esterilização em autoclave gravitacional a 121ºC, em diferentes tempos de exposição.

Número de Indicadores Positivos/total Testado

Indicador Químico 5 minutos 10 minutos 15 minutos

Comply 60/60 (100%) 0/60 (0%) 0/60 (0%)

Propper 60/60 (100%) 0/60 (0%) 0/60 (0%)

Chemdi 60/60 (100%) 0/60 (0%) 0/60 (0%)

Sterigage 60/60 (100%) 55/60 (92%) 2/60(3%)

Thermolos S 60/60 (100%) 60/60 (100%) 16/60(27%)

Fonte: Rutala, WA. Jones, SM, Weber, DJ 1996.

Page 71: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

70

ESTUDO N. 4

Título

BIOEQUIVALENT CHEMICAL STEAM STERILIZATION INDICATORS

Escopo - Comparar a resposta dos Iqs com as do Ibs nos ciclos de esterilização a vapor.

Tipo de estudo - Experimental comparativo.

Unidades amostrais

- Indicadores biológicos - Indicadores químicos

Amostra

- 4 Tipos de Integradores Biológicos Designados Como: - α: Attest conventional (3M Company); - β: Attest modified (3M Company); - γ: Proof (AMSCO); - δ: Unispore (Sybron Corporation). - 9 Tipos De Indicadores Químicos Designados Como: - A: Bio-Safe (Arvey Corporation); - B: Castle-Tech (Sybron Corporation); - C: Certify (3M Company); - D: Chem-Di (AMSCO); - E: Incheque (3M Company); - F: OK (Proper Manufacuring Company); - G: Sterigage (Info-Chem); - H: Surgicot 2 (Surgicot); - I: Thermalog (Biomedica Services).

Esterilizadores utilizados

Bier vessel Autoclave hospitalar pré-vácuo - Temperatura monitorada Autoclave hospitalar gravitacional Estufa com ar circulante

Procedimentos

- Calor seco: Os indicadores químicos A, B e F foram submetidos ao calor seco a 121ºC por 15, 30, 45 e 60 minutos e a 132,2ºC por 15, 30, 45, 50, 55 e 60 minutos. A proposta da avaliação de desempenho destes Iqs neste tipo de equipamento foi avaliar a resposta destes indicadores na presença de calor somente, partindo da importância que os Iqs devem atingir end point somente na presença de calor, umidade e tempo de exposição. - BIER vessel A 132ºC.: Os mesmos indicadores químicos A, B e F foram testados em intervalos de tempo de 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 minutos. - Autoclave hospitalar com sistema de pré-vácuo a 132ºC.: As 9 marcas de Iqs e apenas 1 IB (o mais popular, não sita qual) foram testados, em pacote teste padrão AAMI, abortando o ciclo para acompanhamento da viragem dos Iqs e Ibs em intervalos de tempo de 0 e 30 segundos, 1, 2 e 3 minutos. O número de indicadores testados foi de 16 a 47.

Page 72: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

71

Procedimentos

- Uma folha teste de Bowie Dick, 2 Ibs (α e β) e 4 IQ (A, C, E e G) forma inseridos no pacote padronizado para Bowie Dick em diferentes intervalos (não cita tempo). - Autoclave com ciclo gravitacional a 121ºC.: Os Iqs e Ibs foram esterilizados em pacote teste padrão AAMI, em cestas metálicas ou pacote teste Bowie e Dick. Estes resultados não são apresentados. - Nem todos os indicadores foram submetidos a todos os ciclos estudados.

Análise dos dados

- Os resultados foram classificados SEGUROS para indicadores biológicos que resultaram em não crescimento do esporo e positivos para indicadores químicos que obtiveram viragem. Os resultados são apresentados em porcentagem.

Limitações

- Não foi descrito o número de indicadores utilizados em cada etapa do estudo. - Não apresenta os resultados de forma clara e em conformidade ao método apresentado no estudo. - O texto apresenta resultado que nem sempre coincidem com os resultados apresentados nas tabelas. - Estudo antigo, de 1984. - Não contempla classificação dos IQs.

Resultados

- Calor seco a 121ºC E 132ºC: Os Qs A, B e F, onde o IQ B resultou mudança de coloração após 45 minutos de exposição em ambas as temperaturas. - BIER vessel A 132ºC.: O IQ A apresentou 100% de viragem em 3,5 minutos enquanto os Iqs B e F chegaram ao seus end point em 1,5 minutos. (Tabela 8). - Autoclave hospitalar pré-vácuo a 132ºC. Teste somente com as 3 marcas de IB em pacote padrão AAMI: - Os 3 tipos de Ibs embalados em pacotes padrão AAMI apresentaram resultados seguros (não crescimento dos esporos) em exposição por 30 segundos, variando entre 50 e 100%. (Tabela 9). Teste com 9 IQ e 1 IB em pacote padrão AAMI: - 35% dos Ibs resultaram seguros a zero segundo de exposição, obtendo o resultado de morte dos esporos somente com a exposição de calor e vapor necessários para atingir a temperatura de 132ºC e decair a pressão atmosférica. Com exposição por 30 segundos este resultado foi de 85% e 100% dos Ibs testados obtiveram resultado seguro após ciclo com 1 minuto de exposição. Dos Iqs testados, com tempo zero de exposição a média foi de 10% de viragem entre todos os Iqs testados, variando de 0 a 20%. Em 30 segundos de exposição somente o IQ I (Thermalog) apresentou end point precoce como encontrado no IB. O resultado dos demais Iqs em exposição a 30 segundos foi de aproximadamente 31% de aceitos, variando de 0 a 60%. Nos ciclos com 1, 2 e 3 minutos de exposição 70% dos indicadores resultaram seguros, incluindo o IB. O IQ A obteve end point em 3 minutos e o IQ B não obteve viragem de 100% até o ultimo tempo de exposição designado no experimento, apresentando 40% de viragem em 2 minutos e 20% sob exposição por 3 minutos, retratando sua falha enquanto monitor de esterilização. (Tabela 10) Teste com 4 IQ e 2 IB em pacote teste Bowie Dick : o teste de Bowie Dick em folha apresentou 60% de falha. O IQ A apresentou 45% de falha, o IQ C 20% e o IQ G 10% de falha. O IQ E resultou em 100% aceito. O resultado com Ibs, somente o β apresentou 20% de falha.

Page 73: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

72

Conclusões

- Os IQs e IBs não tiveram resultados idênticos e reproduzíveis. - Devido a facilidade no uso dos Iqs e a confiança que se observa em alguns destes IQS no estudo é prudente a utilização de Iqs nos processos de esterilização a vapor, devendo-se avaliar o melhor IQ em condições operacionais específicas de cada tipo de ciclo adotado.

Comentários

- Descreve teste em BIER vessel com temperaturas de 121ºC e 127ºC, porém não apresenta os resultados, limitando o estudo a temperatura de 132ºC neste tipo de equipamento. - Não descreve o método como um todo, não informando o tempo que o esterilizador demorou a atingir a temperatura de referência e o tempo para decair o ciclo a pressão atmosférica, dado este de grande relevância neste contexto. - Refere que fez experimentos na autoclave gravitacional, mas não apresenta resultados. - O fato do teste de Bowie Dick ter apresentado falha do equipamento em 60% dos testes, evidencia a necessidade de validação do equipamento e3 questiona os resultados obtidos. Isto pode ter influenciado a variação nos resultados obtidos com IQ e IB na autoclave pré-vácuo. - Os dados contidos na Tabela 4 do estudo não são esclarecedores, gerando dúvidas quanto aos resultados apresentados. Destes somente os Iqs A, C e I apresentam porcentagem, não sendo possível o entendimento dos demais dados, nem mesmo ao longo do texto. - O autor utilizou um tamanho amostral de 16 a 47 Iqs e Ibs no experimento em autoclave hospitalar, não mantendo um padrão único em ciclos com a mesma projeção em relação a equipamento, tempo e temperatura no experimento. - O autor apresenta um gráfico comparativo a resistência de um esporo patogênico e do esporo do Bacillus stearothermophilus, onde o esporo patogênico apresenta resistência menor a temperatura de esterilização. Comenta que, um resultado não aceito de um IB pode muito provavelmente ser uma carga perfeitamente estéril, levado este fato em conta (Figura 6). - Para melhor compreensão dos resultados o autor deveria ter utilizado apenas uma modelo de ensaio em todos os equipamentos, ou pelo menos ter utilizado os mesmo tipos de IQ e IB

Tabela 8 – Sensibilidade a esterilização a vapor a 132ºC em pacote teste padrão AAMI

Indicador Biológico Indicador químico α β γ δ

A 1(100%) 1(100%) 1(100%) 1(100%) B 1 1 1 1 C 3(92,3%) 3(88,9%) 3(93,3%) 1 D 4 4 4 1 E 5 5 6 1 F 6 5 4 1 G 6 5 8 1 H 6 8 6 1 I 9(69,7%) 9(55,6%) 9(66,0%) 1

Fonte: Hirsch A, Manne S. 1984

Page 74: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

73

Tabela 9 – Resultados da esterilização a vapor a 132ºC. Número de tiras positivas e tiras expostas.

Indicador químico Tempo (Minutos) A B F

1.5 0/25 2/2 2/2 2.0 0/10 4/4 4/4 2.5 0/45 1/1 1/1 3.0 3/10 3/4 4/4 3.5 45/45 2/3 3/3

Fonte: Hirsch A, Manne S. 1984

Tabela 10 – Sensibilidade dos indicadores de esterilização em pacote teste padrão AAMI em autoclave hospitalar a 132ºC (% de seguro).

Tempo esterilização Indicador

O sec* 30 sec 1 min 2 min 3 min

A 10 15 50 80 100 B 0 0 0 40 20 C 0 30 80 100 100 D 10 40 100 100 100 E 10 30 100 100 100 F 20 40 100 100 100 G 10 60 100 100 100 H 10 40 100 100 100 I 10 80 100 100 100

BI 35 85 100 100 100 Resultado composto através de vários ciclos, com número de indicadores variando de 16 a 47. Resultados apresentados em porcentagem.

Fonte: Fonte: Hirsch A, Manne S. 1984

Page 75: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

74

ESTUDO N. 5

Título

EVALUATION OF A RAPID READOUT BIOLOGICAL INDICATOR FOR FLASH STERILIZATION WITH THREE BIOLOGICAL INDICATORS AND THREE CHEMICAL INDICATORS.

Escopo

- Comparar a eficácia do monitoramento do ciclo de esterilização flash através de IB de leitura rápida para ciclo flash (60 minutos), 3 IBs convencional para ciclo flash (24 horas) com 3 indicadores químicos.

Tipo de estudo - Experimental comparativo

Unidades amostrais

- IB de leitura rápida para ciclo flash (60 minutos) - IB convencional para ciclo flash (24 horas) - IQ

Amostra

1 IB de leitura rápida para ciclo flash (60 minutos). - Attest Rapid Readout 1291 contendo Bacillus stearothermophilus (ATCC 7953) de leitura rápida por fluorescência (após 1 hora de incubação a 56ºC) com população de 105 esporos por indicador 3 IB convencionais para ciclo flash (24 horas). - Standard Attest 1261 (3M Company) contendo Bacillus stearothermophilus com leitura após 24 horas de incubação a 56ºC. - Proof Flash (American Sterilizer Co.) contendo Bacillus stearothermophilus, auto-contido, de leitura após 24 horas. - Assert (Weck) contendo Bacillus stearothermophilus, auto-contido, de leitura após 24 horas. 3 indicadores químicos - Comply (3M Co.): indicador com tinta termocrômica impressa em tira de papel. - Incheque (3M Co.): indicador com tinta termocrômica impressa em tira de papel. - Thermalog S (PyMah Corp.): indicador contendo pastilha química que se liquefaz frente a exposição a temperatura.

Esterilizador utilizado

Autoclave gravitacional - Alcança temperatura em 27 segundos - Término do ciclo em 40 segundos - Temperatura interna monitorada com termopar digital

Procedimentos

- Autoclave gravitacional a 132ºC (com características de BIER vessel): Tempo de exposição foi de 0, 1, 2, 3, 3.5 e 4 minutos de exposição e replicado 4 ciclos a cada tempo estipulado. - Foram utilizados 10 indicadores de cada tipo e marca, exceto Proof Flash e Assert com tempo de 3.5 de exposição, que tiveram somente 5 destes indicadores neste tempo de ciclo.Com tempo de 0 e 1 minutos estes mesmos IQs não foram testados. - Os indicadores foram colocados em bandejas, colocados de forma horizontal, na frente da câmara do esterilizador, próximo ao dreno.

Page 76: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

75

Análise dos dados

- Os IBs e os IQs foram referenciados como positivo frente ao crescimento dos esporos do Bacillus stearothermophilus e a não viragem no caso dos IQs e negativos quanto a não viabilidade destes mesmos esporos e viragem, completa dos IQs. - Os resultados obtidos foram analisados e comparados frente a sensibilidade de cada tipo de indicador utilizada no experimento.

Limitações

- Não há classificação dos IQs testados. - Estudo antigo, de 1993.

Resultados

Ciclos com exposição de 0 A 1 minuto: - Todos os IBs testados tiveram crescimento do esporo do Bacillus stearothermophilus após incubação com tempo de exposição de 0 e 1 minuto. (Tabela 11) - Nenhum IQs resultou em viragem com zero minuto de exposição. Nos ciclos com 1 minuto de exposição o Comply e o Incheque também não viraram e o Thermalog S resultou em 45% de viragem. (Tabela 12) Ciclos com exposição de 2 minutos: - 83% dos IBs Attest Rapid Readout resultaram positivos para crescimento do esporo através de leitura por fluorescência em até 60 minutos e estes mesmos IBs apresentaram 73% de resultados positivos na leitura por mudança de colocação do meio de cultura, em 24 horas. No Standard Attest esta porcentagem foi de 90%, no Proof Flash 48% e no Assert de 40% de resultados positivos para crescimento do esporo. . (Tabela 11) - Dos IQs testados o Comply e o Incheque não obtiveram viragem e o Thermalog S resultou em 28% de viragem. (Tabela 12) Ciclos com exposição de 3 minutos: - 22% dos IBs Attest Rapid Readout resultaram positivos para crescimento do esporo através de leitura por fluorescência em até 60 minutos e estes mesmos IBs apresentaram 5% de resultados positivos na leitura por mudança de Ph, em 24 horas. No Standard Attest esta porcentagem foi de 23% e no Proof Flash 3% de resultados positivos para crescimento do esporo. No IB assert não houve crescimento dos esporos do Bacillus stearothermophilus. (Tabela 11) - O Comply e o Incheque não obtiveram viragem e o Thermalog S apresentou viragem em 18% do total testado. (Tabela 12) Ciclos com exposição de 3,5 minutos: - 3% dos IBs Attest Rapid Readout resultaram positivos para crescimento do esporo através de leitura por fluorescência em até 60 minutos e estes mesmos IBs não apresentaram resultados positivos na leitura por mudança de Ph, em 24 horas. No Standard Attest esta porcentagem foi de 10% e no Proof Flash e assert não houve crescimento dos esporos do Bacillus stearothermophilus. (Tabela 11) - O Comply e o Incheque não obtiveram viragem e o Thermalog S apresentou viragem em 8% do total testado. (Tabela 12) Ciclos com exposição de 4 minutos: - 3% dos IBs Standard Attest resultou positivo para crescimento do esporo do Bacillus stearothermophilus. Todos os demais resultaram negativo. (Tabela 11) - Todos os IQs testados resultaram em viragem. (Tabela 12)

Conclusões

- A sensibilidade do Attest Rapid Readout com leitura em 60 minutos é paralela aos IBs convencionais de 24 horas. - Os IQs foram mais lentos que os IBs para indicar margem de tempo de

Page 77: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

76

Conclusões

esterilização. - O estudo demonstrou que 4 minutos tempo de esterilização em ciclos flash a 132ºC provê uma margem de segurança precisa para assegurar a esterilização, o que deve ser considerado na prática.

Comentários

- O tempo para atingir 132ºC foi de 1 minuto e para cair a 100ºC após tempo de exposição foi de 32 segundos. - A conclusão do autor não condiz com os resultados obtidos, onde os IBs apresentaram diferenças significativas quando comparado os resultados de leitura por fluorescência e por mudança de pH.

Tabela 11 – Comparação de quatro indicadores biológicos usando autoclave flash a 132ºC em vários tempos de ciclos.

Número indicadores positivos /Total de ciclos

Indicador biológico 2.0 min 3.0 min 3.5 min 4.0 min

Attest Rapid Readout 1291

15 min* 30/40 (75%) 3/40 (8%) 1/40 (3%) 0/40 (0%)

30 min* 34/40 (85%) 7/40 (18%) 1/40 (3%) 0/40 (0%)

45 min* 34/40 (85%) 12/40 (30%) 1/40 (3%) 0/40 (0%)

60 min* 35/40 (88%) 13/40 (33%) 1/40 (3%) 0/40 (0%)

24 hr 29/40 (73%) 2/40 (5%) 0/40 (0%) 0/40 (0%)

Standard Attest 1261

24 hr 36/40 (90%) 9/40 (23%) 4/40 (10%) 1/40 (3%)

Proof Flash

24 hr 19/40 (48%) 1/40 (3%) 0/20 (0%) 0/40 (0%)

Assert

24 hr 16/40 (40%) 0/40 (0%) 0/20 (0%) 0/40 (0%)

Fonte: Rutala WA, Gergen MF, Weber DJ. 1993.

Tabela 12 - Comparação de três indicadores químicos usando autoclave flash a 132ºC em vários tempos de ciclos.

Número indicadores positivos /Total de ciclos

Indicador químico 0 min 1.0 min 2.0 min 3.0 min 3.5 min 4.0 min

Comply 40/40

(100%)

40/40

(100%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

Incheque 40/40

(100%)

40/40

(100%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

0/40

(0%)

Thermalog S 40/40

(100%)

18/40

(45%)

11/40

(28%)

7/40

(18%)

3/40

(8%)

0/40

(0%)

Fonte: Rutala WA, Gergen MF, Weber DJ. 1993.

Page 78: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

77

ESTUDO N. 6

Título

STEAM STERILIZATION: A COMPARISON OF STEAM-CLOX AND SOME EUROPEAN BIOLOGICAL INDICATORS.

Escopo

-Comparar as respostas de 2 marcas de IBs e do IQ steam Clox em ciclos de esterilização a vapor com presença de ar residual.

Tipo de estudo - Experimental Comparativo

Unidades amostrais

2 Tipos de IB - SBL (Swedish Nacional Bacteriological Laboratory). - Oxoid (Spore-Strips type BR 23) 1 Tipo de IQ - ATI Steam-Clox com 4 respostas através de tintas termocrômicas e janelas diferentes numeradas de 1 a 4 e com resposta gradativa em relação as janelas.

Amostra

2 IB de cada marca por ciclo 1 IQ com 4 respostas através de tintas termocrômicas e janelas diferentes. - Steam-Clox 1 Spot: desempenho a 121,1ºC entre 4 a 5 minutos de exposição; - Steam-Clox 2 Spot: desempenho a 121,1ºC entre 8 a 10 minutos de exposição; - Steam-Clox 3 Spot: desempenho a 121,1ºC entre 12 a 15 minutos de exposição. - Steam-Clox 4 Spot: desempenho não avaliado, pois indica sobre exposição ao vapor e calor, não sendo relevante neste estudo.

Esterilizador utilizado

Autoclave Pré - Vácuo Getinge com câmara interna medindo 65x65x90 cm. - Alcança temperatura em 10 segundos; - Término do ciclo em 20 segundos; - Temperatura interna controlada com termopar devidamente calibrado e por registro do equipamento; - A temperatura não oscilou mais que 0,5ºC; - Com 3 pulsos de pré-vácuo; (com características de BIER vessel)

Procedimentos

- O esterilizador foi equipado de forma a simular uma falha no ciclo de esterilização, na presença de ar residual na câmara interna, por intermédio de injetora de ar acoplado ao equipamento e onde era possível injetar quantidades controladas de ar durante o tempo de exposição. - Os testes foram realizados a temperatura de 120ºC, com exposição de 0, 16 e 20 minutos, com injeção a cada ciclo de 0, 10, 20, 30, 40 e 100 ml de ar subseqüentemente, simulando ar residual na câmara interna.

Análise dos dados

- Os IBs foram avaliados quanto a inativação dos esporos frente a cada ciclo de esterilização. - Os IQs foram avaliados quanto a mudança total de coloração das janelas 1, 2 e 3, sendo descartado o resultado da janela 4.

Page 79: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

78

Análise dos dados

- Comparado os resultados, numa situação de falha de esterilização, obtidos entre IBs e IQ.

Limitações

- O estudo foi realizado somente com tempos muito distante (16 e 20 minutos). - A temperatura utilizada não é uma temperatura padrão. - O autor não fornece informações esclarecedoras sobre os IBs utilizados, nos levando a crer que se trata de um IB de primeira geração (cultura por 7 dias). - estudo antigo, de 1975

Resultados

- Os IBs testados resultaram em 100% seguros em todas as condições do experimento, representado por ciclos com presença de 0, 10, 20, 30, 40 e 100 ml de ar residual, não sendo capaz de detectar este tipo de falha no ciclo de esterilização. - O IQ 2 Spot testado revelou falha no ciclo com ar residual somente na presença de 100ml de ar residual, resultando aceito nas demais situações com exposição de 16 minutos (Tabela 13) - O IQ 3 Spot detectou falha a partir da presença de 20 ml de ar residual, em ciclo com exposição por 16 minutos e a partir de 30 ml de ar residual em ciclos com 20 minutos de exposição (Tabela 13).

Conclusões

- O Steam-Clox pode indicar condições inadequadas de esterilização, como presença de ar residual avaliada neste experimento, o que não ocorreu com os IBs aqui testados. - O autor conclui ainda que a incompleta mudança de coloração dos IQs podem indicar uma ou mais condições de falha, como mau funcionamento do autoclave, excesso de carga na câmara e tempo de exposição insuficiente em relação ao tipo de carga.

Comentários

- O autor não contemplou a 4º janela (spot 4) neste experimento, o que indicaria superexposição ao calor e tempo, sendo que este dado não era relevante neste estudo. - O tempo de exposição foi determinado segundo o tempo necessário para os IBs e o IQ apresentar adequada margem de resultado seguro em condições normais de esterilização. - A condição sem injeção de ar durante o ciclo retrata a resposta do experimento em condições ideais em relação ao esterilizador.

Tabela 13 - Padrão de mudança de cor no indicador Steam-Clox a diferentes quantias de ar

injetadas. Tempo (min.) Steam-Clox Quantidade de ar injetado/ml.

0 10 20 30 40 100 16 Spot #2 +a + + + + -b 16 Spot #3 + + - - - - 20 Spot #3 + + + - - NDc

a - Mudança completa do indicador. b - Mudança incompleta do indicador. c - Não correu.

Fonte: Hoborn J. 1975.

Page 80: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

79

ESTUDO N. 7

Título

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO ENTRE O INDICADOR BIOLÓGICO E O INTEGRADOR QUÍMICO (CLASSE 5 E 6) NA MONITORAÇÃO DO CICLO DE ESTERILIZAÇÃO PELO VAPOR.

Escopo

Comparar o desempenho do integrador químico e do indicador biológico em ciclos de esterilização pelo vapor discutindo a confiabilidade dos integradores para monitorização da esterilização, em substituição ao indicador biológico.

Tipo de estudo - Experimental comparativo.

Unidades amostrais

- integradores químicos - Indicadores biológicos Pacotes de tecido de algodão contendo em cada um deles amostras dos.

Amostra

Indicadores biológicos - Indicadores biológicos auto-contidos de segunda geração (leitura final após 48 horas de incubação) de duas marcas comerciais (BROWNE e 3M) de 3 lotes variados, com populações conhecidas do Geobacillus stearotermophilus, em torno de 106 esporos por unidade do indicador biológico. - Indicadores biológicos auto-contidos de terceira geração (leitura rápida após 3 horas de incubação) da marca comercial 3M de 3 lotes variados, com populações conhecidas do Geobacillus stearotermophilus, em torno de 106 esporos por unidade do indicador biológico. Indicadores químicos - Integradores químicos Sterigage classe 5 da Empresa 3M, de 3 lotes variados - Integradores químicos TST classe 6 da Empresa BROWNE, com end point de 7 minutos a 134ºC, de 3 lotes variados.

Esterilizador utilizado

BIER Vessel - Câmara interna com aproximadamente 30 cm x 30 cm x 30 cm; - Provida de bomba de alto vácuo; - Capacidade de atingir a temperatura de referência em poucos segundos; - Rápido resfriamento à temperatura ambiente após tempo de exposição; - Temperatura controlada por meio de termopares, previamente calibrados, dispostos dentro das unidades amostrais e dentro da câmara interna do esterilizador; - Temperatura com variação máxima de 0,5ºC.

Procedimentos

- Foram confeccionados pacotes de tecido de algodão (unidades amostrais) contendo em cada um deles, três (um de cada lote) Integradores químicos Classe 5 - Sterigage da Empresa 3M, três (um de cada lote) de Emulador químico Classe 6 - TST da Empresa BROWNE, três (um de cada lote) Indicadores biológicos autocontidos, de terceira geração da Empresa 3M e três (um de cada lote) Indicadores biológicos autocontidos, de segunda geração da Empresa BROWNE. - As unidades amostrais foram submetidas à exposição fracionada de 30 segundos até o tempo total de 7 minutos, em ciclos de autoclavação à

Page 81: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

80

Procedimentos

temperatura de 134°C com o objetivo de determinar, comparativamente, o ponto de viragem dos indicadores químicos e biológicos. Cada tempo de exposição foi repetido três vezes. Assim sendo, 9 leituras foram obtidas para cada procedência do indicador em cada período de exposição fracionada. - Os indicadores biológicos auto-contidos foram incubados após o contato com o meio de cultura (solução de Tryptone Soya) à temperatura de 56°C, pelo tempo preconizado pelos fabricantes, dependendo da geração do indicador biológico.

Análise dos dados

Estabeleceu-se relação entre os resultados microbiológicos e o resultado do desempenho do integrador químico considerando nestes últimos o ponto de viragem.

Limitações

- Estudo ainda não publicado e, portanto não submetido à avaliação externa de pareceristas especialistas no assunto.

Resultados

Indicadores biológicos - Os IBs apresentaram 100% de resultados positivos (Tabela 14) nos seguintes tempos de exposição: - Indicadores biológicos auto-contidos com leitura em 48 horas BROWNE: 6 minutos. - Indicadores biológicos auto-contidos com leitura em 48 horas 3M: 4 minutos e 30 segundos. - Indicadores biológicos auto-contidos leitura rápida após 3 horas 3M: 4 minutos e 30 segundos. Integradores químicos - O integrador Sterigage apresentou 100% de resultados aceitos após exposição de 5 minutos. - O integrador TST apresentou 100% de resultados aceitos após exposição de 6 minutos e 30 segundos no teste 1 e rejeitado no mesmo tempo de exposição na réplica dos testes 2 e 3. Em exposição por 7 minutos todos os integradores TST resultaram aceito. (Tabela 15 e 16) .

Conclusões

- Os integradores químicos, tanto os de classe 5 quanto os de classe 6, apresentaram respostas lineares esperadas. -Os integradores químicos classe 5 apresentaram resultados satisfatórios a partir de 2 minutos e 30 segundos de tempo de exposição a 134°C de temperatura. - Os indicadores químicos classe 6 apresentaram resultados satisfatórios somente quando 95% do ciclo já havia concluído (6minutos e 30 segundos a 134°C de temperatura de exposição) o que indica uma alta especificidade e sensibilidade na monitorização do processo. - Já os indicadores biológicos não apresentaram, nesta investigação, uma resposta linear uniforme esperada. Houve resultados negativos prematuros (após 1 minuto de exposição a 134°C) e resultados que mantiveram a positividade quando já eram esperados resultados negativos (até 5 minutos de exposição a 134°C).

Comentários

- Os resultados desse trabalho mostram a superioridade dos integradores químicos no quesito consistência e logicidade dos resultados quando comparados com os resultados dos indicadores biológicos. Nesse sentido, os integradores químicos estariam indicados para a monitorização de rotina de autoclaves qualificadas nas Centrais de Material e Esterilização.

Page 82: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

81

Tabela 14 – Resultado das respostas, em tempos fracionados de exposição a 134ºC, dos Indicadores Biológicos auto-contidos da 3M (leitura final após 3 e 48 horas) e da Browne

(leitura final após 48 horas), incubados a 56ºC. - Londres, 2005. Repeti-ções

Tempo de Exposição em Minutos a 134ºC de Temperatura

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 ,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

3M (3h)

+++

+++

+++

+-- ++- --- +-- --- ++- ---

1 3M (48h)

+++

+++

++- +-- ++- --- +-- --- +-- ---

Browne (48h)

+++

+++

+-- --- ++- --- --- --- ++- --- --- +-- --- ---

3M (3h)

+++

+++

+++

+++

++- ++- +++

---

++- ---

2 3M (48h)

+++

+-- +++

+++

++- +-- ++- --- ++- ---

Browne (48h)

+++

+++

+++

++- +-- --- --- ++- --- --- +-- --- --- ---

3M (3h)

+++

+++

+++

+++

+++

+++

+++

+++

+++

++*

3 3M (48h)

+++

+++

+++

--- ++- --- --- ++- --- --*

Browne (48h)

+++

+++

+++

+++

+++

--- --- +-- +++

--- --- --- --- ---

Observações: as caselas vazias no quadro indicam ausência de dados. *Apenas duas unidades do IB foram submetidas para serem testados no ciclo.

Fonte: Graziano, KU. 2005.

Tabela 15 – Resultado das respostas, em tempos fracionados de exposição a 134ºC, dos

Integradores Químicos da Browne (end point de 7 min) - Londres, 2005.

Tempo de Exposição em Minutos a 134ºC de Temperatura

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,

0

Repetição1 R R R R R R R R R R R R A A

Repetição2 R R R R R R R R R R R R R A

Repetição3 R R R R R R R R R R R R R A

Legenda: A = aceito e R = rejeitado Fonte: Graziano, KU. 2005.

Page 83: Eficácia dos integradores químicos x indicadores biológicos no ...

82

Tabela 16 – Resultado das respostas, em tempos fracionados de exposição a 134ºC, dos Integradores Químicos da 3M (Sterigage- end point não citado no produto) – Londres, 2005.

Tempo de Exposição em Minutos a 134ºC de Temperatura

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

Repetição

1 R R R R A A A A A A A A A A

Repetição

2 R R R A A A A A A A A A A A

Repetição

3 R R R R A A A A A A A A A A

Legenda: A = aceito e R = rejeitado Fonte: Graziano, KU. 2005.