Eleições 2014 - 14 de agosto de 2014

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Especial MANAUS, QUINTA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial Tragédia interrompe o mais ousado voo de Eduardo Campos COMOÇÃO NO BRASIL 1965 2014 FOTOS: REPRODUÇÃO E ÁLBUM DE FAMÍLIA ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 13/8/2014 23:15:29

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO

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Especial

MANAUS, QUINTA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

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Eduardo Campos morre em queda de avião em SantosAeronave, que conduzia o candidato do PSB à Presidência da República, caiu em área residencial no litoral paulista

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu aos 49 anos em um aci-

dente de avião por volta das 10h de ontem (13), em Santos (72 km de São Paulo). A aeronave modelo Cessna 560XL, prefi xo PR-AFA, vinha do Rio de Janeiro e tinha sete pessoas a bordo. O Corpo de Bombeiros confi rmou que não há sobreviventes.

De acordo com a Empresa Bra-sileira de Infraestrutura Aero-portuária (Infraero), morreram, além de Campos, os pilotos Ge-raldo Cunha e Marcos Martins, o assessor de imprensa, Carlos Augusto Leal Filho, o fotógrafo Alexandre Severo Gomes e Silva, o cinegrafi sta Marcelo Lira e ainda Pedro Valadares Neto.

A candidata à vice, Marina Silva, não estava na aeronave. A ex-ministra do Meio Ambiente embarcaria com Campos no Rio, mas acabou viajando para São Paulo com assessores em um avião comercial. Mais tarde, em pronunciamento à imprensa, ela se mostrou bastante emociona-da e lamentou a morte do com-panheiro de chapa. “Durante 10 meses de convivência, aprendi a

respeitá-lo, a admirá-lo e a con-fi ar em suas atitudes e ideais de vida”, afi rmou. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSB tem 10 dias para indicar o novo candidato a presidente.

Chuva e vento forteChovia e ventava no momento

do acidente. O avião caiu entre as ruas Alexandre Herculano e Vahia de Abreu, no bairro do Bo-queirão, na Zona Leste de San-tos. Segundo informações da Santa Casa de Misericórdia de Santos, seis pessoas da região atingida pela aeronave foram encaminhadas a hospitais com ferimentos leves.

O capitão Marcos Palumbo afi rmou que oito casas foram atingidas e duas delas correm risco de desabar. De acordo com o bombeiro, o reconhecimento dos corpos deverá ser feito por meio de exames de DNA.

Campos, ex-governador de Pernambuco, tinha compro-missos de campanha no litoral paulista ontem. À tarde, ele participaria do Fórum Inter-nacional para a Expansão do Porto de Santos. O avião deco-lou às 9h do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e pousaria na base aérea de Santos, no Guarujá (86 km de São Paulo). No Rio, o candida-to concedeu entrevistas à TV Globo e à GloboNews na noite de terça-feira (12).

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aero-nave pertence à AF Andrade Em-preendimentos e Participações Ltda. e estava com a documen-tação e a manutenção em dia. O presidenciável Eduardo Campos morreu, aos 49 anos, vítima de acidente aéreo, ontem, pela manhã, após aeronave perder o controle

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A Polícia Federal enviou seis peritos para Santos a fi m de trabalhar na apuração da cau-sa do acidente. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se des-locou para a cidade depois de tomar conhecimento da morte de Campos. Os principais ad-versários de Campos na cam-panha eleitoral, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), can-celaram os compromissos de campanha. Todos os comitês de Dilma suspenderam as ati-vidades após a confi rmação da morte. “Estou absolutamente perplexo”, afi rmou Aécio Neves

no Rio Grande do Norte.Em paralelo, a Polícia Ci-

vil também irá investigar o caso para buscar possíveis responsáveis pelo acidente aéreo que deixou sete mortos. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Ae-ronáuticos (Cenipa) tentará saber, por exemplo, se con-dições climáticas, problemas mecânicos ou falha humana ou ainda a combinação des-ses fatores contribuíram para a aeronave cair.

Sete peritos do Serviço Regional de Investigação e

Prevenção de Acidentes Ae-ronáuticos (Seripa 4) estão no local da queda da aero-nave Cessna 560XL, prefi xo PR-AFA, que decolou do ae-roporto Santos Dumont, no Rio, e tinha como destino o aeroporto de Guarujá, no litoral. “O pessoal da base área militar de Santos deu o primeiro atendimento. Nosso pessoal desceu depois para conduzir a investigação e o Cenipa vai assumir o caso”, disse o tenente-coronel Sid-nei da Silva, chefe do Seripa 4, com sede em São Paulo.

Corpos carbonizadosSegundo o porta-voz da

corporação, Marcos Palumbo, como os corpos estão carbo-nizados e, parte deles, dilace-rados, a identifi cação deve ser feita por meio de exame de ar-cada dentária e de DNA. Foram requisitados cães farejadores e equipamentos de iluminação para auxiliar nos trabalhos da equipe. Na tarde de ontem, o secretário de Segurança Públi-ca, Fernando Grella Vieira, in-formou que o recolhimento dos corpos poderá ser feito após liberação da Aeronáutica.

Peritos começam investigação sobre tragédia

Na queda de avião, assessores de Campos também morreram

O consultor Edu Longo-bardi, que estava diringin-do e parado no semáforo na avenida ao lado da rua atingida pela queda de um jato particular em Santos ontem, disse que viu o vulto da aeronave no céu e em seguida ouviu um forte es-trondo. “Vi um vulto passan-do muito rápido por cima, senti um deslocamento de ar e o estrondo veio na sequência. Em seguida, já pude visualizar a fumaça no alto das casas”, relatou.

Ele diz que o barulho foi muito forte e que tudo aconteceu “muito rápido”. “Em seguida várias pessoas começaram a se deslocar para o local”, completa.

A vendedora Claudia Alves, que trabalha em uma loja próxima ao local do aciden-te, também ouviu o estron-do e diz que ele chegou a quebrar os vidros de alguns comércios. “Deu para ver os vidros dos restaurantes es-tourarem. Foi um estrondo muito, muito forte”, afi rmou ela, também à GloboNews.

Ela conta que a movi-mentação na região em sido intensa devido às pessoas que têm parentes na área e foram para lá em busca de informações. “Tem muita gente deses-perada, preocupada. Teve uma moça que ligou porque o prédio da mãe dela é próximo”, relata.

Vi o vulto do avião e ouvi o estrondo, diz morador

Bombeiros procuram os corpos entre os destroços do avião

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Socialistas do Amazonas abalados com a tragédiaPrincipais lideranças políticas do PSB no Amazonas lamentaram o acidente e demonstraram apoio à família de Campos

No Amazonas, a base do PSB lamentou profun-damente a morte do presidente do partido.

Após serem informados sobre o acidente, os políticos da legenda no Estado se concentraram na casa do presidente de honra do partido, Serafi m Corrêa, no conjunto Vieiralves, Zona Cen-tro-Sul. Bastante consternados e perplexos com o fato, os polí-ticos socialistas estavam acom-panhando as informações sobre o acidente por meio da televisão e estavam defi nindo a logística para ir até Pernambuco acom-panhar o sepultamento.

O vereador Marcelo Sera-

fi m, que é presidente estadual do partido, era um dos mais abalados. Amigo pessoal do presidenciável, o parlamentar estava na Câmara Municipal de Manaus (CMM) quando recebeu a notícia. Ao saber da confi rmação do acidente, Marcelo Serafi m chorou muito e foi amparado por vereadores que estavam na casa.

SustoQuem também estava em um

evento social na hora que rece-beu a notícia, era o ex-prefeito Serafi m Corrêa. O candidato a deputado estadual participava de uma homenagem na Assem-bleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e se retirou do plená-rio antes da sessão começar. Já o candidato a governador do Estado pelo PSB, Marcelo Ramos, estava participando de um debate político na Universi-dade Luterana do Brasil (Ulbra), no bairro do Japiim, Zona Sul, quando recebeu a informações. Ramos deixou o local muito abalado e seguiu para a casa de Serafi m Corrêa.

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Apesar de não ser do mes-mo partido que Eduardo Campos, o prefeito Arthur Neto (PSDB) também fi cou consternado com a tragédia. Arthur foi informado do aci-

dente quando visitava obras na capital amazonense e fi -cou bastante comovido. O governador José Melo (Pros) também assim que soube do acidente cancelou sua

agenda de compromissos. O candidato a reeleição ti-nha agendada, na tarde de ontem, uma caminhada no bairro Grande Vitória, na Zona Leste e à noite um

debate com os candidatos ao governo do Estado orga-nizado na Universidade Fe-deral do Amazonas (Ufam). O governador decretou luto ofi cial de três dias.

Arthur e Melo também lamentam acidente

Assim que tomaram conhecimento do acidente, políticos ligados ao PSB se reuniram na casa do ex-prefeito Serafi m Corrêa

“Irei continuar a minha caminhada em respeito à memória de Eduardo Cam-pos, tenho certeza que era isso que ele gostaria. Esse é um momento de muita dor, não temos como pla-nejar nada. Temos certeza de que de que as ideias e os ideais de um homem como ele não morrem. Esse é um momento de juntar as forças para podermos seguir em frente”.

Marcelo Ramos – candidato ao governo do AM

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“Tínhamos uma relação fraterna que vem de fa-mília. Eu era amigo do avô dele e conheço o Eduardo. Há mais de 25 anos que a gente convive. A mãe dele, Ana Arraes, foi deputada federal junto com meu fi -lho, Marcelo Serafi m, e ela cuidava dele como se fosse um fi lho lá em Brasília. Esse é um momento de muita dor”.

Serafi m Corrêa – presidente de honra do PSB

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“Estamos vivendo um momento muito difícil. Eduardo Campos era um homem do Brasil. Que-remos aqui unir a nossa dor a toda família dele. Essa é a hora de juntar-mos forças para superar essa dor que é enorme no coração de cada um. Isso não só pelo que o Eduar-do Campos representava como político, mas pela relação afetiva e de pro-ximidade que tínhamos com ele. Campos sempre foi um homem muito sim-ples e muito carinhoso com todos”.

Marcelo Serafi m – presidente estadual do partido

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“Grande perda. Um jovem político extremamente en-volvido com a política bra-sileira, cheio de ideias. Ele estava no auge da sua vita-lidade e lucidez. Estou extre-mamente consternado com a dor da família. Pararemos nossas atividades eleitorais nesse momento de pesar. É um momento de profundo pesar para a família PSB, para a família Arraes e para a política brasileira”.

Elias Emanuel – vereador do PSB

“Tivemos uma amizade muito grande. Fui amigo do avô dele também. Tive essa alegria e essa honra de conviver com os dois. É um golpe do destino muito duro, desmerecido e nessa hora não tem como a gente reagir de maneira confor-mada, porque é complica-do. Eduardo Campos e eu sempre mantivemos uma conta-corrente, um nunca deixou de estar do lado do outro. Perdi um amigo leal, assim como Pernam-buco perdeu seu fi lho mais ilustre e o Brasil viu aberta uma lacuna enorme no seu próprio futuro”.

Arthur Neto (PSDB) – prefeito de Manaus

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“Conheci Eduardo Cam-pos quando eu era vice, durante encontros. Via nele um político brilhante, que conseguiu mostrar ao país que com diálogo, boas ideias e muito trabalho é possível fazer da política um instrumento para me-lhorar a vida das pessoas. Sem dúvida, uma perda inestimável para todos”.

José Melo (Pros) – governador do Amazonas

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‘Ele morreu lutando por seus ideais’

Eduardo Campos tinha 49 anos e morreu no mes-mo dia que seu avô, Mi-guel Arraes, que também foi governador de Per-nambuco. Arraes morreu de infecção generalizada em 13 de agosto de 2005. Miguel Arraes de Alencar, 88, nasceu em Araripe, no Ceará. Filho de pequenos agricultores, estudou di-reito no Rio de Janeiro, mas concluiu o curso no Recife. Começou a carrei-ra política em 1947, como secretário da Fazenda de Pernambuco. Três anos depois, foi eleito deputa-do estadual pelo Partido Social Democrático.

Assumiu novamente a secretaria da Fazenda em 1959 e, no mesmo ano, venceu as eleições para a Prefeitura do Recife. Miguel Arraes chegou ao governo de Pernambuco

em 1962, com o apoio do partido comunista brasi-leiro. Ele foi responsável, por exemplo, pelo acordo do campo, uma negocia-ção entre os cortadores de cana de açúcar e os usinei-ros, que criou um salário acima do mínimo para os trabalhadores rurais.

Em 1964, Arraes foi cas-sado e preso pelos milita-res e se exilou na Argélia. Só voltou ao Brasil em 1979 com a Lei da Anistia. Em 1982, foi eleito deputado federal. Quatro anos de-pois, governador de Per-nambuco, pela segunda vez. Em 1990, deixou o PMDB e criou o Partido Socialista Brasileiro. De 1994 a 1998 governou o Estado de Pernambuco, pela terceira vez.

Mesmo túmuloO corpo do ex-governa-

dor e candidato à Presi-dência da República pelo PSB, Eduardo Campos, será enterrado no mesmo túmulo do avô, o ex-go-vernador Miguel Arraes, no cemitério de Santo Amaro, na Zona Norte do Recife. A informação foi dada pelo único irmão de Campos, Antonio Cam-pos, em rápida entrevista, em frente à casa do can-didato. “Conversei com meu irmão às 6h59 (de ontem), antes dele viajar para Santos. Ele estava feliz com a participação positiva no ‘Jornal Nacio-nal’”. Campos havia dado entrevista na bancada do “Jornal Nacional” na noite da terça-feira (12). “Edu-ardo deixa esse legado de luta para melhorar, para refl etir o Brasil e fazer uma refl exão sobre o des-tino do país”.

Faleceu no mesmo dia do avô

O avô de Eduar-do Campos, Mi-guel Arraes, foi quem incentivou o neto a seguir carreira política

O pernambucano Eduardo Campos recebeu, no dia 25 de abril, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o Título de Ci-dadão Manauense: fruto de um projeto de decreto legislativo de autoria do vereador Elias Emanuel e subscrito pelo co-lega de partido, Marcelo Sera-fim. Ambos são integrantes do PSB regional.

Lisonjeado com a homenagem, Eduardo Campos afi rmou que, ao se tornar “manauense por adoção” cresce a sua respon-sabilidade para com a capital amazonense e que deixa a cidade “ainda mais comprometido com Manaus”. “Para mim só aumenta

a responsabilidade nossa com o futuro dessa grande cidade e des-te grande Estado”, enfatizou.

Não foi a primeira vez que Eduardo Campos teve o nome lembrado em Manaus. Em janeiro de 2008, na gestão do prefeito Serafi m Corrêa, também do PSB, o complexo viário que atraves-sas as avenidas Mário Ypiranga (antiga Recife) e Darcy Vargas, na Zona Centro-Sul, recebeu o nome de Miguel Arraes, avô de Campos. “Miguel Arraes foi um amigo, um conselheiro e políti-co que enfrentou os problemas da população com coragem e determinação”, disse à época Serafi m Corrêa.

Campos: um cidadão manauense

Candidato Eduardo Campos com a esposa, a mãe e seus cinco fi lhos

Em abril, Campos recebeu, na CMM, título de cidadão manauense

dor e candidato à Presi-dência da República pelo PSB, Eduardo Campos, será enterrado no mesmo túmulo do avô, o ex-go-vernador Miguel Arraes, no cemitério de Santo Amaro, na Zona Norte do Recife. A informação foi dada pelo único irmão de Campos, Antonio Cam-pos, em rápida entrevista, em frente à casa do can-didato. “Conversei com meu irmão às 6h59 (de ontem), antes dele viajar para Santos. Ele estava feliz com a participação positiva no ‘Jornal Nacio-nal’”. Campos havia dado entrevista na bancada do “Jornal Nacional” na noite da terça-feira (12). “Edu-ardo deixa esse legado de luta para melhorar, para refl etir o Brasil e fazer uma refl exão sobre o des-

no mesmo dia do avô

A frase do irmão de Eduardo Campos sintetiza o sentimento da família e de quem admirava o pernambucano que, ao morrer, deixa um vasto legado na política de seu Estado e de seu país

“Perdi um ir-mão muito amado, que foi um gran-

de amigo”, afi rmou, on-tem (13), o advogado An-tônio Campos, irmão do candidato à Presidência e ex-governador de Per-nambuco Eduardo Cam-pos. O político morreu em um acidente aéreo junto a outros integrantes de sua equipe.

Muito ligada à família, a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves,

contou uma conversa que teve com a viúva de Edu-ardo, Renata Campos. “Ele era como um neto para mim. Renata agora conversando comigo dis-se: ‘Leda, eu penso que é um pesadelo, um senti-mento ruim, que daqui a pouco ele chega’”, relata. De família tradicional na política em Pernambuco, o ex-governador Eduardo Campos, 49, nasceu no Recife em 10 de agosto de 1965. Ele era casado e pai de cinco fi lhos. Filho de Maximiliano Arraes e da ex-deputada federal e ministra do Tribunal de Contas da União Ana Ar-raes, Campos se formou em economia na Universi-dade Federal de Pernam-buco, onde atuou como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade.

O contato com a polí-

tica começou cedo, em 1986, quando trabalhou ativamente na campanha que elegeu seu avô, Miguel Arraes, ao gover-no de Pernambuco. Na época, Campos tinha apenas 21 anos. Quatro anos depois, em 1990, ele se fi liou ao PSB.

Em 1994, com apenas 29 anos, foi eleito deputado federal, car-

go para o qual foi reeleito em 1998 e em 2002. No início do ter-ceiro mandato como deputado, Campos se aproximou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajudando a mobilizar a base governista para aprovar a Reforma da Previdência.

Em janeiro de 2004, foi nomea-do por Lula ministro de Ciência e Tecnologia, onde trabalhou pela aprovação da lei que autoriza pesquisas com células-tronco

embrionárias. Em 2006, Eduar-do Campos foi eleito governador de Pernambuco em primeiro tur-no, com mais de 60% dos votos válidos e foi reeleito, em 2010, com 83% dos votos válidos.

Em 2013, ele passou a reforçar críticas ao governo de Dilma, especialmente com relação à gestão da economia e à aliança com o PMDB. Em 18 de setembro do ano passado, o PSB entregou os cargos no governo federal, inclusive o comando do Minis-tério da Integração, e passou a se posicionar de forma indepen-dente nas votações. A decisão de se afastar do governo e lançar candidatura própria motivou a saída do partido e fi liação ao Pros do governador do Ceará, Cid Gomes, e do irmão dele, Ciro Gomes.

Em outubro, Eduardo Campos se aliou à ex-senadora Marina Silva na disputa presidencial, após o Tribunal Superior Elei-toral (TSE) rejeitar o registro da Rede Sustentabilidade, par-tido que ela tentava criar para concorrer às eleições. Em 4 de abril deste ano, Eduardo Cam-pos renunciou ao governo de Pernambuco para se dedicar à campanha para a Presidência da República.

Em 28 de junho, em aliança com outros cinco partidos, o

PSB ofi cializou a candidatura de Campos à Presidência e de Marina Silva à vice-Presidência. Na campanha, Campos e Ma-rina apresentaram uma série de propostas, como escola em tempo integral, passe livre para estudantes de escola pública e disseram ser possível reduzir a infl ação para 3% até 2018.

IntençõesSegundo a mais recente

pesquisa de intenção de voto do Ibope, divulgada no último dia 7, Campos tinha 9% das intenções de voto, atrás de Dilma, com 38%, e Aécio, com 23%. “Estamos muito chocados com tudo”, afi rmou o deputado federal Marcio França (PSB), presidente do di-retório estadual do par-tido em São Paulo.

França afi rmou que Campos estava acom-panhado de inte-grantes da equipe da campanha, como jor-nalistas e fotógrafo. Ele relatou que a mu-lher de Campos e o fi lho não estavam no jato – eles voltaram para Per-n a m -

FAMÍLIADe família tradicional na política em Pernambuco, o ex-governador Eduardo Campos, 49, nasceu no Recife em 10 de agosto de 1965. Ele era casado e pai de cinco fi lhos. On-tem, morreu em Santos

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Economia para o desenvolvimento sustentável: a aliança PSB-Rede de-fende valorizar pequenas e médias empresas, implementar uma economia que produza baixa emissão de gás carbônico (CO2), modernizar a agricultura e “reformu-lar” a reforma agrária.

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o Estado e democracia de alta intensidade: o partido quer “reformar” o Estado brasi-leiro e o uso da tecnologia e da mídia digital para ampliar a democracia. Defende ainda o fi m de “disputas personalistas”, o fi m do abuso do poder econômico e a “superação do clientelismo”. Para tanto, defende a realização de uma reforma política e uma reforma da administração pública.

Diretrizes defendidas na campanha eleitoral

As ações sugeridas pela aliança PSB-Rede estão inseridas em cinco “eixos”: Estado e democracia de alta intensidade; economia para o desenvolvimento sus-tentável; educação, cultura e inovação; políticas sociais e qualidade de vida; e novo urbanismo e pacto pela vida.

Educação cultura e inovação: neste tópico, Eduardo Campos diz que o foco será a erradicação do analfabetismo, a ampliação da política de cotas e a integração entre educação e cultura, com a abertura de escolas à “diversidade cultural” do país. O PSB propõe integrar, na primeira infância, política educacional e de saúde e apoiar criação de creches com instalações modernas.>>

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Políticas sociais e qualidade de vida: a aliança PSB-Rede diz que reforçará o SUS, a atenção básica de saúde e o atendi-mento a famílias. Defende ainda adequar os atuais programas sociais às diferentes realidades regionais e mobilizar o setor empresarial para participar do esforço de erradicação da pobreza, por meio de políticas e programas sociais integrados.>>

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Novo urbanismo e pacto pela vida: o PSB promete melhorar a mobilidade urbana, investindo no transporte coletivo em “to-das as suas modalidades”. Para resolver o problema da segurança pública, o partido propõe uma “reconciliação” entre a periferia e as áreas centrais das cidades. Para a sigla, o acesso a transporte, cultura e lazer deve contribuir para gerar uma “cultura de paz”.>>

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‘Ele morreu lutando por seus ideais’

Eduardo Campos tinha 49 anos e morreu no mes-mo dia que seu avô, Mi-guel Arraes, que também foi governador de Per-nambuco. Arraes morreu de infecção generalizada em 13 de agosto de 2005. Miguel Arraes de Alencar, 88, nasceu em Araripe, no Ceará. Filho de pequenos agricultores, estudou di-reito no Rio de Janeiro, mas concluiu o curso no Recife. Começou a carrei-ra política em 1947, como secretário da Fazenda de Pernambuco. Três anos depois, foi eleito deputa-do estadual pelo Partido Social Democrático.

Assumiu novamente a secretaria da Fazenda em 1959 e, no mesmo ano, venceu as eleições para a Prefeitura do Recife. Miguel Arraes chegou ao governo de Pernambuco

em 1962, com o apoio do partido comunista brasi-leiro. Ele foi responsável, por exemplo, pelo acordo do campo, uma negocia-ção entre os cortadores de cana de açúcar e os usinei-ros, que criou um salário acima do mínimo para os trabalhadores rurais.

Em 1964, Arraes foi cas-sado e preso pelos milita-res e se exilou na Argélia. Só voltou ao Brasil em 1979 com a Lei da Anistia. Em 1982, foi eleito deputado federal. Quatro anos de-pois, governador de Per-nambuco, pela segunda vez. Em 1990, deixou o PMDB e criou o Partido Socialista Brasileiro. De 1994 a 1998 governou o Estado de Pernambuco, pela terceira vez.

Mesmo túmuloO corpo do ex-governa-

dor e candidato à Presi-dência da República pelo PSB, Eduardo Campos, será enterrado no mesmo túmulo do avô, o ex-go-vernador Miguel Arraes, no cemitério de Santo Amaro, na Zona Norte do Recife. A informação foi dada pelo único irmão de Campos, Antonio Cam-pos, em rápida entrevista, em frente à casa do can-didato. “Conversei com meu irmão às 6h59 (de ontem), antes dele viajar para Santos. Ele estava feliz com a participação positiva no ‘Jornal Nacio-nal’”. Campos havia dado entrevista na bancada do “Jornal Nacional” na noite da terça-feira (12). “Edu-ardo deixa esse legado de luta para melhorar, para refl etir o Brasil e fazer uma refl exão sobre o des-tino do país”.

Faleceu no mesmo dia do avô

O avô de Eduar-do Campos, Mi-guel Arraes, foi quem incentivou o neto a seguir carreira política

O pernambucano Eduardo Campos recebeu, no dia 25 de abril, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o Título de Ci-dadão Manauense: fruto de um projeto de decreto legislativo de autoria do vereador Elias Emanuel e subscrito pelo co-lega de partido, Marcelo Sera-fim. Ambos são integrantes do PSB regional.

Lisonjeado com a homenagem, Eduardo Campos afi rmou que, ao se tornar “manauense por adoção” cresce a sua respon-sabilidade para com a capital amazonense e que deixa a cidade “ainda mais comprometido com Manaus”. “Para mim só aumenta

a responsabilidade nossa com o futuro dessa grande cidade e des-te grande Estado”, enfatizou.

Não foi a primeira vez que Eduardo Campos teve o nome lembrado em Manaus. Em janeiro de 2008, na gestão do prefeito Serafi m Corrêa, também do PSB, o complexo viário que atraves-sas as avenidas Mário Ypiranga (antiga Recife) e Darcy Vargas, na Zona Centro-Sul, recebeu o nome de Miguel Arraes, avô de Campos. “Miguel Arraes foi um amigo, um conselheiro e políti-co que enfrentou os problemas da população com coragem e determinação”, disse à época Serafi m Corrêa.

Campos: um cidadão manauense

Candidato Eduardo Campos com a esposa, a mãe e seus cinco fi lhos

Em abril, Campos recebeu, na CMM, título de cidadão manauense

dor e candidato à Presi-dência da República pelo PSB, Eduardo Campos, será enterrado no mesmo túmulo do avô, o ex-go-vernador Miguel Arraes, no cemitério de Santo Amaro, na Zona Norte do Recife. A informação foi dada pelo único irmão de Campos, Antonio Cam-pos, em rápida entrevista, em frente à casa do can-didato. “Conversei com meu irmão às 6h59 (de ontem), antes dele viajar para Santos. Ele estava feliz com a participação positiva no ‘Jornal Nacio-nal’”. Campos havia dado entrevista na bancada do “Jornal Nacional” na noite da terça-feira (12). “Edu-ardo deixa esse legado de luta para melhorar, para refl etir o Brasil e fazer uma refl exão sobre o des-

no mesmo dia do avô

A frase do irmão de Eduardo Campos sintetiza o sentimento da família e de quem admirava o pernambucano que, ao morrer, deixa um vasto legado na política de seu Estado e de seu país

“Perdi um ir-mão muito amado, que foi um gran-

de amigo”, afi rmou, on-tem (13), o advogado An-tônio Campos, irmão do candidato à Presidência e ex-governador de Per-nambuco Eduardo Cam-pos. O político morreu em um acidente aéreo junto a outros integrantes de sua equipe.

Muito ligada à família, a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves,

contou uma conversa que teve com a viúva de Edu-ardo, Renata Campos. “Ele era como um neto para mim. Renata agora conversando comigo dis-se: ‘Leda, eu penso que é um pesadelo, um senti-mento ruim, que daqui a pouco ele chega’”, relata. De família tradicional na política em Pernambuco, o ex-governador Eduardo Campos, 49, nasceu no Recife em 10 de agosto de 1965. Ele era casado e pai de cinco fi lhos. Filho de Maximiliano Arraes e da ex-deputada federal e ministra do Tribunal de Contas da União Ana Ar-raes, Campos se formou em economia na Universi-dade Federal de Pernam-buco, onde atuou como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade.

O contato com a polí-

tica começou cedo, em 1986, quando trabalhou ativamente na campanha que elegeu seu avô, Miguel Arraes, ao gover-no de Pernambuco. Na época, Campos tinha apenas 21 anos. Quatro anos depois, em 1990, ele se fi liou ao PSB.

Em 1994, com apenas 29 anos, foi eleito deputado federal, car-

go para o qual foi reeleito em 1998 e em 2002. No início do ter-ceiro mandato como deputado, Campos se aproximou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajudando a mobilizar a base governista para aprovar a Reforma da Previdência.

Em janeiro de 2004, foi nomea-do por Lula ministro de Ciência e Tecnologia, onde trabalhou pela aprovação da lei que autoriza pesquisas com células-tronco

embrionárias. Em 2006, Eduar-do Campos foi eleito governador de Pernambuco em primeiro tur-no, com mais de 60% dos votos válidos e foi reeleito, em 2010, com 83% dos votos válidos.

Em 2013, ele passou a reforçar críticas ao governo de Dilma, especialmente com relação à gestão da economia e à aliança com o PMDB. Em 18 de setembro do ano passado, o PSB entregou os cargos no governo federal, inclusive o comando do Minis-tério da Integração, e passou a se posicionar de forma indepen-dente nas votações. A decisão de se afastar do governo e lançar candidatura própria motivou a saída do partido e fi liação ao Pros do governador do Ceará, Cid Gomes, e do irmão dele, Ciro Gomes.

Em outubro, Eduardo Campos se aliou à ex-senadora Marina Silva na disputa presidencial, após o Tribunal Superior Elei-toral (TSE) rejeitar o registro da Rede Sustentabilidade, par-tido que ela tentava criar para concorrer às eleições. Em 4 de abril deste ano, Eduardo Cam-pos renunciou ao governo de Pernambuco para se dedicar à campanha para a Presidência da República.

Em 28 de junho, em aliança com outros cinco partidos, o

PSB ofi cializou a candidatura de Campos à Presidência e de Marina Silva à vice-Presidência. Na campanha, Campos e Ma-rina apresentaram uma série de propostas, como escola em tempo integral, passe livre para estudantes de escola pública e disseram ser possível reduzir a infl ação para 3% até 2018.

IntençõesSegundo a mais recente

pesquisa de intenção de voto do Ibope, divulgada no último dia 7, Campos tinha 9% das intenções de voto, atrás de Dilma, com 38%, e Aécio, com 23%. “Estamos muito chocados com tudo”, afi rmou o deputado federal Marcio França (PSB), presidente do di-retório estadual do par-tido em São Paulo.

França afi rmou que Campos estava acom-panhado de inte-grantes da equipe da campanha, como jor-nalistas e fotógrafo. Ele relatou que a mu-lher de Campos e o fi lho não estavam no jato – eles voltaram para Per-n a m -

FAMÍLIADe família tradicional na política em Pernambuco, o ex-governador Eduardo Campos, 49, nasceu no Recife em 10 de agosto de 1965. Ele era casado e pai de cinco fi lhos. On-tem, morreu em Santos

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Economia para o desenvolvimento sustentável: a aliança PSB-Rede de-fende valorizar pequenas e médias empresas, implementar uma economia que produza baixa emissão de gás carbônico (CO2), modernizar a agricultura e “reformu-lar” a reforma agrária.

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o Estado e democracia de alta intensidade: o partido quer “reformar” o Estado brasi-leiro e o uso da tecnologia e da mídia digital para ampliar a democracia. Defende ainda o fi m de “disputas personalistas”, o fi m do abuso do poder econômico e a “superação do clientelismo”. Para tanto, defende a realização de uma reforma política e uma reforma da administração pública.

Diretrizes defendidas na campanha eleitoral

As ações sugeridas pela aliança PSB-Rede estão inseridas em cinco “eixos”: Estado e democracia de alta intensidade; economia para o desenvolvimento sus-tentável; educação, cultura e inovação; políticas sociais e qualidade de vida; e novo urbanismo e pacto pela vida.

Educação cultura e inovação: neste tópico, Eduardo Campos diz que o foco será a erradicação do analfabetismo, a ampliação da política de cotas e a integração entre educação e cultura, com a abertura de escolas à “diversidade cultural” do país. O PSB propõe integrar, na primeira infância, política educacional e de saúde e apoiar criação de creches com instalações modernas.>>

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Políticas sociais e qualidade de vida: a aliança PSB-Rede diz que reforçará o SUS, a atenção básica de saúde e o atendi-mento a famílias. Defende ainda adequar os atuais programas sociais às diferentes realidades regionais e mobilizar o setor empresarial para participar do esforço de erradicação da pobreza, por meio de políticas e programas sociais integrados.>>

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Novo urbanismo e pacto pela vida: o PSB promete melhorar a mobilidade urbana, investindo no transporte coletivo em “to-das as suas modalidades”. Para resolver o problema da segurança pública, o partido propõe uma “reconciliação” entre a periferia e as áreas centrais das cidades. Para a sigla, o acesso a transporte, cultura e lazer deve contribuir para gerar uma “cultura de paz”.>>

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Políticos de todo o país emitem notas de pesar Abalados, parlamentares que conviviam com Eduardo Campos lamentaram a morte do político em acidente de avião

Principal concorrente de Eduardo Campos a Presidência da Repú-blica, a petista Dilma

Rousseff lamentou profunda-mente a tragédia. Em nota, declarou que país inteiro está de luto e que o Brasil perdeu um grande brasileiro. No texto Dilma destaca que o neto de Miguel Arraes, foi exemplo de democrata para a sua gera-ção, além de uma grande li-derança política. A presidente destacou ainda que teve uma longa convivência com Eduar-do durante o governo Lula, e nas campanhas de 2006, 2010 e durante o seu governo.

“Estivemos juntos, pela úl-tima vez, no enterro do nos-so querido Ariano Suassuna. Conversamos como amigos. Sempre tivemos claro que nossas eventuais divergên-cias políticas sempre seriam menores que o respeito mútuo característico de nossa con-vivência. Foi um pai e marido exemplar. Nesse momento de dor profunda, meus sen-timentos estão com Renata, companheira de toda uma vida, e com os seus amados fi lhos. Estou tristíssima”, disse a presidente.

Dilma também decretou luto ofi cial de 3 dias em ho-menagem à memória de Edu-ardo Campos e determinou a suspensão da campanha dela por 3 dias.

Outro postulante ao cargo de presidente, Aécio Neves (PSDB) também lamentou muito a morte. O tucano dis-se que recebeu a notícia com muita tristeza e intitulou Cam-pos como um amigo. “A perda é irreparável e incompreensí-vel. Nesse momento, minha família e eu nos unimos em oração à família de Eduardo,

seus amigos e a milhões de brasileiros que, com certeza, partilham a mesma perplexi-dade e pesar”, disse.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que como todos os brasileiros, es-tava profundamente entriste-cido com a trágica da morte de Eduardo Campos. Lula in-titulou Campos como grande amigo e companheiro e disse que o conheceu por meio de seu avô, Miguel Arraes, um memorável líder das causas populares de Pernambuco e do Brasil. “O país perde um homem público de rara e ex-traordinária qualidade. Tive a alegria de contar com sua inteligência e dedicação nos anos em que foi nosso minis-tro de Ciência e Tecnologia. Ao longo de toda sua vida, Eduardo lutou para tornar o Brasil um país mais justo e digno. Nesse momento de dor, eu e Marisa nos solidarizamos com sua mãe, Ana Arraes, sua esposa, Renata, seus fi lhos e toda a sua família, amigos e companheiros”.

O vice-presidente do país,

Michel Temer (PMDB), dis-se que não há palavras para descrever a tragédia que se abateu sobre a política brasi-leira, e destacou que Eduardo Campos era um político de princípios e valores herdados de sua família e levados com dignidade e honra por toda sua trajetória no parlamento e no Executivo. “Assim como todo o país, estou chocado com esse acidente e com as perdas para amigos e familiares. Que Deus dê conforto a seus fi lhos, a sua mãe, familiares e a tantos ad-miradores que deixou órfãos neste triste dia”.

LAMENTOS Principais adversários políticos de Eduardo Campos, no pleito des-te ano, demonstraram abalo com a notícia e emitiram nota se solidarizando com a tragédia. Dilma decre-tou luto de 3 dias

Presidente Dilma Rousseff fez pronunciamento em rede nacional e declarou ter fi cado tristíssima com o fato envolvendo Campos

A Câmara Municipal de Manaus e seus 41 vereado-res que compõem a 16ª legis-latura também lamentaram a tragédia. A casa lembrou que Eduardo Campos foi agraciado em abril deste ano pelo Poder Legislativo Municipal com o Diploma Mérito Cidade de Manaus pelos relevantes serviços prestados em defesa da ci-dade de Manaus e do Estado do Amazonas.

Já o candidato ao Senado, Francisco Praciano, decla-rou que recebeu com imenso pesar a notícia da morte do companheiro Eduardo Cam-pos. Praça destacou que a eleição é uma festa e a Democracia, porém a morte de Eduardo Campos e dos

companheiros que estavam com ele na aeronave nos entristece a todos. “Nesse momento, não há política. Há solidariedade e frater-nidade que ofertamos aos familiares dos que morre-ram no acidente”.

O ex-governador do Ama-zonas, Omar Aziz (PSD) tam-bém defi niu como lamentá-vel o acidente e disse que essa foi uma notícia para entristecer o Brasil. Aziz res-saltou que Eduardo Campos, era um dos grandes polí-ticos deste país, com uma inegável liderança e tinha um futuro brilhante a tri-lhar. “Fomos governadores no mesmo período, partici-pamos de muitas reuniões. Fica para mim a memória

de nossa última conversa, pelo telefone, quando Edu-ardo Campos esteve em Manaus recentemente”.

A senadora Vanessa Gra-zziotin na condição de líder do PCdoB no Senado lamen-tou a morte do ex-gover-nador. “Era um homem de grande valor e de um futuro político extremamente pro-missor. Minha solidariedade à família, parentes e amigos deste que foi um grande líder político”, disse a senadora.

A Assembleia Legilstiva do Amazonas, também emitou nota assinada pelo presi-dente da casa, Josué Neto, lamentando o fato.

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) também desta-cou que lamentava profun-

damente a morte de Eduar-do Campos, com quem foi governador durante 4 anos. “Perda irreparável para o Brasil. Meus sentimentos!!” e “Seu vigor, sua paixão na defesa e na luta por melho-rias sociais e econômicas para o povo de Pernambuco eram contagiantes”.

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tam-bém se consternou com a tragédia. “O Brasil perde um grande líder, uma esperança para os que seguem acredi-tando no exercício da política como instrumento de for-talecimento democrático. Conheci Eduardo em 1999, em Brasília. Era deputado federal e nunca mais deixa-mos de nos ver”.

Amazonas também lamenta o acidente

Adversário político no pleito para presidente da República, o tucano Aécio Neves emitiu nota lamentando a tragédia

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Senador Eduardo Braga também se consternou com o acidente

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7MANAUS, QUINTA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Agenda dos candidatos

Candidato irá participar de reunião interna com coor-denadores da campanha.

EDUARDO BRAGA

Candidato deverá participar da sessão plenária na Assembleia Legislativa do Amazonas. O restante da agenda política foi cancelada. Deputado avalia acom-panhar sepultamento do presidente do seu partido em Pernambuco.

MARCELO RAMOS

Candidato fará reuniões internas no partido e à noite participa de gravação para o programa eleitoral.

HERBERT AMAZONAS

Candidato fará caminhada no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste e no fi m da tarde caminhada no núcleo 16 do bairro Cidade Nova, Zona Norte.

ABEL ALVES

Candidato não terá agenda política nesta quinta-feira.

JOSÉ MELO

Candidato comparece a sessão plenária na Assembleia Legislativa do Amazonas pela manhã. Às 14h, concede entrevista a um programa eleitoral. No fi m da tarde participa de uma caminhada no bairro Monte Pascoal, Zona Norte.

CHICO PRETO

Candidato concede entrevista para um site local pela manhã. Às 14h faz gravação para o programa eleitoral gratuito e às 18h concederá entrevista a uma rede de televisão local.

NAVARRO

Tragédia com Campos repercute no exteriorJornais da Inglaterra, Espanha, Estados Unidos, França, Argentina deram destaque à tragédia com o candidato do PSB

Menos de uma hora após a confi rmação da morte do candi-dato à Presidência

da República pelo PSB, Eduardo Campos, a imprensa internacio-nal já repercutia a notícia. Na manchete de seu site, o jornal “Financial Times” destacava: “Morte de Eduardo Campos em acidente de avião muda a eleição”. O diário britânico res-saltou que a tragédia mudará “radicalmente as eleições mais disputadas do país em mais de uma década”.

O “The Guardian” diz que as eleições brasileiras foram joga-das na incerteza com a morte de Campos. A versão eletrôni-ca do “The Independent” citou Campos como candidato de esquerda “business-friendly”,

simpatizante dos negócios, e aponta que a vice Marina Sil-va pode se tornar a opção do partido. O site do jornal britâ-nico “The Telegraph” relatou como foi o acidente, com base nas reportagens da impren-sa local, e falou sobre o de-sempenho de Campos em sua candidatura à Presidência.

O espanhol “El País”, também na primeira página do portal, estampava que “o avião caiu sobre uma casa em Santos, São Paulo”. Já o argentino “La Naci-ón” destacou o desempenho de Campos, citando seu respaldo de 10% das intenções de voto nas eleições presidenciais de outubro.

No portal do francês “Le Mon-de”, o desastre era a segunda principal notícia em destaque. “Eduardo Campos era um dos principais adversários da presi-dente Dilma Rousseff nas elei-ções de outubro”, afi rmou.

A morte também foi repercu-tida pelo site britânico BBC, que citou informações de Rodrigo Rollemberg, membro do PBS. No site da rede norte-ameri-cana de TV “CNN”, o acidente foi noticiado em texto e vídeo, usando como fonte a Agência Brasil e apontando que a ma-

nutenção e as inspeções do jato em que Campos viajava estavam em dia.

O jornal americano “The Wall Street Journal”, especializado em economia, também colocou a morte do político como segun-do destaque do site, informando que Campos “estava entre as sete pessoas mortas na queda da aeronave”.

Os outros dois diários mais prestigiados nos Estados Uni-dos, “The New York Times” e “The Washington Post”, não deram tanto destaque para a notícia em suas homepa-ges. O “NYT” ressaltou a tra-jetória pessoal e política de Campos, além de sua aliança com Marina Silva.

“Campos, de 49 anos, era casado e pai de cinco fi lhos. Herdeiro de uma família políti-ca, serviu dois mandatos como governador do Estado de Per-nambuco”, destacou o “NYT”. “A aliança de Campos com Silva, uma política popular que, ante-riormente, serviu como ministra do Meio Ambiente, foi vista como um possível impulso à sua candidatura, embora uma pes-quisa recente tenha mostrado a dupla com 8%, na comparação com 36% de Rousseff ”.

O jornal “Financial Times” deu destaque à morte de Campos na homepage de seu portal

FOTOS: REPRODUÇÃO

Candidatos cancelam agendasA morte do candidato do

PSB, Eduardo Campos, chocou o meio político.

A presidente Dilma Rousseff , que disputa a reeleição, cance-lou a agenda de campanha por três dias. Ela recebeu a notícia no Palácio do Alvorada, onde passou a manhã. “Espero que o exemplo do Eduardo Cam-pos sirva para mantê-lo vivo na memória e nos corações

dos brasileiros. Sem dúvida, é um momento de tristeza”, disse, em pronunciamento, na tarde de ontem. Em viagem, o candidato do PSDB, Aécio Ne-ves, também suspendeu todos os compromissos da campa-nha eleitoral. Aécio soube da morte de Campos assim que desembarcou em Natal, onde cumpriria agenda ontem.

“O Brasil perde um dos seus

mais talentosos políticos que sempre lutou com idealismo por aquilo em que acreditava. O candidato do PV à Presidência da República, Eduardo Jorge, divulgou nota destacando sua tristeza com a notícia. “A cam-panha presidencial do PV está suspensa para os próximos dias”, destacou.

O candidato do PSC, Pastor Everaldo, também emitiu nota

lamentando a morte de Cam-pos. O presidenciável disse que “perdeu um amigo”. “Campos era, além de tudo, uma pessoa de bem, um pai de família, um cidadão brasileiro que te-ria muito a contribuir com a democracia nesse momento”, afi rma. Segundo a assessoria de comunicação, Pastor Everal-do suspendeu compromissos de campanha ontem.

LUTO

Aécio: “Brasil perde um dos seus mais talentosos políticos”

DIVULGAÇÃO

O site da BBC de Londres também destacou a tragédia com o candidato Eduardo Campos

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8 MANAUS, QUINTA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa, Náis Campos e Mário Adolfo.

REPORTAGEMMoara Cabral,Joelma Muniz Márcia Oliveira

REVISÃOGracycleide Drumond e João Alves

DIAGRAMAÇÃOPablo Filard eAdyel Vieira

TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

Anwar Assi

Anwar Assi

Editor do caderno de Economia do EM TEMPO

A economia do Amazonas perdeu um importante aliado com a morte do ex-governa-dor de Pernambuco e candi-dato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos. O discurso em favor da di-minuição das desigualdades regionais no país era uma de suas marcas registradas antes mesmo de postular o cargo de chefe da nação.

A simpatia do líder per-nambucano com os pleitos amazonenses fi cou evidente nas diversas vezes em que o político se posicionou a favor

das demandas do Estado, em particular, no que se refere à Zona Franca de Manaus (ZFM).

Foi no primeiro mandato de governo de Eduardo Campos (2007-2010) que o Amazonas deu início ao processo de im-plantação do entreposto da ZFM no município de Ipojuca, na Região Metropolitana de Recife. Em março deste ano, já no fi nal de seu segundo mandato (2011-2014), ele inaugurou o armazém em um de seus últimos atos antes de deixar o cargo de governador

para disputar à Presidência da República.

O entreposto de Ipojuca é responsável hoje por otimizar o escoamento de produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) para os cen-tros de consumo no Nordeste, além de benefi ciar a econo-mia de Pernambuco e dos demais Estados nordestinos.

Particularmente, constatei a familiaridade de Eduardo Campos com as reivindica-ções econômicas do Amazo-nas durante o debate com os presidenciáveis realizado

pela Confederação Nacional de Indústria (CNI), no último dia 30 de julho, em Brasília. Fui o último jornalista amazo-nense que entrevistou o então candidato em vida.

Ele era a favor de investi-mentos não só na ZFM, mas também em outras atividades de desenvolvimento econô-mico como a piscicultura, por exemplo, ao pregar um “olhar diferenciado” para a Amazô-nia e sua população ribeiri-nha, guardiã das riquezas da região. Na ocasião, Eduardo Campos ainda defendeu a re-

forma tributária e a expansão das relações comerciais bra-sileiras, em especial, para os países vizinhos da América do Sul, como forma de estimular a economia do país, incluindo a do Amazonas.

Ele chegou a afi rmar que enviaria, na primeira sema-na de governo, caso fosse eleito presidente, a reforma tributária para votação no Congresso Nacional, onde iria “fi scalizar essa votação pes-soalmente”. O destino quis que ele não cumprisse essa missão.

A perda de um aliado da economia do Amazonas

Marina Silva poderá dar continuidade a campanha Apesar da legenda não discutir o assunto, o TSE já sinalizou que nada impede que a vice venha como “cabeça” de chapa

Com a morte do pre-sidenciável Eduardo Campos (PSB), ape-sar de o partido ain-

da não ter discutido sobre o assunto, muitas especulações já iniciaram no meio político sobre a sucessão da legenda na disputa a Presidência da República. Vice-candidata na chapa do PSB, Marina Silva é a mais cotada para dar prosseguimento à campa-nha. De acordo com o Tribu-nal Superior Eleitoral (TSE), a legislação eleitoral vigen-

te permite que a candidata assuma a disputa.

De acordo com a resolução nº 23.405 do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE), art. 60, “é facultado ao partido político ou à coligação substituir can-didato que tiver seu registro indeferido, inclusive por inele-gibilidade, cancelado ou cas-sado, ou, ainda, que renunciar ou falecer após o termo fi nal do prazo do registro”. Segundo a resolução, no caso específi co de falecimento do candidato, o partido político a que perten-cer o substituído deverá pedir o registro do novo candidato, até 10 dias contados do fato que deu causa à necessidade de substituição.

No caso em questão, como o partido de Eduardo Cam-pos faz parte da coligação

Unidos Pelo Brasil, composta pelos partidos (PSB-Rede-PPS-PPL-PRP-PHS-PSL), se-gundo a resolução do TSE, será necessária uma escolha por determinação da maioria absoluta dos órgãos executi-vos de direção dos partidos políticos coligados, mas como Marina estava fi liada ao PSB, tem preferência ao direito, como diz trecho da resolu-ção. “podendo o substituto ser fi liado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido político ao qual per-tencia o substituído renuncie ao direito de preferência”.

TSE cancela registroPara isso, será necessário

que o Tribunal Superior Eleito-ral (TSE) cancele automatica-mente o registro de candida-

tura de Eduardo Campos. Mas, para Marina substituí-lo na disputa, a candidata também deverá cancelar o registro e apresentar uma nova chapa. “No caso de o substituto ser o atual candidato a vice, o registro da candidatura deve ser cancelado junto a Justiça Eleitoral e deve ser registrada uma nova chapa”.

De acordo com o deputado estadual e candidato ao gover-no do Estado, Marcelo Ramos (PSB), o qual contava direta-mente com o apoio de seu presidente nacional, a questão de como fi cará a substituição do candidato Campos será a última a ser pensada. “Ainda não sabemos o que vamos fazer, mas com certeza essa questão política será a última a ser tratada”, disse.

A candidata à vice-presidente, Marina Silva, deu declaração sobre a tragédia no fim na tarde de ontem. Muito abalada, ela declarou que convi-veu intensamente com Campos nos últimos dez meses e que nesse tempo aprendeu a respeitá-lo, admirá-lo e a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida.

“Foram dez meses de intensa convivên-cia, que como eu dis-se, começamos a traçar juntos a esperança de

uma mundo melhor, de um mundo mais justo. Eduardo estava empe-nhado com esses ideais até os últimos segundos de sua vida”.

Marina disse que essa é uma tragédia que impõe luto e profunda tristeza. Ele encerrou sua fala, di-zendo que a imagem de quer guardar de Campos, será a da despedida, um dia antes do acidente. “Quero lembrar de Cam-pos como um homem cheio de alegria, sonhos e compromissos.

Candidata extremamente triste

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AÇÃO

Marina disse que não tem estrutura emo-cional para tratar do assunto no momento. Ontem, ela apenas deu uma declaração para a imprensa destacando o período que convi-veu com Eduardo Campos

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