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Departamento de Geociências Relatório de Estágio de Conclusão de Curso Emerson Busignani Morais A ATIVIDADE TÉCNICA DO GEÓGRAFO NA AMA/SEMA Londrina 2005

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Departamento de Geociências

Relatório de Estágio de Conclusão de Curso

Emerson Busignani Morais

A ATIVIDADE TÉCNICA DO GEÓGRAFO NA AMA/SEMA

Londrina

2005

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Emerson Busignani Morais

A ATIVIDADE TÉCNICA DO GEÓGRAFO NA AMA/SEMA

Londrina

2005

Trabalho desenvolvido no Curso de

Graduação em Geografia como requisito

parcial à obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Ms. Ângelo Spoladore

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EMERSON BUSIGNANI MORAIS

A ATIVIDADE TÉCNICA DO GEÓGRAFO NA AMA/SEMA

Comissão Examinadora:

___________________________________

Prof. Ms. Adilson Nalin – Geógrafo

SEMA/UNOPAR

___________________________________

Prof. Ms. Osvaldo Coelho Pereira Neto

Engenheiro Agrônomo - UEL

___________________________________

Prof. Ms Ângelo Spoladore

Geólogo - UEL

Londrina 2005.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, e em

especial à minha avó, Dona Germinia Birelo

Busignani, por todos seus esforços e sacrifícios

realizados, e pelo voto de confiança e a

oportunidade que me deram para o término

deste curso de graduação.

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AGRADECIMENTOS

À minha família por acreditar em mim e oferecer o apoio sócio-emocional, me dando

forças para nunca desistir de meus objetivos.

Aos meus colegas de formação acadêmica, pelas sugestões, críticas e cooperação.

Aos profissionais do Ama/Sema pela paciência e colaboração irrestrita ao meu

trabalho.

A todos os meus amigos que direta ou indiretamente contribuíram e me ajudaram na

conclusão deste trabalho.

Aos professores e funcionários do Departamento de Geociências da UEL, pelo bom

atendimento e pela cooperação.

Ao Professor Ms. Osvaldo Coelho Pereira Neto que através de seu conhecimento e

troca de idéias me ajudou muito para o desenvolvimento deste trabalho.

A minha orientadora de campo Queila Maria Spolare por sua contribuição e por suas

opiniões e por suas sugestões.

Ao meu orientador Professor Ms. Ângelo Spoladore por sua orientação segura,

confiança, ensinamentos e criticas construtivas, que muito contribuíram para meu

amadurecimento pessoal e fundamental para a elaboração deste relatório.

Sou grato a DDEEUUSS por ter me iluminado não só nos momentos árduos, mas também

nos momentos de felicidade, e por ter colocado em meu caminho todos àqueles a

quem sou grato.

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RESUMO

O trabalho cotidiano do profissional Geógrafo, possivelmente nunca seja solitário, ele

é rodeado por várias ciências e colegas de trabalho dos mais variados campos do

conhecimento.

No estágio não foi diferente, a convivência com Engenheiros, Técnicos, Professores,

agentes comunitários e muitas outras classes de pessoas, algumas bem

intencionadas, outras que trazem dúvidas. Porém pude em três meses de estágio

vivenciar um pouco da realidade profissional.

A seguir uma breve descrição das atividades no levantamento do patrimônio público

(praças, arborização urbana, fundos de vale e recursos naturais), visitações a

empreendimentos (fiscalização), levantamento de espécies e indicações arbóreas

para parte urbana, atividades de educação ambiental.

Pude também conhecer alguns entraves políticos ao exercício da profissão, onde um

parecer técnico às vezes abortado, descartado frente a um quadro de interesses de

ordem.

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ABSTRACT

On the way of a professional Geographer's daily routine it is possible that this is

never lonely, because he is surrounded by several professionals and their sciences of

the most varied fields of the knowledge.

In the training it was not different, being together with engineers, technician, teachers,

community agents and many other classes of people, some very deliberate, others

doubtful. However, It was possible after these three months, fell this professional's

reality.

The present work presents a short description from activities in rising the public

patrimony (squares, urban forestation, valleys and natural resources), visitations to

enterprises (fiscalization), knowing species and arboreal indications for the urban part

and activities of environmental teaching.

Also, it was possible to know some political impediments to the exercise of the

profession, where the importance of a technical opinion is sometimes reject,

discarded in front of an order interests square.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...........................................................................................................01

Objetivos..... ....................................................................................................03

Qual objetivo de estágio........................................................................04 Metodologia do Estágio ...................................................................................05

Metodologia utilizada para aquisição de conhecimento teórico............05

Justificativa ......................................................................................................08 1 HISTÓRICO DA AMA/SEMA .................................................................................10 2 NATUREZA DO TRABALHO DO GEÓGRAFO.....................................................14 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA SEMA .........................................................21 3.1 Educação Ambiental..........................................................................21

3.1.1 A práxis da educação ambiental aplicada a uma unidade de conservação...............................................................................23

3.2 Levantamento Arbóreo Urbano.................................................................25 3.2.1 Planos de arborização................................................................29

3.2.2 Espécies utilizadas em arborização urbana ...............................33

3.2.3 Poda na arborização....................................................................35

3.3 Levantamento de Praças...........................................................................40

3.4 Atividade de Fiscalização...........................................................................42 3.4.1 Competência constitucional para o exercício da atividade de fiscalização.......................................................................................42 3.4.2 Da legislação aplicável......................................................................44 3.4.3 Das sanções administrativas aplicáveis por infração às normas

ambientais.......................................................................................45

3.5 Outros Projetos da SEMA .........................................................................52 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................55

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5 BIBIOGRAFIA CONSULTADA...............................................................................57 ANEXOS

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Localização da AMA/SEMA. ......................................................................10 Figura 1: Estrutura organizacional e funcional da SEMA. .........................................12 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Benefícios das Áreas Verdes Urbanas.....................................................28 Tabela 2: Critérios para arborização urbana . .........................................................29 Tabela 3: Espécies utilizadas em arborização urbana. ............................................33 Tabela 4: Exemplo de espécies e indicações...........................................................34 Tabela 5: Espécies com limitação de uso em arborização urbana..................................35

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ÍNDICE DE FOTOS Fotografia 1: O profissional exercendo competência técnica ao lado de outros

profissionais no campo de trabalho....................................................................09 Fotografia 2: C.E.A. Centro de Educação Ambiental . ..........................................21 Fotografia 3: Animais silvestres observados durante as atividades . ......................22 Fotografia 4: Portal do Parque Arthur Thomas.......................................................23 Fotografia 5: Árvore de médio porte com comprometimento de caule . .........................25 Fotografia 6: Árvore em situação fito sanitária agravada (Centro de Londrina) ..............26 Fotografia 7: Árvore imprópria para ambiente urbano (proibida) . .................................27 Fotografia 8: Espaço urbano conhecido como praça . ...........................................40 Fotografia 9: Trilhas usadas no “A Escola vai ao Parque” . ....................................52 Fotografia 10: Barragem do parque, atualmente recebendo adequações - usado no plano manejo .....................................................................................53

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INTRODUÇÃO

“Você viu um acontecimento comum, um

acontecimento como ele é produzido

cada dia.

E no entanto lhe rogamos,

sob o familiar, descubra o insólito,

sob o cotidiano, destaque o inexplicável.”

Bertold Brecht

A atividade de estágio foi desenvolvida no

ano de 2001 na Autarquia Municipal de Meio-Ambiente (AMA), hoje transformada em

Secretaria Municipal do Ambiente (SEMA) . Durante as atividades de estágio houve

a lotação no chamado corpo técnico, que é constituído por Engenheiros Agrônomos,

Biólogos, Geógrafos dentre outros.

A valorização do estágio em Geografia

“como indispensável ao conhecimento da realidade”, segundo Suertgaray (1996), é

fato observado na história clássica da Geografia, processo no qual se insere, “ainda

que de forma diferenciada” (p.2), como ressalva a mesma a autora. Acrescenta que

“viagens, expedições que permitissem a observação dos lugares eram, portanto,

altamente estimuladas”, especialmente a observação “era considerada a técnica por

excelência dos geógrafos” (p.3).

As atividades desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Ambiente - SEMA,

tendo em vista a Lei 8.677 de 26/12/01 - (Antiga AMA-Autarquia Municipal do

Ambiente), são:

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• Poda de árvores;

• Erradicação de árvores;

• Elaboração de laudo técnico;

• Fiscalização de meio ambiente (poda e abate irregular de árvores, poluição da

água, do ar e do solo);

• Fundo de Vale;

• Adoção de canteiros;

• Apreensão de animais soltos (eqüinos de grande porte e bovinos);

• Plantio de árvores e ornamentais (passeio e fundo de vale);

• Controle de pragas e doenças nas áreas verdes;

• Produção de mudas ornamentais e arbóreas;

• Administração de parques municipais.

O Estágio no campo de trabalho constitui-se

como instrumento fundamental para essa “leitura”, por meio da qual se desvenda

o entorno e se estabelece a mediação entre o registro, o conhecimento já

sistematizado e informado e o seu significado, auferido através de um processo

dinâmico e dialético para o entendimento da realidade, especialmente naquilo em

que ela se apresenta como “inexplicável”, por isso mesmo instigadora.

Daí a importância e a

significação do familiar e do cotidiano que o olhar do geógrafo precisa desvendar

numa fábrica de casacos de pele de coelhos, talvez incomum, mas que é

explicável pelo que representa no lugar em que realiza sua produção e pelas

relações que se estabelecem entre esse local, nessa escala, com outros locais

onde circulam os seus produtos, em outras dimensões escalares. Impregna de

concretude o conceito de formas refuncionalizadas do espaço porque na granja,

e não no distrito industrial, há uma fábrica.

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OBJETIVOS

O objetivo do estágio é o aprimoramento

técnico, profissional, cultural e social do estudante estagiário, mediante a

aprendizagem e participação prática junto aos departamentos competentes,

executando levantamentos, acompanhando em vistorias, estudos de casos,

acompanhando atividades de fiscalização e na educação ambiental junto à

Secretaria Municipal do Ambiente fazendo uma pote entre o conhecimento teórico e

a prática profissional.

O desenvolvimento das habilidades da

prática profissional, fazendo uma amarração entre a teoria e sua aplicação no campo

de trabalho, criar o contato inicial com o mercado de trabalho, possibilitar o

relacionamento com profissionais de outros segmentos em macro visão do horizonte

geográfico.

O estágio é uma estratégia de

profissionalização que complementa o processo ensino-aprendizagem. Consiste na

fase de preparação do aluno para ingresso no mercado de trabalho, desenvolvendo

atividades que se inter-relacionam e integram a formação acadêmica com a atividade

prática-profissional.

São atividades de aprendizagem

profissional, social e cultural oferecidas ao aluno pela participação em situações

reais de trabalho e que são proporcionadas por empresas, órgãos da administração

pública ou privada e instituições de ensino, sempre sob a responsabilidade e

coordenação da escola a que pertence.

Durante sua realização, o aluno

aplicará os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Geografia.

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Qual o Objetivo do Estágio.

Preparar o aluno para ingresso no mercado de trabalho:

- revisando conceitos e conhecimentos básicos ministrados no

decorrer do curso;

- desenvolvendo assuntos específicos de conteúdo e

metodologia;

- criando situações de estudos reais aplicáveis;

- promovendo o exercício das atribuições da própria profissão de

forma a capacitar o aluno a atuar na área e atender ao mercado

de imediato;

- propiciando o relacionamento com profissionais da respectiva

área, a fim de adquirir e assimilar experiências;

- desenvolvendo o conhecimento e a criatividade com vistas ao

crescimento profissional.

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METODOLOGIA DO ESTÁGIO

Programa de Atividades:

• Período inicial de observação das atividades realizadas, bem como de

conhecimento da clientela atendida e da metodologia utilizada.

• Participação nos atendimentos de vistoria e atendimento ao público.

• Discussão sobre os casos, orientação e supervisão em reuniões realizadas no

departamento técnico.

• Planejamento e atendimento individuais e em grupo na presença do

supervisor de estágio.

Metodologia Utilizada Para Aquisição de Conhecimento Teórico:

• Leitura e discussão de artigos e textos relacionados ao trabalho realizado na

SEMA (Legislação, Plano Diretor da Cidade, manuais técnicos, bibliografia

indicada durante o curso de graduação, textos na internet/intranet , etc.).

• Confecção de relatórios sobre atividades e confecção e elaboração dos

materiais a serem utilizados no departamento.

• Participação de cursos realizados no Universidade Estadual de Londrina,

Prefeitura municipal de Londrina, Câmara de Vereadores e Fóruns Variados.

A metodologia base do trabalho é a da

vivência como um instrumento pedagógico. A metodologia do Estágio de Vivência

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leva os estudantes a vivenciar, juntamente com os profissionais graduados, seu

trabalho, sua cultura, e todas as dificuldades que os envolvem, desde o processo

conflituoso da conquista do território, até os desafios para a viabilização de um

projeto. Proporciona uma observação participante do cotidiano proficional, seu dia a

dia, sem uma proposta de uma intervenção indesejada. A vivência é estar com a

comunidade, é conhecer, sentir e participar. É possibilitar o questionamento do seu

papel enquanto um profissional em formação, da construção do conhecimento na

universidade, e do tripé da universidade - o ensino-pesquisa-extensão, e a partir daí

dimensionar possibilidades de construção e de transformação de nossas práticas.

A vivência através do estágio permite a

sensibilização do estudante, pelo contato direto com a realidade, permitindo um

entendimento mais aproximado dessa realidade relativa ao meio geográfico do país,

contrapondo informações distorcidas e pré-concebidas com as resultantes de suas

próprias experiências. Constroe-se assim um tipo de saber orgânico, constituído de

trocas, onde não só o “extensionista”, seja um geógrafo ou um educador que vai ao

campo para utilizar seus saberes, como também vai para aprender, aprendendo

outras formas de saberes, outras linguagens do saber.

O projeto tem como base de sua

metodologia a proposta de Paulo Freire, tendo como principal referência o livro

“Extensão ou Comunicação”. A partir do diálogo entre seres humanos (e não de uma

relação sujeito-objeto), se constrói um saber onde sujeitos se relacionam com

sujeitos, em busca da construção de um objeto em comum, seja qual for o tipo de

profissional atuante.

Durante o estágio o estudante fica

subordinado aos supervisores e funcionários da Secretaria, vivenciando todos os

aspectos da realidade a qual essa comunidade interage: sua cultura, seus valores,

seu modo de entender o mundo, suas necessidades, linguagem. Enfim, seu

cotidiano. Assim em seu período de formação acadêmica já terá tido um contato,

uma familiarização com questões sociais (e político-econômico-cultural) que num

futuro, em que poderão atuar profissionalmente (ou mesmo para uma formação

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crítica) estarão mais capacitados para entenderem e atuarem em conjunto com

essas realidades.

JUSTIFICATIVA

A formação profissional Geógrafo

perdeu seu caráter estritamente técnico para se tornar bem mais abrangente e

complexa. Isso porque os novos tempos exigem de quem ocupa uma vaga no

mercado de trabalho, mais do que o diploma o domínio de competências que vão

além da formação para desempenhar determinada função. "A competência técnica é

uma dimensão da competência profissional, mas não é a única", onde a atividade de

estágio é perfeita para fazer a amarração entre os conteúdos acadêmicos do

estudante de Geografia, a vida profissional real e as pessoas (público, comunidade,

clientes).

Durante certo tempo, entendeu-se que

a universidade e o curso de Geografia, formavam para o trabalho. Para se ter um

bom profissional, é preciso entendê-lo como um ser completo. Ele precisa ser um

bom técnico, mas também uma pessoa em paz consigo mesmo, equilibrada, em

condições de entender as dificuldades que viver no dia-a-dia e conviver com elas,

agindo, emocionalmente, de forma madura. Para desenvolver o profissional

Geógrafo competente, é preciso olhar sua qualidade de vida e sua inserção no

contexto profissional em que vai trabalhar. É preciso que se levem em conta três

focos: o de pessoa, o de cidadão e o de profissional. A formação para o trabalho não

basta. A competência técnica é uma dimensão da competência profissional, mas não

é a única.

A justificativa do estágio é propiciar ao

aluno de Geografia uma vivencia no mercado de trabalho e o relacionamento com

outros profissionais (Foto 1), mostrar as dificuldades apontar soluções. Mostrar a

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diferença entre o oficio idealizado e a atual situação da categoria dentro da

sociedade, sua importância e necessidades.

FOTO: 01 – O profissional exercendo competência técnica ao lado de outros

profissionais no campo de trabalho - Fonte: do autor - 2005

Conviver com pessoas e com

profissionais formados a mais tempo e em outras áres do conhecimento, perceber

suas dificuldades no campo profissional, as limitações, receber seus conselhos é um

grande diferencial que justifica a atividade de estágio na vida inicial de um novo

profissional. É conhecer o mercado de maneira segura, com a tutela de verdadeiros

mestres do real, sem a atividade de estágio poderia cometer vários enganos e erros

(alguns com maior ou menor gravidade) que poderiam comprometer a careira ou

causar danos e hoje posso graças á atividade de estágio evitá-los.

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1 Histórico da SEMA/AMA

A AMA foi criada através da Lei Municipal N° 5.497, em 27 de julho de 1.993,

para ser o primeiro órgão do poder público local a se preocupar com a qualidade de

vida e melhoria do uso dos recursos naturais que enriquecem a paisagem de

Londrina e sua sede foi instalada no Parque Arthur Thomas.

Figura 1 – Localização da AMA/SEMA – Fonte: Adaptado pelo autor

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A Autarquia era responsável pela arborização urbana, execução

de projetos de recuperação de áreas degradadas, coordenação e manutenção de

parques municipais, fiscalização ambiental, análise e emissão de pareceres

ambientais e manutenção do viveiro municipal de mudas.

A sede da AMA ficava no Parque Arthur Thomas, que é administrado pela Autarquia

Como instituição ambiental, a Autarquia tinha como funções principais:

I. "Estabelecer, implantar e administrar a política de proteção e conservação do

meio ambiente;

II. Articular-se com entidades públicas, privadas e ambientalistas, nacionais e

internacionais. Estabelecer convênios, buscando e concedendo recursos

financeiros e tecnológicos, para desenvolver políticas de proteção e

conservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida;

III. Assegurar a preservação, a recuperação e a exploração racional dos recursos

naturais do município;

IV. Manter a fiscalização sobre todas as formas de agressão ao meio ambiente,

orientar sua recuperação e aplicar penalidades legais quando cabíveis;

V. Elaborar, implantar e administrar projetos especiais, como a criação de

parques, áreas de proteção ambiental, reservas e estações ecológicas,

manutenção de áreas verdes, em consonância com o planejamento urbano

municipal;

VI. Fiscalizar todas as alterações do solo e subsolo, visando a proteção contra os

processos erosivos;

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VII. Elaborar e implantar campanhas educacionais e de treinamento destinadas a

sensibilizar a população para os problemas de preservação do meio ambiente,

juntamente com secretarias, órgãos e entidades afins;

VIII. Analisar e emitir pareceres sobre a concessão de licença para instalação de

atividades exploradoras dos recursos naturais do Municípios;

IX. Elaborar, implantar e manter projetos e serviços de parques e jardins;

X. Administrar o Fundo Municipal do Meio Ambiente.

O Meio Ambiente tem recebido tratamento especial no município

de Londrina. Aliás, nota-se que muitos países e municípios de primeiro mundo estão

investindo nesta área. Merecem aplausos todos aqueles que se empenham em

prestar sua colaboração para a preservação das nossos recursos naturais.

Na medida em que a humanidade evoluiu, teve a percepção de

que, além de apreciar e desfrutar dos recursos naturais é preciso saber mantê-los.

Através de observações e pesquisas, passou a ter referências que servem para

compreender melhor os benefícios que a natureza oferece.

Um dos pontos principais é como manter o meio ambiente

equilibrado e, assim, garantir a sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida. A

partir do desenvolvimento de novas tecnologias, é possível gerar riquezas utilizando

o potencial ambiental, com harmonia, sem destruí-lo. As autoridades públicas

transformaram a AMA - Autarquia Municipal do Meio Ambiente em SEMA –

Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com o objetivo cumprir sua missão de

viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável da cidade em

relação com o meio ambiente como um de seus focos de pesquisa e atuação.Desta

forma, a SEMA constitui em um importante órgão para o desenvolvimento de

Londrina com uma estrutura organizacional bem definida.

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Figura 2 – Estrutura organizacional e funcional da SEMA – Fonte: SEMA - 2005

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Foto 2 – C.E.A. Centro de Educação Ambiental Fonte: do autor - 2005

3.1 Educação Ambiental

A Educação Ambiental é uma das perspectivas mais

importantes no campo do ambientalismo e da Ecologia. Nascido no bojo do

movimento contracultural da América Latina, ela espelha diversas

metodologias e estratégias de ação. Sua diversidade oferece a riqueza da

diversidade, conferindo à Ecologia, um especial nicho de atuação.

Recentemente a SEMA ganhou uma importante ferramenta para o

desenvolvimento da educação Ambiental o C.E.A. Centro de Educação

Ambiental (foto 2).

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Foto 3 – Animais silvestres observados durante as atividades – Fonte: do Autor - 2005

Dentro da Ama/Sema foi possível ancorar os aspectos

ontoepistemológicos da Educação Ambiental (EA) no entorno do Parque Arthur

Thomas (administrada pela Ama/Sema) e outras Unidades de Conservação, numa

arrojada proposta de conciliar a educação formal e não formal. Em outras palavras,

oferecer caminhadas orientas com educação ambiental para alunos, professores e

populares, com o envolvimento da comunidade local onde podem ser observados

animais silvestres (foto 3) observados durante as atividades. Através de cursos,

materiais pedagógicos e orientação continuada, pode-de implementar a EA em todos

os níveis, favorecendo a pesquisa como melhor estratégia para a construção dos

conhecimentos. Resgate das lendas locais, estórias e histórias, e outros

instrumentos, são caminhos que podem conduzir à compreensão das

representações sociais da comunidade, oferecendo estratégias de ação adequadas

à realidade local. Não há caminhos prontos, construimo-os no nosso caminhar.

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3.1.1 A práxis da educação ambiental aplicada a uma unidade de conservação.

Foto 4 – Portal do Parque Arthur Thomas - Fonte: do autor - 2005

Um programa de Educação Ambiental em sua categorização

não-formal está sendo implementado para uma unidade de conservação (Parque

Arthur Thomas – Londrina – foto 4), com base em um modelo fundamentado na

perspectiva natural, utilizando uma concepção paradigmática direcionada aos

aspectos "sobre", "no" e "para" o ambiente. Os objetivos desta abordagem

compreendem a divulgação de informações e conhecimento científico, na

perspectiva de conscientizar a comunidade local a respeito dos problemas

ambientais que comprometem a qualidade ambiental da unidade de conservação,

possibilitando a participação dos diferentes grupos sociais no processo de manejo e

tomada de decisão direcionados à sustentabilidade ambiental. O modelo foi

projetado sobre a realidade local (ver figura abaixo), envolvendo a caracterização do

sistema ambiental (componentes biofísicos) com o uso de Sistemas de Informações

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geográficas, tendo a bacia hidrográfica como unidade da paisagem. A percepção

ambiental foi utilizada como a ferramenta principal para a análise da compreensão

do sistema ambiental pela comunidade local. materiais técnico-pedagógicos foram

elaborados para a sensibilização dos grupos sociais em relação aos problemas

ambientais. Desde que a perspectiva natural em Educação Ambiental foi a

abordagem principal, o Programa de Educação Ambiental pretende a incorporação

da perspectiva cultural, atendendo a reorientação global da Educação Ambiental.

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3.2 Levantamento Arbóreo Urbano (Centro de Londrina).

O trabalho de levantamento arbóreo da região central de

Londrina foi orientado pelo Engenheiro Agrônomo Marcus Vinicius. A vegetação,

como um todo, tem sido de grande importância na melhoria das condições de

vida nos centros urbanos, mas várias árvores possuem condições fito sanitárias

graves (foto 5 e 6 ) ou possuem característica impróprias para o ambiente urbano

(foto 7). Com o crescimento populacional das cidades, depara-se com a falta de

um planejamento urbano.

Fotografia 5 – Árvore de médio porte com comprometimento de caule - Foto: E. B. M.

O clima urbano difere consideravelmente do ambiente natural. A

amplitude térmica, o regime pluviométrico, o balanço hídrico, a umidade do ar, a

ocorrência de geadas, granizos e vendavais precisam ser considerados.

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Os solos, por sua vez, responsáveis pelo suporte físico das

árvores e pelo substrato nutritivo do qual depende seu desenvolvimento,

apresentam-se compactados ou imperneabilizados nas cidades devido ao grande

número de pavimentações que não permitem o escoamento das águas. Resíduos

sólidos, despejos residenciais e industriais poluem e comprometem o solo urbano.

Quanto à qualidade do ar, esta fica comprometida pela

combustão de veículos automotores e pela emissão de poluentes advindos de

atividades industriais.

Fotografia 6 – Árvore em situação fito sanitária agravada (Centro de Londrina)

Fonte: E. B. M.

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Além da função paisagística, a arborização urbana

proporciona benefícios à população como:

a. Proteção contra ventos;

b. Diminuição da poluição sonora;

c. Sombreamento;

d. Ambientação à pássaros;

f. Absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população;

Fotografia 7 – Árvore imprópria para ambiente urbano (proibida) - Fonte: E. B. M.

Algumas espécies são impróprias para o ambiente urbano, seja pelo seu

sistemas radicular (foto 7) ou pelo porte inadequado para os centros urbanos. A arborização

apresenta fatores importantes para a qualidade de vida nas cidades ( Tabela 1).

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Fatores Urbanos Principais Formas de Degradação

Principais Benefícios das Áreas Verdes

Urbanas

Clima/ar Alterações

micro climáticas

Deterioração da qualidade do ar Poluição Sonora

Conforto micro climático Controle da poluição atmosférica Controle da poluição sonora

Água Alterações da quantidade de água

Deterioração da qualidade hídrica

Regularização hídrica Controle da poluição hídrica

Físico

Solo/subsolo Alterações físicas do solo

Alterações químicas e biológicas do solo

Estabilidade do solo Controle da poluição edáfica

Flora Redução da cobertura vegetal

Redução da biodiversidade

Controle da redução da biodiversidade

Biológicos

Fauna Proliferação de vetores

Destruição de habitats naturais

Controle de vetores

Uso/ocupação do solo

Desconforto ambiental das edificações Poluição visual

Alterações micro climáticas

Conforto ambiental nas edificações Controle da poluição visual

Territorial

Infra-estrutura/serviços

Difiuldades no deslocamento Aumento da necessidade de saneamento Redução da sociabilidade

Desperdício de energia

Racionalização do transporte Saneamento ambiental Conservação de energia

Sociais Demografia Equipamentos e serviços sociais

Concentração populacional

Crescimento das necessidades sociais

Conscientização ambiental Atendimento das necessidades sociais

Econômicos Setores produtivosRenda/Ocupação

Valor e desvalorização da atividade /propriedade Concentração de pobreza e desemprego

x

Valorização das atividades e propriedades Amenizações dos bolsões da pobreza

Tabela 1: Benefícios das Áreas Verdes Urbanas – Fonte: AMA/SEMA

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3.2.1 Planos de arborização

O adequado conhecimento das características e condições do

ambiente urbano é uma pré-condição ao sucesso da arborização. É preciso

considerar fatores básicos como: condições locais, espaço físico disponível e

características das espécies a utilizar (tabela 2).

O plano de arborização deve responder algumas perguntas

como: o quê, como, onde e quando plantar.

Análise da vegetação - é importante conhecer a vegetação da

região, dentro da cidade e nos arredores, procurando selecionar espécies que são

recomendadas para a arborização urbana e que apresentam crescimento e vigor

satisfatórios.

Análise do local - é preciso efetivar os levantamentos dos locais

a serem arborizados, como também daqueles que necessitam ser complementados

ou adaptados. Há necessidade de compatibilizar a arborização com o sistema

elétrico, o abastecimento de água, esgotos, sinalizações e edificações. O

cadastramento e controle das ruas e praças (dimensões, localização das redes e

outros serviços urbanos, identificação das árvores, data do plantio e época de poda)

possibilitam uma melhor implantação da arborização urbana.

Recuo mínimo da muda em relação ao meio-fio 0,50 m

Distâncias mínimas entre árvore e entradas de garagem 1,00 m

Vão livre entre a copa das árvores e a rede de baixa tensão 1,00 m

Vão livre entre a copa das árvores e a rede de alta tensão 2,00 m

Altura máxima das árvores de pequeno porte 4,00 m

Altura máxima das árvores de médio porte 6,00 m

Distância mínima entre árvores de pequeno porte e placas de sinalização 5,00 m

Distância mínima de árvores de médio porte e placas de sinalização 7,00 m

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Distância mínima das esquinas 7,00 m

Tabela 2 - Critérios para arborização urbana Fonte: AMA/SEMA

Áreas Urbanas sem arborização e rede elétrica

A rede de energia elétrica deverá ser implantada

preferencialmente nas calçadas oeste e norte, e sob elas árvores de pequeno porte.

Nas calçadas leste e sul deverão ser plantadas árvores de porte médio, observando-

se as dimensões da via pública e o paisagismo local. Esta distribuição procura

otimizar a utilização do sol como forma de aquecimento.

Nas avenidas com canteiro central, o posteamento deve

ser implantado nas calçadas laterais. O canteiro central deve ser arborizado,

podendo ser utilizadas espécies de médio a grande porte. Nas quadras reservadas

para áreas verdes (parques e jardins), os passeios devem ficar, preferencialmente,

isentos de vegetação e postes (exceto a de iluminação pública), ficando para uso de

pedestres.

Áreas urbanas com redes elétricas e sem arborização

Na calçada onde existe rede elétrica, as árvores a serem

plantadas devem ser espécies de pequeno porte, obedecendo aos recuos

necessários. Na calçada onde não existe a rede elétrica, podem-se utilizar espécies

de médio porte, adequadas à paisagem local e ao espaço disponível.

Áreas urbanas edificadas, arborizadas e eletrificadas

É a situação mais comum de ser encontrada, principalmente nas

grandes cidades. É preciso uma avaliação das condições encontradas:

1. Os postes estão instalados no lado correto das

calçadas, porém, as árvores existentes sob a fiação são

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inadequadas - é preciso providenciar a substituição das árvores

existentes por espécies de porte adequado, mas isso deverá ser

efetuado intercalando-se as novas às velhas. Estas somente serão

retiradas após o completo desenvolvimento das novas.

2. Os postes estão instalados no lado não

recomendado das calçadas, e, sob a fiação, há árvores de médio e

grande portes - deverá ser realizada a substituição das árvores por

espécies de porte menor e feitas podas permanentes ou

encontradas alternativas para a iluminação.

Escolha da espécie:

As espécies utilizadas na arborização de ruas devem ser muito

bem selecionadas, devido às condições adversas a que são submetidas. Em

condições de mata natural, fatores como porte, tipo e diâmetro de copa, hábito de

crescimento das raízes e altura da primeira bifurcação se comportam diferentemente

em comparação ao meio urbano. Na seleção de espécies, deve-se considerar

também fatores como adaptabilidade, sobrevivência e desenvolvimento no local de

plantio.

· É importante a escolha de uma só espécie para cada rua, ou

para cada lado da rua ou para um certo número de quarteirões. Isso facilita o

acompanhamento de seu desenvolvimento e as podas de formação e contenção,

quando necessárias.

· Deve-se evitar as espécies cujos troncos tenham

espinhos.

· Dependendo do local a ser arborizado (cidades de clima frio), a

escolha de espécies caducifólias (perdem as folhas em certo período do ano) é

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extremamente importante para o aproveitamento do calor solar nos dias frios; já

em outras cidades, as espécies de folhagem perene são mais adequadas.

· A copa deve ter formato, dimensão e engalhamento adequado.

A dimensão deve ser compatível com o espaço físico, permitindo o livre trânsito

de veículos e pedestres, evitando danos às fachadas e conflito com a

sinalização, iluminação e placas indicativas.

· Nos passeios, deve-se plantar apenas espécies com sistema

radicular pivotante - as raízes devem possuir um sistema de enraizamento

profundo para evitar o levantamento e a destruição de calçadas, asfaltos, muros

de alicerces profundos.

· Dar preferência a espécies que não dêem flores ou frutos muito

grandes· Selecionar espécies rústicas e resistentes à pragas e doenças, pois

não é aconselhável o uso de fungicidas e inseticidas no meio urbano.

· Escolher espécies de árvores de crescimento rápido, pois em

ruas, avenidas ou nas praças estão muito sujeitas à predação, sobretudo quando

ainda pequenas.

· Deve-se selecionar espécies de galhadas resistentes para

evitar galhos que se quebrem com facilidade. Em áreas residenciais, considerar

a posição do sol e a queda das folhas com as mudanças das estações, de

maneira a permitir sombra no verão e aquecimento no inverno. As árvores

devem permitir a incidência do sol, necessário nos jardins residenciais. Deve-se,

ainda, evitar espécies geradoras de sombreamento excessivo e plantios muito

próximos às casas.

Pode-se utilizar espécies nativas ou espécies exóticas,

observados os critérios citados e as características das espécies. Algumas

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espécies apresentam limitações para arborização urbana, por isso não são

recomendadas.

3.2.2 Espécies utilizadas em arborização urbana

A utilização de espécies nativas em áreas urbanas é

indicada por proteger e valorizar a flora local. Serão demonstradas a seguir algumas

espécies nativas (tabela 3) arbóreas recomendadas e/ou utilizadas nas Regiões

Centro/Sul do Brasil:

Espécies Nome popular Observações

Amburana cearensis (FABACEAE)

Cumaru cerejeira

Árvore ornamental pelos ramos e troncos que são lisos de cor vinho ou marrom avermelhado.

Anadenanthera columbrina Anadenathera peregrina (MIMOSACEAE)

Angico vermelho, angico cascudo

Árvore de grande porte utilizada em ruas, estradas e parques.

Andira anthelmina Andira fraxinifolia (FABACEAE)

Pau-angelimÁrvore de médio a grande porte, que proporciona ótima sombra pela copa frondosa.

Balfourodendron riedelianum (RUTACEAE) Pau-marfim Árvore de grande porte, utilizada

em parques e praças.

Bauhinia forficata (CAESALPINIACEAE)

Pata-de-vaca

Árvore de pequeno porte. Pela beleza das flores, é utilizada nos parques e jardins.

Bowdichia virgilioides (FABACEAE) Sucupira

Árvore de grande porte, decorativa em parques e jardins pela beleza das flores roxas.

Cabralea canjerana (MELIACEAE) Canjarana

Árvore de grande porte. Pelo aspecto atraente das folhas e frutos, é recomendada para praças, jardins, canteiros centrais de avenidas, estradas; não deve ser utilizada em calçadas devido ao seu porte e seu sistema radicular superficial.

Tabela 3 - Espécies utilizadas em arborização urbana - Fonte: AMA/SEMA

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Espécies Exóticas na Arborização Urbana

Atualmente, no perímetro urbano de muitos municípios

brasileiros, já aclimatadas, encontram-se algumas espécies exóticas (tabela 4), como

as do gênero: Acer, Cupressus, Ligustrum, Platanus, Populus, Liquidambar,

Quercus, Salix, Grevillea, Eucalyptus, Pinus, Acacia, Lagerstroemia, Melia,

Terminalia, Tipuana, Hovenia.

Algumas utilizadas na região Centro/Sul do Brasil são:

Espécie Nome popular Observações

Grevilea

banksii

(PROTEACEAE)

Grevilha-anã

Árvore de pequeno porte, perene, raízes pivotantes e copa arredondada, indicada para ruas com fiação aérea.

Dombeya wallichii (STERCULIACEAE) Astrapéia

Árvore de pequeno porte, perene, com raízes superficiais, copa arredondada, espécie melífera.

Hibiscus rosa-sinensis (MALVACEAE)

Hibisco ou mimo

Arvoreta ou arbusto de pequeno porte, perene, muito ornamental pela beleza de suas flores durante todo o ano, indicada para ruas com fiação elétrica.

Murraia exotica (RUTACEAE) Murta

Árvore de pequeno porte, perene, com raízes pivotantes, copa arredondada, indicada para ruas com fiação elétrica.

Lagerstroemia indica (LITHRACEAE) Estremosa

Árvore de pequeno porte, de folhas caducas, copa arredondada, indicada para ruas com fiação elétrica.

Tabela 4 – Exemplo de espécies e indicações - Fonte: AMA/SEMA

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Espécies com limitação de uso em arborização urbana

Abaixo estão listadas (tabela 5) algumas espécies não

recomendadas para arborização de áreas urbanas por apresentarem alguns fatores

limitantes:

Espécie Limitação Lithraea brasiliensis Lithraea molleoides Schinus terebinthifolius Schinus mollis (bugreiro e aroeira)

Emitem substâncias alergênicas.

Joannesia princeps (Boleira) Tamanho e peso dos frutos e sementes com efeito purgativo e tóxico.

Schizolobium parahyba (Guapuruvu)

Restrição quando no plantio em avenidas; a queda de suas folhas grandes tem o inconveniente de entupir a entrada de esgoto, podendo causar alagamentos.

Annona cacans (Ariticum-cagão) Apresenta fruto pesado e propriedades diarréicas.

Aspidosperma olivaceum (Peroba-amarela) Crescimento lento.

Prunus myrtifolia

(Pessegueiro bravo) Prunus

brasiliensis (Varoveira)

Espécies tóxicas ao gado, planta altamente cianogênica (produz ácido cianídrico).

Tabela 5 - Espécies com limitação de uso em arborização urbana - Fonte: AMA/SEMA

3.2.3 Poda na Arborização

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Considerações e tipos de podas

Nas áreas urbanas, a poda é uma prática permanente, que visa

garantir um conjunto de árvores vitais, seguras e de aspecto visual agradável. Deve

ser feita a partir de um levantamento das espécies predominantes na arborização da

cidade. O calendário da atividade é montado de acordo com o local de ocorrência da

espécie e sua melhor época de poda.

Regras fundamentais para o executor da poda:

· Arquitetura da copa das árvores

· A fisiologia da compartimentalização

· As técnicas da poda

· As ferramentas e equipamentos mais apropriados para cada

atividade

Para a correta utilização da poda, é necessário reconhecer os

três tipos básicos de poda em árvores urbanas e utilizar a que for mais recomendada

para cada caso:

Poda de educação (ou de formação)

A poda dos galhos deve ser realizada o mais cedo possível, para

evitar cicatrizes muito grandes, desnecessárias. A poda de formação na fase jovem

sempre é uma mutilação, devendo ser executada com cuidado. Deve-se conhecer o

modelo arquitetônico da espécie, considerando, portanto, o futuro desenvolvimento

da copa no espaço em que a árvore está estabelecida. Galhos baixos que

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dificultarão a passagem de pedestres e de veículos deverão ser eliminados

precocemente. Galhos que cruzarão a copa ou com inserção defeituosa deverão

igualmente ser eliminados antes que os cortes se tornem muito difíceis.

Poda de manutenção (ou limpeza)

São eliminados basicamente galhos senis ou secos, que

perderam sua função na copa da árvore. Estes galhos podem, em algumas

circunstâncias, ter dimensões consideráveis, tornando o trabalho mais difícil do que

na poda de formação. Deve ser dada especial atenção à morfologia da base do

galho.

Poda de segurança

Tecnicamente é semelhante a poda de manutenção, com a

diferença de ser praticada em galhos normalmente vitais ou não preparados, pela

árvore, para o corte. A alternativa para esta eventualidade é o corte em etapas. Na

primeira poda, o galho é cortado a uma distância de 50 a 100 cm do tronco. Após um

ou mais períodos vegetativos, procede-se à segunda poda, agora junto ao tronco,

concluindo a operação de remoção do galho.

Corte de raízes

A capacidade de regeneração das raízes é bem mais limitada

que a regeneração da copa. Quanto maior a dimensão da raiz cortada, mais difícil e

demorada sua regeneração, maiores também os riscos para a estabilidade da

árvore. Deve-se evitar o corte de raízes grossas e fortes, principalmente próximo ao

tronco (raízes basais).

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A maneira mais eficiente de evitar problemas com raízes é a

criação de um espaço adequado para o desenvolvimento da árvore. Embora

cada espécie tenha modelos de arquitetura radical próprios, o meio físico é o

principal modelador das raízes.

Orientações sobre poda

· Observar condições biológicas da árvore, considerando se já

há botões florais ou flores. Caso existam, deve-se evitar a poda.

· Conferir condições físicas da árvore, observando o estado

do tronco (oco, rachaduras, podridão), galhos secos ou

mortos.

· Analisar a fiação, caso esteja encostada nos galhos,

desligar a rede, testá-la e aterrá-la e, após, proceder a poda

com os cuidados necessários.

· Executar a poda com segurança, começando a operação,

sempre que possível, de fora para dentro da árvore, usando

ferramentas adequadas.

· Deve-se cortar galhos pesados em pedaços. Os mais leves

descem inteiros. Usar sempre cordas para apoiá-los, antes de

proceder o corte.

· Escolher a melhor época de efetuar a poda, que é logo após a

floração, mas as podas realizadas no final do inverno e início da

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primavera promovem a cicatrização dos ramos de forma mais

efetiva.

· Adequar uma árvore a um espaço menor do que seu

desenvolvimento natural exige não é recomendável.

Selecionar outra espécie que se desenvolva com menos

espaço.

· Não reduzir a copa demasiadamente. Se uma poda severa for

necessária, processá-la em etapas, com maior freqüência.

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3.6 LEVANTAMENTO DE PRAÇAS

As praças estão entre os mais importantes espaços públicos

urbanos (foto 8). Das de ajardinadas e sofisticadas às de comunidades simples, das

de simples campo de jogos às de complexo centro poliesportivo, as praças são ponto

de convergência para a população, local de lazer, encontros, comércio, eventos

políticos, entre muitas outras atividades.

Em Londrina através da Ama/Sema, priorizando o conceito da

qualidade de vida, a Prefeitura e a iniciativa privada reuniram esforços para que as

praças fossem revitalizadas e multiplicadas. Estes espaços passaram pelo processo

de levantamento da quantidade, localização e de decreto de criação, visando uma

futura transformação em áreas ajardinadas que além de embelezarem a cidade,

propiciam a melhoria da qualidade de vida dos moradores e visitantes, constituindo-

se, hoje, em uma boa opção de lazer.

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Foto 8 – Espaço urbano conhecido como praça - Fonte: do autor

As praças de londrina são espaços de convivência, presentes

em todos os bairros onde é possível ver desde crianças correndo e brincando ao ar

livre, aposentados batendo papo e relembrando velhas histórias, pessoas

simplesmente passeando, até casais de namorados. Muitas praça tiveram sua área

doada, seus aspectos originais alterado e a primeira atividade como estagiário foi de

iniciar um levantamento de todos espaços urbanos conhecidos como praças. Muitas

estavam em péssimo estado de conservação e outras tiveram sua área reduzida

porque foram doadas (talvez de maneira irregular ou/e com fins Políticos) e não

atendiam sua função original.

O trabalho de levantamento das praças municipais foi conferido

pela orientadora de campo a Geógrafa Queila Spoladore. A maior dificuldade não foi

a busca pela correta localização, mas pelo decreto de criação e pelos atos (nem

sempre comprovados) de doação de terrenos das praças.

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3.4 Atividade de Fiscalização

O exercício do poder de polícia ambiental, corresponde à

atividade da administração pública que limita ou disciplina direito, interesse ou

liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato em razão de interesse

público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à

disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas ou de

outras atividades dependentes de concessão, autorização, permissão ou licença do

Poder Público de cujas atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza.

O conceito legal de poder de polícia é previsto no artigo 78 do

Código Tributário Nacional, como atividade da administração pública que, limitando

ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção

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de fato, em razão do interesse público concernente aos direitos individuais e

coletivos.

A acepção é ampla de forma a abarcar vários instrumentos da

política ambiental como o licenciamento, a atividade de fiscalização, monitoramento

e realização de auditorias ambientais da SEMA com o apoio se necessária da Polícia

Florestal, também situada no parque Arthur Thomas.

3.4.1 Competência constitucional para o exercício da atividade de fiscalização

O artigo 23 da Constituição Federal, estabelece nos incisos III, VI

e VII, a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios de proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,

artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e sítios

arqueológicos; o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas,

bem como de preservar as florestas, fauna e flora.

Por competência comum, cumulativa ou paralela

compreendemos aquela conferida simultaneamente às entidades político-

administrativas.

Hamilton Alonso Júnior ensina que em regra, a competência

para o exercício do poder de polícia ambiental segue a competência legislativa, ou

seja, o ente a quem a Constituição Federal outorga a competência para legislar

sobre determinada matéria também será competente para sobre ela exercer a polícia

administrativa. Ressaltando entretanto, que "No que tange ao meio ambiente, por

exemplo, em face do que dispõe a Constituição Federal, à primeira vista se poderia

concluir que somente têm competência legislativa a União, os Estados e o Distrito

Federal (incs. VI, VII e VIII). Tal conclusão no entanto, é falsa, pois a mesma Magna

Carta, mais adiante, no art.30, defere aos Municípios competência para legislar

sobre assuntos de interesse (predominantemente) local (inc.I) e suplementar a

legislação federal e a estadual (inc.II)."

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Paulo Leme explica que a Constituição foi clara ao atribuir

indistintamente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a

competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de

suas formas e de preservar as florestas, a fauna e a flora (art.23, incisos VI e VII).

Adequado interpretar-se que qualquer dos entes públicos mencionados têm

competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que essa legislação não

tenha sido da autoria do ente público que a aplica.

William Freire, citando acórdão proferido pelo TJMG,

Jurisprudência Mineira 1171/96, diz ser dever do município exercer o poder de

polícia, impedindo que a população polua o meio ambiente, bem como coibir

qualquer depredação ambiental, fazendo cumprir as normas vigentes e impondo as

penas previstas na lei.

Outrossim, verifica-se pela doutrina mais abalizada de

direito ambiental, o reconhecimento do poder de fiscalização ambiental conferido aos

Municípios.

3.4.2. Da legislação aplicável

A aplicação das penalidades disciplinares ou compensatórias ao

não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da

degradação ambiental constitui um dos instrumentos da política nacional do meio

ambiente.

A Lei n°9605, de 12 de fevereiro de 1998 trata das sanções

penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente.

A referida lei, de aplicação geral, determinou como autoridades

competentes para lavrar o auto de infração ambiental e instaurar o processo

administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do SISNAMA,

designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias

dos Portos, do Ministério da Marinha.

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Os Municípios compõem, juntantamente com outras entidades o

Sistema Nacional de Meio Ambiente- SISNAMA , previsto no artigo 6º da Lei

n°6938/81.

A posteriori foi editado o Decreto n°3179, de 21 de setembro de

1999, regulamentando as infrações administrativas, assim compreendidas como toda

ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e

recuperação do ambiente.

Trata-se de atividade vinculada da administração, vez que

constatada a infração ambiental pela autoridade competente, esta é obrigada a

promover a sua apuração imediata, sob pena de co-responsabilidade, tendo a lei

imputado severas sanções ao administrador, que poderá ser responsabilizado

administrativa, penal e civilmente.

De forma que podem os Municípios aplicar a referida

legislação, desde que tenham em sua estrutura administrativa, órgão ou entidade

com as atribuições de controle e fiscalização ambiental.

3.4.3 Das Sanções Administrativas Aplicáveis Por Infração às Normas Ambientais.

O artigo 2º, do Decreto nº 3.179/99 (federal) relaciona as

sanções administrativas aplicáveis no caso de cometimento de infração ambiental:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

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IV - apreensão dos animais produtos e subprodutos da fauna e

flora, instrumentos, apetrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza

utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total das atividades;

X - restritiva de direitos; e

XI - reparação dos danos causados.

Na aplicação destas sanções, temos que serão advertidos,

sempre que observado descumprimento de qualquer disposição em lei, a fim de que

regularize a situação, dentro do prazo previsto pela administração pública.

A sanção de multa simples é aplicada sempre que o agente, por

negligência ou dolo: I- advertido por irregularidades que tenham sido praticadas,

deixar de saná-las, no prazo assinado pelo órgão competente; II - opuser embaraço

à fiscalização.

Embora a atividade de poder de polícia seja vinculada, quanto à

aplicação das sanções administrativas é discricionária, devendo o agente fiscal ao

aplicar a penalidade observar a gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da

infração e suas conseqüências para saúde pública e ambiente; os antecedentes do

infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental e a situação

econômica do infrator.

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Verifica-se pela análise dos §§1°e 2º do artigo 2º que o legislador

pretendeu a aplicação discricionária das sanções administrativas:

" §1º- Se o infrator cometer, simultaneamente duas ou mais

infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente as sanções previstas neste artigo.

§2º-A advertência será aplicada pela inobservância das

disposições deste Decreto e da legislação em vigor, sem prejuízo das demais

sanções previstas neste artigo."

Ressalva se faz todavia ao §3º do artigo 2º, em que é

obrigatória a aplicação de multa simples, se caracterizada a situação em que o

agente tendo sido advertido, este por dolo ou negligência não tenha sanado as

irregularidades ou opuser embaraço à fiscalização.

Respalda ainda tal entendimento a aplicação dos princípios do direito

ambiental, como o princípio da prevenção. Neste sentido Celso Antônio Pacheco

Fiorillo:

"Diante da impotência do sistema jurídico, incapaz de restabelecer,

em igualdade de condições, uma situação idêntica à anterior, adota-se princípio da

prevenção do dano ao meio ambiente como sustentáculo do direito ambiental,

consubstanciando-se como seu objetivo fundamental. A prevenção e a preservação

devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser

desenvolvida através de uma política de educação ambiental.

Além disso, a efetiva prevenção do dano deve-se também ao

papel exercido pelo Estado na punição correta do poluidor, pois, dessa forma, ela

passa a ser um estimulante negativo contra a prática de agressões ao meio

ambiente.

Sob o prisma da Administração, encontramos a aplicabilidade

do princípio da preservação por intermédio das licenças, das sanções

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administrativas,da fiscalização e das autorizações, entre outros tantos atos do Poder

Público, determinantes da sua função ambiental de tutela do meio ambiente."

Permite-se a conversão da multa simples em serviços de

preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. Quanto a

multa diária, será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no

tempo (art. 72, § 5º, Lei n.º 9605/98 e § 5º, art. 2º, Dec. n.º 3179/99).

O Decreto estabelece os valores máximos e mínimos de

aplicação do valor da multa. Os três entes federados estão habilitados à aplicação

desta sanção, conforme disposto no artigo 76, da Lei n.º 9605/98. "O pagamento de

multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a

multa federal na mesma hipótese de incidência". Mesmo que corram processos

administrativos nas três instâncias, o pagamento da multa em uma destas, exclui o

pagamento da multa federal ou mesmo, dentro de uma interpretação analógica, a

multa estadual em relação aos Municípios , podendo a autoridade competente, de

ofício ou mediante provocação, independentemente do recolhimento de multa

aplicada, majorar, manter ou minorar o seu valor, respeitando os valores

determinados no Decreto.

Vladimir Passos de Freitas entende ser ilegal a disposição do

artigo 3º do Decreto n°3179/99, o qual fixou em 10% o percentual da multa devido ao

Fundo Nacional do Meio Ambiente, pois inexistente tal limitação na Lei n°9605/98.

A valoração da multa tem por base a unidade, o hectare, o

metro cúbico, a quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto

jurídico lesado.

É lícita a suspensão da exigibilidade das multas, quando o

infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se

à adoção de medidas específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação

ambiental (art. 60, Dec. 3179/99). Prevê o §9°, do art.2° do Dec. n°3179/99, que o

cometimento de nova infração por agente beneficiado com a conversão de multa

simples em prestação de serviços de preservação, melhoria e recuperação da

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qualidade do meio ambiente, implicará na aplicação de multa em dobro do valor

daquela anteriormente imposta.

As sanções dos incisos IV e V dispensam comentários.

Quanto as sanções previstas nos incisos IV (suspensão de venda e fabricação do

produto), VII (embargo de obra ou atividade) e VIII (demolição de obra) do caput do

artigo 2º, do Dec. n.º 3179/99, serão aplicadas quando o produto, a obra, atividade

ou o estabelecimento não estiverem obedecendo as determinações legais ou

regulamentares.

As sanções restritivas de direitos são aplicáveis às pessoas

físicas ou jurídicas, sendo elas: I - suspensão de registro licença, permissão ou

autorização; II - cancelamento de registro, licença, permissão ou autorização; III -

perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da

participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; e V

- proibição de contratar com a administração pública, pelo período de até 03 anos.

A lei prevê a reincidência, quando configurada a prática de

nova infração ambiental cometida pelo mesmo agente no período de três anos,

determinando que esta pode ser:a)específica- cometimento de infração da mesma

natureza; b) genérica- cometimento de infração ambiental de natureza diversa. Neste

caso aplica-se multa em dobro ou triplo, conforme o caso.

Sobre o procedimento administrativo, temos que estas

infrações devem ser apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o

direito de ampla defesa e o contraditório, consoante o artigo 5º, inc. LV da

Constituição Federal.

Os Municípios deverão organizar sistema de contencioso

administrativo para apreciação dos recursos atinentes à aplicação das sanções

mencionadas, delineando a autoridade competente, as instâncias cabíveis e os

prazos recursais.

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Os recursos ou impugnações aos autos de infração deverão ser

dirigidos aos órgãos ou entidades da mesma esfera administrativa do ente federado,

não permitindo por exemplo, que um auto de infração lavrado por agente fiscal

municipal seja julgado por entidade estadual.

O artigo 71 estabelece os seguintes prazos máximos para

apuração da infração: I- 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa, ou

impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; b)

30 (trinta) dias para a autoridade julgar o auto de infração, contados da data de sua

lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; c) 20 (vinte) dias para o

infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do

Meio Ambiente- SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da

Marinha, de acordo com o tipo de autuação; d) 05 (cinco) dias para o pagamento de

multa, contados da data do recebimento da notificação.

A justificativa dos prazos decorre principalmente da

peculiaridade das infrações ambientais que exigem agilidade.

Por fim, ressalte o caráter objetivo da caracterização da infração

administrativa. O artigo 2º,§10º do Decreto n°3179/99 prevê que independentemente

de existência de culpa, é o infrator obrigado à reparação do dano causado, afetado

por sua atividade.

A responsabilidade ambiental tanto civil como administrativa é

objetiva. Por responsabilidade objetiva compreende-se a imputação de reparação do

dano independente da avaliação do elemento subjetivo (dolo ou culpa) da conduta

do agente, bastando a comprovação do nexo de causalidade e a ocorrência efetiva

do dano.

O artigo 225, §3º da Constituição Federal trata da questão, ao

prescrever que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais ou

administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano.

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É mister salientar que não devemos confundir a aplicação da

sanção administrativa e a obrigação de reparação dos danos, pois possuem

fundamentação diversa. A primeira possui caráter punitivo, no sentido de inibir a

ocorrência da infração, já a reparação constitui obrigação legal de recomposição dos

danos, sendo atos independentes.

As sanções acima discriminadas são atos administrativos é

como tais, deverão atender aos elementos essenciais que formam o ato

administrativo, como a competência, finalidade, forma, objeto e motivo, sob pena de

nulidade.

Gozam ainda os atributos naturais do ato administrativo: a)

presunção de legitimidade, respaldada na supremacia do interesse público sobre o

privado, o qual exige celeridade e segurança jurídica nas atividades do poder

público. Hely Lopes Meirelles ensina que a presunção de legitimidade autoriza a

imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos

com defeitos ou nulidades e gera a transferência do ônus da prova ao administrado;

b)imperatividade o qual imputa a administração o poder de coerção para o

cumprimento de seus atos;

c) auto-executoriedade ensejando a imediata e direta execução

sem pronunciamento judicial. Assim, por exemplo, a administração pode sem

pronunciamento judicial interditar uma atividade que esteja descumprindo a

legislação ambiental.

Devendo o Município em sua atuação, regulamentar os

aspectos referentes à estruturação administrativa, indicando o órgão ou entidade

responsável pela fiscalização e controle ambiental, o sistema de contencioso para

apuração das sanções aplicadas e a legislação referente aos prazos e condições de

recursos.

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3.5 Outros Projetos da SEMA:

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Foto 9 – Trilhas usadas no “A Escola vai ao Parque” - Fonte: do autor - 2005

A Escola vai ao Parque: Através de monitores a AMA

assessora estudantes de escolas de primeiro grau, em visita ao Parque Arthur

Thomas e suas trilhas (foto 9), conversando sobre natureza e questões ambientais.

SALVO - Serviço Ambiental Voluntário: criado pela AMA no

último dia 22 de março - Dia Mundial da Água e Ano Internacional do Voluntariado. O

integrante do SALVO participa de atividades educacionais, científicas, recreativas e

culturais, voltadas à preservação, recuperação e promoção ambiental. Através de

cursos de capacitação, o voluntário está apto a auxiliar a fiscalização ambiental da

cidade. O SALVO conta, atualmente, com 120 voluntários.

Biblioteca de Meio Ambiente: em processo de implantação, a

Biblioteca de Meio Ambiente disporá seu acervo ambiente à população de Londrina,

em computadores, livros e demais publicações relativas ao meio.

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Plano de Manejo do Parque Arthur Thomas

Foto 10 – Barragem do parque, atualmente recebendo adequações -

usado no plano manejo” - Fonte: do autor - 2005

O parque Arthur Thomas (foto 10) possui 82,72 há, inseridos

dentro da área urbana. O objetivo do plano de manejo é garantir a preservação desta

área , já que a mesma é um grande atrativo para a população de Londrina e região.

O plano procura resolver problemas como erosão, assoreamento e acúmulo de lixo,

além de realizar o manejo de animais e recomposição da vegetação, através de

levantamento da área e posteriormente apresentando propostas para a solução dos

mesmos.

Revitalização do Parque Ecológico Dr. Daisaku Ikeda

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Inaugurado há um ano, o parque Ecológico Dr. Daisaku Ikeda,

possui 51,28 alqueires, sendo 17% de área útil e o restante de banhados e alagados.

O remanescente florestal presente na área é de aproximadamente um alqueire.

Atualmente a AMA está trabalhando na recomposição da mata ciliar no entorno da

represa, formada no trecho do Ribeirão Três Bocas pertencente ao Parque. E para a

revitalização em toda extensão do Parque estão sendo desenvolvidos os seguintes

programas: educação ambiental; recomposição vegetal; implantação do arboreto;

controle de plantas aquáticas; assoreamento e balneabilidade da água;

levantamento e cadastro de propriedades vizinhas e monitoramento da ictiofauna,

mastofauna e avifauna.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das idéias e questões postas e vividas no trabalho, como

produto de toda uma história de vivências e experiências, estruturadas coletivamente

no diálogo de quem trabalha em uma função técnica e as vezes é obrigado a

sucumbir à decisão política, com quem aprende e com quem se aprende, destaca-se

um último desafio.

O desafio é fazer trabalhos no campo urbano-ambiental. É fazer

do trabalho de geógrafo uma das possibilidades para que a teoria e a prática sejam

articuladas na e articuladoras da pesquisa e da reflexão necessárias à

construção/reconstrução de (novos) saberes sobre a realidade geográfica (sem

desarticular o humano do físico).

É preciso ir a campo porque “geografia de gabinete” só existe

para o compilador de dados, como foi dito por Francis Ruellan ainda em 1944. No

seu entender, para o pesquisador, o gabinete “serve apenas de complemento da

investigação no campo que é a fonte viva de toda observação e interpretação nova.

Desde a origem da geografia moderna, todos os grandes mestres não seguiram

outro método, o único em verdade que pode libertar a produção geográfica do

trabalho livresco e do vão palavrório sem base científica e sem nenhuma relação

com a vida do Globo”. (p.45)

Não é preciso, certamente, ser um “grande mestre”, mas um

Geógrafo que toma consciência das mudanças que deve operar no seu trabalho, em

atenção a uma sociedade crítica, na qual o trabalho tem sentido, é vivo e faz

diferença na vida do profissional de Geografia, da mesma forma que esse pode fazer

diferença na vida das pessoas.

As ações práticas de/no campo, como momento e locus privilegiado

para encontrar o caminho para a concretização da teoria-prática, fazem parte do

compromisso da formação para a transposição dos conhecimentos e competências

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para a atuação profissional campestre, iluminadas pela convicção de que o diálogo

com o espaço geográfico, atividade viabilizada pelo trabalho de campo e da vivencia

no trabalho da vida profissional, se dá para além das fronteiras verbais, no chão,

como prática andante.