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EMPREGABILIDADE VERSUS QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS :EXPECTATIVAS DE GRADUANDOS EM ADMINISTRAÇÃO DE DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR LOCALIZADAS NA CIDADE DE MANAUS-AM Mirian Serrão Vital (UEA) [email protected] ADILSON CORREA ALVES (PETROBRAS) [email protected] O assunto abordado neste artigo refere-se às influências da globalização sobre o mundo do trabalho, enfocando-se neste contexto, as percepções de qualidade versus empregabilidade de alunos finalistas do Curso de Administração de duas instittuições de ensino superior, sendo uma pública e outra particular, localizadas na cidade de Manaus-Am. Na instituição particular, a pesquisa ocorreu entre os meses de novembro a dezembro de 2007 e participaram da pesquisa 85 de um total de 120 alunos finalistas. Já na universidade pública participaram 49 discentes finalistas de um total de 60, sendo que a pesquisa ocorreu entre setembro e novembro de 2007. Através da aplicação de questionário junto a estes dois grupos de alunos finalistas, pôde-se conhecer e comparar as opiniões dos pesquisados acerca da temática empregabilidade. Investigou-se, assim, a percepção de empregabilidade destes alunos através de alguns fatores, tais como: situação atual de emprego, tipo de vínculo de trabalho, promoções conseguidas pela realização de um curso superior, melhor colocação ou novas oportunidades no mercado de trabalho, atuação em posição gerencial, desejo de continuidade à formação em nível de pós- graduação, avaliação da relação teoria aprendida versus prática organizacional, entre outros. Ao término da pesquisa, percebeu-se um alinhamento de opiniões bastante expressivo entre os dois grupos estudados, pois os graduandos das duas instituições demonstraram possuir muitas incertezas quanto à empregabilidade, depois de formados, junto ao mercado de trabalho. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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EMPREGABILIDADE VERSUS

QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS :EXPECTATIVAS DE

GRADUANDOS EM ADMINISTRAÇÃO DE DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR LOCALIZADAS NA CIDADE DE MANAUS-AM

Mirian Serrão Vital (UEA)

[email protected] ADILSON CORREA ALVES (PETROBRAS)

[email protected]

O assunto abordado neste artigo refere-se às influências da globalização

sobre o mundo do trabalho, enfocando-se neste contexto, as percepções de

qualidade versus empregabilidade de alunos finalistas do Curso de

Administração de duas instittuições de ensino superior, sendo uma pública

e outra particular, localizadas na cidade de Manaus-Am. Na instituição

particular, a pesquisa ocorreu entre os meses de novembro a dezembro de

2007 e participaram da pesquisa 85 de um total de 120 alunos finalistas.

Já na universidade pública participaram 49 discentes finalistas de um

total de 60, sendo que a pesquisa ocorreu entre setembro e novembro de

2007. Através da aplicação de questionário junto a estes dois grupos de

alunos finalistas, pôde-se conhecer e comparar as opiniões dos

pesquisados acerca da temática empregabilidade. Investigou-se, assim, a

percepção de empregabilidade destes alunos através de alguns fatores,

tais como: situação atual de emprego, tipo de vínculo de trabalho,

promoções conseguidas pela realização de um curso superior, melhor

colocação ou novas oportunidades no mercado de trabalho, atuação em

posição gerencial, desejo de continuidade à formação em nível de pós-

graduação, avaliação da relação teoria aprendida versus prática

organizacional, entre outros. Ao término da pesquisa, percebeu-se um

alinhamento de opiniões bastante expressivo entre os dois grupos

estudados, pois os graduandos das duas instituições demonstraram

possuir muitas incertezas quanto à empregabilidade, depois de formados,

junto ao mercado de trabalho.

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Palavras-chaves: Globalização; Qualidade; Mercado de Trabalho; Ensino

Superior; Empregabilidade.

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1.Introdução

A área de prestação de serviços envolve a produção de serviços propriamente ditos e a estruturação de métodos. Assim, no ambiente de prestação de serviços a Gestão da Qualidade centra-se fundamentalmente na interação com o usuário (PALADINI,2004).

Um elemento que altera inteiramente o processo de Gestão da Qualidade no setor de serviços é o fato de, por estar fisicamente presente em sua geração, o cliente interfere na produção de serviços. O atendimento pleno ao cliente, portanto, envolve expectativas expressas por ele durante o próprio processo e requer extrema flexibilidade, criatividade e capacidade de adaptação (IBIDEM, pág. 194).

Uma das grandes indagações atuais dos estudantes universitários é relativa ao potencial e oportunidades que a educação superior pode agregar ao desenvolvimento profissional, frente aos desafios das mudanças econômicas e sociais proporcionadas pela globalização, como a reestruturação produtiva e as conseqüentes alterações no mercado de trabalho no Brasil e no mundo.

Não basta que o profissional tenha concluído um curso superior para assegurar a conquista de um emprego. O grau de exigibilidade cresceu muito, requerendo e esperando do profissional a demonstração de aptidões e conhecimentos de que as empresas necessitam, na busca de novas alternativas organizacionais, bem como na solução de seus problemas (CARVALHO, 2006).

Desta forma, é importante avançar na discussão sobre como as instituições de ensino superior estão implementando, do ponto de vista da qualidade, a dimensão da prática dos cursos que oferecem à sociedade de forma a garantir uma sólida relação entre teorias aprendidas e práticas organizacionais a serem vivenciadas pelos profissionais nas suas respectivas áreas. A universidade, deveria assim, estar voltada para o aluno e para o mercado, entendendo suas expectativas e necessidades, de forma a oferecer uma estrutura de ensino adequada aos objetivos de seus acadêmicos e às necessidades do mercado de trabalho (ROWE, 2004).

Nesta perspectiva, considera-se importante conhecer a percepção de empregabilidade de alunos finalistas, visto que em pouco tempo sairão da universidade. Segundo Chiavenato (2004), empregabilidade significa a capacidade de conquistar e manter um emprego em uma organização. Deve-se, portanto, pensar a respeito das atitudes a serem desenvolvidas para que se possa atuar nesse mercado de trabalho emergente e globalizado, cuja evolução prevê mudanças no emprego formal e na trajetória de empregabilidade contínua, o que implicaria diretamente no desenvolvimento de carreiras sem rupturas no percurso profissional.

Empregabilidade é o conceito no qual se estabelece para os profissionais, empregados ou não, a obrigatória preocupação no sentido maior de se manterem permanentemente atualizados e empregáveis, diante das exigências de formação, em face das habilidades, especializações e talentos que o mercado de trabalho requer (CARVALHO, 2006).

Através da realização de pesquisa quantitativa buscou-se conhecer e comparar as opiniões de dois grupos de graduandos em administração quanto a alguns aspectos concernentes a: campo de atuação profissional - se indústria, se comércio, se instituições públicas, se ONGs ou se outros

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tipos de instituições; contribuição da formação superior para a obtenção de emprego ou para o processo de promoções e/ou novas oportunidades de emprego; intenções dos alunos pesquisados em dar continuidade à formação acadêmica em cursos de pós-graduação; motivação para dar continuidade à formação através da realização de cursos de pós-graduação; preparação e desejo para iniciar o próprio negócio; relação existente entre as teorias estudadas e as exigências do mercado de trabalho.

Assim, uma pesquisa que se propõe a estudar aspectos relacionados a Qualidade na prestação de serviços versus percepção de empregabilidade de graduandos em administração de duas instituições de ensino, levantando, analisando e comparando questões que poderão contribuir sobre o ponto de vista do emprego e da qualificação profissional no que tange à compreensão e reflexão do assunto, poderá tornar-se mais uma ferramenta para novas formas de implementar as mudanças necessárias na formação de alunos do referido curso. Neste caso, a pesquisa se justifica como contribuição acadêmica dentro deste escopo.

2-As forças econômicas da Globalização e seus reflexos sobre a empregabilidade

Globalização é o movimento pelo qual a economia-mundo identifica-se com a economia mundial. O rótulo é recente, mas o processo que foi deflagrado pelas grandes navegações, tem cinco séculos. O antigo sistema colonial, o imperialismo europeu na Ásia e na África e a emergência dos Estados Unidos à condição de superpotência da Guerra Fria ritmaram a globalização (MAGNOLI, 2003).

O avanço da globalização – ou mundialização – trouxe consideráveis ventos de mudança, removendo barreiras, muros e fronteiras, reduzindo distâncias, unindo e aumentando o intercâmbio e o relacionamento entre as nações (CARVALHO, 2006).

De acordo com Magnoli (2003), a revolução tecnológica combina-se com a globalização econômica e reorganiza a paisagem industrial do planeta. Cada ciclo de inovação tecnológica, desde a máquina a vapor até a informática, reativou o temor do fim dos empregos. De fato as novas tecnologias eliminam empregos em setores tradicionais da economia. Em compensação, criam novos produtos, indústrias e serviços, produzindo demanda de força de trabalho. De acordo com Chiavenato (2004) a manutenção, permanência e estabilidade no emprego é uma característica da era industrial que não se estendeu para a era da informação. Na era da informação o emprego está se tornando mais cada vez mais flexível, mutável, parcial e virtual.

Nas últimas duas décadas, o extermínio de empregos industriais nos países desenvolvidos foi parcialmente compensado pela criação de empregos no setor de serviços. As principais reduções no emprego industrial ocorreram, nos anos recessivos. Nesses anos, apesar da desaceleração, continua-se a ampliação da absorção de força de trabalho pelo setor de serviços (MAGNOLI, 2003).

Considerando-se este cenário de mudanças no mundo globalizado, as organizações dependem de pessoas que possam compreender a missão e a visão organizacional, que tenham foco no cliente, em metas e resultados, em melhoria e desenvolvimento contínuo e no trabalho participativo em equipe. Precisam, ainda, de profissionais éticos e responsáveis, comprometidos e dedicados, com talentos, habilidades e competências, com capacidade para aprender e crescer profissionalmente (CHIAVENATO, 2004).

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3. Educação Superior versus Mercado de Trabalho: novas facetas

O debate sobre as relações entre educação superior e trabalho, qualificação e renda, sofreu importante inflexão nas últimas décadas. Foi-se o tempo em que bastava constatar que a população mais educada recebia salários mais elevados, justificando-se o diferencial pelos anos de escolaridade e titulação. É por isso que a educação tem o papel de formar cidadãos capazes para enfrentar as mudanças que estão ocorrendo em todos os níveis da sociedade. O desafio central é buscar uma educação que seja capaz de contribuir com o indivíduo e para a sociedade de maneira a torná-lo mais integrante e atuante (ROWE, 2004).

A realidade apresentada pelo mercado globalizado já não permite fazer uma correlação linear entre obtenção de diploma, mercado de trabalho e níveis salariais, não apenas porque a fração dos incluídos no mercado decresce, mas porque uma massa importante e crescente de pessoas educadas potencialmente capazes de apresentar correlações positivas terá que enfrentar vidas profissionais não lineares, participando de uma gangorra social e profissional que alterna momentos de inclusão e de exclusão e vendo-se obrigada a reconverter-se muitas vezes na vida ou a lançar mão de conhecimentos e virtudes aprendidos fora do sistema escolar para enfrentar mixes possíveis (PAIVA, 1998).

Todas estas considerações, contudo, não devem levar à conclusão de que a certificação através de diplomas perdeu o seu valor. Ela simplesmente constitui a base a partir da qual a qualificação real precisa ser demonstrada reiteradamente ao longo da vida nas mais diversas e variadas situações.

Dentre os temas mais significativos, presentes no debate internacional sobre educação superior, evidenciam-se as novas necessidades de uma demanda cada vez mais diversificada; os novos objetivos e funções da educação superior no século XXI; o lugar da universidade no mundo virtual das novas tecnologias da informação e da comunicação; a integração entre ensino e pesquisa; as mudanças nos perfis profissionais e no processo formativo, a interdisciplinaridade. Essas temáticas explicitam diferentes elementos da conjuntura atual, bem como as novas tensões, exigências e desafios colocados à educação superior e à formação profissional (CATANI e OLIVEIRA, 2002)

Compreende-se, neste sentido, que o empresariado demanda formação básica ampla, diploma de ensino superior e competência profissional num patamar elevado a partir do qual ele possa escolher seus eleitos, seja por necessidade real ou pela sua disponibilidade no mercado. Logo, as instituições de ensino superior devem incorporar às suas missões a promoção da excelência na formação, com vistas a uma qualificação que atenda às exigências do mercado de trabalho.

4.Gestão da qualidade na área de prestação de serviços: avaliação com base em clientes e consumidores

Para Paladini (2004), o que difere as atividades que geram métodos das atividades que produzem serviços é a presença de três elementos: quem fornece tecnologia, quem adquire tecnologia para gerar um produto e quem consome o produto. Em serviço, so há dois elementos envolvidos: quem solicitou o serviço e quem o presta.

Assim, os conceitos da qualidade são aplicáveis a todos os produtos. O que mudam são as estratégias de gestão da qualidade para cada caso. No ambiente industrial a gestão da qualidade

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tem características bem definidas, em geral, centradas no produto. O mesmo ocorre para serviços e métodos, nos quais se prioriza a interação com os clientes.

De acordo com Paladini (2000), a avaliação da qualidade com base no mercado (atual e futuro) envolve os seguintes aspectos básicos:

-Trata-se do modelo de avaliação que visa determinar o nível de satisfação do consumidor. Com base nessa análise, pode-se definir o perfil de atendimento que será conferido aos clientes. O modelo, assim ,além de monitorar os consumidores, acompanha com cuidado o perfil e as tendências dos clientes;

-A ênfase da avaliação é a relação entre as expectativas de consumidores e de clientes e as características dos produtos e dos serviços oferecidos, entre outros.

Parece fácil observar que essa é uma avaliação crítica. Possui procedimentos diretos de análise, que causam impactos fortes na empresa, em sua forma de atuar e de operar.

5. Administradores: o que aspiram as organizações competitivas

Em linhas gerais pode-se afirmar que Administração é o processo que envolve planejamento, organização, direção e controle. Envolve o ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar os objetivos da organização, bem como de seus membros. Os administradores podem desempenhar suas atividades nas mais distintas organizações, assumindo posições em níveis gerenciais.

Para Silva (2004), o administrador deve possuir algumas habilidades como: visão sistêmica da empresa, coordenação de trabalhos em equipe, gerenciamento de inovação, relacionamento com culturas diversas, integração do saber e do fazer, capacidade de negociação, visão estratégica, capacidade de delegação e decisão, autogerenciamento, resolução de problemas.

Referindo-se ainda ao profissional de administração, Tachizawa (2005), afirma que a demanda pelo profissional graduado em administração, com perfil multidisciplinar, está ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Não apenas na área pública e acadêmica, mas principalmente na iniciativa privada, requisita-se um profissional com visão ampla e analítica.

Nas grandes organizações os gerentes gerais e os altos executivos são submetidos a intensa pressão para obter lucros sempre maiores. A competência dos gerentes será fator diferencial para melhorar a eficiência ou posição competitiva de uma organização. Segundo Fleury e Fleury (2004), a competência do indivíduo não é um estado e não se reduz a um conhecimento ou know-

how específico. A competência, seria assim, o resultado do cruzamento de três eixos: a formação da pessoa (sua biografia e socialização), sua formação educacional e sua experiência profissional.

Assim, espera-se que os profissionais formados em Administração possuam um arsenal de competências administrativas necessárias para um alto desempenho em cargos gerenciais. Recomenda-se, por isso, que as instituições de ensino que oferecem este curso em nível de graduação, possam desenvolver estratégias para formação de um profissional competitivo, arrojado e empreendedor capaz de resolver situações com flexibilidade e adaptabilidade diante de problemas e desafios organizacionais.

6. Procedimentos Metodológicos

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O modo de investigação adotado neste trabalho foi o estudo comparativo de natureza quantitativa. Buscou-se comparar aspectos relacionados a empregabilidade junto a dois grupos de alunos finalistas em administração pertencentes a duas instituições de ensino, sendo uma de natureza pública e outra de natureza privada, ambas localizadas em Manaus-AM. Através da pesquisa foi possível conhecer e comparar a percepção que os alunos finalistas em Administração das duas instituições pesquisadas acreditavam possuir acerca do nível de empregabilidade alcançado no decorrer do curso realizado.

As instituições foram escolhidas pelo critério da natureza – pública X privada – justamente para tentar demonstrar as principais diferenças existentes ou não, em relação ao tema proposto. Utilizou-se, também como critério de escolha, o tempo de existência das instituições, pois ambas existem desde o ano de 2001.

Buscou-se assim, através de um questionário fechado, contemplar questões que pudessem elucidar o objetivo proposto. O questionário de pesquisa foi respondido por 85 alunos finalistas num total de 120 formandos da instituição particular e por 49 num total de 60 formandos da instituição pública de ensino superior.

Os questionários foram respondidos por ambos os grupos, nos términos das aulas, onde era explicado o caráter da pesquisa. Os dados obtidos foram tabulados e analisados estatisticamente, partindo-se assim de abordagem quantitativa de pesquisa.

7.Resultados da Pesquisa

O gráfico 1 acima, reúne informações sobre a distribuição da população, considerando o gênero, a faixa etária e a situação do ponto de vista do emprego obtidas junto aos alunos graduandos em administração das duas instituições de ensino participantes da pesquisa.

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Tomando-se por referência os resultados da pesquisa de campo, apresentados no gráfico 1, é possível destacar que , a instituição pública tem mais homens (61,2%) matriculados que na instituição particular, a qual tem mais mulheres (52,9%) realizando o curso. No que diz respeito a faixa etária, os graduandos da instituição particular tem, em sua maioria, a idade entre 23-28 (32,9%), e a maior ocorrência no outro grupo de alunos foi a faixa etária compreendida entre 18-22 (32,6%).

Nos dois grupos, como se verifica no Gráfico 2, a maior parte dos pesquisados trabalha. Na instituição particular o percentual foi de 87,1% e na outra instituição foi de 85,7%. A área de atuação dos alunos da instituição particular é na sua maior parte na indústria (32,0%) enquanto que a área de atuação dos graduandos pertencentes a instituição pública está mais concentrada no serviço público (57,2%). O fato de estar empregado, em muitos casos, assegura a permanência destes profissionais em uma instituição particular ou pública de ensino, pois muitas são as ocorrências de discentes que se afastam da faculdade quando ficam fora do mercado de trabalho.

Uma boa parte dos graduandos (67,1% e 75,5), da particular e da pública, respectivamente, acredita que o fato de estar cursando uma faculdade lhes ajudou muito frente ao mercado de trabalho e acreditam também, em sua maioria, que o mercado de trabalho será promissor, depois de se graduarem. Contudo, uma considerável parte dos discentes das duas instituições afirmaram, que o curso lhes proporcionou, apenas em parte, uma capacitação adequada frente às exigências do mercado de trabalho. Isso representa que, embora estes alunos, em sua maioria, já trabalhem, os mesmos já puderam observar que as exigências e requisitos das organizações capitalistas aos seus participantes é crescente.

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O Gráfico 3, apresenta os resultados do questionamento sobre a relação existente entre as teorias estudadas e as práticas organizacionais vivenciadas pelos formandos, as respostas, em sua maior parte, convergiu para apenas “em parte”, tanto por parte dos alunos da instituição privada (65,9%) quanto pelos discentes da outra instituição (63,3%). No que se refere à capacitação adequada para atuar como administrador, um pouco mais da metade dos discentes do ensino particular (54,1%) afirmaram ter plena certeza da capacitação para o exercício da profissão de Administrador. Já os graduandos do ensino público (55,1%) disseram que se sentem apenas em parte preparados para o exercício da profissão.

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O Gráfico 4 faz referência as respostas dos entrevistados quanto às promoções conseguidas pelo fato de estar realizando um curso superior, em ambos os grupos, convergiram em sua maioria para “ajudou pouco” e “não ajudou nada”. No que se refere a novas chances em novas empresas pelo fato de estar realizando um curso superior, as respostas, na sua maior parte expressam que estes alunos tanto da instituição pública (81%) quanto da particular (81%) não tiveram oportunidades para mudar de emprego.

Tratando-se da visão empreendedora do próprio negócio, 49,41% (ensino particular) deseja iniciar o próprio negócio depois de formado, enquanto que apenas 38,8% (ensino público) tem esta aspiração. Mais da metade dos graduandos da instituição particular (62,35%) acredita estar preparado suficientemente para iniciar o próprio negócio, enquanto que 51,0% (ensino público) afirmaram estar preparados. Os alunos do ensino privado (72,94%) julgam que é melhor trabalhar sendo dono do próprio negócio, enquanto que 57,1% (ensino público) tem essa certeza.

É natural que as respostas dos graduandos em administração da instituição particular sejam mais enfáticas quanto ao desejo de iniciar o próprio negócio, visto ser um curso com habilitação em gestão empresarial. É compreensível, também, respostas menos expressivas quanto ao desejo de iniciar o próprio negócio por parte dos alunos da outra instituição, visto se tratar de um curso com habilitação em gestão pública.

Positivamente, neste estudo, destacou-se, em ambos os grupos, o desejo que, em sua maioria, quase que absoluta, 96,5% (ensino particular) e 98,0 % (ensino particular) têm os pesquisados de dar continuidade à formação em nível de pós-graduação.

8. Discussões e Conclusões

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A globalização da economia trouxe mudanças significativas ao mercado de trabalho e consequentemente, as organizações, para manter-se competitivas, passaram a exigir uma nova performance profissional de seus colaboradores neste novo milênio. A empregabilidade, neste contexto, passou a representar a condição daquele(a) que consegue se ajustar às contínuas mudanças do mundo do trabalho, estando apto a permanecer nele. Nestes novos tempos os profissionais são avaliados pelo comprometimento, postura e visão empreendedora, criatividade, visão crítica e global da empresa. Assim, as experiências adquiridas e os conhecimentos aprofundados ao longo de um curso superior podem se tornar uma condicionante fundamental da empregabilidade.

Através do estudo comparativo, realizado junto a alunos finalistas do curso de Administração de uma instituição particular e outra pública de ensino, a pesquisa não apontou diferenças expressivas nas respostas obtidas, pois ambos os grupos afirmaram que o curso lhes proporcionou apenas em parte, uma capacitação adequada frente as exigências do mercado de trabalho. Ou seja, embora estes alunos, em sua maioria, já trabalhem, os mesmos já puderam observar que as exigências e requisitos das organizações capitalistas aos seus participantes tornam-se cada vez maiores.

Outro aspecto preocupante relaciona-se ao fato de os alunos em sua maioria perceberem, que apenas em parte foi feita uma boa articulação entre as teorias estudadas na academia e a prática organizacional vivenciada por estes. Considere-se também que de acordo com as respostas obtidas, poucas foram as promoções conseguidas durante a faculdade, bem como reduzido o número de respostas que convergiu para melhores oportunidades de propostas de trabalho durante a realização do curso superior.

Enfim, a empregabilidade de egressos deveria ser uma grande preocupação das instituições superiores de ensino, quer sejam públicas, quer sejam privadas, pois não deveria haver falta de interligação entre as instituições de ensino e o mundo empresarial que vivencia ciclos de aprendizagem, mudanças e inovações.

9-REFERÊNCIAS

CARVALHO, Pedro Carlos de. Empregabilidade – a competência necessária para o sucesso no novo milênio. Campinas: Editora Alínea, 4. ed , 2006.

CHIAVENATO, Idalberto . Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações . São Paulo: Pioneira Thomson, Learning, 2004. CATANI,Afrânio Mendes; OLIVEIRA, João Ferreira de. Educação Superior no Brasil. Reestruturação e Metamorfose das Universidades Públicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

FLEURY,Afonso;FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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MAGNOLI, Demétrio.Globalização: estado nacional e espaço mundial. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade:teoria e prática. 2 ed.São Paulo: Atlas, 2004. PALADINI, Edson Pacheco. Avaliação estratégica da qualidade.São Paulo:Atlas, 2002. PAIVA, Vanilda. Educação e mundo do trabalho: notas sobre formas alternativas de inserção de setores qualificados. Revista Contemporaneidade e Educação. Tema Central: Inserção alternativa de profissionais qualificados. Ano III, n. 4, p. 8-21, 1998.

ROWE, Diva Ester Okazaki, Perspectivas de ensino-aprendizagem e habilidades necessárias ao administrador: um estudo de caso. Revista ANGRAD – Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração. Vol 5, n 1 (jan/fev/mar), p. 41-61, 2004.

SILVA, Eduardo; ZELAYA, Maura Lígia. O profissional de administração e os desafios da sua formação. Revista Científica Symposium. Vol. 3, n. 1, (jan/jun.), p. 6-17, 2005.