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SUPLEMENTO DO AÇORIANO ORIENTAL NOVEMBRO DE 2011 n 02 Embora a essência da poesia radique na revelação do próprio eu, tal não significa que a realidade exterior seja estranha ao poeta. Esta, não raro, é ponto de par- tida para a sua criação, mas não sem que o sujeito poé- tico a transforme, porquanto apenas pretende, através dela, vazar a sua subjetividade, como nos faz notar Aguiar e Silva na sua Teoria da Literatura. N’ “A Canção do Semeador”, o eu lírico considera haver afinidades tais entre o labor poético e o do “semea- dor” que, metaforicamente, identifica essas realida- des distintas, afirmando que o poeta é um “semea- dor”. Ao convocar essa realidade outra, o poeta mais não deseja que exteriorizar o seu sonho de mudança, convidando-nos à concretização daquilo que antevê como possível: semear o futuro é a parte que lhe cabe enquanto poeta vidente; escutar o seu canto de con- fiança é a que nos é reservada. Semear o futuro é, na atual conjuntura económico-so- cial, mais do que um desafio. É uma obrigação ética. A impossibilidade de prever, por falta de planeamento a longo prazo, a matriz identitária da sociedade na qual os jovens serão chamados a intervir obriga-nos a valo- rizar não apenas a aquisição dos saberes axiais e estru- turantes das aprendizagens, como afirma David Justi- no em Difícil é Educá-los, mas a saber pensar. Esta é a única «arma» que poderá garantir aos jovens a sobre- vivência num mundo cujos contornos não conhece- mos, visto que todos quantos desenvolvem a compe- tência reflexiva conseguem, convocando os saberes adquiridos, aplicá-los em novas situações, resolver problemas. A aposta nas tecnologias, panaceia de alguns gover- nantes, não é, portanto, solução para os problemas do ensino. Por isso, videntes como Torga, semeemos o futuro! Com exigência, preparemos os jovens para a socieda- de do conhecimento. Fácil? Educar nunca o foi! Editorial Semeando o Futuro Conhecer é Poder! Vencer é Pensar! Difícil é Educá-los David Justino: «Não precisamos de utopias!» Desafio do presente: educar para a contingência Conferência Comemorações Dia Nacional das Bibliotecas Escolares Encontro na ESLaranjeiras página Concursos Um olhar sobre a ESLaranjeiras Anos - Palavras página Entrevista Joana Marques Quando há esforço, há recompensa página Física em Som Maior Simone, Joana e Daniela º D A Banda Militar dos Açores esteve na ES- Laranjeiras para realizar um concerto di- dático, no âmbito do estudo do «Som», conteúdo de Físico-Química do 8.º ano. Considerando o modo como o som é pro- duzido, há dois tipos de instrumentos na Banda: os de sopro, que pertencem ao grupo dos aerofones (flauta), e os de per- cussão, que integram os idiofones (xilofo- ne) e os membranofones (bateria). COORDENAÇÃO: GRAÇA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE A ausência de uma reflexão prospetiva sobre a educação tem frequentemente conduzido à adoção de soluções ime- diatistas, logo incapazes de atalhar o tão propalado atraso do ensino em Portu- gal. A incerteza relativamente ao rumo a seguir não fragiliza a convicção de que temos de educar para a incerteza, asse- verou David Justino, na conferência inaugural do ciclo integrado nas come- morações do 25.º aniversário da ES- Laranjeiras, presidida pela Dr.ª Berta Cabral. Se a educação visa formar integralmen- te pessoas capazes de enfrentar o futu- ro, é lógico concluir-se que à escola compete preparar os jovens para a con- tingência, já que o mundo perdeu pre- visibilidade, afirmou o antigo responsá- vel pela pasta da educação. Educar para o futuro pressupõe, então, munir os alu- nos de conhecimentos sólidos e garan- tir que desenvolvam as competências re- queridas para lidar com situações mar- cadas pela novidade. Em síntese, é fundamental aprender a pensar. Centrar as aprendizagens na combina- ção de uma sólida cultura científica com uma diversificada formação cultu- ral, uma e outra aliadas ao desenvolvi- mento de atitudes favoráveis à inova- ção e de uma cidadania global, é tarefa dos educadores, que, tendo de estar abertos à mudança, não podem, salva- guardou David Justino, incorrer no ris- co de errar. Não precisamos de utopias, mas de ca- pacidade prospetiva, frisou o orador. Precisamos também de diversificação, logo de descentralização, de dar às esco- las a liberdade de intervirem nos cur- ricula, advogou. O paradigma proposto por David Justi- no é um desafio exigente para alunos e professores, mas não uma prova insu- perável. Aos primeiros, compete-lhes lutar pela sua felicidade, o que, adver- tiu, não se alcança sem esforço. Aos se- gundos, não necessitou de lhes recordar o que sobejamente conhecem, ou seja: difícil, mesmo, é educá-los. Charcos com Vida Mestre Jael Palhas No dia 19 de outubro, um grupo de pro- fessores participou numa sessão de for- mação designada Charcos com Vida, orientada pelo Mestre Jael Palhas. No encontro, abordaram-se, entre outros, temas como o conceito e a importância do charco, a sua biodiversidade e a constru- ção/manutenção de um charco. De acordo com os participantes, o saldo foi francamente positivo.

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Embora a essência da poesia radique na revelação do próprio eu, tal não significa que a realidade exterior seja estranha ao poeta. Esta, não raro, é ponto de par-tida para a sua criação, mas não sem que o sujeito poé-tico a transforme, porquanto apenas pretende, através dela, vazar a sua subjetividade, como nos faz notar Aguiar e Silva na sua Teoria da Literatura. N’ “A Canção do Semeador”, o eu lírico considera haver afinidades tais entre o labor poético e o do “semea-dor” que, metaforicamente, identifica essas realida-des distintas, afirmando que o poeta é um “semea-dor”. Ao convocar essa realidade outra, o poeta mais não deseja que exteriorizar o seu sonho de mudança, convidando-nos à concretização daquilo que antevê como possível: semear o futuro é a parte que lhe cabe enquanto poeta vidente; escutar o seu canto de con-fiança é a que nos é reservada. Semear o futuro é, na atual conjuntura económico-so-cial, mais do que um desafio. É uma obrigação ética. A impossibilidade de prever, por falta de planeamento a longo prazo, a matriz identitária da sociedade na qual os jovens serão chamados a intervir obriga-nos a valo-rizar não apenas a aquisição dos saberes axiais e estru-turantes das aprendizagens, como afirma David Justi-no em Difícil é Educá-los, mas a saber pensar. Esta é a única «arma» que poderá garantir aos jovens a sobre-vivência num mundo cujos contornos não conhece-mos, visto que todos quantos desenvolvem a compe-tência reflexiva conseguem, convocando os saberes adquiridos, aplicá-los em novas situações, resolver problemas. A aposta nas tecnologias, panaceia de alguns gover-nantes, não é, portanto, solução para os problemas do ensino. Por isso, videntes como Torga, semeemos o futuro! Com exigência, preparemos os jovens para a socieda-de do conhecimento. Fácil? Educar nunca o foi!

Editorial Semeando o Futuro Conhecer é Poder! Vencer é Pensar!

Difícil é Educá-los David Justino: «Não precisamos de utopias!» Desafio do presente: educar para a contingência

Conferência

Comemorações Dia Nacional das Bibliotecas Escolares Encontro na ESLaranjeiras

página

Concursos Um olhar sobre a ESLaranjeiras Anos - Palavras

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Entrevista Joana Marques Quando há esforço, há recompensa

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Física em Som Maior Simone, Joana e Daniela º D

A Banda Militar dos Açores esteve na ES-Laranjeiras para realizar um concerto di-dático, no âmbito do estudo do «Som», conteúdo de Físico-Química do 8.º ano. Considerando o modo como o som é pro-duzido, há dois tipos de instrumentos na Banda: os de sopro, que pertencem ao grupo dos aerofones (flauta), e os de per-cussão, que integram os idiofones (xilofo-ne) e os membranofones (bateria).

COORDENAÇÃO: GRAÇA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

A ausência de uma reflexão prospetiva sobre a educação tem frequentemente conduzido à adoção de soluções ime-diatistas, logo incapazes de atalhar o tão propalado atraso do ensino em Portu-gal. A incerteza relativamente ao rumo a seguir não fragiliza a convicção de que temos de educar para a incerteza, asse-verou David Justino, na conferência inaugural do ciclo integrado nas come-morações do 25.º aniversário da ES-Laranjeiras, presidida pela Dr.ª Berta Cabral. Se a educação visa formar integralmen-te pessoas capazes de enfrentar o futu-ro, é lógico concluir-se que à escola compete preparar os jovens para a con-

tingência, já que o mundo perdeu pre-visibilidade, afirmou o antigo responsá-vel pela pasta da educação. Educar para o futuro pressupõe, então, munir os alu-nos de conhecimentos sólidos e garan-tir que desenvolvam as competências re-queridas para lidar com situações mar-cadas pela novidade. Em síntese, é fundamental aprender a pensar. Centrar as aprendizagens na combina-ção de uma sólida cultura científica com uma diversificada formação cultu-ral, uma e outra aliadas ao desenvolvi-mento de atitudes favoráveis à inova-ção e de uma cidadania global, é tarefa dos educadores, que, tendo de estar abertos à mudança, não podem, salva-

guardou David Justino, incorrer no ris-co de errar. Não precisamos de utopias, mas de ca-pacidade prospetiva, frisou o orador. Precisamos também de diversificação, logo de descentralização, de dar às esco-las a liberdade de intervirem nos cur-ricula, advogou. O paradigma proposto por David Justi-no é um desafio exigente para alunos e professores, mas não uma prova insu-perável. Aos primeiros, compete-lhes lutar pela sua felicidade, o que, adver-tiu, não se alcança sem esforço. Aos se-gundos, não necessitou de lhes recordar o que sobejamente conhecem, ou seja: difícil, mesmo, é educá-los.

Charcos com Vida Mestre Jael Palhas

No dia 19 de outubro, um grupo de pro-fessores participou numa sessão de for-mação designada Charcos com Vida, orientada pelo Mestre Jael Palhas. No encontro, abordaram-se, entre outros, temas como o conceito e a importância do charco, a sua biodiversidade e a constru-ção/manutenção de um charco. De acordo com os participantes, o saldo foi francamente positivo.

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02 NOVEMBRO DE 2011

Concurso anos - palavras

O melhor da minha escola é… Viver para ver. Ver para compreenderO Concurso de Fotografia O melhor da minha escola é… desafiou toda a comunidade da ES-Laranjeiras a captar, em registo fotográfico e de uma forma criativa, os melhores momen-tos da vivência em ambiente escolar. O júri, constituído por seis professores de di-versas áreas da ESLaranjeiras, recebeu deze-nas de originais de alunos (desde o 7º até ao

12º anos), professores e funcionários e, por isso, a escolha dos vencedores não foi fácil. No final, o júri premiou as fotos que exprimiam um olhar íntimo e pessoal sobre o espaço es-cola, tanto mais difícil de captar quanto é um local revisitado diariamente. Todos os concorrentes receberam um diplo-ma de participação e os trabalhos premia-

dos, que serão integrados no livro Sem me-mória não há futuro, já se encontram afixa-dos no átrio principal da escola. Durante a semana das comemorações oficiais dos 25 Anos da ESlaranjeiras, entre 12 e 18 de de-zembro p.f., as fotografias premiadas ficarão expostas no Teatro Micaelense. Foram declarados/as vencedores/as:

Concurso de Fotografia

O filme José Luis Cuerda, A Lin-gua das Bolboretas, um coming-of-age film na opinião de Manuel Bernardo, que o apresentou, ba-seia-se no conto homónimo de Manuel Rivas. A câmara vai revelando a vida através do olhar de uma criança, Moncho, que vive um período marcante da sua existência. To-lhido pelo medo e pelo preconcei-to, ele protagoniza, com a sua en-

trada na escola, uma viagem ini-ciática. Esmaecido o medo, o li-vro do mundo abre-se em flor pe-rante seus olhos deslumbrados, pleno de poesia. Qual flor que, atraindo as mari-posas com seu néctar, sugado por suas línguas, consegue espalhar a sua semente, assim D. Gregório, fascinando os seus discípulos com aprendizagens significati-vas, espalhava o seu ideário. Pro-

fessor tilonorrinco? Sim, porque seduzia os seus alunos com flo-res raras. Mas a demanda do te-souro que há em cada ilha é pes-soal, implica voar. Porque republicano convicto, o professor é preso. A reação de Moncho, concretizada em ges-tos e em palavras violentas, é a ex-pressão de um eu atraiçoado, in-capaz de dar magia ao mundo so-zinho: “Tilonorrinco! Íris”.

Borboletas na chuva A liberdade estimula o espírito dos homens fortes

Ciclo de Cinema: Refletir a EducAÇÂO

NOME: Lia Fialho Correia (.º A) 1.º Prémio

«Nem tudo o que reluz é ouro.» Será?

Minha experiência educacio-nal em Portugal, a nível de aprendizagem, inicialmente não correu muito bem, no en-tanto, a minha integração não poderia ter sido melhor. Além do apoio e amor incon-dicional dos meus pais, fui apoiada por profissionais su-per competentes, que não me-diram esforços para me aju-dar, tiveram paciência e, o mais importante, trataram-me sem discriminação. Têm-se esforçado até hoje em pro-mover meios para que eu al-

cance sucesso e atinja os meus objetivos. Não posso deixar de salientar a oportunidade de conhecer e interagir com uma cultura que, apesar de diferente, para mim, é a dos meus ancestrais. Sendo a escola um espaço multicultural, proporciona-nos a oportunidade de socia-lizar com diferentes grupos humanos. Por isso, a frase que citei é des-tituída de sentido para mim, visto que aquilo por que pas-sei e passo até hoje em Portu-gal é , sem dúvida, ouro.

Nesta escola cabe o mundo

NOME: CHRISTIANNE SILVA IDADE: ANOS PAÍS: BRASIL TURMA: 1.º A

Os livros dão-me o poder de aprender! 1.º Prémio

O MELHOR DA MINHA ESCOLA É APRENDER TODOS OS DIAS COISAS NOVAS SOBRE O MUNDO, A NATUREZA E... SOBRE MIM!

NOME: Renata Sofia Pacheco Couto TURMA: .º A

A luz, sempre a luz... .º Prémio

O MELHOR DA MINHA ESCOLA É A LUZ, A CLARIDADE, UM CÉU DE SONHOS PARA REALIZAR.

NOME: Gonçalo Corvelo Raposo TURMA: .º B

Conviver é preciso… .º Prémio

O MELHOR DA MINHA ESCOLA É CONHECER O VALOR DO AMOR E DA AMIZADE JUNTO DE QUEM EU GOSTO!

NOME: Lia Fialho Correia TURMA: .º A

A comunidade educativa da nossa escola foi convidada a participar no concurso Anos - Palavras com o objetivo de encontrar uma definição da ESLaranjeiras. O júri escolheu cinco textos, que figurarão no livro comemorativo dos Anos, Sem memória há não futuro.

Escalão A Para mim, a ESLaranjeiras é... um projeto de vida, uma visão do futuro. Mil pessoas, dez mil sorrisos e milhões de momentos. Uma segunda família que nos ensina a viver.

NOME: Sara de Sousa Goulart (.º D) .º Prémio

Escalão A Para mim, a ESLaranjeiras é... a semente do saber, da qual brota o conhecimento fundamental para enfrentar, combater e ultrapassar as adversida-des que terei de vencer na minha vida adulta.

NOME: Miguel Raposo Dias (1.º F) 1.º Prémio

Escalão B Para mim, a ESLaranjeiras é... uma árvore frondosa cujas raízes são os nossos pais, os ramos, os nossos professores e nós, os frutos (não necessariamente laranjas), simplesmente os bons frutos!

NOME: Donatilde Rebelo (A. Operacional) 1.º Prémio

Escalão C Para mim, a ESLaranjeiras é... Laranjinha que cresceu Afundou raízes na procura do saber. Abriu flores perfu-madas de certezas. Tantos frutos, aprendizes no querer. Desbravou mares, embru-lhou medos, floriu jardins... NOME: Margarida Viveiros (Docente)

1.º Prémio

Escalão D Para mim, a ESLaranjeiras é... pedra e escopo! Os alunos são a pedra que esculpo com primores. Mas, se analiso o processo, vejo que… também sou pedra, e eles… escultores!

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03NOVEMBRO DE 2011

Escrevendo com..

Dia Nacional das Bibliotecas Escolares Troca de experiências e partilha de dificuldadesNo dia 26 de outubro, a Equipa Educativa da Biblioteca da ESLa-ranjeiras promoveu o 1.º Encon-tro de Cordenadores e respetivas Equipas das Bibliotecas das es-colas de Ponta Delgada. Partici-param no encontro as Escolas Secundárias Antero de Quental, Domingos Rebelo e Laranjeiras, esta última na condição de pro-motora do evento. O Encontro visava a troca de ex-periências e a partilha das difi-culdades que as Bibliotecas Es-colares encontram no desenvol-vimento das suas atividades. Verificou-se que, apesar das es-pecificidades de cada uma das bibliotecas, todas têm a preocu-pação de registar e catalogar o seu fundo documental. A par disso, dinamizam atividades que visam promover o gosto pela leitura. Todos os presentes refe-riram que a catalogação surge como um problema de difícil so-lução para quem dirige uma bi-blioteca escolar. O tempo atri-buído no horário semanal a cada elemento da equipa e o facto de apenas uma delas contar com um docente detentor de forma-ção específica em catalogação colocam graves entraves à eficá-cia desse processo. Assim, acordou-se, por consenso, redigir um documento a enviar à SREF, expondo as dificuldades que as Bibliotecas Escolares en-contram na concretização do seu trabalho diário e propondo medi-

das facilitadoras da catalogação bibliográfica. Neste Dia Nacional de Bibliote-cas Escolares, a Equipa Educa-tiva da Biblioteca da ES das La-ranjeiras preparou algumas ativi-dades para celebrar essa data. Durante a manhã, realizou-se um Bibliopaper, destinado a alunos do 7º ano, dado que estes, provin-do de outras unidades orgânicas, ainda não estão muito familiari-zados com os serviços prestados pela nossa biblioteca . O principal intuito deste Bibliopaper, que se realizou pelo segundo ano conse-

cutivo, é dar a conhecer as insta-lações, o funcionamento da Bi-blioteca, os serviços prestados e o espólio destinado àquela faixa etária. Os alunos puderam entrar em contato com livros de diversas áreas do conhecimento e respon-der a perguntas sobre obras pre-viamente selecionadas. Estavam inscritas nove equipas, compostas por quatro elementos. Integraram a equipa vencedora as alunas Carina Sousa, Sofia Vieira, Natacha Lopes e Márcia Coelho, do 7.ºB, que consideraram aquela atividade «muito interessante».

Encontro

No dia 21 de Outubro, a Escola Secundária das Laranjeiras teve a honra e o prazer de contar com a presença da drª Berta Cabral na biblioteca da escola, no âmbito de mais uma Sexta-feira H.O.T. A grande epopeia nacional Os Lusíadas, de Luís Vaz de Ca-mões, foi a obra eleita pela presi-dente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, pois, sendo um li-vro dedicado à exaltação da gran-de empresa dos Descobrimentos, demonstra a capacidade portu-guesa de enfrentar e ultrapassar obstáculos de toda a sorte. De acordo com a Drª Berta Cabral, ao assumir-se como uma epopeia do querer e poder humanos, po-demos encontrar nessa obra os ensinamentos que levarão Portu-gal a um novo ciclo de crescimen-to e de bem-estar. Neste contexto, salientou que a exaltação da ca-pacidade empreendedora dos portugueses é uma herança que

hoje temos de saber honrar, to-mando-a como exemplo para chegarmos aos novos mundos da economia, das engenharias, da medicina, enfim, das inovações tecnológicas, construindo um fu-turo promissor para Portugal. Para Berta Cabral, Os Lusíadas são um hino afirmativo do ho-mem português e da sua capaci-dade de se posicionar como sujei-to da História e, por isso, deve-mos combater todos aqueles a quem Luís de Camões chamou de «Velhos do Restelo», a força con-servadora que quer travar a capa-cidade de iniciativa e o desejo de vencer, pois a descoberta do ca-minho marítimo para a Índia de-monstra que vale a pena arriscar, empreender e persistir, se acredi-tarmos que podemos alcançar tudo o que desejamos para a nos-sa vida. Berta Cabral felicitou a ESLaran-jeiras pelo seu 25º aniversário,

Dr.ª Berta Cabral E ainda há mundos para encontrar…. «Assim fomos abrindo aqueles mares,/ Que geração alguma não abriu.» (Os Lusíadas, Canto V)

Sexta-feira H.O.T.

NOME: MARIANA TEVES IDADE: 1ANOS PROFISSÃO: ESTUDANTE ANO: 1.º TURMA: B

O homem é um milagre, frágil elevação de si mesmo. Ao mínimo descuido, ele recai nas quatro patas, que é o seu mais pesado destino.

VERGÍLIO FERREIRA, CONTA CORRENTE II

Com o de novembro de 1 na lembrança A essência do Homem (a sua humanidade) obriga-o a ter de deixar os seus instintos para trás, tarefa difícil, já que, enquanto os instintos são ina-tos, a conquista da humanida-de é uma aprendizagem lenta e complexa e, como tal, em certos momentos pode falhar, daí que o instinto se sobrepo-nha a essa aprendizagem. Por exemplo, sabemos que os judeus eram educados com base em sólidas crenças reli-giosas e que se regiam pela prática do bem. Contudo, essa aprendizagem parece deixar

de ter significado quando es-tes se deparam com um cená-rio horripilante: apesar de ve-rem os seus companheiros a sofrer, para garantirem a sua sobrevivência, fazem de tudo, até entregá-los, se for preciso. O instinto impera, porque nascemos com um sistema biológico carregado de instin-tos, que nos permite a sobre-vivência. Contudo, há quem considere que o processo de humaniza-ção se encontra consolidado atualmente, porque o Ho-mem coloca os seus valores e princípios acima de qualquer instinto. Embora o comportamento do Homem seja regido por valo-res, a verdade é que não se pode dizer que ele não tenha instintos, pois, antes de hu-mano, ele é um ser animal. Comprova-o a desumanidade com que os judeus foram tra-tados nos campos de concen-tração. Assim, a natureza humana é frágil, pois, ao mínimo des-cuido, o homem recai nas quatro patas, que é o seu mais pesado destino.

COMPANHIA DOS LIVROS

O principal intuito deste Bibliopaper é o de dar a conhecer as instalações da Biblioteca, o seu funcionamento, os serviços prestados e o espólio destinado aos alunos do .º ano de escolaridade

considerando-a «uma escola de referência no panorama do ensi-no nos Açores, sobretudo pelas inúmeras atividades promovidas ao longo de cada ano letivo, que

trazem a comunidade aos alunos e levam os alunos à comunidade, permitindo que os jovens conhe-çam a sociedade e a realidade que irão enfrentar.»

«... a exaltação da capacidade empreendedora dos portugueses é uma herança que hoje temos de saber honrar, tomando-a como exemplo para chegarmos aos novos mundos da economia, das engenharias, da medicina, enfim, das inovações tecnológicas, construindo um futuro promissor para Portugal»

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04 NOVEMBRO DE 2011

Desde a entrada em pleno funcionamento da disciplina de Educação Física na oferta formativa da escola até aos dias de hoje, muitos foram já os professores que tive-ram o privilégio de concretizar o seu es-tágio pedagógico na nossa unidade orgâ-nica. Com efeito, a colaboração da escola com diferentes entidades de ensino supe-rior teve início no já longínquo ano lec-tivo de 1990/91. Desde então, decorreram dezoito processos de estágio. A colaboração atrás referida foi já esta-belecida com praticamente todas as uni-versidades públicas e privadas com for-mação na área. Destacam-se, por mais vezes terem colocado estudantes em es-tágio na ESLaranjeiras, a Universidade Técnica de Lisboa e a Universidade do Porto, através, respetivamente, da Facul-dade de Motricidade Humana e da Fa-culdade de Desporto. Ao longo de 25 anos, foi possível formar e lançar no mercado de trabalho 47 novos professores de Educação Física. A sua es-

magadora maioria continua a exercer a profissão, sendo que mais de metade o faz na ilha de São Miguel. A ESLaranjeiras tem vindo a desempe-nhar um papel relevante no provimento das necessidades da Região em Educação Física, acolhendo os estágios pedagógicos e motivando o prosseguimento de estu-dos nessa área.

Departamento de Educação Física e Desporto anos ao serviço da formação

Campeã nacional dos 1 e metros bruços nos escalões Infantil A e Juvenil, Joana Mar-ques é uma das mais jovens esperanças da na-tação açoriana. Representa o Clube de Ativida-de Física dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada. Tem o estatuto de Jovem Talento Re-gional, patamar anterior ao do praticante de alta competição. Porquê a natação e não outro desporto? Quando tinha quatro anos, os meus pais

puseram-me na natação. Gostei. Apenas com 8 anos, integrei a classe de compe-tição. Quantas vezes treinas por semana? Durante 2 ou 3 horas, 5 ou 6 dias por sema-na. Antes das competições, tenho treinos bidiários duas vezes por semana. Sendo uma aluna de nível bom, como concilias os estudos com a prática desportiva? Grande parte do meu tempo livre é dedica-do aos treinos e, às vezes, tenho que faltar às aulas para competir. Contudo, com or-ganização e empenho, tudo se faz. Como lidas com a ansiedade antes das provas? Inicialmente, sentia-me muito ansiosa. Agora, nem tanto: tento sentir-me con-fiante.

A natação já te deu muitas alegrias? Sim, quando fui campeã nacional pela 1ª vez e quando integro as seleções nacionais. Quais são os teus objetivos? A curto prazo, pretendo melhorar as mi-nhas marcas; futuramente, quero acader às primeiras posições do escalão Sénior. O que é a natação para ti? Faz parte da minha vida. Fez-me evoluir como nadadora e como pessoa. Aprendi que todo o esforço é recompensado. Sinto alegria e satisfação por aquilo que consi-go alcançar e isso vale a pena. O mais importante no desporto é… … saber aproveitar as oportunidades, aprender a lidar com os piores resultados e celebrar as vitórias merecidas.

JOANA MARQUES: A nadar se vai ao longe...

A «melhoria da qualidade de vida, saúde e bem-estar», através do desenvolvimento da aptidão física, é uma das finalidades a atingir pela disciplina de Educa-ção Física. O exercício físico e as atividades desportivas, porque fatores de fortalecimento do or-

ganismo, assumem, assim, uma enorme relevância. Tomando como referência os da-dos da ESLaranjeiras relativos ao ano de 2009/2010, constatámos que, do total de alunos matricula-dos, só 89,51% estavam inscritos na disciplina de Educação Física,

pois o Sistema Educativo dá aos jovens repetentes a opção de não realizarem qualquer atividade fí-sica regular e sistemática. Sendo a obesidade uma doença crónica, torna-se importante que a escola assuma um papel pre-ponderante no seu combate. Integrado no projeto Escola Sau-dável, o departamento de Educa-ção Física e Desporto desenvolve, pelo terceiro ano consecutivo, um programa de controlo de peso. Nos últimos dois anos, o sobrepe-so e a obesidade atingiram, res-petivamente, 20,8% e 22,8% nas meninas e 25,6% e 19,5% nos ra-pazes. Perante isso e para além de ter sido reforçada a intensidade do esforço nas aulas de Educação Fí-sica, foi disponibilizado um vasto leque de atividades, de participa-ção facultativa, desde as Desporti-vas Escolares às concretizadas pe-los núcleos do Laranjeiras Clube. É de realçar, neste contexto, o Cor-ta Mato, a Maratona de Dança e a

Super Taça Escolar /ANIMA. Ten-tamos, assim, aumentar o gosto pela prática regular de atividade física, educar para a saúde e para a qualidade de vida. E os alunos com excesso de peso e obesos? Atrevemo-nos a pensar na hipótese de aumentar a sua carga horária de actividade física,

facilitando-lhes o acesso, gratui-to e devidamente acompanhado, a um programa adequado às suas necessidades. Sem grandes custos, e colaboran-do com a Equipa de Saúde Esco-lar, responderíamos positiva-mente a uma tão necessária e ur-gente tarefa.

Mexe-te, Laranjeiras!Departamento de Educação Física e Desporto

No final do ano letivo de 2008/2009, foi aprovada, por proposta do departamento de Educação Física e Desporto, a norma que estabelece a obrigatoriedade do uso de equipamento oficial nas aulas de Edu-cação Física. Decorrido um ano, e fazen-do fé no feedback de vários alunos, a ade-são à norma estabelecida é total. Na opinião de Carlota Dâmaso, do 11º ano A, apesar de haver quem não concorde com a ideia, acho que, para a maioria dos estudantes, foi um alívio. Questionada sobre as razões da sua afirmação, Carlota Dâmaso expli-ca: Muitas vezes, havia alunos que não realiza-vam a aula ou por não terem o material necessá-rio, ou por não terem a possibilidade de o com-prar, ou até mesmo por terem vergonha do seu material, pois existia sempre quem fosse desagra-dável, gozando com aqueles que não tinham rou-pa de uma determinada marca, ou que estava “fora de moda”. Havendo um equipamento igual para todos, já não há quem comente ou faça tro-ça, o que, no fundo, magoava as pessoas. Além disso, o equipamento lava-se em ou minutos e

tem uma secagem rápida, o que é essencial, vis-to que temos aulas duas vezes por semana e, por vezes, só com um dia de intervalo. Em jeito de conclusão, acrescenta: Acho que esta regra melhorou o funcionamento das aulas e a convi-vência entre os alunos.

O Equipamento Oficial O hábito que faz o monge

Entrevista

NOME: Joana Filipa Rodrigues Marques IDADE: 1 ANOS NATURALIDADE: Lisboa CURSO: Ciências e Tecnologias (11.º C)

FICHA TÉCNICA: Equipa Editorial: Graça Meneses; Margarida Freire de Andrade e Margarida Viveiros. Colaboraram neste número: Fernando Melo e Luís Paulo Vieira, professores do Departamento de Educação Física e Desporto, coordenado por Gabriela Porto Canotilho