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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Enfermagem em Cardiologia Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados

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Programa de Educação Continuada a Distância

Curso de

Enfermagem em Cardiologia

Aluno:

EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados

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Curso de

Enfermagem em Cardiologia

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

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MÓDULO I 1. O SISTEMA CIRCULATÓRIO Coração : órgão central do sistema circulatório. Sangue: meio que fornece às células nutrientes, oxigênio, hormônios e recebe os produtos finais do metabolismo (gás carbônico). Vasos Sangüíneos: tubos pelos quais o sangue circula (artérias, veias e capilares).

1.1 Circuito Pulmonar e Sistêmico Circuito Pulmonar: transporta o sangue pobre em oxigênio do coração para os pulmões e traz o sangue oxigenado de volta ao coração Circuito Sistêmico: conduz o sangue rico em oxigênio do coração para as partes do corpo, exceto os pulmões e traz este de volta ao coração.

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1.2 As Circulações As funções básicas do sistema cardiovascular são transportar oxigênio e outros

nutrientes para as células do corpo, remover produtos do metabolismo celular e carregar

substâncias de uma parte para outra do corpo. O funcionamento do coração é

extraordinariamente complexo, sendo a resposta integrada de propriedades intrínsecas do

miocárdio sob muitas influências extrínsecas tais como: fatores do sistema nervoso,

fatores humorais, o volume de sangue e o retorno venoso, e também as impedâncias

instantâneas da vasculatura periférica.

Chama-se circulação, o movimento que o sangue realiza ciclicamente dentro do

sistema vascular. Este sistema compreende uma extensa rede de condutos ou tubos

especialmente preparados para que o sangue circule em seu interior. As artérias são os

vasos que levam o sangue do coração para os órgãos, músculos, ossos, enfim, para cada

célula do nosso organismo. A parede das artérias é composta de três camadas: a camada

adventícia, que é a camada mais externa; a camada média, formada por musculatura lisa

e a camada íntima, que é um revestimento de endotélio. As artérias tem a propriedade

especial de se contraírem assim que recebem o estímulo de substâncias contidas no

próprio sangue (hormônios) produzindo o efeito que se chama de pressão arterial. O

pulso arterial é produzido pela ejeção de sangue do ventrículo esquerdo dentro da aorta e

grandes vasos. Esta pressão faz com que o sangue seja empurrado para frente,

chegando aos órgãos e as células.

As veias são os vasos que trazem o sangue de volta ao coração. Diferem das

artérias por ter uma camada média menos espessa, isto porque a pressão de retorno do

sangue para o coração é menor do que a de saída. O retorno do sangue ocorre devido ao

pulso venoso gerado pela contração dos músculos e pela contração da própria veia. A

isto, soma-se a ação das válvulas contidas no interior das veias que ajudam a vencer a

força da gravidade. Além disto, o próprio átrio direito gera uma força ou pressão negativa,

sugando o sangue na direção do coração.

A grande circulação ou circulação sistêmica é o movimento do sangue que sai

pela aorta e retorna pelas veias cavas inferior e superior de volta ao átrio direito.

A pequena circulação ou circulação pulmonar é o movimento do sangue que sai

do ventrículo direito através da artéria pulmonar, passando pelos capilares pulmonares

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(local onde o sangue entra em contato com o leito alveolar e é oxigenado). Depois de

oxigenado o sangue retorna para o átrio esquerdo através das veias pulmonares,

seguindo para o ventrículo esquerdo e a grande circulação.

A terceira circulação ou circulação coronariana é o movimento do sangue a

partir dos seios coronarianos localizados na raiz da aorta. Estes seios dão origem a

artéria coronária direita e tronco da coronária esquerda. Assim que o miocárdio é irrigado,

o sistema venoso coronariano trás de volta o sangue para o átrio direito.

1.3 Localização do Coração

Situa-se na porção mediana da cavidade torácica, encontrando – se separado pelo

diafragma.

Projeta – se na coluna vertebral, nas vértebras dorsais estando separado destas

pelo esôfago e aorta torácica.

Situa – se na face interna dos pulmões, num local denominado mediastino.

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1.4 Forma do Coração

O coração é um órgão muscular oco em forma de cone, contendo quatro câmaras

internas e que fica posicionado dentro do saco pericárdico e abrigado bilateralmente pelos

pulmões. Normalmente sua posição é inclinada a mais ou menos 30 graus para a

esquerda e para baixo. É envolvido externamente pelo pericárdio e dentro deste

envoltório é secretado um fluido que tem a finalidade de evitar o atrito do coração dentro

do saco pericárdico. O coração é do tamanho aproximado de um punho fechado e com

peso em média de 400 g, tem cerca de 12 cm de comprimento por 8 a 9 cm de largura.

1.5 Átrios Os átrios são as câmaras cardíacas superiores. Ambos os átrios são constituídos

por uma camada miocárdica de espessura fina. Uma camada muscular chamada de

septo, divide o átrio direito do átrio esquerdo.

O átrio direito comunica-se lateralmente com as veias cavas inferior e superior.

Inferiormente, comunica-se com o ventrículo direito, sendo separado pela válvula

tricúspide. Na porção posterior superior do átrio direito está localizado o nodo sinoatrial

que é o marcapasso natural, estrutura que rege os batimentos normais do coração.

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O átrio esquerdo comunica-se posteriormente com as quatro veias pulmonares e

inferiormente com o ventrículo esquerdo, sendo separado pela válvula mitral. A função

dos átrios é receber o sangue e conduzi-lo para os ventrículos.

1.6 Ventrículos

Os ventrículos são as câmaras cardíacas inferiores. Como os átrios, são em

número de dois. No lado direito, o ventrículo se comunica com o átrio direito através da

válvula tricúspide e com o tronco da artéria pulmonar através da válvula pulmonar. A

parede muscular no ventrículo direito (VD) é mais espessa do que a parede dos átrios.

Isso se deve ao esforço que o ventrículo realiza durante a contração. A cada contração o

VD tem que vencer a resistência apresentada pela artéria pulmonar; essa resistência é

traduzida por uma pressão. Uma camada muscular chamada de septo interventricular

separa os dois ventrículos.

O ventrículo esquerdo (VE) se comunica com o átrio esquerdo através da válvula

mitral e com a aorta através da válvula aórtica. A parede do VE é duas vezes mais

espessa que a parede do VD porque a pressão de resistência encontrada pelo VE na

aorta é muito mais alta. O trabalho ventricular é diferente em cada lado. No lado direito, o

VD irriga os pulmões e no lado esquerdo, o VE irriga todos os órgãos. De dentro dos

ventrículos surgem as fibras tendinosas onde se inserem as cordoalhas das válvulas de

entrada, do lado direito a válvula tricúspide e do lado esquerdo a válvula mitral. Durante a

contração ventricular estas fibras se distendem e dão a sustentação necessária para

segurar os folhetos das válvulas, evitando o retorno do sangue para os átrios.

1.7 Coração Direito

É constituído pelo átrio direito e ventrículo

direito que comunicam – se entre si pelo

orifício átrio – ventricular. O átrio direito é uma

câmara de parede fina que recebe o sangue

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venoso. O ventrículo direito se comunica com a artéria pulmonar que leva o sangue pobre

em oxigênio para os pulmões.

1.8 Coração Esquerdo O átrio esquerdo apresenta uma espessura

maior que a direita, assim como o ventrículo

esquerdo é mais desenvolvido que o direito.

O átrio esquerdo recebe as quatro

veias pulmonares que trazem o sangue

arterial vindo dos pulmões.

O ventrículo esquerdo bombeia o

sangue arterial para a artéria aorta e desta o

sangue é encaminhado para todas as partes

do corpo. www.bombeirosemergencia.com.br

1.9 Fluxo Sangüíneo e Válvulas

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A existência de quatro válvulas cardíacas assegura o funcionamento do coração e

o modo unidirecional como o sangue se desloca. As válvulas além de determinarem o

sentido do fluxo sangüíneo, evitam o retrocesso de sangue no sistema.

1.10 Válvulas Válvulas átrio – ventriculares (AV) Asseguram a saída do sangue dos átrios para os ventrículos. São as válvulas TRICÚSPIDE e MITRAL. Válvulas Semilunares Permitem a saída de sangue dos ventrículos para as artérias. São as válvulas PULMONAR e AÓRTICA.

ADAM

As válvulas cardíacas são estruturas de material fibroso posicionadas na entrada e saída

de ambos os ventrículos. As válvulas cardíacas são assim denominadas:

Válvula Tricúspide: é uma válvula posicionada entre o átrio e o ventrículo direito. Possui

três folhetos que se fecham no início da contração ventricular, evitando que o sangue

retorne do ventrículo ao átrio direito. Os folhetos são sustentados em forma de um

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guarda-chuva pelas cordoalhas tendinosas. As cordoalhas são fibras miocárdicas

altamente resistentes que se originam do interior do VD.

Válvula Pulmonar: é a válvula posicionada na saída do fluxo sangüíneo do VD para o

tronco da artéria pulmonar. Seus folhetos se fecham no final da contração ventricular,

evitando que o sangue que atingiu a AP retorne para o VD. O diâmetro dessa válvula é

menor do que a válvula tricúspide.

Válvula Mitral: é a válvula posicionada entre o átrio e o ventrículo esquerdo. Sua função

é a de evitar o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo. Como acontece no

lado direito com a válvula tricúspide, a válvula mitral se fecha no início da contração

ventricular. A sustentação dos folhetos se dá graças às cordoalhas tendinosas que se

originam no interior do VE.

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Válvula Aórtica: é a válvula posicionada

na saída do VE para a aorta. O

fechamento dos folhetos desta válvula

ocorre no final da contração ventricular

com a função de evitar que o sangue que

foi para a aorta retorne para o VE.

1.11 Paredes do Coração Endocárdio - Uma fina membrana serosa que forra o órgão interiormente e cobre a

superfície das válvulas cardíacas. É formado por um tecido epitelial de revestimento

interno que nas artérias e veias chama-se endotélio. Esse tecido permite a não

coagulação do sangue;

Miocárdio - Uma camada média, e mais espessa, da parede do coração, formada por

músculo anatomicamente estriado (vermelho) e fisiologicamente liso. Forma o coração;

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Epicárdio - (mais externa) Fina camada visceral que reveste diretamente o coração. É

uma víscera serosa: membrana que deriva do revestimento da primitiva cavidade

celomática;

Pericárdio - É um saco seroso de parede dupla, está localizado

no mediastino médio, envolvendo o coração. Externamente, é

constituído por uma espessa lâmina de tecido fibroso denso –

pericárdio fibroso. Internamente por uma membrana

transparente chamada pericárdio seroso; fluido pericárdico no

interior diminui a fricção entre as camadas.

1.12 As Artérias Coronárias

As artérias do coração têm origem nas Artérias Coronárias, uma esquerda e outra

direita. Têm origem na porção inicial da Aorta, constituindo os primeiros ramos colaterais

desta artéria. A Artéria Coronária Esquerda nasce ao nível da parte média do Seio de

Valssalva esquerdo. A Artéria Coronária Direita nasce ao nível do Seio de Valssalva

direito.

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Artéria Coronária Esquerda

O seu tronco de origem mede aproximadamente 1cm. Dirige-se para frente, para

baixo e para a esquerda. O tronco de origem divide-se depois em dois ramos terminais: a

Artéria Interventricular Anterior ou Artéria Descendente Anterior e a Artéria Auriculo-

Ventricular Esquerda ou Ramo Circunflexo.

Artéria Interventricular Anterior

A também denominada Artéria Descendente Anterior desce ao longo do Sulco

Interventricular Anterior, contorna o Bordo direito do coração à direita da ponta,

terminando na face posterior do coração. Ao longo do seu trajeto a Artéria Interventricular

Anterior dá origem a 3 classes de Ramos Colaterais: a) Ramos Direitos, que irrigam o

Ventrículo Direito; b) Ramos Esquerdos, que irrigam o Ventrículo Esquerdo e c) Ramos

Septais (que irrigam o septo interventricular).

Artéria Auriculo-Ventricular Esquerda

Esta artéria, também denominada Ramo Circunflexo, pois contorna o bordo

esquerdo do coração, seguindo o Sulco Coronário, termina na face posterior do Ventrículo

esquerdo, a uma distância variável do Sulco Interventricular Posterior, não atingindo, na

maior parte dos casos, o referido sulco. Dirige-se horizontalmente até à parte esquerda do

Sulco Coronário e atinge a face esquerda do coração.

A Artéria Auriculo-Ventricular Esquerda dá: a) Ramos Ascendentes ou Auriculares

e b) Ramos Descendentes ou Ventriculares (que irrigam as respectivas regiões do

coração esquerdo).

Coronária Direita A Artéria Coronária Direita percorre o Sulco Auriculo-Ventricular Direito e o Sulco

Interventricular Posterior. Ao longo do seu trajeto tem 3 segmentos: o 1º estende-se

desde a origem até ao bordo direito do coração e no órgão in situ tem inicialmente um

trajeto oblíquo de trás para a frente, tornando-se de seguida descendente; o 2º segmento

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vai desde o Bordo direito do coração até à parte superior do Sulco Longitudinal Posterior,

no ponto denominado Cruz do Coração e por último o 3º segue a parte esquerda do

Sulco Interventricular Posterior.

Ramos Colaterais

Os Ramos Colaterais da Coronária Direita são de 2 tipo: a) Ascendentes ou

Auriculares e b) Descendentes ou Ventriculares.

Ramos Ascendentes ou Auriculares

São 3 ou 4 (que são responsáveis maioritariamente pela irrigação da aurícula

direita) dos quais 2 são principais: a) a Artéria Auricular Direita Anterior, responsável pela

irrigação do nódulo sinusal e b) a Artéria Auricular do Bordo Direito.

Ramos Descendentes ou Ventriculares

Existem nos três segmentos da artéria e são responsáveis pela irrigação do

ventrículo direito.

Ramo Terminal

O ramo terminal da Coronária Direita é a Artéria Interventricular Posterior. Há

numerosas variações na terminação da Artéria Coronária Direita, podendo dizer-se que

está tanto mais desenvolvida quanto menos o estiver a terminação da Coronária

Esquerda.

A Artéria Interventricular Posterior tem Ramos Direitos para a parede posterior do

Ventrículo direito, Ramos Esquerdos para a parede posterior do Ventrículo esquerdo e por

fim as Artérias Septais Posteriores.

As Artérias Septais Posteriores são menos desenvolvidas que as Anteriores e o

seu território resume-se ao 1/3 posterior do Septo Interventricular. É de realçar que o

grupo inferior das septais posteriores tem freqüentemente origem na terminação da

Artéria Interventricular Anterior.

1.13 Territórios Vasculares das Coronárias Em geral podemos considerar que:

A Coronária Esquerda distribui-se pelo coração esquerdo e 2/3 Anteriores do Septo;

A Coronária Direita distribui-se pelo coração direito e 1/3 Posterior do Septo;

Cada uma das 2 Coronárias contribui para a irrigação da outra metade do coração.

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1.14 Células Musculares Cardíacas 99% células musculares contráteis

1% células cardíacas especializada do sistema de condução, não contráteis, com

despolarização espontânea.

- Miocárdio é composto por fibras musculares cardíacas em espiral;

- Células ramificadas e uninucleadas;

- Células adjacentes unidas por discos intercalares.

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Discos intercalares contêm desmossomas e

junções de hiato.

- Desmossomas: conferem resistência

mecânica.

- Junções de hiato: permitem a

propagação de potenciais de ação entre

as células adjacentes.

Tecido fibroso não condutor separa células

musculares dos átrios das células musculares

dos ventrículos.

1.15 Sistema de Condução Elétrica

O estímulo elétrico para a contração do miocárdio se origina em um pequeno

agrupamento de células especiais, localizado na junção da veia cava superior com o átrio

direito, na região chamada seio venoso. Esse conjunto de células é o NÓDULO SINUSAL. As

células do nódulo sinusal através de reações químicas no seu interior geram o impulso

elétrico que se propaga pelos átrios e produz a contração do miocárdio atrial. O estímulo

elétrico se propaga pelos átrios, em ondas e através de vias preferenciais chamadas vias

internodais. O estímulo das vias internodais é captado em um outro nódulo, localizado

junto ao anel da válvula tricúspide, próximo ao orifício do seio coronário, chamado NÓDULO

ÁTRIOVENTRICULAR, ou simplesmente nódulo A-V. Deste nódulo A-V, parte um curto feixe

das células especiais, o feixe átrio-ventricular ou FEIXE DE HISS, que atravessa o esqueleto

fibroso e se divide em dois ramos, direito e esquerdo. O ramo esquerdo, por sua vez se

subdivide em outros dois feixes, um anterior e um posterior. Os feixes principais, direito e

esquerdo vão se ramificando, como uma árvore, no interior da massa miocárdica,

constituindo um emaranhado de células condutoras, chamado REDE DE PURKINJE.

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As células do nódulo sinusal, por mecanismos químicos, geram o próprio impulso

elétrico, a intervalos regulares, o que garante a automaticidade e a ritmicidade da

estimulação cardíaca. O estímulo gerado no nódulo sinusal, se propaga pelos átrios e

alcança o nódulo A-V e o feixe de Hiss, onde sofre um pequeno retardo. Do feixe de Hiss,

o estímulo rapidamente alcança os feixes direito e esquerdo e as fibras terminais de

Purkinje, que por sua vez, estimulam o miocárdio ventricular. No adulto, o nódulo sinusal

produz aproximadamente 80 impulsos elétricos por minuto, constituindo-se no

marcapasso do próprio coração.

O nódulo sinusal, o nódulo átrio-ventricular e o feixe de Purkinje recebem

terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas. Quando há estimulação simpática,

liberam-se as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, que produzem aumento da

freqüência dos impulsos elétricos do nódulo sinusal. A estimulação parassimpática ou

vagal, se faz através da acetilcolina e tem o efeito oposto, reduzindo a freqüência dos

impulsos. Na eventualidade de secção das fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas,

cessa a influência nervosa sobre o coração, que, contudo, mantém a automaticidade e

ritmicidade pelo nódulo sinusal.

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Atividade Elétrica das Células A concentração de íons no interior de uma célula é diferente da concentração no

seu exterior, o que propicia a geração de uma diferença de potencial denominada

“potencial de membrana”. Simultaneamente, o gradiente de concentração iônica está

associado ao aparecimento de forças elétricas de difusão. Quando não há condução de

impulsos elétricos, o potencial de repouso da membrana é de cerca de – 70mVolt em

relação ao líquido extracelular. Este valor se modifica devido a uma excitação externa,

quando ocorre uma tendência de inversão do potencial de membrana. Por exemplo, com

a entrada maciça de íons sódio (Na+) na célula, a célula começa a se despolarizar, isto é,

o potencial negativo no interior da célula desaparece, tornando-se positivo no interior da

fibra e negativo no exterior. Quando há um grande gradiente de concentração de íons,

tanto fora quanto dentro da célula, as forças de difusão elétrica fazem com que os íons

positivos se desloquem para regiões cujo potencial é predominantemente negativo,

enquanto que os íons negativos se desloquem para regiões cujo potencial é

predominantemente positivo. Quando as cargas positivas e negativas se igualam, há um

equilíbrio da energia potencial, não ocorrendo, portanto, nenhuma movimentação de íons.

Para que a membrana permaneça no estado de repouso, é necessário manter o potencial

elétrico por meio da diferença de concentração de íons entre o meio intracelular e o meio

extracelular. No corpo humano, tal gradiente de concentração ocorre por transporte ativo,

com gasto de energia na forma de ATP (adenosina trifosfato), proveniente do

metabolismo celular. Esse processo ativo denominase “bomba de sódio-potássio”.

A atividade elétrica do coração é o resultado do movimento de íons (partículas

ativadas, como sódio, potássio e cálcio) através da membrana celular. As alterações

elétricas registradas no interior de uma única célula resultam no que se conhece como

potencial de ação cardíaco.

No músculo cardíaco existem três tipos de canais iônicos importantes na produção

da variação de voltagem da membrana; o potencial de ação nessas fibras se dá como no

esquema abaixo:

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O potencial de repouso de membrana da fibra muscular cardíaca é de

aproximadamente -90 mV. Quando um impulso despolarizante chega à ela, ocorrem os

seguintes eventos:

0 - Abertura dos canais rápidos de Na+ (o Na+ entra rapidamente na célula, elevando o

potencial de membrana);

1 - Abertura dos canais de K+ (o K+ sai da célula, repolarizando-a);

2 - Os canais lentos de Ca+2, que começaram a se abrir lentamente em -60 a -50 mV,

abrem-se por completo, permitindo a saída do íon cálcio e interrompendo a queda do

potencial causada pela saída de íons K+ ;

3 - Os canais lentos de Ca+2 se fecham e a saída de K+ leva o potencial de volta ao valor

normal de repouso;

4 - Os canais de K+ se fecham e a membrana permanece no seu potencial de repouso.

Nos nós sinoatrial e atrioventricular, encontramos outro tipo de curva de potencial de

ação:

Fibras do nó Sinoatrial

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Fibras do nó Atrioventricular

Como podemos observar, a freqüência de despolarização e deflagração de

potenciais de ação no nó sinoatrial é maior que nos demais tecidos especializados. Por

isso, o nó sinoatrial é o marcapasso normal do coração. Como o nó sinoatrial despolariza

mais rapidamente seu impulso é gerado e conduzido através do átrio até alcançar o nó A-

V, que ainda não se despolarizou o suficiente para deflagrar seu potencial de ação

independentemente; com o impulso despolarizante vindo do nó sinoatrial o nó A-V atinge

seu limiar e transmite o impulso elétrico aos ventrículos.

Temos então que o coração possui uma ritmicidade sinusal; porém, em situações

onde o nó sinoatrial está danificado, o nó A-V assume o controle da ritmicidade e

passamos a ter o chamado ritmo infra-sinusal, mais lento (bradicardia nodal) devido ao nó

A-V ter uma freqüência de impulsos menor. Em casos onde ocorrem a falência desses

dois tecidos, o próximo a assumir o controle da ritmicidade seriam as fibras de Purkinge;

porém a freqüência de impulsos destas é muito baixa e não é suficiente para manter os

níveis normais de pressão arterial necessários. Neste caso são implantados os chamados

marcapassos artificiais.

O nó A-V possui uma importante função no que diz respeito ao retardo da

transmissão do impulso elétrico do átrio ao ventrículo, sincronizando assim a contração

dos miocárdios atrial e ventricular de forma que os átrios se contraiam um pouco antes da

contração ventricular.

A parte do sistema nervoso que regula a freqüência cardíaca automaticamente é o

sistema nervoso autônomo, constituído pelos sistemas nervosos simpático e

parassimpático. O sistema nervoso simpático aumenta a freqüência cardíaca, enquanto o

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sistema nervoso parassimpático a diminui. O sistema simpático supre o coração com uma

rede de nervos, o plexo simpático. O sistema parassimpático supre o coração através de

um único nervo, o nervo vago. A freqüência cardíaca também é influenciada pelos

hormônios circulantes do sistema simpático – a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina

(noradrenalina) –, os quais são responsáveis por sua aceleração.

O hormônio tireoidiano também influencia a freqüência cardíaca: quando em

excesso, a freqüência cardíaca torna-se muito elevada; quando há deficiência do mesmo,

o coração bate muito lentamente. Geralmente, a freqüência cardíaca normal em repouso

é de 60 a 100 batimentos por minuto. Entretanto, freqüências muito mais baixas podem

ser normais em adultos jovens, particularmente entre aqueles que apresentam um bom

condicionamento físico. Variações da freqüência cardíaca são normais.

A freqüência cardíaca responde não só ao exercício e à inatividade, mas também a

estímulos como, por exemplo, a dor e a raiva. Apenas quando a freqüência cardíaca é

inadequadamente elevada (taquicardia) ou baixa (bradicardia) ou quando os impulsos

elétricos são transmitidos por vias anormais é que se considera que o coração apresenta

um ritmo anormal (arritmia). Os ritmos anormais podem ser regulares ou irregulares.

1.16 O Ciclo Cardíaco

Um batimento cardíaco completo é chamado ciclo cardíaco. O ciclo cardíaco vai do

final de uma contração cardíaca até o final da contração seguinte e inclui quatro eventos

mecânicos principais, a saber: contração atrial ou sístole atrial, relaxamento atrial ou

diástole atrial, contração ventricular ou sístole ventricular e relaxamento ventricular ou

diástole ventricular.

Um batimento cardíaco se inicia com a sístole atrial. A seguir, durante a diástole

atrial, ocorrem sucessivamente a sístole e a diástole ventricular. O sangue flui de modo

contínuo, das grandes veias para os átrios e, cerca de 70% desse volume flui diretamente

dos átrios para os ventrículos. A contração dos átrios produz um enchimento ventricular

adicional de 30%. Os átrios funcionam como bombas de ativação, que aumentam a

eficácia do bombeamento ventricular. Durante a sístole ventricular, o sangue se acumula

nos átrios, porque as válvulas átrio-ventriculares estão fechadas. Ao terminar a sístole

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ventricular, a pressão nos átrios faz com que as válvulas átrio-ventriculares se abram,

permitindo que os ventrículos se encham rapidamente. Este período é seguido por um

outro curto período de enchimento mais lento dos ventrículos, com o sangue que

continuou a fluir para os átrios durante o período anterior. Na fase final do enchimento ou

diástole ventricular, ocorre a sístole atrial. Ao se iniciar a contração ou sístole ventricular,

a pressão no interior do ventrículo se eleva muito rapidamente, pelo retesamento das

suas fibras, fechando as válvulas átrio-ventriculares. Logo após uma pequena fração de

segundo, o ventrículo ganha pressão suficiente para abrir as válvulas semilunares (aórtica

ou pulmonar) e iniciar a ejeção do sangue para as grandes artérias. Cerca de 60% do

volume de sangue do ventrículo é ejetado nessa primeira fase da sístole ventricular e os

40% restantes, logo a seguir, um pouco mais lentamente. Ao final da sístole pouco,

sangue passa às grandes artérias. A pressão ventricular começa a cair rapidamente pelo

início do relaxamento da musculatura miocárdica, o que fecha as válvulas aórtica e

pulmonar. A continuação do relaxamento ou diástole ventricular, logo a seguir permite a

abertura das válvulas átrio-ventriculares e se inicia um novo período de enchimento

ventricular.

1.17 Débito Cardíaco e Índice Cardíaco

Durante a diástole ocorre o enchimento ventricular que, ao final, atinge um volume

de aproximadamente 120ml, chamado volume diastólico final. À medida que a sístole

ventricular ejeta sangue para as grandes artérias, o volume ventricular cai, sendo de

aproximadamente 50ml ao final da sístole (volume sistólico final). A diferença entre o

volume diastólico final e o volume sistólico final é chamada de volume de ejeção ou

volume sistólico e corresponde ao volume de sangue impulsionado a cada batimento

cardíaco. Em um adulto, o volume sistólico médio é de cerca de 70ml de sangue. O

volume sistólico varia com os indivíduos, sendo menor nas crianças. No coração normal,

é o mesmo para ambos os ventrículos.

Quando o coração se contrai com mais força o volume sistólico final pode cair

para penas 20ml. Quando grandes quantidades de sangue fluem para os ventrículos

durante a diástole, o volume diastólico final pode atingir a 200ml. Em ambas as

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circunstâncias, o volume de ejeção ou volume sistólico estará aumentado e, portanto,

estará aumentado o débito do ventrículo, a cada batimento.

O débito cardíaco sistêmico corresponde à quantidade de sangue lançada pelo

ventrículo esquerdo na aorta, a cada minuto. Esta é a forma habitual de expressar a

função de bomba do coração.

Em cada batimento, o volume ejetado pelo ventrículo esquerdo na aorta é a

diferença entre o volume diastólico final (VDF) e o volume sistólico final (VSF). O débito

cardíaco (DC) será igual àquela diferença multiplicada pelo número de batimentos a cada

minuto (freqüência cardíaca, FC).

O débito cardíaco pode ser expresso pela seguinte equação:

DC = (VDF - VSF) x FC em que:

DC = débito cardíaco,

VDF = volume diastólico final,

VSF = volume sistólico final e,

FC = freqüência cardíaca.

O volume sistólico de um adulto médio é de aproximadamente 70ml e a freqüência

cardíaca é de 80 batimentos por minuto. O débito cardíaco desse indivíduo será de 70 x

80 = 5.600ml/min. (5,6 litros/ minuto). O débito cardíaco é habitualmente expresso em

litros por minuto (l/min.). Se, em uma criança, por exemplo, o volume diastólico final é de

60ml, o volume sistólico final é de 25ml e a freqüência cardíaca é de 100 batimentos por

minuto, o seu débito cardíaco será:

DC = (60 - 25) x 100 = 35 x 100 = 3.500 ml/min ou 3,5 l/min.

O débito cardíaco na criança é inferior ao débito calculado para os adultos, o que nos

mostra a dificuldade de comparar o débito cardíaco de diferentes indivíduos, em face das

variações de seu peso e massa corporal, dos quais dependem os volumes diastólico e

sistólico finais.

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Para permitir a comparação do débito cardíaco entre diferentes indivíduos, usa-se

dividir o valor do débito cardíaco pela superfície corpórea (SC), expressa em metros

quadrados.

Esse novo indicador da função de bomba do coração tem maior significado que o

anterior e é chamado de Índice Cardíaco (IC).

Se a superfície corpórea do adulto do exemplo anterior é de 1,8 m2 e a superfície

corpórea da criança é de 1,1 m2, teremos os seguintes índices da função ventricular:

IC = DC/SC = 5,6/1,8 = 3,1 l/min/m2

IC = DC/SC = 3,5/1,1 = 3,1 l/min/m2

O índice cardíaco de ambos os indivíduos é o mesmo, de 3,1 litros de sangue por

minuto, por cada metro quadrado de superfície corporal.

O índice cardíaco é o indicador mais importante da função do sistema

cardiovascular, porque expressa a quantidade de sangue que o coração impulsiona a

cada minuto, para o transporte dos elementos essenciais à função celular em todos os

tecidos do organismo. O índice cardíaco varia com a idade. Nas crianças, é de 2,5 l/

min/m2, desde o nascimento, para atingir pouco mais de 4 l/min/m2 aos 10 anos de idade.

Na velhice, o índice declina, alcançando os 2,4 l/min/m2, em torno dos oitenta anos. O

índice cardíaco normal, para os indivíduos de todas as idades, em repouso, varia de 2,5 a

3,75 l/min/m2 atinge cerca de 120mmHg.

2. MEIOS DIAGNÓSTICOS EM CARDIOLOGIA 2.1História Clínica e Exame Físico do Paciente Cardiopata

Em primeiro lugar, interrogamos o indivíduo sobre sintomas como, por exemplo,

dor torácica, dispnéia, edema dos pés e tornozelos e palpitações, os quais sugerem a

possibilidade de uma cardiopatia. Em seguida, deve-se perguntar se a pessoa tem outros

sintomas como febre, debilidade, fadiga, falta de apetite e mal-estar generalizado, que

também são indícios de cardiopatia.

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A seguir, o paciente é questionado sobre infecções passadas, exposição prévia a

agentes químicos, uso de medicações, álcool e tabaco, ambientes doméstico e

profissional e atividades de lazer. Também questionamos a pessoa acerca de membros

da família que tiveram cardiopatias e moléstias afins e sobre o paciente manifestar

alguma outra doença que afete o sistema cardiovascular.

Durante o exame físico, anotamos o peso, o estado físico e o aspecto geral da

pessoa, verificando a presença de palidez, sudorese ou sonolência – as quais podem ser

indicadores sutis de uma cardiopatia. Também são observados o humor do indivíduo e

sua disposição, os quais costumam ser afetados pelas cardiopatias. A avaliação da cor da

pele é importante, porque a palidez anormal ou a cianose (coloração azulada) podem

indicar anemia ou deficiência do fluxo sangüíneo. Esses achados podem indicar que a

pele está recebendo oxigênio de forma inadequada devido a uma doença pulmonar, à

insuficiência cardíaca ou a problemas circulatórios.

Verificamos o pulso de artérias do pescoço, sob os braços, nos cotovelos e pulsos,

no abdômen, na região inguinal, nos joelhos e nos tornozelos e pés, para avaliar melhor

se o fluxo sangüíneo é adequado e igual em ambos os lados do corpo. A pressão arterial

e a temperatura corpórea também são verificadas. Qualquer anormalidade pode sugerir

uma cardiopatia. As veias no pescoço são então analisadas porque elas estão

conectadas diretamente ao átrio direito do coração e fornecem uma indicação sobre o

volume e a pressão do sangue que está entrando no lado direito do coração. Nessa etapa

do exame, a pessoa coloca-se em decúbito dorsal com a parte superior do corpo elevada

em um ângulo de 45°. Às vezes, o indivíduo pode sentar-se, permanecer em pé ou deitar

em decúbito dorsal totalmente horizontal.

A pele sobre os tornozelos e a perna (e, em alguns casos, sobre a região dorsal

inferior) é pressionada, para verificar a presença de acúmulo de líquido (edema) nos

tecidos subcutâneos. É utilizado um oftalmoscópio (instrumento que permite examinar o

interior do olho) para a observação dos vasos sangüíneos e tecidos nervosos da retina (a

membrana sensível à luz existente na superfície interna da parte posterior do olho). São

comuns as anormalidades visíveis na retina em pessoas com hipertensão, diabetes,

arteriosclerose e infecções bacterianas das válvulas cardíacas.

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Observamos a região torácica para determinar se a freqüência e os movimentos

respiratórios são normais e, em seguida, percute o tórax com os dedos para determinar

se os pulmões estão cheios de ar, o que seria normal, ou se eles contêm líquido,

condição anormal. A percussão também ajuda a determinar se a membrana que envolve

o coração (pericárdio) ou a dupla camada membranosa que reveste os pulmões (pleura)

contém líquido. Usando um estetoscópio, também auscultamos os sons respiratórios para

determinar se o fluxo de ar encontra-se normal ou obstruído e se os pulmões contêm

líquido em decorrência da insuficiência cardíaca.

Uma das mãos é colocada sobre o tórax para determinar o tamanho do coração, o

tipo e a força das contrações durante cada batimento cardíaco. Às vezes, um fluxo

sangüíneo turbulento e anormal no interior dos vasos ou entre as câmaras cardíacas

causa uma vibração que pode ser sentida com a ponta dos dedos ou a palma da mão.

Com um estetoscópio, escutamos o coração (procedimento denominado auscultação),

observando os diferentes sons produzidos pela abertura e pelo fechamento das válvulas.

Anormalidades das válvulas e de estruturas cardíacas produzem um fluxo

sangüíneo turbulento, o qual dá origem a sons característicos denominados sopros. Em

geral, o fluxo sangüíneo turbulento ocorre quando o sangue passa por válvulas

estenosadas (estreitadas) ou insuficientes (que permitem o refluxo). No entanto, nem

todas as cardiopatias causam sopros, e nem todos os sopros indicam cardiopatia. É

comum mulheres grávidas apresentarem sopros cardíacos em razão do aumento normal

do fluxo sangüíneo. Sopros cardíacos inofensivos também são comuns em bebês e

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Page 26: Enfcardio01

crianças, em virtude do rápido fluxo do sangue através das pequenas estruturas do

coração.

À medida que as paredes dos vasos, das válvulas e dos outros tecidos se

enrijecem nos idosos, o sangue vai fluindo de forma turbulenta, mesmo que não exista

cardiopatia grave subjacente. O posicionamento do estetoscópio sobre artérias e veias

em qualquer outro ponto do corpo permite realizarmos a auscultação em busca de sons

do fluxo sangüíneo turbulento, denominados ruídos e causados pelo estreitamento

(estenose) dos vasos ou por conexões anormais entre vasos.

Palpamos abdômen para determinar se o fígado está aumentado de volume em

conseqüência do acúmulo de sangue nas veias principais que se dirigem ao coração. Um

abdômen com um aumento anormal de volume em decorrência da retenção de líquido

pode indicar insuficiência cardíaca. O pulso e o tamanho da aorta abdominal também são

verificados.

Os membros inferiores devem ser observados quanto a perfusão, edema, e a

simetria dos pulsos periféricos.

2.2 EXAME FÍSICO / CÁRDIO

2.2.1. Inspeção do Tórax

ABAULAMENTOS

Causas Extracardíacas

Causas Cardíacas

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RETRAÇÕES Cicatrizes de toracotomia

PULSAÇÕES ANORMAIS

Precordiais

Epigástricas

ICTUS CORDIS

2.2.2. Palpação do Tórax

1. ICTUS CORDIS: Localização; Extensão; Intensidade; Mobilidade; 2. FRÊMITO CATÁREO: Sede; Tempo; Intensidade; 3. CHOQUE VALVAR; 4. ATRITO PERICÁRDICO; 5.RITMO DE GALOPE; 6. PULSAÇÕES ANORMAIS.

2.2.3. Percussão do Tórax 1. LIMITES NORMAIS DA ÁREA CARDÍACA;

2. MACICEZ CARDÍACA; 2.2.4. Ausculta Cardíaca; a) FOCOS DE AUSCULTA Foco Aórtico: 2º espaço intercostal direito, linha paraesternal;

Foco Pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo, linha paraesternal;

Foco Tricúspide: base apêndice xifóide;

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Foco Mitral ou Apical: 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular à esquerda do

esterno( sede do ictus).

b) RITMO : Regular; c) FREQUÊNCIA Recém-nascidos: 130 a 160 bpm;

Lactentes: 110 a 130 bpm;

Crianças: 80 a 120 bpm;

Adultos: 60 a100 bpm.

d) BULHAS CARDÍACAS

B1- Fechamento das válvulas mitral e tricúspide;

B2 - Fechamento das válvulas aórtica e pulmonar;

B3 - Presente em crianças e adultos jovens;

B4 – Patológica.

SOPROS (alterações das bulhas cardíacas) Avaliação • ITENSIDADE: + sopro suave

++ sopro moderado

+++ sopro forte

++++ sopro intenso

• TIMBRE: Suave - Musical – Áspero

• DURAÇÃO: Proto - início do ciclo;

Meso - parte média do ciclo;

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Tele - segunda parte do ciclo;

Holo - todo o ciclo.

• IRRADIAÇÃO Classificação - Sistólico: Ocupam total ou parcialmente a sístole (ejeção e/ou regurgitação);

- Diastólico: Ocupam total ou parcialmente a diástole (regurgitação e/ou enchimento

ventricular);

- Contínuos: Regurgitação e obstrução.

- Inocentes: Sopros suaves e sem frêmitos

2.3 Paciente Sem Alterações ao Exame Cardiovascular

• Precórdio calmo. Ausência de abaulamentos e retrações. Ausência de pulsações

visíveis e palpáveis nas regiões para-esternal, epigástrica, supra-claviculares e em

fúrcula.

• Ictus cordis visível e palpável no 5º espaço intercostal esquerdo (EICE), na linha

hemiclavicular esquerda (LHCE) (a 10 cm da linha medio-esternal), normo-impulsivo,

com freqüência de 75 bpm, rítmico, de amplitude normal, com uma polpa digital de

extensão, com discreta mobilidade ao decúbito de Pachón (deslocamento de cerca de

2 cm para esquerda). Ausência de frêmitos e de atrito pericárdico palpáveis. Bulhas

cardíacas (choques valvares) impalpáveis.

• A percussão da área cardíaca mostra limite de transição de submacicez para som

claro pulmonar no 3º, 4º e 5º EICE a 4, 7 e 10 cm da borda esternal esquerda,

respectivamente.

• À ausculta observa-se ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas

com desdobramento fisiológico (respiratório) da 2ª bulha no foco pulmonar, ausência

de sopros e de atrito pericárdico.

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2.4 Exames Diagnósticos em Cardiologia Exames de Sangue 2.4.1Creatino Kinase (CK)

É uma enzima citoplasmática e mitocondrial que cataliza a fosforilação reversível

da creatinina com formação de ATP. A CK é composta de duas subunidades (M e B) que

se combinam em três tipos: MM, MB e BB que são encontradas em maior proporção

respectivamente, no músculo esquelético, cardíaco e nos tecidos. Elevações de MM são

encontradas nas disfunções tireoideanas e BB nas doenças gastrointestinais, adenomas,

carcinomas, doenças vasculares, autoimunes e cirrose. Portanto, a sua elevação não

significa necessariamente Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A associação clínica com

ECG e outras provas laboratoriais aumenta o seu valor diagnóstico no IAM. A elevação do

CK Total ocorre 4 a 8 horas após o início da dor peitoral, tendo o seu pico máximo de 12 a

24 horas, retornando ao normal em 3 a 4 dias.

Os níveis aumentados podem indicar: infarto do miocárdio, lesão da musculatura

cardíaca ou esquelética, doença muscular cardíaca congênita, acidente vascular cerebral,

injeções intramusculares, hipotireoidismo, doenças infecciosas, embolia pulmonar,

hipertermia maligna, convulsões generalizadas, neoplasias de próstata, vesícula, e trato

gastrintestinal.

Considerando as limitações da CK total, o CKMB é um marcador mais específico

para detecção de lesões no miocárdio, pois 25 a 46% da concentração desta enzima

encontram-se no músculo cardíaco e apenas 5% no músculo esquelético. Elevações de

CKMB ocorrem de 2 a 6 horas após as manifestações cardíacas, com pico máximo em

torno de 24 horas, retornando ao normal dentro de 48 horas. Precocidade de sua

detecção e maior especificidade faz com que ela seja o marcador de escolha em relação

ao CK Total.

2.4.2 CK-MB

É uma isoenzima da creatina fosfoquinase (CPK) que corresponde a enzima

liberada pelo músculo cardíaco. Esta enzima eleva-se quando ocorre isquemia em uma

determinada região do músculo cardíaco. No infarto agudo do miocárdio os valores de

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CK-MB podem estar superiores a 16 U/L e entre 4% a 25% do valor de CPK total. A

interpretação dos resultados pode ser a seguinte:

Valores de CK-MB acima de 16 U/L, mas inferiores a 4% do valor do CPK total

podem sugerir lesão de músculo esquelético;

CK-MB acima de 25% do valor do CPK total pode indicar presença de isoenzima,

neste caso o indicado é dosar o CK-MB por meio de metodologias alternativas, como no

caso do CK-MB por quimioluminescência. A interpretação deste exame é a seguinte: o

CK-MB encontra-se predominantemente no músculo cardíaco, sendo responsável por

aproximadamente 10 a 40% das miocardites. Os danos no miocárdio originam a liberação

transitória de CKMB para a circulação. Esse aumento de CKMB atinge o auge entre 12 e

24 horas, depois regressa ao normal dentro de 48 a 72 horas.

2.4.3 CK-MB massa

Enquanto na dosagem de CK-MB é determinada a atividade da enzima, o teste de

CK-MB massa detecta sua concentração, independentemente de sua atividade, o que

torna o CK-MB massa mais confiável que os testes de CK-MB atividade. Desta maneira, o

CK-MB massa apresenta melhor sensibilidade analítica, pois detecta enzimas ativas e

inativas.

A sensibilidade analítica também aumenta, já que pode detectar lesões no

miocárdio 1 a 2 horas antes do CK-MB.

A menor incidência de resultados falso-positivos ocorre devido ao fato de o teste

não sofrer interferência de outras enzimas com atividade semelhante. Na prática

laboratorial pode-se encontrar valores de CK-MB maiores que CK total, isso ocorre devido

a formas macromoleculares da enzima (macro-CK), que levam a resultados falso-

positivos em ensaios de CK-MB.

Através de alguns exames de sangue é possível detectar, tanto um risco para

doença arterial coronariana, como a presença de doença arterial coronariana. No primeiro

caso, certas substâncias são dosadas, e quando estão acima dos valores normais,

indicam um risco para desenvolver a doença arterial coronariana, e no segundo caso,

algumas substâncias chamadas de enzimas, quando aumentadas, indicam dano ou

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isquemia no miocárdio. A seguir serão apresentados os exames laboratoriais mais

comumente realizados na avaliação do risco para doença arterial coronariana.

2.4.5 Troponina T

É um exame que começa a ser muito utilizado no diagnóstico do infarto agudo do

miocárdio. Esta enzima é liberada no sangue a partir de 2 a 8 horas após a lesão do

miocárdio. Os valores se elevam por um período de 2 horas a 14 dias após o infarto. O

resultado positivo significa que a concentração de Troponina T contida na amostra supera

o valor de sensibilidade do teste, que é 0,1 ng/ml. Entretanto, o resultado negativo não

permite excluir com segurança um infarto do miocárdio nas primeiras 8 horas após a

aparição dos primeiros sintomas. Se a suspeita persistir, o exame deve ser repetido em

intervalos apropriados.

Pode-se utilizar uma ampla gama de exames e procedimentos para a realização de

diagnósticos rápidos e precisos. A tecnologia inclui as mensurações elétricas, os estudos

radiográficos, a ecocardiografia, a ressonância magnética (RM), a tomografia por emissão

de pósitrons (TEP) e o cateterismo cardíaco. A maioria dos procedimentos diagnósticos

cardíacos apresenta apenas um risco mínimo, mas este aumenta de acordo com a

complexidade do procedimento e a gravidade da cardiopatia subjacente.

Nos casos do cateterismo e da angiografia cardíacos, a probabilidade de uma

complicação grave – como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou morte – é

de 1:1.000. Os testes de esforço apresentam risco de infarto do miocárdio ou de morte de

1:5.000. Virtualmente, o único risco dos estudos com radionuclídeos é originário da

diminuta dose de radiação recebida pelo paciente, que é inferior à radiação recebida

pelos indivíduos na maioria das radiografias.

2.4.6 Colesterol Total

Este é um exame que determina a dosagem total de colesterol no sangue. A

unidade de medida é em miligramas por decilitro de sangue (mg/dl). As frações são

exames específicos. Abaixo estão os valores para o colesterol e as suas frações.

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2.4.7 Colesterol Total e Frações Colesterol Total e Frações Desejável Limite Superior Muito Alto Colesterol Total < 200 mg/dl 200-239 mg/dl > 240 mg/dl

LDL Colesterol < 130 mg/dl 130-159 mg/dl > 160 mg/dl

Triglicérides < 200 mg/dl > 200 mg/dl

2.4.8 TGO - Transaminase glutâmico oxaloacética No infarto agudo do miocárdio o aumento do TGO está ligado à necrose de células

miocárdicas. A elevação é geralmente moderada raramente chegando a atingir 10 vezes

o limite superior normal. A elevação da TGO aparece entre a sexta e a décima segunda

horas após o episódio de dor, atinge seu nível máximo em 24 a 48 horas, e o seu retorno

ao normal se processa entre o quarto e o sétimo dia após o episódio de dor.

2.4.9 TGP - Transaminase glutâmica-pirúvica

Nos pacientes com infarto do miocárdio seus níveis de elevação sérica são leves

ou ausentes. Entretanto na insuficiência cardíaca ou no choque com necrose hepática

presente pode-se terr níveis elevados. A aplicação principal da determinação desta

enzima sérica está no diagnóstico da destruição hepatocelular.

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Outros Exames 2.5 Exames Diagnósticos

Pode-se utilizar uma ampla gama de exames e procedimentos para a realização de

diagnósticos rápidos e precisos. A tecnologia inclui as mensurações elétricas, os estudos

radiográficos, a ecocardiografia, a ressonância magnética (RM), a tomografia por emissão

de pósitrons (TEP) e o cateterismo cardíaco. A maioria dos procedimentos diagnósticos

cardíacos apresenta apenas um risco mínimo, mas este aumenta de acordo com a

complexidade do procedimento e a gravidade da cardiopatia subjacente.

Nos casos do cateterismo e da angiografia cardíacos, a probabilidade de uma

complicação grave – como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou morte – é

de 1:1.000. Os testes de esforço apresentam risco de infarto do miocárdio ou de morte de

1:5.000. Virtualmente, o único risco dos estudos com radionuclídeos é originário da

diminuta dose de radiação recebida pelo paciente, que é inferior à radiação recebida

pelos indivíduos na maioria das radiografias.

2.5.1 Teste de Esforço A resistência dos indivíduos ao exercício fornece ao médico, informações sobre a

existência e a gravidade de uma doença arterial coronariana e de outros distúrbios

cardíacos. Um teste de esforço, o qual permite controlar o ECG e a pressão arterial do

indivíduo durante o exercício, pode revelar problemas que não são evidenciados em

repouso.

Se as artérias coronárias apresentam um bloqueio parcial, o coração pode

apresentar uma circulação sangüínea suficiente quando o indivíduo encontra-se em

repouso, mas não quando ele se exercita.

A realização simultânea de uma prova da função pulmonar pode diferenciar a

limitação do exercício por uma doença cardíaca ou pulmonar da limitação em função da

ocorrência concomitante de uma patologia cardíaca e uma patologia pulmonar.

Page 35: Enfcardio01

Durante a prova, a pessoa pedala uma bicicleta ergométrica ou anda sobre uma

esteira rolante em um determinado ritmo.

O ritmo é gradualmente aumentado. O ECG é monitorizado de forma contínua e a

pressão arterial é medida em intervalos regulares. Em geral, é solicitado ao indivíduo que

está sendo testado que ele continue o teste até a sua freqüência cardíaca atingir entre 80

e 90% do máximo para sua idade e seu sexo. Se sintomas, como a dificuldade

respiratória ou a dor torácica, tornarem-se muito desconfortáveis ou se forem detectadas

anormalidades significativas no registro eletrocardiográfico ou da pressão arterial, a prova

deve ser interrompida.

Os indivíduos que, por alguma razão, não podem realizar exercícios, são

submetidas ao eletrocardiograma de estresse, o qual fornece informações semelhantes

às do teste de esforço, mas não envolvem a prática de exercícios. Em vez disso, uma

substância que aumenta o suprimento sangüíneo ao tecido cardíaco normal, mas diminui

o suprimento ao tecido anormal, como o dipiridamol ou a adenosina, é injetada no

indivíduo para simular os efeitos do esforço.

O teste de esforço sugere a presença de uma doença arterial coronariana quando

surgem determinadas anormalidades eletrocardiográficas, o indivíduo apresenta angina

ou a sua pressão arterial diminui. Nenhum teste é perfeito. Às vezes, eles revelam

anormalidades em pessoas que não apresentam doença arterial coronariana (resultado

falso-positivo) e, às vezes, eles não revelam anormalidades em pessoas que realmente

apresentam angina (resultado falso-negativo).

Para os indivíduos assintomáticos (sem sintomas), especialmente os mais jovens,

a probabilidade de doença arterial coronariana é baixa, apesar de um resultado anormal

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do teste. Apesar disso, é freqüente o teste de esforço ser utilizado com finalidade de

controle de indivíduos aparentemente saudáveis como, por exemplo, antes do início de

um programa de exercícios ou na avaliação para a realização de um seguro de vida. Os

muitos falso-positivos resultantes causam uma preocupação considerável e despesas

médicas desnecessárias. Por isso, a maioria dos especialistas não incentiva a utilização

do teste de esforço em pessoas assintomáticas.

2.5.2 Eletrocardiografia A eletrocardiografia é um procedimento rápido, simples e indolor, em que impulsos

elétricos no coração são amplificados e registrados em uma fita de papel em movimento.

O eletrocardiograma (ECG) permite que o médico analise o marcapasso do coração, o

qual dispara cada batimento, as vias de condução nervosa do coração e a freqüência e o

ritmo cardíaco. Para obter um ECG, o examinador instala pequenos contatos metálicos

(eletrodos) sobre a pele dos braços, das pernas e do tórax do indivíduo.

Esses eletrodos mensuram o fluxo e a direção das correntes elétricas no coração

durante cada batimento cardíaco. Os eletrodos são conectados através de fios metálicos

a um aparelho que gera um traçado para cada eletrodo. Cada traçado representa uma

“imagem” particular dos padrões elétricos do coração; essas imagens são denominadas

derivações. Quase todas as pessoas com suspeita de serem portadoras de uma

cardiopatia devem ser submetidas à realização de um ECG.

Esse exame pode ajudar a identificar diversos problemas cardíacos, como ritmos

cardíacos anormais, suprimento inadequado de sangue e de oxigênio ao coração e um

espessamento (hipertrofia) exagerado do miocárdio, o qual pode ser decorrente da

hipertensão arterial. O ECG também pode revelar o adelgaçamento do miocárdio ou sua

ausência (em razão de sua substituição por tecido não-muscular), condição esta que pode

ser decorrente de um infarto do miocárdio.

O eletrocardiograma (ECG) é uma representação da atividade elétrica do coração,

refletida pelas alterações do potencial elétrico na superfície da pele.

O ECG é registrado como um traçado sobre uma fita de papel milimetrado, onde os

espaços entre as linhas verticais representam a amplitude e distam entre si 1 milímetro.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores

Cada 10 milímetros corresponde a 1 milivolt (mV). A distância entre as linhas horizontais

medem o tempo, e cada 1 milímetro corresponde a 0,04 segundos ou 400 milisegundos.

O ECG é particularmente útil na avaliação das condições que interferem com as

funções cardíacas normais, como distúrbios da freqüência ou ritmo, anormalidades da

condução, crescimento das câmaras cardíacas, presença de um infarto do miocárdio e

desequilíbrios eletrolíticos.

A informação registrada no ECG representa impulsos elétricos do coração. Os

impulsos elétricos representam várias etapas da estimulação cardíaca.

Quando se estimula o músculo cardíaco eletricamente, ele se contrai.

No estado de repouso as células do coração estão POLARIZADAS, o interior das

células se acha NEGATIVAMENTE carregado. Quando se estimula as células a

contraírem-se, se tornam POSITIVAMENTE carregadas, denominando-se

DESPOLARIZAÇÃO.

Assim uma onda progressiva de estimulação (despolarização) atravessa o coração,

produzindo contração do miocárdio. O estímulo elétrico de despolarização causa

contração progressiva das células miocárdicas, quando então a onda de cargas positivas

progride para o interior das células. A onda de despolarização (o interior das células se

torna positivo ) e a repolarização ( as células voltam a ser negativas )

O impulso elétrico ao se difundir nos átrios, forma a primeira onda positiva - onda P.

Depois da onda P, registra-se um segmento sem ondas, porque a atividade elétrica

é de pequena magnitude - segmento PR, que representa a despolarização do tecido

específico (região do nódulo AV e feixe de His). Em seguida, vemos uma onda negativa -

onda Q; uma onda positiva alta - onda R e outra negativa - onda S. Forma-se o complexo

QRS que representa a estimulação elétrica dos ventrículos e não a contração mecânica

das câmaras ventriculares.

Em seguida há repouso elétrico do coração quando se inscreve outro segmento

sem ondas - segmento ST. Finalmente, inicia - se o fenômeno espontâneo e mais lento da

repolarização ventricular, representado por uma deflexão positiva, onda T. Muitas vezes

observa - se outra onda positiva - onda U, que aparece principalmente, quando a

freqüência cardíaca é baixa. Para se registrar o traçado eletrocardiográfico, algumas

precauções devem ser observadas.

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O paciente deve estar, preferentemente, deitado e em absoluto repouso - relaxado;

Os eletrodos dos membros deverão ser conectados aos punhos e ao terço inferior das

pernas. Todavia, porém podem ser colocados desde a raiz da coxa até o dorso do pé,

ou desde o ombro até o dorso da mão, pois que na prática se pode considerar que um

eletrodo explorador colocado além de 12 cm do coração capta sempre o mesmo

potencial;

Entre a pele e o eletrodo explorador deve ser colocado um bom condutor de

eletricidade: certas pastas (gel condutor), álcool ou mesmo água;

As crianças pela sua natural inquietação, podem ou devem ser sedadas.

O ECG consiste em 12 derivações. A informação sobre a atividade elétrica do coração

é obtida colocando - se eletrodos sobre a superfície da pele, em posições anatômicas

convencionadas. As diversas posições dos eletrodos que podem ser monitorizadas são

denominadas derivações. Para um ECG completo com 12 derivações, o coração é

analisado em cada uma das 12 posições anatômicas diferentes. O sistema é composto de

4 eletrodos periféricos, um em cada braço e cada perna e 6 precordiais, constituindo as

derivações standarts ( D1, D2, D3 ) e 3 variáveis ( aVR , aVL e aVF ).

Colocação dos eletrodos nos membros

COR POSIÇÃO

VERMELHO Braço direito

AMARELO Braço esquerdo

PRETO Perna direita

VERDE Perna esquerda

AZUL Precordiais

Posição das derivações precordiais

Derivação POSIÇÕES

V1 4º espaço intercostal na borda direita do esterno

V2 4º espaço intercostal na borda esquerda do esterno

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V3 Espaço intermediário entre V2 e V4

V4 5º espaço intercostal esquerdo na linha médio clavicular

V5 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior

V6 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar média

2.5.3 ECG: Interpretação das Ondas

O eletrocardiograma (ECG) representa a corrente elétrica que percorre o coração

durante um batimento cardíaco. Cada parte do ECG é designada por uma letra. Cada

batimento cardíaco começa com um impulso do principal marcapasso do coração (nódulo

sinoatrial). Esse impulso ativa primeiramente as câmaras superiores do coração (átrios).

A onda P representa essa ativação dos átrios. Em seguida, a corrente elétrica flui

até as câmaras inferiores do coração (ventrículos). O complexo QRS representa a

ativação dos ventrículos. A onda T representa a onda de recuperação, enquanto a

corrente elétrica dissemina-se de forma retrógrada sobre os ventrículos.

Muitos tipos de anormalidade são revelados num ECG. As de compreensão mais

fácil são as anormalidades do ritmo do batimento cardíaco: demasiadamente rápido,

demasiadamente lento ou irregular. Em geral, ao analisar o ECG, o médico determina em

qual parte do coração o ritmo anormal é originado e pode dar início ao processo de

determinação de sua causa.

2.5.4 Eletrocardiografia Ambulatorial Contínua (Holter) Os ritmos cardíacos anormais e o fluxo sangüíneo insuficiente ao miocárdio podem

ocorrer apenas durante um curto período de tempo ou de maneira imprevisível. Para

detectar esses problemas, o médico pode lançar mão da monitorização

eletrocardiográfica ambulatorial contínua. Neste exame, o indivíduo carrega consigo um

pequeno aparelho movido a pilha (monitor Holter), o qual registra o ECG durante 24

horas.

Enquanto estiver com o monitor, a pessoa anota em um diário o horário e o tipo de

qualquer sintoma. Em seguida, o registro é transferido para um computador, o qual

analisa a freqüência e o ritmo do coração, verifica a ocorrência de alterações na atividade

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elétrica que possam indicar um fluxo sangüíneo inadequado ao miocárdio e reproduz um

registro de cada batimento cardíaco ocorrido durante as 24 horas.

Os sintomas registrados no diário podem então ser relacionados às alterações

eletrocardiográficas Caso seja necessário, o ECG pode ser transmitido por via telefônica a

um computador localizado no hospital ou no consultório médico, para leitura imediata,

assim que o paciente apresenta sintomas.

Aparelhos ambulatoriais sofisticados podem registrar simultaneamente um ECG e

um eletroencefalograma (mensurações da atividade elétrica do cérebro) em pacientes que

apresentam episódios de perda da consciência. Esses registros ajudam a diferenciar as

crises convulsivas epilépticas das anormalidades do ritmo cardíaco.

A pessoa utiliza um pequeno monitor, que é sustentado por um dos ombros por

uma correia. Com os eletrodos fixados no tórax, o monitor registra continuamente a

atividade elétrica do coração.

2.5.5 Testagem Eletrofisiológica A testagem eletrofisiológica é utilizada na avaliação de alterações graves do ritmo

ou da condução elétrica. No hospital, o médico insere diminutos eletrodos através das

veias e, em alguns casos, através das artérias, atingindo diretamente o interior das

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câmaras cardíacas, para obter o registro eletrocardiográfico a partir do interior do coração

e para identificar a localização exata das vias de condução elétrica.

Às vezes, o médico provoca intencionalmente um ritmo cardíaco anormal durante a

testagem para descobrir se determinado medicamento pode interromper o distúrbio ou se

uma cirurgia irá ajudar o paciente. Em caso de necessidade, o médico retorna

rapidamente ao ritmo normal com um choque elétrico de curta duração sobre o coração

(cardioversão). Embora seja um procedimento invasivo e exija a anestesia do paciente, a

testagem eletrofisiológica é muito segura e o seu risco de morte é de 1:5.000.

2.5.6 Exames Radiológicos Qualquer pessoa com suspeita de cardiopatia deve ser submetida a radiografias

nas incidências frontal e de perfil. As radiografias revelam a forma e o tamanho do

coração e delineiam os vasos sangüíneos nos pulmões e no tórax. A anormalidade da

forma ou do tamanho do coração e alterações, como depósitos de cálcio no interior do

coração, são imediatamente observadas.

As radiografias torácicas também podem revelar o estado dos pulmões,

particularmente dos vasos sangüíneos pulmonares, e a presença de qualquer líquido no

interior ou em torno dos pulmões. Freqüentemente, a insuficiência cardíaca ou uma

alteração de uma válvula cardíaca acarreta um aumento do volume do coração.

No entanto, o tamanho do coração pode ser normal mesmo em pessoas com

cardiopatia grave. Nos casos de pericardite constritiva, a qual cria um envelope de tecido

cicatricial envolvendo o coração, este não aumenta de volume, mesmo na vigência de

uma insuficiência cardíaca.

O aspecto dos vasos sangüíneos nos pulmões é muitas vezes mais importante na

confirmação diagnóstica do que o aspecto do coração em si. Por exemplo, a dilatação das

artérias pulmonares localizadas próximas ao coração e a sua estenose no interior do

tecido pulmonar sugerem o aumento do ventrículo direito.

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2.5.7 Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada (TC) comum não é freqüentemente utilizada no

diagnóstico das cardiopatias. No entanto, ela pode detectar anormalidades estruturais do

coração, do pericárdio, dos vasos principais, dos pulmões e das estruturas de

sustentação no tórax. Nesse exame, um computador gera imagens de cortes transversais

de todo o tórax utilizando raios X, revelando a localização exata de qualquer anomalia.

A tomografia computadorizada é moderna e ultra-rápida, também chamada de

cinetomografia computadorizada, fornece uma imagem móvel tridimensional do coração.

Esse exame pode ser utilizado na avaliação de anormalidades estruturais e de

movimento.

2.5.8 Fluoroscopia (Radioscopia) A fluoroscopia (radioscopia) é um procedimento radiológico contínuo que mostra

em um monitor o coração batendo e os pulmões insuflando e desinsuflando. Contudo, a

fluoroscopia, a qual envolve uma dose relativamente alta de radiação, vem sendo

amplamente substituída pela ecocardiografia e por outros exames.

A fluoroscopia também é utilizada como um componente do cateterismo cardíaco e

da testagem eletrofisiológica. Ela pode ser útil em alguns diagnósticos difíceis que

envolvem doenças valvulares e defeitos congênitos do coração.

2.5.9 Ecocardiografia É uma das técnicas mais amplamente utilizadas no diagnóstico das cardiopatias,

por não ser invasiva, não utilizar raios X e fornecer imagens excelentes. O exame é

inofensivo, indolor, relativamente barato e amplamente disponível. A ecocardiografia

utiliza ondas de ultra-som de alta freqüência, as quais são emitidas por uma sonda de

registro (transdutor), chocam-se contra as estruturas do coração e os vasos sangüíneos e

são retornadas, produzindo uma imagem móvel.

A imagem é visualizada em um monitor e é registrada em videocassete ou em

papel. Ao variar a posição e o ângulo da sonda, o médico visualiza o coração e os vasos

sangüíneos importantes sob vários ângulos, obtendo um retrato acurado da estrutura e do

funcionamento do coração.

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Para uma maior nitidez ou para analisar estruturas localizadas na parte posterior do

coração, pode-se passar uma sonda através da garganta do paciente até o esôfago,

registrando os sinais a partir de um ponto situado logo atrás do coração. Esta técnica é

conhecida como ecocardiografia transesofágica. Esta técnica pode detectar

anormalidades de movimento da parede do coração e do volume de sangue que está

sendo bombeado pelo coração em cada batimento, espessamentos e doenças da

membrana que envolve o coração (pericárdio) e acúmulo de líquido entre o pericárdio e o

músculo cardíaco (miocárdio).

Os principais tipos de exames ultra-sonográficos são: modo M, bidimensional,

Doppler e Doppler colorido. Na ultra-sonografia no modo M, a qual é a técnica mais

simples, um feixe isolado de ultrasom é direcionado à parte do coração estudado. A ultra-

sonografia bidimensional, a qual é a técnica mais utilizada, produz imagens

bidimensionais reais, em “cortes” gerados por computador.

A ultra-sonografia com Doppler detecta o movimento e a turbulência do sangue e

pode produzir uma imagem colorida (Doppler colorido). As ecocardiografias com Doppler

colorido e com Doppler simples podem determinar e mostrar a direção e a velocidade do

fluxo sangüíneo nas câmaras cardíacas e nos vasos sangüíneos.

As imagens permitem ao médico observar se as válvulas cardíacas abrem e

fecham adequadamente, se há escape de sangue durante fechamento e, em caso

afirmativo, a quantidade de sangue que escapa, e ainda se o sangue flui normalmente.

Podem ser detectadas conexões anormais entre os vasos sangüíneos ou entre as

câmaras cardíacas e a estrutura e o funcionamento de vasos e câmaras cardíacas podem

ser determinados.

2.5.10 Ressonância Magnética A ressonância magnética (RM) é uma técnica que utiliza um campo magnético

potente para a produção de imagens detalhadas do coração e do tórax. Essa técnica

extremamente cara e sofisticada ainda se encontra em estágio experimental para uso no

diagnóstico de cardiopatias.

O indivíduo é colocado no interior de um enorme ímã elétrico, o qual faz com que

os núcleos dos átomos do organismo vibrem e emitam sinais característicos, os quais são

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convertidos em imagens bi e tridimensionais das estruturas cardíacas. Em geral, não há

necessidade de agentes de contraste (radiopacos).

No entanto, ocasionalmente, são administrados contrastes paramagnéticos pela via

intravenosa, os quais ajudam na identificação de áreas de pouco fluxo sangüíneo do

miocárdio. Uma desvantagem da RM é a demora para a obtenção de cada imagem, em

comparação com a tomografia computadorizada (TC).

Em razão dos movimentos cardíacos, as imagens obtidas com RM são borradas,

em comparação com as obtidas por TC. Além disso, algumas pessoas apresentam

claustrofobia durante a realização da RM, pois elas devem ficar imóveis em um espaço

estreito dentro de uma máquina gigantesca.

2.5.11 Estudos com Radionuclídeos Nos estudos imagenológicos com radionuclídeos, quantidades diminutas de

substâncias radioativamente marcadas (marcadores) são injetadas em uma veia, mas, de

qualquer modo, o exame expõe o indivíduo a uma menor radiação do que na maioria dos

estudos radiográficos.

Os marcadores distribuem-se rapidamente por todo o corpo, incluindo o coração.

Em seguida, eles são detectados por uma câmara gama. A imagem é apresentada em um

monitor e gravada no disco rígido do computador para análise posterior. Diferentes tipos

de câmaras de registro de radiação podem registrar uma imagem isolada ou gerar uma

série de imagens de cortes transversais, as quais são refinadas pelo computador –

técnica conhecida como tomografia computadorizada por emissão de fótons isolados.

O computador também pode gerar uma imagem tridimensional. Os estudos com

radionuclídeos são particularmente úteis no diagnóstico de indivíduos com dor torácica de

causa desconhecida. Nos indivíduos que apresentam estreitamento (estenose) de uma

artéria coronária, a técnica é utilizada para a determinação da magnitude do efeito da

estenose sobre o aporte sangüíneo e o funcionamento do coração.

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Os estudos com radionuclídeos também são utilizadas na comprovação da

melhoria do fluxo sangüíneo ao miocárdio após uma cirurgia de bypass (revascularização

miocárdica) ou um procedimento similar. Além disso, eles também são úteis na

determinação do prognóstico de um indivíduo após um infarto do miocárdio. Geralmente,

o fluxo sangüíneo miocárdico é examinado com o uso de uma injeção intravenosa de

tálio-201 e através da obtenção de imagens enquanto a pessoa realiza um teste de

esforço.

A quantidade de tálio-201 absorvida pelas células do músculo cardíaco depende do

fluxo sangüíneo. No pico do exercício, uma determinada área do miocárdio com irrigação

sangüínea deficiente (isquemia) apresenta menor radioatividade (gera uma imagem

menos nítida) que o músculo vizinho com uma circulação normal. Nos indivíduos

incapazes de realizar o exercício, pode ser aplicada uma injeção intravenosa de

dipiridamol ou de adenosina para simular os efeitos do exercício sobre o fluxo sangüíneo.

Essas drogas desviam a irrigação sangüínea dos vasos anormais para os vasos normais.

Após o indivíduo repousar algumas horas, é realizado uma segunda exploração. O

médico pode então observar quais são as áreas do coração que apresentam uma

ausência de fluxo reversível, a qual é comumente decorrente de uma estenose

coronariana, e quais áreas apresentam cicatrizes irreversíveis do miocárdio – geralmente

decorrentes de um infarto do miocárdio prévio.

Se houver suspeita de um infarto agudo do miocárdio, são utilizados marcadores

que contêm tecnécio 99 m como alternativa ao tálio-201. Ao contrário do tálio, o qual se

acumula principalmente no tecido normal, o tecnécio acumula- se, sobretudo no tecido

anormal. No entanto, como o tecnécio também acumula-se nos ossos, as costelas

dificultam um pouco a avaliação da imagem cardíaca.

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A cintilografia com tecnécio é utilizada no diagnóstico do infarto do miocárdio. A

área lesada do coração absorve o tecnécio e o exame pode detectar um infarto do

miocárdio durante aproximadamente uma semana, a partir de 12 a 24 horas após sua

ocorrência.

2.5.12 Tomografia por Emissão de Pósitrons Na técnica de tomografia por emissão de pósitrons (TEP), um nutriente necessário

para o funcionamento das células cardíacas é marcado com uma substância que emite

partículas radioativas chamadas pósitrons e, em seguida, é injetado através da via

intravenosa. Em poucos minutos, quando o nutriente marcado atinge a área do coração

que está sendo examinada, um detector examina a área e registra os locais com maior

atividade.

Um computador produz uma imagem tridimensional da área, revelando quão

ativamente as diferentes regiões do miocárdio estão utilizando o nutriente marcado. A

tomografia por emissão de pósitrons produz imagens mais nítidas que os demais estudos

de medicina nuclear. Contudo, trata-se de um exame muito caro e ainda não está

amplamente difundido. Essa técnica é utilizada como uma ferramenta de pesquisa e nos

casos em que exames mais simples e baratos são inconclusivos.

2.5.13 Cateterismo Cardíaco No cateterismo cardíaco, um cateter (tubo) fino é inserido através de uma artéria ou

veia, habitualmente de uma perna ou de um braço, e é conduzido até os grandes vasos e

câmaras cardíacas. Para atingir o lado direito do coração, o médico insere o cateter em

uma veia e, para atingir o lado esquerdo, é utilizada uma artéria. Os cateteres podem ser

posicionados no coração com objetivos diagnósticos ou terapêuticos.

A pessoa é submetida a uma anestesia local antes do procedimento, o qual é

realizado no hospital. Freqüentemente, o cateter contém um instrumento de mensuração

ou um outro dispositivo na extremidade. Dependendo do tipo, os cateteres podem ser

utilizados para mensurar a pressão, observar o interior dos vasos sangüíneos, alargar

uma válvula cardíaca estreitada (estenosada) ou desobstruir uma artéria bloqueada.

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Os cateteres são muito utilizados na avaliação cardíaca, pois podem ser inseridos

sem a necessidade de uma cirurgia importante. Um cateter especialmente projetado com

um balão na sua extremidade pode ser inserido em uma veia do braço ou do pescoço,

sendo direcionado através do átrio e do ventrículo direitos do coração até a abertura da

válvula pulmonar.

Este procedimento é chamado cateterismo da artéria pulmonar. O cateter é

utilizado para mensurar a pressão arterial dos vasos de maior calibre e nas câmaras

cardíacas. O débito cardíaco aos pulmões também pode ser mensurado. Amostras de

sangue podem ser coletadas através do cateter para análise do conteúdo de oxigênio e

de dióxido de carbono. Como a inserção de um cateter na artéria pulmonar pode

desencadear ritmos cardíacos anormais, o coração é controlado através do

eletrocardiograma.

Pode-se corrigir ritmos anormais mobilizando o cateter para outra posição. Se isto

não resolver, o cateter é removido. O médico também pode utilizar o cateter para obter

amostras de sangue para estudos metabólicos. Usando o cateter, o médico também pode

instilar contrastes, os quais são observados na fluoroscopia (radioscopia) dos vasos

sangüíneos e das câmaras cardíacas.

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Anormalidades anatômicas e do fluxo sangüíneo podem ser observadas e filmadas

enquanto as radiografias são realizadas. Através da utilização de instrumentos

introduzidos através do cateter, o médico pode obter amostras de tecido da superfície

interna das câmaras cardíacas para exame microscópico (biópsia).

Em cada local, também podem ser mensuradas isoladamente as pressões arteriais

nas câmaras cardíacas e nos vasos sangüíneos importantes e os conteúdos de oxigênio

e de dióxido de carbono no sangue podem ser determinados em diferentes partes do

coração.

Pode-se também avaliar a capacidade de bombeamento do coração através da

análise dos movimentos da parede do ventrículo esquerdo e calculando a eficácia com

que o sangue é bombeado para fora do coração (fração de ejeção). Essa análise fornece

uma medida do grau de intensidade da lesão cardíaca em decorrência de uma doença

arterial coronariana isquêmica ou de uma outra patologia.

2.5.14 Angiografia Coronariana A angiografia coronariana é o estudo das artérias coronárias com a utilização de

um cateter. O médico introduz um cateter fino em uma artéria do braço ou da região

inguinal, em direção ao coração, até atingir as artérias coronárias. Durante a inserção, o

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médico pode lançar mão da fluoroscopia (procedimento radiológico contínuo) para

monitorizar a progressão do cateter.

A extremidade do cateter é posicionada adequadamente. Em seguida, através do

cateter, é injetado um contraste radiopaco nas artérias coronárias e o contorno destas é

visualizado em um monitor. A cineangiografia fornece imagens nítidas das câmaras

cardíacas e das artérias coronárias.

A doença arterial coronariana é detectada manifesta-se sob a forma de

irregularidades ou estenoses das paredes internas dessas artérias. Se um indivíduo

apresenta doença arterial coronariana, um cateter poderá ser utilizado no tratamento para

eliminar a obstrução. Este procedimento é denominado angioplastia coronariana

transluminal percutânea. Efeitos colaterais menores da angiografia coronariana ocorrem

imediatamente após a injeção.

Em geral, o paciente apresenta uma sensação temporária de calor, especialmente

na cabeça e no rosto, enquanto o contraste se espalha pela corrente sangüínea. A

freqüência cardíaca aumenta, e a pressão arterial cai discretamente. A ocorrência de

reações leves, como a náusea, o vômito e a tosse, são raros.

Reações graves, as quais são ainda mais raras, incluem o choque, convulsões,

problemas renais e cessação dos batimentos cardíacos (parada cardíaca). As reações

alérgicas variam desde erupções cutâneas até uma condição rara, a anafilaxia, a qual é

potencialmente letal. Caso o cateter toque a parede do coração, podem ocorrer ritmos

cardíacos anormais.

A equipe que está realizando o procedimento deve estar equipada e treinada para

tratar imediatamente qualquer um dos efeitos colaterais.

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------------------ FIM DO MÓDULO I ------------------