ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento....

52
beatriz ângelo MÉDICO NA VMER O trabalho de Pedro Cristóvão PEDIATRIA HBA tem consulta de obesidade infantil Nº3 * Julho 2012 * Bimestral * Distribuição gratuita ENFRENTAR O CANCRO PLANEAMENTO FAMILIAR O que fazer? * BANDA MAIOR Ser sénior é divertido

Transcript of ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento....

Page 1: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

beatriz ângelo

MÉDICO NA VMERO trabalho de Pedro Cristóvão

PEDIATRIAHBA tem consulta de obesidade infantil

Nº3 * Julho 2012 * Bimestral * Distribuição gratuita

ENFRENTAR O CANCRO

PLANEAMENTO FAMILIAR O que fazer? * BANDA MAIOR Ser sénior é divertido

Page 2: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 3: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 3

editorial

Artur Vaz Administrador Executivo

Ganhar a confi ança

Este é já o terceiro número da revista do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), cujo início de atividade ocorreu há

apenas seis meses. Nesse tempo, tão curto para a vida de uma organização tão com-plexa quanto um hospital, já aconteceram dezenas de milhares de contactos entre doentes e os diversos serviços do HBA, como os que são descritos, com pormenor individual, nas páginas desta revista.Esses contactos acontecem, sobretudo, nos cuidados ambulatórios - urgências, consul-tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as condições em que se verifi ca, determinam, também e em grande medida, a perceção dos seus utilizadores relativamente quer à utilidade, quer à sa-tisfação resultantes do contacto e dos cui-dados de saúde a ele associados.Uma das características específi cas do sis-tema de saúde português é o recurso sis-temático aos serviços de urgência hospi-talar como serviço de primeiro contacto. Este padrão, ausente da maioria dos países europeus, determina uma grande pressão

sobre serviços que, por natureza, já são dos mais complexos dos hospitais, lidando com uma incerteza, diversidade e comple-xidade incomuns. Há certamente muitas explicações para este padrão de utilização, algumas das quais radicam na forma ‘portuguesa’ de lidar com a saúde e a doença, decorrendo outras das características próprias do sistema de saúde nacional.Desde que abriu, o Hospital Beatriz Ânge-lo tem vindo a realizar nos seus três servi-ços de urgência - geral, pediátrica e obsté-trica cerca de 430 atendimentos por dia, 60% dos quais correspondem a situa ções de reduzida gravidade clínica. Tecnica-mente, tais atendimentos são considerados “falsas urgências”. Mas apenas o são, de facto, para os técnicos. Para quem acorre às urgências nada têm de falso, corres-pondendo a uma necessidade que, mesmo que clinicamente irrelevante ou sem qual-quer urgência de tratamento, necessita de ser satisfeita em tempo útil. Todo o Sistema Nacional de Saúde carece de encontrar uma solução mais confortável e conveniente para os doentes que enfren-

tam este tipo de situações, de forma, simul-taneamente, a permitir centrar os serviços de urgência na sua verdadeira vocação.O Hospital Beatriz Ângelo já recebeu e tratou dezenas de milhares de pessoas, quer de forma programada - em consul-tas, hospitais de dia e meios complemen-tares de diagnóstico e terapêutica -, quer nos seus serviços de urgência ou no internamento. Em cada um destes pon-tos de contacto e prestação de cuidados de saúde podem existir problemas ou riscos. Mas em nenhum deles, como nas urgências, existe uma tão grande potencialidade de que tais problemas e riscos se concretizem.A confi ança (na qualidade clínica dos nossos profi ssionais e na forma como organizamos os recursos disponíveis) dos cidadãos da área de infl uência do Hospital Beatriz Ângelo é essencial ao nosso crescimento organizacional mas é também o ‘cimento’ de uma relação que se pretende longa e produtiva. E essa confi ança tem de ser ganha por to-dos nós, todos os dias, em todos os pon-tos de contacto do HBA com os seus doentes e familiares, seja na relativa calma das consultas ou do internamen-to, seja na movimentada, diversa e ines-perada urgência.

Desde que abriu, o HBA tem vindo a realizar cerca de

430 atendimentos por dia nos seus três serviços de urgência. “”

FO

TO

: JO

ÃO

AN

DR

ÉS

Page 4: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 5: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

CAPA O HBA está preparado para tratar quase todas as doenças oncológicas. Tem uma organização pensada para dar a estes doentes uma resposta integrada, atual e inovadora.E responde com rapidez e segurança.Págs. 12 a 18

03 EDITORIAL

DE ARTUR VAZ

Ganhar a confi ança.

06 NÓS LAVAMOS!

HBA lança campanha

de higienização das mãos.

10 ACREDITAÇÃO

Processo de acreditação

em qualidade e segurança

já foi iniciado.

20 A OBESIDADE

É UM PERIGO

Pediatria tem consulta para

crianças obesas.

24 PEDRO CRISTÓVÃO

Conheça o trabalho do

médico do HBA que integra a

equipa da Viatura Médica de

Emergência e Reanimação.

28 NOS BASTIDORES

Como funciona o serviço de

Rouparia do Hospital Beatriz

Ângelo.

30 PLANEAMENTO

FAMILIAR

A realidade do aborto no

HBA, as preocupações dos

profi ssionais de saúde e o

que fazer para evitar uma

gravidez indesejada.

36 BANDA MAIOR

Um grupo de 25 seniores

ocupa o seu tempo

a cantar música rock

dos anos 60 e 70.

42 INTERVENÇÃO

PRECOCE

O que faz a enfermeira de

reabilitação Rosa Gomes,

de Odivelas.

48 AGENDA

Eventos culturais e

desportivos de Loures,

Sobral de Monte Agraço

e Mafra para julho, agosto

e setembro de 2012.

E as iniciativas formativas

na Espírito Santo Saúde.

DIREÇÃO Graça RosendoCONSELHO EDITORIAL Isabel VazArtur VazMarisa MoraisREDAÇÃORua Carlos Alberto da Mota Pinto, nº 17, 9º andar 1070-313 Lisboa • PortugalTel: 213 138 260 Fax: 213 530 292 NIF: 504 885 [email protected]

Revista de Informação da Espírito Santo Saúde - Hospital Beatriz Ângelo

Edição: Media Capital EdiçõesPromotora General de Revistas, S. A. – Sucursal em Portugal Rua Mário Castelhano, 40, Queluz de Baixo, 2734-502 Barcarena Telefone: 214 369 552Diretor: Pedro JavaloyesDiretora Editorial: Rita MachadoEditora: Ana Cáceres MonteiroFotografi a: Clara AzevedoAssistente Editorial: Ana Paula PiresRevisão: Adriana SilvaDiretor de Produção e Paginação: Ramiro AgapitoProjeto Gráfi co: Pedro MartinsPaginação: Paulo Franco, Pedro Martins e Sofi a DuarteTratamento de Imagem: Ricardo Pereira (coordenador)Impressão: Lisgráfi caCasal de Santa Leopoldina, 2730-053 Queluz de Baixo, BarcarenaTiragem: 100.000 exemplaresRegisto na ERC com o nº 126152

PROPRIEDADE

sumário

Julho 2012 5

36

66

36

Um

oc

a

do

42

PPPPR

O

re

24

20

30

10

Page 6: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

notícias

6 Julho 2012

O Hospital Beatriz Ângelo (HBA) lan-çou, no passado mês de maio, uma cam-panha de sensibilização para a higieni-zação das mãos, destinada aos profi s-sionais de saúde do hospital e a todas as pessoas que o frequentam, sejam do-entes, familiares ou visitantes. “Eu lavo!” é o lema desta campanha, que quer pôr todos a cumprir as boas práticas da la-vagem das mãos, lembrando como um gesto tão simples pode evitar a propa-gação de doenças, sobretudo em meio hospitalar, e reduzir o risco de mortali-dade associada a infeções resistentes aos medicamentos.A preocupação das autori-dades de saúde com as infeções provocadas por bactérias multirre-sistentes tem vindo a aumentar, à me-dida que se vão conhecendo casos cada vez mais graves e frequentes e os núme-ros avassaladores que representam.

De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, divulgados em 2010, cerca de um quarto dos doentes que entram num hospital têm uma infeção contraí-

da na comunidade. Mas um em cada dez doentes inter-nados nesse ano contraiu

também uma infeção dentro do hospital.

Aliás, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, na

Europa, as infeções hospitalares, sejam responsáveis por 37 mil mor-

tes diretas e 110 mil mortes indiretas por ano, 16 milhões de dias de inter-namento hospitalar extra e gastos em Saúde de 7 mil milhões de euros anu-ais, que poderiam ser utilizados nou-tras áreas da Saúde. E este é um proble-ma que existe em todo o mundo, atin-gindo tanto países desenvolvidos como países em desenvolvimento. Foi a pensar no combate a esta realida-de mundial, cada vez mais preocupan-

de

Nós lavamos!

Lavar as mãos é um gesto simples, que pode evitar a propagação

de muitas doenças, sobretudo dentro dos hospitais. Esse é o apelo

lançado a todos pela campanha ‘Eu lavo!’, do Hospital Beatriz Ângelo.

Page 7: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

te, que nasceu, em 2004, sob a égide da OMS, a campanha “Salve vidas: lave as mãos”. Precisamente porque, desde cedo, se percebeu que lavar as mãos reduz efetivamente a incidência das infeções, sobretudo se esse gesto for praticado de forma rigorosa e regular por todos os profi ssionais de saúde que trabalham em hospitais e outras uni-dades de saúde, ou em organizações de apoio social, como lares de idosos e instituições de cuidados continuados não hospitalares. Na década de 80, um estudo realizado em 500 hospitais norte-americanos mostrou que, através da aplicação de sistemas de vigilância efi cientes e de programas de controlo da infeção – que incluam medidas simples e aceites por todos, como lavar bem as mãos –, se conseguiu uma diminuição considerá-vel do número de novos casos de infe-ções nesses hospitais. Essas precauções básicas, passou a defender a OMS,

“criam um ambiente limpo e promo-vem a segurança dos doentes, dos pro-fi ssionais e de todos aqueles que cir-culam dentro de um hospital”. A campanha da Organização Mundial de Saúde conta já com a adesão de cer-ca de 160 países e de mais de 15 mil hospitais e unidades de saúde de todo o mundo. Portugal também se juntou a este grupo em 2008, sendo esta campa-nha hoje uma das ações de prevenção de doença com mais impacto no Siste-ma Nacional de Saúde (SNS), envolven-do cerca de uma centena de hospitais públicos e privados do nosso país. Foi neste contexto que o HBA entendeu lançar, como uma das suas primeiras iniciativas destinadas tanto aos profi s-sionais como à comunidade, a campa-nha “Eu lavo!”. A adesão do hospital a esta iniciativa nacional e mundial fun-damenta-se na sua missão de “contri-buir para a qualidade de vida e saúde dos seus doentes, criando com eles uma

Julho 2012 7

relação duradoura e de confi ança e as-segurando-lhes uma organização de re-ferência e um exemplo de boas práticas clínicas e corporativas”. Por outro lado, é requisito obrigatório, por via do con-trato estabelecido entre a Sociedade Gestora do Hospital de Loures e o Mi-nistério da Saúde, que o HBA imple-mente uma política e um programa es-truturado de Higiene das Mãos. Por fi m, é responsabilidade da Comissão de Con-trolo de Infeção (CCI) do Hospital Bea-triz Ângelo garantir que os padrões de qualidade e as boas práticas nessa área são cumpridos pelos profi ssionais do hospital.Assim, no dia 5 de maio, escolhido pela OMS como o Dia Mundial da Lavagem das Mãos, o auditório do HBA recebeu a cerimónia de lançamento desta campa-nha, em que os principais responsáveis do hospital assumiram simbolicamente o compromisso de respeitar as boas prá-ticas da higienização das mãos.

Page 8: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

notícias

8 Julho 2012

A mensagem que foi dirigida a todos os profi ssionais relembrou que são ges-tos como estes que contribuem, de for-ma decisiva, para a prevenção das cha-madas “infeções associadas aos cuida-dos de saúde” (IACS). No mesmo dia, foram afi xados em zonas-chave do hos-pital cartazes explicando os cinco pas-sos da lavagem das mãos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, estes passos devem ser seguidos por quem, diariamente, tem contacto físico com doentes hospitalizados e com os obje-tos ou superfícies em que estes tocam e por quem convive no mesmo ambien-te físico.No exterior, para quem entra e sai dos parques de estacionamento do HBA, uma mensagem especial de boas-vindas e de despedida passou também a lem-brar essa mensagem: “Lave as mãos!”, ouve-se quando se retira o bilhete de entrada no parque de estacionamento;

e “Lavou as mãos hoje?”, pergunta-se à saída. A campanha, que vai decorrer ainda pelos próximos meses com ações de formação interna nesta área, será re-petida anualmente no HBA.

INOVAÇÃO EM CONFERÊNCIA NO HBALogo após esta iniciativa, o Hospital Bea-triz Ângelo realizou uma conferência so-bre Infeção Associada aos Cuidados de

A primeira conferência do HBA sobre infeções associadas aos cuidados de saúde juntou especialistas nacionais e estrangeiros

Saúde, que contou com a presença de es-pecialistas nacionais e estrangeiros e em que se discutiu a crise como “uma opor-tunidade para a mudança”.Entre os temas apresentados, falou-se de questões relacionadas com “a economia e o controlo da infeção”, os custos das in-feções hospitalares e da “reutilização dos dispositivos médicos”. Mas foi a introdução de novas tecnolo-gias neste contexto que mereceu mais destaque, tendo esta primeira conferên-cia IACS do HBA contado com a presen-ça de dois convidados especiais, que es-tiveram em Loures a falar precisamente de inovação.Um deles foi o investigador português Pedro Viana Baptista, da Universidade Nova de Lisboa – recentemente premiado pela descoberta do teste de deteção rápi-da da tuberculose –, que falou de nano-tecnologia no controlo da infeção.O outro foi o professor britânico Tom Elliot, da Universidade de Birmingham, que apresentou um inovador estudo sobre as capacidades antibacterianas do cobre. Elliot contou que, através da investigação realizada no Hospital de Birmingham, confi rmou que o cobre “envenena” os microrganismos, matan-do-os em apenas duas horas. Durante seis meses, recolheu amostras em diferentes áreas do hospital, tendo verifi cado que as superfícies entretanto revestidas a cobre tinham 95% menos microrganismos do que aquelas que man-tinham os revestimentos tradicionais, usados habitualmente nos equipamentos hospitalares.No fi nal do encontro, houve ainda tem-po para apelar a todos os profi ssionais de saúde no sentido do cumprimento de boas práticas de higienização. Esse é um comportamento fundamental para pre-venir e evitar infeções hospitalares.

Folhetos sobre a lavagem das mãos foram espalhados pelos cacifos dos profi ssionais

Na cerimónia de lançamento da campanha ‘Eu Lavo!’, os profi ssionais do HBA comprometeram-se a cumprir as boas práticas da higienização das mãos

Page 9: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Hospital Beatriz Ângelo celebraDia Mundial da Criança

Sobral já tem novo centro de saúde

Rastreios gratuitos levam 250 ao HBA

O novo Centro de Saúde de Sobral de Monte Agraço abrirá portas no início do próximo ano, para servir os cerca de 11 mil habitantes do concelho. A construção desta nova unidade de saúde, que demorou um ano a ser concluída, envolveu um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros, aguardando-se agora a instalação do equipamento para começar a ser preparada a transferência dos serviços de saúde e dos profi ssionais, ainda a trabalhar no velho centro.Esta nova unidade é uma antiga aspiração dos habitantes de Sobral de Monte Agraço, que só agora é concretizada, permitindo encerrar defi nitivamente o velho e degradado centro de saúde, onde os utentes são obrigados a subir escadas íngremes e onde as condições de prestação de cuidados pioram de dia para dia.A obra foi fi nanciada pelo Ministério da Saúde e feita num terreno cedido pela câmara municipal local, situado no centro da vila, junto do quartel dos bombeiros de Sobral. O edifício do novo centro de saúde tem dois pisos e vários gabinetes para consultas e tratamentos, onde trabalharão cerca de três dezenas de pessoas, entre médicos, enfermeiros, administrativos e auxiliares.

PRÉMIO DE FOTOGRAFIA António Martins Batista, médico internista do Hospital Beatriz Ângelo, ganhou uma Menção Honrosa no II Concurso de Fotografi a da Ordem dos Médicos, com uma notável foto do exterior do HBA intitulada ‘Arquitetura Hospitalar’. Parabéns ao artista.

O Dia Mundial da Criança, no dia 1 de junho, serviu de pretexto para levar alegria e festa ao Internamento Pediá-trico do Hospital Beatriz Ângelo (HBA). Dois palhaços do Clube dos Reguilas animaram, durante toda a manhã, com magia, pinturas, jogos e brincadeiras, as crianças internadas no HBA.Os dois palhaços ensinaram às crianças truques de magia, fi zeram concursos de pintura, mascararam alguns dos meninos e meninas com roupas e ca-beleiras coloridas, foram entretendo todos com pequenos teatros cómicos, fazendo-os rir com as suas brincadeiras. A sala de convívio do Internamento

Pediátrico, onde a educadora de in-fância do Hospital Beatriz Ângelo cos-tuma trabalhar com as crianças inter-nadas, serviu de palco aos dois palhaços, permitindo assim celebrar este dia sem perturbar os que estavam mais doentes.A festa das crianças no HBA contou ainda com uma presença muito espe-cial, dias mais tarde. O cantor e mú-sico André Sardet visitou o hospital e distribuiu presentes pelos meninos e meninas que estavam internados e pelos que foram ao HBA para uma consulta médica. Sardet aproveitou o momento para can-

tar para todos eles. E até deu autógrafos aos seus pequenos admiradores.Esta iniciativa teve o apoio da Nestlé, que distribuiu ursinhos de peluche e outras ofertas pelas crianças e pais que assistiram ao miniconcerto do artista.

Os rastreios realizados no Hospital Beatriz Ângelo entre abril e maio permitiram a mais de duas centenas de pessoas fazer exames gratuitos de prevenção e controlo da sua saúde. A primeira destas iniciativas aconteceu em abril, com o desafi o à população: ‘Venha encontrar-se com as suas cordas vocais’. Teve como objetivo chamar a atenção para a importância dos cuidados a ter com a voz. Mais tarde, em maio, foi a vez do rastreio para a prevenção do cancro cutâneo, tendo sido realizadas dezenas de exames gratuitos da pele com o objetivo de despistar eventuais lesões suspeitas e identifi car pessoas pertencentes a grupos de alto risco para posterior orientação e vigilância.

notícias

Julho 2012 9

Page 10: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

A caminho da acreditação

O processo de acreditação de qualidade e segurança do

Hospital Beatriz Ângelo está em curso. A primeira auditoria dos peritos

internacionais realizou-se em maio, com resultados ‘muito positivos’.

notícias

10 Julho 2012

O Hospital Beatriz Ângelo (HBA) iniciou, logo após a sua abertura, em janeiro deste ano, o processo de acreditação pela Joint Commission International (JCI), uma insti-tuição criada em 1994 com a fi nalidade de contribuir para a melhoria da segurança e da qualidade dos cuidados de saúde, e que hoje trabalha com hospitais em todo o mun-do. Este processo de acreditação tem como

Os peritos internacionais fi zeram o percurso dos doentes, para verifi car se tudo corria bem

objetivo assegurar a conformidade do HBA com um conjunto de padrões nacionais e internacionais de qualidade e segurança, que garantem a prestação dos melhores cui-dados aos doentes e a melhoria contínua da organização.O processo de acreditação pela JCI é longo e rigoroso. Durante os próximos dois anos, os profi ssionais do HBA serão regularmen-te auditados pelos peritos internacionais da JCI em relação a tudo o que fazem dentro do hospital, na sua relação direta ou indi-reta com os doentes. Os padrões de qualidade e segurança defi -nidos por esta entidade abrangem todas as etapas do trajeto percorrido pelos doentes – desde o acesso aos cuidados de saúde, à permanência no hospital, à prestação de todos os cuidados de saúde, à gestão e uti-lização de medicamentos ou equipamentos, aos direitos e à educação dos doentes e das suas famílias. Assim, para que o HBA obtenha a acredi-tação da JCI no fi nal deste processo, é ne-cessário que os peritos internacionais con-

Page 11: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

notícias

fi rmem que os procedimentos realizados pelas equipas – médicos, enfermeiros, au-xiliares, técnicos de saúde, administrativos, equipas de gestão, entre outros – satisfazem os requisitos de qualidade e segurança de-fi nidos por aquela entidade.A primeira das auditorias internacionais previstas aconteceu durante o mês de maio, quando o HBA recebeu a visita de uma equipa da JCI. Tratou-se de uma auditoria de diagnóstico, explica Cristina Mesquita, diretora de Acreditação e Certifi cação de Qualidade da Espírito Santo Saúde, du-rante a qual os peritos fi zeram uma pri-meira avaliação dos procedimentos exe-cutados pelos profi ssionais do Hospital no seu dia-a-dia. “A equipa do HBA está de parabéns. Todos se mostram muito dispo-níveis, interessados e colaborantes”, resu-me, no fi nal de uma semana intensa de trabalho, Cristina Mesquita. O balanço des-ta primeira auditoria é, por isso, “muito positivo”, adianta. “Mas há sempre áreas em que podemos melhorar e aprender. Te-mos de ser sempre muito rigorosos nos

nossos procedimentos. É fundamental não esquecer a importância dos registos para assegurar os processos de qualidade. E ter sempre em mente que a segurança do doente está acima de tudo”, afi rma. NA LINHA DOS VALORES DO HBAA verdade é que as metas internacionais de qualidade e segurança defi nidas pela JCI, e que esta entidade impõe aos hospitais com

Julho 2012 11

quem trabalha, estão já alinhadas com as diretrizes estratégicas expressas na visão, missão e valores do Hospital Beatriz Ânge-lo e da Espírito Santo Saúde. De facto, o HBA pretende ser um operador de referência na prestação de cuidados de saúde, pela prática de uma medicina de elevada qualidade e pela excelência na coordenação e integração com os cuidados primários e continuados de saúde.E, nessa medida, tem como missão prestar cuidados à população da sua área de in-fl uência, no respeito absoluto pela indi-vidualidade e necessidades dos doentes, e baseados em princípios de efi cácia, qua-lidade e efi ciência; além de contribuir para o desenvolvimento da investigação e para a formação dos profi ssionais na sua área de atividade.O Hospital Beatriz Ângelo criou, entretan-to, um Gabinete de Certifi cação e Acredi-tação de Qualidade próprio, que tem como responsável Ana Pereira Campos, para um acompanhamento mais próximo deste processo.

Representantes da Joint Commission International estiveram, em maio, no HBA durante duas semanas, a dar formação sobre o processo de acreditação

Page 12: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Enfrentar o cancro

O Hospital Beatriz Ângelo está preparado para tratar quase todas

as doenças oncológicas. Tem uma organização pensada para dar a estes

doentes uma solução integrada, atual e inovadora. E responde com

rapidez e segurança. “Podem confi ar em nós” - é a mensagem que o

diretor clínico do HBA, Rui Maio, quer fazer chegar a todos.

tema de capa

12 Julho 2012

Libânia manteve sempre todos os cuidados na vigilância dos sinais de risco e na preven-ção da doença. A história familiar assim a obrigava. Uma irmã morreu nova com cancro da mama e Libânia, a conselho do médico, cumpriu escrupulosamente, desde então, a rotina de vigilância anual. Este ano, como sempre, quando chegou a altura, o médico de família mandou-a fazer os exames mamários. “E lá estava um pequeno nódulo”, conta. Libânia tem 67 anos, é reformada da indústria hoteleira e acabou de ser internada para se submeter a uma cirurgia mamária. Está sen-

tada à entrada da sala de ecografi a, no serviço de Imagiologia do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), onde se prepara para fazer a marcação do local da intervenção cirúrgica do dia se-guinte. Nunca perde o otimismo nem a boa disposição, enquanto vai contando a sua his-tória e as suas expectativas, apesar de não conseguir esconder uma certa apreensão. “Aconselho todas as mulheres a fazerem os seus exames de rotina, sem falhas. É funda-mental para que as coisas corram bem. Comi-go, correu tudo muito bem até agora”, diz, prontamente. E vai continuar assim.O aparecimento do tal ‘pequeno nódulo’ foi o sinal de alerta para o médico de família de Libânia. “Disse-me assim: ‘Primeiro vamos ver o que isso é, e depois logo pensamos no que fazer a seguir’.” Esta foi, em Abril passa-do, a última consulta que teve no centro de saúde. “Nesse mesmo dia, o meu médico mar-cou-me uma consulta aqui para o hospital. E três dias depois, cá estava eu!”A seguir, aconteceu tudo rapidamente, conta Libânia: a consulta, os vários exames a que teve de se submeter para se chegar ao diagnós-tico fi nal, a decisão dos médicos de a opera-rem terem concluído que se tratava de um nódulo maligno.

Libânia aguardaos últimos exames antes da cirurgia. Está otimista, apesar de não esconder alguma apreensão

Page 13: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 13

Page 14: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

tema de capa

Isabel Estudante é a médica radiologista que está a acompanhar Libânia, desde o primeiro exame que esta realizou no Hos-pital Beatriz Ângelo. “Intervimos tanto na fase de diagnóstico, com a realização das ecografi as e mamografi as, como nesta fase de preparação para a cirurgia, com a mar-cação, mais uma vez através de exames ecográfi cos, do local exato da intervenção cirúrgica”, explica a médica, enquanto vai dizendo a Libânia o que está a fazer, pas-so a passo.O médico especialista que a recebeu na primeira consulta no HBA é, porém, ou-tro. Mas seguirá também todo o seu per-curso, durante a sua passagem pelo hos-pital. Será ele, aliás, que, ao longo deste percurso, disponibilizará ao médico de família de Libânia a informação necessá-ria sobre o diagnóstico e as decisões toma-das relativamente ao tratamento, de modo a mantê-lo a par daquilo que está a acon-tecer à sua doente. “Os médicos de família estão ligados ao nosso sistema e podem ir acompanhando a informação que produzimos sobre os seus doentes, aqui no hospital. Têm toda a informação de retorno sobre os doentes

14 Julho 2012

que referenciam para o Hospital Beatriz Ângelo. Isto é já uma realidade, que, no entanto, não é ainda do conhecimento de todos os nossos colegas dos centros de saúde”, revela Rui Maio, diretor clínico do HBA.Libânia mantém-se tranquila, garantindo que sabe que está em boas mãos. “En-contrei aqui uns anjos”, vai dizendo, com alguma comoção. Para Libânia, este é o lado visível do que, até agora, foi o seu percurso no HBA. Do outro lado, está o trabalho de uma equipa multidisciplinar de especialistas; está uma organização estruturada em função da melhor quali-dade dos cuidados e do maior conforto e segurança dos doentes; está a preocu-pação em garantir rapidez no diagnósti-co, na avaliação e no tratamento de casos clínicos como estes. Afi nal, é isso que exige o doente.“Temos capacidade instalada para tratar praticamente todos os tipos de tumor. Te-mos uma estrutura que permite abordar e tratar o doente oncológico de forma inte-grada. Temos uma organização pensada precisamente para dar a estes doentes a resposta adequada, quer em termos de ra-

pidez, quer em termos de atualidade e inovação”, assegura o diretor clínico, en-quanto Passos Coelho, diretor da Oncolo-gia Médica (ver pág. 18) do HBA, acres-centa: “E temos vontade e empenho na partilha dos cuidados, o que passa pela ligação do HBA e dos seus profi ssionais ao médico de família. Normalmente, o acesso do médico de família ao especia-lista hospitalar não é fácil, na maior parte dos casos nem existe qualquer ligação. O portador das informações costuma ser o doente. Não é isso que queremos que acon-teça aqui.”Uns dias antes, na consulta multidiscipli-nar de cancro da mama que se realiza semanalmente, os médicos estiveram a estudar o caso clínico de Libânia. À volta de uma mesa, e diante de dois grandes monitores, estavam oncologistas, cirurgiões, radiologistas, ginecologistas, anestesistas e anatomopatologistas. A decisão clínica sobre a intervenção a rea-lizar no seu caso foi consensual. A única preocupação manifestada foi a de garan-tir que a cirurgia seria marcada o mais brevemente possível. Mas noutros casos, a discussão foi mais demorada.

‘Temos vontade e empenho na partilha dos cuidados, o que passa pela ligação do HBA aos médicos de família’

A médica Isabel Estudante explica à doente o procedimento que está a fazer: a marcação do local onde os cirurgiões vão intervir. Antes, participara na consulta multidisciplinar, em que o caso de Libânia foi decidido

Page 15: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 15

tema de capa

A análise de cada situação começa com a descrição, feita pelo médico especialis-ta que recebeu o doente, do respetivo caso clínico. Habitualmente, há exames de imagem para observar, que são mostrados nos monitores instalados na sala de reu-nião. Nesse momento, é a médica radio-logista que intervém, explicando qual a suspeita do médico que marcou o exame e o que foi encontrado efetivamente. A discussão prossegue para qual deve ser a abordagem terapêutica. Cirurgia, nuns casos, tratamento com quimioterapia nou-tros, ambos ainda noutros casos. E pode sempre surgir algum caso em que, apesar do estudo feito até aqui, se man-têm as dúvidas sobre o que fazer. “Hoje mesmo marquei uma ressonância mag-nética a uma outra doente para esclarecer melhor o caso”, diz uma das médicas pre-sentes. “Está marcada já para amanhã”, responde, prontamente, a radiologista.A cirurgia de Libânia é dirigida pelos médicos Sílvia Silva e Henrique Nabais. Além do nódulo na mama direita iden-tifi cado nos exames radiológicos, é reti-rado o gânglio-sentinela e mandado ana-lisar imediatamente. Se este não tiver células cancerosas, os outros também não têm, explica o cirurgião, e não será preciso retirar mais nada. Seja como for, quando recuperar da cirurgia, Libânia verá que ela deixou apenas pequenas marcas.

CENTRO DE REFERÊNCIAA reunião multidisciplinar dedicada aos tumores do tubo digestivo é das mais par-ticipadas. Ao todo, 14 pessoas – oncolo-gistas, cirurgiões, radiologistas, uma ana-tomopatologista... A discussão vai prolon-gar-se por mais de duas horas. Os casos clínicos sobre os quais é preciso falar são mais de uma dezena, hoje. Uns vêm dire-tamente referenciados dos centros de saú-

de, já com alguns exames complementares de diagnóstico feitos. Outros vieram aqui parar após uma entrada no hospital pela Urgência e a consequente descoberta de uma eventual doença oncológica. O Hospital Beatriz Ângelo, explica o di-retor clínico, que é também diretor do De-partamento de Cirurgia, fez, nesta área da patologia digestiva, um investimento especial. A ideia de criar um Centro da

O próprio diretor clínico, Rui Maio, dirige as cirurgias a que tiveram de se submeter Vasco e Manuela, após o diagnóstico e as decisões terapêuticas tomadas na consulta multidisciplinar

Page 16: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

tema de capa

16 Julho 2012

em processo de acreditação internacio-nal pela Joint Commission International, o que quer dizer que temos de trabalhar cumprindo os mais elevados padrões de qualidade e segurança. Estamos prepa-rados para cumprir os nossos deveres perante a população que servimos e para responder às expetativas dos nossos co-legas dos centros de saúde. Podem con-fi ar em nós”, afi rma o diretor clínico, lembrando: este hospital foi construído para servir exatamente esta população. São estas as pessoas que temos de tratar e temos condições para lhes responder da melhor forma possível”.O caso de Vasco está hoje de novo em cima da mesa da reunião multidiscipli-nar dos tumores urológicos. A sua situa-ção clínica impõe ainda alguns cuida-dos, mas neste momento já é possível concretizar o plano terapêutico que ti-nha sido previsto numa consulta mul-tidisciplinar anterior. Tem 75 anos e está internado há vários dias, depois de uma ida às urgências com uma suspeita de enfarte. Os exames rea-lizados entretanto revelaram, porém, uma

Patologia Digestiva, com uma forte com-ponente oncológica, é, mais uma vez, a expressão desta forma multidisciplinar e integrada de organização dos serviços e de prestação dos cuidados. “Na área da patologia digestiva, não é relevante saber se o doente entrou por uma consulta de Cirurgia Geral ou de Gastrenterologia. Aquela que tiver maior capacidade de resposta no momento em que o doente precisa da consulta, segun-do a indicação do seu médico de família, é quem abrirá a porta de entrada do do-ente no hospital”, explica Rui Maio, acres-centando: “Mas, logo a seguir, esse espe-cialista tratará de, verificando-se o diagnós tico de patologia digestiva onco-lógica, encaminhar o caso para a respe-tiva consulta multidisciplinar, onde ele, naturalmente, terá também assento.”Manuela teve sorte, confessa, com um sorriso descansado. Foi ao seu médico de família e fez os exames de rotina que ele lhe prescreveu. Mas descobriu-se que tinha uma massa suspeita no pâncreas. Foi, então, imediatamente referenciada para uma consulta no HBA. “E foi tudo muito rápido”, diz, também. Até se per-ceber que, afi nal, as suspeitas de doença oncológica não se confi rmavam. Ainda assim, a decisão da equipa multidisci-plinar foi de que devia ser operada, para evitar riscos de a situação degenerar para algo mais grave.“Andei a investigar na internet”, revela. “E percebi que é uma operação compli-cada. Mas o médico que me fez a primei-ra consulta aqui e me tem seguido sem-pre dentro do hospital já veio explicar--me tudo”, conta poucas horas antes da cirurgia.A verdade é que na génese da criação deste centro específi co para a patologia digestiva com uma vocação especial para a componente oncológica está, entre ou-tras razões, a crescente incidência deste tipo de tumores na população portugue-

sa. Casos como o de Manuela, apesar de tudo, são até muito menos comuns do que se pensa. O que é fundamental é agir com rapidez mal surja a suspeita – como aconteceu com esta doente. Para preve-nir as más notícias.

QUALIDADE E SEGURANÇARui Maio reforça, por isso, a ideia de que a capacidade de resposta do HBA é “ex-celente, quase imediata”. Se um doente apresentar suspeitas de tumor no cólon, por exemplo, rapidamente fará uma co-lonoscopia, depois possivelmente uma TAC e o seu caso será seguramente dis-cutido logo na primeira consulta multi-disciplinar que se fi zer. Poucos dias depois, estará a ser opera-do, se for essa a decisão terapêutica da equipa. E, a seguir à cirurgia, poderá haver necessidade de tratamento com quimioterapia, por exemplo. E tudo isso será decidido nos prazos mais rápidos possíveis. “Queremos ser uma referência nacional nesta área. Estamos equipados com os melhores meios tecnológicos e estamos

‘Trabalhamos de acordo com os mais elevados padrões de qualidade e segurança. Podem confi ar em nós’, diz Rui Maio

Page 17: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 17

tema de capa

realidade diferente: Vasco teve uma em-bolia pulmonar com origem num tumor renal.Emociona-se só de pensar no assunto. “Estava tão bem. Sentia-me lindamente. E agora isto...”, lamenta, com desânimo. “De repente, a nossa vida fi ca virada ao contrário”. Está já a ser preparado para a cirurgia do dia seguinte. Mas percebe--se o receio com que está a lidar com a situação.Às oito da manhã, a equipa médica e de enfermagem está pronta para trabalhar no Bloco. O doente está já na mesa ope-ratória. É o próprio diretor do Departa-mento de Cirurgia que dirige a equipa. Serão cerca de sete horas de trabalho em torno do tumor de Vasco. Para, no fi nal, Rui Maio confi rmar: “Correu tudo muito bem!”A partir de agora, será com as conclu-sões da Anatomia Patológica, com base no material que lhe foi remetido para análise, que a equipa multidisciplinar poderá voltar a dedicar-se ao caso de Vasco e tomar decisões sobre o que fa-zer a seguir. A quimioterapia pode ser uma possi-bilidade, mas não há ainda decisão, apesar de o prognóstico, dizem os mé-dicos, ser muito bom – tal como já acon-tecera com Libânia, que foi entretanto

encaminhada para tratamentos de ra-dioterapia.O Hospital Beatriz Ângelo está prepara-do para tratar todos os tipos de tumores, exceto os do sistema nervoso central, os hematológicos e os tumores pediátricos – que, por obrigação contratual com o Ministério da Saúde, têm de ser referen-

ciados para o Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital Santa Maria).Segundo revela Passos Coelho, “desde que abrimos, já foram tratados com quimioterapia cerca de 120 doentes”. Quando os doentes precisam de radio-terapia, também por força do contrato, o HBA tem de os encaminhar para o Santa Maria.A maioria destes doentes oncológicos é tratada em ambulatório, no Hospital de Dia Médico do HBA. Raramente, é ne-cessário proceder a internamentos, mas, se forem necessários, o próprio Hospi-tal de Dia está preparado para internar os doentes, possuindo duas camas para esse efeito, além de outras duas para urgências. “Desse modo, os nossos do-entes também não têm de ser transferi-dos para o Serviço de Urgência. São atendidos aqui mesmo quando necessi-tam, deslocando-se os médicos para os atender”, explica o diretor da Oncologia Médica.Tal como a de Vasco, a operação de Ma-nuela prolongou-se por várias horas e ela vai sentir os seus efeitos no dia seguinte. Mas poucos dias depois, o médico dá--lhe a boa notícia: pode ir para casa. Quan-do voltamos a vê-la, está só à espera da boleia da família. A mala está feita. Ma-nuela está feliz da vida.

Vasco está um pouco ansioso. ‘Estava tão bem e agora, isto...’, lamenta. A sua cirurgia vai demorar várias horas. Mas, no fi nal, o cirurgião garante: ‘Correu tudo muito bem!’

Manuela fi cou surpreendida com a rapidez com que tudo aconteceu. Em poucos dias, foi à consulta do especialista, fez os exames e vai já ser operada.

Page 18: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

tema de capa

18 Julho 2012

JOSÉ LUÍS PASSOS COELHODiretor do Departamento de Oncologia do Hospital Beatriz Ângelo

“Queremos trabalhar com os centros de saúde”Que trabalho está a ser desenvolvido no

HBA na área da Oncologia?O Departamento de oncologia está organizado de modo a que cada doença oncológica seja sem-pre acompanhada por diferentes especialidades, e não apenas por aquela que mais diretamente tem a ver com ela. Por exemplo, para os tumores urológicos, será sempre necessária a intervenção das especialidades vocacionadas para o diagnós-tico – a radiologia e a anatomia patológica –, além das valências clínicas: a urologia, a oncologia médica. Aliás, se há área na Medicina em que é necessária a intervenção de várias especialidades na avaliação, diagnóstico e tratamento dos doen-tes, essa área é, por excelência, a Oncologia. Hoje em dia, a organização dos cuidados oncológicos deve ter, por isso, uma estrutura matricial. Penso que o HBA é o primeiro hospital público portu-guês que tem este conceito defi nido na sua pró-pria organização.

E alguma dessas especialidades tem o papel agregador das outras?Trabalhamos com base nos chamados grupos multidisciplinares de patologias. A partir do mo-mento em que o doente tem diagnóstico de um determinado tumor, o seu caso é discutido na respetiva consulta multidisciplinar – onde estão, quer as pessoas que tratam dessa área e que, nor-malmente, são de uma valência cirúrgica ou de uma valência médica, quer o anatomopatologis-ta e o radiologista, que ajudam a avaliar a exten-são da doença. Discutem, então, o caso do doen-te, fazem uma proposta terapêutica e, dessa reu-nião, sai um relatório que fi ca no processo clíni-co do doente, sendo este depois acompanhado pelas especialidades que fi cam envolvidas no seu tratamento. Aliás, a oncologia é, neste aspecto, talvez um pouco diferente das outras especialidades médi-co-cirúrgicas. Um doente oncológico pode ter a mesma doença que outro, e os respetivos trata-mentos serem radicalmente diferentes. Essa é uma das razões pelas quais é essencial que exis-ta, para o doente oncológico, esta organização multidisciplinar.

Como é constituída a equipa que dirige no Departamento de Oncologia?A oncologia médica, propriamente dita, tem uma equipa pequena: somos quatro oncologistas mé-dicos e duas pneumologistas oncológicas, que trabalham na pneumologia, mas, sobretudo, no tratamento do cancro do pulmão. Depois, há um grupo muito mais vasto, constituído por todos os profi ssionais que, dentro de cada área, estão mais vocacionados para a oncologia. Por exem-plo, dentro do serviço de ginecologia há três que se dedicam especifi camente à área oncológica. O mesmo acontece na cirurgia geral, na otorrino-laringologia, etc.

Os doentes já aqui chegam com diagnóstico feito pelos seus médicos de família?A maior parte dos doentes que chegam à onco-logia médica são referenciados dentro do próprio hospital. São poucos ainda os que vêm direta-mente dos centros de saúde. Mas também é na-tural que não seja o médico de família a diagnos-ticar a doença. O clínico geral pode ver uma do-ente com um nódulo na mama, mas aquilo que para ele pode ser uma suspeita de cancro só será confi rmado numa consulta de ginecologia, para a qual a doente tenha sido referenciada. É natu-ral que o médico de família até tenha referencia-do já com um diagnóstico provisório, mas, de facto, o diagnóstico defi nitivo é feito em meio hospitalar. Outra explicação para ainda termos pouca referenciação direta dos centros de saúde pode ser o facto de o HBA ter nascido numa área geográfi ca onde não havia hospital, pelo que os centros de saúde estavam habituados a articular com as unidades hospitalares de Lisboa. Acontece que, na minha perspetiva, a grande vantagem do HBA é, antes de mais, o nosso in-teresse em criar uma articulação que funcione nos dois sentidos: não se trata apenas de os mé-dicos de família referenciarem os seus doentes para nós, dando-nos a informação que têm; é nós fazermos o mesmo em relação a eles, devolven-do a informação que aqui produzimos sobre os doentes. Os médicos de família têm o direito e a necessidade de saber o que se passa com os seus

doentes. Até porque hoje uma percentagem sig-nifi cativa dos doentes oncológicos, após o trata-mento, pode ter um percurso crónico da sua do-ença, e nessa medida passar a ser seguido no seu centro de saúde, mas com vigilância do hospital. É por isso que a articulação entre os médicos hospitalares e os médicos de família é essencial. Em nome da melhor prestação de cuidados aos nossos doentes, devemos trabalhar em conjunto, devemos partilhar esta tarefa.

Como defi ne o serviço do HBA nesta área?Com quatro palavras-chave: rapidez, segurança, efi ciência e vontade. Rapidez, porque estamos com uma capacidade de resposta praticamente imediata para a primeira consulta, para o diagnós-tico e para o início do tratamento. Esta rapidez traduz-se também em acessibilidade, uma vez que temos contactos fáceis: os nossos telefones estão disponíveis diretamente, assim como o email no apoio aos doentes e aos seus médicos de família. Segurança é o resultado da qualidade da nossa prestação de cuidados. E a efi ciência resulta do modo como estamos organizados, cen-trados sempre no melhor interesse do doente. Por fi m, a nossa vontade e empenho na partilha dos cuidados passa pela ligação do HBA e dos seus profi ssionais ao médico de família. E esta, posso garanti-lo, não é uma característica habi-tual das estruturas hospitalares portuguesas. Nor-malmente, o acesso do médico de família ao es-pecialista hospitalar não é fácil, na maior parte dos casos nem existe qualquer ligação. O porta-dor das informações costuma ser o doente. Não é isso que queremos que aconteça aqui.

Qual tem sido a reação dos doentes à resposta dada até agora pelo hospital? De um modo geral, as pessoas fi cam espantadas com a rapidez com que resolvemos as coisas e como tentamos diminuir ao máximo o incómo-do dos doentes, evitando que venham cá várias vezes fazer os exames prescritos, por exemplo. Respondemos com rapidez e as pessoas fi cam um pouco surpreendidas. Não estão à espera que o hospital se preocupe com o seu bem-estar.

Page 19: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 20: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

A obesidade é um perigoA consulta de obesidade infantil do Hospital Beatriz Ângelo está a

trabalhar em pleno. Porque, alerta o diretor da Pediatria do HBA, Paulo

Oom, o combate à epidemia do século XXI “é absolutamente urgente”.

HBA

20 Julho 2012

Mais de 90% das crianças portuguesas consomem doces, refrigerantes e fast-food pelo menos quatro vezes por semana. Me-nos de 1% bebem água em quantidade adequada todos os dias e só 2% comem fruta fresca diariamente. Quase 60% dos meninos e meninas portugueses vão para a escola de carro, em vez de irem a pé, e só 40% participam em programas extra-curriculares que envolvem alguma ativi-dade física. Estes são os números avassaladores sobre a mais jovem geração nacional, que jus-tifi cam a dimensão, em Portugal, de uma doença que a Organização Mundial de Saúde já classifi cou como a epidemia do séc. XXI: a obesidade. Hoje, mais de um terço das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos são obesas e 14% sofrem mesmo de obesidade mórbida. E o que é que isto signifi ca? “Signifi ca, antes de mais, que estas crian-ças serão também adultos obesos, que vão ter diabetes, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos, hipertensão, asma, problemas psicológicos..., ou seja, doen-ças graves muito frequentes nas pessoas obesas. E vão ter muitas despesas com os tratamentos de tudo isso. Mas signifi ca, sobretudo, que estes adultos vão, prova-velmente, viver em muito piores condi-ções e morrer muito mais jovens.”A resposta é desassombrada e direta. Não há como não ser assim, insiste o pediatra Paulo Oom, diretor do serviço de Pedia-

muitos meninos já apresentarem níveis de colesterol elevados. Na criança, até podem ser assintomáticos, mas já lá es-tão. E obrigam-na a começar desde já a tomar medicação, para evitar um enfarte ou uma trombose aos 30 anos.”Esta foi uma das primeiras áreas da Pe-diatria em que o Hospital Beatriz Ângelo decidiu investir. As necessidades existen-tes na área de infl uência do hospital exi-giram-no. Por isso, neste momento, todos os pediatras estão a fazer consulta de obe-

tria do Hospital Beatriz Ângelo. “Todos os dias recebemos novos casos. A situa-ção é preocupante, até porque começa-mos já a observar, em algumas destas crianças, problemas de saúde que, à par-tida, só iriam manifestar-se na fase adul-ta”, reforça o pediatra, esclarecendo: “Refi ro-me, por exemplo, ao facto de

A pediatra sugere à mãe de Carlos que dê uns passeios a pé com o fi lho. ‘Tenho a certeza que daqui a um mês vais estar melhor’, diz, encorajando a criança

O primeiro mês de cuidados com a alimentação deram logo excelentes resultados. Carlos é mais um bom exemplo para todos os meninos.

umaal deia doe umre osfremque é

rian-e vãoares,

asma,doen-ssoasm osifi ca,rova-ondi-

Nãodiatraedia-

mdptãtooEddtegio

exemplo para todos os meninos.

Page 21: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

HBA

sidade infantil – o que signifi ca que os casos assinalados, quer por referenciação dos médicos de família nos centros de saúde, quer por sinalização do serviço de urgência, têm uma resposta imediata. “Qualquer criança obesa, mesmo que che-gue ao hospital por outro motivo, terá acesso a uma consulta quase imediata-mente. O tempo de resposta é muito rá-pido”, afi rma Paulo Oom. Carlos tem oito anos e ouve, em silêncio, as recomendações da pediatra. Sofi a Fer-

nandes, coordenadora da consulta de obe-sidade infantil no HBA, sabe que não pode “deixar de ser insistente com estas coisas. Se não, não conseguimos atingir o nosso objetivo”.Ele acena com a cabeça, mas muito ligei-ramente, concordando. Desde a última consulta, Carlos emagreceu “só” 700 gra-mas. A mãe reconhece que é pouco. “Já cortou em muitos doces e já não come papa todos os dias...”, contrapõe, acres-centando: “O exercício físico é que não é

Julho 2012 21

com ele.” Sofi a reage: “Tens de te pôr a mexer, ir para o parque andar de bicicle-ta! E acabou-se a papa!” Depois, pergunta à mãe: “E o Carlos tem comido sopa?” “Só canja!”, responde a mãe. Mas canja, diz a pediatra, “não é sopa. Ele precisa é de comer legumes!”A troca de informações, conselhos e aler-tas prossegue ao longo da consulta. Carlos continua calado. A mãe afi rma que o fi lho não fez quase nenhum ‘disparate’. Só foi uma vez ao McDonalds “porque eu lhe

Page 22: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

HBA

22 Julho 2012

prometi que, se se portasse bem nas aná-lises, o levava lá a almoçar”. Sofi a, pa-cientemente, pergunta: “Assim, é difícil chegarmos àquele nosso objetivo, não é, Carlos?”A pediatra defi ne novas metas, ajuda a mãe a reorganizar o esquema das refei-ções, dá instruções mais precisas sobre o exercício que a criança deve fazer. “Dêem uns passeios a pé juntos. Faz bem aos dois”, sugere.Depois, revê as marcações das consultas com a dietista e com a psicóloga. “Tenho a certeza que, daqui a um mês, vais estar aqui”, diz, para Carlos, apontando a tabe-la do peso: um quilo abaixo do que tem neste momento. É esta a meta a atingir durante as próximas quatro semanas.“A maior parte destas crianças já nos che-ga muito tarde. São, sobretudo, adoles-centes e vêm ao hospital por problemas psicológicos, de auto-imagem, sendo de-pois encaminhados para a consulta de obesidade. Comem mal até aos 12, 13 anos e, nessa idade, é difícil mudar-lhes os hábitos ali-mentares”, confessa a pediatra. “Os pais até nos dizem que não têm tempo para lhes fazer sopa!” E sem eles, sem a sua colaboração, a sua vontade para tratar dos seus, é quase impossível ter sucesso. “Não se pode pedir a uma criança que faça dieta e depois deixá-la a ver toda a

família comer à vontade. Isso é cruel. Por isso, os pais têm de acompanhar os fi lhos neste tratamento”, reforça Paulo Oom, acrescentando: “Aliás, tratar uma criança obesa é também tratar a sua família, por-que normalmente esta criança vem de uma família obesa. Por regra, são famílias onde existe, além de um ambiente seden-tário e de nutrição rica em calorias e gor-duras, uma suscetibilidade genética para a obesidade.”A mãe de Pedro sabe bem o que isto quer dizer. “O meu marido dormia com oxigé-nio, era pré-diabético, tinha problemas de coração. Tudo porque era obeso. Por-tanto, o Pedro tem uma noção exata do que esta doença lhe pode custar”, conta Ana Paula. Faz tudo para que o fi lho siga à risca as indicações da pediatra. “Pratica

• Aumentar a atividade física: ir a pé ou de bicicleta para a escola; participar em eventos desportivos; passear a pé.

• Reduzir a atividade sedentária: passar menos tempo sentado a ver televisão; reduzir os períodos de utilização do computador e das consolas de jogos: no total, não fazer ambas as coisas por mais de duas horas por dia.

• Promover atividades de grupo: fazer jogos em família, dar passeios com grupos de amigos.

• Procurar realizar uma atividade física intensa durante, pelo menos, uma hora por dia.

• Elaborar um programa para as refeições da família, que inclua o horário e os alimentos permitidos, tanto nas refeições principais como

nas merendas intercalares, para que todos saibam o que podem comer e quando.

• Fazer as refeições à mesa, sempre que possível em família, e não em frente da televisão ou do computador.

• Todos os membros da família devem comer o mesmo a cada refeição.

• Preferir alimentos com baixo teor de gordura, como a carne magra.

• A fruta e/ou os vegetais devem fazer parte de todas as refeições.

• Não consumir bebidas açucaradas ou refrigerantes; a água é a melhor bebida para combater a sede.

• Evitar aperitivos, bolachas, guloseimas, sobremesas doces e gelados.

• Confecionar as refeições evitando a adição de gordura.

CONSELHOS PRÁTICOS PARA PAIS E FILHOS

imenso exercício: natação, karaté, anda de bicicleta. Ontem, o nosso jantar foi ca-rapau grelhado com salada. Só compro produtos magros lá para casa. Ele faz die-ta na escola...”, exemplifi ca.Para Ana Paula, esta é uma missão de que não desiste. Pelo fi lho, claro – que, apesar dos cuidados familiares, continua com excesso de peso. “É cada vez mais difícil. Ele está a resistir cada vez mais...”, lamen-ta a mãe, com preocupação. Sofi a pondera as hipóteses de como in-tervir para tornar mais efi caz o tratamen-to, sobretudo para aproveitar ao máximo o empenho desta mãe, a sua vontade em manter a saúde do fi lho. “Tem de ser ele próprio a querer também, a convencer-se de que não pode comer tudo, porque lhe faz mal”, insiste Ana Paula.A pediatra olha em silêncio para o Pe-dro, que sorri de vez em quando, respon-dendo com ‘sim’ e ‘não’ às perguntas de Sofi a. Depois de várias instruções e con-selhos, a médica propõe-lhe uma nova meta: “Daqui a um mês, tens de ter me-nos dois centímetros de cintura e menos um quilo e meio de peso. Vais conseguir, não é verdade?”, incentiva a pediatra. Pedro sorri, concordando. AGIR EM DOIS PLANOSOs pediatras do HBA defi niram um pro-grama para a consulta de obesidade que prevê a realização de análises e exames complementares de diagnóstico para ras-treio de complicações resultantes da obe-sidade. “O objetivo é despistar, o mais precocemente possível, a existência de diabetes, hipertensão arterial, colesterol ou triglicéridos elevados, doenças renais ou hepáticas – que nós sabemos que po-dem existir já na criança obesa, mas que só se manifestarão de forma grave na ida-de adulta”, explica o diretor da Pediatria do Hospital Beatriz Ângelo. “Se algum valor estiver alterado, atuamos de ime-diato, com medicação específi ca, por exemplo”, diz ainda, ressalvando: “Mas isto é agir sobre as consequências da obe-sidade. E nós queremos é reduzir a obe-sidade. Por isso, o nosso trabalho com estas crianças é feito a dois níveis: o ras-

Paulo Oom, diretor da Pediatria do HBA, diz que é preciso envolver as famílias, para conseguir resultados no combate à obesidade infantil

Page 23: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 23

treio das complicações, por um lado, e a alteração dos hábitos alimentares e ati-vidade física, por outro.” “O facto de a criança obesa parecer sau-dável, brincar e, aparentemente, não ter problemas, não signifi ca que a doença não esteja já lá. É precisamente por isso que é difícil convencer os pais de que é preciso atuar. Mas as coisas vão surgindo: os ami-gos gozam na escola; é difícil fazer ginás-tica porque as articulações começam a doer; aparecem problemas ortopédicos. E esses são os sinais que deviam abrir os olhos aos pais”, insiste o médico.A consulta de obesidade infantil do HBA funciona, por isso, em articulação com outras duas consultas, que as crianças também frequentam: a de Nutrição, fei-ta por dietistas, e a de Psicologia. “Isto porque verifi cámos que muitas das crian-ças obesas que nos têm chegado são adolescentes – que precisam de apoio, não só para tratar a sua doença, mas também para conseguir resolver as suas

difi culdades de relação com os outros e para os ajudar a interiorizar a neces-sidade de fazer dieta e exercício físico”, explica Paulo Oom. A articulação com os centros de saúde da área servida pelo Hospital “é também fun-damental neste trabalho”. O diretor da Pediatria do HBA diz que, neste momen-to, o grupo de trabalho conjunto, que in-clui dois representantes de cada centro de saúde e os responsáveis do serviço do Hospital, reúne regularmente, “sendo o tema da obesidade infantil recorrente no trabalho desenvolvido neste âmbito”. “Os nossos colegas médicos de famí-lia estão também muito atentos e pre-ocupados com este problema”, salien-ta Paulo Oom. Afi nal, conclui, “esta é uma situação de urgência nacional, que impõe a todos nós uma atuação fi rme, conjunta, empenhada e respon-sável”.

HBA

Pedro com a mãe, na consulta de Sofi a Fernandes, coordenadora da consulta de obesidade infantil do HBA

Pedro faz ginástica, anda muito de bicicleta, gosta de jogar futebol. E tem uma alimentação saudável. Vai ser um caso de sucesso desta consulta.Vai ser um caso de sucesso desta consulta.

Page 24: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Salva-vidasEstudou Medicina em horário pós-laboral, quando já era terapeuta

da fala. Foi voluntário no Haiti, depois do terramoto de 2010, e

atleta de alta competição na luta greco-romana. Pedro Cristóvão

está todos os dias de serviço na Viatura Médica de Emergência e

Reanimação do HBA.

112

Este é um trabalho feito no fi o da navalha. E, na dúvida, a vida tem sempre de bater a morte quando está nas mãos de Pedro Cristóvão. “Na rua não temos a segurança do hospital, a informação do computador, os colegas a quem fazer perguntas quando temos dúvidas ou com quem trocar uma opinião. Temos um kit básico de material, um estetoscópio e o que aprendemos na Faculdade de Medicina.” Se bem que...“Na escola raramente nos falam das coisas que vemos na rua!”, reconhece, sorrindo. Este é um médico salva-vidas. No sentido literal do termo. Sai diariamente do Hos-pital Beatriz Ângelo na VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) para atender as chamadas feitas para o 112 e que o Centro de Orientação de Doentes

Urgentes (CODU) referencia como casos de emergência médica na área de infl uên-cia do HBA. Uma tentativa de suicídio, um ataque cardíaco, um acidente de viação, uma troca de tiros, tudo pode aparecer num dia de trabalho de Pedro Cristóvão. E a cada momento é preciso saber responder com rapidez, segurança, conhecimento e intuição. Aos 37 anos, leva já sete de experiência neste trabalho. E confessa-se com pouca vontade de deixar de o fazer nos próximos tempos. “O que me atrai é isto ser diferente todos os dias. É ter de resolver as situações e tomar decisões em 30 segundos.”Começou por ser terapeuta da fala. Diz mesmo que esta é a sua verdadeira voca-

24 Julho 2012

São sempre oito horas intensas de trabalho. Mas é o facto de ‘isto ser diferente todos os dias’ que atrai Pedro

Page 25: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

atendimento juvenil

Julho 2012 25

rixa entre gangues. Eu estava dentro da ambulância a tentar salvá-lo e sabia que lá fora estavam elementos do bando que o queria matar, à espera para acabar o ser-viço”, lembra. Noutra ocasião, foi a casa de uma família onde alguém estava a pre-cisar de cuidados urgentes: “Lembro-me que, a certa altura, enquanto eu estava de volta do doente, os familiares disseram: ‘Se ele morrer, morres também!”

O MUNDO COMO ELE ÉTambém não hesitou quando o chamaram para integrar a equipa de médicos e enfer-meiros do INEM que foi para o Haiti, com uma força de bombeiros portugueses, aju-dar a montar um campo de refugiados, logo após o terramoto de janeiro de 2010,

ção. Mas soube-lhe a pouco o que estudou. Por isso, voltou à faculdade. “Foi mais na perspetiva de ter um hobby”, confessa. Que agora “não lhe deixa tempo para mais nada”. Escolheu estudar Medicina, já quan-do trabalhava como terapeuta da fala. Fez o curso sem perder um único ano. E de-pois “a emergência médica foi uma coisa mais ou menos óbvia para mim”, como o foi aceitar o convite para trabalhar na VMER do HBA, quando o novo hospital abriu. Parece gostar de preencher a sua vida até ao limite. Além da família e do trabalho diário na VMER, Pedro adora andar de mota, foi atleta de alta competição em luta greco-romana e campeão nacional dessa modalidade durante vários anos, tem dois cães e dois gatos e diz que o seu passatem-

po preferido é cuidar dos dez bonsais que tem em casa. “Exigem muita paciência e calma”, comenta, a propósito.Fora o resto: já fez vários partos em am-bulâncias, esteve sequestrado dentro de uma casa, onde foi assistir um doente com uma intoxicação medicamentosa, e teve de fi car por baixo de um TIR para ajudar um sinistrado, na altura exata em que o veículo se movimentou. “Nessa altura, confesso que me fez alguma im-pressão, senti-me um bocado desconfor-tável”, reconhece. Mas medo, medo a sério, “acho que não sentimos. Aprendemos a racionalizar as coisas”. Nem quando esteve sob ameaça. “Uma vez fomos chamados para assistir um homem que tinha sido baleado numa

Page 26: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

112

porta e deixou os agentes entrar. Mas, logo a seguir, fechou-os lá dentro também, con-nosco. Foi complicado...”, conta, soltando uma gargalhada.Na rua, “vemos o mundo como ele é”. E hoje, diz Pedro Cristóvão, são cada vez mais as situações de doentes descom-pensados, porque deixam de tomar os medicamentos, porque se sentem mais ansiosos, porque não aguentam os pro-blemas e as difi culdades do dia-a-dia. Aumentaram as saídas para assistir in-toxicações, dores no peito sem explica-ção, ataques de pânico inesperados. “As pessoas estão mesmo mais perturbadas”, confi rma a enfermeira Paula, que integra, com Pedro, a equipa da VMER do Hos-pital Beatriz Ângelo.Paula é a condutora da carrinha de emer-gência médica. Fá-lo sem hesitações, na velocidade que a urgência do caso impõe. O médico, a seu lado, permanece impas-sível aos riscos da velocidade, ocupado a receber as informações recolhidas pelo CODU na chamada feita para o 112 ou a encontrar a morada certa para onde é pre-ciso ir rapidamente. “Temos de ter uma boa relação de traba-lho e saber qual é a função exata de cada um, em cada momento. Tudo se faz com organização e sem gritos”, explica Pedro. “Aqui, não sou senhor doutor. Não há tempo para isso. Às vezes, nem precisa-mos de falar uns com os outros; basta cruzarmos os olhos para sabermos o que há a fazer.”Na entrada da VMER, ao lado da porta da Urgência Geral do HBA, difi cilmente se vê gente. As chamadas do 112 são perma-nentes e, por isso, a carrinha está sempre em trânsito, a responder a alguma emer-gência médica. Os poucos momentos em que a equipa regressa à base são ocupados a repor o material que foi usado e a fazer os registos da última saída. “A única coisa de que tinha pena neste trabalho – confessa o médico – era não saber o que acontecia aos doentes, depois de os assistirmos na rua e os deixarmos na entrada da urgência dos hospitais. Mas aqui no HBA posso, fi nalmente, se-guir os meus doentes.” Depois de os sal-var na rua, claro.

A equipa da VMER, que integra também a enfermeira Paula, responde a cada vez mais chamadas de tentativas de suicídio

que arrasou a capital Port-au-Prince. “Per-guntaram-me: ‘Queres ir? É para partir já amanhã’.” Claro que foi.Mal chegaram, e porque não foi possível avançar com o campo de refugiados, os médicos e enfermeiros do INEM junta-ram-se aos profi ssionais de saúde que estavam a trabalhar num hospital de campanha que os norte-americanos ti-nham montado no perímetro do aeropor-to da cidade haitiana.“Disseram-nos: ‘Temos doentes, mas não temos medicamentos, raio-X, oxigénio, análises... Portanto, façam o possível’. Foi uma experiência impressionante”, reco-nhece Pedro Cristóvão. Que repetia já amanhã, se lho propusessem. “Aprendi muito de medicina de catástrofe e de or-ganização do serviço em condições extre-mas, quer em termos humanos, quer em termos de cooperação. Além disso, posso dizê-lo com segurança, hoje sinto-me tam-bém mais preparado para enfrentar tre-mores de terra”, confessa, lembrando os sustos provocados pelas várias réplicas do terramoto, que se sentiram durante os dias seguintes à catástrofe haitiana.Os episódios de que se recorda e que vai contando começam a multiplicar-se. As histórias vão sendo mais surpreendentes,

à medida que o médico vai soltando a me-mória. Quem diria que começou por refe-rir que nunca tinha passado por nada ver-dadeiramente especial...“Como foi a história do sequestro? Um bocado cómica. Fomos assistir um senhor com uma intoxicação medicamentosa a casa dele. Quando o conseguimos acordar, ele teve uma reação um pouco violenta. E a mulher achou que lhe tínhamos feito mal. Então, agarrou numa espingarda e fechou-nos dentro do quarto onde estáva-mos com ele, ameaçando-nos”, lembra o médico, continuando: “Chamámos a po-lícia, que, quando apareceu, conseguiu acalmar a senhora. Ela acabou por abrir a

Durante a assistência a um doente que sofreu um AVC, a equipa da VMER do HBA trabalha ao lado dos bombeiros

26 Julho 2012

Page 27: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 28: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

bastidores

28 Julho 2012

Cheirinho a roupa lavada

Há pessoas a trabalhar no HBA que quase passam despercebidas,

como os profi ssionais da Rouparia. O seu trabalho, porém,

é fundamental para que o hospital funcione na perfeição.

lençóis lavados são distribuídos por mês no internamento do HBA

6565

Todas as manhãs, mal nasce o dia, co-meça a distribuição. Os carros com a roupa limpa saem em fi la da Roupa-ria, hoje pela mão da Filomena e da Patrícia, com destino a todos os servi-ços do hospital. Em cada um, meia centena de lençóis lavados, 25 toalhas de banho, 20 tapetes, cinco cobertores, 15 pijamas, 20 camisas de noite… A lista é enorme e nada pode falhar.O movimento é contínuo. À medida que vão deixando a roupa lavada, vai sendo possível às auxiliares, no Inter-namento, iniciar o seu trabalho de lim-peza e arrumação dos quartos dos do-entes, mudando a roupa de cama e substituindo tudo o que foi usado até ao início dessa manhã. Para Filomena e Patrícia, assim que fi ca concluída a distribuição, é hora de começar a re-colha da roupa suja. São, claro, os mes-mos circuitos, que, no entanto, nunca podem misturar-se.Filomena e Patrícia já sabem o peso

que as espera. Todos os dias, em mé-dia, há cerca de 1500 quilos de roupa suja para mandar lavar – tudo devi-damente condicionado em sacos de pano de cores diferentes, para distin-guir o que é roupa contaminada e o que é roupa suja normal. “O que gos-távamos mesmo era que os colegas não enchessem tanto estes sacos. Às vezes, custa tanto pegar neles…”, diz Patrícia.Carina, a responsável deste serviço, sorri, quando se lhe pergunta como sabe se há ou não falhas neste ir e vir de roupa. “O controlo não é fei-to por número de peças, mas pelo peso. Sabemos sempre o peso do que sai e do que entra”, explica.No fi nal do dia, o balanço é de mui-tos quilos de roupa. E também de muitos quilómetros percorridos a pé, pelos enormes corredores dos seis andares do Hospital Beatriz Ângelo.

Page 29: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 29

é o número de peças de roupa lavada entregue por dia nos serviços do hospital

250

quilos de roupa suja são recolhidos diariamente

1450

Page 30: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

30 Julho 2012

Planeamento familiar sempre disponível

Grande parte das mulheres que procuram o HBA para fazer uma IVG não usa qualquer contraceção.

Os profi ssionais de saúde estão preocupados com a situação, uma vez que os centros de saúde da área do hospital

disponibilizam consultas de planeamento familiar e distribuem gratuitamente todos os meios anticoncecionais.

Page 31: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

saúde

Julho 2012 31

sível, raramente foi utilizada”, diz a mé-dica. Mais. Quem foi, até agora, à consulta de interrupção da gravidez, obrigatória an-tes de se avançar para a intervenção, revelou, na maioria dos casos, “um bai-xo nível de conhecimentos sobre con-traceção e fertilidade. As mulheres e os casais de um modo geral não estão edu-cados e informados corretamente sobre a sua saúde sexual e reprodutiva, para que possam fazer uma procura e esco-lha correta e atempada dos meios ao seu dispor”, esclarece.

Cerca de 25% das mulheres que procura-ram até agora o Hospital Beatriz Ângelo (HBA) para fazer uma interrupção volun-tária da gravidez (IVG) já o tinham feito pelo menos uma vez no passado. 60% do total das que aqui fi zeram uma IVG têm menos de 30 anos. E 23% estão desem-pregadas. O número de IVG feitos no hos-pital nestes quatro meses de funcionamen-to corresponde a quase um terço dos 550 partos aqui ocorridos.Estes são apenas alguns dados sobre a realidade da IVG no Hospital Beatriz Ângelo, que a médica Elsa Dias, coor-

denadora da Obstetrícia do HBA, diz estarem na média do que se está a veri-fi car na região de Lisboa e Vale do Tejo – a região do país com maior percenta-gem de interrupções da gravidez reali-zadas em hospitais públicos (ou priva-dos licenciados para o efeito), desde que a lei passou a autorizá-las até às dez se-manas de gestação. Há, no entanto, um dado ainda não re-ferido e que se destaca: é que “uma par-te signifi cativa (destas mulheres) não fazia contraceção; e a contraceção de emergência, atualmente bastante aces-

Page 32: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

saúde

nais, são também disponibilizados em pra-ticamente todos os centros que integram o nosso Agrupamento”, diz Ileine Lopes, diretora do ACES de Loures. “A primeira vez é, no entanto, dada em consulta mé-dica, uma vez que se faz uma avaliação completa da mulher”, adianta. Esta é, aliás, uma consulta de saúde da mulher, com rastreio do cancro do colo do útero e do cancro da mama, com educação so-bre doenças sexualmente transmissíveis, e em que se faz também planeamento fa-miliar, explica. “A partir daí, a entrega da pílula pode ser feita pela enfermeira, a partir da fi cha da utente.”

A IVG representa um peso psíquico e emocional importante para as mulheres. Nenhuma fi ca indiferente quando tem de passar por esta experiência.

“Há, de facto, um problema de falta de educação básica. Como se estivéssemos a assistir a um retrocesso de décadas. As pessoas hoje querem apenas respostas imediatas, soluções rápidas; não se dão ao trabalho de procurar saber, de se in-formar, de prevenir gravidezes indesejá-veis. A ignorância é cada vez maior”, confi rma a enfermeira Margarida Santos, do Agrupamento de Centros de Saúde de Odivelas. O fenómeno parece ser difícil de explicar. Primeiro, porque as matérias relacionadas com a educação sexual fazem parte, desde há largos anos, do currículo de várias dis-ciplinas, ao longo da escolaridade obriga-tória. Depois, e sobretudo, porque o Ser-viço Nacional de Saúde (SNS) disponibi-liza todos os meios contracetivos gratui-tamente. “Basta chegar e pedir”, confi rma a enfer-meira Margarida. “Procuramos dar respos-ta imediata e em qualquer momento; por exemplo, à contraceção de emergência se uma senhora se dirige aqui para lhe ter acesso, mesmo que seja ao fi m de sema-na”, diz, por seu lado, Carla Sousa Silva, enfermeira responsável pela área da saú-de materna e infantil do Centro de Saúde de Sobral de Monte Agraço.Elsa Dias reforça esta ideia: “A contrace-ção deve estar disponível, deve ser de fá-cil acesso, sem burocracias nem necessi-dade de aguardar marcações e listas de

espera.” Aliás, adianta, “em todos os mo-mentos de contacto com os serviços de saúde da mulher em idade fértil sexual-mente ativa, o planeamento familiar devia ser abordado”.

ACESSO AO PLANEAMENTO FAMILIARUma ronda pelos centros de saúde da área de infl uência do Hospital Beatriz Ângelo permite confi rmar que, de um modo geral, essa é uma das prioridades dos cuidados ali prestados. De facto, tanto em Loures, como em Odi-velas ou Sobral de Monte Agraço, o aces-so a consultas de planeamento familiar é fácil e rápido, mesmo para quem não tem médico de família. Também a disponibi-lização gratuita de meios anticoncecionais, quer se trate da pílula, de implantes, de contraceção de emergência (a chamada pílula do dia seguinte), de preservativos ou de dispositivos intra-uterinos, é sim-ples e está praticamente generalizada. Esta realidade permite pensar que é possível ultrapassar a justifi cação dada por muitas mulherespara o facto de não fazerem qual-quer tipo de contraceção, e que é a “difi -culdade de acesso ao planeamento fami-liar”, como refere a coordenadora da Obs-tetrícia do HBA. “Todas as unidades funcionais têm con-sulta de Planeamento Familiar. A pílula, assim como os outros meios anticoncecio-

Page 33: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

saúde

cer toda a informação possível. Oferece-mos, também, um livro da Direcção-Ge-ral da Saúde sobre medicina reprodutiva a todas as mulheres. E tentamos dar a pílula para vários meses, para evitar que tenham de vir ao centro de saúde com frequência”, diz ainda.A enfermeira Margarida Santos, por seu lado, diz também que “todas as unidades funcionais do ACES de Odivelas dispo-nibilizam quer a pílula quer a contraceção do dia seguinte. Basta pedir, como na far-mácia”. E quanto à colocação de disposi-tivos intra-uterinos ou de implantes con-tracetivos, apesar de não se fazerem em todas as unidades, “tenta-se compensar essa situação naquelas que o fazem”.As consultas médicas de planeamento familiar têm horário específi co, e é ne-cessária uma marcação prévia. “Mas fa-zemos também consulta de enfermagem de planeamento familiar. E, neste caso, a primeira consulta não precisa de ser marcada antecipadamente, para facilitar o acesso a este tipo de cuidados. Procu-ramos, de todas as maneiras, nunca dei-xar a mulher sem ajuda”, reforça a en-fermeira.

NENHUMA MULHERFICA INDIFERENTE A falta de conhecimento e de informação sobre saúde sexual entre as jovens e a in-diferença das mulheres mais velhas em relação à informação sobre métodos con-tracetivos – que se traduz, na prática, no facto de muitas mulheres que procuram o hospital para fazer IVG não usarem qual-quer tipo de contraceção – é uma preocu-pação partilhada por todos os profi ssionais

mília tem um período específi co todas as semanas para consultas de planea-mento familiar, sendo essas consultas marcadas antecipadamente. Os utentes que não têm médico de família podem marcar a consulta de planeamento fami-liar comigo”, diz a enfermeira, respon-sável pela área da saúde materna e in-fantil neste centro de saúde. “Ninguém fi ca sem resposta nem sem ajuda. Nem ao fi m-de-semana. Todos os enfermeiros têm preparação para atender as mulheres que aqui venham solicitar a pílula ou a contraceção de emergência, ou tirar alguma dúvida. Mas não nos li-mitamos a dar o contracetivo, natural-mente. Fazemos sempre uma avaliação da situação, para detetar eventuais ris-cos, por exemplo. Além disso, na práti-ca, ninguém vem cá sem sair com uma consulta de planeamento familiar mar-cada”, adianta. A consulta propriamente dita “é uma consulta completa, em que conseguimos fazer o rastreio das várias doenças da mulher. Além disso, procuramos forne-

No Centro de Saúde de Sobral de Monte Agraço, a enfermeira Carla Sousa Silva, especialista em saúde materna e infantil, confi rma também que “todas as mulhe-res têm consulta de planeamento fami-liar, mesmo se não tiverem médico de família”. E explica: “Cada médico de fa-

Page 34: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

saúde

34 Julho 2012

que trabalham nesta comunidade. Por isso, o Hospital Beatriz Ângelo deci-diu, seguindo as orientações da Direção--Geral da Saúde, que nas suas consultas de interrupção de gravidez, “todas as uten-tes que fazem IVG têm alta com contrace-ção iniciada e/ou prescrita, e com infor-mação clínica e orientação para a consul-ta de planeamento familiar nos centros de saúde respetivos”, revela a médica Elsa Dias, acrescentando: “A colocação de dis-positivos intra-uterinos e de implantes contracetivos também é feita na nossa con-sulta, bem como a orientação para esteri-lização feminina e masculina. Basta que a mulher o solicite.”Soraia acabou de sair da consulta. Confi r-mou estar decidida a fazer o IVG e disse ter percebido todas as instruções do mé-dico. Mas franziu a testa quando ele lhe disse que teria de tomar a pílula. Só lá fora, diante da enfermeira, é que confessou: “Nem pensar! A pílula é que eu não tomo!” Saiu sem dar mais explicações.Maria vem a seguir. Também ela está de-terminada. Às sucessivas perguntas do médico sobre se esta é mesmo a sua deci-são, responde sempre o mesmo: “Sim, não tenho dúvidas!” Tem já dois fi lhos e ape-nas 26 anos. Não tem emprego. Vive em união de facto com o pai das crianças, que trabalha por conta própria. É a segunda vez que faz uma interrupção voluntária da gravidez. “Há muitos anos que não tomo a pílula”, confessa.

A contraceção é de fácil acesso, não exige burocracias nem necessidade de aguardar marcações e listas de espera em todos os centros de saúde.

No momento em que o médico coloca em cima da secretária a imagem da eco-grafi a que acabou de lhe fazer para con-fi rmar o tempo da gestação, Maria desvia os olhos. Por uns milésimos de segun-dos, parece vacilar. “Agora, tem três dias para refl etir”, termina o médico, indican-do a Maria a data em que terá de voltar ao hospital para fazer a IVG. “Desde que comecei a fazer esta consulta, aqui no Hospital Beatriz Ângelo, apenas duas senhoras desistiram. É muito pouco, para a quantidade de IVG que fazemos.

Tenho, porém, a esperança de que conse-guimos que muitas mulheres passam a fazer um método anticoncecional», co-menta o médico, no fi nal de mais uma consulta.Elsa Dias explica que o IVG, tal como é feito na maior parte dos estabelecimen-tos públicos – ou seja, por via medica-mentosa, “não compromete gravidezes futuras, nem diminui a fertilidade”. No entanto, “representa um peso psíquico e emocional importante para uma parte signifi cativa das mulheres”.“Fazemos aconselhamento, damos in-formação. Não pressionamos, nem para um lado, nem para o outro. Mas conver-samos muito com as senhoras que nos procuram porque querem fazer um IVG. E oferecemos outros tipos de ajuda, como o nosso banco para famílias carenciadas. Isto não pode tornar-se um meio anticon-cecional”, diz, também preocupada, a enfermeira Carla, de Sobral de Monte Agraço. “Até porque nenhuma mulher fi ca indiferente ou passa incólume por uma experiência destas”, acrescenta.No seu último relatório de atividades, a Inspeção-Geral de Saúde aconselha os responsáveis dos serviços de Saúde a re-forçarem os incentivos ao planeamento familiar, de modo a que seja “assegurada (a todas as mulheres) a escolha de um método efi caz de contraceção após o IVG”. Para isso, defende, é imprescindível uma boa articulação entre hospitais e centros de saúde. Sugere também a implementa-ção de mecanismos que “permitam dete-tar e controlar as IVG repetidas”, além de propor que se estude “o pagamento de uma taxa moderadora, que terá um efeito moralizador no acesso à IVG, pretenden-do-se com isto que esta interrupção não seja vista como um método anticoncecio-nal, mas sim como um recurso para reso-lução de uma situação pontual”. Já a Direção-Geral da Saúde considera fundamental o reforço da “mensagem clara e segura de apoio à gravidez planea-da, do aconselhamento contracetivo cor-reto e da disponibilização de métodos seguros e efi cazes”, pode ler-se no últi-mo relatório desta entidade sobre IVG.

INFORMAÇÃO ÚTILConsultas de Planeamento Familiar:• médicas: horário específi co em todos os centros de saúde;• de enfermagem: a primeira é sem necessidade de marcação em praticamente todos

os centros de saúde.

Para informações mais precisas sobre a consulta de Planeamento Familiar no seu centro de saúde, contacte o Gabinete do Utente:• ACES Odivelas: 219 347 710• ACES Loures: 219 825 100• Centro de Saúde de Sobral de Monte Agraço: 261 941 488• USCP Mafra-Leste: 261 818 100 (para marcação de consulta de Planeamento Familiar) • Ou consulte o Portal da Saúde no site www.min-saude.pt/portal

No Hospital Beatriz Ângelo, em todas as consultas de IVG: • é disponibilizada gratuitamente a contraceção oral ou o dispositivo intra-uterino,• é dada informação clínica e orientação para a consulta de Planeamento Familiar.

Page 35: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 36: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Esta Banda é a MaiorA ideia, lançada pela Câmara Municipal de Odivelas, era juntar

um grupo de gente com talento musical, criar uma banda rock

e dar o exemplo de como se pode ser sénior de forma ativa e divertida.

A Banda Maior só podia mesmo tornar-se um sucesso.

envelhecimento ativo

O ensaio tem dia certo na semana, hora marcada e programa de trabalhos previa-mente defi nido. Não é para profi ssionais, mas é como se fosse. Por isso, não são per-mitidos atrasos injustifi cados, nem lamen-tos de idade. Aqui, a vida é para se levar a sério. Mesmo a cantar.É claro que a Banda Maior é feita de mui-tas memórias. As músicas são, sobretudo, dos anos 60 e 70 e a ideia é pôr toda a gen-te que canta e que ouve a recordar as coi-sas boas do passado – os bailaricos, os na-moros, as bandas de garagem... Mas as vozes, o empenho e a animação são de agora. Aliás, aqui o passado é mesmo só o pretexto para preencher o presente e ga-

rantir que planear o futuro continua a fa-zer sentido.Esta é, então, a Banda Maior. É Banda por-que toca e canta música, como as bandas dos tempos em que os Beatles, os Sheiks, os Rolling Stones e a Madalena Iglésias faziam sucesso. E é Maior, não por ser grande em número de membros – que até é! -, mas por juntar gente que a faz ter uma média de idade invejável. O mais novo tem 55 anos e o mais velho fez há dias 84. Todos eles reencontraram nesta Banda um talento antigo, uma experiência de juventude, um sonho que achavam já estar arrumado. Mas não só. Descobriram que ser Maior, afi nal, até pode

ser divertido. É isso. O que se vê nas suas caras, o que se percebe nos seus gestos ritmados enquanto cantam, o que se sen-te no ambiente dos ensaios e dos concer-tos é que eles gostam mesmo disto. E gos-tam, especialmente, de transmitir esse prazer aos outros.São, ao todo, 25. Homens e mulheres que deixaram as suas carreiras e profi ssões para trás, há uns anos, e que aceitaram o desafi o lançado pela Câmara Municipal de Odivelas, no ano passado, quando a autarquia começou a preparar as iniciati-vas para a celebração do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo. “Não fi zemos pro-priamente um casting”, refere António

36 Julho2012

Os ensaios são para ser levados muito a sério. Têm dia certo e hora marcada. Não se admitem atrasos nem lamentos de idade

Page 37: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

atendimento juvenil

Julho 2012 37

A porta de entrada desta consulta mal se vê, quando se entra no Centro de Saúde de Loures. A ideia é mesmo ser o mais discreto possível

Banda Maior. Faz os arranjos para as mú-sicas, escolhidas em conjunto, orienta os ensaios, tenta ‘disciplinar um pouco’ os seus elementos. “E às vezes é difícil”, re-conhece, entre duas gargalhadas. O tom afi nado e a concentração do mo-mento não mostram nada disso. Em cima do palco, há quem cante de olhos fecha-dos, quem não desvie os olhos do caderno das letras e quem siga atento os gestos do professor. Os instrumentistas reagem, zan-gados, quando são eles próprios a falhar a nota ou o ritmo. As interrupções têm, aliás, intervalos cada vez mais curtos.“Vamos lá, estamos quase no fi nal do en-saio e daqui a 15 dias temos um concerto.”

Monteiro, que coordena este projeto na Câmara de Odivelas. “Quando se come-çou a saber que íamos fazer isto, tivemos muitas inscrições. Mas a ideia era mesmo fazer uma banda, por isso escolhemos pes-soas com algumas competências musi-cais”, esclarece. É claro que a música não é o único objetivo. “Nem é sequer a fi na-lidade deste projeto. A música é um meio para juntar as pessoas. Porque este é um projeto social”, lembra ainda António. Às quartas-feiras, as três da tarde são a hora sagrada do ensaio. Em cima do palco está já a maior parte dos membros do gru-po. Um é baixista, outro baterista, dois to-cam guitarra elétrica. E atrás o pessoal que

canta. Tomás é um dos principais voca-listas. Mas muitas vezes dá lugar a Ilda ou a Marília, dependendo do estilo de músi-ca, do tipo de voz que é preciso para a canção ou, simplesmente, do facto de um se sentir melhor a cantá-la que outro.Ricardo é o jovem responsável pela pre-paração do grupo. Tem 31 anos, uma li-cenciatura em Direito e uma vocação ób-via, que o fez deixar tudo para trás. É mú-sico e, entre as suas várias atividades ar-tísticas, é formador musical, colaborando, nessa qualidade, com a Câmara Munici-pal de Odivelas na ocupação de tempos livres das crianças e dos idosos das insti-tuições do concelho. É ele que dirige a

Page 38: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

envelhecimento ativo

no verdadeiro sentido da palavra! José que o diga. Os seus primeiros rendimentos, há umas décadas, foram ganhos precisamen-te com uma banda de garagem, que corria o país de Norte a Sul em concertos fami-liares e festas populares. “Tocávamos o que estava na moda na altura, mas tam-bém Pink Floyd, Black Sabbath, etc.” Era uma vida intensa e cansativa, reconhece. “Só se faz isso quando se tem 20 anos”, diz, com saudade.O casamento, a família e as responsabilida-des da vida adulta obrigaram-no a pôr de lado aquela que era a sua verdadeira paixão. Mas esta banda sénior despertou-o. “Há 30 anos que não tocava”, assegura.

38 Março 2012

As músicas são dos anos 60 e 70 e a ideia é pôr toda a gente a recordar coisas boas do passado – bailaricos, namoros, bandas de garagem...

António vai lembrando os outros deveres que o grupo tem, além deste de cantar e tocar na perfeição. A Banda Maior leva-se a sério. Tem mesmo de ser. Afi nal, na agen-da estão programados sempre vários con-certos em lares, creches, festas de institui-ções variadas e até programas de televisão. Há, pois, muito ainda para fazer. Não se pode desperdiçar um segundo.

TALENTOS REVISITADOSIlda sempre foi intérprete... em casa e para os amigos! “E ia às vindimas só para can-tar”, acrescenta, rapidamente. De resto, a música nunca passou de um suplemento casual na sua vida. Até se reformar. Nesta

altura, ganhou tempo para outras ativida-des: entrou no grupo de teatro sénior de Odivelas, escreveu umas letras de canções para um dos espetáculos que esse grupo realizou e, de um dia para o outro, viu-se “primeira voz na Banda Maior”, ao lado de Tomás.Canta um clássico que, normalmente, o público adora: “Menina Estás à Janela”, claro! Mas em versão rock a partir do ter-ceiro ou quarto verso, o que acaba sempre por ser uma surpresa para as plateias dos seus concertos.O rock é quase sempre o pano de fundo das escolhas musicais do grupo. Porque – é bom não esquecer – esta é uma Banda

ROSÁRIO SOBRALAdministradora da Espírito Santo Saúde

“Ligação do hospital à comunidade é fundamental”O que quer dizer este conceito de ‘envelhecimento ativo’?O mundo está a envelhecer de forma ace-lerada e cresce a preocupação com o fun-cionamento de uma sociedade onde as pessoas vivem cada vez mais tempo e se nasce cada vez menos. A preocupação com o envelhecimento, e em 2012 espe-cialmente com o “envelhecimento ativo”, traduz-se em questões fundamentais como estas: Como conseguir viver mais tempo, com mais saúde e ser mais feliz? Como conseguir criar e manter laços com a so-ciedade? Como manter os mais velhos nos seus ambientes habituais, respeitan-do a sua privacidade e a sua liberdade? Temos de aprender a responder a estas

começou a olhar para este fenómeno no início do séc. XXI. No entanto, o nosso país é hoje um dos mais envelhecidos da Europa, com a população com mais de 65 anos a representar em 2010 cerca de 16% da população total. Com o envelhe-cimento, aumenta naturalmente o risco de fragilidade da saúde física e mental, a prevalência das doenças crónicas e os ní-veis de dependência (25% da população com mais de 65 anos e 50% da população com mais de 80 anos têm algum tipo de dependência). A solidão, o isolamento, as preocupações com a saúde e a neces-sidade de obter apoios sociais adequados aumentam, inevitavelmente, à medida que os anos passam. Não há dúvida é que os estigmas do envelhecimento exigem, de todos os intervenientes na sociedade, abordagens inovadoras que possibilitem respostas sustentáveis e que venham dar signifi cado, felicidade e alegria de viver a vidas mais longas que se aproximam ou mesmo ultrapassam os 100 anos.Mas a ideia do envelhecimento ativo não é um tema negativo. Pelo contrário...Viver mais anos e, sobretudo, viver com melhor qualidade durante mais anos é

questões, não apenas no Ano Europeu do Envelhecimento Ativo, mas de agora em diante.Esta é uma preocupação recente? Como estamos a preparar-nos para lhe dar resposta?O envelhecimento demográfi co começou a afi rmar-se na segunda metade do séc. XX, tendo adquirido rapidamente uma dimensão mundial. Em Portugal, só se

Page 39: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Janeiro 2012 39

envelhecimento ativo

Teve, por isso, de comprar uma viola bai-xo e, com a Banda Maior, ganhou uma nova vida. “Por mim, estava aqui todos os dias a ensaiar. Adoro música, gosto muito de tocar. Não há nada igual à adrenalina que se sente quando se está em palco a fazer música.”Vasco é o mais velho do grupo. Acabou de fazer 84 anos, não falha um ensaio e faz questão de ser um dos elementos da Banda Maior que mais se fazem notar. É que não há concerto em que não se apre-sente em palco com uns óculos escuros modernos, seja dia ou seja noite, a lembrar algumas estrelas da atualidade. “Tenho um problema na vista. Fui operado e o médico disse para proteger bem os olhos da luz intensa”, justifi ca. Seja qual for o motivo, Vasco é defi nitivamente o elemen-to do grupo com mais estilo. Foi alfaiate toda a vida, mas os últimos anos de profi ssão passou-os numa das

aliciante e deve ser encarado como algo de muito positivo nas sociedades moder-nas. Mas há que aprender a “viver bem” durante mais anos após se atingir a idade da reforma. Para isso é necessário um es-forço simultâneo por parte de cada pessoa individualmente, das suas famílias e das instituições de saúde e apoio social. A nível individual, é importante que as pes-soas, desde jovens, saibam preparar o seu período de envelhecimento, assumindo de forma responsável e informada a “ges-tão” da sua vida, da sua saúde (prática de hábitos de vida saudáveis, preocupação com os tratamentos preventivos e com o controlo das suas doenças crónicas), a par com o estabelecimento de laços com a sociedade nas suas áreas de interesse pes-soal (a música, como é o caso da Banda Maior).Que papel devem ter os hospitais, nomeadamente o Hospital Beatriz Ângelo, nesta estratégia?Os hospitais prestam cuidados de saúde agudos; a sua preocupação é, natural-mente, prestar aos cidadãos os melhores cuidados, humanizados, efi cientes, tec-nologicamente evoluídos, com qualidade

e segurança. Mas uma organização de cuidados de saúde socialmente respon-sável, como é a Espírito Santo Saúde (ESS), no atual contexto de uma socie-dade envelhecida, não pode deixar de reconhecer a importância do papel dos cuidados de saúde primários e continua-dos, incluindo os paliativos, e dos médi-cos de medicina geral e familiar na pre-venção, rastreio e diagnóstico precoce da doença, na informação ao doente, aos seus familiares e cuidadores, sobre como prestar cuidados e como adotar práticas de vida saudáveis. A preocupação da ESS com a promoção e a educação para a saú-de é bem visível nas ações que realizou em 2011: 4200 rastreios; 40 jornadas téc-nico-científi cas para colaboradores inter-nos e a profi ssionais de saúde externos (nomeadamente dos centros de saúde); e jornadas de informação sobre preven-ção e educação em saúde, doenças cró-nicas e apoio ao cuidador, abertas a or-ganizações de saúde, sociais, clientes e cuidadores da comunidade. Só o HBA, até maio, realizou 250 rastreios gratuitos e 10 ações abertas a profi ssio-nais de saúde externos e outros parceiros

da comunidade, envolvendo um total de mil participantes. O patrocínio e envol-vimento ativo de muitos profi ssionais da ESS na produção de recursos formativos (brochuras e fi lmes) pela Advita, para apoio aos cuidadores familiares (que apoiam o doente na sua própria casa) e aos cuidadores formais (que desenvol-vem a sua atividade em unidades de saú-de ou de apoio social) mostra também a preocupação do Grupo com a educação para a saúde. São recursos formativos, de fácil acesso e linguagem simples e clara. Cuidadores formados, informados e efi cazes são muito importantes para manter as pessoas mais velhas nas suas casas ou nas instituições, bem tratadas, independentes e autónomas. O apoio ao cuidador, aliás, tem vindo a ser ativamente fomentado pelo ESS e é muito gratifi cante verifi car que, no do-cumento estratégico da União Europeia para estas matérias, em que se defi ne como meta para o ano de 2020 a “du-plicação do número de anos saudáveis”, esse tema é especialmente relevante, aparecendo incluído nos três pilares da estratégia europeia.

José não tocava há 30 anos. Ilda nunca tinha cantado em palco. Vasco diz que só aqui está para ‘ajudar’ os outros, que cantam melhor que ele. Para todos eles, ser Maior até é divertido

Page 40: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

envelhecimento ativo

40 Julho 2012

lojas de roupa mais prestigiadas de Lis-boa. Fez fardas para os generais Hum-berto Delgado e Craveiro Lopes e fatos para os mais importantes políticos do pré e pós-25 de Abril. Depois, claro, veio a reforma. Mas a sua vida não acalmou a partir daí. Hoje, faz ginástica, hidro-terapia, caminhadas regulares e, claro, concertos e festas com a Banda Maior. “Eles dizem que eu canto bem. Mas eu só estou aqui mais para ajudar. Nem sei cantar em estrangeiro...” O palco não o assusta. Mesmo nada. Porque, assegura, adapta-se “muito bem” a tudo o que é novo. O resultado é que se diverte “imen-so” na Banda Maior, vai dizendo, indi-ferente aos piropos de quem passa: “Ele não canta. Ele encanta!”O senhor das barbas brancas, que tam-bém integra o coro, chama-se António. Faz de Pai Natal, na época respetiva, em centros comerciais e programas de tele-visão – uma espécie de part-time que lhe permite compor a reforma. Explica que tem de começar a deixar crescer a barba em fevereiro, para ela estar impecável na altura em que lhe rende um dinheiro ex-tra. De resto, tem uma vida mais intensa agora do que tinha quando era técnico de vendas e percorria o país. “Sou fi gurante na televisão. Já participei em mais de 70 fi lmes e séries! Faço anún-cios, estou na Universidade Sénior, na aula de teatro e na escola de fado, a apren-der a cantar. E faço ginástica três vezes por semana”, enumera de rajada. Isto sem con-tar com a Banda Maior, claro.

António diz que o palco sempre o fasci-nou, mas a vida obrigou-o a optar por ou-tra profi ssão. Começou a trabalhar aos dez anos como empregado de balcão, mas sempre com vontade de largar tudo para se dedicar a uma qualquer atividade ar-tística. Está, por isso, agora, a viver o me-lhor momento da sua vida, assegura. “Aqui não se ganha dinheiro, mas dá tanto pra-zer... É uma felicidade, sobretudo quando vamos a lares e creches e vemos as pesso-as felizes com o que fazemos.”

PROJETOS PARA SEIS MIL SENIORESEsta é, verdadeiramente, a essência do projeto. É não se limitar a ocupar o tempo livre de um grupo de gente sénior, mas dar-lhes a possibilidade de continuarem a servir, a serem úteis à comunidade em que estão inseridos.Para a Câmara Municipal de Odivelas, de quem partiu a iniciativa da criação da Ban-da Maior, esta é uma área de intervenção essencial e um dos “mais importantes de-safi os que se colocam à nossa responsabi-lidade coletiva e individual”. Até agora, os “inúmeros programas promovidos pela câmara, especialmente os dirigidos a pes-soas com 55 anos ou mais e visando a criação de condições para o seu desenvol-vimento pessoal e social e para um enve-lhecimento activo” mobilizaram cerca de seis mil munícipes seniores. O objetivo é, explica a autarquia, a “sensibilização para a importância do envelhecimento ativo e da solidariedade intergeracional, e a pro-moção do intercâmbio de informações e de experiências”. Por isso, reforça, “a Câ-mara Municipal de Odivelas não podia deixar de se associar ao Ano Europeu do Envelhecimento Ativo, que, dado o perío-do em que ocorre, difi cilmente podia ser mais oportuna”.Este objetivo assenta em três eixos fun-damentais: a participação dos seniores na vida da comunidade; a promoção da sua saúde e bem-estar social, mate-rial e emocional; e a criação de ambien-tes físicos, comunitários e sociais, “que lhes garantam uma vida quotidiana digna e segura”.Entre eles, e além da Banda Maior, do Clube do Movimento e do Teatro Sénior, a Câmara destaca o Portal Sénior, com in-formação útil direcionada a esta popula-ção; o Cartão Municipal Sénior, um do-cumento totalmente gratuito, que conce-de aos seus titulares o acesso a bens e serviços em condições vantajosas nas áre-as de saúde, desporto, cultura e lazer, en-tre outras; e o Projeto Municipal “Novas Tecnologias e Internet Sénior”, através do qual é dada formação nesta área à popu-lação sénior.

Ricardo é o jovem professor de música que dirige a Banda Maior (foto em cima). Enquanto Ilda canta, os espetadores aproveitam para dançar

A Banda Maior em plena atuação, num dos muitos concertos para que são convidados pelas instituições sociais da zona. Já foram várias vezes à televisão e estão agora a preparar a gravação de um CD

Page 41: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 42: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Combater a exclusãoA enfermeira Rosa Gomes dirige a Equipa Local de Intervenção

de Odivelas, mas é como enfermeira de reabilitação que lida

regularmente com as crianças que sofrem de graves problemas

de saúde, que dão origem a complicadas situações de exclusão. Para

as famílias, a sua visita é, muitas vezes, a única forma de conseguirem

uma resposta às suas dúvidas e uma ajuda às suas difi culdades.

intervenção precoce

Iracema não rejeita um segundo que seja da sua vida. Aquele fi lho, a doença que ele carrega, e que o pode matar a qual-quer momento, estão-lhe colados à pele. “Eu sou a porta-voz dele. Eu decido tudo por ele. Só eu sei o que ele precisa”, diz, de rajada.

42 Julho 2012

Bruno tem quatro anos. Não fala nem se mexe. Mas sorri, chora, franze as sobran-celhas se o seu olhar se cruza com alguém que não conhece e dá gargalhadas felizes quando a mãe o abraça e brinca com ele. Aos seis meses, teve uma descompensa-ção metabólica que provocou lesões cerebrais irreversíveis e o deixou neste estado, sem capacidade para crescer como os outros meninos. Os médicos acabaram por descobrir que tinha uma doença rara que provoca intolerância às proteínas.Foi o leite que deu origem à primeira crise. Hoje, tudo o que come e bebe é medido ao grama, controlado ao porme-nor e ajustado diariamente. “Qualquer coisa errada que o meu fi lho coma, a mais ou a menos, pode matá-lo. Tenho de sa-ber tudo e verifi car as coisas como deve ser. Não posso deixar o meu fi lho correr riscos.”Iracema fala sem hesitações. Domina o tema e sabe a que problema corresponde cada expressão do seu fi lho, cada reação do seu organismo. Bruno não toma se-quer um medicamento sem que a mãe saiba para que é que ele serve, quais são exatamente os seus efeitos e que dose lhe pode ser dada. “Quando o meu fi lho tem de ser inter-nado no hospital, sou sempre eu que digo às enfermeiras e aos médicos o que é que

ele precisa. Não deixo que ninguém de-cida nada sem eu saber.”A vida de Iracema é a vida deste fi lho. Apesar de ter um marido, que trabalha toda a semana fora, e outro fi lho, pouco mais velho que o Bruno. “É o meu braço--direito. E adora o irmão. Mas ele com-preende que eu tenho de me dedicar muito mais ao Bruno”, desabafa. Iracema não se queixa. De quase nada. A não ser de uma coisa: de nunca saber se amanhã o fi lho ainda estará vivo.A hora que Rosa Celeste Gomes passa

Bruno precisa de exercícios de reabilitação para combater os espasmos musculares que a doença lhe provoca. Rosa trabalha com ele todas as semanas

Page 43: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

atendimento juvenil

Julho 2012 43

com Bruno é uma das poucas em que Iracema pode relaxar desta vida intensa. Sabe que o fi lho está em boas mãos, quan-do está com esta enfermeira de reabili-tação da Unidade de Saúde Familiar (USF) da Ramada. Rosa dirige a Equipa Local de Interven-ção (ELI) de Odivelas e, uma vez que é especialista em reabilitação, trata ela pró-pria de acompanhar algumas das crianças que são identifi cadas pela equipa como necessitando de apoio específi co. Bruno é uma das suas crianças. E percebe-se

como se entendem bem os dois, porque Bruno recebe-a com um sorriso feliz mal ouve a sua voz e vê o seu rosto.A enfermeira visita Bruno e Iracema uma vez por semana. Hoje, traz consigo Gabi, uma ajudante familiar de intervenção precoce que trabalha no Centro Infantil de Odivelas e que acompanha, também há muitos anos, crianças defi cientes e com graves problemas de inclusão. As duas são já presenças indispensáveis na vida desta família. Sobretu-do da mãe. E sempre a favor da criança.

A doença de Bruno faz com que os seus músculos precisem de uma estimulação especial. É esse o trabalho que Rosa faz com ele. Com a ajuda de Gabi. Cada exercício tem um objetivo concre-to. Uma massagem numa determinada área das costas, uma pressão nos braços e nas mãos, um movimento circular nos pés. Aos poucos, aquilo que parecia ser uma brincadeira para Bruno começa a custar mais. “É preciso! Vamos lá. Só mais um bocadinho”, insiste a enfermei-ra, com carinho, enquanto vai cantando

A porta de entrada desta consulta mal se vê, quando se entra no Centro de Saúde de Loures. A ideia é mesmo ser o mais discreto possível

Page 44: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

intervenção precoce

A conversa começa com as próximas idas de Bruno à consulta. Mas a enfer-meira quer também saber se Iracema tem feito os seus exames de rotina, se está a cuidar de si. “Já sabe que ajuda-mos no que for preciso”, insiste Rosa, enquanto vai dando sugestões sobre como ajustar as necessidades de toda a gente na família.

NOVOS DESAFIOS Rosa Celeste Gomes é enfermeira há 25 anos e trabalha há 21 em Odivelas. A sua primeira experiência profi ssional, mal acabou os estudos, foi feita na Ur-gência do Hospital São José, em Lisboa. “Mas depois resolvi vir para os cuidados de saúde primários e sei que é disto que gosto. Hoje, teria difi culdade em fazer outra coisa”, diz.Durante estas duas décadas passadas em Odivelas, trabalhou em todas as áreas. “Desenvolvi vários projetos, aqui no Centro de Saúde de Odivelas, relacio-nados com a caraterização da saúde das populações, nomeadamente dos bairros degradados”, conta. Acabou por ser no-meada responsável pela área da saúde escolar, uma consequência natural des-se trabalho feito diretamente na comu-nidade. Há seis anos, e perante a possibilidade de se especializar, Rosa surpreendeu toda a gente. “A especialização em saúde co-munitária era a opção óbvia. Mas o que eu quis foi precisamente aprender uma coisa nova”, lembra, com um sorriso. Portanto, escolheu ser especialista em enfermagem de reabilitação.Com a criação da USF da Ramada, onde integra o Conselho Técnico, juntou a sua nova competência ao seu profundo conhecimento da comunidade que essa unidade de saúde ia assistir, e lançou--se num novo desafi o. “Sabia, por acom-panhar a área da saúde escolar há mui-

44 Julho 2012

A intervenção precoce tem de ser feita junto das crianças, mas também junto das famílias, para quem estas situações são avassaladoras

uma música infantil para desviar a aten-ção da criança. Gabi faz a sua parte: distrai Bruno com uma brincadeira, apoia-o enquanto a enfermeira o faz fazer ginástica, faz coro na música de que ele gosta.

A mãe vai espreitando à porta. Percebe--se que Iracema também precisa de aten-ção. A presença de Rosa é também um dos poucos momentos em que esta mãe pode falar com adultos, contar os seus dias, desabafar as suas preocupações.

Enquanto unidade de saúde hospitalar, o Hospital Beatriz Ângelo (HBA) tem de articular com as várias equipas locais de intervenção da sua área de infl uência, pertencentes ao Sistema Nacional de Intervenção Precoce. É a partir dos hospitais que são referenciados muitos dos casos que as ELI acompanham, sendo os seus profi ssionais, com os dos centros de saúde, das escolas e do apoio social, essenciais para o sucesso desse acompanhamento. Desde que abriu, o HBA já sinalizou cinco crianças para a ELI de Odivelas, com quem, segundo a pediatra Mónica Pinto, “já reunimos para defi nir a melhor forma de trabalhar em conjunto. Porque o nosso papel não é apenas referenciar os casos, é também, e sobretudo, apoiar as decisões técnicas que a ELI toma relativamente às necessidades destas crianças”.Mónica Pinto é a coordenadora do Centro de Neurodesenvolvimento do Hospital Beatriz Ângelo e, com a técnica superior de reabilitação e educação especial Sofi a Gonçalves, representa o HBA em todas as equipas locais de intervenção da área de infl uência do hospital.“Uma vez que temos de participar em várias ELI e temos a nosso cargo uma grande área, propusemos um modelo de articulação diferente, e que passa por termos aqui no hospital representantes das várias equipas de intervenção local”, explica a pediatra.Para a ELI são sinalizadas crianças entre os zero e os seis anos que apresentam, mais frequentemente, defi ciências mentais, atrasos na linguagem e difi culdades psicomotoras, entre outras patologias, ou crianças que estão em risco de vir a desenvolver esses problemas. Segundo

Mónica Pinto, assim que essas crianças são identifi cadas – por referenciação do centro de saúde ou por entrada direta no hospital através da Urgência – como casos que necessitam de acompanhamento específi co, o médico preenche uma fi cha com toda a informação sobre a criança e a família, e remete-a imediatamente para a equipa de intervenção precoce.“Depois desta referenciação, fazemos um levantamento exaustivo dos antecedentes da criança e analisamos a sua estrutura familiar, para que, na reunião com todos os membros da ELI, se possa avaliar o caso, defi nir uma estratégia de intervenção e escolher o técnico responsável”, explica a enfermeira Rosa Celeste Gomes, coordenadora da Equipa de Intervenção Precoce de Odivelas.Mónica Pinto identifi ca como principais problemas até agora detetados pelos profi ssionais do HBA nesta área, por um lado, a difi culdade de acesso das famílias às instituições de apoio a crianças com necessidades especiais e, por outro, o facto de haver muitas famílias com grandes incapacidades em se organizar perante este tipo de casos. De acordo com a enfermeira Rosa Gomes, que coordena uma ELI que já acompanha quase uma centena de crianças e famílias de Odivelas, são também cada vez mais comuns os casos de crianças com perturbações do espetro do autismo, com doenças associadas a uma grande prematuridade ou a gravidezes gemelares, e que podem dar origem a grandes atrasos de desenvolvimento e com problemas decorrentes de partos prolongados, em que os bebés fi cam durante muito tempo em sofrimento.

O HBA NA EQUIPA LOCAL DE INTERVENÇÃO DE ODIVELAS

Page 45: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 45

intervenção precoce

to tempo, que havia muitas crianças nesta zona com grandes difi culdades de inclusão. Eram crianças e pais mui-to abandonados. Por isso, este era um trabalho em falta aqui na comunidade”, recorda.Arrancou, então, em 2009 com um novo projeto – “Um passo para a inclusão” –, que está hoje integrado no Sistema Na-cional de Intervenção Precoce na Infân-cia e que a tornou coordenadora da Equi-pa Local de Intervenção (ELI) de Odi-velas. Esta equipa, que reúne cerca de 25 profi ssionais da Saúde, da Educação

e da Segurança Social, tem como função apoiar crianças até aos 6 anos com de-fi ciências, atrasos de desenvolvimento, difi culdades psicomotoras e todo o tipo de doenças identifi cadas precocemente. “Trata-se de situações que criam graves problemas de inclusão. Daí a interven-ção precoce, que tem de ser feita junto da criança, mas muito também junto das famílias”, reforça, explicando: “Es-tas situações são avassaladoras para as famílias, sobretudo para os pais. Obri-gam, muitas vezes, as mães a abdicar dos seus empregos para tomar conta dos

fi lhos ou para os acompanhar nos su-cessivos internamentos, que acontecem sobretudo nos primeiros anos de vida. E acabam, tantas vezes, a provocar di-vórcios... Os pais têm muita difi culda-de em aceitar a situação. Muitas vezes, são as mães que se ocupam a cem por cento dos fi lhos. Um dos casos que acompanho é o de um casal que teve agora três gémeos, nascidos depois de várias fertilizações in vitro. Os três be-bés nasceram com problemas. Dois de-les estão internados ainda. E em servi-ços diferentes! Numa situação destas, a mãe nem sabe para que lado se deve virar...”

ENFERMEIRA PRIVILEGIADADepois de Bruno, Rosa vai visitar Hen-rique, um bebé de 24 meses que nasceu prematuro e com vários problemas daí decorrentes. Henrique tem um cuidador muito especial, o avô Inácio, que, depois de reformado e com a vinda do primeiro neto, descobriu que podia continuar a ser útil. Está de manhã à noite com este neto. Conhece-lhe de cor, talvez tão bem como os pais, cada expressão, cada ges-to, os sinais de sofrimento, de crescimen-to e de felicidade. “O crescimento dele não está desenvolvido. Está um bocadi-nho atrasado...”, diz, a custo. Como se o simples som destas palavras transformas-se a realidade em algo mais do que aqui-lo que ela já é.Henrique começa agora a aprender a manter-se sentado e a pôr-se de pé, apoia-do na cama de grades onde dorme. O avô vai também conseguindo ensinar-lhe al-gumas palavras. “O Henrique está...”, diz, à espera da resposta do bebé, que nem hesita: “Contente!” E Inácio sorri, orgulhoso com o feito do neto.O trabalho de Rosa, agora acompanhada pela ajudante familiar Marisa, passa tam-bém por ensinar a este avô técnicas que lhe permitam trabalhar o desenvolvimen-to do neto. Mas, enquanto ali está, é para Henrique que vai quase toda a sua aten-ção. Senta-se no chão em frente dele e obriga-o a concentrar-se no gesto que quer que ele faça.

Com 24 meses, o bebé está a aprender as primeiras palavras e a conseguir manter-se sentado durante vários minutos. O avô está orgulhoso da evolução do neto, com a ajuda da enfermeira

Page 46: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

intervenção precoce

46 Julho 2012

Henrique já consegue manter-se senta-do durante largos minutos. “Como é que ele aguenta tanto tempo nessa posição?”, pergunta o avô, incrédulo e orgulhoso. “A cada dia que passa, ele ganha novas competências”, responde, também vi-sivelmente satisfeita, a enfermeira, sem nunca desviar os olhos e os cuidados da criança. Uma hora de ginástica e concentração deixa Henrique pronto para fazer uma boa sesta. A evolução do bebé é visível e para ela, reconhece Rosa, a participa-ção e a presença deste avô, sempre aten-to às estratégias que ela lhe sugere, têm sido fundamentais. Voltará com Marisa na semana seguinte, para continuar este trabalho.A tarde de enfermagem de reabilitação domiciliária de Rosa está prestes a ter-minar. Falta visitar o Pedro, um meni-no de dois anos e meio, que há quase um ano é acompanhado pela equipa de

intervenção precoce de Odivelas. A enfermeira senta-se no chão, também desta vez, para trabalhar com a criança. Mas Pedro demora a concentrar-se na-quilo que Rosa quer que ele faça. A en-fermeira tenta os movimentos com os pés e com os braços. E Pedro parece nun-ca estar sossegado no mesmo sítio, sem-pre à procura da atenção da mãe. Andreia aproveita os primeiros minutos da sessão com Rosa para começar a tra-tar do jantar. Mas não resiste e espreita para dentro da sala. É o que basta para o fi lho desligar e se levantar. Rosa, pacien-temente, volta a pegar nele, senta-o à sua frente, canta-lhe uma música. Cada mi-nuto ganho da sua atenção é uma peque-na vitória.“Não sei como é que ele evoluiria se não tivesse este acompanhamento”, comenta Andreia, enquanto assiste à distância à ‘ginástica’ do fi lho, acres-centando de imediato: “Mas fazemos

Pedro tem uma semana preenchida, com terapia da fala, fi sioterapia e reabilitação com a enfermeira Rosa. ‘Fazemos tudo o que está ao nosso alcance para o ajudar’, diz a mãe

tudo o que está ao nosso alcance para o ajudar.” E enumera: terapia da fala, fi sioterapia, reabilitação... A semana de Pedro é preenchida. Rosa, lá ao fundo, canta baixinho, en-quanto tenta manter a criança sentada ao seu colo, mas Pedro está já visivel-mente impaciente, reagindo apenas ao som da voz da mãe, que acaba por não conseguir evitar os seus pedidos de aten-ção. Passou mais de meia hora e Pedro está completamente desligado dos exer-cícios que a enfermeira quer fazer com ele. A sessão de reabilitação motora tem de fi car, hoje, por aqui.Rosa divide o seu tempo entre a direção da USF da Ramada, o trabalho como en-fermeira, a coordenação da Equipa Local de Intervenção e estas visitas domiciliá-rias, tendo a seu cargo o acompanhamen-to específi co de dez crianças, a que de-dica todas as tardes de segunda, quarta e sexta-feira. Uma vez por mês, preside à reunião da ELI, onde se juntam mais de duas deze-nas de profi ssionais. “São reuniões pe-sadas, onde analisamos casos quase todos muito complicados”, comenta, salientando o facto de, neste momento, a equipa de Odivelas ter já a seu cargo 86 crianças, 17 das quais identifi cadas e referenciadas este ano.“Estamos perante situações verdadeira-mente dramáticas, quer para as crianças, quer para as suas famílias, na sua maio-ria monoparentais”, resume a enfermei-ra, no relatório do primeiro ano desta sua atividade e onde não quis deixar nada por dizer: “Sinto-me uma pessoa melhor e com mais competências depois de intervir com cada criança e família. En-sinam-me a dar valor às verdadeiras coi-sas importantes da vida: a saúde, o amor, a solidariedade, o profi ssionalismo e a humanidade. Sou, portanto, uma enfer-meira privilegiada.”

‘Sinto-me uma pessoa melhor e com mais competências depois de intervir com cada criança e família’, diz Rosa

Page 47: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 48: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

48 Julho 2012

agenda

XXXIII FESTIVAL NACIONAL DE FOLCLORE

* PÓVOA DA GALEGA

* 21 DE JULHO

Grupo Folclórico “Os Saloios“ da Póvoa da Galega

DESPORTO EM SANTA MARTA

* TODOS OS SÁBADOS DE AGOSTO

* PARQUE SANTA MARTA, ERICEIRA

Diversas modalidades desportivas gratuitas, praticadas em grupo e ao ar livre.

CASA DAS PALAVRAS

* BIBLIOTECA MUNICIPAL

DA ERICEIRA

* 1 DE AGOSTO

Para crianças a partir dos seis anos, mediante inscrição prévia.

EXPOSIÇÃO COLETIVA DE PINTURA E FOTOGRAFIA DE MIGUEL BARROS E MIGUEL VALLE DE FIGUEIREDO

* CASA DE CULTURA JAIME LOBO E SILVA

* ATÉ 16 DE SETEMBRO, 18H00

A MANTA

* BIBLIOTECA MUNICIPAL

DA ERICEIRA

* 2 DE AGOSTO, 15H30

Hora do Conto baseada na obra de Isabel Minhós Martins. Para famílias, mediante inscrição prévia.

MOSTRA DE ESCULTURA DA COLEÇÃO DE ARTE MUNICIPAL

* CASA DE CULTURA DA MALVEIRA

* 4 DE AGOSTO, 16H00

Até dia 21 de setembro.

HISTÓRIAS EM FAMÍLIA

* BIBLIOTECA MUNICIPAL

DA ERICEIRA

* 11 DE AGOSTO, 15H30

‘Adesivos para o Coração’, de Carmen Gil. Destinatários: crianças dos quatro aos dez anos, mediante inscrição prévia.

FINAL EUROPEIA KING OF THE GROMS

* FOZ DO LIZANDRO OU SÃO LOURENÇO

(DEPENDENDO DAS CONDIÇÕES DO MAR)

* 24 E 25 DE AGOSTO

EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE EUNICE MAIA: ‘VARIAÇÕES CROMÁTICAS’

* POSTO DE TURISMO, ERICEIRA

* DE 24 A 31 DE AGOSTO

DIA DOS AVÓS

* PARQUE DAS MERENDAS

(CAMPO DA FEIRA), SOBRAL

DE MONTE AGRAÇO

* 26 DE JULHO, 15H30

O município assegura o transporte para avós e netos.

NOITES NAS PRAÇAS

* PRACETA 25 DE ABRIL,

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

* 13 DE JULHO, 22H00

Concerto da banda Albaluna.

NOITES NAS PRAÇAS

* PRACETA 25 DE ABRIL,

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

* 27 DE JULHO, 22H00

Concerto da banda Weird Machine.

IV AUDIÇÃO ESCOLA DE MÚSICA EMANUEL SOARES

* CINE-TEATRO DE

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

* 8 DE JULHO, 16H00

Entrada livre.

CINEMA: ‘A IDADE DO GELO IV: A DERIVA CONTINENTAL’

* CINE-TEATRO DE SOBRAL DE

MONTE AGRAÇO

* 13 DE SETEMBRO, 18H00

Para maiores de 6 anos; bilhetes a 4 euros.

FESTAS E FEIRA DE VERÃO

* SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

* DE 8 A 16 DE SETEMBRO

Entrada livre.

CONCERTO: ‘THE BIG BAND HITS’

* CINE-TEATRO DE SOBRAL

DE MONTE AGRAÇO

* 22 DE SETEMBRO, 21H30

Maiores de 6 anos. Preço único: 6 euros.

OFICINA: VIAGENS NA MINHA TERRA

* CINE-TEATRO DE SOBRAL DE

MONTE AGRAÇO

* 23 DE SETEMBRO, 16H00

Com Miguel Fragata, da Artemrede. Para crianças dos 9 aos 12 anos. Preço único: 2 euros. Duração: 120 minutos. Inscrições até 14 de setembro.

Page 49: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

Julho 2012 49

agenda

FESTIVAL DO CARACOL SALOIO

* JUNTO AO PAVILHÃO PAZ

E AMIZADE, LOURES

* DOMINGO A QUINTA:

17H00 ÀS 24H00;

SEXTA E SÁBADO, 16H00 ÀS 00H00

DE 13 A 29 DE JULHO DE 2012

VISITAS ANIMADAS AO CONVENTINHO

* MUSEU MUNICIPAL DE LOURES

* 21 DE JULHO E 18 DE AGOSTO

Sempre ao terceiro sábado de cada mês, uma visita à exposição “De Convento a Conventinho – Biografi a de um Espaço”, guiada por personagens de época, que nos conduzem ao longo dos cinco séculos de existência deste imóvel histórico.

PRÉMIO MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO – JOVENS TALENTOS EM POESIA

* CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

* PRAZO PARA ENTREGA DOS

ORIGINAIS: 30 DE NOVEMBRO

Concurso literário do município de Loures que pretende homenagear a escritora e ativista feminina. Tem como fi nalidade incentivar a produção literária em Língua Portuguesa, premiando obras inéditas de autores nacionais.Prémio no valor de 1000€, patrocinado pela Gelpeixe.

50 INVENÇÕES QUE MUDARAM A NOSSA VIDA

* BIBLIOTECA MUNICIPAL

JOSÉ SARAMAGO

* 17 DE JULHO A 29 DE SETEMBRO

Apresentamos-lhe livros que falam destas invenções, da sua importância e de como estão de tal forma integradas no nosso quotidiano que, hoje, se torna difícil imaginar a vida sem elas. A ARTE NOVA NOS AZULEJOS EM PORTUGAL

* MUSEU DE CERÂMICA

DE SACAVÉM

* ATÉ 31 DE JANEIRO

Mostra que reúne mais de cem peças da Coleção Feliciano David e Graciete Rodrigues, incluindo painéis representativos das mais importantes fábricas nacionais e internacionais. Traz a público uma extensa e sistemática coleção de azulejaria de pendor Arte Nova.

BELAS ARTES – COLEÇÃO MUNICIPAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA

* GALERIA MUNICIPAL

VIEIRA DA SILVA

* A PARTIR DE 26 DE JULHO

Um vasto leque de obras que chegaram à posse do município através de aquisições, ofertas e prémios de arte.

FEIRA DO PARQUE

* PARQUE DA CIDADE, JUNTO

AO PAVILHÃO DE MACAU

* 28 DE JULHO, 25 DE AGOSTO

E 29 DE SETEMBRO

Das 15h00 às 21h00, em julho e agosto, e das 14h00 às 19h00 de setembro a novembro.

AGENDA ESS

HOSPITAL DA ARRÁBIDADIA 2117ª Tertúlia em Medicina: “Doença auto-imune com expressão sistémica”

Julho

HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELODIA 71º Curso de Otorrinolaringologia sobre “Oncologia da cabeça ao pescoço”(Dr. Carlos Macor)DIA 201º Curso de Otorrinolaringologia sobre “Doença Otológica”(Dr. Carlos Macor)

HOSPITAL DA LUZDIA 154º Curso de Oftalmologia Pediátrica(Dra. Rita Dinis da Gama)

DIAS 16 a 18Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe (CIRSE) 2012(Dr. Tomás Figueira)

DIA 21Curso de Genética(Dra. Ana Berta Sousa)

HOSPITAL DA LUZ - CENTRO CLÍNICO DA AMADORA DIA 28II Jornadas do Hospital da Luz - Centro Clínico da Amadora

Setembro

Page 50: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as

GABINETE DO UTENTEO Gabinete do Utente do Hospital Beatriz Ângelo pretende ser um espaço de mediação, diálogo e participação ativa dos cidadãos, com vista à melhoria contínua da qualidade dos serviços e da prestação de cuidados de saúde.Assim, tem como funções principais:• O atendimento personalizado aos

utentes, relativamente a pedidos de informação ou ajuda solicitados presencialmente, por telefone, por carta e/ou por e-mail;

• A gestão e o tratamento de exposições escritas apresentadas pelos utentes;

• A realização de monitorizações periódicas da atividade desenvolvida e elaboração de propostas de melhoria.

O Gabinete do Utente localiza-se no Piso 0, junto à receção principal.Horário de funcionamento: dias úteis, das 9h00 às 18h00 Contactos: • E-mail:

[email protected]• Telefone: 219 847 243

SERVIÇO SOCIALO Serviço Social conta com cinco profi ssionais que dão apoio aos Departamentos Médico e Cirúrgico, ao Internamento e ao Serviço de Urgência e tem por objetivo:• A procura de soluções para os

problemas sociais de quem utiliza o Hospital Beatriz Ângelo (HBA);

• A promoção do bem-estar nas relações sociais e familiares da população que o hospital serve;

• A qualidade do atendimento e da prestação de informação no HBA;

O Serviço Social articula com toda a rede de serviços de saúde,

nomeadamente cuidados primários e cuidados continuados, assim como com os serviços de apoio social das autarquias e todas as instituições sociais de toda a área de infl uência do HBA.

O gabinete do Serviço Social situa-se no Piso 0 e está acessível diretamente aos utentes do hospital nos dias úteis, entre as 8h00 e as 18h00.Contacto telefónico do Serviço Social: 219 847 242

CRIANÇAS E JOVENS EM RISCOO Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NHACJR) do Hospital Beatriz Ângelo (HBA) é uma equipa multidisciplinar de profi ssionais de saúde, que tem como função facilitar a articulação dos profi ssionais do HBA com as instituições que acompanham crianças e jovens em risco.Criado no âmbito das determinações da “Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco”, que o Governo aprovou em 2008, o NHACJR integra um médico pediatra, um enfermeiro, um psicólogo e um assistente social. Funciona preferencialmente como apoio ao Serviço de Pediatria, ainda que acompanhe todos os outros serviços do hospital, nomeadamente o Serviço de Urgência, onde possam ser detetadas situações de risco, abuso ou maus-tratos a crianças e jovens.

São funções deste Núcleo:• Prestar apoio de consultadoria

aos profi ssionais e equipas de saúde no que respeita à sinalização, acompanhamento ou encaminhamento dos casos;

• Gerir, a título excecional, as situações clínicas que, pelas caraterísticas que apresentem,

possam ser acompanhadas a nível do hospital e que, pelo seu caráter de urgência em matéria de perigo, transcendam as capacidades de intervenção dos outros profi ssionais ou equipas da instituição;

• Assegurar a articulação funcional com as comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ) e com o Ministério Público junto dos tribunais;

• Estabelecer a colaboração com outros projetos e recursos comunitários que contribuem para a prevenção e o acompanhamento das situações de crianças e jovens em risco;

• Contribuir para a informação prestada à população e sensibilizar os profi ssionais do setor administrativo e técnico dos diferentes serviços para a problemática das crianças e jovens em risco;

• Dinamizar a rede social, de modo a assegurar o acompanhamento dos casos, entre outras.

O Governo, no despacho nº 31292/2008, publicado no Diário da República de 5/12/2008, II Série, refere as instituições de saúde como tendo uma responsabilidade particular na deteção precoce de contextos, fatores de risco e sinais de alarme, e no acompanhamento dos casos e sinalização dos mesmos.

Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco do HBA:• Vanessa Mendonça

(Médica Pediatra) • Tânia Esteves (Assistente Social) • Susana Sofi a Rodrigues

(Enfermeira) • Patrícia Dâmaso (Psicóloga)

SERVIÇOS DE APOIOAtendimento e Informações aos UtentesA Receção Principal, localizada no Piso 0, junto à entrada principal do hospital, é o local preferencial para atendimento e informações, com um horário das 8h00 às 21h00, todos os dias. Aqui, os colaboradores presentes poderão responder às suas questões ou encaminhá-lo para quem o possa fazer. BancoJunto da entrada principal, no Piso 0, existe um balcão do Banco Espírito Santo (BES), com horário de atendimento de segunda a sexta-feira, entre as 9h00 e as 17h30. Multibanco Existem no Hospital Beatriz Ângelo, no Piso 0, três caixas multibanco (ATM):• Na área da entrada principal, junto

ao BES e à Receção Principal; • Na entrada das Consultas

e Exames; • No Serviço de Urgência Geral.PapelariaNa área da entrada principal, no piso 0, há uma papelaria com atendimento ao público nos dias úteis entre as 9h00 e as 17h00. Cafetaria A cafetaria localiza-se no Piso 0, junto da entrada principal do hospital.• Horário de atendimento: dias úteis

das 7h00 às 22h00, fi ns de semana e feriados das 8h00 às 20h00;

• Horário de almoço: das 12h00 às 15h00;

• Horário de jantar: das 19h00 às 21h00.

Sala de CultoA sala de culto localiza-se no Piso 0, junto da entrada principal do hospital, e está aberta 24 horas por dia. Mais informação no site www.hbeatrizangelo.pt

INFORMAÇÃO ÚTIL

O Hospital Beatriz Ângelo (HBA) tem um Provedor do Utente, nomeado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. O Provedor do Utente é independente da estrutura hierárquica do hospital. A sua função é receber e analisar reclamações e sugestões

apresentadas pelos utentes e diligenciar, junto do órgão de gestão do HBA, a solução dos problemas de funcionamento que envolvam todas as pessoas que se dirijam ao hospital. A Dra. Isabel Teodoro é a Provedora do Utente nomeada para o Hospital Beatriz Ângelo.

Horário de atendimento aos utentes: • Quartas-feiras, entre as 10h00

e as 12h00, preferencialmente com marcação prévia.

Marcações: • Através do telefone: 218 424 851; • Por correio eletrónico: provedor.uten-

[email protected]

Provedor do utente

50 Julho 2012

HBA

Page 51: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as
Page 52: ENFRENTAR O CANCRO - luzsaude.pt · tas e hospitais de dia - e, em menor núme-ro, no internamento. A forma como cada tipo de contacto e de cuidado de saúde é concretizado, e as