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Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG Prof.: Msc. Aloísio de Castro Gomes Júnior 2º Semestre de 2007

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Curso de Engenharia de Produção

Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG

Prof.: Msc. Aloísio de Castro Gomes Júnior

2º Semestre de 2007

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Engenharia do Produto 2

Curso de Engenharia de Produção

Sumário

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4

1.1. Definição de Produto ............................................................................................................................. 4

1.2. Necessidades ......................................................................................................................................... 4

1.3. Objetivos de Uma Empresa: .................................................................................................................. 5

1.4. Razões para o Desenvolvimento de Novos Produtos: ........................................................................... 6

1.5. Ciclo de Vida do Produto ....................................................................................................................... 6

1.6. Etapas da Vida de um Produto .............................................................................................................. 8

1.7. Categorias de Novos Produtos .............................................................................................................. 9

1.8. Fatores que Contribuem para o Êxito de um Novo Produto .................................................................. 9

1.9. Formas de obtenção de novos produtos ............................................................................................... 9

CAPÍTULO 2: PROPRIEDADE INDUSTRIAL ....................................................................................................... 10

2.1. Leis, Marcas e Patentes ....................................................................................................................... 10

2.2. Patentes .............................................................................................................................................. 10

2.3. Marca .................................................................................................................................................. 11

2.4. Desenho Industrial .............................................................................................................................. 13

2.5. Programa de Computador ................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 3: PROJETO DO PRODUTO ............................................................................................................. 14

3.1. O que é um Projeto? ............................................................................................................................ 14

3.2. Características de um Projeto: ............................................................................................................. 14

3.3. Vantagem Competitiva de um bom Projeto: ....................................................................................... 14

3.4. Que é Projetado em um Produto ou Serviço? ..................................................................................... 15

3.5. Etapas de Projeto – Do Conceito à Especificação ................................................................................ 16

3.6. Ciclo Convencional de Projeto ............................................................................................................. 17

3.7. Modelo de Ciclo de Vida do Produto e Principais Recursos Informatizados ........................................ 17

3.8. Etapas do Projeto do Produto ............................................................................................................. 18

CAPÍTULO 4: FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS............................................................ 21

4.1. ANÁLISE DO VALOR OU ENGENHARIA DO VALOR ............................................................................... 21

4.2. DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE – QFD ............................................................................ 27

4.3. ANÁLISE DOS MODOS DE FALHA E SEUS EFEITOS – FMEA .................................................................. 35

4.4. ERGONOMIA DO PRODUTO ................................................................................................................. 39

CAPÍTULO 5: NOVOS CENÁRIOS EM ATIVIDADES DE PROJETO ....................................................................... 45

5.1. DESIGN ................................................................................................................................................ 45

5.2. DESIGN FOR “X” ................................................................................................................................... 45

5.3. DFMA – Projeto para a Manufatura - Design for Manufaturing and Assembly ................................... 46

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Curso de Engenharia de Produção

5.4. DFE – Projeto para o Meio Ambiente - Design for Environment ......................................................... 48

5.5. ENGENHARIA SIMULTÂNEA ................................................................................................................. 54

CAPÍTULO 6: PROJETO FINAL .......................................................................................................................... 56

6.1. Modelos e Protótipos .......................................................................................................................... 56

6.2. Formas de Representação de um Produto .......................................................................................... 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIAS ........................................................................................... 60

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Engenharia do Produto 4

Curso de Engenharia de Produção

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1. Definição de Produto

“É qualquer coisa que possa ser oferecida aos consumidores para satisfazer suas necessidades e expectativas.” (Slack)

“É um complexo de atributos tangíveis (Cor, embalagem, design, etc.) e intangíveis

(reputação da marca, prestação de serviços, pós-venda) que pode ser oferecido a um mercado, para a sua aquisição, uso ou consumo, e que pode satisfazer um desejo ou uma

necessidade” (Costa)

PRODUTO = BENS + SERVIÇOS

1.2. Necessidades

Um produto descrito como "um pedaço de metal, como um arame, retorcido três vezes, em

direções opostas, em formato retangular, triangular ou arredondado" é um bom produto, ou um produto complexo? Teria ele sucesso? Seria ele lembrado e homenageado com um selo

comemorativo, cem anos depois de ser inventado? Se você já utilizou um clipe de papel,

certamente pode concordar!

Algumas pessoas associam excelência da solução à complexidade do problema, o que não é

necessariamente correto. Pequenos problemas do dia-a-dia também requerem soluções de

excelência. Você já teve problemas para abrir uma garrafa com tampa de rosca, por exemplo?

Já viu alguém se queimar com gordura, em casa? Já foi incomodado por ruídos da rua

enquanto estudava? Já sentiu falta de um suporte para livros, enquanto está no micro? Já teve dores nas costas ao varrer sua casa? Já esqueceu de puxar o freio de mão de seu carro? Todos

estes pequenos problemas (além de muitos outros) foram objeto de soluções propostas por

alunos da disciplina Projeto de Produto.

Produto Necessidades Atendidadas

- Percorrer grandes distâncias;

- Transportar um maior número de pessoas;

- Transportar uma carga de maior volume;

- Etc...

- Percorrer grandes distâncias;

- Locomover mais rapidamente;

- Transportar um grande número de pessoas;

- Etc...

- Percorrer grandes distâncias;

- Transportar grandes cargas; - Etc...

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Curso de Engenharia de Produção

- Poder enxergar mais longe; - Etc...

- Não molhar-se durante chuvas; - Etc...

Exercício:

Identificar a necessidade a ser atendida pelo produto e a justificativa para esta necessidade.

Fogão Ferro de Passar Ventilador

Celular Avião Notebook

1.3. Objetivos de Uma Empresa:

a) Lucratividade

- Conjetura social, política e econômica;

- Composição de preços dos diversos produtos e modelos.

b) Expansão

- Acompanhar o crescimento do mercado;

- Aumentar a participação de mercado dos seus produtos; - Ampliação, acréscimo de novos produtos à linha existente ou da diversificação com a

adoção de linha de produtos, totalmente diferentes.

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Curso de Engenharia de Produção

c) Sobrevivência

- A longo prazo requer o estabelecimento de objetivos e estratégias sólidas; - Programas de metas claras e monitoradas cuidadosamente ao longo do tempo;

- As táticas para atingir os objetivos gerais devem ser adaptáveis no tempo em função de

mudanças nos cenários adotados.

1.4. Razões para o Desenvolvimento de Novos Produtos:

- Globalização;

- Ação de Competidores;

- Metas financeiras;

- Aumento nas vendas;

- Ciclo de Vida do produto;

- Tecnologia e Inovação;

- Regulamentações e Normas;

- Custo e disponibilidade de recursos;

- Mudanças demográficas e comportamentais;

- Solicitações de consumidores.

1.5. Ciclo de Vida do Produto

(a) Introdução:

O produto é apresentado ao mercado através de um esforço de marketing intenso e focado

visando estabelecer uma identidade clara e promover ao máximo o conhecimento do produto.

Muitas compras de teste ou por impulso acontecerão nesta fase. É o período de crescimento

lento das vendas. É preciso visão a longo prazo, pois o lucro é ainda inexistente neste estágio,

onde grandes despesas de lançamento são necessárias.

(b) Crescimento

Neste estágio há uma rápida aceitação de mercado, e melhoria significativa no lucro. O

mercado apresenta uma abertura à expansão que deve ser explorada. Caracterizado por

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vendas crescentes, este estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam

sustentação e as repetições de compra do consumidor.

(c) Maturidade

É o momento de redução no crescimento das vendas, porque o produto já foi aceito pela

maioria dos consumidores potenciais. Este estágio fica evidente quando alguns concorrentes

começam a deixar o mercado, a velocidade das vendas é dramaticamente reduzida e o volume

de vendas se estabiliza. O lucro estabiliza-se até entrar em declínio graças ao aumento das

despesas de marketing em defendê-lo da concorrência. Nesta fase, os consumidores fiéis

repetem suas compras.

(d) Declínio

Período de forte queda nas vendas e no lucro. Este estágio pode ser causado por uma

competição feroz, condições econômicas desfavoráveis, mudanças nas tendências ou outros

fatos. É o momento de desaceleração, eliminação ou revitalização, com a introdução de um

novo produto/serviço e seu próprio ciclo de vida.

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Engenharia do Produto 8

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1.6. Etapas da Vida de um Produto

Necessidade

Especificações

Concepção

Fabricação

Produto

Difusão

Uso

Desativação

Reciclagem

(1) Necessidade: necessidades (características) advindas do consumidor;

(2) Especificações: Descrição rigorosa e minuciosa das características que um produto

deverá apresentar.

(3) Concepção: Maneira de conceber ou formular uma idéia original, um projeto, um plano,

para posterior realização.

(4) Fabricação: fabricação do produto.

(5) Produto: o bem em si.

(6) Difusão: propaganda, marketing, espalhar informações sobre o produto.

(7) Uso: forma (maneira) como o produto será utilizado.

(8) Desativação: Tirar de atividade o produto.

(9) Reciclagem: Tratamento de resíduos, ou de material usado, de forma a possibilitar sua

reutilização.

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1.7. Categorias de Novos Produtos

1) Produtos novos para o mundo Produtos que são invenções.

2) Entrada em novas categorias Envolve produtos que levam uma firma a entrar em

uma nova categoria para si, mas não novos para o mundo.

3) Adições na linha de produtos Constituem produtos que são extensões de linha,

complementam os produtos atuais da empresa.

4) Melhoria de produtos São produtos correntes da empresa feitos de uma melhor

forma ou aperfeiçoados.

5) Reposicionamento Caracteriza-se por produtos dirigidos para um novo uso ou

aplicação.

1.8. Fatores que Contribuem para o Êxito de um Novo Produto

Adaptação do produto às necessidades do mercado 85%

Adequação do produto às forças distintas da empresa 62%

Superioridade tecnológica do produto 52%

Apoio da direção geral 45%

Utilização de um processo de avaliação dos novos produtos 33%

Ambiente competitivo favorável 31%

Estrutura organizacional adaptada 15%

Fonte: (LAMBIN, 2000)

1.9. Formas de obtenção de novos produtos

1) Licença: a empresa adquire a licença de fabricação do novo produto de uma firma que

a fabrica, pagando “royalties”, taxas que incidem sobre o valor de cada unidade

produzida;

2) Empreendimento conjunto (joint-venture): a empresa associa-se a outra que

detém a tecnologia de projeto e fabricação passando ambas a produzir o novo produto,

com exclusividade para o mercado local;

3) Aquisição do produto: a empresa adquire um pacote tecnológico de um fabricante já

estabelecido, que inclui o projeto e eventualmente todo o processo de fabricação do novo produto.

4) Desenvolvimento do produto: a empresa executa ou contrata o projeto e o

desenvolvimento completo do produto de sua fabricação.

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CAPÍTULO 2: PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Conjunto de princípios formando um sistema que determina como ser proprietários de

patentes, de desenhos industriais e de marcas utilizadas na indústria, no comércio e na

agricultura.

2.1. Leis, Marcas e Patentes

O conjunto de princípios leva a cada país a elaborar suas próprias leis. Considerando: - grau de desenvolvimento;

- interesses econômicos e políticos.

Importância da Lei: - assegura os investimentos em P&D das empresas;

- projeta marcas como garantia da qualidade;

- protege o empreendimento e o desenvolvimento científico e tecnológico.

2.2. Patentes

Documento oficial que determina a propriedade de uma pessoa (física ou jurídica) sobre

o que tinha sido criado ou inventado, podendo ser um produto ou um processo com a

possibilidade de industrialização; Assegura que por um certo período de tempo, o seu proprietário seja o único a usar o

que foi criado.

2.2.1. Tipos de Patentes Invenção: um produto novo ou um novo processo, que não significa apenas um resultado

trivial e evidente do estado da arte. É válida por 20 anos.

Modelo de Utilização: objeto já conhecido que apresenta modificações em sua forma de tal maneira que desempenhe melhor a função a que se destine ou desempenhe outra função. É

válida por 15 anos.

2.2.2. Busca Prévia

Antes de depositar o seu pedido de patente, é altamente recomendável que você faça primeiro

uma busca de anterioridades.

A busca prévia pode ser:

Individual – feita pelo interessado no banco de patentes do INPI; Isolada – solicitada pelo interessado.

2.2.3. Documentos para Patente

Formulário próprio do INPI;

Relatório descritivo, contendo:

o Área técnica relacionada;

o Apresentação do estado da arte já conhecido;

o Descrição detalhada do que se irá patentear e sua aplicação industrial. Reivindicação: documento onde se define o que se pretende que seja protegido pela

patente;

Desenhos, Diagramas ou Fórmulas Químicas;

Resumo: Descrição sumária do objeto da patente, contendo entre 50 e duzentas palavras, devendo englobar as características técnicas, a solução para o problema

descrito e seus principais usos, tendo como finalidade principal facilitar a busca do

pesquisador no Banco de Patentes.

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Curso de Engenharia de Produção

2.2.4. Exceções de Patentes

Não podem ser patenteados:

Seres vivos naturais (aqueles que simplesmente foram descobertos na natureza);

Descobertas de fenômenos naturais; Criações que colocam em risco a saúde e segurança pública.

2.2.5. Qual o valor de uma Patente? (Jornal “O Globo”, Agosto de 1999) Nélio José Nicolai (técnico em telecomunicações) inventou uma série de tecnologias

telefônicas.

Em 1982, inventou um aparelho para identificar o número do telefone que estava chamando o

outro BINA (B Identifica o Número de A) Produto patenteado no INPI Se recebesse os

direitos autorais apenas nos telefones celulares receberia em torno de R$ 5 milhões mensais.

Não recebe nenhum “royaltie” pelos seus inventos devido à pirataria.

Inventou também o SALTO (Sinal de Advertência para Linha Telefônica Ocupada), sistemas de acionamento de serviços de emergência, tecnologia que permite contabilizar diretamente as

chamadas sem a interferência da prestadora de serviço (permitiu a difusão dos serviços 0900).

Em 96 ele ganhou o prêmio da Wipo (World Intelectual Property Organization), entidade

internacional de propriedade intelectual.

2.3. Marca

Qualquer símbolo, nome, figura, forma tridimensional ou sinal visualmente perceptível utilizado por fabricantes, comerciantes, profissionais autônomos, entidades ou empresas para

identificar os produtos ou serviços de suas atividades e que não sejam idênticos ou

semelhantes a outras marcas que já pertençam a alguém.

2.3.1. Formas de Marcas

Nominativa: combinação de letras e números que possa ser lida, mesmo que forme uma

palavra fantasia (sem significado);

Exemplos:

Figurativa: combinação de figuras, símbolos e sinais gráficos, podendo ser letras e números

que se apresentem em forma de desenho, que deverão conter características próprias;

Exemplos:

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Curso de Engenharia de Produção

Mista: que combina as duas anteriores.

Exemplos:

Tridimensional: É constituída pela forma plástica (estende-se por forma plástica, a

configuração ou a conformação física) de produto ou de embalagem, cuja forma tenha

capacidade distintiva em si mesma e esteja dissociada de qualquer efeito técnico.

2.3.2. Natureza das Marcas

(a) Quanto à Origem

Marca Brasileira: Aquela regularmente depositada no Brasil.

Marca Estrangeira: Aquela regularmente depositada no Brasil, por pessoa não domiciliada no País.

(b) Quanto ao uso

Marca de produto ou serviço: usada por fabricante ou artífice para distinguir seus produtos

ou serviços de outros idênticos ou semelhantes;

Marca de certificação: usada para testar que produtos ou serviços seguem determinadas

normas ou especificações técnicas, quanto a qualidade, natureza e material;

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Curso de Engenharia de Produção

Marca coletiva: usada para identificar produtos ou serviços que pertençam a membros de

uma mesma entidade, representa o interesse global, econômico ou social dos membros da

entidade.

Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança

2.3.3. Direitos e Deveres

O proprietário deve colocar a marca no mercado em um prazo determinado;

O proprietário com o registro tem propriedade e uso exclusivo podendo também conceder licença para a utilização por terceiros;

Marcas semelhantes poderão pertencer a proprietários diferentes, desde que eles não

desenvolvam uma mesma atividade econômica ou tenham afinidade de negócios;

O depósito do pedido de registro de marca deve ser feito em formulário próprio;

Para receber o registro e mantê-lo em vigor, o proprietário deve pagar o decênio, podendo solicitar a sua prorrogação e o registro;

O pedido de registro deve conter formulário acompanhado de desenho ou fotografia

apresentando as formas e linhas do produto com suas variações e cores;

O registro é válido por 10 anos e para mantê-lo há que se industrializar o produto e pagar a taxa ao INPI a cada 5 anos;

Não pode ser registrado, desenho industrial que ofenda a honra ou a moral de pessoas

e religiões, nem obras de arte.

2.4. Desenho Industrial

Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto

ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação

industrial.

2.5. Programa de Computador

A validade dos direitos para quem desenvolve um programa de computador, e comprova a

sua autoria, é de 50 (cinqüenta) anos, contados de 01 de janeiro do ano subseqüente ao da sua "Data de Criação", é que aquela na qual o programa torna-se capaz de executar a função

para a qual foi projetado.

Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial - www.inpi.gov.br

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Engenharia do Produto 14

Curso de Engenharia de Produção

CAPÍTULO 3: PROJETO DO PRODUTO

3.1. O que é um Projeto?

Projeto é a atividade de definir a forma física, o aspecto e a composição física de bens,

serviços e processos.

Na Administração da produção, é o conjunto de atividades que, literalmente estabelece o

cenário para todas as suas outras atividades.

Projeto é o processo conceitual através do qual exigências funcionais são satisfeitas mediante

o uso de produtos.

3.2. Características de um Projeto:

- Parâmetros definidos próximos à realidade;

- Objetivos claros e bem definidos;

- Seqüência clara e lógica de eventos; - Temporariedade;

- Individualidade;

- Não-repetitividade.

3.3. Vantagem Competitiva de um bom Projeto:

O objetivo de projetar produtos e serviços é satisfazer aos consumidores, atendendo suas

necessidades e expectativas atuais e/ou futuras.

O Projeto de produtos/serviços tem seu início com o consumidor e nele termina.

Figura 3.1: Ciclo de realimentação cliente – marketing - projeto. Fonte: Slack, 2002

Marketing

Projeto do

Produto/Serviço

Produção

Cliente

Interpretação de

Expectativas Expectativas

Especificação do

Produto/Serviço

Produto/Serviço

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Curso de Engenharia de Produção

3.3.1. Exemplo: Princípios de Projeto da Braun (Fabricante de utensílios

domésticos)

1. Utilidade funcionalidade do produto é a razão principal de sua existência;

2. Qualidade versatilidade, eficiência, segurança e tecnologias avançadas.

3. Facilidade de uso ênfase a “Engenharia Humana”;

4. Simplicidade mínimo de recursos;

5. Clareza eliminação de necessidades de instruções complexas;

6. Ordem tudo tem seu lugar lógico e significativo;

7. Naturalidade evitar elementos decorativos artificiais;

8. Estética atenção aos detalhes e da exigência da ordem e naturalidade;

9. Inovação projetos atraentes por um longo período de tempo;

10. Veracidade “somente um projeto honesto pode ser um bom projeto”.

3.4. O Que é Projetado em um Produto ou Serviço?

Pode-se considerar que todos os produtos e serviços têm três aspectos:

um conceito, que é o conjunto de benefícios esperados que o consumidor está

comprando;

Quando Clientes fazem uma compra, não estão simplesmente comprando um produto ou

serviço, estão comprando um conjunto de benefícios esperados para atender a suas

necessidades e expectativas.

Exs.:

1) Máquina de Lavar Roupa gabinete atraente; que caberá em um espaço normalmente

disponível na área de serviço de casa e apartamentos; proporcionará os meios de limpar a

roupa; durante um longo período de tempo; conforto da própria casa do consumidor.

2) Uma Refeição em um restaurante um ambiente atraente; no qual se consome uma

refeição bem preparada e apresentada; em uma atmosfera relaxante.

um pacote de produtos e serviços, que é o conjunto de “componentes” que

proporcionam os benefícios definidos no conceito;

A Coleção de Produtos e serviços, em geral, é denominada pacote. São divididos em

fundamentais e essenciais.

Exs.:

1) A refeição de um restaurante inclui: produtos como “bebidas” e “comidas”; serviços como

“o fornecimento de comida à mesa” e a “atenção do garçom ou garçonete”.

2) A compra de uma máquina de lavar inclui: o produto, que é “a própria máquina de lavar”;

serviços como “garantias”, “serviços pós-venda” e “serviços da pessoa que vende a máquina”.

o processo, que define a relação entre os componentes dos produtos e serviços.

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Engenharia do Produto 16

Curso de Engenharia de Produção

O processo inerente ao projeto do produto ou serviço é o mecanismo pelo qual torna-se

possível que esse produto ou serviço desempenhe sua função e realize o conceito original.

Exs.:

1) processos de um restaurante seqüências de atividades que os consumidores irão

experimentar (entrada, acomodação, entrega de cardápio, etc...), preparação da comida,

projeto do cardápio, etc...

2) Máquina de lavar: o pacote de componentes de uma máquina de lavar é conectado

formalmente por seu posicionamento relativo ao outro.

É como as partes móveis se relacionam umas com as outras, sejam elas as partes móveis de

uma máquina de lavar ou as atividades de “movimentação” de um restaurante.

3.5. Etapas de Projeto – Do Conceito à Especificação

Figura 3.2: Etapas do Projeto do produto/serviço. Fonte: Slack, 2002.

Geração do conceito uma idéia de um produto ou serviço traduzidas em um conceito

de produto ou serviço.

Triagem selecionar os principais conceitos realizado por diferentes partes da

organização.

Projeto Preliminar conceito transformado em um projeto preliminar de pacotes e

processos.

Avaliação e Melhoria verificar se o conceito pode ser mais bem utilizado, mais

econômica ou facilmente.

Prototipagem e projeto final uma especificação totalmente desenvolvida de um bem/

serviço.

Geração do Conceito

Triagem

Projeto Preliminar

Avaliação e Melhoria

Prototipagem e Projeto Final

O Conceito

O Pacote

O Processo

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UnilesteMG 17

Curso de Engenharia de Produção

Exercício: Descrever o que pode ser o conceito, o pacote e os processos principais envolvidos

na criação/produção ou fornecimento dos seguintes itens:- um automóvel; - uma viagem

aérea; - uma consulta ao dentista; - um liquidificador.

3.6. Ciclo Convencional de Projeto

Concepção de um novo projeto ↓

Desenvolvimento do projeto ↓

Detalhamento do projeto ↓

Definição do processo de fabricação das peças ↓

Montagem de protótipo ↓

Avaliação do protótipo ↓

Ajuste do produto ↓

Liberação do novo produto ↓

Lançamento do produto no mercado ↓

Alterações pós-venda.

3.7. Modelo de Ciclo de Vida do Produto e Principais Recursos Informatizados

Necessidade ↓

Especificações ↓

Concepção

Fabricação

Produto

Difusão

Uso ↓

Desativação ↓

Reciclagem

Etapas de Projeto:

Formulação ↓

Análise ↓

Síntese ↓

Geração de idéias ↓

Avaliação ↓

Seleção ↓

Execução

CAD / CAE

CAPP

CAM

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Engenharia do Produto 18

Curso de Engenharia de Produção

3.8. Etapas do Projeto do Produto

3.8.1. Geração do Conceito

As Idéias podem originar-se dentro e fora da organização

Fonte: (SLACK, 2002)

Idéias fontes externas (consumidores e concorrentes) fontes internas (pessoal de vendas

ou departamento de P&D).

Idéias dos Consumidores marketing manter olhos e ouvidos no mercado para identificar

novas oportunidades para possíveis produtos e serviços.

Idéias das Atividades Concorrentes observar minuciosamente as atividades de seu

concorrente uma nova idéia traduzida em conceito, pacote ou processo comercializável,

pode dar a uma operação uma vantagem temporária no mercado.

Idéias dos Funcionários pessoas em contatos com os clientes podem ter idéias sobre o que

os clientes gostam e não-gostam.

Idéias da Pesquisa e Desenvolvimento Pesquisa: procurar desenvolver novos conhecimentos

e idéias para resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade Desenvolvimento:

operacionalizar as idéias oriundas da pesquisas.

Engenharia Reversa

A “Engenharia Reversa” consiste em desmontar um produto para entender como uma organização concorrente faz. Analisar exata e cuidadosamente um projeto de um concorrente

e como o produto foi produzido pode ajudar a identificar as características chaves.

Fontes Internas Fontes Externas

Análise das necessidades dos

consumidores

Sugestões do

pessoal de contato com os clientes

Idéias de pesquisa e desenvolvimento

Geração do Conceito

Departamento de Marketing

Pesquisa de mercado

Sugestões dos clientes

Ações dos concorrentes

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UnilesteMG 19

Curso de Engenharia de Produção

3.8.1.2. Transformação de uma Idéia em um Conceito

3.8.1.3. Exemplos:

1) Férias de Aventuras para jovens, com as seguintes características:

- duração de uma semana;

- com acomodação;

- multi-atividades;

- aventura;

- um ambiente seguro, mas excitante;

- para jovens de 14 a 16 anos (meninos e meninas)

- longe de seus pais.

2) Um telefone barato, com as seguintes características:

- na gama de preços do quartil mais baixo;

- multicolorido;

- com estilo moderno;

- fácil de usar;

- com dupla posição (tom/pulso);

- capaz de acomodar duas operadoras.

3.8.2. Triagem do Conceito

Nem todos os conceitos gerados resultarão em produtos ou serviços.

Avaliar a sua viabilidade, aceitabilidade e “vulnerabilidade” ou risco.

Idéia

Conceito

Forma

A forma global do produto ou serviço

Função

A maneira como o

produto ou serviço funciona

Propósito

A necessidade a que o

produto ou serviço deve satisfazer

Benefícios

As vantagens que o

produto ou serviço trará aos consumidores

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Engenharia do Produto 20

Curso de Engenharia de Produção

3.8.2.1. Algumas Questões típicas de avaliação sobre marketing, produção e

finanças

Critérios de Avaliação

Marketing Produção Finanças

Viabilidade Será que o mercado é suficientemente

grande?

Possuímos as capacitações para

produzir?

Temos acesso a financiamento

suficiente para

desenvolver e lançar.

Aceitabilidade Quanto do mercado

poderemos ganhar?

Quanto teremos que

organizar nossas

atividades para

produzir?

Qual o retorno

econômico que

conseguiremos sobre

nosso investimento?

Vulnerabilidade Qual é o risco de

fracasso no mercado?

Qual é o risco de não

conseguirmos produzir de forma

adequada?

Quanto dinheiro

poderemos perder se os desenvolvimentos

não forem os

planejados?

Fonte: (SLACK, 2002)

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UnilesteMG 21

Curso de Engenharia de Produção

CAPÍTULO 4: FERRAMENTAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

4.1. ANÁLISE DO VALOR OU ENGENHARIA DO VALOR

Definição: Engenharia do Valor é a aplicação sistemática de técnicas reconhecidas que:

Identificam a função de um produto ou serviço; Estabelecem um valor para aquela função; e

Objetivam prover tal função ao menor custo total sem degradação.

4.1.1. Valor

4.1.1.1. Definição

É a menor quantidade de dinheiro gasta para se produzir, adquirir um produto, sistema ou

serviço, com o uso, a estima e a qualidade requerida do cliente.

4.1.1.2. Tipos de Valor

A Metodologia do Valor identifica quatro tipos de valores econômicos:

Valor de Custo: o total de recursos medidos em dinheiro, necessário para produzir/obter um bem.

Valor de Uso: medida monetária das propriedades ou qualidades que possibilitam o

desempenho de uso, trabalho ou serviço.

Valor de Estima: medida monetária das propriedades, características ou atratividades

que tornam desejável a posse de um produto.

Valor de Troca: medida monetária das propriedades ou qualidades de um item que

possibilitam sua troca por outra coisa.

4.1.1.3. Conceitos de Valor

Valor real de um produto, processo ou serviço é o grau de aceitabilidade de um produto pelo

cliente, corresponde à combinação de tipos específicos de valores. Em geral, aumenta com

maiores valores de uso e de estima e diminui com o crescimento do valor de custo.

Valor-Padrão é o equivalente em dinheiro do desempenho apropriado desses produtos, ou

seja, representa o custo mínimo de uma peça ou produto acabado, que irá desempenhar

confiavelmente as funções sem prejuízo das especificações requeridas, e que foi produzida

usando-se os mais modernos materiais e métodos de manufatura.

4.1.2. Desempenho

Page 22: ENP_apostila

Engenharia do Produto 22

Curso de Engenharia de Produção

O desempenho de um produto pode ser definido como o conjunto específico de habilidades

funcionais e propriedades que o fazem adequável (e vendável) para uma finalidade específica.

4.1.3. Função de um Produto

4.1.3.1. Definição:

É a tarefa ou uso para o qual o produto, sistema ou serviço é feito ou destinado, ou ainda,

característica de um produto que atende a um fim e a uma necessidade do cliente.

Função = Verbo + Substantivo

4.1.3.2. Classificação das Funções

Principal ou Básica

É a principal finalidade do produto ou serviço;

É o porquê da existência do produto ou serviço.

Ex.: Relógio função básica: indicar a hora Qual será sua utilidade se perder sua função

básica?

Secundária ou Acessória

É toda função que auxilia o desempenho técnico da função principal;

É a resultante de um conceito específico de projetos, ou é uma função que melhora a

venda do produto ou serviço.

Ex.: Relógio “indicar data”, “contar segundos” (cronômetro), “sinalizar tempo”

(despertador).

4.1.3.3. Avaliação Funcional

A avaliação funcional pode ser feita respondendo-se às seguintes perguntas:

- Quais as funções básicas e secundárias?

- Qual o custo de cada uma delas? - Qual o valor da função básica?

- De quantas outras formas alternativas pode ser desempenhada a função básica?

- Quanto custarão essas formas alternativas?

Muitas vezes, é pertinente fazer essa análise não só do seu produto, mas também do produto do concorrente, como forma de melhorar o seu.

Page 23: ENP_apostila

UnilesteMG 23

Curso de Engenharia de Produção

Exemplo: Estudo das funções de um lápis

Componentes Funções Custo % B/S

Grafite - Fazer Marcas 0,018 18 B

Madeira - Proteger grafite 0,012 12 S

Capa Metálica - proteger borracha

- prender borracha

0,018 18 S

Borracha - remover marcas 0,018 18 S

Pintura - promover estética 0,016 16 S

Forma de Madeira - facilitar manuseio - evitar rolar

0,018 18 S

Total 0,100 100

4.1.4. Mapa Preço-Valor

Consumidores Conservadores Só trocarão um determinado tipo de produto, ao qual estão

acostumados, por um novo se perceberem uma nítida vantagem neste a troca do certo do

duvidoso.

Produtos considerados substancialmente melhores tem 5,3 vezes mais chances de sucesso no

mercado.

Globalização Características diferenciadas em seus produtos obterem vantagens sobres

seus concorrentes aos olhos do consumidor.

Busca incessante de aperfeiçoamentos em suas linhas de produtos. Estes aperfeiçoamentos

podem ser classificados em:

Redução de Preços oferta de produtos a preços cada vez menores;

A redução de preços é o expediente mais comum. Podem ocorrer através da redução dos

custos de fabricação pela substituição de matéria-prima, racionalização do processo produtivo,

redução do estoque e da mão-de-obra.

Inovação Tecnológica introdução de novas tecnologias;

As inovações tecnológicas exigem vultuosos investimentos em P&D. Exigem programações a

médio e longo prazos e envolvem riscos elevados, podem fracassar em 90% dos casos. Se

introduzida com sucesso pode resultar em grande lucro e prestígio para a empresa.

Mudança do Design acréscimos de características desejáveis pelos consumidores.

Investimentos em design são relativamente o menos dispendioso, envolvem menos riscos e

podem ser feitos em prazos menores.

4.1.4.1. Preço e Valor

Preço é quanto o consumidor paga para ter um produto ou serviço. O preço é determinado

pela lei da oferta e da procura. Oferta > Procura diminuição dos preços. Procura > Oferta

aumento dos preços.

Page 24: ENP_apostila

Engenharia do Produto 24

Curso de Engenharia de Produção

Novos produtos preços maiores pouca oferta.

Valor é o conjunto de características do produto/serviço consideradas desejáveis pelo

consumidor.

Quanto mais esse produto ou serviço contiver características desejadas pelo consumidor,

maior será seu valor.

Produtos utilitários valor determinado principalmente pela funcionalidade.

Produtos de uso pessoal o valor determinado pelos aspectos estéticos e simbólicos.

Produtos + complexos valorizados pelos itens e/ou acessórios que o diferenciam do modelo

padrão.

Exemplo: um automóvel (ar condicionado, som, vidros elétricos, alarme, etc...)

4.1.4.2. O Mapa Preço-Valor

Abaixo Diagonal preços > Valores. Acima diagonal Valores > Preços.

Consumidores só trocam o seu dinheiro pelo produto quando julgam que este vale mais que

seu dinheiro.

Então consumidores deveriam adquirir apenas produtos situados acima da diagonal, mas

devido às imperfeições do mercado e a falta de informações dos consumidores, nem sempre

isto ocorre.

Fabricantes deveriam se esforçar p/ manter seus produtos na parte superior da diagonal, para

garantia de sucesso a longo prazo.

Qualquer descuido o produto pode passar p/ baixo da diagonal.

Preço

Valo

r

Page 25: ENP_apostila

UnilesteMG 25

Curso de Engenharia de Produção

Redução de custos (B) e Aumento do Valor (C).

Aumenta-se o valor melhorando itens como funcionalidade, confiabilidade, durabilidade,

ergonomia, estética e todas as demais características desejadas pelo consumidor.

4.1.4.3. Determinação do Valor

Exemplo Prático Compra de um liquidificador Como se processa a decisão do consumidor?

Características aparentes design, formato dos botões, número de botões, marca, etc;

Características invisíveis potência do motor, desempenho, durabilidade, facilidade de

manutenção, e outros -> medidos por meio de testes em laboratório.

Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC teste em diversos produtos de

consumo Revista Consumidor S/A. Setembro 1997, testes de laboratório para oito

liquidificadores Segurança, Desempenho, potência, comodidade e informações.

Segurança fiação, construção e resistência do aparelho de acordo com a norma brasileira de

segurança de eletrodomésticos, também foram medidas as correntes elétricas de fuga, para

saber se o consumidor corre risco de tomar choques;

Desempenho três tipos de carga padrão: gelo com água, cenoura picada com água e um

litro de água sem qualquer mistura.

Preço

Valo

r A

C

B

Page 26: ENP_apostila

Engenharia do Produto 26

Curso de Engenharia de Produção

TABELA 4.1: Resultados de Testes realizados em Liquidificadores. Fonte: Consumidor S.A., n.

23, 09/1997 apud Iida, I. (1998).

Para a construção do mapa preço-valor os resultados das avaliações devem ser convertidos em

números.

Tabela de Conversão

Avaliação Pontos Potência Avaliação Pontos

Muito Ruim 1 <350 Muito Ruim 1

Ruim 2 350-400 Ruim 2 Regular 3 400-450 Regular 3

Bom 4 450-500 Bom 4

Muito Bom 5 >500 Muito Bom 5

TABELA 4.2: Cálculo dos Valores para os Liquidificadores testados. Fonte: Iida, I. (1998).

Figura 4.1: Mapa Preço-Valor para Liquidificadores

Mapa Preço-Valor para Liquidificadores

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

36,00 38,00 40,00 42,00 44,00 46,00 48,00 50,00

Preço

Va

lor

Black & Decker

PowerPro 500

Britânia

Liqui SB

NKS

K-1096

Arno

NLA

Arno

NLS

Faet

SuperMix

Walita

Roma

Page 27: ENP_apostila

UnilesteMG 27

Curso de Engenharia de Produção

Produtos de Alto Valor Black & Decker / PowerPro 500

Produtos de Valor Médio Britânia/ LiquiSB, NKS/ K 1096, Arno / NLS, Faet/ Super Mix e

Walita / Roma.

Os três últimos apresentam preços maiores que o Black & Decker / PowerPro 500.

Produtos de Baixo Valor Arno / NLA e Mallory duplo clean (eliminado por falta de sgurança).

Melhor Compra Black & Decker / PowerPro 500

Consumidor real provavelmente não teria acesso a essas informações e valorizaria outras

características visíveis do produto, tais como: beleza e facilidade de limpeza.

4.1.4.4. Importância do Mapa Preço-Valor:

Examinar os produtos que obtiveram nota 5 em um determinado quesito e procurar incorporar

as respectivas características em seu produto. A meta seria obter nota 5 em todos os quesitos,

desde que isto não implique em aumentos substanciais de custos.

É um aliado importante para aumentar a competitividade de seu produto.

4.2. DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE – QFD

O QFD foi criado no Japão pelo professores Minuzo e Akao. Foi desenvolvido no estaleiro da

Mitsubishi, em Kobe, e é amplamente usado pela Toyota e seus fornecedores. Também é

conhecido como “Casa da Qualidade” (devido a sua aparência). No Brasil começou a ser

utilizado na década de 90.

A implantação do método QFD objetiva duas finalidades específicas:

Auxiliar o processo de desenvolvimento do produto, buscando, traduzindo, traduzindo e

transmitindo as necessidades e desejos dos clientes;

Garantir qualidade durante o processo de desenvolvimento do produto.

O método tenta captar o que o cliente precisa/deseja e como isto pode ser conseguido.

O QFD pode ser definido como “uma forma de comunicar sistematicamente informação

relacionada com a qualidade e de explicitar ordenadamente trabalho relacionado com a

obtenção da qualidade; tem como objetivo alcançar o enfoque da garantia da qualidade durante o desenvolvimento de produto” (Cheng, 1995).

4.2.1. Benefícios do QFD

1. Redução do tempo de desenvolvimento;

2. Redução do número de mudanças de projeto;

3. Redução das reclamações dos clientes;

4. Redução dos custos/perdas;

5. Redução de transtornos e mal-estar entre funcionários;

6. Aumento de comunicação entre departamentos funcionais;

7. Crescimento e desenvolvimento de pessoas através do aprendizado mútuo;

8. Maior possibilidade de atendimento a exigências dos clientes.

Page 28: ENP_apostila

Engenharia do Produto 28

Curso de Engenharia de Produção

4.2.2. A Casa da Qualidade

Figura 4.2: Visão Geral da Casa da Qualidade

1. Requisitos dos clientes ou “O quê”: lista de fatores competitivos que os clientes acham

relevantes, ou seja, o que os clientes esperam do produto ou serviço.

Os requisitos dos clientes podem ser obtidos através de pesquisas de mercado ou publicações

técnicas, ou, ainda, através do conhecimento e experiência da própria empresa.

2. Grau de Importância: classifica por importância cada exigência do cliente. Atribui-se uma

nota, dentro de uma determinada escala, de acordo com a importância de cada requisito

desejado pelo cliente.

Antes de analisar o grau de importância de um requisito do cliente, faz-se necessário conhecer o “Modelo de Qualidade de Kano”. Este modelo é apresentado na Fig. 4.3, onde:

1. Linha de Qualidade Desejada abrange o conjunto de requisitos que o cliente espera do

produto. A comparação entre os produtos normalmente se dá nesses requisitos. A

satisfação do cliente varia diretamente com esses requisitos. Esses requisitos são facilmente detectáveis através de pesquisa de mercado. Ex.: Na compra de um carro, é

desejável que o mesmo venha com equipamento de som, trava elétrica e etc.

2. Os requisitos classificados como de qualidade obrigatória são percebidas pelos clientes

imediatamente quando ausentes. Podem ser descobertas através de análise dos

produtos dos concorrentes. Ex.: Ao comprar um novo carro, todo os consumidores esperam que ele tenha quatro rodas. A presença das rodas não provoca satisfação, mas

a ausência delas seria causa de uma grande decepção.

3. A qualidade atrativa satisfaz as necessidades genuínas, não apenas modismos. Para

alcançá-la é necessário atender as reais necessidades secretas dos clientes e de sua frustração com os produtos existentes. Sua presença causa grande satisfação. Ex.: Na

compra de um carro, alguns acessórios podem provocar imensa satisfação, como

computador de bordo, sistema de localização via GPS, etc.

1

2 3

4

4

5

8

7 6

9

Page 29: ENP_apostila

UnilesteMG 29

Curso de Engenharia de Produção

Figura 4.3: Modelo Kano de Qualidade (Fonte: Baxter, 1998)

3. Características do Projeto do Produto (características técnicas) ou “O Como”: generaliza as características da qualidade a melhorar para cada exigência do cliente, isto é,

são os requisitos dos clientes (ou qualidades verdadeiras) transformadas em características de

projeto (características técnicas substitutas e mensuráveis).

As características técnicas devem ser mensuráveis para possibilitar a verificação de que os

requisitos do cliente estão sendo atendidos.

Pode-se utilizar técnicas de Brainstorming para desdobrar os requisitos em características.

A Fig. 4.4 apresenta um exemplo de desdobramento de como extrair a qualidade do produto.

A Tab. 4.3 apresenta um exemplo de extração de características da qualidade de um

retroprojetor.

Tabela 4.3: Exemplo de extração de características da qualidade de um retroprojetor (Fonte:

Cheng et al. 1995)

Qualidades Exigidas Características da Qualidade

Fácil de guardar - Altura (cm);

- Largura(cm);

- Razão altura/largura;

- Volume (cm3).

Ser silencioso - Nível de ruído (dB)

Fácil de posicionar a imagem - Área de projeção máxima (m2)

Estável ao carregar - Altura (cm);

- Largura(cm);

- Posição do centro de gravidade (x,y)

Satisfação do Consumidor

Incorp

ora

ção d

as C

ara

cte

rístic

as

Deseja

das

Satisfeito

Insatisfeito

Algumas

Todas

3 1

2

Page 30: ENP_apostila

Engenharia do Produto 30

Curso de Engenharia de Produção

Figura 4.4: Exemplo de desdobramento para extrair as características da qualidade do

produto (Fonte: Cheng et al.,1995)

4. Análise da Concorrência: Avalia qual a posição do concorrente na opinião do cliente, em

uma escala de 1 a 5. É avaliado também a opinião do cliente sobre a própria empresa,

também em uma escala de 1 a 5.

5. Matriz de Correlação ou Conversão: Consiste em identificar o grau de influência ou

interferência que as características da qualidade exercem sobre a qualidade exigida.

Ao se correlacionar as características da qualidade com as qualidades exigidas, o grupo de QFD passa a ter informações importantes sobre a influência de cada item técnico do produto sobre

todas as exigências dos clientes.

As correlações devem ser preenchidas de acordo com a Tab. 4.4.

Extrair as

características da qualidade

Extrair os elementos da

qualidade a partir da

tabela de qualidades exigidas

Identificar as

características da

qualidade para cada elemento da qualidade.

Agrupar as características da qualidade.

Ordenar as características

da qualidade em níveis: 1º, 2º, 3º e etc.

Reunir equipe de desenvolvimento do produto.

Definir, em consenso, os elementos da

qualidade que atendem as qualidades exigidas.

Listar todos os elementos extraídos numa

tabela e distribuir cópias para grupo de desenvolvimento.

Para cada elemento, identificar as características mensuráveis no produto.

Escrever cada característica da qualidade num papel, eliminando repetições

Formar grupos de 4 ou 5 características, por afinidade, dando títulos ao grupo.

Formar grupos, por afinidade, com os títulos,

até se esgotarem as possibilidades de agrupamento.

Dispor os grupos obtidos em forma de árvore de árvore de desdobramento.

Page 31: ENP_apostila

UnilesteMG 31

Curso de Engenharia de Produção

Tabela 4.4: Tipos de Correlações e Simbologia Normalmente Utilizada

Correlação Símbolo Valores Possíveis

Forte

4 9 5

Média

2 3 3

Fraca

1 1 1

Inexistente Em Branco 0 0 0

Pode-se usar como parâmetro para a verificação das correlações a seguinte regra:

a) Forte Correlação: Significa que, com certeza, a característica da qualidade avalia

diretamente o atendimento à qualidade exigida.

b) Média Correlação: significa que, provavelmente, a característica da qualidade que

possa avaliar o atendimento à qualidade exigida.

c) Fraca Correlação: significa que há uma suspeita de que a característica da qualidade possa avaliar, mesmo que indiretamente, o atendimento à qualidade exigida.

6. Importância Absoluta: representa uma avaliação técnica do produto. Ela contém a

importância absoluta de cada característica do projeto.

7. Importância Relativa: é a tradução da importância absoluta em valores relativos

percentuais.

8. Dificuldades Técnicas: é o grau de dificuldade técnica para se alcançar níveis altos de

desempenho em cada característica do projeto. É indicado numa escala de 1 a 5. Desta forma

determina-se quais são as características que provavelmente exigirão maior comprometimento

de esforços e recursos na obtenção da qualidade projetada.

9. Correlação entre as Características Técnicas: é uma avaliação da interdependência das

características da qualidade de um produto que está sendo desenvolvido. Nela são indicados o

grau desta interdependência e o seu sentido. O grau de interdependência refere-se a

intensidade com que uma características interfere na outra. O sentido refere-se à forma como uma característica modifica a outra (positiva ou negativamente).

Para se analisar as correlações existentes entre as características da qualidade, deve-se

observar os seguintes critérios:

A) Características da qualidade que não se correlacionam com as outras:

uma característica é independente da outra;

há liberdade para se definir seu valor ideal, levando-se em conta o peso relativo, a

posição competitiva e o custo.

B) Característica da qualidade que se correlacionam positivamente:

ao melhorar uma característica, a outra melhora simultaneamente;

os valores das características da qualidade serão estabelecidos, procurando-se atuar naquela cuja modificação seja mais barata ou mais fácil.

C) Características da qualidade que se correlacionam negativamente:

ao melhorar uma característica, a outra é prejudicada;

é necessário que se faça uma negociação.

Page 32: ENP_apostila

Engenharia do Produto 32

Curso de Engenharia de Produção

As convenções comumente usadas para demonstrar as correlações são apresentadas na Tab.

4.5.

Tabela 4.5: Convenções Comumente Usadas para Demonstrar as Correlações

Símbolo Correlação

Fortemente positiva

Positiva

X Negativa

# Fortemente Negativa

Exemplos de Aplicações do QFD

Na Fig. 4.5 é apresentada a aplicação da matriz QFD ao projeto de um retroprojetor e a Fig.

4.6 ilustra um exemplo usado no projeto de um novo produto de sistema de informações.

Figura 4.5: Matriz QFD (Exemplo de um Retroprojetor). Adaptado de Cheng et al. (1995)

Page 33: ENP_apostila

UnilesteMG 33

Curso de Engenharia de Produção

Figura 4.6: Matriz QFD para um produto de Sistemas de Informação. Adaptado de Slack et al.

(2002)

4.2.3. Análise da Matriz da Qualidade

Após construída a matriz da qualidade faz-se necessário uma análise, podendo ser

considerado os seguintes aspectos.

a) Dê atenção às correlações fortes entre as qualidades exigidas e as características de

qualidade.

b) Faça um estudo detalhado de benchmark para cada característica da qualidade e

defina qual a distância da tecnologia da sua empresa com relação a esses valores.

c) Faça projeções futuras para as características da qualidade do produto de sua empresa, buscando valores cada vez melhores em termos de custo e satisfação do

cliente.

d) Destaque as linhas em branco. Isso indica que um item de qualidade exigida não

apresenta qualquer correlação com as características da qualidade do produto final. e) Destaque as colunas em branco. Isso pode significar que uma característica da

qualidade não se relaciona com qualquer qualidade exigida pelos clientes.

f) Observe as características da qualidade que se correlacionam fortemente com

argumentos de venda. Destaque isto em seu produto. g) Esteja atento às oportunidades para se igualar aos melhores do mercado.

h) Mantenha sempre atualizadas suas matrizes de desdobramento.

4.2.4. Outros Usos do QFD

A técnica do desdobramento da função qualidade pode ser usada em todo o processo de

planejamento do produto e não apenas na etapa de planejamento de produto. A casa da

Page 34: ENP_apostila

Engenharia do Produto 34

Curso de Engenharia de Produção

qualidade pode ser usada sucessivamente, de modo que os resultados de aplicação são

convertidos em entrada para aplicação seguinte. A Fig. 4.7 ilustra este fato e a Fig. 4.8

apresenta um exemplo aplicado ao retroprojetor.

Figura 4.7: Uso Sucessivo da Matriz do QFD

Figura 4.8: Aplicações sucessivas no projeto de um retroprojetor

Necessidades do

Consumidor

Requisitos do

Projeto

Especificações do

Produto

Controle de

Qualidade na

Fabricação e

Montagem

Page 35: ENP_apostila

UnilesteMG 35

Curso de Engenharia de Produção

4.3. ANÁLISE DOS MODOS DE FALHA E SEUS EFEITOS – FMEA

É uma ferramenta que busca, em princípio, evitar, por meio da análise das falhas potenciais e

propostas de ações de melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo.

Este é o objetivo básico desta técnica, ou seja, detectar falhas antes que se produza uma peça

e/ou produto. Procura-se desta forma, aumentar a confiabilidade do produto ou processo. E

geram-se menos reclamações de clientes.

Foi desenvolvido, primeiramente, pelo Exército Norte-Americano, em 1949. Foi utilizada como técnica de avaliação da confiabilidade para determinar o efeito das falhas num sistema ou num

equipamento.

A QS9000, análoga a ISO9000 para a indústria automobilística, com o objetivo de padronizar os sistemas de qualidade dos fornecedores, utiliza o FMEA como forma de garantir a

confiabilidade em produtos e processos.

4.3.1. Tipos de FMEA

1) FMEA DE PRODUTO: na qual são consideradas as falhas que poderão ocorrer com o

produto dentro das especificações do projeto. O objetivo desta análise é evitar falhas no

produto ou no processo decorrentes do projeto. É comumente denominada também de FMEA de projeto.

2) FMEA DE PROCESSO: são consideradas as falhas no planejamento e execução do

processo, ou seja, o objetivo desta análise é evitar falhas do processo de montagem, tendo como base as não conformidades do produto com as especificações do projeto.

4.3.2. Aplicação da FMEA

Pode-se aplicar a técnica FMEA nas seguintes situações:

para diminuir a probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou

processos;

para diminuir a probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não tenham

ocorrido) em produtos/processos já em operação;

para aumentar a confiabilidade de produtos ou processos já em operação por meio da

análise das falhas que já ocorreram;

para diminuir os riscos de erros e aumentar a qualidade em procedimentos administrativos.

4.3.3. Etapas da FMEA

1) Planejamento: Nesta fase são identificados quais produtos / processos serão analisados,

bem como os grupos de trabalho, os planejamentos das reuniões e a preparação dos

documentos;

2) Análise de Falhas em Potencial: Nesta fase são levantadas as seguintes informações: (i)

funções e características do produto/processo; (ii) tipos de falhas potenciais para cada função;

(iii) efeitos dos tipos de falha; (iv) causas possíveis das falhas e (v) controles atuais.

Os efeitos de falha podem ser classificados em 5 grupos: efeitos no equipamento de montagem, na segurança do operador, numa posterior fase de montagem, na utilização do

produto (em teste, ou pelo cliente final) e não cumprimento de diretivas regulamentares.

Page 36: ENP_apostila

Engenharia do Produto 36

Curso de Engenharia de Produção

As causas potenciais dos modos de falha podem ser identificadas e classificadas em termos de

categorias gerais como, por exemplo: material (a escolha do material a usar num dado

componente do produto), ambiente (o ambiente onde o componente irá operar), pessoas (uso

incorreto, indevido ou abusivo por parte dos utilizadores), equipamento (interação com outros

componentes, ou ainda outros sistemas também em análise) e método (aspectos de operação dos componentes, interface dos equipamentos de linha com o produto).

Na Fig. 4.9 têm-se um exemplo de possíveis causas potenciais dos modos de falha aplicadas a

um produto que necessite de parafusos entre suas matérias-primas.

Figura 4.9: Exemplos de Causas Potenciais advinda do Material

3) Avaliação dos Riscos: Nesta fase são definidos pelo grupo os índices de severidade ou

gravidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) para cada causa de falha, de acordo com critérios

previamente definidos.

Grau de Severidade ou gravidade: fator correspondente à gravidade do efeito da falha potencial. A severidade aplica-se apenas ao efeito do modo de falha.

Freqüências das Ocorrências: fator correspondente à probabilidade de um dado efeito

ocorrer dada a existência de uma falha potencial conhecida

Grau de Detecção: fator correspondente à probabilidade de a falha ser detectada pelo processo de controle planejado antes de completar o ciclo de produção.

Um exemplo de critérios que podem ser utilizados é apresentado nas Tabelas 1, 2 e 3, mas o

ideal é que a empresa tenha os seus próprios critérios adaptados a sua realidade específica.

Tabela 4.6: Critérios para Determinar o Grau de Severidades

Índice SEVERIDADE Critério

1 Mínima O cliente mal percebe que a falha ocorre

2

3 Pequena

Ligeira deterioração no desempenho com leve

descontentamento do cliente.

4

5

6

Moderada

Deterioração significativa no desempenho de

um sistema com descontentamento do

cliente.

7

8 Alta

Sistema deixa de funcionar e grande

descontentamento do cliente.

9

10 Muito Alta Idem ao anterior porém afeta a segurança.

Ambiente Equipamento Pessoas

Material Método

Modo defalha

Elasticidade

Material

Falta de apertoLigação aparafusada

Elasticidade

Material

Falta de apertoLigação aparafusada

Etc.

Rosca gripada

Corrosão

Falta de apertoLigação aparafusada

Etc.

Rosca gripada

Corrosão

Falta de apertoLigação aparafusada

Rosca gripada

Rosca fundida

Parafuso de roscainadequada

Rosca contaminada

Rosca gripada

Rosca fundida

Parafuso de roscainadequada

Rosca contaminadaRosca contaminada

Page 37: ENP_apostila

UnilesteMG 37

Curso de Engenharia de Produção

Tabela 4.7: Critérios para Determinar a Freqüência de Ocorrência

Índice Ocorrência Proporção

1 Remota 1:1.000.000

2

3 Pequena

1:20.000

1:4.000

4

5

6

Moderada

1:1000

1:400

1:80

7

8 Alta

1:40

1:20

9

10 Muito Alta

1:8

1:2

Tabela 4.8: Critérios para Determinar o Grau de Detecção

Índice Detecção Critério

1

2 Muito grande Certamente será detectado

3

4 Grande Grande probabilidade de ser detectado

5

6 Moderada Provavelmente será detectado

7

8 Pequena Provavelmente não será detectado

9

10 Muito pequena Certamente não será detectado

Depois são calculados os coeficientes de prioridade de risco (NPR), por meio da multiplicação

dos outros três índices.

NPR = O x S x D

Observação Importante: Quando o grupo estiver avaliando um índice, os demais não podem

ser levados em conta, ou seja, a avaliação de cada índice é independente. Por exemplo, se

estamos avaliando o índice de severidade de uma determinada causa cujo efeito é significativo, não podemos colocar um valor mais baixo para este índice somente porque a

probabilidade de detecção seja alta.

4) Melhoria: Nesta fase o grupo, utilizando os conhecimentos, criatividade e até mesmo outras técnicas como brainstorming, lista todas as ações que podem ser realizadas para

diminuir os riscos. Estas medidas podem ser:

medidas de prevenção total ao tipo de falha;

medidas de prevenção total de uma causa de falha;

medidas que dificultam a ocorrência de falhas;

medidas que limitem o efeito do tipo de falha;

medidas que aumentam a probabilidade de detecção do tipo ou da causa de falha;

Estas medidas são analisadas quanto a sua viabilidade, sendo então definidas as que serão

implantadas. Uma forma de se fazer o controle do resultado destas medidas é pelo próprio formulário FMEA por meio de colunas que onde ficam registradas as medidas recomendadas

pelo grupo, nome do responsável e prazo, medidas que foram realmente tomadas e a nova

avaliação dos riscos.

Para falhas potenciais onde o risco de falha é considerado demasiadamente elevado, são

introduzidas ações de modo a eliminar, reduzir ou controlar a falha em questão.

Page 38: ENP_apostila

Engenharia do Produto 38

Curso de Engenharia de Produção

As ações corretivas utilizadas destinam-se, seqüencialmente, a focar-se na eliminação das

causas potenciais, eliminação dos modos de falha, redução dos efeitos destas, ou, como último

recurso, aumentar o nível de detecção.

5) Continuidade: O formulário FMEA é um documento “vivo”, ou seja, uma vez realizada uma análise para um produto/processo qualquer, esta deve ser revisada sempre que ocorrerem

alterações neste produto/processo específico.

4.3.4. Exemplo da Aplicação da FMEA:

As Tab. 4.9 e 4.10 apresentam dois exemplos de aplicação do FMEA.

Tabela 4.9: Análise generalizada de falha, de efeito e de criticidade para um serviço de transporte de cargas

4.3.5. Importância da FMEA

A metodologia FMEA é importante porque pode proporcionar para a empresa:

uma forma sistemática de se catalogar informações sobre as falhas dos

produtos/processos;

melhor conhecimento dos problemas nos produtos/processos;

ações de melhoria no projeto do produto/processo, baseado em dados e devidamente monitoradas (melhoria contínua);

diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas;

o benefício de incorporar dentro da organização a atitude de prevenção de falhas, a

atitude de cooperação e trabalho em equipe e a preocupação com a satisfação dos clientes.

Page 39: ENP_apostila

UnilesteMG 39

Curso de Engenharia de Produção

Tabela 4.10: Análise generalizada de falha, de efeito e de criticidade para um temporizador

4.4. ERGONOMIA DO PRODUTO

4.4.1. Ergonomia

Definição:

Ergonomia: Verbete: ergonomia

[De erg(o)- + -nom(o)- + -ia.]

S. f. Conjunto de estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fim

proposto e das relações entre o homem e a máquina.

Verbete: erg(o)- erg(o[Do gr. érgon, ou.] 1. = 'trabalho'

Verbete: nomo nomo-[Do gr. nómos, ou.] 1. = 'regra', 'lei'; 'que regula'

4.4.2. Ergonomia do Produto

Produto = meios para que homem possa executar determinadas funções;

Para ser bem aceito no mercado o produto deve possuir:

(i) Qualidades técnicas: Eficiência com a qual o produto realizará a função que lhe foi

destinada.

(i) Qualidades estéticas: Características que atraem o consumidor – formas, cores e

textura agradáveis.

(iii) Qualidades ergonômicas:

Fácil fabricação e montagem; Fácil manuseio;

Page 40: ENP_apostila

Engenharia do Produto 40

Curso de Engenharia de Produção

Boa adaptação às medidas do homem (antropometria);

Fácil manutenção;

Eficientes dispositivos de informação;

Não deve afetar o usuário:

apresentar índices de luminosidade, ruído e vibração adequados; funcionamento que evita lesões ou emissão de substâncias prejudiciais.

A Ergonomia deve dar atenção a parâmetros que devem ser considerados na concepção dos

produtos de forma a possibilitar maior usabilidade e conforto ao usuário do mesmo. Exemplos:

(i) Dimensionamento dos Produtos

Baseado em características antropométricas.

Devem ser dimensionados para a média da população (50%) ou um de seus

extremos;

Devem permitir acomodação para 90% da população.

(ii) Aspectos Visuais

Ex.: Mostradores

(iii) Aspectos Auditivos

(iv) Facilidade de aprendizagem de uso

(v) Facilidade de transporte

Ex.: alças e rodinha em malas, presilhas em celulares, etc...

(vi) Rapidez no desempenho da tarefa

Page 41: ENP_apostila

UnilesteMG 41

Curso de Engenharia de Produção

4.4.3. Ergonomia e Produtos: Exemplos Práticos

Exemplo 1: Ônibus Urbano

Características comuns a maior dos ônibus que circulam na cidade de BH:

• Largura insuficiente das portas;

• Degraus de acesso com altura excessiva;

• Roletas dimensionadas (teoricamente) para a média da população; • Existência de grades em volta das roletas;

• Dificuldade para entrada de bagagem;

• Total falta de espaço previamente destinado à bagagem;

• Janelas que não abrem mais do que 20% de sua superfície (com a metade de baixo fixa na maioria dos casos);

• Saliências e arestas metálicas agressivas;

• Altura excessiva dos assentos localizados sobre as rodas (justamente aqueles que são

destinados a grávidas, idosos e deficientes físicos);

• Barulho e calor gerados pelo motor; • Ausência de informações sobre trajeto, conexões etc.;

• Altura excessiva do acionamento da campainha;

• Falta de clareza sobre a utilização de dispositivos de emergência, além da eficiência

muitas vezes discutível desses dispositivos.

Exemplo 2: Embalagem

“A Ergonomia Adverte: Não Prestar Atenção ao Rótulo Pode Ser Prejudicial à Saúde”

Exemplos típicos de embalagens que podem ser confundidas na hora do uso:

Creme de barbear e Creme dental: Ambos tem consistência similar, sendo acondicionadas

em tubos, embalagens que possuem formato e cores muitas vezes semelhantes. O grande

número de marcas existentes no mercado aumenta a confusão, que é agravada pelo fato dos dois produtos serem muitas vezes guardados no mesmo lugar.

Page 42: ENP_apostila

Engenharia do Produto 42

Curso de Engenharia de Produção

Remédios homeopáticos: A maior parte das farmácias homeopáticas utiliza embalagens

padronizadas em seus compostos. Ora, se esta padronização atende a requisitos econômicos

(custo para confecção de rótulos) e formais (padronização de projeto gráfico), muitas vezes

pode levar a confusões extremamente perigosas.

Acetona, água oxigenada e água boricada: Mais uma vez, exemplos de produtos

diferentes que, por possuírem embalagens semelhantes, podem dar margem a enganos. Neste caso, imagina-se a situação de, por exemplo, uma criança aplicando acetona (ao invés de água

boricada) em um curativo. Pode-se considerar que as crianças não devem aplicar remédios,

mas quantas vezes este fato pode ser observado em situações reais...

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UnilesteMG 43

Curso de Engenharia de Produção

Remédios - caso A: Aqui a semelhança pode ser atribuída a questões de padronização gráfica

de embalagens pela indústria farmacêutica. Entretanto, tratam-se de compostos totalmente

distintos: um remédio geriátrico e um anticoncepcional. Chama-se a atenção para natural

dificuldade de leitura e redução da capacidade visual observada entre os idosos (usuários de um dos remédios), o que torna este problema crítico.

Remédios - caso B: Um exemplo que não poderia ser deixado de lado é o destes

comprimidos, que tem envelopes que guardam entre si semelhanças de cor e formato: um

deles é um anti-histamínico, analgésico e antiemético e o outro um laxativo e purgativo. Neste caso, os efeitos da troca podem ser imaginados com inevitável tom de anedota, embora a

semelhança possa vir a ser efetivamente uma fonte de problemas.

Page 44: ENP_apostila

Engenharia do Produto 44

Curso de Engenharia de Produção

Adoçante e colírio: neste caso, uma interessante similaridade extrema entre dois produtos

industriais totalmente diferentes. Se nos dois casos anteriores a similaridade poderia ser

explicada por razões econômicas, devido ao fato de tratarem-se de micro e pequenas

empresas, isto não ocorre neste caso, em que as embalagens são idênticas.

4.4.4. Considerações Finais

Projetar produtos de forma a conseguir melhor interação com o consumidor/usuário é fundamental.

A aplicação de conceitos ergonômicos ao projeto do produto busca privilegiar a lógica da

Utilização, ao invés da lógica do Funcionamento, que muitas vezes é o principal ponto de vista do projetista.

Os conceitos da ergonomia podem facilitar a garantia de maior usabilidade ao produto – isto é,

maior facilidade de aprendizagem no uso, rapidez no desempenho da tarefa, baixa taxa de

erro e maior satisfação do usuário.

Page 45: ENP_apostila

UnilesteMG 45

Curso de Engenharia de Produção

CAPÍTULO 5: NOVOS CENÁRIOS EM ATIVIDADES DE PROJETO

Devido à grande aceleração do ritmo de consumo, faz-se necessário considerar não somente o

cliente (sob o ponto de vista do marketing) ou do usuário (sob a perspectiva do design), mas

todo o ciclo de vida do produto, em uma abordagem necessariamente mais ampla e sofisticada que requer novas ferramentas de projeto e novas estratégias de gestão do projeto, que requer

agora (e cada vez mais) uma visão sistêmica de todo o ciclo de vida do projeto e da produção,

que considere toda a vida do produto.

5.1. DESIGN

Definição: concepção de um produto ou modelo; planejamento. (Dic. Aurélio)

Exs.:

Figura 5.1: Exemplo de design arrojados para utensílios domésticos

5.2. DESIGN FOR “X”

Design para “algo” (“X”)

DFMA – Projeto para a Manufatura - Design for Manufaturing and Assembly: prevê a busca da simplicidade na montagem, redução do número e padronização dos componentes,

redução de custos com remontagem, maior confiabilidade, menores custos;

DFE – Projeto para o Meio Ambiente - Design for Environment: Busca o projeto de produtos que leva à redução de resíduos, seja durante os processos de produção como durante

a vida útil do produto. Parte do pressuposto de que é possível “quantificar” impactos

ambientais de diferentes processos de produção e, a partir de um inventário, selecionar

aqueles que sejam menos agressivos ao meio ambiente, seja durante a produção como na utilização do produto.

DFD – Projeto para a Desmontagem - Design for Disassembly: origina-se da

necessidade de gerenciamento de resíduos e componentes resultantes da montagem e

desmontagem do produto. Objetiva a otimização dos recursos, matérias-primas e energia, minimização de efluentes tóxicos e eventual disposição de resíduos oriundos dos processos

produtivos;

DFS – Projeto para o serviço - Design for Service: Leva em consideração a preocupação com serviços de manutenção durante a vida útil do produto e do seu recondicionamento.

Reduz a demanda pela substituição do produto, pois prolonga o período de sua utilização. Este

fato contradiz as perspectivas de lucros empresariais imediatos, porém por outro lado busca

satisfazer emergentes demandas do mercado em termos de crescentes restrições de caráter ecológico.

Page 46: ENP_apostila

Engenharia do Produto 46

Curso de Engenharia de Produção

5.3. DFMA – Projeto para a Manufatura - Design for Manufaturing and Assembly

DFMA é uma filosofia que se utiliza de diversos conceitos, técnicas, ferramentas e métodos

para aperfeiçoar a fabricação de componentes ou simplificar a montagem de produtos, utilizando para tal desde a análise de valores de tolerâncias, a complexidade do produto,

número mínimo de componentes necessários, layout do produto dentre outros.

DFM traduz a busca durante o projeto, em tornar mais fácil a manufatura dos componentes que formarão o produto depois de montado.

Enquanto DFA tem por objetivo tornar a montagem do produto o menos custosa e mais

otimizada possível

O DFMA pode ser utilizado na análise de produtos em manufatura. Neste caso o produto é

desmontado e montado novamente dando ênfase a tempos e custos de manuseio (alimentação

e orientação) e junção (inserção) de componentes.

DFMA pode também ser usado durante o desenvolvimento de um produto, visando a

otimização e adequação aos meios de montagem e inspeção.

5.3.1. Princípios do DFMA

• Projetar para um número mínimo de componentes;

• Projetar componentes para serem multifuncionais;

• Utilizar componentes e processos padronizados; • Desenvolver uma abordagem de projeto modular;

• Utilizar uma montagem empilhada/Uni-direcional;

• Facilitar alinhamento e inserção de todos os componentes;

• Eliminar parafusos, molas, roldanas, chicotes de fios; • Eliminar ajustes;

• Procurar padronizar materiais, acabamentos e componentes;

• Ter sempre em mente as possibilidades de automação;

• Utilizar e promover o trabalho em equipe.

5.3.2. Exemplos e Aplicações do DFMA

As Figuras 5.2 a 5.5 apresentam exemplos do DFMA.

Figura 5.2: Exemplo de Montagem dos Componentes por cima

Page 47: ENP_apostila

UnilesteMG 47

Curso de Engenharia de Produção

Figura 5.3: Uso de Indicações para facilitar a montagem

Figura 5.4: Montagem utilizando o auto-alinhamento

Figura 5.5: Peças Simétricas em relação a suas possibilidades de montagem

Page 48: ENP_apostila

Engenharia do Produto 48

Curso de Engenharia de Produção

Figura 5.6: Versão “Lego” da Scania

A sueca Scania, uma das líderes na venda de caminhões pesados no Brasil, foi buscar inspiração no Lego, o brinquedo de montar, para criar um sistema modular de fabricação de

veículos. Juntando as diferentes peças, a Scania pode fazer 6 milhões de combinações. Com o

objetivo de tornar a operação viável do ponto de vista comercial, a montadora reduziu o

número de alternativas no catálogo, mas manteve a quantidade de opções em cerca de 100 modelos de caminhão. Este modelo é apresentado na Fig. 6.

5.4. DFE – Projeto para o Meio Ambiente - Design for Environment

5.4.1. Aspectos Ambientais

No passado muitas empresas consideravam aspectos ambientais como uma barreira comercial.

Hoje tende-se a encarar esta preocupação como uma vantagem competitiva.

Desenvolver produtos ecologicamente corretos pode ajudar na redução de custos e na

abertura de novos mercados.

Page 49: ENP_apostila

UnilesteMG 49

Curso de Engenharia de Produção

5.4.2. A Pressão sobre a Indústria

Crescente nível de preocupação e exigência do mercado consumidor com respeito a

questões ambientais.

Crescente pressão em termos de legislação ambiental. Pressões financeiras (poluidores pagam caro por danos causados ao meio ambiente

responsabilizando pessoalmente diretores e gerentes).

5.4.3. DFE – Projeto para o Meio Ambiente - Design for Environment

É a integração sistemática de aspectos ambientais no desenvolvimento de produtos.

DFE pode se tornar a ser uma ferramenta importante para torná-la mais competitiva e

inovadora, como também mais responsável com respeito a questões do meio-ambiente.

5.4.4. Benefícios do DFE

• Redução do impacto ambiental de seus produtos/processos;

• Obtém uma perspectiva sistemática; • Motiva o desenvolvimento de bons projetos de produto e impulsiona a inovação;

• Reduz custos;

• Atende as necessidades e desejos dos consumidores excedendo suas expectativas de

preço, performance e qualidade;

5.4.5. Estratégia do DFE

A “Roda Estratégica” (Figura 5.7) pode ser usada sistematicamente para rever todo o ciclo de vida do produto permitindo que:

• A criatividade seja estimulada durante o processo de desenvolvimento do produto.

• A performance ambiental em progresso seja visualizada.

• Oportunidades de melhorias possam ser destacadas.

• Figura 5.7: Roda Estratégica do DFE

Otimização da vida final do

sistema

Redução do impacto

ambiental

durante uso

Otimização da distribuição

Otimização da

produção

Otimização do

material usado

Otimização de aspectos

físicos

Novo conceito de

desenvolvimento

1

7

6

5 4

3

2

Page 50: ENP_apostila

Engenharia do Produto 50

Curso de Engenharia de Produção

5.4.5.1. NOVO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

A) Projeto Conceitual

Premissas básicas com relação a função do produto

Determinação das necessidades do consumidor final.

Estabelecer como o produto irá atender a essas necessidades do consumidor final

B) Desmaterialização

Fazer o produto menor e mais leve.

Repor o material do produto por um substituto imaterial (ex: carta substituída por e-

mail)

Reduzir o uso de materiais ou infra estrutura da empresa (ex. substituir o uso do

telefone por ida ao emprego para trabalhar)

C) Uso Compartilhado

Uso mais eficiente do produto.

Redução de custos de material, energia e transporte devido a produção e distribuição

de menos produtos.

Aumento da habilidade do fabricante em controlar o uso e ciclo de vida de seus produtos.

Facilidade de dispor o produto após sua vida útil e reciclagem do produto.

D) Ofertando um Serviço

Ao aplicar esta estratégia a empresa deverá:

Realizar uma análise profunda das necessidades dos clientes; Reorganizar o processo de desenvolvimento de seus produtos e produção de tal

forma que deixem de ser orientados para vendas e passem a ser orientados para o

serviço;

Aprimorar o contato seus clientes; Melhor controle sobre a distribuição do produto, manutenção, descarte após uso e

reciclagem;

A oportunidade de gerar recursos durante o uso do produto e na sua fase final de

vida útil.

5.4.5.2. OTIMIZAÇÃO DE ASPECTOS FÍSICOS

A) Otimização Física do Produto

• Otimizar as funções do produto.

• Estender a vida útil do produto, ou seja, o tempo em que o produto funciona em boas

condições.

• Estender aspectos da estética do produto durante o seu ciclo de vida, ou seja, tempo em que o usuário considera o produto atraente.

• Balancear e otimizar a análise dos requisitos técnicos e estéticos para o ciclo de vida do

produto de tal forma a reduzir o consumo de energia e materiais.

Page 51: ENP_apostila

UnilesteMG 51

Curso de Engenharia de Produção

B) Integrar as Funções

Podem ser economizados material e espaço ao integrar-se diversas funções ou produtos em

um único produto.

C) Otimizando as Funções

Ao analisar as funções primárias e secundárias do produto, pode-se descobrir que alguns componentes são desnecessários.

D) Confiabilidade e Durabilidade

Projetar um produto de tal forma que ele possa exercer a sua função de maneira confiável e

consistente pode garantir um ciclo de vida longo para o produto.

E) Manutenção e Reparo

Garantir de que será aplicada a manutenção adequada ao produto no seu devido tempo

aumenta a usabilidade do produto e sua vida útil.

Manutenção feita pelo próprio usuário;

Manutenção feita pelo fabricante.

F) Estrutura Modular

Atualizações em produtos antigos, por exemplo colocando-se uma memória de mais capacidade em um computador.

Renovação técnica e estética de elementos antigos (ex: fabricando-se móveis com

coberturas removíveis que possam ser limpas).

Facilitando o reparo e manutenção de peças que sofrem alto desgaste.

G) Relação Usuário vs Produto

Garantir que a manutenção pode ser conduzida de forma segura e com o menor uso de

ferramentas. Prover valores agregados em termos de estética e funcionalidade de tal forma que o

usuário relute em substituir o produto.

5.4.5.3. OTIMIZAÇÃO DO MATERIAL USADO

A) Otimização do Material Usado

Selecione materiais mais apropriados com respeito a questão ambiental Uso de materiais limpos - aqueles que não causam danos ambientais durante a sua

produção e quando são incinerados ou usados como entulhos

Uso de materiais renováveis - aqueles que não se esgotem se manejados

adequadamente, que possam reduzir a emissão de CO2, que resultem em rejeitos

biodegradáveis e que possam crescer e ser utilizados localmente. Uso de materiais de baixa energia - energia necessária para extrair, processar e refinar

o material ante de utiliza-lo como insumo de manufatura.

Uso de materiais recicláveis - podem ser facilmente reaproveitados, dependendo do tipo

de material e da infra estrutura de reciclagem disponível, reduzindo assim a quantidade de rejeitos enviada aos aterros sanitários e resultando em uma economia substancial.

Redução do material usado - otimização do volume e peso do material com menos

energia utilizada durante a produção, transporte e armazenamento.

Page 52: ENP_apostila

Engenharia do Produto 52

Curso de Engenharia de Produção

5.4.5.4. OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

A) Otimização da Produção

Implementar práticas de produção “limpa”. Ou seja, o contínuo uso de processos industriais e produtos que aumentem a eficiência; previnam a poluição do ar, água e

terra; e minimize o risco a saúde humana e o meio ambiente.

Redução das etapas de produção avaliando: A possibilidade de satisfazer várias funções do produto através de um único

componente

Permitir que várias etapas de produção possam ser realizadas simultaneamente

em uma única peça. Permitir que uma única etapa produtiva seja realizada em várias peças

simultaneamente.

Redução do transporte de peças dentro da fábrica.

Uso de materiais que não requeiram posterior tratamento superficial ou posterior

acabamento para realizar a sua função ou atender requisitos estéticos.

B) Baixo Consumo/Energia Limpa

Uso de energias limpas tais como o gás natural, energia eólica, energia solar e outras de forma a substituir fontes energéticas poluidoras ou ineficientes.

Examinar cuidadosamente as necessidades da utilização de energia para

aquecimento/ventilação e estabelecer sistemas e controles adequados para atender a

essas necessidades.

C) Redução de Rejeitos

Selecionar formas que eliminem processos tais como: serragem, torneamento, fresamento, estampagem e perfuração de tal forma que se possa reduzir a quantidade

de material rejeitado.

Motivar as equipes de produção e fornecedores a reduzir o desperdício e reduzir a

percentagem de rejeitos.

Observar a oportunidade de se reciclar resíduos de produção na própria fábrica. Este é um processo que pode reduzir recursos e investimentos.

D) Redução de Consumíveis

Análise de consumíveis no processo de produção (água, solvente, removedores de graxa,

óleos, lubrificantes, abrasivos, e solda ) ou utiliza-los com pequeno numero de componentes

orgânicos voláteis.

5.4.5.5. OTIMIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO

A) Otimização da Distribuição

Garantir que os produtos sejam transportados do produtor ao distribuidor, varejista e consumidor final da forma mais eficiente possível. Isto envolve cuidados com a embalagem,

forma de transporte, forma de armazenamento e manuseio, e logística.

B) Transporte Eficiente

Avaliar o impacto ambiental dos mais diversos tipos de transporte quando da movimentação

de um produto. Durante esta análise considere: preço, volume, confiabilidade, tempo de

entrega, distância ao consumidor, além dos impactos ambientais.

Page 53: ENP_apostila

UnilesteMG 53

Curso de Engenharia de Produção

C) Logística Eficiente

Melhorar a eficiência na escolha de rotas de transporte e distribuição com uso de estratégias

como: fornecedores locais, formas mais eficientes de distribuição, formas padronizadas de

transporte e embalagens de grande volume, softwares, containers reutilizáveis e redução da distância entre o local armazenamento e o local de descarga do produto.

5.4.5.6. REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DURANTE O USO

A) Redução de Embalagem

Se a embalagem provoca um apelo estético ao produto, utilize um design “enxuto” mas

atrativo e que cause o mesmo efeito Para o transporte e empacotamento, considere o re-uso de embalagem através de um

sistema de retorno de embalagem entre o fabricante e o varejista e se possível entre o

varejista e o consumidor final

B) Uso do Produto

Uso eficiente de produtos consumíveis tais como energia, água, detergente e outros

produtos secundários como baterias, refís e filtros.

Melhor aproveitamento dos recursos consumidos na manutenção e reparo.

C) Baixo Consumo

Uso eficiente de energia e/ou o uso de fontes alternativas de energia que causem o mínimo de impacto ambiental possível durante a utilização do produto.

D) Uso de Energia Limpa

Projetar produtos que utilizem fontes de energia menos danosa possível

Projetar produtos alternativos com alta eficiência de consumo quando fontes menos

danosa de energia não estão disponíveis

Para grandes equipamentos industriais ou máquinas, encorajar o uso de energia limpa

como gás natural, energia eólica, energia solar etc

E) Redução de Consumíveis

Projetos que levem a um uso menor ou mais eficiente de consumíveis tais como água, óleo, filtro, detergentes e material orgânico durante o ciclo de vida útil do produto.

F) Consumíveis Limpos

Aumenta a segurança quando da utilização do produto

Reduz o risco de manuseio de materiais danosos/perigosos

Reduz o custo de dispor materiais danosos/perigosos

Grande apelo ambiental ao usuário, resultando-se em aumento de vendas

Desenvolvimento uma forte relação com o consumidor

5.4.5.7. OTIMIZAÇÃO DA VIDA FINAL DO SISTEMA

A) Otimização da Vida Final

Objetiva na reutilização de componentes do produto e assegurar um gerenciamento

adequado de rejeitos quando da etapa final do ciclo de vida do produto.

Page 54: ENP_apostila

Engenharia do Produto 54

Curso de Engenharia de Produção

B) Reutilização do Produto

Quanto mais o produto mantém a sua forma original maior é o mérito ambiental alcançado

desde que o programa de retorno e sistemas de reciclagem sejam implementados

simultaneamente. Neste caso deve-se considerar: Os aspectos técnicos e estéticos do ciclo de vida útil do produto estejam em mente

durante o seu desenvolvimento.

O produto deve ser útil para sucessivos consumidores para que se possa maximizar a

sua vida útil. Utilizar-se componentes de qualidade e tecnologia confiável de tal forma a não tornar-

se prematuramente obsoleto o que, portanto,contribuirá para manter seu valor.

A contribuir para a facilidade de limpeza, manutenção e atualização (upgrading) do

produto.

C) Projeto para Desmontagem

Uso de elementos de união fáceis de serem removíveis tais como pinos, colchetes de

pressão, rebites ao invés de utilizar solda, cola, ou outro mecanismo de união fixa. Uso de elementos de união padronizados de tal forma que o produto possa ser

desmontado com poucas ferramentas (ex.: um tipo de parafuso).

Posicionar as uniões de tal forma que o produto não necessite ser rodado e/ou girado

para ser desmontado. Indicar como o produto deve ser desmontado de uma forma não destrutiva.

Colocar as peças/componentes possíveis de serem facilmente desgastadas em locais de

fácil acesso.

Indicar no produto quais as peças e/ou componentes devem ser limpos ou estar sujeitos a formas específicas de manutenção (ex.: código de cores para diferentes tipos

de lubrificantes)

D) Produtos Re-manufaturados

Esta estratégia está focada na re-manufatura no intuito de restaurar componentes e sub-

conjuntos de montagem.

E) Reciclagem de Material

Reciclagem primária – retorno da peça/componente a sua aplicação original

Reciclagem secundária - retorno da peça/componente a uma aplicação inferior à

original Reciclagem terciária – decomposição de peça/componente em matéria-prima

F) Incineração Segura

Pode-se projetar um produto para incineração segura evitando-se a utilização de materiais que

possam liberar elementos tóxicos caso o produto seja incinerado sem o controle ambiental

adequado.

5.4.6. Conclusão

O aspecto ambiental não pode ser visto como uma estratégia única de competitividade. A

qualidade, atender rapidamente às necessidades do cliente além da constante preocupação

com ganho de produtividade e redução de custos entre outros também devem compor o

cenário de uma estratégia global da empresa.

5.5. ENGENHARIA SIMULTÂNEA

“A engenharia simultânea, ou concorrente, procura otimizar o projeto do produto e do

processo de manufatura para conseguir reduzir tempos de desenvolvimento e melhorar a

Page 55: ENP_apostila

UnilesteMG 55

Curso de Engenharia de Produção

qualidade e os custos por meio da integração das atividades de projeto e manufatura e da

maximização do paralelismo nas práticas de trabalho.”

A Fig. 5.8 e a Fig. 5.9 apresenta a diferença entre a abordagem seqüencial, normalmente

utilizada, e a abordagem simultânea.

Com a aplicação da engenharia simultânea busca-se minimizar o tempo gasto para o desenvolvimento do projeto do produto.

Figura 5.8: Arranjo seqüencial das etapas na atividade de projeto

Figura 5.9: Arranjo simultâneo das etapas na atividade de projeto

Primeira Etapa na Atividade de Projeto

tempo

eta

pas

Segunda Etapa na Atividade de Projeto

Terceira Etapa na Atividade de Projeto

etc

Primeira Etapa na

Atividade de Projeto

tempo

eta

pas

Segunda Etapa na

Atividade de Projeto

Terceira Etapa na

Atividade de Projeto

etc

Page 56: ENP_apostila

Engenharia do Produto 56

Curso de Engenharia de Produção

CAPÍTULO 6: PROJETO FINAL

Transformar o projeto melhorado em um protótipo que possa ser melhorado.

Pode ser demasiadamente arriscado começar a produção de um bem ou a implantação de um serviço sem antes testá-los.

Protótipos de produtos podem incluir modelos em papelão ou argila e simulações em

computador.

Protótipos de serviços podem compreender simulações em computador, mas também a

implantação real do serviço em uma escala-piloto.

6.1. Modelos e Protótipos

Modelo: representação física ou matemática de um objeto como um aeroporto ou de um

sistema abstrato ou modelo matemático, como crescimento populacional. No Projeto do

Produto refere-se a uma representação do produto ou parte do produto.

Protótipo: Representação física do produto que será eventualmente produzida industrialmente

ou, mais comumente, qualquer tipo de representação física construída com o objetivo de

realizar testes físicos.

Em geral, há três diferenças entre modelos e protótipos: escala, material e funcionamento.

Os modelos podem ser feitos em escala reduzida ou ampliada, enquanto os protótipos são feitos em escala natural (1:1).

Os materiais dos modelos podem ser muito variados, desde papel, papelão, madeira, gesso ou

espuma, enquanto o protótipo é feito com os mesmos materiais do produto final.

Os modelos geralmente se destinam ao estudo formal dos objetos e não contém mecanismos

funcionais, enquanto os protótipos são dotados de todos os mecanismos, inclusive para a

realização de testes de seu funcionamento.

6.2. Formas de Representação de um Produto

6.2.1. Croqui

O croqui pode ser considerado como um desenho a mão livre, sem grandes preocupações

dimensionais.

Possui como principais vantagens a facilidade e rapidez de execução, além da utilização de

material menos nobre (normalmente papel e lápis comum). O croqui permite uma rápida

visualização da idéia e dá subsídios aos primeiros estudos.

Os croquis permitem a visualização rápida de soluções propostas, propiciando a geração de diferentes versões de produtos, como no caso desta cadeira para dentistas (Fig. 6.1).

6.2.2. Desenho Técnico

O Desenho Técnico representa todas as vistas do produto, inclusive as vistas tridimensionais.

Nesta etapa detalham-se todas as medidas do produto. A Fig. 6.2 apresenta um exemplo de

desenho técnico de uma peça de metal.

Page 57: ENP_apostila

UnilesteMG 57

Curso de Engenharia de Produção

Figura 6.1: Diferentes Croquis para uma cadeira de dentista

Figura 6.2: Exemplo de Desenho Técnico

6.2.3. Perspectiva

Oferecem importantes recursos para a representação de objetos ou, como no caso acima, de esquemas de montagem, possibilitando a imediata visualização de soluções propostas. Na Fig.

6.3 é apresentado um esquema em perspectiva para auxiliar a montagem de um armário.

6.2.4. Prototipagem Virtual

O produto é gerado tridimensionalmente no CAD, permitindo que sejam visualizadas soluções

de design, simulações de funcionamento, aplicação de cores, encaixes, etc.

Outra vantagem para o desenvolvimento de produtos desta forma está na utilização de dados

de projeto em outras fases da produção, como teste de engenharia ou geração de dados para

manufatura.

Permite que os produtos sejam melhorados até o momento da produção sem incorrerem em

alto custo.

Na Fig. 6.4 têm-se duas imagens de uma batedeira geradas por um mesmo arquivo, servindo ao Marketing (para alguns testes de aceitação do produto), ao Design e à Engenharia (para

verificação de interferências, por exemplo). Este mesmo arquivo poderá gerar dados para

manufatura, como máquinas de comando numérico, produção de moldes etc.

Page 58: ENP_apostila

Engenharia do Produto 58

Curso de Engenharia de Produção

Figura 6.3: Desenho em Perspectiva para auxiliar a montagem

Figura 6.4: Protótipo Virtual de uma Batedeira

6.2.5. O Mockup

O mockup pode ser considerado como uma representação tridimensional do produto, não funcional, que tem por objetivo simular alguns aspectos como estética, dimensionamento e

ergonomia. Normalmente feito em material facilmente moldável e de baixo custo, como papel,

poliuretano, madeira etc.

Na Fig. 9.5, simulação de um painel de aeronave. O mockup serve, neste caso, como validação

das soluções de projeto e base para decisões da equipe, especialmente relacionadas à posição

dos instrumentos e do piloto e questões como visibilidade e legibilidade dos instrumentos.

Page 59: ENP_apostila

UnilesteMG 59

Curso de Engenharia de Produção

Figura 6.5: Mockup de um painel de aeronave

6.2.6. A Maquete

A maquete é um meio de representação tridimensional, não funcional e, na maioria das vezes,

em escala reduzida. Sua principal função está no apoio à avaliação geral do projeto,

concordâncias dimensionais (são importantes em maquetes de edifícios e plantas industriais, por exemplo) e aprovação de soluções estético-formais.

Na Fig. 6.6 tem-se uma maquete de máquina semeadora/adubadora movida à tração animal

em uma escala 1:5.

Figura 6.6: Maquete de uma semeadora/adubadora à tração animal (escala 1:5)

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Engenharia do Produto 60

Curso de Engenharia de Produção

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIAS

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produtos. São Paulo. Edgar Blücher Ltda.

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IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Editora Edgar Blücher, 4ª Edição,

1997.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial - www.inpi.gov.br

Cheng, L. C. et. al. QFD: Planejamento da Qualidade. FCO, BH-MG, 1995.