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Recebido em: 20/08/2019 Aprovado em: 25/08/2019 Editor Respo.: Veleida Anahi - Bernard Charlort Método de Avaliação: Double Blind Review Doi: http://dx.doi.org/10.29380/2019.13.20.37 ENSINO DE CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO: UM OLHAR EM SUA NATUREZA PEDAGÓGICA EIXO: 20. EDUCAÇÃO E ENSINO DE MATEMÁTICA, CIÊNCIAS EXATAS E CIÊNCIAS DA NATUREZA LILIANE OLIVEIRA DE BRITO, ELTON CASADO FIREMAN Educon, Aracaju, Volume 13, n. 01, p.1-16, set/2019 | www.educonse.com.br/xiiicoloquio

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     Recebido em: 20/08/2019     Aprovado em: 25/08/2019     Editor Respo.: Veleida Anahi - Bernard Charlort     Método de Avaliação: Double Blind Review     Doi: http://dx.doi.org/10.29380/2019.13.20.37

     ENSINO DE CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO: UM OLHAR EM SUA NATUREZA PEDAGÓGICA

     EIXO: 20. EDUCAÇÃO E ENSINO DE MATEMÁTICA, CIÊNCIAS EXATAS E CIÊNCIAS DANATUREZA

     LILIANE OLIVEIRA DE BRITO, ELTON CASADO FIREMAN

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O ensino de Ciências por investigação vem ganhando novas compreensões. Diante dessa percepção,o presente estudo, de abordagem qualitativa e de cunho documental, tem como objetivo analisarcomo pesquisas da área vêm tratando a natureza pedagógica dessa perspectiva de ensino. Para tanto,utilizando os descritores: Investigação e aprendizagem baseada em problemas fizemos uma análiseem artigos do ENPEC nos anos de 2009 a 2017. Assim, foi evidenciado que, embora o ensino porinvestigação seja bastante explorado em um foco mais procedimental que teórico-conceptual,timidamente, vem sendo percebido em conotações que escapam os contornos metodológicos, seconstituindo enquanto abordagem didática dotada de fundamentos que orientam a implementação deatividades práticas investigativas em diferentes repertórios metodológicos.

The teaching of science through research has gained new insights. In view of this perception, thepresent study, with a qualitative and documental approach, aims to analyze how research in the areahas been dealing with the pedagogical nature of this teaching perspective. To do so, using thedescriptors: Research and problem-based learning we did an analysis in ENPEC articles in the years2009 to 2017. Thus, it was evidenced that, although research teaching is rather explored in a moreprocedural focus than theoretical-conceptual , timidly, has been perceived in connotations that escapethe methodological contours, being constituted as didactic approach endowed with fundamentals thatguide the implementation of practical investigative activities in different methodological repertoires.

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Introdução

O histórico do ensino de Ciências por investigação é marcado por questões dissidentes que giram emtorno de aspectos relativos à nomenclatura dessa proposta de ensino, ao seu surgimento no currículoescolar e a elementos da sua natureza pedagógica. Bastos (2017) mostra que há autores que trabalham naperspectiva de que essa proposta surgiu nos Estados Unidos por volta do século XIX e outros na assertivade que surgiu no início do século XX sob influência do pensamento Deweyano. Ademais, há umacaracterística polissêmica para a nomenclatura do tema, assim, Zômpero; Laburú (2011) apresentamtermos como ensino por redescoberta, inquiry e investigação ao se tratar da proposta de ensino. Outraquestão informe se refere à concepção do ensino investigativo, pois, alguns estudiosos o concebem comouma metodologia, outros como uma estratégia pedagógica e ainda há aqueles que o entendem como umaabordagem didática.

Trópia (2009) em um estudo em periódicos e eventos em ensino de Ciências no período de 1980 a 2008constatou que há poucas pesquisas que se voltam para o estudo do ensino de Ciências por investigação emsua vertente teórico-conceptual, nesse mesmo sentido, Sá (2009) verificou que mesmo em países em queessa perspectiva didática está bem difundida é mais abordada pelo prisma procedimental e em exemplosde experiências em que atividades investigativas ocorrem. Entendemos que [...] “Educar é uma tarefacomplexa que requer posicionamento teórico e método de ação. Um condiciona o outro.” (SANTOS 2012,p. 01). Por conseguinte, compreendemos que nenhuma prática é neutra, assim, é oportuno ao professorconhecer os pressupostos teóricos que derivam sua metodologia de ensino na finalidade de ter maiorclareza nos objetivos educativos que pretende alcançar.

Diante dessas compreensões, delineamos o seguinte problema de pesquisa: Como a natureza pedagógicado ensino de Ciências por investigação vem sendo compreendida em pesquisas da área? Buscando aresposta para tal pergunta, utilizando os descritores: Investigação e aprendizagem baseada em problemasfizemos um levantamento dos trabalhos realizados no Encontro Nacional de Pesquisa em Educação emCiências - ENPEC no período de 2009 a 2017. Essa sistemática de trabalho possibilitou a estruturação dealgumas categorias, que nos levaram a verificar que, ainda, as discussões do ensino por investigação éfocalizada apenas em aspectos metodológicos e que os pressupostos teóricos que derivam esses aspectospouco são explicitados.

Essa confirmação nos levou a conclusão de que o ensino de Ciências por investigação em uma vertentemais ampla, isto é, enquanto abordagem didática, embora tenha tido certa visibilidade na última edição doENPEC, ainda, é pouco difundida entre os pesquisadores da área.

Fundamentação teórica

Mais que conceituar o termo ensino por investigação é pertinente delinear pressupostos teóricos que deembases para os professores associarem os conteúdos escolares às formas de produção do conhecimentocientífico em uma dinâmica que torne possível ao aluno, de forma ativa, compreender a natureza daCiência em seu contexto de construção humana. Nessa acepção, Sasseron (2015) vêm maturando a ideiado ensino por investigação para “além” de uma metodologia, se constituindo como abordagem de ensino.

o ensino por investigação extravasa o âmbito de uma metodologia de ensinoapropriada a certos conteúdos e temas, podendo ser colocada em prática nas maisdistintas aulas , sob as mais diversas formas e para os diferentes conteúdos(SASSERON 2015 p. 58)

Para um diálogo do ensino por investigação para “além” do estatuto metodológico, pensamos ser essencial[...] “reconhecer que existe uma concepção epistemológica e pedagógica que norteia a prática de ensino

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do professor.” (BASTOS 2017, p. 31), o que nos deixa de acordo que [...] “é impossível discutir o ensinode ciências por investigação e sua relação com a prática dos professores se não discutirmos em conjuntoas concepções sobre a natureza da ciência, a aprendizagem e o ensino”. (MACEDO 2015, p. 99). Talreconhecimento é uma alternativa para pensar o ensino de Ciências por investigação como abordagemdidática que, com referenciais teóricos mais abrangentes que uma metodologia, dá bases aos professorespara planejar e conduzir aulas investigativas de diferentes formas, mas, sem resvalar em um fazercientífico ingênuo ou em práticas investigativas desvinculadas de suas implicações sociais.

Partimos da assertiva de que o professor possuindo referenciais para contextualizar suas propostasinvestigativas terá uma melhor compreensão dos objetivos da sua prática, pois, como pontua Briccia(2015) visões equivocadas da Ciência são decorrentes da prática pedagógica docente. Assim,concordamos com Trópia (2009, p. 379) quando nos diz que [...] “a Investigação deve ir além dasatividades técnicas instrumentalistas, como coleta e análise de dados, discutindo as relações e implicaçõessociais e políticas da investigação científica na sociedade”.

Dessa forma, o professor ao optar por utilizar procedimento envolvido nas diferentes formas do ensino porinvestigação, ao conjugar ações de trabalho aos objetivos que almeja alcançar não parte de uma concepçãosociopolítica e pedagógica neutra, afinal, antes de se configurar em procedimentos, os métodos sefundamentam em um processo mais amplo de reflexão acerca da realidade social e educativa (LIBNEO2013), o que nos leva a inferir, que iniciar um diálogo na prepositiva de dar forma ao ensino de Ciênciaspor investigação para “além” do estatuto de metodologia seja uma tônica interessante para aqueles que,mais que adotar modelos investigativos prontos que deram certo em determinados contextos, sepreocupam em fazer uso da capacidade criativa e do pluralismo metodológico para transitar empedagogias investigativas diversas, contextualizadas a cada realidade educativa, mas, sem perder o carátersocial e humano da Ciência.

Sá et al (2011) busca fundamentos em Baktin (1997) para pensar o ensino por investigação a partir dasemiótica, isto é, como signo que socialmente marcado por influências ideológicas apontam para sentidose significados de outros objetos da realidade. Pensado nessa perspectiva, como objeto que reporta paraoutro objeto, aflora nos autores dessa ideia, o entendimento de que o sentido para o termo ensino porinvestigação não se encerra em si, ao contrário, enquanto signo se reporta para outros constructos, comopor exemplo, para logomarca de cursos de formação de professores, a uma prática pedagógica, a umaestratégia de ensino.

Pautados por essa concepção, Sá et al (2011) conduziu um estudo na finalidade de analisar os consensosacerca do termo ensino por investigação desenvolvidos por tutores e coordenadores de um curso deespecialização em ensino de Ciências. Como resultado da pesquisa, foi identificado que o grupo emestudo construiu a ideia de que não existe um exemplo que contemple de forma satisfatória as diversasfacetas de uma investigação, mas, existem elementos caracterizantes de atividades investigativas, são eles:construção de um problema, aplicação e avaliação de teorias científicas, análise de evidências, debates eargumentações, múltiplas interpretações.

Entendendo que metodologias didáticas são referenciais pedagógicos que [...] “decorrem de umaconcepção de sociedade, da natureza da atividade prática humana no mundo, do processo deconhecimento e, particularmente, da compreensão da prática educativa numa determinada sociedade.”(LIBNEO, 2013, p. 166), passamos a refletir o ensino de Ciências por investigação como uma abordagemdidática que sob influência da natureza do conhecimento científico e em um sistema dialógico comconhecimentos do campo pedagógico carrega fundamentos teóricos que orientam os professores a planejaratividades investigativas sob diversas estratégias e metodologias, mas, sem perder o caráter histórico ehumano do fazer cientifico.

Nesses termos, apostamos na ideia de que um olhar ao ensino por investigação nesse panorama maisamplo é uma das condições para uma melhor compreensão e implementação dessa perspectiva, pois,como já fora discutido, essa abordagem didática possui bastante influência de aspectos inerentes à

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natureza do conhecimento científico, e, acerca desse assunto já foram apresentados e debatidos diversostrabalhos que mostram ideias distorcidas que são recrudescidas pelas práticas de ensino.

Aspectos metodológicos da pesquisa

Balizados pela abordagem qualitativa e pela pesquisa documental, fizemos um levantamento dos trabalhosrealizados no Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - ENPEC no período de 2009 a2017 utilizando os descritores: Investigação e aprendizagem baseada em problemas. Essa sistemática foiutilizada no objetivo de responder ao seguinte problema de pesquisa: Como a natureza pedagógica doensino de Ciências por investigação vem sendo compreendida em pesquisas da área? Em umprimeiro momento, fizemos uma leitura no resumo, introdução e considerações finais de todos os artigoslevantados a fim de delinear alguns dados que ajudassem a construir evidências de como os autores daárea vem tratando a natureza pedagógica do ensino de Ciências por investigação.

Nesses termos, fundamentados pela análise de conteúdo de Bardin (2011), construímos algumascategorias, organizadas da seguinte forma:

1. Trabalhos com atividades práticas: Reunindo pesquisas que discutem o ensino de Ciências porinvestigação a partir de alguma atividade prática;

2- Trabalhos sem atividades práticas: Reunindo pesquisas que discutem o ensino de Ciênciaspor investigação com discussões teóricas (pesquisas documentais, estudo da arte, etc.);

3-ideário teórico-conceptual implícito nos procedimentos: : Reunindo pesquisas que deixam deforma tácita nos procedimentos das atividades investigativas o ideário teórico que balizam práticasinvestigativas;

4-ideário teórico-conceptual explícito : Reunindo pesquisas que explicitam claramente ospressupostos teóricos aos quais as práticas investigativas se assentem;

5- Número total de trabalhos apresentados no ENPEC – Apresentando o número de todos ostrabalhos apresentados em cada edição do ENPEC;

6- Número total de trabalhos apresentados no ENPEC sobre o IENCI- Apresentando o númerode trabalhos apresentados no ENPEC especificamente sobre o IENCI

Como critério para considerar os trabalhos que deixam claro esse ideário, tomamos como basemanuscritos que para apontar a concepção investigativa vivenciada, necessariamente, não exigem umaanálise nos procedimentos utilizados nas práticas de ensino. Pensamos que, talvez, para os pesquisadoresaos quais os trabalhos não se encaixam nesse rol, a concepção investigativa ao qual partem seja clara nãoprecisando, por esse motivo, ser referenciada. Contudo, pensamos que a ausência dessas discussões dámargem a visões deformadas dessa perspectiva de ensino.

Feita essa análise geral, fizemos a leitura na íntegra de todos os artigos da categoria “Trabalhos comideário teórico-conceptual explícito”. Essa leitura foi realizada no objetivo de elencar componentes doensino de Ciências por investigação capazes de acenar essa perspectiva didática em uma conotação paraalém de técnica-metodológica.

Discutindo os resultados da pesquisa

Quadro 2: Número de trabalhos sobre o IENCI apresentado no ENPEC em suas edições 2009 a 2017

NÚMERO DE TRABALHOS SOBRE O IENCI APRESENTADO NO ENPEC EM SUASEDIÇÕES 2009 A 2017

VII ENPEC VIII ENPEC IX ENPEC X ENPEC XI ENPEC

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ENPECs(2009) (2011) (2013) (2015) (2017)

Trabalhos comatividades práticas 03 08 09 13 23

Trabalhos sematividades práticas 02 01 0 02 02

Trabalhos comideárioteórico-conceptualimplícito nosprocedimentos

03 05 08 12 19

Trabalhos comideárioteórico-conceptualexplícito

02 04 01 03 06

N° total detrabalhosapresentados noENPEC

233 1235 1019 1272 1335

N° total detrabalhosapresentados noENPEC sobre oIENCI

05 09 09 15 25

Fonte: O autor

A partir do levantamento teórico proposto, verificou-se que os trabalhos acerca do ensino de Ciências porinvestigação, embora, tenham aumentado nas cinco últimas versões do ENPEC, ainda, sãoconsideravelmente pouco explorados pelos pesquisadores em didática em Ciências, pois, dos 5094trabalhos publicados, apenas, 63 são referentes às práticas de ensino pautadas na investigação.

É perceptível também, que o ensino de Ciências por investigação, igualmente verificado por Trópia(2009) no período de 1980 a 2008, ainda, é bastante explorado em estudos voltados a experiências depráticas de ensino no cotidiano escolar em um foco mais procedimental que teórico-conceptual o que podeser evidenciado por um maior número de trabalhos que enfocam a temática por meio da proposição deaplicação de atividades práticas, principalmente, por meio do uso de sequências didáticas, denominadas desequência investigativa – SEI.

Em relação aos trabalhos que explicitam claramente em quais fundamentos teóricos balizam, organizam epautam suas atividades e práticas de ensino investigativas, encontramos 16 trabalhos. Dessa forma, cabeacentuar que encontramos 47 manuscritos que partem da visão do ensino por investigação como umaatividade, estratégia, metodologia, modalidade, ferramenta de ensino, ou mesmo, da aprendizagembaseada na investigação, ou, ainda, baseada na resolução de problemas sem a explicitação tácita de qualconcepção teórica partem. Interessante notar, que na última edição do ENPEC realizado em 2017 onúmero de trabalhos que afirmam ter pautado suas propostas de ensino nos pressupostos teóricos doensino por investigação, sinalizando inclusive quais eram esses pressupostos, foi bem maior em relaçãoaos anos anteriores, o que nos leva a inferência de que gradativamente está havendo uma ampliação no

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entendimento e percepção dessa abordagem de ensino. Apresentamos no quadro abaixo, trabalhos em queencontramos a discussão de práticas, metodologias e atividades investigativas contextualizadas aos seusfundamentos teóricos.

Quadro 3: Trabalhos apresentados no ENPEC em suas edições 2009 a 2017 que apresentamexplicitamente a ideia do IENCI em um corpo teórico que fundamenta práticas e metodologiasinvestigativas

TRABALHOS APRESENTADOS NO ENPEC EM SUAS EDIÇÕES 2009 A 2017 QUEAPRESENTAM EXPLICITAMENTE A IDEIA DO IENCI EM UM CORPO TEÓRICO QUEFUNDAMENTA PRÁTICAS E METODOLOGIAS INVESTIGATIVAS

VII ENPEC – 2009Nº do artigo Artigo analisado Autor Objetivo Considerações finais

01

O ensino porinvestigação e aspráticas Epistêmicas:Referenciais para aanálise da dinâmicadiscursiva dadisciplina “Projetosem bioquímica”

Silva

Analisar práticas epistêmicascomo elementos discursivosdefinidos como práticasenvolvidas na produção,comunicação e avaliação doconhecimento que poderiamser estudadas em situações deinvestigação em aulas deCiências.

O ensino porinvestigação é

visto como umaabordagem de ensinoque reproduzparcialmente aatividade científica,permitindo que osalunos questionem,pesquisem e resolvamproblemas

02

Um panorama daprodução acadêmicasobre a prática deensinar Ciências poratividades deinvestigação científicano ENPEC

Trópia

Mapear a produção acadêmicanas edições do ENPECrelacionada à prática deensinar ciências por atividadesde investigação cientifica nointuito de demarcar asperspectivas educativas queenglobam o tema

Identificaram-setrabalhos que seapropriam de umavisão neutra dainvestigaçãocientifica, e outrosque privilegiam umavisão social daatividadeinvestigativa

VIII ENPEC – 2011Artigo analisado Autor Objetivo Considerações finais

03

As práticasepistêmicas ejustificativaspresentes

nos processos detomada de decisão emuma atividadeinvestigativa escolar

Silva;Mortimer;

Análisar processos discursivose interativos vivenciados por

um grupo de alunos de umcurso superior de ciênciasbiológicas que se dedicavam auma atividade investigativaescolar

Foi identificado quenos momentos deprodução doconhecimentoemergem uma maiordiversidade depráticas epistêmicas,suscitadas peloenfrentamento dosproblemas imediatosque comparecem nassituações de trabalhoenvolvendo autilização dos

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elementos materiaisda investigação

04

O uso de coleçõeszoológicas a partir daabordagem do ensinopor investigação -

Possibilidades deintegração deconteúdos

Maia et. al

Analisar o uso de

coleções zoológicas, atravésda abordagem do ensino porinvestigação, além deverificar,

através das concepções dosalunos, a possibilidade deintegração de conteúdos dasdiversas

áreas da biologia

Ideia do ensino porinvestigação comoabordagem de ensinocapaz de integrardiversos temas dabiologia, abrindoespaços para quediversos temas sejamabordados ediscutidos de formaintegradora

05 Os sentidos atribuídosao ensino porinvestigação porprofessores nãoespecialistas emformação inicial

Garcia; Trazzi

Analisar a produção desentidos sobre o ensino deciências por investigação, apartir do discurso deprofessores não especialistasem formação inicial.

O fato dos sujeitosinvestigados seremgraduandos emPedagogia, semformação específicana área de Ciências,faz com que elesestejam mais focadosnas questões doensino e nem tantosobre a investigaçãoem si, nos moldes dasciências naturais.Portanto, ascaracterísticas de umainvestigaçãocientífica aparecematreladas ao domíniodos procedimentos eobjetivospedagógicos.

06

Relação epistêmicacom o saber no ensinode Biologia poratividadesinvestigativas

Trópia

Investigar as relações dealunos com o saber no ensinode

Biologia por atividadesinvestigativas

O saber Biologia seencontra afastado docontexto social emque estão imersosprevaleceu nasentrevistas. Isso poderemeter a resquíciosde uma visãodistorcida daatividade científicafrequente empropostaseducacionais nasegunda metade doséculo XX

IX ENPEC – 2013Artigo analisado Autor Objetivo Considerações finais

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07

A contextualização naAbordagem Temática

Freireana e no Ensinode Ciências pornvestigação

Solino; Gehlen

Analisar as concepçõesteórico- metodológicas sobreo papel da contextualizaçãopresentes na AbordagemTemática Freireana e noENCI, bem como suaspossíveis contribuições para oprocesso de ensinoaprendizagem de ciências.

Quando se exploramproblemas sociaiscomo ponto departida para estruturartodo a atividade, podehaver maior ênfase dacontextualizaçãosocial e quando há otrabalho com osproblemasconceituais, tendoestes como ponto departida apenas de umadeterminadaatividade, as quaisenvolvem osproblemas da ciência,pode haver maiorênfase nacontextualizaçãoconceitual

X ENPEC – 2015Artigo analisado Autor Objetivo Considerações finais

08

Abordageminvestigativa em aulaprática no contexto doPibid: como agem osestudantes de 9º anodo EnsinoFundamental

Chefer

Investigar a opinião deestudantes de um 9º ano doEnsino Fundamental de umaescola pública do municípiode Maringá-PR a respeito deuma aula com caráterinvestigativo em relação auma de caráter tradicionalista

Os grupos de alunosapresentaram ideiasdivergentes pararesolver os problemaspropostos, algumasdelas nem esperadas,o que mostrou queessa atividadecontribui para odesenvolvimento dashabilidades cognitivasdos estudantes.

09

Arquitetura daSequência de Ensinoem Biologia baseadaem Investigação(SEBBI): Construçãodos eixosestruturantes parasuperação dosobstáculos conceituaise metodológicos naalfabetização

Tonidandel;Trivelato

Apresentar os alicercesestruturantes de umasequência didática baseada eminvestigação, discutindo umaarquitetura básicaestabelecida em dois eixosintegrados para a açãopedagógica do professor: a) aestrutura investigativa baseadaem busca de evidências e b) asequência de construção

Depreendeu-se que,nas aulas da SEBBI,os alunos seaproximam deaspectos da naturezada ciência,especialmente dabiologia, e sãoestimulados aobservar dados, autilizar os dados nasrespostas, o que, decerta maneira, podepromover uma escritaargumentativa, ouseja, baseada na

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científica histórica da investigação docientista articulação de

evidências econclusão, apoiadosem conceitoscientíficos.

10Culturacientífica-escolar:uma proposiçãoteórica

Nascimento;Sasseron

Propor um esforço teórico depensar como uma abordageminvestigativa de ensino quebusca colocar o aluno frente aproblemas a serem resolvidos,suscitando o caráterinvestigativo inerente ao fazercientifico constitui um espaçode diálogo entre o próprio dofazer científico e as normas epráticas escolares

Aproximação entre osrepertórios escolar ecientífico que,potencialmente,transforma aatividade de ensino ecria terreno para quesujeitos concretos, aonegociarem suastáticas de execução,constituam umaculturacientífica-escolar.

XI ENPEC – 2017Artigo analisado Autor Objetivo Considerações finais

11

A alfabetizaçãocientífica e o ensinopor investigaçãocomo pressupostosteórico-metodológicospara a elaboração deuma sequênciadidática investigativasobre biodiversidade

Castro;Motokane

Apresentar uma Sequênciadidática investigativa baseadanos referenciaisteórico-metodológicos daalfabetização científica e doensino por investigação

A alfabetizaçãocientífica e o ensinopor investigaçãoproporcionam umambiente pedagógicoque possibilita aoestudante ampliar asua visão de mundo

12

Análise das questõesdas entrevistasrealizadas porestudantes do ensinomédio comagricultores de hortasurbanas

Benevides;Junior

Apresentar uma das atividadesde uma SEI desenvolvida comalunos da 3ª série do EnsinoMédio com o tema“agricultura convencionalversus agroecologia” numaperspectivaCiência-Tecnologia-Sociedade(CTS

As questões propostaspelos estudantesevidenciaramaspectos científicos,tecnológicos esociais, possibilitandoo esclarecimento desuas dúvidas ecuriosidades emrelação ao tema

13

AprendizagemBaseada emInvestigaçãointegrada àsTecnologias Digitaisde Informação eComunicação noEnsino de Ciências:

Albuquerqueet al

Analisar as diferentesabordagens de AprendizagemBaseada em Investigação(ABI) utilizadas no Ensino deCiências e o papel das TDICnestas experiências

Ideia do ensino deCiências porinvestigação comoabordagem em queestudantes sãoenvolvidos ematividadesinvestigativas pormeio da apresentaçãode situações problema

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uma revisão daliteratura

em que devem aplicaros procedimentoscientíficos.

14Ensino de Ciênciaspor Investigação eCultura Científica:tecendo relações

Briccia

Fazer uma relação entre oEnsino por Investigação e ainserção em uma culturacientífica, por meio de etapasou momentos destaabordagem, com elementosque descrevem como ocorre aconstrução do trabalhocientífico.

A Ciência possuicaracterísticaspróprias e que épossível aproximartais características asala de aula, quandofalamos em processosinvestigativos

15

Ensino de biologiapor investigação:caracterização daspráticas epistêmicasno contexto de umaatividadeinvestigativa deecologia

Silva et al

Caracterizar as práticasepistêmicas desenvolvidas nocontexto de sala de aula porsujeitos envolvidos em umaatividade investigativa sobredinâmica populacional

A atividadeinvestigativa propostapela professorapossibilitou odesenvolvimento depráticas epistêmicasda ciência nocontexto da sala deaula. Nesse processoinvestigativo osalunos participaramativamente daconstrução doconhecimento

16

Ensino de ciênciascomo prática: umaproposta para análiseda constituição denormas sociais emsala de aula

Nascimento;Sasseron

Análise de uma aula planejadae ministrada a partir de umaproposta de Ensino deCiências por Investigação

Percepção de umamudança das normasque regem aparticipação dosalunos no decorrer daaula, restando umquestionamento sobreo que conduz a talmudança.

Fonte: O autor

Fizemos a leitura de todos os 16 artigos na íntegra e delineamos categorias, que por suas ocorrênciasacabam por se constituir como componentes do ensino de Ciências por investigação. Consideramos queesses componentes acenam que essa perspectiva didática não se firma, apenas, na dimensãotécnica-metodológica, pois, englobam elementos que escapam desse recorte do fazer pedagógico. Dessemodo, se assentando em pressupostos, que concebem a produção do conhecimento como atividadehumana e social cujas construções se pautam em problemas que buscam respostas pela recusa de ummétodo científico rígido, bem como fora dos quadros do empirismo evidente (GIL PEREZ, 2001 et. al), oensino de Ciências por investigação, consequentemente, assume uma natureza técnica, mas, também,histórica, humana, sociopolítica, cultural e cognitiva o que lhe reveste de componentes estruturaismúltiplos, a saber:

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Quadro 4: Componentes do IENCI

COMPONENTES ESTRUTURAIS DO IENCI

Componentes Unidade de contexto Frequência nosTextos

Modos de fazer daCiência ressignificadospelos modos do fazereducativo

Modificação do fazer científico pelo esforço degarantir sentido ao processo de ensino;

01; 02; 03; 05; 06; 08;09 10; 13; 14; 15; 16

Práticas epistémicas daCiência

Conhecimento científico escolar relacionado avivências de práticas sociais semelhantes às quesão desenvolvidas pelos cientistas. Ações deprodução, comunicação e avaliação doconhecimento;

01; 02; 03; 04; 05; 06;07; 08; 09; 10; 11; 1213; 14; 15; 16

Compreensão danatureza da Ciência

Entendimento de como o conhecimentocientífico é produzido, processado, validado etransformado;

02; 05; 07; 08; 10; 11;12; 13; 14; 15

Desenvolvimento dehabilidades cognitivas

Alternância entre o fazer e o refletir a fim dedesenvolver potencialidades do raciocínio 06; 08; 13

Aprendizagem deconceitos científicos

Significação de conceitos e teorias da Ciênciaque abrangem fenômenos científicos

06; 07; 08; 09; 11; 12;13; 16

Valor social da Ciência

Relacionamento de questões científicas com ocontexto social, ambiental e tecnológico demodo a possibilitar ao aluno uma leitura demundo.

01; 02; 04; 05; 06; 07;08; 11; 12; 13; 14; 15;16

Fonte: O autor

Encontramos tais componentes, em linhas gerais, incorporados a trabalhos como os de Zômperu; Laburu(2011) que argumentam que o ensino de Ciências por investigação propicia a aprendizagem de conceitos,procedimentos, desenvolvimento de habilidades cognitivas e a compreensão da natureza da Ciência, bemcomo a trabalhos de Trópia (2011) na assertiva de que a perspectiva investigativa não é mais abordada emum prisma da realização de atividades empírico-experimentais pouco reflexivas, mas, discutida em tornoda natureza da Ciência como atividade humana, histórica e social, o que demarca os enlaces da atividadecientífica aos seus interesses políticos e econômicos no mundo contemporâneo. Ainda podemos visualizaros elementos, anteriormente citados, refletidos em pesquisas como as feitas por Solino (2017) quevislumbra o ensino por investigação como atividade interativa complexa que fundamentada em sentidos,significados, normas e práticas científicas em seu contexto dialógico, desenvolve nos estudanteshabilidades e aprendizagens investigativas.

Cabe bem frisar, que não temos a pretensão de exaurir o tema abordando aspectos totalizantes, até porque, tal intenção nos lançaria para o lado contrário, que seria compactar o ensino de Ciências porinvestigação em um corpo teórico fechado, propiciando uma visão caricaturada e reducionista. Esses doislados opostos são impertinentes a natureza do ensino por investigação, pois, sua interpretação é subjacenteà posição epistemológica do sujeito em relação à concepção da natureza da Ciência, bem como aconcepção de ensino e aprendizagem. Ainda assim, pensamos ser necessário trazer para discussãoelementos que, mesmo não se enclausurando em uma realidade rígida, fundamentam as práticas,metodologias, estratégias e atividades investigativas, pois, acreditamos que essa seja uma das maneiras denão reduzir essa prática de ensino, apenas, a uma técnica - procedimental.

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Considerações finais

A partir do levantamento teórico proposto, verificou-se que os trabalhos acerca do ensino de Ciências porinvestigação, embora, tenham aumentado nas cinco últimas versões do ENPEC, ainda, sãoconsideravelmente pouco explorados pelos pesquisadores em didática em Ciências. O alto número detrabalhos que versam sobre essa perspectiva de ensino, através de exemplos de atividades práticas sem aexplicitação tácita dos subsídios teóricos que as fundamentam, evidenciou que, ainda, essa forma deensinar os conteúdos de Ciências é bastante explorada em um foco mais procedimental queteórico-conceptual. Essa verificação, nos deixa de acordo que o ensino de Ciências por investigação,enquanto abordagem didática, isto é, rompendo os contornos dos aspectos técnico-instrumentais é poucopercebido nas propostas práticas.

Também foi constatado, que não aludindo um contexto teórico maior, ou, mesmo, visto somente em umadimensão procedimental, o ensino por investigação é denominado de várias formas: atividade, estratégia,metodologia, modalidade, ferramenta de ensino, aprendizagem baseada na investigação, ou, ainda,baseada na resolução de problemas. Apesar, da não expressividade do ensino de Ciências por investigaçãoenquanto abordagem didática ficou confirmado, que na última edição do ENPEC, realizado em 2017, onúmero de trabalhos que afirmam ter pautado suas propostas práticas de ensino nos pressupostos teóricosdo ensino por investigação, sinalizando inclusive quais eram esses pressupostos, foi bem maior em relaçãoaos anos anteriores. Esse fato, nos leva ao entendimento, que mesmo lentamente a percepção do ensinopor investigação enquanto abordagem didática vem sendo maturada.

Diante das respostas traçadas na presente pesquisa, inferimos que nenhuma práxis pedagógica é neutra,mesmo inconscientemente, ela é pautada em um posicionamento teórico que conduz o professor aescolher e dinamizar metodologias, atividades e recursos didáticos. Sendo assim, é certo que o ensino deCiências por investigação é revestido de uma natureza técnica, mas, para além desse recorte, também érevestido de uma natureza histórica, humana, sociopolítica e cultural, que quando devidamentecompreendida pelo professor o capacita para mais que adotar modelos investigativos prontos que deramcerto em determinados contextos; o capacita para fazer uso da capacidade criativa e do pluralismometodológico para transitar em pedagogias investigativas diversas, contextualizadas a cada realidadeeducativa sem perder o caráter social e humano da Ciência

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