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    EPISTEMOLOGIA FREIREANA E PS-COLONIALIDADE

    reflexes a partir da pesquisa participante na Amrica Latina

    Thiago Ingrassia Pereira1

    Resumo: o atual debate sobre estudos ps-coloniais aponta, entre outras questes, para umcenrio de reconstruo epistemolgica. Nesse sentido, a pesquisa em educao apresentacontribuies importantes a partir do campo da Educao Popular, paradigma latino-americano que surge em contraponto aos processos de dominao (econmica, poltica ecultural) advindos dos pases centrais do capitalismo no sculo XX. Dessa forma, a obra dePaulo Freire referncia em suas concepes antropolgicas, epistemolgicas, polticas eticas, ofertando premissas tericas que oportunizam a (re)construo do conhecimento a

    partir da realidade concreta das classes populares. Neste artigo, discuto elementos daepistemologia freireana que sustentam prticas de pesquisa participante, problematizando o

    prprio conhecimento acadmico em contexto permanente de disputa poltica, tendo em vistaque a colonialidade interfere de forma intersubjetiva na compreenso de mundo dos sujeitos.

    Palavras-chave: Ps-colonialidade. Paulo Freire. Reconstruo epistemolgica. PesquisaParticipante.

    Abstract: the current debate about postcolonial studies show, among other things, for a

    epistemological reconstruction scenario. In this sense, research in education has importantcontributions from the field of Popular Education, latin-american paradigm that arises incounterpoint to the processes of domination (economic, political and cultural) arising from thecapitalist core countries in the twentieth century. Thus, the work of Paulo Freire is a referencein its anthropological, epistemological, political and ethical conceptions, offering theoretical

    premises which nurture the (re)construction of knowledge from the concrete reality of thepopular classes. In this article, I discuss elements of Freire's epistemology that supportpractices of participatory research, questioning the academic knowledge in the permanentcontext of political dispute, in view of given that the coloniality interfere intersubjective wayin understanding the world of individual.

    Keywords: Post-colonialism. Paulo Freire. Epistemological reconstruction. ResearchParticipant.

    1Socilogo, Doutor em Educao. Professor Adjunto da rea de Fundamentos da Educao da UniversidadeFederal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Erechim. E-mail: [email protected]

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    1 Primeiras palavras

    O processo reflexivo acerca da (des)colonialidade nos remete ao aspecto poltico

    intrnseco produo do conhecimento nos meios acadmicos e no mbito da sociedade em

    geral. Na Amrica Latina, observa-se que o contexto da segunda metade do sculo XX vai

    originar experincias de organizao e formao de uma conscincia que busca (re)construir

    entendimentos acerca do mundo social, colocando a compreenso da realidade em disputa.

    Assim, a questo do conhecimento se constitui em um dos pontos centrais dos

    movimentos que promovem a Educao Popular como um projeto de emancipao dosoprimidos (FLEURI, 2002). Construda a partir dos saberes mobilizados na luta por

    reconhecimento e por dignidade, a Educao Popular assume diretrizes polticas de diversas

    orientaes (socialistas, libertrias etc) que convergem para o enfrentamento das situaes

    desumanizadoras que a explorao fomenta no cenrio capitalista.

    Um dos principais desdobramentos em termos metodolgicos deste paradigma a

    pesquisa participativa. Ao problematizar a lgica tradicional de pesquisa de cunho positivista,

    na qual a ciso entre sujeito e objeto est posta em uma realidade dada, essa modalidade deproduo do conhecimento se assenta na valorizao dos diversos saberes provenientes da

    leitura de mundodos sujeitos sociais, promovendo a equidade epistmica.

    A pesquisa passa a ser uma ao solidria, compartilhada entre sujeitos que buscam

    qualificar o entendimento do mundo, construindo e reconstruindo instrumentos tericos e

    metodolgicos para intervir no cotidiano. A pesquisa-ao anuncia que, para alm da

    compreenso, preciso que o conhecimento nos ajude na transformao social.

    Neste artigo, aspectos epistemolgicos e metodolgicos da Educao Popular sero

    discutidos, tendo como referncia o pensamento de Paulo Freire. Ao produzir essa reflexo,

    assumo a natureza complementar dos termos colonialismo e colonialidade, ainda que seu

    significado conceitual nos remeta a diferentes entendimentos, pois

    em sntese, enquanto o colonialismo tem claras ligaes geogrficas ehistricas, a colonialidade atua como matriz subjacente ao poder colonialque seguiu existindo aps as independncias polticas de nossos pases e que

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    hoje se perpetua pelas variadas formas de dominao norte sobre o sul(STRECK; ADAMS, 2014, p. 36).

    Considero, ento, a pesquisa participante como um desdobramento do projeto da

    Educao Popular. Por isso, apresento elementos que configuram o campo da Educao

    Popular para, num segundo momento, apresentar as caractersticas da pesquisa participante e

    as possibilidades que enseja de reconstruo epistemolgica.

    2 Princpios da Educao Popular

    Ao longo da segunda metade do sculo XX muitas experincias ligadas concepo

    de Educao Popular se desenvolveram na Amrica Latina. Essa diversidade de movimentos

    sob essa denominao no nos permite conceituar de forma precisa o que seja Educao

    Popular. Contudo, o exame histrico desse campo nos direciona para pelo menos trs

    movimentos que se entrecruzam desde o comeo do sculo XX:

    em primeiro lugar, os trabalhos de educao escolar e prticas de formaode quadros entre os operrios. Em segundo lugar, o movimento de

    educadores e intelectuais pela escola pblica e pela democratizao derivadada educao. Em terceiro lugar, os movimentos e campanhas dealfabetizao de adultos (FLEURI, 2002, p. 55).

    Esses movimentos so desdobramentos de duas vertentes que disputam a orientao de

    projetos no campo da Educao Popular (ZITKOSKI, 2000). Uma vertente voltada ao

    mundo da economia e do conhecimento instrumental, preparando segmentos das classes

    populares para o trabalho (sentido profissionalizante), apostando em processos de mobilidade

    social dentro da sociedade capitalista. Uma segunda vertente compreende a educao comomovimento popular, ou seja, centra-se na cultura popular como princpio estratgico para a

    transformao social.

    Seja numa dimenso mais reformista, seja uma dimenso mais revolucionria, entendo

    que essas duas vertentes da Educao Popular nos ajudam a pensar nosso papel como

    educadores, apostando em aes politicamente situadas em um projeto de transformao

    social.

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    Dessa forma, possvel termos como estratgia poltica a busca pela emancipao das

    classes populares a partir de uma educao como prtica da liberdade, na qual o

    desvelamento da realidade se apresenta como possibilidade de mudana. Essa estratgia no

    nos afasta de posies tticas dentro do sistema hegemnico, justificando, assim, movimentos

    de disputa por espaos institucionais do aparelho estatal, como a universidade pblica.

    Minha posio em relao ao conceito de Educao Popular construda na sntese

    entre essas duas vertentes histricas, tendo em vista o contexto histrico em que vivemos. Ao

    apostarmos na utopia da transformao social, caminhamos cotidianamente tensionando as

    estruturas opressoras e buscando criar e reinventar espaos e relaes sociais.

    A Educao Popular um saber originrio, sendo forjada nas relaes sociais que

    contm, em si, um carter educativo que se assenta na prpria condio humana em seu

    percurso cultural. Ao recuperar as razes do processo geral do saber, Carlos Rodrigues

    Brando aponta o saber escolar como uma ruptura em relao educao da comunidade,

    fomentando, com a institucionalizao da escola no Brasil, um trabalho poltico de luta pela

    democratizao da escola pblica. Segundo o autor,

    a produo de um saber popularse d, pois, em direo oposta quela quemuitos imaginam ser a verdadeira. No existiu primeiro um saber cientfico,tecnolgico, artstico ou religioso sbio e erudito que, levado a escravos,servos, camponeses e pequenos artesos, tornou-se, empobrecido, um saberdo povo. Houve primeiro um saber de todos que, separado e interdito,tornou-se saber erudito; o saber legtimo que pronuncia averdade e que,por oposio, estabelece como popular o saber do consenso de onde seoriginou. A diferena fundamental entre um e outro no est tanto em grausde qualidade. Est no fato de que um, erudito, tornou -se uma formaprpria, centralizada e legtima de conhecimento associado a diferentesinstncias de poder, enquanto o outro, popular, restou difuso no-centralizado em uma agncia de especialistas ou em um plo separado depoderno interior da vida subalterna da sociedade (BRANDO, 2006b, p.30-31).

    A posio poltica a favor da emancipao dos oprimidos ganha, com o movimento da

    sociedade, novos contornos. Inclusive, a relao seminal da Educao Popular com os

    movimentos sociais2ganha novas possibilidades histricas com o contexto da queda do Muro

    2Ver Gohn (1999), Ribeiro (2002, 2004) e Beninc (2011).

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    de Berlim (1989), fomentando o debate sobre a refundamentao3, refundao ou

    revivificao4do prprio paradigma.

    Dessa forma, a pedagogia do oprimido desdobra-se em pedagogias, no plural: de

    grupos juvenis, de direitos humanos, de ecologia, dos sem-teto, da terra e muitas outras. A

    educao popular passa a ser uma espcie de metapedagogia que abriga essas diferenas

    (STRECK, 2010, p. 306). O objeto deste artigo no proceder a uma exaustiva reviso

    histrica, terica e metodolgica da Educao Popular, muito embora os seus fundamentos

    sejam essenciais para a construo argumentativa que almejo acerca dos processos de

    descolonialidade.

    Dessa forma, me filio sntese a seguir sobre as principais caractersticas da Educao

    Popular:

    1) Educao Popular vem a ser todo o trabalho de base, orientado eorganizado com clareza da diferenciao de classes existente na estrutura dasociedade; 2) Educao Popular entendida como todas as aes voltadas realidade das classes trabalhadoras, com o objetivo de organiz-las poltica esocialmente; 3) Educao Popular a atuao consciente da classetrabalhadora na luta em defesa de seus direitos; tambm considera-se como

    Educao Popular a participao poltica e solidria dos sindicatos eassociaes em outros movimentos populares de lutas; 4) Educao Popular um processo educativo que liberta o homem em todos os sentidos,conscientiza e promove a participao social e poltica; a educao polticados trabalhadores, que prepara o trabalhador para lutar por seus direitos epela transformao da sociedade; 5) A Educao Popular volta-se realidade do povo, por isso, trabalha com os fatos concretos do cotidiano darealidade do povo, com base para superar as situaes limites que oprimemas pessoas, conhecendo-as, vendo o porqu das mesmas e discutindoestratgias de ao poltica para transp-las; 6) Educao Popular o ato deeducar o cidado com uma pedagogia que o leve a pensar por si prprio eque possibilite a construo da sociedade emancipada; 7) A Educao

    Popular requer um trabalho de conscientizao que se realiza a partir donvel sociocultural em que os educandos se encontram, permitindo aidentificao das diferenas e contradies sociais e, sobretudo,compreendendo que h leituras diferentes de acordo com o ponto de vista decada um; 8) Educao Popular uma educao vivenciada pelo povoatravs de seus saberes que devem ser problematizados para atingir, pormeio do dilogo, a organizao das classes populares na luta por seusdireitos iguais para todos; 9) A Educao Popular est articulada

    3 Nesse sentido, h a argumentao de Zitkoski (2000) ao aproximar Freire e Habermas no debate sobre arefundamentao da Educao Popular.4Segundo a linha argumentativa de Ghiggi (2010).

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    diretamente com os movimentos sociais para potencializar o projeto detransformao social. Ela , desse modo, o caminho para organizar a

    sociedade civil e recriar as estruturas sociais vigentes luz dos princpiosdemocrticos e de justia social (ZITKOSKI, 2011, p. 20-21).

    Nesse sentido, estabelecido pontos fundamentais do projeto poltico da Educao

    Popular, podemos discutir aspectos constituintes das prticas participativas de pesquisa que

    surgiram ao longo do sculo XX.

    3 Pesquisa participante e (des)colonialidade: apontamentos a partir de Freire

    Ao me situar no campo da Educao Popular, compartilho uma forma de ver e estar no

    e com o mundo e, em especial, de construir o conhecimento. Para Paulo Freire, as

    experincias dos sujeitos so o ponto de partida e de chegada da pesquisa social aplicada. Ao

    objetivar o cotidiano, o pesquisador realiza um movimento intelectual de apreenso desta

    realidade, permitindo que volte a ela ressignificando-a. Somente tomando distncia da

    realidade, em termos epistemolgicos, que consigo me aproximarde sua razo de ser 5.

    Assim, a epistemologia freireana, como parte do campo da Educao Popular, construda na sntese entre algumas vertentes tericas. Freire no procura ser desta ou daquela

    corrente filosfica, mas procura embasamento para explicar a vida prtica, j que ela o

    grande fenmeno a ser explicado, porque vivida, experenciada. Paulo Freire inaugura uma

    nova concepo epistemolgica caracterizada por ser dialgica, intersubjetiva e dialtica,

    abarcando a totalidade da experincia humana e profundamente articulada com sua

    concepo antropolgica, poltica e tica (ZITKOSKI, 2007, p. 233).

    Portanto, constri sua compreenso do processo cognoscente6

    influenciado pelafenomenologiade Husserl e pela dialtica materialistade Marx e Hegel. Sua epistemologia

    5 Nessa perspectiva, o processo de objetivao do mundo pela intencionalidade nos impulsiona para acapacidade crtica de reflexo que implica o distanciamento do mundo e ressignificao dos sentidos jconstrudos (ZITKOSKI, 2007, p. 238-239).6Em acordo com sua noo de educao articulada com a v ida e a transformao social, o ato cognoscente,

    para Paulo Freire, s poderia ser expresso de um processo de autopercepo do sujeito no mundo em que seencontra (BOUFLEUER, 2008, p. 82).

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    fomenta sua filosofia sobre a educao, passando por diferentes etapas ao longo de sua vasta

    produo bi(bli)ogrfica (SCOCUGLIA, 1999).

    Freire foi capaz de articular, com sucesso, o referencial fenomenolgicodatradio que parte de Husserl e se desenvolve com seus discpulos da 1 e 2geraes, principalmente com Sartre, Jaspers e Merleau-Ponty com afilosofia dialtica de Hegel e Marx. Esse um aspecto profundamenteoriginal e significativo, a partir do qual a epistemologia freireana ganhacorpo e articula-se coerentemente com uma viso antropolgico-polticalibertadora (ZITKOSKI, 2007, p. 235).

    Ainda sobre a perspectiva epistemolgica de Freire, importante destacar que ele no

    chega a construir, como desdobramento de suas concepes polticas e epistemolgicas,apenas um mtodo, pelo menos essa no parece ser sua preocupao fundamental, mas, sim,

    oferta uma teoria sobre a construo do conhecimento a partirdos oprimidos.

    Contudo, em termos de alfabetizao de adultos, Freire reconhecido como

    proponente de um mtodo que pretende, por meio da experincia de vida dos alfabetizandos,

    descodificadas no crculo de cultura, promover a leitura da palavra (BRANDO, 1983,

    2008).

    O Mtodo Paulo Freire muito mais a expresso de uma concepo poltico-

    pedaggica do que um conjunto articulado de procedimentos, ainda que deles tambm se

    constitua. Para fins desta reflexo, trago esses pontos da epistemologia de Freire para articular

    uma forma de produo do conhecimento que considere as vivncias, concretas e simblicas,

    dos sujeitos envolvidos na construo do conhecimento.

    Essa concepo assenta-se sobre o processo de ao e reflexo sobre o mundo, sobre a

    prxis7 humana. Isso acaba tensionando a posio original de nossa conscincia, que

    tributria de nossas vivncias imediatas (experincias), tendo um carter espontneo. Este o

    primeiro momento da tomada da conscincia e precede a chegada da esfera crtica, onde a

    7 Prxis pode ser compreendida como a estreita relao que se estabelece entre um modo de interpretar arealidade e a vida e a consequente prtica que decorre desta compreenso levando a uma ao transformadora(ROSSATO, 2008, p. 331). Para uma maior discusso sobre o conceito de prxis aplicado formao polticadas classes populares, ver Arruda (2003).

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    realidade transforma-se em objeto cognoscvel. A conscientizao entendida, assim, como a

    assuno de uma posio epistemolgica8.

    Assim, a conscientizao9 no um processo evolucionista direto e no algo

    espontneo que acontece nas pessoas. Est diretamente relacionada com o contexto social,

    sendo, por isso, que o trabalho de conscientizao das classes populares um grande desafio,

    visto que esse segmento sofre com a insuficincia de recursos para sanar adequadamente suas

    demandas materiais concretas (alimentao, sade, emprego, educao, acesso tecnologia,

    lazer, etc.).

    O real no est dado e o futuro no inexorvel e, sim, problemtico. A educaolibertadora atua nesse desvelamento das situaes que formam o cotidiano, assumindo uma

    conotao crtica. Desse modo, para Freire, conscincia e mundo esto implicados em relao

    dialtica, formando um corpo consciente que se forma socialmente na histria.

    Por isso, a epistemologia freireana fornece subsdios para a construo de prticas de

    produo do conhecimento que problematizem as noes tradicionais de pesquisa. Por isso,

    [...] o dualismo entre sujeito-objeto, que imperou ao longo da tradio filosfica, superado

    pela dialtica freireana em sua exigncia radical da vivncia dialgica no processo deconstruo do conhecimento (ZITKOSKI, 2007, p. 240).

    Esta superao do dualismo entre sujeito e objeto na pesquisa social indica uma forma

    de construo do conhecimento pautada pela troca, pela participao e pela compreenso da

    realidade como ponto de partida e de chegada do processo cognoscente.

    Assim, anuncio a modalidade de pesquisa participante em decorrncia do campo

    poltico e terico da Educao Popular, no qual a construo do conhecimento um ato

    solidrio e aplicado realidade das classes populares.

    8A passagem da conscincia ingnua para a conscincia crtica fruto de um processo de desenvolvimento dashabilidades individuais, estimuladas pela criatividade e pela compreenso da realidade social concreta. Aeducao crtica e emancipatria pode desempenhar importante papel nesta passagem. Ver Freire (2005).9Acredita-se geralmente que sou autor deste estranho vocbulo conscientizaopor ser este o conceito centralde minhas ideias sobre a educao. Na realidade, foi criado por uma equipe de professores do Instituto Superiorde Estudos Brasileiros por volta de 1964. Pode-se citar entre eles o filsofo lvaro Pinto e o professor Guerreiro.Ao ouvir pela primeira vez a palavra conscientizao, percebi imediatamente a profundidade de seu significado,

    porque estou absolutamente convencido de que a educao, como prtica da liberdade, um ato deconhecimento, uma aproximao crtica da realidade (FREIRE, 2008, p. 29).

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    Contudo, ao falar de pesquisa participante, no estou me referindo a uma definio

    precisa, muito embora alguns traos sejam decisivos nesta forma de produo do

    conhecimento: a) relevncia social, b) reformulao da relao tradicional sujeito-objeto e c)

    reconhecimento dos saberes populares como conhecimentos legtimos. Assim,

    um dos aspectos sobre os quais no h unanimidade o da prpriadenominao da proposta metodolgica. As expresses pesquisaparticipante e pesquisa-ao so frequentemente dadas como sinnimas.A nosso ver, no o so, porque a pesquisa-ao, alm da participao, supeuma forma de ao planejada de carter social, educacional, tcnico ououtro, que nem sempre se encontra em propostas de pesquisa participante(THIOLLENT, 2011, p. 13-14).

    De qualquer forma, ao adotar o referencial da pesquisa participante, estabeleo que

    [...] pesquisadores e pesquisados so sujeitos de um mesmo trabalho comum, ainda que em

    situaes e tarefas diferentes (BRANDO, 2006a, p. 11). A abordagem participativa indica

    o rompimento definitivo com a pretensa neutralidadeda pesquisa acadmica tradicional de

    recorte positivista, pois, ao produzirmos conhecimento, nos questionamos sobre sua

    pertinncia social (para quem?), sendo o prprio pesquisador um sujeito implicado com o que

    conhece.

    A pesquisa-ao, como um modo de pesquisa participante, carrega consigo as

    caractersticas que a situam como parte de uma estratgia de produo do conhecimento que

    avance em relao aos tradicionais mtodos que verticalizam os sujeitos epistmicos.

    Segundo Carlos Rodrigues Brando, a pesquisa participante avana em relao ao

    debate sobre cincia purae cincia aplicada, se inserindo numa estratgia que se fundamenta

    no outro. Se na pesquisa quantitativa criamos instrumentos e na perspectiva qualitativaconfiamos em ns como sujeitos da pesquisa, na pesquisa participante, eu, como pesquisador,

    confio no outro, no sujeito que interfere, se emociona, reage e constitui a situao em

    pesquisa. A pesquisa realizada no mbito da universidade deve levar conhecimento (que foi

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    construdo coletivamente) para a ao dos grupos populares, rompendo com uma constatao

    de Gramsci: eles sentem, mas no compreendem; ns compreendemos, mas no sentimos10.

    Reafirmo, assim, um ponto que me parece central desta perspectiva de pesquisa: todos

    os envolvidos na atividade de pesquisa so sujeitos do conhecimento, no h meros

    informantes. Isso no significa que todos sejam iguais, ao pesquisador cabe um conjunto de

    atividades pertinentes ao seu que-fazer. Por isso,

    a pesquisa participante deve ser compreendida como um repertrio mltiploe diferenciado de experincias de criao coletiva de conhecimentosdestinados a superar a oposio sujeito/objeto no interior de processos que

    geram saberes e na sequncia das aes que aspiram gerar transformaes apartir tambm desses conhecimentos (BRANDO; STRECK, 2006, p. 12).

    Prticas participantes de pesquisa se constituram como instrumento privilegiado de

    ao nos trabalhos de Educao Popular, principalmente a partir da dcada de 1970

    (BRANDO, 2006c). Desse modo, a realidade latino-americana o pano de fundo que

    orienta essa concepo de pesquisa, associando-se a prticas cientficas populares, a chamada

    cincia do homem comum (FALS BORDA, 2006a), potencializando o deslocamento de

    pesquisa dos trmites essencialmente acadmicos para o campo concreto da realidade. ParaOrlando Fals Borda (2006b, p. 75), socilogo colombiano, [...] os socilogos deviam

    reconhecer esse fato bvio, que o observvel no absoluto e que tem interpretao e

    reinterpretao.

    Ao interpretar um fato, fenmeno ou situao, os cientistas no podem evitar a

    interferncia de sua subjetividade na interpretao que fazem (FREIRE, 2006, p. 37);

    contudo, a responsabilidade tica do pesquisador diante dos achadosda pesquisa, ainda que

    eles contrariem nossas concepes pessoais, deve prevalecer.

    Dessa forma, os princpios metodolgicos que orientam a prtica participante de

    pesquisa so: a) autenticidade e compromisso, b) antidogmatismo, c) restituio sistemtica,

    10 Essas consideraes de Brando so provenientes de duas intervenes: 1) Seminrio de Pesquisa Pesquisa, Participao e Transformao Social, realizado entre os dias 20 e 21 de julho de 2006, em SoLeopoldoRS, pelo Grupo de Pesquisa: Mediao Pedaggica e Cidadania, da UNISINOS, integrando o DVDsobre o seminrio; 2) Ciclo de Conferncias Pesquisa-Ao e Pesquisa Participante: histria e prticas,

    promovido pelo Instituto Goethe, UNISINOS E PUCRS, entre os dias 20 e 23 de junho de 2011, em PortoAlegreRS.

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    d)feedbackpara os intelectuais orgnicos, e) ritmo e equilbrio de ao-reflexo e f) cincia

    modesta e tcnicas dialogais (FALS BORDA, 2006a). Como parte do aprender a conhecer

    (WANDERLEY, 2010), a pesquisa participante promove uma estrada de mo dupla: de um

    lado, a participao popular no processo de investigao. De outro, a participao da pesquisa

    no correr das aes populares (BRANDO, 2006c,p. 31).

    Para Gabarrn e Landa (2006), a identidade epistmica da pesquisa participante se d

    em trs dimenses: 1) ao transformadora, 2) produo de conhecimentos e 3) participao.

    A dimenso participativa das classes populares no processo de pesquisa articula a produo de

    conhecimento com a transformao social, pois elas, por sua condio, so interessadas na

    mudana (SILVA e SILVA, 2006).

    Outra dimenso importante neste paradigma de pesquisa a emancipao. De acordo

    com Michel Thiollent (2006, p. 161), emancipao o contrrio de dependncia, submisso,

    alienao, opresso, dominao, falta de perspectiva. O termo caracteriza situaes em que se

    encontra um sujeito que consegue atuar com autonomia, liberdade, autorrealizao etc.

    Portanto, ao situar este quefazercientfico participante, por meio da pesquisa-ao, possvel

    vislumbrarmos que esta estratgia de pesquisa se desdobra em duas frentes: 1) poltica,reafirmando a identificao com as demandas e interesses das classes populares e 2)

    acadmica, pois essa modalidade de pesquisa apresenta dois atributos bsicos: relao de

    reciprocidade entre sujeito e objeto e relao dialtica entre teoria e prtica (SILVA e

    SILVA, 2006, p. 127).

    Alm disso, a pesquisa-ao como abordagem participante parte de um projeto

    historicamente construdo que aponta para duas direes bsicas: a) vertente educacional da

    pesquisa participante construda a partir da obra de Paulo Freire, b) vertente sociolgica destamodalidade de pesquisa que encontra em Orlando Fals Borda sua base.

    Estabelecidos esses pontos em relao pesquisa participante como modalidade de

    pesquisa, possvel compreendermos que a articulao entre as dimenses ontolgica,

    epistemolgica e metodolgica no trabalho de pesquisa social (BAQUERO, 2009) aponta

    para a complexidade que envolve a reconstruo da realidade (FERNANDES, 1997) pelo

    pesquisador das cincias sociais.

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    Em se tratando de uma pesquisa de natureza qualitativa na rea das cincias humanas e

    sociais, entendo que a pesquisa social frequentemente acontece junto com seu pblico, sem

    laboratrios, uniformes e rituais que criem distncias artificiais (SOBOTTKA, 2005, p. 51).

    Essa uma potencialidade das prticas participativas de pesquisa no debate sobre a

    descolonialidade: partir dos saberes populares, valoriz-los, dot-los de validade epistmica,

    pois a leitura de mundo precede a leitura da palavra.

    Assim, novas possibilidades de conhecimento podem fundar novos entendimentos

    sobre a vida cotidiana, sobre a histria e sobre projetos futuros. Uma nova orientao em nvel

    intersubjetivo nos faz caminhar para o sul,suleandonossas conscincias. Nesse sentido,

    o sentido de sulear, portanto, sugere construir paradigmas endgenosenraizados em nossas realidades, invertendo a lgica que foi historicamentedeterminando o destino de nossos povos de fora para dentro. [...] Analisandoo caso brasileiro, [Freire] denunciou a atitude dos intelectuais queintrojetaram a viso europeia sobre o Brasil, como pas atrasado, posturaessa que fortalecia ainda mais a colonialidade (STRECK; ADAMS, 2014, p.38).

    Ao produzirmos nossas pesquisas em dilogo com os segmentos populares,

    provocamos novas possibilidades de prticas emancipatrias, que indicam caminhos

    contrrios aos processos de colonialidade. O argumento que estou apresentando no procura

    idealizar os saberes populares e apenas inverter a lgica hierrquica do conhecimento, pois,

    pelo contrrio, ao dialogar com Freire e demais autores de referncia do campo da Educao

    Popular, minha aposta que este debate epistemolgico seja precedido por uma postura

    poltica inserida em um projeto de transformao social.

    4 Consideraes FinaisUm dos objetivos deste artigo foi apresentar as implicaes da pesquisa participativa

    com a (des)colonialidade na Amrica Latina. Para isso, apresentei algumas caractersticas do

    pensamento freireano, tendo em vista o trabalho em nvel da prxis que a vertente da

    Educao Popular nos legou.

    Para alm das marcas do processo colonial em termos econmicos e polticos, ao me

    referir colonialidade destaco o aspecto intersubjetivo que promove cenrios permanentes de

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    dominao ideolgica, tanto na Amrica Latina como em frica. Assim, nosso complexo de

    vira-latas, na linha de Nelson Rodrigues, indicativo desse processo que assume algumas

    facetas de violncia simblica.

    A epistemologia freireana oferta interessante abordagem a partir da realidade material

    e simblica das classes populares, afirmando o estatuto epistmico dos sujeitos

    desumanizados pelo sistema opressor. Ao viver, as pessoas produzem conhecimentos que

    respondem a demandas postas pela sociedade de seu tempo histrico. Esse saber de

    experincia feito prximo a uma primeira leitura do mundo e precisa de aportes crticos

    que se sustentam na leitura da palavra, ao esta produzida em grande parte pelos processos

    de escolarizao.

    Nesse sentido, a conscincia parte do sujeito cognoscente, daquele que vive e produz

    um saber que brota dessa vivncia. Assim, basta ser homem para ser capaz de captar os

    dados da realidade. Basta ser capaz de saber, ainda que seja este saber meramente opinativo.

    Da que no haja ignorncia absoluta, nem sabedoria absoluta (FREIRE, 2007, p. 113). O

    desafio est em possibilitar aos sujeitos, a partir de processos emancipatrios, o

    desenvolvimento de percepes mais crticas dessa realidade que os cerca, que os influncia,mas no os determina.

    Dessa forma, os pressupostos da vertente da Educao Popular surgem e se afirmam

    no contexto latino-americano fazendo a denncia dos processos de dominao (cultural,

    econmica, poltica), anunciando possibilidades emancipatrias a partir da formao crtica

    dos sujeitos.

    Por isso, a questo do conhecimento na Educao Popular ponto central para a

    construo de novas leituras da realidade. As estratgias metodolgicas de pesquisa

    participante oportunizaram importante repertrio para a problematizao de aspectos

    presentes no pensamento colonial que fomentaram o quadro de colonialidade ainda presente

    em nossa sociedade.

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