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Escola ____________________________________________ Ano letivo _________ / __________ MÓDULO 10 – TEXTOS ÉPICOS E ÉPICO-LÍRICOS Teste 1 Mensagem, Fernando Pessoa I Lê com atenção o poema que se segue, de Mensagem. Padrão 1 O esforço é grande e o homem é pequeno. Eu, Diogo Cão 2 , navegador, deixei Este padrão ao pé do areal moreno E para diante naveguei. A alma é divina e a obra é imperfeita. Este padrão sinala ao vento e aos céus Que, da obra ousada, é minha a parte feita: O por-fazer é só com Deus. E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas 3 , que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português. E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma E faz a febre em mim de navegar Sumário Leitura analítica e crítica: texto épico-lírico. Leitura intertextual. Expressão escrita: texto expositivo-

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Lusíadas Vs Mensagem

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Escola ____________________________________________

Ano letivo _________ / __________

MÓDULO 10 – TEXTOS ÉPICOS E ÉPICO-LÍRICOS

Teste 1

Mensagem, Fernando Pessoa

ILê com atenção o poema que se segue, de Mensagem.

Padrão1

O esforço é grande e o homem é pequeno.

Eu, Diogo Cão2, navegador, deixei

Este padrão ao pé do areal moreno

E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.

Este padrão sinala ao vento e aos céus

Que, da obra ousada, é minha a parte feita:

O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano

Ensinam estas Quinas3, que aqui vês,

Que o mar com fim será grego ou romano:

O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma

E faz a febre em mim de navegar

Só encontrará de Deus na eterna calma

O porto sempre por achar.

Fernando Pessoa, Mensagem, edição de Fernando Cabral Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997

Sumário

Leitura analítica e crítica: texto épico-lírico. Leitura intertextual. Expressão escrita: texto expositivo-argumentativo.

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1Padrão: monumento de pedra que os navegadores portugueses erguiam nas terras que iam descobrindo.2Diogo Cão: navegador português que, em 1485, descobriu a foz do rio Zaire, a norte de Angola. 3Quinas: grupo de cinco escudos que figura nos símbolos nacionais de Portugal.

1. Indica as funções atribuídas ao «padrão» neste poema.

2. Explicita as relações de sentido que o primeiro e o quinto versos estabelecem entre si.

3. Analisa a importância que os vocábulos e expressões referentes à navegação assumem notexto.

4. Comenta o significado dos versos: «Que o mar com fim será grego ou romano:/O mar semfim é português» (vv. 11-12).

5. Descreve o retrato que o sujeito poético faz de si mesmo.

NOTA – Questionário retirado de Português B – Questões de Exame do 12.º Ano (1998-2003), vol. I, Lisboa, GAVE, 2004.

II

Lê com atenção os textos que se seguem, de Pessoa e de Camões, respetivamente, e procede à sua análise intertextual.

D. Dinis

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo

O plantador de naus a haver,

E ouve um silêncio múrmuro consigo:

É o rumor dos pinhais que, como um trigo

De Império, ondulam sem se poder ver.

Arroio4, esse cantar, jovem e puro,

Busca o oceano por achar;

E a fala dos pinhais, marulho obscuro,

É o som presente desse mar futuro,

É a voz da terra ansiando pelo mar.

Fernando Pessoa, Mensagem, edição de Fernando Cabral Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997

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Eis depois vem Dinis, que bem parece

Do bravo Afonso estirpe nobre e dina

Com quem a fama grande se escurece

Da liberalidade Alexandrina.

Com este o Reino próspero floresce

(Alcançada já a paz áurea divina)

Em constituições, leis e costumes,

Na terra já tranquila claros lumes.

Fez primeiro em Coimbra exercitar-se

O valeroso ofício de Minerva5,

E de Helícona6 as Musas fez passar-se

A pisar de Mondego a fértil erva.

Quanto pode de Atenas desejar-se

Todo o soberbo Apolo7 aqui reserva;

Aqui as capelas dá, tecidas de ouro,

Do bácaro8 e do sempre verde louro.

Nobres vilas de novo edificou,

Fortalezas, castelos mui seguros,

E quási o Reino todo reformou

Com edifícios grandes e altos muros;

Mas depois que a dura Átropos9 cortou

O fio de seus dias já maduros,

Ficou-lhe o filho pouco obediente,

Quarto Afonso, mas forte e excelente.

Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III, est. 96-98, edição de A. J. da Costa Pimpão, 4.ª ed., Lisboa, Instituto Camões, 2000

4Arroio: pequena corrente de água não permanente; regato. 5ofício de Minerva: a ciência. 6Helícona: monte da Beócia; as águas das suas fontes davam inspiração. 7Apolo: deus da música, da poesia e da medicina 8bácaro: planta aromática. 9Átropos: uma das Parcas, cuja missão consistia em cortar a vida de cada homem.

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1. Anota os traços caracterizadores de D. Dinis presentes em cada um dos textos.

2. Qual dos dois retratos te parece mais completo? Porquê?

3. Camões e Pessoa tratam de modo diferente a figura do rei D. Dinis. Indica possíveis razões justificativas das diferentes perspetivas adotadas.

III

Elabora um texto expositivo-argumentativo, de cento e cinquenta a duzentas palavras, em que apresentes o tema que consideras mais significativo na obra Mensagem, de Fernando Pessoa.

Fundamenta a tua opinião com argumentos decorrentes da tua experiência de leitura.

CotaçõesI (100 pontos) – 1.: 20 pontos; 2.: 20 pontos; 3. :20 pontos; 4.: 20 pontos; 5.: 20 pontos.II (50 pontos) – 1.: 20 pontos; 2.: 10 pontos; 3.: 20 pontos.III – 50 pontos.