EQUIPA DE DIABETES

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EDMA Factos e Números sobre a Diabetes i EDMA Associação Europeia de Fabricantes de Meios de Diagnóstico Meios de Diagnóstico in Vitro Fazer verdadeiramente a diferença na saúde e na qualidade de vida Novembro de 2007

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EDMA

Factos e Números sobre a Diabetesi

EDMA Associação Europeia de Fabricantes de Meios de Diagnóstico

Meios de Diagnóstico in Vitro

Fazer verdadeiramente a diferença na saúde e na qualidade de vida

Novembro de 2007

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Factos e números

1. Diabetes: definição e tipos

2. Peso da doença - Prevalência

- Qualidade de vida Escalas de medição específicas dos diabéticos

- Complicações

- Custos (verificar a diversidade dos pontos de vista)

3. Gestão da doença - Dispositivos para AVGS (episódica e contínua)

- O papel crítico da HbA1c

- A educação como um pré-requisito

4. Baseado em evidências - Definição do conceito de evidência

- Quais são as evidências actualmente disponíveis

- Como é que a indústria pode fornecer essas evidências

- Quais são as barreiras existentes para a indústria fornecer evidências:

éticas e financeiras

5. Papel da indústria - Investimento da indústria na concepção e desenvolvimento de

dispositivos

- Materiais educativos para doentes e profissionais de saúde, formação

contínua, congressos

Apêndice: Questões normativas (marca CE, qualidade)

Evolução das análises da glicose

Qualidade de vida: Escalas de medição específicas dos diabéticos

Acrónimos e definições

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Sobre a diabetes

1. Sobre a diabetes1

A diabetes é um doença que ocorre em consequência de problemas na produção e

fornecimento de insulina ao corpo e actualmente não tem cura2. A resolução da ONU

61/2253 identificou-a como um grave problema.

Existem duas formas principais de diabetes:

Diabetes do tipo 1 (antigamente conhecida como insulino-dependente), em que o

pâncreas não produz a insulina essencial à sobrevivência. Esta forma de diabetes

desenvolve-se com maior frequência nas crianças e adolescentes, mas actualmente é

cada vez mais identificada em fases mais tardias da vida.

Diabetes de tipo 2 (antigamente conhecida por diabetes não insulino-dependente);

resulta da incapacidade do corpo de responder adequadamente à acção da insulina

produzida pelo pâncreas. A diabetes do tipo 2 é muito mais comum que a de tipo 1 e

representa cerca de 90% de todos os casos de diabetes em todo mundo. Ocorre com

maior frequência nos adultos, mas também tem vindo a ser crescentemente

identificada em adolescentes.

Determinados marcadores genéticos foram identificados como aumentando o risco de

desenvolver diabetes do tipo 1. A diabetes do tipo 2 tem uma forte componente

hereditária, mas só recentemente é que alguns genes foram repetidamente associados a

um risco acrescido de desenvolver diabetes do tipo 2 em determinadas populações.

Ambos os tipos de diabetes são doenças complexas causadas por mutações em mais do

que um gene, bem como por factores ambientais.

A tolerância à glicose alterada (TGA) e a glicémia de jejum alterada (GJA) referem-se

a níveis de concentração de glicose no sangue acima do intervalo normal, mas

inferiores aos considerados como um diagnóstico de diabetes. As pessoas com TGA

e/ou GJA correm um risco substancialmente maior de desenvolver diabetes e doenças

cardiovasculares do que as pessoas que apresentem resultados normais de tolerância à

glicose. Os benefícios da intervenção clínica em pessoas com níveis moderados de

intolerância à glicose são actualmente um tópico que desperta muito interesse.

A diabetes durante a gravidez pode levar a várias consequências negativas, incluindo

malformações congénitas, aumento do peso à nascença e risco elevado de mortalidade

perinatal. Neste caso, o médico tem de diferenciar entre a gravidez em mulheres com

diabetes e a diabetes gestacional para conseguir proporcionar um tratamento adequado a

estas mulheres.

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Peso da doença

2. Peso da doença1

2.1 Prevalência

Dados compilados recentemente pela OMS1 mostram que aproximadamente 150

milhões de pessoas têm diabetes em todo o mundo e que este número pode muito bem

duplicar até 2025. Uma grande parte deste crescimento vai verificar-se em países em

vias de desenvolvimento e será devido ao crescimento da população, ao aumento da

esperança de vida, a dietas pouco saudáveis, à obesidade e ao sedentarismo. Em 2025, a

maioria das pessoas com diabetes nos países desenvolvidos terá uma idade igual ou

superior a 65 anos, ao passo que nos países em desenvolvimento a maioria situar-se-á

no intervalo dos 45-64 anos e será afectada durante os seus anos mais produtivos.

Em 2003, a diabetes afectava um número estimado de 27 milhões de pessoas nos 27

Estados Membros da União Europeia (mais de 7,6% da população) e era também uma

das principais causas de morte. Os últimos vinte anos foram testemunha dum aumento

explosivo da diabetes, ligado em geral à emergência da obesidade, entre outros factores.

Projecções recentes, baseadas na premissa duma taxa de obesidade estável, indicam que

cerca de 31,5 milhões de cidadãos (aproximadamente 8,9% da população) serão

afectados pela diabetes na UE em 20254. Este número pode ser ainda maior, dado que as

pessoas adoptam estilos de vida cada vez mais sedentários, tanto em casa como no

trabalho, o que, combinado com dietas desequilibradas, aumenta o risco de excesso de

peso. Para além dos custos humanos da doença já referidos, os custos financeiros

estimados da diabetes são assustadores, tendo custado ao Serviço Nacional de Saúde do

Reino Unido £5.185.314.000 em 2000. Terapias eficazes e uma intervenção ao nível

dos estilos de vida podem atrasar a aparição das complicações associadas à doença, mas

apesar disso estima-se que um terço dos casos de diabetes na Europa ainda não tenha

sido diagnosticado5.

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Estimativas da prevalência da diabetes mellitus (DM) – Região Europeia Ano seleccionado: 2003

Número de pessoas com DM (em milhares) no grupo etário 20-79 anos

País População

(20-79) em

milhares

Prevalência

de DM

(%)

Rural Urbana Homens Mulheres 20-39 40-59 60-79 Total

Alemanha 61.895 10,20% 0,00 0,00 2.879,3 3.415 374 1.752,7 4.167,6 6.294,3

Áustria 5.991 9,60% 0,00 0,00 258,5 317,5 38,8 172,7 364,5 576

Bélgica 7.531 4,20% 0,00 0,00 140,6 174,5 3,1 71,1 240,9 315,1 Bulgária 5.894 10,0% 135,8 455,4 235,7 355,5 37,6 248,1 305,5 591,2

Chipre 541 5,10% 0,00 0,00 12,3 15,4 0,9 9,4 17,5 27,7 Dinamarca 3.863 6,90% 0,00 0,00 120,9 144 23,3 87 154,6 264,9

Eslováquia 3.903 8,70% 0,00 0,00 167,5 171,3 35,9 135,6 167,2 338,7

Eslovénia 1.511 9,60% 0,00 0,00 72,2 73,1 13,1 53,5 78,6 145,2 Espanha 30.329 9,90% 0,00 0,00 1.209,7 1.794,6 838,4 973,2 1.192,6 3.004,3

Estónia 991 9,70% 0,00 0,00 43,4 52,9 8,6 33,3 54,4 96,3

Finlândia 3.755 7,20% 0,00 0,00 130,3 143,2 10,3 56,3 207 273,5 França 42.546 6,20% 0,00 0,00 1.306,3 1.347,3 175 1.045,3 1.433,3 2.653,6

Grécia 8.069 6,10% 0,00 0,00 217 276 12,9 129 351 493

Hungria 7.350 9,70% 0,00 0,00 336,3 375,1 62,6 259,5 389,2 711,4 Itália 43.925 6,60% 0,00 0,00 1.400,2 1.479,9 185,7 1.009,4 1.684,9 2.880,1

Letónia 1.758 9,90% 0,00 0,00 77,5 96,1 15,1 58,4 100,1 173,6

Lituânia 2.648 9,40% 0,00 0,00 114,7 134,2 24,6 84,8 139,5 248,9 Malta 280 9,20% 0,00 0,00 10,6 15,3 0,3 9 16,5 25,8

Países Baixos 11.678 3,70% 0,00 0,00 203,4 228,8 5,3 118,3 308,5 432,2

Polónia 27.852 9,00% 0,00 0,00 1.238,7 1.267,8 239 1.002,5 1.265 2.506,5 Portugal 7.471 7,80% 0,00 0,00 278,5 305,9 14,9 170,9 398,7 584,5

Reino Unido 42.423 3,90% 0,00 0,00 813,7 857,9 89,4 588,9 993,3 1.671,5

República Checa 7.734 9,50% 0,00 0,00 365,2 369,6 66,8 286,2 381,9 734,9 Rep.da Irlanda 2.674 3,40% 0,00 0,00 43,7 46,2 6 34,4 49,4 89,8

Roménia 16.392 9,30% 0,00 0,00 760 759,2 154,7 519 845,6 1.519,2

Suécia 6.290 7,30% 0,00 0,00 206,4 250,5 36,3 140,1 280,5 456,9

Total 355.315 7,60% 135,8 455,5 12.642,4 14.466,7 2.472,6 9.048,5 15.587,9 27.109,1

Fonte: IDF Atlas da Diabetes, 3 edição, http://eatlas.idf.org/

Estimativas da prevalência da diabetes mellitus (DM) – Região Europeia Ano seleccionado: 2025

Número de pessoas com DM (em milhares) no grupo etário 20-79 anos

País População

(20-79) em

milhares

Prevalência

de DM

(%)

Rural Urbana Homens Mulheres 20-39 40-59 60-79 Total

Alemanha 60.03ii 11,9% 0 0 3.459,1 3.684,4 293,8 1.852,9 4.997,0 7.143,7 Áustria 5.887 11,9% 0 0 338,3 364,5 28,2 187 487,5 702,8

Bélgica 7.658 5,2% 0 0 180,4 214,2 2,6 74,9 317,1 394,6

Bulgária 4.871 11,6% 93,7 471,2 223,1 341,7 28,8 233,3 302,8 564,9 Chipre 637 6,3% 0 0 39159.00iii 21,8 1 10,5 28,6 40,1

Dinamarca 3.988 8,3% 0 0 148,2 182,2 20,3 83,3 226,8 330,4

Eslováquia 4.127 10,7% 0 0 219,2 224,1 31,7 153,6 258,1 443,3

Eslovénia 1.451 12,0% 0 0 86,8 86,7 9,5 54,7 109,2 173,5

Espanha 29.155 10,1% 0 0 1.478,9 1.466 40 874 2.030,9 2.944,9

Estónia 814 11,0% 0 0 41,7 47,7 6,4 30,2 52,8 89,4 Finlândia 3.822 10,0% 0 0 186 198 9,3 47,1 327,6 383,9

França 45.141 7,3% 0 0 1.609,5 1.675,8 156,3 1.058,2 2.070,8 3.285,3

Grécia 7.767 7,3% 0 0 254,3 312,1 9,2 153,4 403,8 566,4 Hungria 6.807 11,2% 0 0 364,7 397 49,4 261,7 450,6 761,1

Itália 40.482 7,9% 0 0 1.583,5 1.614,8 116,4 1.093,1 1.988,8 3.198,3

Letónia 1,61iv 11,1% 0 0 84,4 93,7 12,7 60 105,5 178,2 Lituânia 2.626 10,8% 0 0 136 148,1 21,2 96,8 166,1 284,1

Luxemburgo 415 4,4% 0 0 39.180.00v 9,8 0,2 3,7 14,3 18,1

Malta 303 11,6% 0 0 39.187.00vi 49,4 0,3 7,9 26,9 35,1 Países Baixos 12,538 5,1% 0 0 290,9 344,4 4,4 127,8 503,2 635,3

Polónia 28.567 11,0% 0 0 1.545,9 1.606,7 217,8 1.017,5 1.917,3 3.152,6 Portugal 7.456 9,5% 0 0 344,4 361,8 11 210,7 484,5 706,2

Reino Unido 45.322 4,7% 0 0 1.079,8 1.061,5 79,4 628,2 1.433,7 2.141,4

República Checa 7.599 11,7% 0 0 441,9 445,5 51,9 292,2 543,3 887,4 Rep.da Irlanda 3,29vii 4,1% 0 0 66 68,5 6 45,3 83,2 134,5

Roménia 15,86viii 10,6% 0 0 834,3 842,7 123 645,1 908,8 1.676,9

Suécia 6.373 8,6% 0 0 245,6 302,6 32,9 131,5 383,8 548,2

Total 354.597 8,9% 93,7 471,2 15.285 16.163,3 1.363,7 9.434,6 20.623 31.421,1

Fonte: IDF Atlas da Diabetes, 3 edição, http://eatlas.idf.org/

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Diabetes tipo 1

Frequência:

Nos EUA, cerca de 5 a 15% de todos os casos de diabetes são de tipo 1. É a doença

metabólica mais comum na infância, com uma incidência anual de 15 casos por cada

100.000 pessoas com menos de 18 anos. Aproximadamente 1 milhão de americanos

têm diabetes do tipo 1 e os médicos diagnosticam cerca de 10.000 novos casos por

ano.

A Escandinávia tem a prevalência mais elevada de taxas de diabetes de tipo 1, com

aproximadamente 20% do total do número de pessoas com a doença, ao passo que a

China e o Japão apresentam as taxas de prevalência mais baixas, com menos de 1%

de pessoas com diabetes. Algumas destas diferenças podem estar relacionadas com

questões respeitantes a definições e à abrangência dos relatórios.

Mortalidade/morbilidade:

A diabetes do tipo 1 está associada a uma alta morbilidade e uma mortalidade

prematura devido às complicações associadas à doença. O custo financeiro anual global

da diabetes nos EUA é superior a 100 mil milhões de dólares, sendo responsável por

quase 1 dólar por cada 7 dólares em gastos de saúde nos EUA em 1994, em termos de

cuidados médicos e quebra de produtividade. Os progressos no tratamento que

permitem um controlo glicémico apertado e o controlo das morbilidades associadas (por

exemplo, hiperlipidémia) podem reduzir significativamente a incidência de

complicações micro e macrovasculares.

Em consequência destas complicações, as pessoas com diabetes têm um risco acrescido

de desenvolver doenças isquémicas cardíacas, doenças cerebrovasculares, doenças

vasculares periféricas com gangrena dos membros inferiores, doenças renais crónicas,

acuidade visual reduzida e cegueira e neuropatias autónomas e periféricas.

Género: a diabetes do tipo 1 é mais comum nos homens que nas mulheres.

Idade: a diabetes do tipo 1 normalmente aparece nas crianças com idade igual ou

superior a 4 anos e com um pico de incidência cerca dos 11-13 anos, coincidindo com

o início da adolescência e a puberdade. Uma incidência relativamente alta da diabetes

também se verifica nas pessoas com trinta e muitos e quarenta e poucos anos, em que

tende a surgir sob uma forma menos agressiva (hiperglicémia inicial sem cetoacidose e

aparecimento gradual de cetose) 6

.

Diabetes tipo 2

Frequência:

Nos EUA, em 2002, a prevalência estimada da diabetes era de 6,3% (18,2 milhões de

pessoas) com aproximadamente um quarto dos casos sem estarem diagnosticados. Mais

de 90% dos casos de diabetes eram de tipo 2. Com um aumento da obesidade entre a

população, uma população mais velha e um aumento da população dos grupos

minoritários de risco acrescido (ver “Raça”), a prevalência da diabetes tipo 2 tem vindo

a aumentar.

Page 7: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

A diabetes do tipo 2 é menos comum nos países não ocidentais, em que a dieta contém

menos calorias e o gasto calórico diário é mais elevado. No entanto, à medida que as

pessoas que vivem nestes países adoptam estilos de vida ocidentais, ganham peso e a

diabetes do tipo 2 torna-se virtualmente epidémica.

Mortalidade/morbilidade:

A diabetes é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade nos EUA devido

ao papel que desempenha no desenvolvimento de doenças oftalmológicas, renais,

cardiovasculares e neuropatias. Estas complicações e muito especialmente as doenças

cardiovasculares (que são responsáveis por 50 a 75% das despesas clínicas) são as

principais fontes de despesa para os doentes com diabetes. Aproximadamente dois

terços das pessoas com diabetes morrem com ataques cardíacos ou síncopes. Os homens

com diabetes correm duas vezes mais riscos de contraírem doenças cardíacas coronárias

e as mulheres apresentam um risco 3 a 4 vezes maior. A estimativa de 2002 para custos

clínicos directos devidos à diabetes nos EUA era de 92 mil milhões de dólares, com

mais 40 mil milhões de dólares em custos indirectos. Aproximadamente 20% dos gastos

dos seguros de saúde dizem respeito a estes doentes.

Nos Estados Unidos da América, a diabetes de tipo 2 é:

A principal causa de cegueira em adultos em idade produtiva, sendo responsável

por 12.000 a 24.000 novos casos de cegueira todos os anos; o National Eye Institute

estima que 90% dos casos de perda de visão podem ser prevenidos.

A principal causa de doenças renais em fase final, sendo responsável por 44% dos

casos novos de acordo com o Centro para Controlo e Prevenção de Doenças (Centre

for Disease Control and Prevention - CDC). Em 2001, 42.813 pessoas iniciaram

terapia de substituição renal e 142.963 pessoas com diabetes faziam diálise ou

tinham recebido o transplante renal;

A principal causa de amputação não traumática dos membros inferiores, com um

risco acrescido 15 a 40 vezes superior ao da população não diabética; em 2000-

2001, foram realizadas cerca de 82.000 amputações não traumáticas dos membros

inferiores relacionadas com neuropatias e vasculopatias.

Género: a diabetes mellitus do tipo 2 é ligeiramente mais comum nas mulheres mais

idosas do que nos homens.

Idade: Embora a diabetes de tipo 2 tenha sido tradicionalmente associada a pessoas com

mais de 40 anos, é cada vez mais identificada em pessoas jovens, principalmente em

grupos raciais e étnicos altamente susceptíveis. Nalgumas áreas, é diagnosticada mais

diabete do tipo 2 do que do tipo 1 em crianças pré-púberes, adolescentes e adultos

jovens. A diabetes do tipo 2 é observada mesmo em algumas crianças obesas. A

prevalência da diabetes aumenta com a idade. Virtualmente todos os casos da doença

em indivíduos mais velhos são de diabetes do tipo 2. 7

Page 8: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Gravidez em mulheres com diabetes8, 9, 10, 11

A gravidez coloca um grande desafio à saúde e gestão das pessoas com diabetes. Para

conseguir uma gravidez saudável numa mulher com diabetes, o seu nível de glicose no

sangue deve ser mantido dentro do intervalo normal, tanto antes como durante a

gravidez. Tal obriga a um plano de gestão da diabetes que mantém as refeições, o

exercício e a insulina em equilíbrio face a um plano que evolui durante a gravidez para

reflectir as necessidades em evolução da mãe. A maior parte destes cuidados reconduz-

se à medição frequente das concentrações de glicose no sangue da mulher. Com a

glicose no sangue dentro do intervalo pretendido e bons cuidados médicos, a

probabilidade das mulheres com diabetes terem uma gravidez sem problemas e um bebé

saudável é quase igual à das mulheres que não sofrem desta doença.

Apesar dos progressos clínicos modernos, os bebés nascidos de mulheres com diabetes

e especialmente de mulheres com um fraco controlo da sua diabetes ainda apresentam

um risco acrescido de sofrer defeitos à nascença. Dado que a maioria das mulheres não

sabe que está grávida até o feto ter entre duas e quatro semanas, é muito importante

manter um bom controlo da glicose no sangue antes de engravidar. Durante as

primeiras seis semanas de gravidez, os órgãos do feto estão em formação. Os níveis de

glicose no sangue durante estas primeiras semanas afectam estes órgãos em

desenvolvimento. Níveis elevados de glicose no sangue fazem com que a glicose e as

cetonas passem para o feto através da placenta. As mulheres com uma diabetes mal

controlada nas primeiras semanas de gravidez têm entre duas a quatro vezes mais

probabilidades do que as mulheres sem diabetes de ter um bebé com um distúrbio grave,

tal como malformações cardíacas ou do tubo neural; no entanto, o controlo da glicose

no sangue na altura da concepção reduz significativamente estes riscos.

Os níveis elevados de glicose no sangue também têm como consequência o feto ser

“alimentado” com glicose extra durante a gestação. Esta glicose em excesso pode

tornar o feto demasiado grande e gordo, sendo o parto do bebé maior mais difícil tanto

para a mãe como para o bebé. Da mesma forma, devido ao facto do feto receber glicose

extra, o seu pâncreas também produz insulina extra. Depois do nascimento, o bebé tem

de ser acompanhado e tratado se os níveis de glicose no sangue caírem em demasia em

virtude da produção de insulina extra.

Durante a gravidez, o corpo da mãe altera-se à medida que o feto cresce e, se a mãe

padecer de diabetes, estas alterações afectam os níveis de glicose no sangue. A gravidez

também pode fazer com que os sintomas de níveis baixos de glicose no sangue sejam

difíceis de detectar e esta é outra razão porque um bom controlo da glicose é importante

durante uma gravidez. Assim, uma parte crucial dos cuidados da mãe e do feto em

desenvolvimento passa pelo auto-vigilância da glicose no sangue antes da concepção

e durante e após a gravidez.

Diabetes gestacional

A diabetes gestacional desenvolve-se normalmente a meio da gravidez (20 a 24

semanas) e é causada pelas alterações das hormonas do corpo durante a gravidez. Para

além de fornecer nutrientes e água ao feto, a placenta produz um determinado número

de hormonas vitais para a gravidez, algumas das quais inibem a insulina. À medida que

a placenta se torna maior durante a gravidez, cada vez produz mais hormonas

Page 9: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

placentárias, tendo como consequência uma resistência acrescida à insulina. Na maior

parte das mulheres, o pâncreas é capaz de produzir insulina adicional para ultrapassar

esta resistência à insulina; no entanto, se o pâncreas for incapaz de produzir insulina

suficiente, surge uma diabetes gestacional. Cerca de três a cinco por cento de todas as

mulheres grávidas desenvolvem diabetes gestacional durante a gravidez. A diabetes

gestacional termina com o nascimento do bebé porque a remoção da placenta significa

que a fonte de hormonas que inibem a insulina desaparece.

O meio mais importante de tratar a diabetes gestacional é controlar os níveis de glicose

no sangue através de dieta, exercício regular e auto-vigilância da glicose no sangue pela

paciente. Uma auto-vigilância frequente da glicose no sangue ajuda a conseguir uma

gravidez sem problemas e um bebé saudável. Apesar de fazer estas alterações no seu

estilo de vida, os níveis de açúcar no sangue de algumas mulheres mantêm-se

demasiado elevados e podem ter de tomar injecções de insulina diariamente. A insulina

extra não atravessa a placenta nem afecta o feto.

2.2 Qualidade de vida

A qualidade de vida é uma forma adequada de entender o peso da doença e, em

consequência, a melhoria dos cuidados. É adequada porque é determinada pelo valor da

saúde do ponto de vista das pessoas com diabetes e dos seus prestadores de cuidados.

A qualidade de vida comporta vários aspectos (físicos, psicológicos e sociais) que

podem ser medidos com as ferramentas seguintes que enfatizam os diferentes aspectos

considerados:

Escalas de medição específicas dos diabéticos13

Perfil de Cuidados da Diabetes (PCD)

Escala de Úlcera do Pé Diabético (EPD)

Escalas de Medição do Impacto da Diabetes (EMID)

Teste de Conhecimento da Diabetes (TCD)

Historial da Diabetes Mellitus (HDM)

Questionário sobre a Qualidade de Vida da Diabetes em Ensaios Clínicos(QQVDEC)

Medição da Qualidade de Vida da Diabetes (QVD)

Escala da Qualidade de Vida da Diabetes para Jovens (QVDJ)

Perfil de Auto-Gestão da Diabetes (PAGD / PAGD-F)

Escala de Qualidade de Vida Específica da Diabetes (QVED)

Auditoria da Qualidade de Vida Dependente da Diabetes (AQVDD)

Avaliação da Escala de Diabetes (AED)

Avaliação do Medo de Hipoglicémia (AMH)

Escala do Impacto de Doenças Infantis (IDI)

Questionário Multi-Dimensional da Diabetes (QMD)

Questionário de Bem –Estar (QBE)

Questionário do Medo de Injectar e Auto-Análise da Diabetes (MIA-D)

Perfil de Saúde da Diabetes (PSD-1 e PSD-18)

Questionário de Sintomas da Diabetes (McColl, Steen e outros, 1995)

[Ver Anexo 3: Escalas de Medição Específicas dos Diabéticos]

Page 10: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Os resultados de estudos sobre doentes mostram que as pessoas que mantêm os seus

níveis de glicose sob controlo têm uma melhor qualidade de vida. A qualidade de vida

desempenha um importante papel na descrição do peso da doença dum ponto de vista

do paciente. Num estudo multi-cêntrico, os investigadores descobriram que com a

aparição de complicações micro ou macrovasculares, a qualidade de vida (0,69 e 0,69,

respectivamente) é afectada negativamente e a presença de ambos os tipos de

complicações reduz ainda mais a pontuação da qualidade de vida para 0,59.

O tratamento com insulina também foi associado a uma qualidade de vida reduzida

(0,62). A análise multi-variáveis mostrou que os factores seguintes constituem, por si

só, uma previsão duma qualidade de vida mais fraca: género, complicações, tipo de

tratamento, idade, obesidade e hiperglicémia. Os resultados levaram à conclusão queix

a

qualidade de vida relacionada com a saúde é uma questão importante na diabetes do

tipo 2 e que esta diminui com a doença13

.

No estudo francês QUODIEM, os investigadores também descobriram que a qualidade

de vida de diabéticos do tipo 2 é influenciada negativamente pela idade (>75 anos), pelo

género feminino, pela solidão e pela ausência de actividade profissional ou física. Mas

também sublinharam que a auto-gestão da glicémia estava associada a uma melhor

qualidade de vida14

.

Um aspecto psicológico importante da qualidade de vida das pessoas com diabetes é a

elevada prevalência da depressão. As pessoas que sofrem de depressão estão menos

inclinadas a fazer alterações do estilo de vida que vão ao encontro dos objectivos do

tratamento. A educação do paciente tem necessariamente de ter este facto em conta para

garantir uma gestão adequada da doença.

Os dados de estudos prospectivos e de secção cruzada demonstram que a presença de

diabetes duplica o risco de depressão co-mórbida. Esta co-morbilidade frequentemente

ignorada afecta mais de um quarto da população diabética, tornando o seu

reconhecimento e tratamento em doentes diabéticos clinicamente relevante. A depressão

concomitante está associada a uma diminuição do controlo metabólico, a uma má

aderência à medicação e regimes dietéticos, uma redução da qualidade de vida e um

aumento dos gastos com a saúde. Por sua vez, o mau controlo metabólico pode

exacerbar a depressão e diminuir a resposta a regimes anti-depressivos. A psicoterapia e

a farmacoterapia são eficazes na presença de diabetes; tanto as terapias

comportamentais cognitivas como os inibidores selectivos da recaptação da serotonina

são neutros em termos de peso e têm sido associados a uma melhoria da glicémia em

alguns estudos15

.

2.3 Complicações16, 17, 18, 19, 20

Complicações associadas à diabetes

A diabetes reduz a esperança de vida média por um valor que pode ir até aos 18 anos,

aumenta duas a quatro vezes o risco de doenças cardiovasculares e é a principal causa

de insuficiência renal, amputação dos membros inferiores e cegueira em adultos. Entre

as complicações da diabetes temos:

Page 11: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Retinopatia diabética: trata-se da principal causa de cegueira e deficiência visual.

A diabetes está associada a danos nos pequenos vasos sanguíneos da retina tendo

como consequência a perda da visão. Os resultados, coerentes dum estudo para

outro, permitem sugerir que depois de 15 anos de diabetes aproximadamente 2% das

pessoas ficam cegas, ao passo que cerca de 10% desenvolvem deficiências visuais

graves. A perda de visão devido a determinados tipos de glaucoma e cataratas

também pode ser mais comum em pessoas com diabetes. Um bom controlo

metabólico pode atrasar o aparecimento e a progressão da retinopatia diabética. A

perda de visão e cegueira em pessoas com diabetes podem ser prevenidas por uma

detecção precoce e tratamento da retinopatia que ameaça a visão, através de exames

oftalmológicos regulares e duma intervenção atempada com tratamento laser, e, em

casos de retinopatia avançada, intervenção cirúrgica. Existem dados no sentido de

que, mesmo nos países desenvolvidos, uma grande fatia destes pacientes com

diabetes que necessitam de tratamento da sua retinopatia não recebem este tipo de

cuidados devido à falta de consciencialização do problema por parte do público e

dos profissionais, agravada pela falta de facilidades de tratamento. Nos países em

vias de desenvolvimento, em muitos dos quais a diabetes é hoje comum, estes

cuidados são inacessíveis para a maioria da população.

A diabetes encontra-se entre as principais causas de insuficiência renal e o seu

impacto varia entre populações, estando também relacionado com a gravidade e

duração da doença. Foram identificadas muitas medidas para abrandar a progressão

dos danos renais, incluindo o controlo dos níveis elevados de glicose, controlo da

tensão arterial elevada, intervenção com medicação nas fases iniciais dos danos

renais e restrições proteicas na dieta. A despistagem e detecção precoces das

doenças renais de origem diabética são um importante meio de prevenção.

As doenças cardíacas são responsáveis por aproximadamente 50% de todas as

mortes em pessoas com diabetes nos países industrializados. Os factores de risco

relativos a doenças cardíacas nestas populações incluem o tabagismo, a tensão

arterial elevada, o colesterol alto e a obesidade. A diabetes elimina a protecção de

doenças cardíacas de que beneficiam as mulheres pré-menopaúsicas sem diabetes. O

reconhecimento e a gestão destes problemas podem atrasar ou prevenir as doenças

cardíacas em pessoas com diabetes.

A neuropatia diabética é provavelmente a complicação mais comum da diabetes.

Os estudos sugerem que um número que pode ir até aos 50% das pessoas com

diabetes são afectadas em alguma medida. Um dos principais factores de risco que

contribui para esta afecção é o nível e a duração da glicose elevada no sangue. A

neuropatia pode levar a perdas sensoriais e danos nos membros e é também uma

das principais causas de impotência em homens diabéticos.

A doença do pé diabético, devido a alterações dos vasos sanguíneos e nervos, leva

muitas vezes a ulceração e posterior amputação do membro. É uma das

complicações mais dispendiosas da diabetes, especialmente em comunidades com

calçado inadequado. Resulta tanto de processos de doença vascular como

neurológica. A diabetes é a causa mais comum de amputação não traumática dos

membros inferiores. Uma inspecção regular e um bom cuidado do pé podem

impedir o desenvolvimento desta doença.

Page 12: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Riscos da hipoglicémia

A hipoglicémia é o síndroma clínico que resulta de níveis de açúcar baixos e cujos

sintomas e gravidade podem variar de pessoa para pessoa. Classicamente, a

hipoglicémia é diagnosticada pelo açúcar baixo, com sintomas que desaparecem quando

o nível de açúcar volta ao intervalo normal. A hipoglicémia verdadeira normalmente

ocorre em pacientes que estão a ser tratados da diabetes (tipos 1 e 2). A hipoglicémia é

perigosa. Como complicação da diabetes, é talvez a mais fácil de tratar, mas também

pode ser a mais imediatamente fatal. A consciencialização dos sinais, sintomas e riscos

da hipoglicémia e um acompanhamento diligente dos níveis de açúcar permitem que a

hipoglicémia seja controlada e mesmo evitada.

Os episódios hipoglicémicos são muitas vezes o factor limitativo para conseguir um

controlo óptimo do açúcar no sangue. Em estudos em larga escala que analisaram tanto

diabetes do tipo 1 como do tipo 2 sob controlo apertado, os níveis baixos de açúcar no

sangue verificaram-se com maior frequência nos pacientes que eram geridos de forma

mais intensa. É importante que os pacientes e os doentes reconheçam este facto,

especialmente tendo em conta que o objectivo de tratar doentes com diabetes evolui no

sentido dum controlo mais apertado do açúcar no sangue.

Para funcionar devidamente, o cérebro depende da glicose e, dado que o cérebro é

incapaz de fabricar a sua própria glicose, depende totalmente do resto do corpo para o

seu fornecimento. Assim, se os níveis de glicose no sangue caírem, a função cerebral

pode ser afectada negativamente.

A hipoglicémia é perigosa porque afecta o cérebro ou centro nervoso, que retira quase

toda a sua energia da glicose. O primeiro conjunto de sintomas é consequência da

resposta do sistema nervoso aos baixos níveis de glicose. Os pacientes podem sentir

qualquer um dos seguintes sintomas:

nervosismo;

suores;

fome intensa;

tremores;

fraqueza;

palpitações; e

muitas vezes têm dificuldade em falar.

Se os níveis de glicose no sangue da pessoa continuarem a cair, o cérebro deixa de

receber glicose suficiente e os sintomas progridem para confusão, sonolência,

alterações comportamentais, coma e síncope e, em última análise, a morte.

Claramente, existe um risco significativo para um indivíduo caso sofram de

hipoglicémia grave, especialmente se estiver a conduzir, operar máquinas no local de

trabalho estiverem sozinhosx (e especialmente se estiverem num local longínquo). Para

além disso, estes sintomas graves geram perturbação na família e nos prestadores de

cuidados e, em determinadas circunstâncias (se a pessoa estiver a guiar), também podem

representar um risco para o público em geral.

A auto-vigilância da glicose no sangue por pessoas com diabetes é uma técnica crucial

para lhes permitir identificar quando os seus níveis de glicose no sangue começam a

Page 13: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

diminuir significativamente, permitindo-lhes assim tomar medidas preventivas (ou seja,

ingerir alguma glicose). Para além disso, é importante que as pessoas com diabetes

meçam os seus níveis de glicose no sangue antes de guiar veículos, operar maquinaria

pesada ou fazer esforços físicos intensos.

Riscos da hiperglicémia

A diabetes figura entre as principais causas de cegueira, insuficiência renal e

amputação dos membros inferiores e é também uma das principais causas de morte

devido aos seus efeitos nas doenças cardiovasculares (70 a 80% das pessoas com

diabetes morrem de problemas cardiovasculares). Dum ponto de vista de saúde pública,

as complicações da diabetes são importantes e representam uma das principais causas de

sofrimento humano e deficiência, com enormes custos sócio-económicos devidos à

morbilidade e mortalidade prematuras. Estes custos manifestam-se directamente como

custos de saúde, mas também, duma forma importante, indirectamente devido ao seu

impacto no desenvolvimento económico e na dor e sofrimento vividos pelos amigos e

familiares dos doentes.

A elevação crónica da glicose no sangue acaba por levar a danos nos tecidos, com as

resultantes doenças, muitas vezes graves. Embora os sinais de danos nos tecidos possam

ser encontrados em muitos sistemas orgânicos, são os rins, os olhos, os nervos

periféricos e a árvore vascular que mostram as complicações diabéticas mais

significativas. Manter os níveis de glicose o mais próximos possível do normal reduz o

risco de complicações a longo prazo, dado que uma diabetes mal gerida pode levar a

uma hoste de complicações de longo prazo, ou seja doenças cardiovasculares,

retinopatia, insuficiência renal, efeitos nos nervos e artérias periféricos e neuropatias, tal

como já referido.

No entanto, manter a glicose no sangue tão próxima do normal quanto possível reduz o

risco de desenvolver algumas destas complicações por valores que podem ir até aos

50% ou mesmo mais. A auto-vigilância da glicose no sangue é essencial para alcançar

este desiderato, mas, como a diabetes afecta todo o corpo, incluindo os vasos

sanguíneos e os nervos, controlar o colesterol e a tensão arterial também desempenha

um papel crucial na redução das complicações de longo prazo da diabetes. Em

conjunção com a medição rotineira da tensão arterial e do exame ocular e do pé, as

pessoas com diabetes também deveriam proceder a medições regulares da HbA1c, do

colesterol e da microalbumina.

Em consequência, os meios de diagnóstico desempenham um papel crucial no cuidado

e gestão das pessoas com diabetes.

2.4 Custos da diabetes

À medida que a epidemia de diabetes avança e os sectores de prestação de cuidados de

saúde nacionais continuam sob pressão, os aspectos económicos da diabetes e do

cuidado da diabetes continuam a despertar atenção. Quando se analisa este tópico, é

importante diferenciar entre o impacto nas produtividades nacionais, nos serviços de

saúde, nos indivíduos e nas famílias. Assim, as estimativas do custo da diabetes podem

ser decompostas em21

:

Page 14: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Custos dos cuidados de saúde com a diabetes:

atribuíveis à diabetes propriamente dita e/ou às complicações;

incluem os custos do hospital, do tratamento hospitalar e doutros tipos de prestação

de cuidados devido a cetoacidose diabética, hipoglicémia e outras consequências

directas da diabetes ou da sua terapia.

Custo total dos cuidados:

inclui todos os episódios de prestação de cuidados a pessoas com diabetes (cuidados

de saúde relacionados com a diabetes e cuidados cuja principal razão não esteja

relacionada com a diabetes); neste ponto considera-se que o curso da doença é mais

grave e dispendioso nos doentes com diabetes.

Custos indirectos e intangíveis:

incluem os custos de perdas de produção e aspectos relacionados com a qualidade

de vida.

Estagnação das economias nacionais devido à diabetes22

:

um aspecto novo que ainda não foi quantificado.

Tem havido muitas publicações sobre o custo da diabetes ao longo dos anos, mas a

informação é contraditória e os resultados baseiam-se principalmente em dados de

secção cruzada ou cálculos de modelos. “As comparações directas entre os estudos

normalmente não são adequadas porque os métodos usados para estimar os custos

diferem significativamente de um estudo para outro.” 23

. As estimativas de custos

também diferem em termos temporais, o que dificulta a elaboração de conclusões. No

entanto, os dados seguintes dão uma imagem credível das consequências em termos de

custos e impacto nos orçamentos.

Custo da diabetes a nível mundial

Estima-se que os gastos anuais directos em cuidados de saúde com a diabetes em

todo o mundo para pessoas entre os 20 e os 79 anos se situem num intervalo entre os

153 e os 286 mil milhões de dólares. Estes dados baseiam-se num modelo

epidemiológico e assumem que os cuidados prestados a um doente com diabetes

(DcD) são 2 a 3 vezes mais caros que para uma pessoa comparável sem diabetes

(custos relativos).

Prevê-se que, em 2005, os gastos totais directos em cuidados de saúde com a

diabetes em todo o mundo se situem entre os 213 e os 396 mil milhões de dólares.

Isto significa que entre 7% e 13% do orçamento mundial para a saúde terá de ser

gasto nos cuidados com a diabetes21

.

Custos no Reino Unido:

Os gastos do SNS24

com a diabetes, projectados com base em 9% dos custos do SNS em

2000, são de cerca de £5.185.314.000.

Page 15: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Custos da diabetes tipo 2 na Alemanha:

Num estudo de secção cruzada (CODE-2), o custo anual por paciente para o seguro de

saúde foi estimado entrexi

€2.832, a preços de 199825

, ou €3.499, a preços de 2005. Os

custos sociais foram de cerca de €4.611 por paciente e por ano. Com base num estudo

longitudinal (ROSSO26

), os custos que são cobertos pelo seguro de saúde alemão foram

calculados como situando-se entre €3.489 e €3.493, a preços de 2005, por paciente e por

ano. Ambos os tipos de estudos forneceram dados comparáveis. Com base em taxas de

prevalência entre os 5% e os 10%, espera-se que os custos directos da diabetes tipo 2 na

Alemanha se situem entre 10,7 e 23 mil milhões de euros27

.

Custos da diabetes nos Estados Unidos:

Total (directos e indirectos): 132 mil milhões de dólares em 2002.

Custos clínicos directos: 92 mil milhões de dólares.

Custos indirectos: 40 mil milhões de dólares em incapacidades, perdas de produção,

mortalidade prematura.

Estes dados são dum estudo realizado pelo Lewin Group, Inc. para a Associação

Americana da Diabetes e trata-se de estimativas de 2002 relativas tanto aos custos

directos (custos dos cuidados e serviços clínicos), como aos indirectos (custos de

incapacidades de curto prazo e permanentes e da morte prematura) imputáveis à

diabetes. Este estudo usa uma metodologia específica do custo da doença para estimar

os custos dos cuidados de saúde devidos à diabetes28

.

Segundo o CODE-2, entre 48% e 85% dos gastos dizem respeito a internamento

hospitalar. A variação entre os países também reflecte diferenças nos sistemas de

cuidados de saúde, práticas de prestação de cuidados e financiamento

(comparticipação).

Europa29

:

País Custos com

cuidados em

consulta

externa (€)

Custos

hospitalares

por paciente

(€)

Soma (€)

Alemanha 388 2.200 2.588

Bélgica 603 1.800 2.403

Espanha 334 400 734

França 683 1.500 2.183

Itália 525 2.200 2.725

Países Baixos 462 600 1.062

Reino Unido 866 800 1.666

Suécia 813 1.100 1.913

Page 16: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

País Custos com

cuidados em

consulta

externa (%)

Custos

hospitalares

por paciente

(%)

Alemanha 15,00 85,00

Bélgica 25,09 74,91

Espanha 45,50 54,50

França 31,13 68,87

Itália 19,27 80,73

Países Baixos 43,50 56,50

Reino Unido 51,98 48,02

Suécia 42,50 57,50

Mais importante do que o valor absoluto dos gastos é o impacto das complicações nos

custos e o seu desenvolvimento ao longo do tempo. O gráfico seguinte mostra o

aumento dos custos ao longo do tempo e as poupanças potenciais de acordo com os

cuidados apropriados.

Gráfico 1 [legendas da esquerda para a direita; de cima para baixo]

Objectivos de Eficiência na Gestão da Diabetes Impacto das complicações no aumento dos custos de longo prazo

Custo por paciente e ano

Complicações de longo prazo da diabetes

Diminuição dos custos com tratamento óptimo após aparição de complicações

Micro e macrovascular

Diminuição dos custos com tratamento precoce por potencial

Nenhum

5 anos

10 anos

*Fonte: CODE-2

Só a prevenção de complicações pode realmente reduzir os custos de longo prazo da

diabetes.

[fim de legendas]

Segundo o CODE-2, os custos anuais podem subir até 12 vezes o custo de pacientes

sem complicações (ver gráfico).

Page 17: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Gráfico 2 [legendas da esquerda para a direita; de cima para baixo]

O principal factor que influencia os custos não é a diabetes propriamente dita, mas

sim as complicações Custos relacionados com a diabetes no sistema de saúde alemão

Factor 1,0 5,9 5,6 12,2

As complicações influenciam os custos

As complicações tardias podem fazer aumentar 12 vezes o custo anual do tratamento

Sem complicações

Só com complicações macrovasculares

Só com complicações microvasculares

Com complicações micro e macrovasculares

*Baseado no estudo CODE-2

[fim de legendas]

Custo das complicações da diabetes em seis países industrializados30

:

Num cálculo baseado num modelo, o custo da diabetes e das suas complicações foi

descrito para seis países industrializados. Os custos foram subdivididos em:

Custos indirectos:

custos de gestão (custos da medicação standard e programas de despistagem de

complicações).

Custos directos:

custo de complicações com doenças cardiovasculares;

custo de complicações renais;

custo de episódios agudos;

custo de doenças oculares;

custo de neuropatias e complicações com úlcera do pé.

Os quadros seguintes contêm uma visão geral destes custos28

Quadro 1. Custos de gestão (em euros a preços de 2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

Custo anual das estatinas 53081 3047 53529 35882 57880 68380

Custo anual da aspirina n/d 257 5530 2261 n/d 3883

Custo anual dos inibidores ECA 18085 2067,8 20929 11087 38784 22386

Custo anual da despistagem da MA 1,5844 13,1617 7,8821 10,9589 1,3888 4,8559

Custo anual da despistagem da PRB 6,4290 23,0017 7,8821 10,9589 1,3888 4,8559

Custo de interrupção dos ECAs devido a ESs 42,3291 8117 n/d n/d n/d n/d

Custo anual de exames oculares 5855 8117 2922 6164 9841 77371

Custo anual de exames do pé 3392 n/d 2922 1189 1888 1793

Custo mensal de tratamento de UFCs 51694 718 34129 n/d 23384 n/d

ECA= inibidores da enzima conversora da angiotensina; MA= microalbumina; PRB= Proteinúria bruta; ESs= efeitos

secundários; UFC= úlcera fora do comum; n/d= não disponível

Page 18: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Quadro 2. Custos directos das complicações cardiovasculares (em euros a preços de

2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

Custo do EM, ano 1 15.01144,45 12.2928 12.98522 19.27760 15.59232 13.81660

Custo do EM, ano 2+ 1.16844,45 2037,8 83122 77660 1.22632 2.40060

Custo da angina, ano 1 3.34246,47 1.7167,8 2.21822 2.20769 2.61333 2.29758

Custo da angina, ano 2+ n/d 256,7 1.03522 n/d n/d n/d

Custo da IC, ano 1 6.03448,95 3.1587,9 1.42325 4.96834 3.95035 3.69496

Custo da IC, ano 2+ 80049 3868 1.42325 4.96834 1.93432 3.69496

Custo do ataque cardíaco, ano 1 19.39950 13.4439,10 23.17322 4.63861 11.75432 6.58396

Custo do ataque cardíaco, ano 2+ 6.06050 257 6.11022 1.72261 2.47832 7.99160

Custo do ataque cardíaco, morte em 30 dias 9.00650 n/d 12.25197 3.20161 5.28834 6.58360

EM= enfarte do miocárdio; IC= insuficiência coronária; n/d= não disponível

Quadro 3. Custos directos das complicações renais (em euros a preços de 2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

Custo da HD, ano 1 58.11651 17.1889,11,12 58.15921 31.23362 56.48738 43.07598,99

Custo da HD, ano 2+ n/d n/d 93.84021 n/d n/d n/d

Custo da DP, ano 1 42.29651 27.5529,11,12 33.81121 32.70662 n/d n/d

Custo da DP, ano 2+ n/d n/d 47.44721 n/d n/d n/d

Custo do TR, ano 1 68.17552 16.2469 60.90321 28.37063 24.60838 56.71798,99

Custo do TR, ano 2+ 10.90452 7919 19.98621 8.33663 6.86638 11.58298,99

HD= hemodiálise; DP= diálise peritoneal; TR= transplante renal; n/d= não disponível

Quadro 4. Custos directos dos episódios agudos (em euros a preços de 2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

EH, com necessidade de assistência médica 35946,51 2829,13-15 7822 33865 22736 10813,58

EH resultante em coma, síncope 35946,51 2829,13-15 7822 33865 22736 10813,58

Episódio de cetoacidose / ácido láctico 6.14446,51 1.3459 94826 99726,66 n/d 2.72458

EH= episódio hipoglicémico; n/d= não disponível

Quadro 5. Custos directos das doenças oculares (em euros a preços de 2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

Tratamento laser 3.47756 1.39016 47821 17764 40641 6059

Operação às cataratas 1.32254 1.5099 892100 1.041101 1.77140 1.97858

Custo anual na sequência de OC n/d 917 n/d 915102 11243 3786

Custo anual da cegueira 10.45753 20.90415, 18-20 1.47122 n/d 38241 5.51573

OC= operação às cataratas; n/d= não disponível

Quadro 6. Custos directos das neuropatias e úlceras do pé (em euros a preços de

2003)

Alemanha Austrália Canadá Espanha França Itália

Neuropatia, ano 1 3.85546 1.1389 10322 2.531101 6336 n/d

Amputação das extremidades inferiores 22.09656 18.5479 17.13022 14.78767 31.99838 10.17758

Próstese 3.24156 1.68714 71122 2.48068,69 1.13842 n/d

Tratamento da gangrena 3.18657 11.5689 5.43622 5.611101 2.26642 n/d

Úlcera infectada 1.78357 2.4339 1.52122 n/d 1.99942 n/d

Úlcera normal não infectada 87757 20414 72722 n/d 1.14242 n/d

n/d= não disponível

No estudo ROSSO, os custos directos das complicações representam cerca de 60% e os

custos do controlo cerca de 4% do gastos na Alemanha31

.

Page 19: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Gestão da doença

3. Gestão da doença

3.1 Dispositivos para auto-vigilância da glicose no sangue (AVGS) (episódica e contínua)

Uma importante ferramenta na gestão da diabetes é a capacidade de medir a glicose no

sangue. Têm-se verificados enormes progressos no desenvolvimento deste equipamento

de análises de diagnóstico para permitir uma análise simples, rápida e em casa por

parte das pessoas com diabetes. As primeiras análises que foram disponibilizadas para

uso em casa eram tiras de análise que estimavam a concentração de glicose presente na

urina do paciente. Infelizmente, estas tiras só davam uma estimativa muito grosseira

das concentrações de glicose no sangue e eram totalmente inadequadas para conseguir

um bom controlo glicémico devido a várias razões:

a glicose só surge na urina quando já apresenta concentrações superiores a 108mg/dl

no fluxo sanguíneo; em consequência, a análise da urina não dá uma indicação

atempada do risco de hipoglicémia ao utilizador;

a concentração de glicose na urina varia com factores tais como o nível de

hidratação do paciente e a quantidade de urina que produz;

as análises propriamente ditas são semi-quantitativas, o que significa que têm um

valor reduzido quando se pretende alcançar um controlo glicémico apertado.

A análise da glicose no sangue em casa começou a generalizar-se nos anos setenta e no

início dos anos oitenta, com o desenvolvimento de tecnologias de bio-sensor óptico que

exploravam a reacção duma enzima que tem uma especificidade única para a glicose

(glicose oxidase) e ao desenvolvimento de optoelectrónica fiável. Esta combinação de

tecnologias permitiu a produção de instrumentação portátil e relativamente simples. A

grande vantagem destes sistemas comparados com as tiras para mergulhar na urina era

que possibilitavam, pela primeira vez, uma medição quantitativa exacta na glicose no

sangue para uso em casa.

No final dos anos oitenta, o progresso tecnológico no campo da electroquímica permitiu

melhorias adicionais nos sensores de glicose no sangue. Duma forma importante, a

electroquímica permitiu uma redução substancial dos tempos de análise (de valores

típicos entre 45 segundos e 1 minuto para a actual norma de 5 segundos ou menos para

fazer a análise) e, tão ou mais importante, uma redução do tamanho da amostra de

sangue capilar necessária para fazer a análise (dum valor superior a 10 microlitros para

a norma actual de 1 microlitro ou menos). Estes progressos foram da maior importância

para o paciente dado que tornaram as análises em casa muito mais fáceis de executar,

mais discretas e, de grande importância, menos dolorosas para obter a amostra de

sangue necessária para a análise. Menos óbvio para a pessoa com diabetes, mas

igualmente importante clinicamente foi o facto dos sistemas electroquímicos de análise

da glicose no sangue fornecerem resultados mais exactos e, com o desenvolvimento de

Page 20: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

tecnologias de produção em massa, tanto para os dispositivos de medição como para as

tiras de análise descartáveis, permitirem que os sistemas de análise da glicose no sangue

fossem fabricados em grande escala duma forma eficaz em termos de custos.

Actualmente, os esforços centram-se no desenvolvimento de ferramentas de gestão de

dados simples para dar ao utilizador mais informações sobre a sua doença, permitindo-

lhe gerir a sua saúde duma forma mais eficaz. Para além disso, estão a ser aplicados

recursos imensos no desenvolvimento do controlo contínuo da glicose no sangue para

evitar a necessidade do utilizador obter uma amostra de sangue capilar. Hoje em dia,

existe uma vasta gama de tecnologias em investigação para produzir monitores

contínuos da glicose comxii

existem dispositivos disponíveis no comércio que medem a

glicose no fluido intersticial (colhendo uma amostra a uma distância muito curta sob a

pele (os chamados dispositivos minimamente invasivos).

Nos últimos 30 anos, tem havido grandes progressos nos sistemas de controlo da

glicose no sangue, com os actuais dispositivos a possibilitarem sistemas discretos e

fáceis de usar que ajudam as pessoas com diabetes a compreender e, portanto, a

controlar os seus níveis de glicose no sangue, reduzindo assim os riscos das

complicações de longo prazo da doença (ver Anexo II).

3.2 O papel crítico da HbA1c

Parâmetros de diagnóstico e a sua utilização

Glicose no sangue32

Todos os seres humanos têm glicose na sua corrente sanguínea. Nos indivíduos

saudáveis, a concentração de glicose no sangue está sob controlo apertado. Tal como já

foi referido, nas pessoas que sofrem de diabetes, o corpo é incapaz de regular a

quantidade de glicose presente na corrente sanguínea. A medição da concentração da

glicose presente na corrente sanguínea é indicativa da presença de diabetes. Para efeitos

de diagnóstico, os valores de glicose no sangue descritos seguidamente constituem um

diagnóstico de diabetes:

Glicose no Sangue em Jejum

De 70 a 99 mg/dl (3,9 a 5,5 mmol/l) Glicose normal em jejum

Entre 100 e 125 mg/dl (5,6 a 6,9 mmol/l) Glicose em jejum alterada (pré-diabetes)

126 mg/dl (7 mmol/l) e mais, em mais do

que uma ocasião de análise

Diabetes

Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG)

[excepto durante a gravidez]

(2 horas após ingerir 75 gramas de glicose oral)

Menos de140 mg/dl (7,9 mmol/l) Tolerância normal à glicose

Entre 140 e 199 mg/dl (7,8 a 11,1 mmol/l) Tolerância à glicose alterada (pré-

diabetes)

200 mg/dl (11,1 mmol/l) e mais, em mais

do que uma ocasião de análise

Diabetes

Page 21: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Com base nos dados fisiológicos anteriores, os intervalos de glicose para gerir pessoas

com diabetes são os seguintes33

:

Directrizes Globais para Diabetes Tipo 2, IDF, 200527

Glicose no plasma capilar Recomendados

Antes das refeições < 110 mg/dl (<6,0 mmol/l)

1 a 2 horas depois das refeições < 145 mg/dl (<8,0 mmol/l)

HbA1c (%) < 6,5

Hemoglobina glicosilada (HbA1c)

A medida de longo prazo de controlo da glicose no sangue é conhecida como HbA1c

ou hemoglobina glicosilada. A análise da HbA1c mede quantas células de hemoglobina

A1c (uma parte específica dos glóbulos vermelhos) têm açúcar associado. Devido ao

facto destas células viverem cerca de 4 meses, esta análise dá uma imagem da forma

como o açúcar tem sido controlado nos últimos meses. A Associação Americana da

Diabetes recomenda um resultado da HbA1c igual ou inferior a 7% para ajudar a reduzir

o risco das complicações de longo prazo da diabetes34

.

A glicosilação da hemoglobina tem sido implicada nas nefropatias e retinopatias da

diabetes. Na duração normal de 120 dias de vida do glóbulo vermelho, as moléculas de

glicose juntam-se à hemoglobina, formando hemoglobina glicosilada. Nos indivíduos

com diabetes mal controlada, os aumentos das quantidades desta hemoglobina

glicosilada são observáveis.

Depois duma molécula de hemoglobina ficar glicosilada, mantém-se neste estado. O

crescimento da hemoglobina glicosilada nos glóbulos vermelhos reflecte o nível médio

de glicose a que a célula esteve exposta durante o seu ciclo de vida. A medição da

hemoglobina glicosilada avalia a eficácia da terapia de longo prazo de regulação da

glicose no soro. O nível de HbA1c é proporcional à concentração média de glicose no

sangue durante as quatro semanas a três meses anteriores (algumas pesquisas indicam

que a maior parte do seu valor está relacionada com um período bastante mais curto, de

duas a quatro semanas).

Quanto mais perto de 6% um doente com diabetes conseguir manter as suas A1c,

melhor controlada fica a sua diabetes. À medida que as A1c aumentam, também

aumenta o risco de complicações32

.

Microalbumina

A análise da microalbumina na urina detecta a presença da proteína albumina na

urina. Num corpo em bom funcionamento, a albumina normalmente não está presente

na urina porque é filtrada da corrente sanguínea pelos rins. A microalbuminúria é uma

situação determinada por uma quantidade muito pequena de proteína na urina. Trata-se

dum dos primeiros sinais de danos nos rins32

.

Níveis moderadamente acrescidos de microalbumina na urina indicam que uma pessoa

está numa fase muito precoce do desenvolvimento duma doença renal. Níveis muito

elevados indicam a presença duma doença renal numa forma mais grave. Níveis

normais indicam o regular funcionamento da função renal32

.

Page 22: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

3.3 A educação como um pré-requisito

A educação dos pacientes desempenha um papel crucial nos cuidados de pessoas com

diabetes já há muitos anos. Em 1918, por exemplo, o Instituto Joslin deu início a um

programa educacional para os seus pacientes e, desde então, a importância da educação,

tanto do doentes como dos profissionais de saúde, tornou-se cada vez mais relevante

para ajudar as pessoas com diabetes a viverem uma vida longa e livre de complicações.

Na verdade, a Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD) declarou que

“O objectivo do subgrupo de educação da diabetes deve ser melhorar a qualidade de

vida do paciente diabético através do desenvolvimento e avaliação de programas

educacionais concebidos para promover a independência do paciente, melhorar a

qualidade do controlo metabólico, enfatizar a importância da prevenção e o

reconhecimento da doença nos estádios iniciais e encorajar a pesquisa relevante”.

Actualmente, a educação reveste-se de várias formas:

mudança da gestão da diabetes duma especialidade de cuidados secundários para os

cuidados primários através da formação da equipa de cuidados primários (médicos,

enfermeiros, dietistas, podólogos, etc.);

o emergência de educadores de diabetes e enfermeiros especializados em diabetes

que formam e aconselham os pacientes em todas as fases da sua vida enquanto

diabéticos;

o desenvolvimento duma vasta gama de materiais educacionais, tanto para pessoas

com diabetes como para as suas famílias e prestadores de cuidados, no sentido de os

auxiliar na compreensão e gestão da doença e das suas complicações;

fornecimento de informações por parte de fabricantes na área da diabetes; tais

informações são disseminadas através duma enorme variedade de meios, que vão

desde sítios na Internet a materiais impressos fornecidos juntamente com produtos

tais como leitores de glicose;

grupos de apoio a pacientes (por exemplo, a Diabetes UK), associações

profissionais (por exemplo, a Associação Americana da Diabetes) e entidades sem

fins lucrativos activas neste campo (por exemplo, a Fundação para a Pesquisa da

Diabetes Juvenil), todos prepararam uma vasta gama de materiais educativos

destinados a todas as pessoas envolvidas na diabetes (profissionais de saúde,

pacientes, prestadores de cuidados, etc.); mais uma vez, estes materiais são

concebidos para facilitar a gestão eficaz da diabetes e reduzir as complicações de

longo prazo da doença.

A indústria dos meios de diagnóstico entende que o fornecimento de materiais

educacionais é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos utilizadores das suas

tecnologias de medição da glicose no sangue. Em consequência, estas empresas

dedicam recursos importantes ao desenvolvimento de materiais adequados para pessoas

com diabetes de todas as idades, culturas e nível educacional, com o objectivo de os

ajudar a ter uma vida tão normal quanto possível.

As linhas de apoio aos utilizadores também disponibilizam apoio adicional e, para

além de registarem e resolverem as queixas dos utilizadores, também ajudam as pessoas

com diabetes a entender qual é a forma correcta de utilizarem os seus sistemas de

medição da glicose no sangue.

Page 23: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Baseado em evidências

4. Baseado em evidências

Evidência significa tudo o que possa ser usado para determinar ou demonstrar a

veracidade duma afirmação. Em termos filosóficos, evidência pode incluir proposições

que se presume serem verdadeiras, quando usadas para suportar outras proposições que

se presume serem falsificáveis.

O termo tem significados especializados em campos específicos, tal como na

investigação científica, na investigação criminal e no discurso jurídico. A forma mais

imediata de evidência disponível para uma pessoa é o conjunto de observações que ela

própria faz. Na ciência, as evidências são acumuladas através da observação de

fenómenos que ocorrem no mundo natural ou através de experiências. As evidências

científicas são acumuladas para efeitos de validar ou descartar hipóteses.

A Medicina Baseada em Evidências (MBE) procura aplicar o método científico à

prática clínica. De acordo com o Centro para Medicina Baseada em Evidências, “A

medicina baseada em evidências é o uso consciencioso, explícito e judicioso das

melhores evidências actuais para tomar decisões sobre os cuidados a prestar a

pacientes individualmente considerados”35

. Esta definição refere-se às tarefas e

opiniões clássicas dos profissionais de saúde, mas não reflecte a opinião da sociedade,

nem das pessoas que tomam decisões que afectam a adopção e utilização de tecnologias

de saúde. Embora a MBE seja uma ferramenta que se desenvolveu para ajudar os

clínicos a assegurar que os seus pacientes recebem os melhores cuidados possíveis36

,

pode não representar a melhor ferramenta de apoio das decisões a serem tomadas por

outras pessoas. Talvez outras ferramentas baseadas em evidências possam apoiar

decisões nos melhores interesses dos doentes.

A perspectiva da saúde pública37

descreve melhor as tarefas de prestação de cuidados

de saúde dum ponto de vista da sociedade ou do governo. Tendo em conta que os

recursos são um pré-requisito para criar informações passíveis de serem postas em

prática, uma definição do ponto de vista da saúde pública poderia ter a seguinte

redacção: “Tomar decisões baseadas em evidências significa um uso consciencioso,

explícito e judicioso das melhores evidências actuais sobre os resultados dos cuidados

prestados a populações e subgrupos. As decisões de prestação de cuidados são tomadas

ao nível dos processos, estruturas, programas ou sistemas. A prática de saúde pública

baseada em evidências significa integrar os conhecimentos médicos baseados na

população com as melhores evidências disponíveis sobre os recursos necessários e a

sua utilização eficiente.” 38

.

Embora o processo de tomada de decisão a estes diferentes níveis exija vários tipos de

informações, todas devem ser suportadas por princípios científicos e independentes em

matéria de prova. Nas ciências sociais, a proposta de medição duma qualidade ou

atributo começa com o esclarecimento das dimensões do atributo, que é decomposto em

indicadores mensuráveis. A definição e medição da inteligência dá-nos um exemplo em

que a noção abstracta é decomposta em diferentes dimensões de inteligência, com

Page 24: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

escalas de medição correspondentes. No caso de evidências relativas a tecnologias de

cuidados de saúde, podemos subdividir as evidências em dimensões clínicas e

económicas. As evidências clínicas, por sua vez, podem ser de dois tipos: evidências da

eficácia clínica e evidências de efectividade clínica. As evidências económicas

baseiam-se na eficácia e efectividade, sendo a última mais importante para os médicos,

os financiadores do sistema e as autoridades nacionais em matéria de saúde.

Figura 1 [legendas]

O valor pode ser definido num sentido clínico e económico Definição de valor clínico e económico

Evidências

Evidências de Valor Clínico

Eficácia, precisão, utilidade clínica,

etc.

Não são específicas de nenhum

país / sistema de saúde

Efectividade clínica por comparação

com o processo standard de prestação

de cuidados

O método de avaliação e a concepção

do estudo dependem do país / sistema

de saúde em causa!

Evidências de Valor Económico

Efectividade e eficiência económica

por comparação com o processo

standard de prestação de cuidados

O método de avaliação e a concepção

do estudo dependem do país / sistema

de saúde em causa!

[fim das legendas]

A eficácia clínica requer um nível elevado de demonstração da validade interna, para a

qual a concepção de estudo preferida é o Ensaio Controlado e Randomisado (ECR).

Nos meios de diagnóstico, o critério correspondente seria a exactidão incondicional39

.

Evidências duma elevada validade interna podem não ser suficientes para efeitos da

prática clínica num contexto de mundo real. Na verdade, a área de investigação dos

serviços de saúde e o tema “investigação da efectividade” em particular surgiram em

parte para tratar da transmutabilidade das evidências e doutros resultados de estudos

para serem usados num contexto de vida real40

.

Dadas as provas das evidências clínicas, ou seja a eficácia e a efectividade, as

evidências económicas podem ser definidas. Dum ponto de vista económico ou das

autoridades, a questão que surge é: “Como é que o resultado – em termos de aumento da

esperança de vida – varia em função duma alteração da frequência das análises?

Quantas análises é que são economicamente justificáveis?”

O gráfico seguinte mostra a relação entre a frequência das análises e o aumento da

esperança de vida (curva em forma de s na parte inferior). Com um acréscimo do uso

de recursos (neste caso, tiras de análisea esperança de vida aumenta. No entanto, a curva

mostra diferentes fases de eficiência. Numa curva em forma de s, os factores de

produção são usados com acréscimo da eficiência até que o ponto de inflexão é

atingido. O ponto de inflexão é determinado pela primeira derivada igual a zero e pela

segunda derivada que muda de valores positivos para valores negativos. A primeira

Page 25: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

derivada é mostrada pela curva desenhada a branco na parte superior do gráfico. A

segunda derivada está representada pela curva desenhada a amarelo. A primeira linha

vertical tracejada liga estes valores aos valores correspondentes da curva em forma de s.

Isto corresponde a uma categoria de frequência de análise de 1,01 a 1,5 tiras por dia. A

segunda fase interessante está delimitada por um ponto em que o resultado médio é

maximizado. Este valor pode ser ilustrado desenhando uma tangente desde a origem até

à curva, o que é mostrado pela segunda linha vertical tracejada. Este ponto está

correlacionado com uma categoria de frequência de análise de 1,51 a 2 tiras por dia. A

eficiência operacional ideal situa-se entre estes dois pontos.

Gráfico 3 [legendas: da esquerda para a direita; de cima para baixo]

[texto exterior ao gráfico propriamente dito]

Frequência de Análise e EV

Área de rácios recursos/resultados favoráveis

Modelo de diabetes

* População ROSSO

* Idade média: 61 anos

* 51% do sexo masculino

* ADO: SU (60%) + metformina (40%)

* Estimativas da eficácia baseadas em Karter (2005, 2006) e Schütt (2006)

Deriva a área operacional óptima entre:

* 1 a 2 tiras por dia, em média

[texto do gráfico propriamente dito]

EV por Frequência de Análise

EV

EV

EV

EV

Sem AVGS

Frequência de Análise/ Categorias

[fim de legendas]

A estimativa baseia-se em dados duma amostra da população alemã de tipo 2 – o estudo

ROSSO20

e na correlação entre a frequência de análise e a HbA1c publicada por Karter

e Schütt. Os efeitos foram então simulados com um modelo de diabetes validado

(Mellibase).

Um dos maiores obstáculos na análise dos benefícios da AVGS e da gestão da diabetes

prende-se com o desfasamento temporal dos custos e das poupanças. Os investimentos

fazem-se hoje, mas a maior parte das poupanças só se vê daqui a 10 anos. Na

investigação dos serviços de saúde supramencionada, poderia ver-se que a redução dos

custos se verifica muito cedo, ou seja logo a partir do primeiro ano.

Page 26: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Papel da indústria

5. Papel da indústria

Investimento da indústria na concepção e desenvolvimento de dispositivos

No sentido de melhorar os cuidados prestados aos pacientes, os fabricantes de

equipamento de controlo da glicose no sangue tipicamente investem um valor que pode

ir até aos 10% do seu volume de negócios anual na concepção e desenvolvimento de

dispositivos de controlo da glicose aperfeiçoados. Estes esforços de I&D são

impulsionados por necessidades não satisfeitas dos clientes (por exemplo, o desejo de

análises são dolorosas, simplicidade e facilidade de utilização dos leitores de glicémia,

etc.), na esperança de que o uso acrescido por pessoas com diabetes melhore a aderência

às terapias da diabetes, reduzindo assim as complicações de longo prazo da doença,

melhorando a qualidade de vida dos utilizadores e diminuindo os custos da diabetes

para o sistema de saúde.

Os custos associados ao lançamento de novos produtos aumentaram recentemente

devido aos requisitos acrescidos em termos de apresentação de evidências clínicas de

que os novos produtos nesta área possibilitam uma melhoria dos resultados clínicos e

dos benefícios para o paciente. Estes ensaios são muitas vezes demorados e

dispendiosos em termos de concepção e execução, mas são cruciais para convencer as

entidades que financiam os cuidados de saúde de que os novos dispositivos oferecem

melhorias em termos de resultados para os pacientes.

Envolvimento da indústria na educação

Tal como já referido na secção 3, os fabricantes de meios de diagnóstico in vitro estão

empenhados em fornecer informações aos pacientes diabéticos através duma vasta

gama de meios, que vão desde sítios na Internet até materiais impressos fornecidos

juntamente com produtos tais como os leitores de glicémia.

Com base na compreensão de que os materiais educacionais são fundamentais para

melhorar a qualidade de vida dos utilizadores de análises da glicose, os fabricantes de

meios de diagnóstico afectam recursos significativos ao desenvolvimento de materiais

adequados para pacientes diabéticos de todas as idades, culturas e nível educacional,

com o objectivo de os ajudar a ter uma vida tão normal quanto possível.

Para além disso, a indústria dos meios de diagnóstico também se empenha na educação

contínua dos profissionais de saúde através da participação em congressos científicos,

cursos de formação contínua, etc.

Page 27: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Apêndice

Anexo 1: Marca CE: o que é que implica?

A marca CE, quando afixada num produto, informa o seu utilizador de que esse produto

cumpre as leis estipuladas na União Europeia para a sua comercialização.

No caso de meios de diagnóstico in vitro e dos leitores de glicémia em especial, os

requisitos que têm de ser cumpridos pelo dispositivo estão estipulados na Directiva

98/79/CE, normalmente conhecida por Directiva DIV.

Quanto aos leitores de glicémia, estes requisitos garantem o seguinte:

Estado da arte – O dispositivo foi concebido e fabricado usando tecnologia e

especificações consentâneas com o estado da arte, o que é garantido através do

cumprimento de normas técnicas que, ao contrário dos diplomas legislativos, são

revistas com frequência.

Utilização segura – Todos os riscos conhecidos e potenciais que podem surgir na

utilização do dispositivo foram levados em consideração e, tanto quanto possível,

eliminados do dispositivo.

Sistema de qualidade – o fabricante do dispositivo tem de ter um sistema de

controlo da qualidade para assegurar que todos e cada um dos dispositivos cumprem

as especificações.

Sistema de vigilância do mercado – os dispositivos clínicos para diagnóstico in

vitro, tais como os leitores de glicémia, estão cobertos por um dos sistemas de

vigilância do mercado mais estrito de todos os produtos com a marca CE. Isto

significa que se alguma vez houver um problema com um dispositivo, os fabricantes

e as autoridades terão conhecimento do facto e serão tomadas medidas correctivas

rapidamente.

Certificação por terceiros – Quanto aos leitores de glicémia, todos os pontos

anteriores são controlados por terceiros com conhecimentos técnicos especializados

(conhecidos por autoridades notificadas), que garantem que todas as alegações

anteriores são verdadeiras.

A marca CE num leitor de glicémia é portanto uma verdadeira marca de segurança e

qualidade e demonstra que o dispositivo é consentâneo com o estado da arte.

Page 28: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Apêndice

Anexo 2: Evolução das análises da glicose

Figura [legendas: da esquerda para a direita; de cima para baixo]

As principais tendências tecnológicas nas análises da glicose no sangue...

centram-se em tornar as análises mais precisas, menos invasivas e mais cómodas

para os pacientes

Primeira geração Estado da arte na actualidade Objectivos para o futuro

O volume de sangue foi

reduzido para 40 vezes

menos

O tamanho e peso dos

leitores foi reduzido

para 40 vezes menos

Início automático

Tecnologia sem

limpeza entre

utilizações

Tiras de inserir

Disco ou cassete multi-

tiras

Elevada precisão e

exactidão

Lancetas virtualmente

indolores

Segurança contra erros

de manuseamento

Não invasivas

Sem necessidade de

amostras

Automáticas

[fim das legendas]

Page 29: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Apêndice

Anexo 3: Escalas de medição específicas dos diabéticos

Escalas de medição específicas

dos diabéticos

Objectivo Características

Perfil de Cuidados da Diabetes

(PCD)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: Avaliar os factores

sociais e psicológicos

relacionados com a diabetes e o

seu tratamento

População: Adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 234

Escala de Úlcera do Pé

Diabético (EPD)

Doença: úlcera na perna da

diabetes mellitus

Objectivo: medir o impacto das

úlceras do pé diabético e do seu

tratamento na qualidade de vida

dum ponto de vista do paciente

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação [para pacientes e

prestadores de cuidados]

Número de pontos: 58

Escalas de Medição do Impacto

da Diabetes (EMID)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1) e

não insulino-dependente (tipo

2)]

Objectivo: medir o estado de

saúde de pacientes adultos

diabéticos dos tipo 1 e 2

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 44

Teste de Conhecimento da

Diabetes (TCD)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: obter uma avaliação

geral do conhecimento do

paciente sobre a diabetes e os

cuidados relacionados

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 23

Historial da Diabetes Mellitus

(HDM)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: recolher informações

clínicas básicas sobre a diabetes

de pacientes inseridos na

comunidade

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação Número de pontos: 34 pontos

principais e 13 pontos opcionais

Questionário sobre a Qualidade

de Vida da Diabetes em Ensaios

Clínicos(QQVDEC)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1) e

não insulino-dependente (tipo

2)]

Objectivo: medir a qualidade de

vida de pacientes diabéticos em

ensaios clínicos

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: QQVDEC:

142; QQVDEC-R: 57

Medição da Qualidade de Vida

da Diabetes (QVD)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1)]

Objectivo: avaliar o peso

relativo do regime intensivo de

tratamento da diabetes

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de administração: Entrevista; auto-aplicação

Número de pontos: 46

Page 30: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Escalas de medição específicas

dos diabéticos

Objectivo Características

Escala da Qualidade de Vida da

Diabetes para Jovens (QVDJ)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1)]

Objectivo: avaliar o impacto

psico-social dos regimes de

tratamento da diabetes na

população jovem

População: adolescente e

pediátrica

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 52

Perfil de Auto-Gestão da

Diabetes (PAGD / PAGD-F)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1)]

Objectivo: avaliar a auto-gestão

da diabetes tipo 1 em crianças

População: adolescente e

pediátrica

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de administração: entrevista

Número de pontos: 24

Escala de Qualidade de Vida

Específica da Diabetes (QVED)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: avaliar os objectivos

individuais de tratamento dos

pacientes com diabetes do tipo 1

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 64, dos

quais 10 se centram nos

objectivos do tratamento, 10 na

satisfação com o tratamento e 44

na percepção do peso da diabetes

Auditoria da Qualidade de Vida

Dependente da Diabetes

(AQVDD)

Doença: diabetes mellitus

[insulino-dependente (tipo 1) e

não insulino-ependente (tipo 2)]

Objectivo: medir a percepção

individual do impacto da

diabetes na sua qualidade de

vida

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 20 (18 + 2

genéricos); 21 (19 +2 genéricos)

Avaliação da Escala de Diabetes

(AED)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: avaliar a análise da

doença feita por cada pessoa

População: todas

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 7

Avaliação do Medo de

Hipoglicémia (AMH)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: para vigiar os

cuidados continuados da

diabetes

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação Número de pontos: 23

Escala do Impacto de Doenças

Infantis (IDI)

Doença: diabetes mellitus;

epilepsia

Objectivo: avaliar a percepção

parental da qualidade de vida em

crianças com epilepsia ou

diabetes

População: pediátrica

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de administração: por

intermediário

Número de pontos: Versão da

diabetes: 31; versão da epilepsia:

30

Questionário Multi-Dimensional

da Diabetes (QMD)

Doença: aiabetes mellitus

Objectivo: possibilitar uma

avaliação abrangente de factores

cognitivos e sociais relacionados

com a diabetes

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 41

Page 31: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Escalas de medição específicas

dos diabéticos

Objectivo Características

Questionário de Bem –Estar

(QBE)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: possibilitar a

medição de estados de espírito

depressivos, da ansiedade e

vários aspectos positivos de

bem-estar

População: adulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: QBE-22: 22

pontos; QBE-12: 12 pontos

(versão curta); QBE-28: 28

pontos

Questionário do Medo de

Injectar e Auto-Análise da

Diabetes (MIA-D)

Doença: diabetes mellitus

Objectivo: quantificar o grau de

medo de auto-injectar insulina e

auto-analisar a glicose no sangue

em pacientes diabéticos adultos

tratados com insulina

População: qdulta

Tipo de instrumento: qualidade

de vida

Modo de aplicação: auto-

aplicação

Número de pontos: 15

Page 32: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Apêndice

Anexo 3xiii

: Acrónimos e definições

CDC Centros para Controlo e Prevenção de Doenças (Centres for Disease Control and

Prevention).

Colesterol Uma análise ao sangue que mede a quantidade de gorduras (lípidos) presente na

corrente sanguínea.

DCV Doença cardiovascular.

EASD Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (European Association for the Study of

Diabetes).

MBE Medicina baseada em evidências.

HbA1c Hemoglobina glicosilada, uma análise ao sangue que mede a glicose média no sangue

nos últimos 2-3 meses e que é a melhor forma de medir o controlo global da glicose.

Deve ser medida 2 a 4 vezes por ano com um objectivo inferior a 7%.

GJA Glicémia de jejum alterada.

TGA Tolerância à glicose alterada.

Microalbumina Uma análise à urina que mede a função renal.

SNS Serviço Nacional de Saúde (Reino Unido).

DCD Doente com diabetes.

ECR Ensaio controlado e randomisado.

QdV Qualidade de vida.

Page 33: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

Referências

1. WHO Fact Sheet nº 138, revista em Abril de 2002:

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs138/en/index.html

2. IDF Global „What is Diabetes?‟: http://www.idf.org./home/index.cfm?unode=3B96844A-C026-

2FD3-87E85FD2293F42E9

3. Deliberação da ONU 61/225 “Dia Mundial da Diabetes”:

http://www.unitefordiabetes.org/assets/files/_UN_Resolution.pdf

4. IDF Atlas da Diabetes, 3ª edição, http://eatlas.idf.org

5. Conferência da UE sobre “Diabetes: Europe Rising to the Research Challenge”, Novembro de 2004:

http://europa.eu.int/comm/research/press/2004/pr0311en.cfm

6. A N Hussain, M, T Vincent, Diabetes Mellitus, Type 1, eMedicine:

http://www.emedicine.com/med/topic546.htm

7. W L Isley, J Oki, Diabetes Mellitus, Type 2, eMedicine:

http://www.emedicine.com/med/topic547.htm

8. Associação Americana da Diabetes, Diabetes and Pregnancy, http://www.diabetes.org/gestational-

diabetes/pregnancy.jsp

9. Life Clinic Management Systems, Diabetes and

Pregnancy¸http://www.lifeclinic.com/focus/diabetes/pregnancy_main.asp

11. March of Dimes, Having a Healthy Pregnancy with Diabetes:

http://www.marchofdimes.com/pnhec/188_1064.asp

12. PROQOLID, http://www.qolid.org/proqolid/search_1/pathology_disease?pty=1920

14. Senez B, Felicioli P, Moreau A, Le Goaziou M F, Quality of life assessment of type 2 diabetic

patients in general medicine, in: Presse Med, Vol. 33, páginas 161-163, 2004

15. Lustman P J , Clouse R E, Depression in diabetic patients: the relationship between mood and

glycaemic control, in: J Diabetes Complications, 2005 Mar-Abr; 19(2): 113-22

16. Diabetes Health, Hypoglycemia – What Happens:

http://www.diabeteshealth.com/read/1994/09/01/233.html

17. IDF Atlas da Diabetes, Major Diabetic Complications:

http://www.eatltas.idf.org/Complications/major_diabetic_complications/

18. Diabetes UK: http://www.diabetes.org.uk/

19. MedicineNet.com, Hypoglyemia: http://www.medicinenet.com/hypoglycemia/article.htm

20. Joslin Diabetes Center, Diabetes and Cardiovascular Disease:

http://www.joslin.org/managing_your_diabetes_3731.asp

21. Atlas da Diabetes, 2ª edição, quadro da Federação Internacional da Diabetes produzido em 2007-06-

20 10:36 a partir de www.eatlas.idf.org

22. J Betz-Brown, Apresentação oral no Congresso da IDF na Cidade do Cabo, 2006

23. Songer na Universidade de Pittsburg

24. Diabetes UK, Fact sheet No. 3: Diabetes: Cost and complications:

http://www.diabetes.org.uk/infocentre/fact/fact3.htm

25. R Williams, H Baxter, J Bottomley, J Bibby, E Burns, J Havey, R Sheaves, R Young, CODE-2:

European study of the costs of type 2 diabetes; a conversão para 2005 foi feita por HW.

26. A totalidade da coorte baseia-se num período médio de observação de 6,5 anos. Estudo retrolectivo

(ROSSO) : Self-monitoring of Blood Glucose (SMBG) and Outcome in People with Type-2 Diabetes.

27. C Weber, K Neeser, H Wenzel, B Schneider, Deutschland: Kosten des Typ-2 Diabetes über acht

Jahre (Rosso Studie Nr. 2), in: JME, Vol. 9, páginas 45-54, 2006.

28. National Diabetes Information Clearinghouse (NDIC); National Diabetes Statistics: http://

diabetes.niddk.nih.gov/dm/pubs/statistics/index.htm#5

29. Liebl A e outros: Costs of type 2 diabetes in Germany, Results of the CODE-2 study, Dtsch Med

Wochenschr 18;126(20) 2001:585-9.

30. J A Ray e outros, Curr Med Res Opin. 2005:21(10):1617-1629:

http://www.medscape.com/viewarticle/51522

31. C Weber, K Neeser, H Wenzel, B Schneider, Deutschland: Kosten des Typ-2 Diabetes über acht

Jahre (Rosso Studie Nr. 2), in: JME. Vol. 9, páginas 45-54, 2006.

32. Lab Tests Online: http://www.labtestsonline.org/index/html

Page 34: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

33. Global Guidelines for Type 2 Diabetes, IDF, 2005:

http://www.staff.ncl.ac.uk/philip.home/IDF_GGT2D.pdf

34. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes – 2006. Diabetes Care.

Volume 29, Suplemento 1, Janeiro de 2006.

35. Sackett, D L e outros (1996) Evidence based medicine: what it is and what it isn’t. BMJ 312 (7023),

13 de Janeiro, 71-72. Este documento também existe na Internet em:

http://cebm.jr2.ox.ac.uk/ebmisisnt.html

36. Gordon S Doig, Universidade de Sydney: http://www.evidencebased.net/

37. A saúde pública “trata dos esforços sistemáticos para identificar necessidades em termos de saúde e

organizar serviços de saúde abrangentes com uma base populacional bem definida”, Heller R F,

Heller T D e Pattison S, Putting the public back into public health. A re-definition of public health,

Public Health, Vol. 117, Número 1, Janeiro de 2003.

38. Wenzel e outros, 2006.

39. A exactidão define-se como a proporção de pacientes para os quais foi feito um diagnóstico correcto.

Exactidão incondicional significa que “estes parâmetros dependem do valor utilizado para diferenciar

entre sujeitos saudáveis e não saudáveis, mas são independentes da prevalência da doença”. EDMA,

Specific Performance Characteristics of IVD MDs, 2000, página 5.

40. Lohr K N, Steinwachs D M, Health Serv. Res., Fevereiro de 2002, páginas 7-9: “A investigação dos

serviços de saúde é um campo de investigação, tanto básica como aplicada, multidisciplinar que

examina a utilização, custos, qualidade, acessibilidade, prestação, organização, financiamento e

resultados dos serviços de saúde para aumentar o conhecimento e compreensão da estrutura,

processos e efeitos dos serviços de saúde para os indivíduos e as populações.”.

Page 35: EQUIPA DE DIABETES

EDMA

i N. da T.: O original contém muitíssimas gralhas de escrita, que não foram reproduzidas na tradução,

excepto em casos relevantes. ii N. da T.: Sic.

iii N. da T.: Sic.

iv N. da T.: Sic.

v N. da T.: Sic.

vi N. da T.: Sic.

vii N. da T.: Sic.

viii N. da T.: Sic.

ix N. da T.: Gralha no original: “hat” em vez de “that”.

x N. da T.: Sic.

xi N. da T.: Sic.

xii N. da T.: Sic.

xiii N. da T.: Sic.