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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DANILO MAGON GARCIA AÇÕES TÁTICAS NOS GRANDES EVENTOS: UMA PROPOSTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E DE ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL PARA O PELOTÃO DE FUZILEIROS COMO FORÇA DE CHOQUE NAS OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIO Rio de Janeiro 2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF DANILO MAGON GARCIA

AÇÕES TÁTICAS NOS GRANDES EVENTOS: UMA PROPOSTA DEEQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E DE ORGANIZAÇÃO DE

PESSOAL PARA O PELOTÃO DE FUZILEIROS COMO FORÇA DE CHOQUENAS OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIO

Rio de Janeiro2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF DANILO MAGON GARCIA

AÇÕES TÁTICAS NOS GRANDES EVENTOS: UMA PROPOSTA DEEQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E DE ORGANIZAÇÃO DE

PESSOAL PARA O PELOTÃO DE FUZILEIROS COMO FORÇA DE CHOQUE NASOPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIO

Rio de Janeiro2017

Trabalho acadêmico apresentado àEscola de Aperfeiçoamento de Oficiais,como requisito para a especializaçãoem Ciências Militares com ênfase emGestão Operacional

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MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRODECEx - DESMil

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS(EsAO/1919)

DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Autor: Cap Inf DANILO MAGON GARCIA

Título: AÇÕES TÁTICAS NOS GRANDES EVENTOS: UMA PROPOSTA DEEQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E DE ORGANIZAÇÃO DEPESSOAL PARA O PELOTÃO DE FUZILEIROS COMO FORÇA DE CHOQUENAS OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIO.

Trabalho Acadêmico, apresentado à Escolade Aperfeiçoamento de Oficiais, comorequisito parcial para a obtenção daespecialização em Ciências Militares, comênfase em Gestão Operacional, pós-graduação universitária lato sensu.

APROVADO EM ___________/__________/___________ CONCEITO: _____

BANCA EXAMINADORA

Membro Menção Atribuída

_________________________________ANTONIO HERVÉ BRAGA JÚNIOR - TC

Cmt Curso e Presidente da Comissão

_____________________________________________CARLOS ALBERTO NEIVA BARCELLOS FILHO - Cap

1º Membro e Orientador

___________________________________________RICARDO SARTORI PORTUGUÊS DE SOUZA- Cap

2º Membro

____________________________DANILO MAGON GARCIA – Cap

Aluno

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AÇÕES TÁTICAS NOS GRANDES EVENTOS: UMA PROPOSTA DEEQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E DE ORGANIZAÇÃO DE

PESSOAL PARA O PELOTÃO DE FUZILEIROS COMO FORÇA DE CHOQUE NASOPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIO

Danilo Magon Garcia*

Carlos Alberto Neiva Barcellos Filho**

RESUMOAtualmente o Exército Brasileiro tem sido empregado, com frequência, na segurança dos grandeseventos, sendo responsável, muitas das vezes, pela realização de Operações de Controle deDistúrbio. Esses acontecimentos representam uma oportunidade para o País divulgar sua capacidadede organizar e sediar eventos tão importantes, cabendo às Forças Armadas, ao lado de outrosórgãos, garantir que ocorram com toda segurança possível. Nesse sentido, o presente estudo tevepor objetivo compilar dos dados coletados e levantados, fornecendo subsídio para um direcionamentode adequação do Quadro de Dotação de Material (QDM) e o Quadro de Cargos Previstos (QCP) deum pelotão de fuzileiros empregado como força de choque em Operações de Controle de Distúrbiosna segurança de grandes eventos. Por fim será apresentado uma conclusão acerca dos dados einformações mais relevantes sobre o assunto, além de ser proposta uma solução prática para umQDM e um QCP desta fração nesse tipo de operação, contribuindo para o sucesso do ExércitoBrasileiro no cumprimento dessa missão.

Palavras-chave: Grandes eventos. Garantia da lei e da ordem. Operação de controle de distúrbio.Força de choque. QDM. QCP.

RESUMENActualmente el Ejército Brasileño ha sido empleado, con frecuencia, en la seguridad de los grandeseventos, siendo responsable, muchas veces, por la realización de Operaciones de Control deTrastorno. Estos acontecimientos representan una oportunidad para que el país divulgue sucapacidad para organizar y recibir eventos tan importantes, a las Fuerzas Armadas, al lado de otrosórganos, garantizar que ocurran con toda seguridad posible. En este sentido, el presente estudio tuvopor objetivo recopilar de los datos recolectados y levantados, proporcionando subsidio para undireccionamiento de adecuación del Cuadro de Dotación de Material (CDM) y el Cuadro de CargosPrevistos (CCP) de un pelotón de infantería empleado como fuerza de trabajo choque enOperaciones de Control de Trastornos en la seguridad de grandes eventos. Por último, se presentaráuna conclusión sobre los datos e informaciones más relevantes sobre el tema, además de serpropuesta una solución práctica para un CDM y un CCP de esta fracción en ese tipo de operación,contribuyendo al éxito del Ejército Brasileño en el cumplimiento de esa misión.

Palabras clave: Grandes eventos. Garantía de la ley y del orden. Operación de control de disturbios.Fuerza de choque. QDM. QCP.

** Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das AgulhasNegras (AMAN) em 2007. Pós-graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento deOficiais (EsAO) em 2017.**** Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das AgulhasNegras (AMAN) em 2004. Pós-graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento deOficiais (EsAO) em 2013.

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1 INTRODUÇÃO

A defesa da Pátria, a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a garantia dos

poderes constitucionais são as atribuições destinadas para as Forças Armadas (FA),

definidas no Artigo 142 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Contudo sua vocação principal é a Defesa Externa, preparando seus militares para a

guerra e adquirindo armamentos de grande poder de fogo para eliminar qualquer

força externa invasora do território nacional.

A partir do século XXI, o Exército Brasileiro (EB) passou a ter um emprego

maior em situações de normalidade, tendo como destaque a participação na

segurança de grandes eventos em território nacional: Jogos Pan-Americanos de

2007, 5º Jogos Mundiais Militares (JMM) em 2011, Rio + 20 em 2012, Jornada

Mundial da Juventude (JMJ) em 2013, Copa das Confederações em 2013, Copa do

Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.

Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, a segurança durante o evento teve

pouca participação das Forças Armadas e as ações executadas buscaram definir

procedimentos padronizados, desenvolvimento de programas sociais para a

prevenção de criminalidade e modernização de equipamento (PUBLICAÇÕES,

2016).

Os JMM no Brasil ocorreram no período de 8 a 28 julho de 2011, na cidade do

Rio de Janeiro. O comando das operações de segurança e inteligência teve como

responsável o Comando Militar do Leste. As experiências adquiridas durante o

evento, deixaram como legado aos militares das Forças Armadas e aos integrantes

dos diversos Órgãos de Segurança Pública um conhecimento intangível na área de

segurança em grandes eventos (BOTTINO, 2014, p. 26 e 27).

Rio + 20 é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentável e foi realizada na cidade do Rio de Janeiro nos dias 20 e 22 de junho de

2012. Nas operações de segurança foram empregados mais de 7 mil militares e 24

mil pessoas das demais instituições participantes. Como oportunidade de melhoria

foi observado que os elementos empregados não conseguiram adestrar-se com

munição menos-letal, tendo em vista que a aquisição não ocorreu com a

antecedência necessária (BOTTINO, 2014, p. 27-31).

A JMJ ocorreu no Brasil entre 23 e 28 de julho de 2013, na cidade do Rio de

Janeiro. O encontro teve a participação do Papa Francisco e desencadeou uma

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grande operação de segurança com mais de 8 mil militares coordenada pelo

Comando Militar de Leste.

No Brasil, a Copa das Confederações de 2013 aconteceu no período de 29 de

maio a 30 de junho e teve as Forças Armadas como principal responsável pela

segurança. Tendo em vista as diversas reinvindicações e manifestações ocorridas

nesse ano, exigiu um amplo planejamento e uma vasta preparação das Forças

Armadas para o cumprimento das missões.

No Brasil, a Copa do Mundo de 2014 teve a participação de trinta e duas

equipes nacionais e aconteceu no período de 12 de junho a 13 de julho. Nessa

ocasião, foi planejado e executado o maior esquema de segurança armado no país

até então, onde as FA contaram com mais de 59 mil militares. Durante o

acontecimento os militares desempenharam suas missões com eficiência e

discrição, atuando na defesa do espaço aéreo, defesa marítima e fluvial, fiscalização

de explosivos, defesa cibernética e combate ao terrorismo.

No Brasil, os Jogos Olímpicos de 2016 aconteceram no período de 5 a 21 de

agosto e teve as Forças Armadas como responsáveis pela segurança, sendo

empregados mais de 22 mil militares do Exército, Marinha e Força Aérea. Cabe

ressaltar que as operações realizadas pelos diversos órgãos empregados no evento.

Tendo em vista a importâncias destes acontecimentos e a repercussão

internacional, a correta postura da tropa bem como materiais e pessoal adequado

para o cumprimento da missão são de vital relevância para o êxito nas atividades.

O Quadro de Dotação de Material (QDM) do EB visa à Defesa Externa, tendo

recentemente começado uma adequação para o emprego na Defesa Interna,

estabelecendo normas gerais iniciais relativas à organização, preparo e emprego

das Forças Armadas na garantia dos poderes constitucionais (COSTA, 2012, p. 19).

Como consequência dessa realidade, da constante evolução doutrinária e da

projeção para o futuro, a Força Terrestre iniciou a adaptação de sua doutrina,

modificou seus Programas Padrão, criou Centros de Instruções, realizou

intercâmbios e criou grupos de estudos, tudo visando melhorar o preparo e propor

novidades de emprego da sua tropa no território nacional.

Fruto dessa conjuntura atual, o presente estudo pretende apresentar as ações

táticas dos grandes eventos, focando nos materiais e nos recursos humanos

empregados pela Força de Choque (F Chq) nas Operações de Controle de

Distúrbios (OCD).

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1.1 PROBLEMA

Mesmo com todos os esforços que as FA fizeram para a adaptação da

doutrina visando às missões de segurança de grandes eventos, alguns óbices ainda

são encontrados, tais como: a falta de investimentos em tecnologia de defesa, a falta

de Produtos de Defesa (PRODE) suficientes para todos os militares e a falta de um

manual sobre o emprego da tropa, que especifique a forma, as táticas de emprego,

os materiais, os equipamentos e o organograma das frações. Essas dificuldades

prejudicam a atuação das Forças Armadas, em especial o Exército Brasileiro,

durante o cumprimento dessas missões.

No sentido de orientar o preparo do Exército Brasileiro nas Ações Táticas dos

Grandes Eventos, foi formulado o seguinte problema:

Quais são os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a organização de

pessoal mais adequada para o emprego de um pelotão de fuzileiros como força de

choque em uma operação de controle de distúrbio na segurança de grandes

eventos?

1.2 OBJETIVOS

A fim de facilitar a confecção do trabalho, o presente estudo formulou como

objetivo geral a apresentação de uma proposta de composição de pessoal e de EPI

a serem inseridos no QDM de um pelotão de fuzileiros para adequar o seu emprego

como F Chq em operações de controle de distúrbio, focando no emprego da fração

em segurança de grandes eventos.

Para viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados os

objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitiram o encadeamento lógico

do raciocínio descritivo apresentado neste estudo:

a) identificar as funções básica/essenciais de uma fração nível pelotão, quando

empregada em força de choque em uma Operação de Controle de Distúrbio;

b) identificar os EPI essenciais e os utilizados por tropas brasileiras, quando

atuando em uma força de choque na execução de OCD;

c) apresentar Equipamentos de Proteção Individual que podem ser incluídos no

QDM de um Pel Fuz aprestado como F Chq em OCD; e

d) apresentar uma composição organizacional que pode ser adotada pelo Pel

Fuz como força de choque em OCD.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

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A escassa bibliografia acerca do assunto faz com que recorramos a situações

práticas ocorridas em operações mais recentes. O manual de campanha C 19-15

Operações de Controle de Distúrbios, atenta-se apenas em conceitos mais amplos.

Verifica-se também que a maneira de executar esse tipo de operação alterna no

âmbito das diversas Organizações Militares e geralmente são pautadas nos

ensinamentos levantados nos seus próprios adestramentos (MELCHIOR, 2012, p.

13).

Para o cumprimento da destinação constitucional nas Op GLO, na qual está

incluída OCD, cabe ao Exército o preparo de seus órgãos operativos e de apoio,

mantendo suas instruções, adestramento, doutrinas específicas, inteligência e

logística em permanente aperfeiçoamento e evolução (BRASIL, 2014, p. 31).

Cabe ressaltar que os batalhões de infantaria não possuem Quadro de

Dotação de Material e Quadro de Cargos Previstos (QCP) específicos para

Operações de Controle de Distúrbios. Portanto, é importante um estudo que

proporcione levantar os materiais e pessoal para atender as necessidades

operacionais dessas missões.

Neste sentido, o presente estudo se justifica por promover uma pesquisa a

respeito de um tema atual e de suma importância para a evolução doutrinária da

Força Terrestre, da qual se espera um importante papel no cenário atual de

emprego.

O trabalho pretende, ainda, colaborar com uma proposta de adequação do

Quadro de Dotação de Material e do Quadro de Cargos Previstos de um pelotão de

fuzileiros empregado como força de choque em Operações de Controle de

Distúrbios na segurança de grandes eventos.

2 METODOLOGIA

Para colher subsídios que permitissem formular uma possível solução para o

problema, o delineamento desta pesquisa contemplou leitura analítica e fichamento

das fontes, entrevista com especialista, questionários, argumentação e discussão de

resultados.

Quanto à forma de abordagem do problema, utilizaram-se, principalmente, os

conceitos de pesquisa quantitativa, pois as referências numéricas obtidas por meio

dos questionários foram fundamentais para a formulação da proposta de

composição dos meios e de EPI.

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Quanto ao objetivo geral, foi empregada a modalidade exploratória, tendo

em vista o pouco tempo e conhecimento disponível, acerca do tema, o que exigiu

uma revisão inicial, materializada pela pesquisa bibliográfica, pela entrevista

exploratória e seguida de questionário para uma amostra com experiência

profissional relevante sobre o assunto.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

Iniciamos o delineamento da pesquisa com a definição de termos e conceitos,

a fim de viabilizar a solução do problema de pesquisa, sendo baseada em uma

revisão de literatura no período de janeiro de 2007 a junho de 2017. Sabe-se que a

preocupação com o emprego em grandes eventos teve início no século XXI, assim,

essa delimitação baseou-se na necessidade de atualização sobre o tema, tendo em

vista que os manuais atuais divergem entre si com relação as formas de emprego e

materiais a serem utilizados.

O limite anterior foi determinado almejando incluir as análises sobre os

grandes eventos ocorridos no Brasil a partir do ano de 2007, referências para Op

GLO, devido a exploração de lições aprendidas e o aprimoramento da doutrina.

Entretanto, os manuais de campanha do EB que abordam as Operações de Controle

de Distúrbio (C 19-15) e o Polícia do Exército (C 19-5) exigiram a criação de

exceções no período estipulado, devido às suas datas de elaboração serem

anteriores ao ano de 2007.

Foram utilizadas as palavras-chave grandes eventos, garantia da lei e da

ordem, operação de controle de distúrbio, força de choque, QDM e QCP juntamente

com seus correlatos em inglês e espanhol, na base de dados RedeBIE, Pergamum,

Scielo, em sítios eletrônicos de procura na internet, biblioteca de monografias da

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), do Centro de Instrução de

Operações de Garantia da Lei e da Ordem (CIOpGLO) e no portal de doutrina do

Exército, sendo selecionados apenas os artigos em português e espanhol. O

sistema de busca foi complementado ainda pela coleta de manuais de campanha,

nota de aula, cadernetas operacionais e artigos referentes ao tema, do EB, da

Polícia Militar e do Exército da Espanha.

Quanto ao tipo de operação militar, a revisão de literatura limitou-se a ações

táticas em grandes eventos, com enfoque majoritário em operações de controle de

distúrbio nas participações das Forças Armadas na copa das confederações de

2013, na copa do mundo de 2014 e nos jogos olímpicos de 2016.

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a. Critério de inclusão:

- Estudos publicados em português ou espanhol, relacionados a composição

de pessoal e de EPI a serem inseridos no QDM de um pelotão de fuzileiros para

adequar o seu emprego como força de choque em operações de controle de

distúrbio, focando no emprego da fração em segurança de grandes eventos;

- Estudos e matérias jornalísticas que retratam o emprego de tropas na

segurança dos grandes eventos ocorridos no Brasil e no mundo; e

- Estudos qualitativos sobre os materiais e pessoal a serem empregados pelo

pelotão de fuzileiros como F Chq.

b. Critério de exclusão:

- Estudos que abordam o emprego de tropas cavalaria, particularmente tropas

Hipo em OCD; e

- Estudos cujo foco central seja relacionado estritamente à as formas de

manobras empregadas pela força de choque em OCD.

2.2 COLETA DE DADOS

Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o

delineamento da pesquisa contemplou a coleta de dados pelos seguintes meios:

entrevista exploratória e questionário.

2.2.1 Entrevistas

Com a finalidade de ampliar o conhecimento teórico e identificar experiências

relevantes, foi realizada entrevista exploratória com um especialista possuidor de

grande experiência em tropas de Polícia do Exército, além de ter sido instrutor e

idealizador de táticas e técnicas utilizadas nos Núcleos de Ensino dos Batalhões de

Polícia do Exército e ainda possuir participação em grupos de estudos para

propostas de atualizações de manuais de GLO, conforme dados a seguir:

Nome Justificativa

CAIO GUILHERME DE SOUZAABREU – Cap EB

Cmt de Pel PE no BPEB; Cmt de Pel PE de F Paz no BRABAT1/15; Curso de PE para oficiais; Estágio de Armamento e

Munição não-letal; e Instrutor do Núcleo de Ensino do BPEB(núcleo voltado para o emprego de tropas PE em GLO).

QUADRO 1 – Quadro de Especialistas entrevistadosFonte: O autor

2.2.2 Questionário

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A amplitude do universo foi estimada a partir do efetivo de militares que

participaram de operações de controle de distúrbio durante os Jogos Olímpicos de

2016 na cidade do Rio de Janeiro. O estudo foi limitado particularmente aos oficiais

e sargentos, devido à sua formação mais completa e especialização para o

comando das pequenas frações.

A amostra selecionada para responder aos questionários foi restrita a oficiais

e sargentos, que tenham exercidos funções de comando, da FORÇA TAREFA (FT)

CAMPOS GERAIS, fração composta por militares do 20º Batalhão de Infantaria

Blindado e do 13º Batalhão de Infantaria Blindado. Tal amostra realizou um

adestramento e preparo eficaz junto a esta FT envolvida nas atividades de

segurança durante os jogos olímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro. O

escalão de comando foi escolhido pelo fato de os oficiais e sargentos possuírem

uma formação mais aprofundada e técnica que a dos cabos e soldados.

Dessa forma, utilizando-se dados obtidos nos relatórios das operações, a

população a ser estudada foi estimada em 60 militares. A fim de atingir uma maior

confiabilidade das induções realizadas, buscou-se atingir uma amostra significativa,

utilizando como parâmetros o nível de confiança igual a 90% e erro amostral de

10%. Nesse sentido, a amostra dimensionada como ideal (nideal) foi de 33.

Apesar de o comando de SU ser comumente exercido por oficiais

intermediários (capitães), a amostra contemplou oficiais superiores (majores), já que

alguns podem ter sido promovidos desde sua participação na missão supracitada.

Dessa feita, foram distribuídos questionários para 55 oficiais e sargentos da FT

CAMPOS GERAIS.

O efetivo acima foi obtido considerando 150% da amostra ideal prevista

(nideal=33), utilizando-se como N o valor de 60 militares, sendo 20 militares da arma

de cavalaria e 40 militares da arma de infantaria.

A amostra foi selecionada em diferentes Organizações Militares, de maneira a

não haver interferência de respostas em massa ou influenciadas por episódios

específicos. A sistemática de distribuição dos questionários ocorreu de forma

indireta (correspondência ou e-mail) para 55 militares que atendiam os requisitos.

Entretanto, devido a diversos fatores, somente 30 respostas foram obtidas (90,91%

de nideal e 54,55% dos questionários enviados), não havendo necessidade de

invalidar nenhuma por preenchimento incorreto ou incompleto.

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A partir do nideal (33), depreende-se que o tamanho amostral obtido (n=30) foi

inferior ao desejado para o tamanho populacional dos potenciais integrantes da

amostra, no entanto não inviabiliza, tampouco reduz a relevância desta pesquisa,

haja vista a especialização da amostra.

Foi realizado um pré-teste com 3 capitães-alunos da Escola de

Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), que atendiam aos pré-requisitos para integrar a

amostra proposta no estudo, com a finalidade de identificar possíveis falhas no

instrumento de coleta de dados. Ao final do pré-teste, foi observado que os

questionamentos estavam muito extensos e, portanto, foi reduzido o número de

informações conceituais e a quantidade de perguntas, de forma que seu

preenchimento ficasse mais simples, porém que ainda atendesse às necessidades

do trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa

bibliográfica e documental realizada, bem como do questionário aplicado.

Este tópico visa levantar argumentos que colabore com uma proposta de

adequação do Quadro de Cargos Previstos e do Quadro de Dotação de Material

previstos para um pelotão de fuzileiro empregado como força de choque em

Operações de Controle de Distúrbio em grandes eventos, bem como contribuir para

uma possível confecção de novas fontes de consulta sobre o assunto.

Em uma Operação de Controle de Distúrbio, a tropa empregada nessa

missão é dividida, basicamente, em Força de Isolamento, Força de Cerco, F Chq,

Força de Reação, Reserva, Equipe de Apoio, Equipe de Busca e Equipe de

Observação e Base de Fogos. A Força de Choque é equipada com material e

munições específicas de controle de distúrbios com o objetivo de quebrar a

resistência dos Agentes da Perturbação da Ordem Pública (APOP).

O Pelotão de Choque (Pel Chq) é a fração base utilizada no controle de

distúrbio, podendo ser empregado como choque leve ou choque pesado,

dependendo da situação tática. O Centro de Instrução de Operações de Garantia da

Lei e da Ordem e alguns Batalhões de Polícia do Exército, divergem ao estabelecer

quais EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS (EPI) e qual organização

este pelotão deve empregar em OCD.

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Para se atingirem os objetivos da presente seção, inicialmente foi realizado

uma pesquisa bibliográfica, na sequencia foi realizada uma entrevista com um militar

especialista no assunto, posteriormente foi elaborado e aplicado um questionário

teste e por fim, após as alterações necessárias realizadas no questionário teste, o

questionário final foi distribuído para a amostra.

A posteriori, é apresentada uma análise inferencial dos resultados de forma a

extrapolar o conhecimento obtido com a amostra anteriormente levantada,

procurando, assim, evidências que permitam responder as questões de estudo

previamente formuladas.

As perguntas de 1 a 4 buscaram identificar e verificar se os militares estavam

no universo proposto para a pesquisa e de qual operações de GLO haviam

participado.

A pergunta Nr 1 do questionário buscou verificar qual o posto e graduação

dos militares. Esta pergunta compôs um grupo de oficiais e sargentos que tenham

exercido funções de comando em OCD. O resultado obtido está representado no

gráfico abaixo.

3,33%10,00%

30,00%

3,33%3,33%

16,67%

33,33%

Major Capitão Tenente ST 1º Sgt 2º Sgt 3º Sgt

GRÁFICO 1 – Posto e graduação dos militares que responderam o questionárioFonte: O autor

O estudo do gráfico nos permite observar que a maioria dos militares que

responderam o questionário foram 3º sargentos e tenentes, fato que se justifica

tendo em vista que, juntos, correspondem a 65% da população amostral.

Na segunda pergunta do questionário buscou-se verificar a experiência dos

militares em operações reais/treinamentos/cursos realizadas em ambientes urbanos.

Esta pergunta apresentou um grupo de opções de operações de Pacificação, Apoio

a Órgãos Governamentais e Grandes Eventos, bem como treinamentos e cursos

realizados pelos militares. O resultado obtido está representado no gráfico a seguir.

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MINUSTAH

Op Arcanjo

Op São Francisco

Grandes Eventos

Treinamentos

Nenhuma

Op Morro da Providência (2006)

0 5 10 15 20 25 30 35

10

3

11

30

14

0

1

GRÁFICO 2 – Experiência profissional dos militares em operações em ambiente urbanoFonte: O autor

O estudo do gráfico nos permite observar com destaque que a totalidade dos

militares participaram de operações em grandes eventos, 33% participaram da

MINUSTAH, 10% participaram da Op Arcanjo, 37% participaram da Operação São

Francisco e 3% participaram da Op Morro da Providência (2006). Demonstrando a

vasta experiência da amostra em operações recentes realizadas pelo Exército

Brasileiro.

A pergunta Nr 3 do questionário buscou verificar a experiência dos militares

em Operações de Controle de Distúrbio em grandes eventos, tais como Jornada

Mundial da Juventude, Copa das Confederações de 2013, Copa do Mundo de 2014

e Jogos Olímpicos de 2016. O resultado obtido está representado no gráfico abaixo.

GRÁFICO 3 – Experiência profissional dos militares em OCD nos grandes eventosFonte: O autor

O estudo do gráfico nos permite observar que 22% participaram uma vez,

64% participaram duas vezes, 7% participaram três vezes ou mais e apenas 7%

nunca participaram deste tipo de operação. Demonstrando coerência com a

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14

pergunta anterior, uma vez que os militares apresentaram vasta experiência em

GLO e também tiveram grande participações em OCD nos grandes eventos.

Na quarta pergunta do questionário buscou-se verificar em que função os

militares participaram de Operações de Controle de Distúrbio. O resultado obtido

está representado no gráfico a seguir.

Outro

Chefe de Seção/Adjunto/Auxiliar de Estado-Maior

Integrante de fração Logís�ca/Apoio (Cia C Ap, Pel Com, Seç Cmdo...)

Comandante de fração Operacional (Cia Fuz, Pel, GC, DOFEsp)

Nunca par�cipei

0 5 10 15 20 25 30

1

3

4

26

1

GRÁFICO 4 – Função dos militares em OCDFonte: O autor

O estudo do gráfico nos permite observar que 87% participaram como

comandante de fração operacional, 13% participaram como integrante de fração

Logística/Apoio e apenas 3% nunca participaram destas operações, sendo que em

alguns casos teve militares que participaram em mais de uma função. Evidenciando

que a maioria da amostra exerceu funções que tiveram contato com o problema

tratado neste trabalho, podendo contribuir de forma mais contundente e produtiva

para os resultados conclusivos sobre o assunto.

As perguntas 5 e 6 buscaram levantar informações e opiniões sobre a

organização de pessoal (organograma) de um pelotão de fuzileiro quando

empregado como F Chq.

A pergunta Nr 5 do questionário buscou verificar se a amostra considera a

constituição de pessoal do pelotão de fuzileiros, prevista no Caderno de Instrução

(CI) 7-10/1-Pelotão de Fuzileiros, adequada ou não para o emprego desta fração

como F Chq em OCD. O resultado obtido está representado no gráfico abaixo.

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15

GRÁFICO 5 – Opinião da amostra, em percentual, sobre a constituição do Pel FuzFonte: O autor

A percepção da amostra, de maneira geral (57%), é que a constituição

“padrão” prevista em manual é parcialmente adequada para o emprego em

Operações de Controle de Distúrbio, ou seja, os trinta e sete militares do pelotão de

fuzileiros divididos em 3 grupos de combate, um grupo de apoio e uma turma de

comando, sendo necessário a realização de ajustes às necessidades de um pelotão

como força de choque. Verificamos ainda que 30% dos militares disseram concordar

totalmente com a adequabilidade e apenas 13% não concordaram sendo um

resultado praticamente irrelevante.

Nesta questão, foi aberto um espaço para complementar a resposta caso

desejasse, no qual se destaca as seguintes observações: alguns militares

comentaram que seria necessário empregar o Grupo de Apoio do Pelotão de

Fuzileiros para suprir as funções que os grupos de combates não conseguem para

uma Força de Choque e que de uma forma geral a constituição do Pelotão de

Fuzileiros é capaz de cumprir as missões de OCD, porém adaptações devem ser

feitas.

A partir deste resultado, observa-se uma coerência e alinhamento com a

opinião do especialista, entrevistado durante o trabalho, e com os manuais e notas

de aulas que abordam sobre o assunto de GLO.

Na sexta pergunta do questionário buscou-se verificar acerca das funções,

avaliadas pela amostra, como fundamentais para o emprego do pelotão de choque.

Tendo como base as informações coletadas nas fontes de consultas e em outros

Trabalhos de Conclusão de Curso, foram apresentadas 16 opções para possíveis

funções, tendo ainda a possibilidade de acrescentar outras se o militar julgasse

necessário. O resultado obtido está representado no gráfico a seguir.

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16

Moto

ciclis

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Operador d

o canhão d

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Fotógra

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Marc

ador

Captura

dor

A�rador

Granadeiro

Escudeiro

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Moto

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Adjunto

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Comandante

de p

elotã

o

0

5

10

15

20

25

30

35

5

15

25

20 19

30 30 3028

18

2723

18 19

29 30

GRÁFICO 6 – Opinião da amostra, em valores absolutos, sobre quais funções devem ter uma F Chq Fonte: O autor

A maioria da amostra (quantidade superior ou igual a 70%), apontaram as

seguintes funções como essenciais na organização do Pel Chq: comandante de

pelotão (100%), adjunto de pelotão (97%), homem extintor (76%), segurança do

pelotão (90%), comandante de grupo (94%), escudeiro (100%), granadeiro (100%),

atirador (100%), fotógrafo (84%).

Parte da amostra (quantidade inferior a 70%) que responderam os

questionários indicaram as seguintes funções como essenciais na organização do

pelotão de choque: rádio operador (64%), motorista (60%), cinófilo (60%),

capturador (63%), marcador (67%), operador de canhão d’água (50%) e motociclista

(17%).

A partir deste resultado, observa-se um pequeno alinhamento das respostas

dos questionários, com a opinião do especialista. Nas respostas, pouco mais da

metade disseram que as funções de cinófilo e capturador são essenciais, e o militar

entrevistado durante este trabalho disse que essas funções devem existir, porém

devido as suas particularidades devem ficar em uma equipe externa ao pelotão,

possivelmente na reserva ou na equipe de apoio e eventualmente durante o

emprego sejam passadas em reforço para cumprir a missão. O entrevistado

enfatizou ainda que o marcador, militar armado com paintball, não deve existir, tendo

em vista que o armamento não proporciona efeito no APOP ao ponto de repelir suas

ações a curtas distâncias e nem cumpre a missão de marcá-lo, uma vez que sua

precisão é muito pequena, podendo causar inclusive confusão nos militares quanto a

quem realmente deva ser detido, e nos questionários também evidenciou que esta

função não é tão relevante.

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Nesta questão, foi aberto um espaço para “outras opções”, no qual se destaca

a seguinte observação feita: um militar poderia portar uma câmera GoPro e durante

as operações deveria posicionar-se em um local que pudesse registrar os principais

eventos da ação.

As perguntas de 7 a 11 buscaram levantar informações e opiniões sobre os

equipamentos de proteção individual utilizados por um pelotão de fuzileiro quando

empregado como F Chq. As opções de EPI apresentados, aos militares que

responderam o questionário, foram extraídos da nota de aula do CIOpGLO

elaborada no ano de 2013 e como forma de facilitar a identificação dos materiais foi

anexado uma foto deste documento, bem como uma foto ilustrando os níveis de

proteção, tudo com finalidade de dar mais coerência as respostas. Além disso, foi

dado a liberdade para o militar acrescentar qualquer equipamento que julgasse

necessário e não estivesse na relação apresentada.

A pergunta Nr 7 do questionário buscou verificar acerca dos EPI distribuídos

as OM, analisando se são suficientes e adequados. O resultado obtido está

representado no gráfico abaixo.

GRÁFICO 7 – Opinião da amostra, em percentual, sobre os EPI de OCD distribuídos para asUnidades

Fonte: O autor

A percepção da amostra, de maneira geral (70%), é que os equipamentos são

parcialmente adequados e suficientes, ou seja, é necessário que os QDM das

unidades sejam complementados e melhorados para o emprego em OCD.

Verificamos ainda que 20% dos militares disseram não concordar com tal afirmação

e apenas 10% concordaram totalmente sendo um resultado irrelevante.

Nesta questão, foi aberto um espaço para complementar a resposta caso

desejasse, no qual se destaca as seguintes observações: alguns militares disseram

que a qualidade dos materiais distribuídos é ruim, sendo um material frágil e de

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difícil ajuste; um militar enfatizou dois problemas enfrentados, a falta de capacetes e

de coletes balísticos nas unidades; um militar relatou a falta de padronização dos

EPI distribuídos pelo escalão superior responsável pelo suprimento, fato que pode

ocasionar formas de emprego diferente e assim, talvez, dificultar o cumprimento da

missão; um militar salientou que as OM não possuem o escudo balístico nível II e

que os “Kit OCD” distribuídos para as OM foram para atender a demanda dos

grandes eventos e que não há uma previsão de receber novos Kits em curto prazo.

Na oitava pergunta do questionário buscou-se verificar quais EPI a amostra

julga serem fundamentais para o pelotão de choque leve empregado em OCD nos

grandes eventos. Foram levantadas 10 opções de equipamentos, sendo possível,

ainda, acrescentar outros se o militar julgasse necessário. O resultado obtido está

representado no gráfico a seguir.

Capacete

Balís

�co N

II c/

vise

ira

Capacete

leve

c/ vi

seira

Colete

Balís

�co N

III A

Colete

Balís

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III

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N II

Escudo d

e Polic

arbonato

Traje

An�-tu

multo

Caneleira

Másc

ara co

ntra g

ases

Outro

0

5

10

15

20

25

30

35

9

23

57

27

7

21

29

24 24

0

GRÁFICO 8 – Opinião da amostra, em valores absolutos, sobre quais EPI são fundamentais para opelotão de choque leve

Fonte: O autor

A maioria da amostra, apontou os seguintes EPI como essenciais para o

pelotão de choque leve quando empregado em OCD nos grandes eventos: capacete

leve com viseira e sem proteção balística (77%), tonfa (90%), escudo de

policarbonato (70%), traje anti-tumulto (97%), caneleira (80%) e máscara contra

gases (80%).

Parte da amostra indicou também os seguintes equipamentos como

essenciais: capacete balístico N II com viseira (30%), colete balístico N III A (17%),

colete balístico N III (23%), escudo balístico N II (23%).

Verifica-se que nenhum outro EPI foi apontado como essencial para a força

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de choque leve, corroborando com a opinião do especialista, que disse desconhecer

outros equipamentos voltados para esse emprego. Com isso podemos deduzir que

os materiais existentes na unidade e previstos em nossas fontes de consultas,

possivelmente sejam os únicos já existentes no mercado, podendo existir apenas

diferença de qualidade entre um produto e outro. Observamos ainda que os

materiais com proteção balística foram aqueles que tiveram menor indicação para o

Pelotão de Choque Leve, com isso podemos concluir que a maioria dos militares

consideram não haver necessidade dessa proteção, privilegiando a mobilidade e

agilidade dos integrantes da força de choque.

A partir desta última análise, observa-se um alinhamento e coerência das

respostas dos questionários, com a opinião do especialista. O entrevistado disse que

não há a necessidade de empregar qualquer equipamento balístico no choque leve,

desde que durante o exame de situação do comandante seja levantado que não há

possibilidades dos APOP possuírem arma de fogo, assim o emprego apenas de

equipamentos mais leves agregaria em velocidade e agilidade aos integrantes da F

Chq.

O entrevistado destacou também que o preço do traje anti-tumulto (Figura 1)

é muito alto e que uma possível solução para diminuir estes gastos e ao mesmo

tempo atender as necessidades para o emprego de um Pelotão de Choque Leve,

seria a aquisição apenas de escudos de policarbonato, caneleiras, tonfa e viseiras

para capacetes balísticos, existente nas unidades. Com isso a fração ficaria com os

seguintes EPI: capacete balístico com viseira, caneleira, tonfa, escudo de

policarbonato e colete balístico N III (já existente em diversas Organizações

Militares).

FIGURA 1 - Traje anti-tumultoFonte: BRASIL, 2013, p. 129

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A pergunta Nr 9 do questionário buscou verificar quais EPI a amostra julga

serem fundamentais para o pelotão de choque pesado empregado em OCD nos

grandes eventos. Foram levantadas 10 opções de equipamentos, sendo possível,

ainda, acrescentar outros se o militar julgasse necessário. O resultado obtido está

representado no gráfico abaixo.

Capacete

Balís

�co N

II c/

vise

ira

Capacete

leve

c/ vi

seira

Colete

Balís

�co N

III A

Colete

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III

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N II

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Outro

0

5

10

15

20

25

30 27

2

19

8

27 26

2

23 23

27

0

GRÁFICO 9 – Opinião da amostra, em valores absolutos, sobre quais EPI são fundamentais para opelotão de choque pesado

Fonte: O autor

A maioria da amostra, apontaram os seguintes EPI como essenciais para o

pelotão de choque pesado quando empregado em OCD nos grandes eventos:

capacete balístico N II com viseira (90%), colete balístico N III A (64%), tonfa (83%),

escudo balístico N II (87%), traje anti-tumulto (77%), caneleira (90%) e máscara

contra gases (90%).

Parte da amostra indicou também os seguintes equipamentos como

essenciais: capacete leve com viseira e sem proteção balística (7%), colete balístico

N III (27%), escudo de policarbonato (7%).

Da mesma forma que na pergunta anterior, verifica-se que nenhum outro EPI

foi apontado como essencial para a força de choque pesada, sendo mais uma vez

igual a opinião do entrevistado. Observamos ainda que, diferente da oitava pergunta,

os materiais com proteção balística tiveram maior destaque, com isso podemos

concluir que a maioria dos militares consideram a necessidade de haver esta

proteção, privilegiando, assim, a segurança dos integrantes da força de choque.

O especialista entrevistado durante este trabalho disse que não há a

necessidade de empregar o traje anti-tumulto no choque pesado, uma vez que o uso

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do colete balístico junto com o traje prejudica muito a locomoção, podendo até

prejudicar o cumprimento da missão. Além disso, o colete balístico já proporcionaria

uma proteção adequada para a região do tronco do militar. Comparando esta

observação com as respostas dos questionários, observa-se uma divergência, uma

vez que a maioria dos militares (77%) responderam que o traje anti-tumulto é

necessário para o pelotão de choque pesado, dessa forma demonstraram uma

maior preocupação com a proteção, proporcionada por este equipamento, contra

objetos lançados, impactos e traumas, mesmo em detrimento de uma possível

dificuldade para locomoção.

Na décima pergunta do questionário buscou-se verificar quais EPIs os

militares utilizaram quando empregados em um pelotão de choque leve em OCD nos

grandes eventos. O resultado obtido está representado no gráfico a seguir.

Capacete

Balís

�co N

II c/

vise

ira

Capacete

leve

c/ vi

seira

Colete

Balís

�co N

III A

Colete

Balís

�co N

III

Traje

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10

15

20

25

30

2

23

1

8

25

5

24

0

25

3

0

GRÁFICO 10 – Quantidade de EPI empregado pelos militares, quando integrando um pelotão dechoque leve em OCD nos grandes eventos

Fonte: O autor

Observamos que a maioria utilizou os seguintes materiais: capacete leve com

viseira e sem proteção balística (77%), traje anti-tumulto (83%), tonfa (80%), escudo

de policarbonato (83%).

Parte da amostra indicou também os seguintes equipamentos como

essenciais: capacete balístico N II com viseira (7%), colete balístico N III A (3%),

colete balístico N III (27%), máscara contra gases (17%), escudo balístico N II (0%),

nenhum item anterior (10%).

A partir desde resultado, observa-se que a grande maioria empregou, como

EPI, os equipamentos previstos nos “kit anti-tumulto” distribuídos as OM. Podemos

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22

verificar também que poucos militares utilizaram equipamentos com proteção

balística e que apenas 10% não teve a oportunidade de ser empregado em uma

missão de OCD durante algum grande evento.

A pergunta Nr 11 do questionário buscou verificar quais EPIs os militares

utilizaram quando empregados em um pelotão de choque pesado em OCD nos

grandes eventos. O resultado obtido está representado no gráfico abaixo.

Capacete

Balís

�co N

II c/

vise

ira

Capacete

leve

c/ vi

seira

Colete

Balís

�co N

III A

Colete

Balís

�co N

III

Traje

An�-tu

multo

Másc

ara co

ntra g

ases

Tonfa

Escudo B

alís�co

N II

Escudo d

e Polic

arbonato

Nenhum it

em a

nterio

r

Outro

0

5

10

15

20

25

35

2 3

8

1

7

0

8

20

0

GRÁFICO 11 – Quantidade de EPI empregado pelos militares, quando integrando um pelotão dechoque pesado em OCD nos grandes eventos

Fonte: O autor

Realizando uma análise do gráfico, vemos que a maioria (67%) não participou

de nenhuma operação onde tenha sido empregado como Pelotão de Choque

Pesado. Com isso pode ser deduzido que, durantes atividades nos grandes eventos,

são poucas as vezes que é necessário um nível de proteção maior, ou seja, a

situação tática exigida nesse contexto, normalmente, será privilegiada a agilidade e

mobilidade da fração empregada.

Por fim, almejando verificar, criticamente, a opinião dos combatentes a

respeito do tema, foi disponibilizado, na questão Nr 12, um espaço para

considerações sobre o estudo, no qual surgiram alguns comentários, dos quais

destaca-se apenas um que foi relacionado com o tema deste trabalho:

a) “Os escudos de Policarbonato distribuídos pela cadeia de suprimento são

extremamente frágeis, quebrando durante instruções e até mesmo durante o

transporte”.

Este comentário ressalva a fragilidade de alguns equipamentos de proteção,

reforçando a opinião já expressada por outros militares em respostas anteriores.

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23

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto às questões de estudo e objetivos propostos no início deste trabalho,

conclui-se que a presente investigação atendeu ao pretendido, ampliando a

compreensão sobre os Equipamentos de Proteção Individual e sobre a organização

de pessoal, durante o emprego de um pelotão de fuzileiro como força de choque na

segurança de grandes eventos.

A revisão de literatura possibilitou levantar as diversas funções utilizadas pela

tropa quando empregada como força de choque em OCD, sendo possível identificar

diferenças entre algumas fontes de consulta. Além disso, analisando esta mesma

fração, foram levantados diversos EPIs utilizados pelas tropas do Exército Brasileiro

e outras tropas, identificando também algumas diferenças de nomenclatura nos

equipamentos utilizados, além de algumas fontes de consulta apresentarem

sugestões de materiais diferentes, divergindo entre si, ou mesmo ser uma fonte

muito escassa de informações gerando dúvidas sobre a forma correta de empregar

os meios.

Cabe salientar que a fonte de consulta que trata especificamente sobre

Operações de Controle de Distúrbio e aprovada pelo Estado Maior do Exército

(EME), é do ano de 1997, as demais fontes não são especificas para esse tipo de

operação ou não são aprovadas pelo EME, como por exemplo notas de aula e

cadernetas operacionais. Dessa forma, entende-se que existe uma necessidade de

padronizar/atualizar os conhecimentos sobre o assunto, além de concentrar os

conhecimentos em uma única fonte de consulta que atenda as reais necessidades

de emprego da Força Terrestre.

A compilação de dados permitiu identificar que com a organização de 37

militares, previstas para um pelotão de fuzileiros, é possível o emprego desta fração

como força de choque em OCD, entretanto adaptações devem ser feitas tendo em

vista as características peculiares e específicas desse tipo de operação.

No que refere a qual organização deve ser adotada por um pelotão de

fuzileiro como força de choque, verificou-se que as seguintes funções são

essenciais: comandante de pelotão, adjunto de pelotão, homem extintor, segurança

do pelotão, comandante de grupo, escudeiro, granadeiro, atirador e fotógrafo. Dessa

forma, verifica-se que qualquer fração de infantaria nível pelotão é capaz de compor

o pelotão de choque, pois possui efetivo suficiente e também não há nenhuma

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função que exija alguma habilidade/conhecimento específico. Assim, qualquer outra

função diferente, como por exemplo o cinófilo e motociclista, devem ser recebidos

em apoio de outra fração que possua habilidade técnica para isso.

A coleta de dados também permitiu identificar que os EPIs existentes nas

unidades são parcialmente adequados e parcialmente suficientes para o emprego

nas operações de OCD, uma dificuldade levantada foi a falta de equipamentos para

todos os militares, especialmente o escudo balístico nível II que praticamente não

existe nas OM. Outra dificuldade é a baixa qualidade de um ou outro material, em

especial do escudo de policarbonato. Embora tenha sido levantado esse problema,

podemos concluir que os materiais que existem atualmente, foram suficientes para

cumprimento das missões recebidas recentemente, entretanto vê-se que a Força

Terrestre deve continuar com o investimento na aquisição de equipamentos nessa

área, principalmente, por dois motivos: deterioração do material devido ao uso e

demanda de emprego em GLO ser cada dia maior.

No que refere a quais EPIs devem ser utilizados pelo pelotão de choque leve

em OCD nos grandes eventos, verificou-se que os seguintes materiais são

essenciais: capacete leve com viseira e sem proteção balística, tonfa, escudo de

policarbonato, traje anti-tumulto, caneleira e máscara contra gases. Dessa forma,

verifica-se que os materiais existentes nos “Kits anti-tumulto” distribuídos atendem a

necessidade de emprego. Entretanto foi identificada para esse tipo de missão uma

configuração, a princípio, de menor custo: capacete balístico com viseira, caneleira,

tonfa, escudo de policarbonato e colete balístico.

No que refere a quais EPI devem ser empregados pelo pelotão de choque

pesado em OCD nos grandes eventos, verificou-se que os seguintes materiais são

essenciais: capacete balístico N II com viseira, colete balístico N III A, tonfa, escudo

balístico N II, traje anti-tumulto, caneleira e máscara contra gases. Dessa maneira,

quando a situação tática exigir deve-se privilegiar a segurança e proteção da tropa.

Recomenda-se, assim, que o Exército Brasileiro padronize a doutrina sobre o

assunto em uma única fonte de consulta e que possua flexibilidade quanto aos

materiais e pessoal a serem empregados nesse tipo de operação. Verifica-se

também a necessidade de uma mudança no QDM das OM, uma vez que até o

presente momento não existe previsto neste quadro os equipamentos de proteção

individual para OCD, sendo os já existentes apenas colocados na carga da Unidade.

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25

Conclui-se, portanto, que é necessário a realização de um grupo de estudo

para integrar os conhecimentos, evitando assim desperdício de tempo e financeiro,

chegando a uma padronização mais rápida e prática.

REFERÊNCIAS

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26

BOTTINO, Alfredo Maxwell. Segurança de grandes eventos, um desafio para asForças Armadas brasileiras. 2014. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso – EscolaSuperior de Guerra, ESG, Rio de Janeiro, 2014.

BRASIL. Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. Nota deaula: Operações de GLO. 1. ed. Campinas, SP, 2013.

______. Ministério da Defesa. MD33-M-10: Garantia da Lei e da Ordem. 2. ed.Brasília, DF, 2014.

COSTA, Maxwell Delage. O armamento e equipamento de proteção individualmais adequado para dotação de um pelotão de fuzileiros de um batalhão deinfantaria motorizado nas operações de pacificação de favelas do Rio deJaneiro. 2012. 56 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Aperfeiçoamento em CiênciasMilitares) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficias, EsAO, Rio de Janeiro, 2012.

MELCHIOR, Marcelo Martins. O emprego do pelotão de fuzileiros mecanizado naoperação de controle de distúrbios. 2012. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso(Aperfeiçoamento em Ciências Militares) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficias,EsAO, Rio de Janeiro, 2012.

PUBLICAÇÕES Pan volume 2. Ministério do esporte. Disponível em:<http://www.esporte.gov.br/arquivos/publicacoes/panVolume2.pdf>. Acesso em: 9nov. 2016.

SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line.Disponível em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 16 jun. 2017.

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ANEXO A - SOLUÇÃO PRÁTICA

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Com base no estudo realizado, nas opiniões levantadas, na pesquisa

bibliográfica e na experiência profissional, a presente solução prática será dividida

em duas partes: a primeira abordando uma proposta de QCP para um pelotão de

fuzileiros quando empregado como força de choque em operações de controle de

distúrbio nos grandes eventos; e a segunda parte abordando uma proposta de

materiais a serem incluídos no QDM desta mesma fração.

Este anexo tem por finalidade apresentar possibilidades de soluções para

serem incluídas em uma nova fonte de consulta que venha a ser confeccionada e

até mesmo uma adequação nos Quadro de Dotação de Material das OM.

2 PROPOSTA DE QCP

Como foi visto, o QCP de um pelotão de fuzileiro precisa de adaptações no

momento em que é empregado como F Chq nos grandes eventos, especialmente no

grupo de apoio. Dessa forma, com base nas informações levantadas, segue abaixo

duas sugestões de como realizar essas adaptações levando em consideração as

capacidades técnicas de cada militar, tendo a primeira apenas as funções apontadas

como essenciais e a segunda todas funções apontadas no questionário:

TABELA 1 – Proposta de QCP para o Pel Choque, apresentando apenas as funções apontadascomo essenciais para o cumprimento da missão

Função (Pel Fuz) à Conforme previsto no Cadernode Instrução-Pelotão de Fuzileiros Ed 2009

Função (Pel Choque)

Tu Cmdo1º ou 2º Ten Cmt Cmt Pel

2º Sgt Adj Adj PelSd Rad Op Rad Op

Gp Ap

3º Sgt Cmt Gp Ap Cmt GpCb Ch/At 1ª Pç Mtr Segurança do Pel Nr 1Sd Aux At 1ª Pç Mtr Homem Extintor Nr 1Cb Ch/At 2ª Pç Mtr Segurança do Pel Nr 2Sd Aux At 2ª Pç Mtr Homem Extintor Nr 2Cb Ch/At Pç Mrt L Fotógrafo Nr 1Sd Aux At Pç Mrt L Fotógrafo Nr 2

1º GC

3º Sgt Cmt GC Cmt GpCb Cmt 1ª Esq Granadeiro Nr 1

Sd 1º Escl Escudeiro Nr 1Sd 2º Escl Escudeiro Nr 2

Sd At 1ª Esq Atirador Nr 1Cb Cmt 2ª Esq Escudeiro Nr 3

Sd 3º Escl Escudeiro Nr 4Sd 4º Escl Escudeiro Nr 5

Sd At 2ª Esq Atirador Nr 22º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Fonte: O autor

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1

TABELA 2 - Proposta de QCP para o Pel Choque, apresentando todas as funções apontadas para ocumprimento da missão

Função (Pel Fuz) à Conforme previsto no Cadernode Instrução-Pelotão de Fuzileiros Ed 2009

Função (Pel Choque)

Tu Cmdo1º ou 2º Ten Cmt Cmt Pel

2º Sgt Adj Adj PelSd Rad Op Rad Op

Gp Ap

3º Sgt Cmt Gp Ap Cmt GpCb Ch/At 1ª Pç Mtr Segurança do PelSd Aux At 1ª Pç Mtr Homem ExtintorCb Ch/At 2ª Pç Mtr MarcadorSd Aux At 2ª Pç Mtr CapturadorCb Ch/At Pç Mrt L FotógrafoSd Aux At Pç Mrt L Motorista

1º GC

3º Sgt Cmt GC Cmt GpCb Cmt 1ª Esq Granadeiro Nr 1

Sd 1º Escl Escudeiro Nr 1Sd 2º Escl Escudeiro Nr 2

Sd At 1ª Esq Atirador Nr 1Cb Cmt 2ª Esq Escudeiro Nr 3

Sd 3º Escl Escudeiro Nr 4Sd 4º Escl Escudeiro Nr 5

Sd At 2ª Esq Atirador Nr 22º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Fonte: O autor

3 PROPOSTA DE QDM

Como foi visto no estudo feito, o QDM de um pelotão de fuzileiro não prevê

equipamentos de proteção individual para emprego como força de choque em OCD

nos grandes eventos. Dessa maneira, foram feitas 4 (quatro) possíveis distribuições

de material dentro de um pelotão de choque, conforme o que se segue:

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2

TABELA 3 – Proposta de QDM para um Pelotão de Choque Leve

Função (Pel Choque)

Equipamento

CapaceteLeve

Traje Anti-tumulto

Máscaracontragases

TonfaEscudo de

Policarbonato

TuCmdo

Cmt Pel 01 01 01 01 -Adj Pel 01 01 01 01 -Rad Op 01 01 01 - -

GpAp

Cmt Gp 01 01 01 01 -Segurança do Pel Nr 1 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 1 01 01 01 - -

Segurança do Pel Nr 2 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 2 01 01 01 - -

Fotógrafo Nr 1 01 01 01 01 -Fotógrafo Nr 2 01 01 01 01 -

1ºGC

Cmt Gp 01 01 01 01 -Granadeiro Nr 1 01 01 01 - -Escudeiro Nr 1 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 2 01 01 01 01 01Atirador Nr 1 01 01 01 - -

Escudeiro Nr 3 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 4 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 5 01 01 01 01 01Atirador Nr 2 01 01 01 - -

2º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Total 37 37 37 23 15Fonte: O autor

TABELA 4 – Proposta de QDM para um Pelotão de Choque Pesado

Função (Pel Choque)

EquipamentoCapaceteBalístico

c/ viseira

Traje Anti-tumulto

ColeteBalístico

N III A

Máscaracontragases

Tonfa

Escudobalístico

N II

TuCmdo

Cmt Pel 01 01 01 01 01 -Adj Pel 01 01 01 01 01 -Rad Op 01 01 01 01 - -

GpAp

Cmt Gp 01 01 01 01 01 -Segurança do Pel Nr 1 01 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 1 01 01 01 01 - -

Segurança do Pel Nr 2 01 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 2 01 01 01 01 - -

Fotógrafo Nr 1 01 01 01 01 01 -Fotógrafo Nr 2 01 01 01 01 01 -

1ºGC

Cmt Gp 01 01 01 01 01 -Granadeiro Nr 1 01 01 01 01 - -Escudeiro Nr 1 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 2 01 01 01 01 01 01Atirador Nr 1 01 01 01 01 - -

Escudeiro Nr 3 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 4 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 5 01 01 01 01 01 01Atirador Nr 2 01 01 01 01 - -

2º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Total 37 37 37 01 23 15Fonte: O autor

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3

TABELA 5 – Proposta de QDM para um Pelotão de Choque Leve alternativo

Função (Pel Choque)

EquipamentoCapaceteBalísticoc/ viseira

ColeteBalístico N

IIICaneleira Tonfa

Escudo dePolicarbonat

o

TuCmdo

Cmt Pel 01 01 01 01 -Adj Pel 01 01 01 01 -Rad Op 01 01 01 - -

GpAp

Cmt Gp 01 01 01 01 -Segurança do Pel Nr 1 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 1 01 01 01 - -

Segurança do Pel Nr 2 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 2 01 01 01 - -

Fotógrafo Nr 1 01 01 01 01 -Fotógrafo Nr 2 01 01 01 01 -

1ºGC

Cmt Gp 01 01 01 01 -Granadeiro Nr 1 01 01 01 - -Escudeiro Nr 1 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 2 01 01 01 01 01Atirador Nr 1 01 01 01 - -

Escudeiro Nr 3 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 4 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 5 01 01 01 01 01Atirador Nr 2 01 01 01 - -

2º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Total 37 37 37 23 15Fonte: O autor

TABELA 6 – Proposta de QDM para um Pelotão de Choque Pesado alternativo

Função (Pel Choque)

EquipamentoCapaceteBalístico

c/ viseiraCaneleira

ColeteBalístico

N III A

Máscaracontragases

Tonfa

Escudobalístico

N II

TuCmdo

Cmt Pel 01 01 01 01 01 -Adj Pel 01 01 01 01 01 -Rad Op 01 01 01 01 - -

GpAp

Cmt Gp 01 01 01 01 01 -Segurança do Pel Nr 1 01 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 1 01 01 01 01 - -

Segurança do Pel Nr 2 01 01 01 01 - -Homem Extintor Nr 2 01 01 01 01 - -

Fotógrafo Nr 1 01 01 01 01 01 -Fotógrafo Nr 2 01 01 01 01 01 -

1ºGC

Cmt Gp 01 01 01 01 01 -Granadeiro Nr 1 01 01 01 01 - -Escudeiro Nr 1 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 2 01 01 01 01 01 01Atirador Nr 1 01 01 01 01 - -

Escudeiro Nr 3 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 4 01 01 01 01 01 01Escudeiro Nr 5 01 01 01 01 01 01Atirador Nr 2 01 01 01 01 - -

2º GC Idêntico ao 1º GC3º GC Idêntico ao 1º GC

Total 37 37 37 01 23 15Fonte: O autor