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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena – EEL Análise das emissões atmosféricas no setor de refino de petróleo Renata Scassiotti Coutinho de Rezende Lorena SP 2013

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U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L O

Escola de Engenhar ia de Lorena – EEL

Análise das emissões atmosféricas no setor de refino de

petróleo

Renata Scassiotti Coutinho de Rezende

Lorena – SP

2013

Departamento de Engenharia Química

Análise das emissões atmosféricas no setor de refino de

petróleo

Renata Scassiotti Coutinho de Rezende

Orientador: Prof. Dra. Diovana Aparecida dos Santos Napoleão

Trabalho de Conclusão de Curso II

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo como

requisito para realização do Trabalho de

Conclusão de Curso II e conclusão do curso

de graduação em Engenharia Química.

Lorena – SP

2013

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente nos momentos fáceis e difíceis, sempre guiando os

meus passos e iluminando as minhas decisões.

Aos meus pais, por toda a educação, carinho, amor e apoio que me deram em

todos os momentos da minha vida, proporcionando a minha caminhada até aqui.

A toda a minha família, que sempre me incentivou estando sempre presentes nas

minhas vitórias e derrotas.

A minha orientadora, Profª. Dr. Diovana Aparecida dos Santos Napoleão, pela

dedicada orientação, disponibilidade, e compreensão nos momentos em que mais

precisei.

As minhas amigas de república, pela amizade em todos os momentos de alegrias

e tristezas, tornando a minha vida em Lorena mais fácil e divertida.

Ao meu namorado, por toda a compreensão, amor, paciência, apoio, além da sua

ajuda e de toda a sua família em todos os momentos que precisei.

A todos os meus amigos da minha cidade, pela amizade que mesmo a distância

sempre tão presente e verdadeira.

A todos os meus amigos universitários, que fez com que todos esses anos

fossem sem dúvida os melhores de minha vida.

A todos os meus professores, por me darem toda a base necessária me

preparando para o mercado de trabalho.

A todos que de alguma maneira, torcem pelo meu sucesso e me ajudaram a

chegar até aqui, meus sinceros agradecimentos.

“O único lugar onde o sucesso

vem antes do trabalho

é no dicionário!”

Albert Einstein

RESUMO

REZENDE, R. S.C. Análise das emissões atmosféricas no setor de refino de

petróleo. 2013. 110f. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2013.

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios atuais em escala

global ameaçando o desenvolvimento sustentável provocando uma variedade de

impactos na sociedade e na economia. O mundo está se preocupando cada vez

mais com as questões ambientais exigindo que as fontes poluidoras reduzam as

suas emissões atmosféricas, sendo obrigadas a atender as exigências legais que

controlam as emissões de gases poluentes e investir em medidas que possam

minimizar este problema.

A indústria do petróleo é responsável por grande parte das emissões de gases

poluentes desde a Revolução Industrial até os dias de hoje. Os gases poluentes

prejudicam a fauna, flora, são nocivos a saúde humana, degradam monumentos,

além de serem responsáveis pelo aquecimento global. Diante desse cenário, o

presente trabalho avaliou como o setor de refino tem se portado frente aos novos

desafios de redução das emissões atmosféricas ao longo dos últimos anos.

Através de uma extensa pesquisa bibliográfica, conclui-se que o setor de refino

de petróleo e petroquímico reduziram significantemente as suas emissões através

das ações mitigadoras adotadas, provando que estão cada vez mais preocupadas

com os impactos ambientais provocados pelas suas emissões dos gases

poluentes.

Palavras-chave: petróleo, refino, emissões atmosféricas, poluição.

ABSTRACT

REZENDE, R. S.C. Analysis of atmospheric emissions in the petroleum

refining sector. 2013. 110f. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2013.

Climate changes are one of the greatest challenges of our time to global scale and

are a serious danger to a sustainable development, causing a variety of adverse

impacts in society and the economy. The world is increasingly concerned with

environmental issues requiring polluting sources to reduce their emissions, being

required to attend the legal requirements to control emissions of greenhouse

gases and invest in measures that can minimize this problem.

The oil industry is responsible for most emissions of pollutant gases since the

Industrial Revolution until the present days. These gases damage the fauna, flora,

are harmful to human health, degrade monuments, besides being responsible for

global warming. Faced with this situation, the present study evaluated how the

refining sector has ported in the new challenges of reducing emissions over the

past years.

Through an extensive literature review, concluded that the oil refining sector and

petrochemical reduced significantly their emissions through mitigation actions

taken, proving that they are concerned about the environmental impacts caused

by emissions of pollutant gases.

Key-words: petroleum, refining, atmospheric emissions, pollution.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Utilizações dos principais derivados do petróleo ................................... 14

Tabela 2: Principais produtores mundiais de petróleo e volume de produção em

2012 ...................................................................................................................... 21

Tabela 3: Capacidade do refino de petróleo no mundo em 2012.......................... 22

Tabela 4: Bacias sedimentares petrolíferas do Brasil e suas principais

características ....................................................................................................... 24

Tabela 5:Refinarias brasileiras e suas localizações, capacidade e principais

produtos ................................................................................................................ 25

Tabela 6: – Derivados do petróleo a partir da temperatura de ebulição e o número

de carbono respectivo ........................................................................................... 29

Tabela 7: Padrões de qualidade do ar .................................................................. 37

Tabela 8: Padrões de emissões de poluentes atmosféricos em fornos e caldeiras

.............................................................................................................................. 38

Tabela 9: – Padrões de emissão de poluentes atmosféricos nas unidades de

craqueamento catalítico ........................................................................................ 38

Tabela 10: Principais emissões atmosféricas das refinarias ................................. 43

Tabela 11: Gases do efeito estufa e equivalência em CO2 .................................. 53

Tabela 12: Distribuição das permissões gratuitas e leiloadas por setor até o ano

de 2050. ................................................................................................................ 79

Tabela 13: Simulação do mercado de carbono no setor do refino ........................ 81

Tabela 14: Principais medidas mitigadoras adotadas pelas refinarias mundiais: 100

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição mundial das refinarias de petróleo em 2012 ..................... 23

Gráfico 2: Distribuição de emissões e alocações gratuitas por setor .................... 80

Gráfico 3: Distribuição de GEE por atividade na indústria do petróleo .................. 89

Gráfico 4: Distribuição de emissões de óxido de enxofre por setor na Petrobras . 90

Gráfico 5: Distribuição de emissões de óxido de nitrogênio por setor na Petrobras

.............................................................................................................................. 90

Gráfico 6: Distribuição de emissões de monóxido de carbono por setor na

Petrobras .............................................................................................................. 91

Gráfico 7: Distribuição de emissões de compostos voláteis por setor na Petrobras

.............................................................................................................................. 91

Gráfico 8: Distribuição de emissões de materiais particulados por setor na

Petrobras .............................................................................................................. 91

Gráfico 9: Emissão de gases do efeito estufa entre 2003 e 2012 na Petrobras ... 92

Gráfico 10: Emissão de óxidos de nitrogênio entre 2003 e 2012 na Petrobras .... 93

Gráfico 11: Emissão de materiais particulados entre 2003 e 2012 na Petrobras .. 93

Gráfico 12: Emissão de monóxido de carbono entre 2003 e 2012 na Petrobras .. 94

Gráfico 13: Emissão de óxidos de enxofre entre 2003 e 2012 na Petrobras. ....... 94

Gráfico 14: Emissão de compostos voláteis entre 2008 e 2012 na Petrobras. ..... 95

Gráfico 15: Evolução das emissões de GEE em todos os setores da BP ............. 96

Gráfico 16: : Emissões de poluentes atmosféricos por setor na BP ...................... 97

Gráfico 17: Emissão da BP de dióxido de carbono ao longo dos anos no

downstream........................................................................................................... 97

Gráfico 18: Emissão da BP de óxido de enxofre ao longo dos anos no

downstream........................................................................................................... 98

Gráfico 19: Emissão na BP de óxido de nitrogênio ao longo dos anos no

downstream........................................................................................................... 98

Gráfico 20: Emissão na BP de compostos voláteis ao longo dos anos no

downstream........................................................................................................... 99

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma simplificado de uma refinaria de petróleo ........................... 27

Figura 2: Unidade completa de destilação de três estágios .................................. 30

Figura 3: Poluentes previstos para ser emitidos nos processos da refinaria ........ 87

Figura 4: Evolução das emissões dos poluentes nas unidades de craqueamento

catalítico ................................................................................................................ 88

SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................. 13

1.1. Objetivos ............................................................................................... 16

1.1.1. Objetivo Geral ....................................................................................... 16

1.1.2. Objetivos específicos ............................................................................ 16

1.2. Justificativas ......................................................................................... 17

2. Metodologia .......................................................................................... 18

3. Revisão Bibliográfica ............................................................................ 20

3.1. Histórico da produção mundial do petróleo........................................... 20

3.2. Histórico da produção brasileira de petróleo......................................... 23

3.3. O Refino do Petróleo ............................................................................ 26

3.3.1. Processos de Separação ...................................................................... 28

3.3.2. Processos de Conversão ...................................................................... 31

3.3.3. Processos de Tratamento ..................................................................... 33

3.3.4. Processos Auxiliares ............................................................................ 34

3.4. Legislação Ambiental Brasileira ............................................................ 34

3.4.1. Resolução do CONAMA 005/89 ........................................................... 35

3.4.2. Resolução do CONAMA 003/90 ........................................................... 36

3.4.3. Resolução do CONAMA 436/2011 ....................................................... 37

4. Emissões Atmosféricas......................................................................... 40

4.1. Principais fontes de emissões .............................................................. 41

4.2. Principais poluentes emitidos pelas refinarias de petróleo ................... 44

4.2.1. Óxidos de enxofre - SOx ....................................................................... 45

4.2.2. Óxidos de nitrogênio - NOx ................................................................... 47

4.2.3. Monóxido de carbono – CO .................................................................. 49

4.2.4. Material particulado .............................................................................. 50

4.2.5. Compostos orgânicos voláteis – COVs ................................................ 51

4.2.6. Gases do Efeito Estufa – GEE .............................................................. 52

5. Impactos ambientais ............................................................................. 55

5.1. Efeitos dos poluentes atmosféricos sobre a saúde ............................... 57

5.2. Efeitos sobre os materiais..................................................................... 58

5.3. Efeitos sobre a visibilidade ................................................................... 58

5.4. Odores .................................................................................................. 59

5.5. Efeitos globais decorrentes da poluição atmosférica ............................ 59

6. Medidas de controle de emissões atmosféricas ................................... 62

6.1. Equipamentos para a remoção de gases e vapores ............................. 63

6.1.1. Absorvedores de gases ........................................................................ 63

6.1.2. Adsorvedores de gases ........................................................................ 64

6.1.3. Incineradores ........................................................................................ 65

6.2. Equipamentos para a remoção de material particulado ........................ 66

6.2.1. Ciclones ................................................................................................ 66

6.2.2. Filtros .................................................................................................... 67

6.2.3. Coletores úmidos .................................................................................. 68

6.2.4. Precipitadores eletrostáticos ................................................................. 68

7. Propostas para Mudanças Climáticas .................................................. 70

7.1. Mercado de carbono ............................................................................. 72

7.2. Política para mudanças climáticas do Brasil ......................................... 74

7.3. Propostas para mudanças climáticas da União Europeia ..................... 75

7.4. Propostas para mudanças climáticas da China .................................... 77

7.5. Propostas para mudanças climáticas dos Estados Unidos .................. 78

8. Ações Mitigadoras ................................................................................ 82

8.1. Eficiência energética ............................................................................. 83

8.2. Substituição de combustíveis e consumo de petróleo mais leves ........ 84

8.3. Captura e estocagem de carbono – CCS ............................................. 85

9. Resultados e Discussões...................................................................... 87

9.1. Petrobras .............................................................................................. 89

9.2. British Petroleum (BP) .......................................................................... 95

9.3. Principais ações mitigadoras adotadas por refinarias ........................... 99

10. Conclusão ........................................................................................... 101

Referências Bibliográficas ................................................................................... 103

13

1. Introdução

O petróleo é um combustível fóssil, cuja hipótese mais aceita para o seu

surgimento é a origem orgânica. Restos orgânicos de animais e vegetais foram

depositados e se acumularam no fundo de mares e lagos, pela ação da chuva.

Estes sedimentos ao longo de milhões de anos ficaram submetidos a elevadas

pressões e temperaturas devido os movimentos da crosta terrestre. A combinação

dos fatores matérias orgânicas, sedimentos e condições termoquímicas é a base

para o início do processo que leva à sua formação.

O petróleo pode ser definido como uma complexa mistura de compostos

orgânicos e inorgânicos, predominando os hidrocarbonetos com mais de 90% de

sua composição. Em menor quantidade, são encontrados derivados orgânicos

sulfurados, nitrogenados, oxigenados e organometálicos. Com toda a

complexidade da sua composição não existe dois petróleos idênticos.

O petróleo pode ser classificado de acordo com a densidade, tipo de

hidrocarboneto predominante na mistura e o teor de enxofre.

A densidade do óleo se baseia de acordo com o grau API (American

Petroleum Institute). Quanto maior o grau API, mais leve é considerado o petróleo

e maior o seu valor comercial, enquanto o pesado tem baixo grau API.

Basicamente, considera-se petróleo leve acima de 31ºAPI, petróleo médio entre

22 e 30ºAPI e petróleo pesado abaixo de 21º API.

Quanto ao teor de enxofre, se este for menor que 0,5% de sua massa é

chamado de petróleo doce. Caso seja maior, é chamado petróleo azedo que

devido à corrosividade e toxidade do enxofre os custos no processo de refino são

maiores. (TAVARES, 2005).

Quanto aos tipos de hidrocarbonetos são classificados em três categorias:

parafínicos, naftênicos, aromáticos. Os parafínicos são os mais comuns e quando

refinados têm menor octanagem produzindo frações de gasolina de qualidade

inferior, sendo mais adequados à produção de óleo diesel, ceras e lubrificantes.

A partir da Revolução Industrial Inglesa na segunda metade do século XVIII o

petróleo se tornou a principal fonte energética nas economias industrializadas,

14

servindo de suporte para o surgimento das indústrias automobilísticas. Devido ao

fato do petróleo ter inúmeras aplicações como matéria-prima, a existência de

grandes reservas, ser facilmente extraído e transportado, convertido em

combustível para atender uma grande quantidade de necessidades e

relativamente barato, este se tornou a principal fonte de energia no sistema

produtivo (LINS, 2004).

Porém há dúvidas sobre o futuro do petróleo, pois não é um recurso

renovável, e, portanto independentemente das discussões acerca do tempo de

sua disponibilidade, é uma fonte de energia finita, cujo limite de utilização

progressivamente se estreita em função do ritmo de consumo (LOPES, 1999).

O petróleo retirado diretamente das jazidas é conhecido como petróleo bruto

apresentando colorações e viscosidades diferentes. Ele é composto por diferentes

tipos de hidrocarbonetos que incluem parafinas, aromáticos, naftenos, alcenos,

entre outros. Porém, ele por si só não possui praticamente valor comercial. A

Tabela 1 mostra os principais derivados do petróleo que possuem valor agregado.

Tabela 1: Utilizações dos principais derivados do petróleo

Tipo Derivado Principal Uso

Combustíveis

Gasolina Combustível automotivo

Óleo Diesel

Óleo combustível Industrial, naval, geração de eletricidade.

Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)

Cocção

Querosene de Avião Combustível aeronáutico

Querosene iluminante

Iluminação

Insumos Petroquímicos

Nafta Matéria prima da indústria petroquímica

Propeno (de refinaria) Matéria prima do propileno (para fabricação de plásticos) e acrilatos (usado em tintas)

Outros

Óleos Lubrificantes Lubrificação de máquinas e motores

Parafina Velas, indústria alimentícia

Asfalto Pavimentação

Fonte: CARDOSO (2005) apud SOUZA (2006)

15

Para tornar o petróleo atrativo economicamente e obter a maior quantidade de

produtos de alta qualidade, o óleo bruto passa por uma série de processos para a

separação dos hidrocarbonetos. Esta etapa é conhecida como refino do petróleo

onde se obtém produtos derivados como gasolina, diesel, lubrificantes, nafta,

querosene de aviação, óleo combustível, entre outros como mostrado na Tabela

1.

Embora o petróleo seja a principal fonte de energia e importante

economicamente, ele é um dos principais vilões do meio ambiente. A sua

exploração e produção gera inúmeros impactos ambientais como: degradação

ambiental, desmatamento, impacto sobre os ecossistemas marinhos e terrestres,

extinção de espécies, exploração de recursos naturais, esgotamento das jazidas,

poluição do ar, lançamento de resíduos, aumento do esgoto, entre outros (SILVA,

et al., 2008).

Se por um lado o refino é importante economicamente, do ponto de vista

ambiental as refinarias são grandes geradoras de poluição. Elas consomem

grandes quantidades de água e energia, produzem grande quantidade de

efluentes líquidos, emitem para a atmosfera diversos gases nocivos e produzem

resíduos sólidos de difícil tratamento (MARIANO, 2001).

De maneira geral, os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas

refinarias são os compostos orgânicos voláteis (VOC) que são substâncias

tóxicas, que incluem hidrocarbonetos olefínicos e aromáticos e substâncias que

contêm átomos de oxigênio, nitrogênio, enxofre e halogênios (SOUZA, 2004).

As refinarias estão se tornando cada vez mais complexas e integradas para

atender às questões ambientais, como a redução dos gases do efeito estufa e a

redução do teor de enxofre nos destilados causadores da chuva ácida. Existem

leis ambientais que monitoram a emissão de poluentes a fim de diminuir a

degradação ambiental. Desta maneira as refinarias são obrigadas a procurarem a

melhor maneira de explorar o petróleo, tentando agir de forma sustentável.

A inserção da variável ambiental nos processos de refino do petróleo

representa um sério e importante desafio para a indústria. Atualmente o

compromisso com o desenvolvimento sustentável supera as obrigações éticas e

morais, tornando-se uma demanda da sociedade.

16

No presente trabalho pretende-se analisar as emissões atmosféricas do

processo de refino do petróleo e propor mecanismos para avaliar a redução da

perda econômica proveniente da degradação do meio ambiente.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo analisar as emissões atmosféricas causadas

pelas atividades do refino do petróleo, dando ênfase ao problema da poluição

causada pelas operações do processo, e avaliar os impactos ambientais e sociais

das emissões geradas.

1.1.2. Objetivos específicos

Para o desenvolvimento desta proposta, estão previstos os seguintes objetivos

específicos:

- Analisar os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas refinarias de

petróleo;

- Avaliar os impactos das emissões dos gases atmosféricos sobre o meio

ambiente e a saúde humana;

- Analisar as diretrizes de gestão ambiental para indústrias privadas e

públicas;

- Propor mecanismos para avaliar as perdas econômicas e as associadas aos

diferentes impactos ambientais causados à fauna e a flora pelo processo de refino

do petróleo.

- Discutir se as refinarias estão conseguindo reduzir as emissões de gases

poluentes através das medidas mitigatórias adotadas.

17

1.2. Justificativas

O presente trabalho justifica-se pela relação problemática entre a indústria

do petróleo e o meio ambiente, seguida pela alta dependência tecnológica e

econômica da sociedade com esta indústria e seus produtos.

Os combustíveis fósseis são responsáveis pela geração de energia que

alimenta os setores industriais, elétricos e de transportes por todo o mundo. São

notáveis os grandes impactos que o uso destes recursos teve na evolução do

homem a nível social, tecnológico e econômico, ao mesmo tempo em que surgem

graves consequências para o meio ambiente.

Desde a Revolução Industrial, a queima dos combustíveis fósseis geram

altos índices de poluição atmosférica, sendo os principais responsáveis pelo efeito

estufa e aquecimento global, além de causar danos irreparáveis a camada de

ozônio, chuva ácida e danos na saúde humana.

O meio ambiente está sentindo agora os efeitos de todos esses anos em

que as indústrias liberaram gases poluentes diretamente para a atmosfera sem

nenhum controle. Uma série de fatores como, a qualidade do ar em que

respiramos, desastres naturais, mudanças climáticas sentidas pelas alterações

bruscas de temperaturas com calor e frios excessivos, entre outros estão

deixando o mundo cada vez mais preocupado com essa situação. Sentindo na

pele todos esses efeitos, milhares de pessoas estão adquirindo a consciência

ambiental, querendo preservar o meio ambiente e se preocupando em preservá-lo

para as gerações futuras. Empresas, governos e sociedade em geral estão

adotando medidas mitigatórias visando minimizar e controlar a poluição

atmosférica.

Diante deste cenário, pretende-se analisar como as refinarias de petróleo

estão agindo diante de toda a preocupação ambiental mundial e quais são as

medidas que estão sendo adotadas para preservar o meio ambiente para evitar

catástrofes ainda maiores.

18

2. Metodologia

Para a realização do presente trabalho de conclusão de graduação foi

utilizada técnicas de investigação bibliográfica, através de informações

apresentadas em fontes públicas para cumprir satisfatoriamente o objetivo

descrito no item 1.1.2.

A bibliografia utilizada, de conteúdo nacional e internacional, consta de

fontes eletrônicas em sítios da internet relacionados ao tema, apostila de curso,

artigos técnicos, periódicos, livros, dissertações de mestrado e teses de

doutorado. Fizeram parte da pesquisa, relatórios e materiais internos das

principais companhias petrolíferas e refinarias do cenário mundial, instituições e

agências relacionadas ao petróleo.

Após a realização da pesquisa bibliográfica, as informações serão

analisadas, discutidas, e por fim vão compor o conjunto de informações que serão

utilizados para a conclusão do trabalho.

Cabe ressaltar que a abordagem principal deste trabalho consta com

levantamentos de dados referentes às consequências ambientais das atividades

operacionais das unidades de processamento de petróleo e seus derivados.

Desde modo, não são abordados o transporte de petróleo e derivados que

chegam e/ou saem das refinarias, bem como as emissões provenientes do uso de

derivados do petróleo.

Para um melhor entendimento do tema foi feito uma extensa revisão

bibliográfica a fim de ter um embase teórico para discutir os resultados.

Foi abordado um breve histórico da produção de petróleo mundial e

brasileiro identificando os principais países produtores de petróleo e a capacidade

de refino destes, bem como as principais refinarias brasileiras e suas

capacidades. Para compreender os poluentes gerados durante esta atividade, foi

explicado sobre as etapas do processo de refino. Abordou-se também as

legislações ambientais relacionadas ao tema que têm que ser cumpridas pelas

indústrias em geral, e em específico as refinarias de petróleo

19

Em seguida, fez-se uma introdução sobre as emissões atmosféricas

abordando os principais poluentes atmosféricos provenientes do processo de

refino do petróleo. Discutiram-se os impactos que causam no meio ambiente e na

saúde humana. Foram apresentadas as ações mitigadoras que podem ser adotas

pelo setor, ambos visando evitar e minimizar a geração desses gases, bem como

as medidas de controle de poluição atmosférica, como os equipamentos

adequados para controlar a emissão dos poluentes.

Após todo esse embasamento teórico, foram analisados e discutidos os

dados de emissões atmosféricas divulgados pelas refinarias para avaliar se estão

conseguindo reduzir a quantidade de poluentes emitidos ao longo dos anos.

Os resultados mostrados neste trabalho, foram baseados em Inventários

de Fontes e Emissões disponibilizados para o público, realizados pelas indústrias

do petróleo e órgãos competentes, com o objetivo de identificar a localização das

fontes de poluição do ar, as principais características técnicas das fontes

potencialmente poluidoras, estimar a quantidade e os tipos de poluentes

atmosféricos que são emitidos.

Serão apresentados os resultados de duas empresas do setor, do início

dos anos 2000 até 2012, baseado nos Relatórios de Sustentabilidade da

Petrobras e pelo HSE Charting Tool da BP (Britsh Petroleum). O objetivo de ter

escolhido essas duas indústrias é apresentar uma visão das emissões

atmosféricas no Brasil, representado pela Petrobras, e mundial com as refinarias

da BP presente no mundo todo. Serão mostrados também as principais medidas

mitigadoras realizadas pelas principais refinarias mundiais.

A grande dificuldade encontrada para o levantamento desses dados foi

encontrar dados exclusivos apenas do setor de refino. A Petrobras engloba os

dados de refino e petroquímico, enquanto a BP engloba os dados do downstream.

Não foi possível saber com exatidão qual a real parcela do setor do refino, desta

maneira, os dados que foram analisados são os que foram divulgados pelas

indústrias.

Espera-se concluir se realmente as medidas de redução de emissões

adotadas por esse setor, frente à preocupação mundial das mudanças climáticas,

tem surtido efeito e se realmente a quantidade de emissões estão diminuindo.

20

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Histórico da produção mundial do petróleo

Durante a Antiguidade e Idade Média, o petróleo já estava presente na vida

dos povos, mesmo não sendo utilizado na forma energética. Os egípcios

utilizavam petróleo para a pavimentação de estradas, embalsamento das múmias

e na construção das pirâmides para assentar os tijolos. Já os gregos e romanos

usavam para fins bélicos. Quando o descobridor Marco Polo viajou pelo norte da

Pérsia, em 1271, ele descreveu em uma das suas cartas o mercado de petróleo

em Baku, no atual Azerbaijão (CANELAS, 2007).

O marco da moderna indústria de petróleo teve início quando o americano

Edwin Laurentine Drake, em 1859, perfurou o primeiro poço produtor de petróleo

em Tittusvile na Pensilvânia, Estados Unidos, vindo a produzir 20 barris/dia para

uma profundidade de 20 metros (SOUZA, 2006).

No início, o mercado de petróleo se baseava principalmente no querosene

para substituir o óleo de baleia como fonte de iluminação e só eram exploradas

jazidas de fácil perfuração nos quais montantes de óleo aflorassem no solo

podendo ser vistas a olho nu (CANELAS, 2007). As refinarias produziam também

lubrificantes e graxas que eram aproveitadas no mercado, enquanto os outros

derivados eram queimados.

Porém foi a partir da criação da Standard Oil de John Rockefeller que a

indústria do petróleo começou a se difundir no mundo. A partir de então, começa

a procura de novos poços de petróleo por todo mundo e surgem novas refinarias

de petróleo. Com isso, no início do século XX têm-se novas províncias

petrolíferas, novas companhias, rápida ascensão do automóvel e a difusão da

eletricidade (SOUZA, 2006). Devido a essas mudanças, em 1910 a gasolina é

mais vendida que o querosene.

21

Com o Pós-Guerra, houve um crescimento acelerado no consumo energético

mundial. A indústria automobilística foi uma das principais responsáveis pelo

crescimento da indústria petrolífera, tornando o petróleo a principal fonte

energética substituindo o uso do carvão. A indústria do petróleo passa a ter então

um papel geopolítico fundamental no mercado mundial e se torna o carro-chefe

para o desenvolvimento dos países.

Para atender o mercado mundial, os países tiveram que investir em novas

formas de exploração, destacando o desenvolvimento das explorações offshore

em águas profundas, a partir de 400 metros de profundidade ultrapassando 2000

metros.

É importante destacar que o petróleo é encontrado de forma irregular na

superfície terrestre, não tem relação com o tamanho do país depende apenas de

condições geológicas especiais controladas pela natureza (LINS, 2004). Segundo

a Key World Energy Statistics realizada pela International Energy Agency (IEA) a

distribuição dos principais produtores de petróleo e a quantidade produzida em

2012 é mostrada na Tabela 2.

Tabela 2: Principais produtores mundiais de petróleo e volume de produção em 2012

Produtores Quantidade (Mt) % Mundial

Arábia Saudita 544 13,1

Rússia 520 12,6

Estados Unidos 387 9,3

China 206 5,0

Irã 186 4,5

Canadá 182 4,4

Emirados Árabes 163 3,9

Venezuela 162 3,9

Kuwait 152 3,7

Iraque 148 3,6

Resto do mundo 1492 36,0

Total 4142 100

Fonte: IEA, 2013

22

A Tabela 2 destaca os 10 maiores produtores de petróleo no mundo, que

representam 64% de todo o petróleo extraído mundialmente. O maior produtor é a

Arábia Saudita representando 13,1% da capacidade mundial, seguido da Rússia

com 12,65% e Estados Unidos com 9,3%.

Segundo o International Energy Statistics realizado pela U.S. Energy

International Administration (EIA) a capacidade de destilação de petróleo mundial

no ano de 2012 foi de 88.004 milhares de barris de petróleo por dia (Kbd). A

Tabela 3 apresenta a capacidade do refino nos principais países do mundo sendo

representado pela capacidade instalada das unidades de destilação medidas em

milhares de barris de petróleo por dia no ano de 2012 (Kbd).

Tabela 3: Capacidade do refino de petróleo no mundo em 2012

Posição País Capacidade de destilação de petróleo (kbd)

1º EUA 17.736,37

2º China 6.866,00

3º Rússia 5.430,91

4º Japão 4.729,89

5º Índia 4.042,76

6º Coréia do Sul 2.759,50

7º Alemanha 2.417,16

8º Itália 2.337,23

9º Arábia Saudita 2.112,00

10º Canadá 1.918,46

11º Brasil 1.917,33

12º França 1.718,80 Fonte: Adaptado de EIA, 2012.

Os maiores refinadores de petróleo são os EUA com capacidade instalada

quase três vezes maior que a China. Os 12 países com os maiores parques de

refino detêm 61% da capacidade mundial de refino de petróleo. O Brasil ocupa a

11ª posição com capacidade de 1918,46 Kbd.

O Gráfico 1 mostra a distribuição das refinarias de petróleo ao redor do mundo

no ano de 2012, de acordo com o EIA (2013).

23

Gráfico 1: Distribuição mundial das refinarias de petróleo em 2012

Na Ásia e Oceania se encontram a maior parte das refinarias, sendo a

China a principal responsável, pois representa 28% das refinarias localizadas

nessa região. A América do Norte é o segundo maior polo com refinarias devido a

participação dos Estados Unidos com uma representação de 84% na região. O

Brasil representa 29% das refinarias localizadas na América Central e do Sul.

3.2. Histórico da produção brasileira de petróleo

Em 1858, José Barros Pimentel adquiriu o direito de extrair o petróleo na

Bahia, porém durante décadas os poços perfurados não obtiveram resultados. Em

1939 foi descoberto em Lobato, na Bahia, a primeira jazida de petróleo explorável

comercialmente.

Em 1953 foi criado a Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás pelo presidente da

época Getúlio Vargas. A criação da empresa é fruto da campanha popular de

1946 com o slogan “O petróleo é nosso”. As primeiras refinarias construídas

foram a de Mataripe (Bahia) e em Cubatão (São Paulo). Segundo a PETROBRAS

24

a produção era de 2633 barris / dia, o que representava 1,7% do consumo

nacional.

Devido a geologia do petróleo no Brasil a exploração em bacias terrestres era

praticamente impossível, surgindo a necessidade de novas formas de exploração

do petróleo. Com isso, em 1968 foi descoberto o primeiro poço de petróleo no mar

em Sergipe, a 80 metros de profundidade. Com o avanço da tecnologia, hoje

conseguimos explorar petróleo com mais de 2000 metros de profundidade. O

próximo grande desafio é explorar o petróleo na chamada camada pré-sal que

pode chegar a 7000 metros de profundidade. Atualmente cerca de 90% da

exploração do petróleo é marítima.

De acordo com a PETROBRAS, a empresa explora o petróleo de 11 bacias

sedimentares no país. A Tabela 4 relaciona as bacias sedimentares com a sua

localização e principal característica.

Tabela 4: Bacias sedimentares petrolíferas do Brasil e suas principais características

BACIAS LOCALIZAÇÃO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Solimões Amazonas Maior reserva de gás natural do país e que

produz óleo leve com a melhor qualidade do mercado.

Potiguar Região do Rio Grande

do Norte e Ceará Maior produtora de petróleo onshore do país

Sergipe Sergipe Produção é basicamente terrestre, com destaque

para a produção de gás Alagoas Alagoas

Tucano Bahia

Explorações terrestres e produção de petróleo e gás Recôncavo

Camamu – Almada Bahia

Explorações marítimas e produção de petróleo e gás Jequitinhonha

Espírito Santo Espírito Santo Reservas significativas de gás natural e óleo leve

Campos De Vitória (ES) até

Arraial do Cabo (RJ) Maior província petrolífera do Brasil, responsável

por mais de 80% da produção.

Santos De Cabo Frio (RJ) até

Florianópolis (SC)

Uma das áreas exploratórias mais promissoras do Brasil devido ao desafio de extrair petróleo da

camada pré-sal a 7000 metros de profundidade

Fonte: Elaborado a partir de PETROBRAS (2013)

25

Durante o ano de 2012 foram produzidos cerca de 754 milhões de barris de

petróleo com média de produção de 2067 Mbbl / dia. A bacia de Campos, no

campo de Marlim Sul, foi o de maior produção de petróleo com uma produção

média de 346,3 Mboe/d. A produção de gás natural foi de 26 metros cúbicos de

gás natural com média de 71,7 MMm³ / dia (ANP, 2012).

A Tabela 5 lista as 11 refinarias da Petrobras com a capacidade e principais

produtos.

Tabela 5: Refinarias brasileiras da Petrobras, suas localizações, capacidade e principais produtos

REFINARIAS LOCALIZAÇÃO CAPACIDADE PRINCIPAIS PRODUTOS

Isaac Sabbá (REMAN)

Manaus - AM 46 mbbl / dia

GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos

combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, óleo para geração de energia, asfalto.

Potiguar Clara Camarão (RPCC)

Guamaré - RN 35 mbbl / dia GLP, diesel, querosene de aviação, gasolina e

nafta petroquímica

Landulpho Alves (RLAM)

Mataripe - BA 281 mbbl / dia

Propano, propeno, isobutano, gás de cozinha, gasolina, nafta petroquímica,

querosene, querosene de aviação, parafinas, óleos combustíveis e asfaltos

Gabriel Passos (REGAP)

Betim – MG 151 mbbl / dia Gasolina, óleo diesel, querosene de aviação,

GLP, aguarrás, asfalto, coque, enxofre

Duque de Caxias (REDUC)

Duque de Caxias – RJ

23 mbbl / dia Lubrificantes, gasolina, óleo diesel,

querosene de aviação, GLP, bunker, nafta petroquímica

Paulínia (REPLAN) Paulínia – SP 396 mbbl / dia Diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene,

coque e asfalto

Henrique Lage (REVAP)

São José dos Campos – SP

252 mbbl / dia Gasolina, óleo diesel, querosene de aviação,

GLP, asfalto, enxofre

Capuava (RECAP) Mauá – SP 49 mbbl / dia Propeno, GLP, gasolina, óleo diesel,

metropolitano (com baixo teor de enxofre) e solventes especiais

Presidente Bernardes (RPBC)

Cubatão - SP 172 mbbl / dia Gasolina de aviação, diesel ecológico,

gasolina Podium, componentes da gasolina da Fórmula 1, coque para exportação

Presidente Getúlio Vargas (REPAR)

Araucária - PR 195 mbbl / dia GLP, gasolina, óleo diesel, óleos

combustíveis, querosene de aviação, asfaltos, nafta

Alberto Pasqualini (REFAP)

Canoas – RS 180 mil barris

/ dia Óleo Diesel, gasolina, nafta petroquímica,

querosene de aviação, coque, GLP

Fonte: Elaborado a partir de PETROBRAS

26

. O Brasil conta com 13 refinarias, sendo 11 da Petrobras e 2 privadas

Segundo o Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural (2012) divulgado pela

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras

é responsável por cerca de 96% de toda a produção de petróleo brasileira. Os

outros 4% correspondem a empresas privadas. Devido a essa expressiva

diferença, serão abordados apenas dados da Petrobras.

A capacidade das refinarias brasileiras se encontra estagnada com cerca de

1,9 milhões de barris diários desde os anos 80 quando as últimas refinarias foram

construídas (TAVARES, 2005). Está em construção a Refinaria Abreu e Lima em

Recife Pernambuco que terá como produto principal diesel com baixo teor de

enxofre a partir do petróleo pesado. A produção de óleo destilado no ano de 2012

no Brasil foi de 1917,33 milhares de barris diário (EIA, 2013).

Aproximadamente 60% do petróleo explorado no Brasil tem grau API entre 22º

e 31º sendo classificado como petróleo médio; 30% tem grau API maior que 31º

sendo considerado pesado; apenas 10% pode ser considerado leve com grau API

menor que 21º (ANP, 2012). Embora o petróleo nacional tenha uma graduação

baixa do API ele possui baixo teor de enxofre, isto eleva o seu valor de mercado

principalmente com as rigorosas leis ambientais.

3.3. O Refino do Petróleo

As atividades da indústria do petróleo englobam desde a procura e exploração

do petróleo e gás até a entrega dos produtos finais (derivados e petroquímicos)

aos consumidores finais. Tais atividades são agrupadas em segmentos distintos:

Upstream: reúne as atividades de exploração, desenvolvimento e

produção do petróleo.

Downstream: transporte de petróleo e gás, refino e as atividades

logísticas de abastecimento de produtos derivados.

Petroquímico: Produção, distribuição e comercialização dos produtos

petroquímicos (MERSCHMANN, 2010).

27

O objetivo da refinaria de petróleo é transformar o petróleo bruto em derivados

de alta qualidade e mais atrativos economicamente. Pode-se produzir

combustíveis e matérias-primas petroquímicas de alto valor energético, como por

exemplo, querosene, diesel, GLP, gasolina e óleo combustível que têm alta

procura no mercado. Há também a produção de produtos não energéticos, como

lubrificantes e parafinas que possuem alto valor agregado, assim conferem aos

refinadores maiores rentabilidades, porém custos de investimentos mais altos.

Embora a refinaria de petróleo seja uma das principais fontes poluidoras do

setor petrolífero, é através dela que as impurezas são removidas do óleo cru,

melhorando a qualidade dos produtos e diminuindo os impactos ambientais, pois

a queima destas impurezas aumenta significativamente o potencial poluidor dos

derivados e reduz a eficiência da combustão. (CUNHA, 2009).

Os processos de refino do petróleo são classificados em quatro grupos:

processos de separação; conversão; tratamento; auxiliares.

A Figura 1 apresenta o fluxograma simplificado de uma refinaria de petróleo

com os principais processos envolvidos e os derivados que são retirados em cada

etapa.

Figura 1: Fluxograma simplificado de uma refinaria de petróleo

Fonte: DANTAS NETO; GURGEL, 2012

28

3.3.1. Processos de Separação

Os processos de separação têm por objetivo desdobrar o petróleo em suas

funções básicas, ou processar uma fração previamente produzida retirando dela

um grupo específico de compostos (ABADIE, 2002).

Os agentes responsáveis pela separação são de natureza física. Estes agem

por ação de energia, com modificações de temperatura e pressão, ou na forma de

relação de solubilidade a solventes sobre o petróleo ou suas frações. Como não

há alteração na natureza da molécula, os produtos obtidos podem reconstituir a

forma original se misturados novamente, excetos em caso de contaminação ou

perdas.

Antes do petróleo bruto ser conduzido para o fracionamento, deve passar pela

dessalinizadora para remover os sais, água e partículas sólidas suspensas. Caso

estes contaminantes não sejam eliminados do óleo bruto, podem causar sérios

danos a unidade de destilação, provocar corrosão nos equipamentos, depositar

nas paredes dos trocadores de calor (MARIANO, 2001). O processo é baseado

no aquecimento, em temperatura máxima de até 400ºC sem que haja

decomposição térmica, e mistura do óleo cru com água entre 3 e 10% do volume

do óleo. A água dissolve os sais e é então separada do petróleo com a utilização

de desemulsificadores e/ou pela aplicação de potenciais elétricos (CUNHA, 2009).

A destilação atmosférica é um processo de separação dos componentes de

uma mistura de líquidos miscíveis, baseado na diferença das temperaturas de

ebulição de seus componentes individuais, utilizado praticamente em todos os

processos das refinarias.

O ponto de entrada da torre é conhecido como “zona flash”, onde o petróleo é

separado em duas correntes: uma constituída de frações vaporizadas que vai em

direção ao topo e outra líquida que vai para o fundo da torre.

As torres de destilação são compostas por uma série de bandejas que

possuem temperaturas diferentes, sendo possível vaporizar os compostos leves,

intermediários e pesados em diferentes frações de temperatura no interior dos

diversos estágios da torre de destilação (CUNHA, 2009). As frações se

29

condensarão obtendo os diferentes produtos. Quanto maior a massa molar dos

hidrocarbonetos maior as suas temperaturas de ebulição. Com isso, as frações

mais leves são retiradas no topo da torre. A Tabela 6 mostra os principais

produtos obtidos, a partir da temperatura de ebulição do petróleo e os respectivos

números de carbonos da fração.

Tabela 6: – Derivados do petróleo a partir da temperatura de ebulição e o número de

carbono respectivo

Derivados Número de Carbono Temperatura de

ebulição (ºC)

Gás De 1 a 4 Menor que 35

Nafta De 5 a 7 De 20 a 102

Gasolina De 7 a 11 De 35 a 140

Querosene De 12 a 15 De 150 a 250

Óleo Diesel De 12 a 20 De 250 a 360

Óleo lubrificante De 20 a 34 De 300 a 400

Resíduos (parafinas,

ceras,asfalto, piche) Elevada massa molar Acima de 427

Fonte: DANTAS NETO; GURGEL (2012)

Os produtos obtidos no topo da torre de destilação são os vapores de nafta

leve e GLP (gás liquefeito de petróleo), que posteriormente serão separados. Nas

laterais da torre, os produtos obtidos são óleo diesel, nafta pesada e diesel,

querosene. Os rendimentos da destilação são variáveis em função do óleo

processado (TAVARES, 2005). A Figura 2 apresenta o fluxograma de uma

unidade completa de destilação de três estágios.

No entanto os compostos de elevadas massas molares, que não conseguiram

vaporizar, formam um resíduo pesado sob a forma de asfalto ou petróleo cru

reduzido. Para ser possível retirar do resíduo atmosférico o gasóleo, que tem

grande potencial econômico, utiliza-se a destilação à vácuo. Como a temperatura

de ebulição de um líquido é função da pressão exercida sobre ele, submetê-lo a

pressões sub atmosféricas causa a diminuição do seu ponto de ebulição. Como

na destilação atmosférica, os hidrocarbonetos atravessam bandejas de

30

fracionamento e são coletados em duas saídas laterais: gasóleo leve e gasóleo

pesado (MARIANO, 2001). O produto residual do fundo pode ser vendido como

asfalto e óleo combustível.

Não há produto de topo, mas pode sair uma quantidade de hidrocarbonetos

leves e gás sulfídrico que pode ser tratado na própria refinaria, através do sistema

de tratamento de gases ácidos, enviados para um aquecedor de processo ou

sistema de controle para a destruição de gás sulfídrico (MARIANO, 2001).

A Figura 2 apresenta o fluxograma de uma unidade completa de destilação de

três estágios.

Figura 2: Unidade completa de destilação de três estágios

Fonte: DANTAS NETO; GURGEL, 2012

As emissões atmosféricas geradas durante a destilação atmosférica são

oriundas queima de combustíveis dos fornos de aquecimento, de emissões

fugitivas e dos respiradouros de processo (MARIANO, 2001).

De acordo com a Abadie (2002), existem ainda outros tipos de processos de

separação, que serão explicados sucintamente.

O processo de Desasfaltação a Propano tem como objetivo extrair por ação de

solvente (propano líquido em alta pressão) um gasóleo impossível de ser extraído

por destilação. Como subproduto gera resíduo asfáltico. Produto principal, o óleo

desasfaltado pode ter dois disitinos: obtenção combustível e produção de

lubrificantes.

31

A Desaromatização a Furfural tem como objetivo eliminar os compostos

aromáticos de altas massas molares, que causam variações na viscosidade dos

lubrificantes em relação à temperatura, sob ação do solvente furfural. O óleo

desaromatizado é utilizado na próxima etapa e o subproduto gerado é um óleo

pesado e viscoso, utilizado como óleo extensor da borracha sintética ou

adicionado ao pool dos óleos combstíveis da refinaria.

A desparafinação a MIBC (Metil-Isobutil-Cetona) elimina as cadeias

parafínicas lineares com o intuito de baixar o ponto de fluidez dos lubrificantes,

que prejudicam o seu escoamento em temperaturas baixas, por extração do

solvente MIBC. O óleo desparafinado segue para o processo de

hidroacabamento. A parafina oleosa pode ser adicionada ao gasóleo que será

processada no craqueamento catalítico; ou pode passar pelo processo de

desoleificação de parafinas para produzir parafina comercial, sob ação do

solvente MIBC.

3.3.2. Processos de Conversão

Os processos de conversão são de natureza química e visam transformar uma

fração de petróleo em outra ou alteram a constituição molecular da fração com o

objetivo de melhorar a sua qualidade e valorizá-la economicamente. Estes

processos são em geral de elevada rentabilidade, pois transformam frações de

baixo valor comercial (gasóleo e resíduos) em outras de maiores valores de

mercado (GLP, naftas, querosenes e diesel) (ABADIE, 2002).

As reações específicas de cada processo acontecem sob ação de temperatura

e pressão e muitas vezes na presença de catalisador. A ausência ou presença

deste elemento subdivide os processos de conversão em dois grupos. Os

principais processos catalíticos e não-catalíticos são descritos a seguir.

O processo de craqueamento catalítico ocorre com uma mistura de gasóleo

proveniente da destilação a vácuo e óleo desasfaltado que é submetida a

condições severas de temperatura e pressão. Na presença do catalisador, que

32

são partículas finamente divididas, a mistura é então transformada em várias

frações mais leves. Os principais produtos gerados são GLP e nafta.

Paralelamente são formados produtos mais pesados que a nafta com alto teor de

carbono, chamado coque, depositado na superfície do catalisador. O coque é

queimado no processo de regeneração do catalisador, gerando gás de

combustão, de alto conteúdo energético, usado na geração de vapor d’água de

alta pressão (ABADIE, 2002).

Este processo é uma das fontes mais significativas de poluentes atmosféricos

dentro das refinarias. As emissões gasosas, a alta temperatura, provenientes do

regenerador contêm monóxido de carbono, dióxido de carbono, gases

nitrogenados e gases sulfurados (MARIANO, 2001).

O hidrocraqueamento consiste na quebra de moléculas existentes na carga de

gasóleo sob ação de catalisador, altas temperaturas e pressões, na presença de

hidrogênio. Obtêm-se altos rendimentos em nafta e em óleo diesel. Como

benefícios têm-se a redução da deposição de coque sobre o catalisador e a

eliminação dos compostos de enxofre e nitrogênio diante das severas condições

que o processo é submetido (ABADIE, 2002).

O processo de alquilação ocorre com a reação de olefinas de baixa massa

molar com isoparafínicos que origina uma isoparafina de elevada massa molar. A

reação de alquilação ocorre em altas temperaturas e pressões, porém com o uso

dos catalisadores (geralmente ácido sulfúrico ou ácido fluorídrico) esses valores

são reduzidos, diminuindo os custos da operação. Tal processo foi estimulado

devido à necessidade de produzir gasolina de alto índice de octanagem. Para que

a implementação da unidade seja vantajosa tem que haver grande disponibilidade

de GLP, principal matéria-prima do processo (TAVARES, 2005).

A reforma catalítica tem como objetivo a obtenção de hidrocarbonetos

aromáticos a partir da nafta proveniente da destilação, rica em hidrocarbonetos

parafínicos, na presença de catalisador. Visa à produção de gasolina de alta

octanagem ou produção de aromáticos leves, como benzenos, toluenos e xilenos

(BTX’s), para posterior geração de petroquímicos (ABADIE, 2002)

O princípio do processo de craqueamento térmico é o mesmo do

craqueamento catalítico, porém não há catalisadores para auxiliar a reação. As

33

misturas mais pesadas são quebradas, em temperaturas e pressões elevadas,

obtendo principalmente gasolina e GLP. Ocorre a formação de coque, que é o

principal problema do processo, pois se não for removido frequentemente leva ao

entupimento do reator.

O coqueamento é um processo de craqueamento usado primeiramente para

reduzir a produção de óleos combustíveis residuais de refinaria (MARIANO,

2001). Submetido a condições bastante severas, quebra moléculas de cadeia

aberta e moléculas aromáticas polinucleadas, resinas e asfaltenos, produzindo

gases, nafta, diesel, gasóleo, e principalmente, coque de petróleo. O coque pode

ser uado para produzir eletrodos usados na produção do alumínio e como

combustível para plantas de geração de energia (MARIANO, 2001). A Petrobrás

acredita que o coqueamento é um dos processos necessários para atender a

crescente demanda de óleo diesel no Brasil.

3.3.3. Processos de Tratamento

O objetivo dos processos de tratamento é eliminar as impurezas, tais como

compostos de nitrogênio, enxofre e oxigênio, que prejudicam a qualidade do

produto final. Quanto mais pesado a fração, maior a quantidade de impurezas

dificultando a remoção. Estes processos são importantes para produzir derivados

dentro das especificações técnicas e ambientais exigidas por legislação (CUNHA,

2009). Os processos de tratamento podem ser divididos em dois grupos:

- Processos de adoçamento: transformam compostos agressivos de enxofre

(S, H2S, RSH) em outros menos prejudiciais (RSSR – dissulfetos), sem que

ocorra a sua remoção (MARIANO, 2001).

- Processos de dessulfurização: ocorre a remoção dos compostos sulfurados.

34

3.3.4. Processos Auxiliares

Os processos auxiliares visam gerar insumos para os processos de refino,

bem como tratar de seus efluentes.

Tais processos são: geração de hidrogênio (fornecimento para às unidades de

hidroprocessamento); recuperação de enxofre (a partir da queima de H2S); águas

ácidas; estação de tratamento de efluentes; geração de vapor e de energia

(ABADIE, 2002).

3.4. Legislação Ambiental Brasileira

Segundo o artigo 225 da Constituição Federal promulgada em 05/10/1988:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público o dever de

defendê-lo e à coletividade o de preservá-lo para presentes

e futuras gerações.

Pode-se dividir a legislação ambiental brasileira em dois grupos: um grupo

de normas e padrões de emissão e qualidade ambiental, onde são fixados os

limites máximos de emissões de poluentes que o empreendimento pode gerar; e

um conjunto de normas criando e regulamentando o licenciamento ambiental de

atividades poluidoras, junto aos órgãos do meio ambiente.

A legislação ambiental brasileira começou a ter força com a lei 6.938 em

1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente estabelecendo

normas e padrões de qualidade ambiental; zoneamento ambiental; licenciamento

ambiental; incentivos à produção e instalação de equipamentos e criação ou

absorção de tecnologias, voltadas para a melhoria da qualidade ambiental;

penalidades ao descumprimento das medidas necessárias à preservação ou

35

recuperação da qualidade ambiental. Esta lei exige o estudo prévio de impacto

ambiental (EIA).

O EIA é realizado durante o projeto de zonas industriais ou não industriais

antes de executar ações potencialmente impactantes ao meio ambiente. Cabe ao

EIA observar a localização do projeto e todas as alternativas tecnológicas

envolvidas, identificando e avaliando os impactos ambientais gerados nas fases

de implementação e operação das atividades, aprovando os limites e autorizando

as execuções, bem como exigir o licenciamento prévio para atividades

potencialmente poluidoras.

Quanto as normas e padrão de emissão, no que se diz respeito ao controle

da poluição atmosférica, a legislação brasileira se divide em três resoluções do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). É através da publicação das

resoluções do CONAMA que, a nível federal, dispõe as maneiras como as

atividades industriais, em geral, poderão ser conduzidas obedecendo a política

ambiental vigente no país (MARIANO, 2001).

3.4.1. Resolução do CONAMA 005/89

A primeira legislação mais efetiva de controle da poluição atmosférica foi a

Portaria MINTER nº 231 de 27/04/1976 estabelecendo padrões nacionais de

qualidade do ar para material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de

carbono e oxidantes fotoquímicos. Porém percebeu-se a importância da criação

de um programa nacional que contemplasse as fontes fixas de poluição

atmosférica.

Com isso, foi criada a Resolução do CONAMA 005/89 que instituiu o

Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR cujo objetivo é

limitar os níveis de emissão por tipologia de poluente por fontes de poluição

atmosférica. Adotaram-se padrões nacionais de qualidade do ar, que são aqueles

que ao ultrapassar as concentrações de poluentes atmosféricos poderão afetar a

saúde, segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à

36

flora, fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Compete ao IBAMA

gerenciar o PRONAR junto aos órgãos da administração pública e entidades

provadas.

Para acompanhar os níveis de qualidade do ar no país e fazer a

comparação com os respectivos padrões estabelecidos, foi criada a Rede

Nacional de Monitoramento da Qualidade do Ar e o Inventário Nacional de Fontes

e Emissões que permita o cadastramento e a estimativa das emissões.

3.4.2. Resolução do CONAMA 003/90

Tal resolução complementa a Resolução 005/89 que dispõe sobre padrões

de qualidade do ar previstos no PRONAR, aumentando o número de poluentes

atmosféricos passíveis de monitoramento e controle e estabelecendo novos

padrões de qualidade do ar.

Nesta resolução define-se poluente atmosférico; padrão primário de

qualidade do ar, que são as concentrações de poluentes que ultrapassadas

poderão afetar à saúde humana; padrão secundário de qualidade do ar, que são

as concentrações de poluentes que podem afetar o bem-estar da população;

estabelece quais os métodos de amostragem e de análise que deverão ser

utilizados; fixa as condições de referências em 25ºC e 1atm; estabelece os Níveis

da Qualidade do Ar para a elaboração do Plano de Emergência para Episódios

Críticos de Poluição do Ar (MARIANO, 2001).

Os valores estabelecidos para os poluentes atmosféricos estão

demonstrados na Tabela 7.

37

Tabela 7: Padrões de qualidade do ar

POLUENTES PADRÃO MÉDIA ANUAL

(µg/m³) MÁXIMO 24

horas (µg/m³)

Partículas Totais em Suspensão

Primário 80 240

Secundário 60 150

Fumaça Primário 60 150

Secundário 40 100

Partículas Inaláveis Primário e secundário

50 150

Dióxido de Enxofre Primário 80 365

Secundário 40 100

Monóxido de carbono

Primário e secundário

10.000 ¹ 40.000 ¹

Ozônio Primário e secundário

- 160 ¹

Dióxido de nitrogênio

Primário 100 320 ¹

Secundário 100 190 ¹

Fonte: CONAMA (1990)

¹ Concentração média de 1 hora

Complementando esta Resolução, a Resolução 008/90 estabeleceu

padrões de emissões para fontes fixas.

3.4.3. Resolução do CONAMA 436/2011

Esta Resolução complementa as Resoluções 005/89 e 382/2006

estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes

fixas. Os limites são fixados por poluentes e por tipologia de fonte estabelecido

em anexos. O anexo VI estabelece os limites de emissões provenientes das

refinarias de petróleo.

Os limites de emissão estabelecidos são definidos para os seguintes

processos da refinaria: fornos e caldeiras queimando gás de refinaria; unidade de

craqueamento catalítico; unidades de recuperação de enxofre; conversores de

amônia a nitrogênio.

Fornos e caldeiras queimando gás de refinaria

38

O gás de refinaria é considerado a corrente de gás gerada nos processos

da refinaria usada como combustíveis em fornos e caldeiras.

A Tabela 8 mostra os padrões de emissão dos poluentes atmosféricos.

Tabela 8: Padrões de emissões de poluentes atmosféricos em fornos e caldeiras

Potência Térmica

Nominal [MW]

Material Particulado

[mg/m3] 1

NOx (como NO2)

[mg/m3] 1

SOx (como SO2)

[mg/m3] 1

Menor que 10 150 N.A.² 70

Entre 10 e 70 125 400 70

Maior que 70 50 200 70

Fonte: CONAMA (2011)

1 As concentrações devem ser expressas em base seca a 3% de oxigênio

² Não Aplicável

O limite de MP entrou em vigor na data da publicação desta Resolução. O

prazo máximo para o atendimento ao limite de SOx é de dez anos e do NOx é de

sete anos a partir da data da publicação.

Unidade de craqueamento catalítico – Caldeiras de monóxido de carbono

ou recuperadoras dos gases dos regeneradores

São unidades de processo de refino que com a ação de calor, pressão e na

presença de catalisador convertem correntes de hidrocarbonetos maiores em

menores e mais leves. Tabela 9 mostra os padrões de emissões dos poluentes

nas unidades de craqueamento catalítico.

Tabela 9: – Padrões de emissão de poluentes atmosféricos nas unidades de

craqueamento catalítico

Material Particulado a 8%

de O2 [mg/m3]

NOx¹ (como NO2) a 3%

de O2 [mg/m3]

SOx ¹(como SO2) a 3% de

O2 [mg/m3]

75² 600 1200

Fonte: CONAMA (2011)

¹As concentrações devem ser expressas em base seca e na concentração de oxigênio

especificada para cada poluente.

²Não são consideradas a massa de sulfato.

39

O limite de emissão de SOx entrou em vigor na data da publicação desta

resolução e o prazo máximo para atendimento dos limites de emissões de MP e

NOx é de dez anos a partir da publicação desta Resolução.

Unidades de Recuperação de Enxofre - URE

O objetivo da URE é tratar as correntes de ácidos residuais da refinaria,

convertendo os compostos sulfurados presentes na corrente em enxofre.

As unidades devem garantir eficiência de recuperação mínima de 96% de

enxofre, controlada pela taxa de emissão. As URE devem ter equipamentos e

procedimentos que acompanhem a eficiência do processo.

O prazo máximo para atendimento dos valores de eficiência de

recuperação é de dez anos a partir de quando a Resolução foi publicada.

Conversores de amônia e nitrogênio

As águas residuais do processo de refino são tratadas nas Unidades de

águas ácidas que removem sulfetos e amônias das correntes gasosas. Os

conversores de amônia trata essa corrente, convertendo a amônia em nitrogênio.

A eficiência de destruição da amônia deve ser de 98%. A emissão de NOx

expresso NO2 deve ser 720 mg/m3, com concentração de 1% de O2.

O limite de emissão de NOx e a taxa de destruição de amônia entraram em

vigor com a publicação desta Resolução.

A taxa de emissão máxima de SOx em conversores de amônia deve ser

calculada em função da carga de H2S da unidade de águas ácidas que alimenta o

conversor. O limite de emissão é definido pelo órgão ambiental licenciador.

As unidades de águas ácidas que contêm duas torres de esgotamento

deverão se adaptar para enviar 90% da carga de entrada do H2S para a URE em

até dez anos a partir da publicação desta Resolução.

Combustão mista

As instalações que utilizam simultaneamente dois ou mais combustíveis

deverão ter limites de emissão diferenciados, sendo ponderados individualmente

com as respectivas potências térmicas nominais das fontes em questão.

40

4. Emissões Atmosféricas

Sabe-se que a mudança climática global tem sido fortemente influenciada pela

emissão de gases de efeito estufa, particularmente associadas à produção e

utilização de energéticos e à transformação de energia. Entre os energéticos, os

combustíveis representam globalmente a parcela mais significativa no que diz

respeito à emissão de gases.

Vale ressaltar a diferença entre a geração de poluentes do processo de

refino e a poluição causada pelo uso dos produtos da refinaria. Sabe-se que as

unidades de refino são responsáveis por grande parte da energia total consumida

no Brasil e praticamente toda a energia consumida no setor de transporte. No

entanto, a geração de poluentes nas refinarias é modesto frente os poluentes

gerados no consumo dos derivados de petróleo (GARCIA, 2010).

Porém não é o objetivo desse trabalho a discussão da poluição causada

pelo consumo dos derivados, e sim analisar os impactos das emissões

atmosféricas geradas nas unidades de refino do petróleo.

De acordo com a norma da ABNT NBR 8969 (1985), poluente atmosférico

pode ser definido como:

Toda e qualquer forma de matéria e/ou energia que,

segundo suas características, concentração e tempo de

permanência no ar, possa causar ou venha a causar danos

à saúde, aos materiais, à fauna e à flora e seja prejudicial à

segurança, ao uso e ao gozo da propriedade, à economia e

ao bem estar da comunidade.

De acordo com Mariano (2001), os poluentes gerados no processo de refino

como hidrocarbonetos voláteis, monóxido de carbono (CO), óxido de enxofre

(SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado, amônia (NH3), sulfeto de

hidrogênio (H2S), metais, ácidos e outros compostos orgânicos tóxicos.

A maioria das correntes gasosas que saem das unidades de processo das

refinarias contém quantidades variáveis de gás de refinaria, gás sulfídrico e

41

amônia. Caso ocorram, essas correntes são coletadas e destinadas às unidades

de tratamento de gás e de recuperação de enxofre. O objetivo é recuperar o gás

de refinaria que pode ser usado como combustível e recuperar o enxofre

elementar que pode ser vendido. As emissões da recuperação de enxofre

normalmente contêm sulfeto de hidrogênio, assim como óxidos de enxofre e

nitrogênio (MARIANO, 2001).

Durante o processo de regeneração periódica dos catalisadores de

processo as correntes gasosas geradas podem conter CO, material particulado e

hidrocarbonetos voláteis. É necessário que essas correntes passem por um

tratamento adequado antes de serem descartados para a atmosfera. As correntes

passam por uma caldeira de CO para que ocorra a queima do monóxido de

carbono, transformando em CO2, e outros hidrocarbonetos presentes. Depois,

elas passam por ciclones e preciptadores eletrostáticos para remoção dos

materiais particulados presentes no gás.

4.1. Principais fontes de emissões

A principal fonte das emissões de gases é proveniente das operações

normais durante o processo sendo divididos em: emissões de combustão e as

emissões fugitivas provenientes dos vazamentos.

As emissões de combustão ocorrem na queima de combustíveis em

equipamentos estacionários como motores, queimadores, aquecedores, flares e

incineradores, resultando na formação de CO2 pela oxidação dos compostos

orgânicos presentes no petróleo, além de outros gases (COSTA, 2010).

As caldeiras utilizadas para aquecer correntes de processos ou gerar

vapores podem ser fontes potenciais de emissões como CO, SOx, NOx, material

particulado e hidrocarbonetos quando operados de forma inadequadas. Isto

ocorre quando há combustão incompleta, ou aquecedores sujos de piche e outros

resíduos.

42

As atividades de venting e flaring (ventilação e queima) se referem à

disposição do gás que não pode ser remanejado. O gás ventilado possui grande

quantidade de metano, onde a emissão do CH4 para a atmosfera depende da

eficiência do processo de queima dos flares, local onde o excesso do CH4 é

queimado (PETROBRAS, 2010).

As emissões fugitivas ocorrem em toda a refinaria e são provenientes de

vazamentos não intencionais em equipamentos oriundos de falha mecânica de

operação, desgaste de estruturas de vedação e características de materiais que

ocorrem em válvulas, bombas, tanques, flanges, dispositivos de alívio de pressão

provocados devido à corrosão e/ou falhas de conexão. Ainda que os vazamentos

sejam normalmente pequenos, o somatório de todas as emissões fugitivas de

uma refinaria pode ser uma das maiores fontes de emissões da mesma (GARCIA,

2010).

A redução dessas emissões pode ser realizada através de medidas como

equipamentos com maior resistência a vazamentos, redução de tanques de

armazenamento outras fontes potenciais, uso de tanques de teto flutuante, ou

método mais eficaz como Programa de Detecção e Reparo de Vazamentos

(MARIANO, 2001).

Outra fonte de emissões são as operações de manutenção, que envolvem

as atividades regulares e periódicas desenvolvidas na operação das intalações.

Conduzidos de formas esporádicas ou frequentes, os processos requeridos

resultam na liberação de gases do equipamento afetado (PETROBRAS, 2010).

Imprevistos e acidentes, eventos não planejados e que afetam o sistema,

também são fontes de emissões. De acordo com Petrobras (2010), o mais comum

é um súbito aumento de pressão originando falha no regulador de pressão, que

contam com sistema para aliviar a pressão protegendo o equipamento de danos.

Os gases liberados através das válvulas reguladoras podem ser coletados e

transportados para serem queimados em flares ou comprimidos e reinjetados no

sistema. Em instalações antigas, esses sistemas podem liberar os gases direto

para a atmosfera ou enviar para os flares não alcançando a combustão completa.

A Tabela 10 mostra quais os gases emitidos em cada etapa do processo

de refino do petróleo.

43

Tabela 10: Principais emissões atmosféricas das refinarias

Processo Emissões Atmosféricas

Dessalinização do Petróleo Cru Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de HC's.

Destilação Atmosférica Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de HC's.

Destilação a Vácuo

Emissões do injetor de vapor HC's

Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's.

Craqueamento térmico / Visco-redução

Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's.

Coqueamento

Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's.

Emissões do decoqueamento (HC's e MP)

Craqueamento Catalítico Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de HC's.e regeneração do catalisador (CO, NOx, SOx e MP)

Hidrocraqueamento catalítico

Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's.

Catalisador (CO, NOx, SOx e MP)

Hidrotratamento / Hidroprocessamento

Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's.e regeneração do catalisador (CO,

NOx, SOx e MP)

Alquilação Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de HC's

Isomerização Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP), emissões fugitivas de HC's, HCl (potencialmente nos leves

finais)

Polimerização H2S proveniente da lavagem cáustica

Reforma catalítica Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de HC's e regeneração do catalisador (CO, NOx, SOx e MP)

Extração por Solvente Solventes fugitivos

Desparafinação Solventes fugitivos

Desasfaltação a propano Gás da chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP),

emissões fugitivas de propano

Tratamento Merox Emissões fugitivas (HC's e dissulfetos)

Tratamento de efluentes Emissões fugitivas (H2S, NH3 e HC's)

Tratamento de Gás e recuperação de enxofre

NOx, SOx e H2S da ventilação e emissões do gás de fim de processo

Composição Emissões fugitivas (HC's)

Limpeza de trocadores de calor Emissões fugitivas periódicas de HC's

Tanques de Estocagem Emissões fugitivas (HC's)

Blowndown e flares Produtos de combustão (CO, NOx, SOx e HC's)

Fonte: Adaptado de MARIANO (2001)

44

As emissões dos gases na maioria dos processos são os gases da

chaminé do aquecedor (CO, NOx, SOx, HC's e MP) e as emissões fugitivas de

hidrocarbonetos. As etapas de craqueamento catalítico, hidrotratamento e reforma

catalítica são considerados os principais processos emissores de gases, pois

além das emissões fugitivas e dos gases da chaminé, são emitidos ainda CO,

NOx, SOx e materiais particulados durante o processo de regenaração do

catalisador.

4.2. Principais poluentes emitidos pelas refinarias de petróleo

A poluição atmosférica além de toda a degradação ambiental que causa é

responsável também por inúmeras patologias, contribuindo sensivelmente para a

elevação da taxa de mortalidade. Para complicar, a poluição atmosférica é

transfronteiriça, de forma que o próprio vento a espalha a grandes distâncias de

suas fontes de emissão (LISBOA; KAWANO, 2008).

Inúmeros fatores podem confundir a correta avaliação da extensão das

emissões de um determinado poluente, dificultando estabelecer em que níveis

essas emissões afetam o meio ambiente e a saúde humana.

No caso do meio ambiente, as variáveis de confusão incluem clima,

variedades das espécies que habitam a região e adaptação dessas espécies as

condições de stress. Vale ressaltar que mesmo mantidas as emissões, a

qualidade do ar pode mudar de acordo com as condições meteorológicas

determinando uma maior ou menor diminuição da diluição dos poluentes. Durante

o inverno, a qualidade do ar piora, pois as condições meteorológicas são mais

desfavoráveis à dispersão dos poluentes (LISBOA; KAWANO, 2008).

As variáveis da saúde humana incluem gênero, raça, status

socioeconômico, estilo de vida e ocupação, se o indivíduo é fumante. Interação

entre dois ou mais poluentes, ou entre poluentes e variações meteorológicas,

como temperatura e umidade relativa do ar, podem ocasionar grandes diferenças

em estudos toxicológicos e epidemiológicos (MARIANO, 2001).

45

As interações entre as fontes de poluição e a atmosfera, definem o nível da

qualidade do ar, determinando o surgimento de efeitos adversos da poluição do

ar sobre seus receptores. Neste item, serão abordados os principais poluentes

emitidos nas refinarias e os seus efeitos sobre a população e o meio ambiente.

4.2.1. Óxidos de enxofre - SOx

O enxofre é o terceiro elemento mais abundante encontrado no petróleo, e

sua concentração média é de 0,65% em peso, com uma faixa de valores entre

0,02 e 4,00%. O enxofre presente no óleo cru ocorre na forma de sulfetos,

polissulfetos, benzotiofenos e derivados, moléculas policíclicas com nitrogênio e

oxigênio, gás sulfídrico, dissulfeto de carbono, sulfeto de carbonila e enxofre

elementar (THOMAS, 2004 apud PIMENTA, 2005).

A quantidade das emissões de óxidos de enxofre durante o processo de

refino é função do teor de enxofre presente no óleo bruto. Em geral quanto maior

a densidade do óleo, maior será o seu teor de enxofre.

Os compostos sulfurados são tóxicos e são responsáveis pela

corrosividade dos derivados de petróleo, contaminam os catalisadores utilizados

nos processos de transformação e determinam a cor e cheiro dos produtos finais

(PIMENTA, 2005).

Por combustão, o enxofre é transformado em dióxido de enxofre (SO2) e

reagindo com água forma o ácido sulfuroso (H2SO3). O dióxido de enxofre

também pode sofrer oxidação na atmosfera e formar o trióxido de enxofre (SO3),

que em contato com a água da chuva irá formar o ácido sulfúrico (H2SO4) que é

um ácido forte.

De acordo com Rodrigues; Faria Filho, 2008, as principais fontes de

emissões de SOx estão relacionadas abaixo:

Fontes de combustíveis – A emissão de SOx depende da qualidade e

consumo de combustíveis usados nas caldeiras e fornos para produzir

grandes quantidades de vapor à alta pressão e cargas aquecidas.

46

Gás regenerador das Unidades de Craqueamento Catalítico (UCC) –

este gás inerente ao processo de Craqueamento Catlítico Fluido (FCC)

tem sua energia aproveitada em caldeiras de recuperação, durante a

regeneração dos catalisadores.

UREs – Unidades de Recuperação de Enxofre – unidades de

tratamento que recebem correntes de gás sulfídrico, removendo o

enxofre das mesmas. A eficiência destas unidades é de cerca de 96%,

sendo os 4% restantes queimados e formando o SOx em seus

incineradores finais.

A principal via de exposição da população em geral ao óxido de enxofre é a

inalatória. Os óxidos de enxofre são gases irritantes e quando em contanto com

as mucosas úmidas, se combinam rapidamente com a água, formando ácidos

sulfúricos e sulfurosos, que são os responsáveis pelos efeitos. A absorção pela

mucosa nasal é rápida e logo após é distribuído por todo organismo atingindo

tecidos e cérebros.

Os efeitos adversos da exposição a altos níveis de SOx, incluem dificuldade

respiratória, alteração na defesa dos pulmões, agravamento de doenças

respiratórias, como enfisema e bronquite, e cardiovasculares podendo levar a

morte. O composto irrita o nariz, garganta e pulmões causando a tosse, que é o

sintoma mais comum da exposição a baixas concentrações, falta de ar, catarro e

crises de asma. Pneumonias pode ser uma complicação após exposições

agudas à substância. Em contato com a pele, podem provocar irritações e até

queimaduras, além de reações alérgicas por hipersensibilidade.

Os óxidos de enxofre têm um efeito sinérgico com os materiais

particulados. Na presença simultânea dos dois compostos, os efeitos das

doenças respiratórias são agravados, podendo também causar danos

irreversíveis aos pulmões. Este fato torna-se relevante à medida que as refinarias

também emitem material particulado (MARIANO, 2001).

Segundo a Ficha de Informação Toxicológica (2012), a Agência

Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o dióxido de enxofre como

não classificável quanto à carcinogenicidade para seres humanos (Grupo 3). Esta

categoria comumente é usada para agentes para os quais a evidência de

47

carcinogenicidade é inadequada para o ser humano e inadequada ou limitada

para animais de experimentação.

O efeito dos óxidos de enxofre sobre as plantas são bem conhecidos,

provocando danos nas plantas cultiváveis e silvestres podendo reduzir as

colheitas. Os danos crônicos causam amarelamento nas folhas, manchas brancas

e queda de folhagens. A severidade dos danos está relacionada com o tempo e a

dose em que a planta foi exposta ao poluente. Quanto maior a dose e o tempo de

exposição, mais severamente danificadas ficarão as folhas bem como a planta

inteira, podendo levar a morte em casos extremos (MARIANO, 2001).

Os óxidos de enxofre provocam a chuva ácida, diminuindo o pH das águas

superfícies e subterrâneas, prejudicando o abastecimento humano e outros usos.

A poluição dos rios e lagos, causam destruição da flora e fauna aquática , além de

infiltrar no solo liberando metais tóxicos como Al, Pb, Cd, Zn que têm sua

solubilidade aumentada com a redução do pH, podendo se introduzir na cadeia

alimentar. A vegetação também é afetada, podendo levar a morte das plantas e

tornando o solo estéril. A chuva ácida provoca a corrosão de monumentos

históricos, estátuas, edificações, obras de arte e outros materiais (MARIANO,

2001).

4.2.2. Óxidos de nitrogênio - NOx

A concentração média de nitrogênio nos petróleos é em média 0,17% em

peso, com maior concentração nas frações pesadas. Os compostos nitrogenados

apresentam-se quase que em sua totalidade na forma orgânica e são

termicamente estáveis (PIMENTA, 2005).

O termo NOx se refere a sete compostos de nitrogênios conhecidos, onde

apenas dois são relevantes para a poluição atmosférica. Monóxido de nitrogênio

(NO) é um gás tóxico incolor que reage espontaneamente com o oxigênio e muito

forte com o ozônio formando o dióxido de nitrogênio. Já o dióxido de nitrogênio

(NO2) é um gás altamente tóxico, facilmente detectável pelo odor, muito corrosivo,

48

extremamente reativo e forte agente oxidante apresentando cor amarela-

alaranjada em baixas concentrações e vermelha-acastanhada para

concentrações mais elevadas (DIAS, 2009).

Qualquer tipo de queima de combustível fóssil em uma refinaria formará

óxidos de nitrogênio, pois a principal emissão desse gás ocorre durante o

processo de combustão devido a combinação do nitrogênio e oxigênio presentes

no ar utilizado nas reações de combustão submetidas a elevadas temperaturas ou

pela oxidação do nitrogênio que está naturalmente presente no combustível.

Os gases oriundos dos processos de combustão apresentam baixas

concentrações de NO2 se comparado com as altas concentrações de NO, mas em

contato com o oxigênio do ar reagem rapidamente formando NO2. Embora em

menor quantidade o NO2 é mais nocivo que o NO (SILVA, 2008).

Embora o NO2 seja relativamente insolúvel em água, quando inalado atinge

os alvéolos pulmonares, formando ácido nítrico (HNO3) e ácido nitroso (HNO2)

que irritam o tecido pulmonar provocando tosse e dificuldade para respirar. A

concentração de gás entre 100 e 500 ppm pode ocasionar morte súbita devido à

contrição brônquica, edema pulmonar e insuficiência respiratória (MARIANO,

2001).

Pode provocar conjuntivite nos olhos, taquicardia, inquietação, perda de

consciência, ansiedade e confusão mental, além de surgirem dores abdominais e

náuseas.

Os óxidos de nitrogênio em conjunto com os óxidos de enxofre quando

lançados na atmosfera, entram em contato com o vapor d’água formando ácido

nítrico e sulfúrico, sendo o primeiro o maior constituinte da deposição ácida que

pode ser úmida ou seca. A úmida, composta por chuva, neblina e neve quando

cai no chão causa problemas de acidez no solo, prejudicando animais e plantas.

Já a deposição seca consiste nas partículas levadas pelo vento que acumulam

em superfícies externas danificando árvores e materiais (SILVA, 2008).

Na atmosfera, estes óxidos podem estar envolvidos em uma série de

reações (na presença de radiação ultravioleta) que produz smog fotoquímico,

reduzindo a visibilidade (LOUREIRO, 2005).

49

4.2.3. Monóxido de carbono – CO

Monóxido de carbono (CO) é um dos mais tóxicos poluentes, incolor e

inodoro resultante da queima incompleta de combustíveis fósseis e outros

compostos que contenham carbono em sua composição. A conversão de CO

para CO2 na atmosfera é lenta e leva de dois a cinco meses (LOUREIRO, 2005).

A emissão de CO para atmosfera provém das unidades de combustão, tais

como os aquecedores, caldeiras e flares, ainda que em quantidades que

geralmente não são consideradas como sendo significativas. Por outro lado, no

regenerador do catalisador da unidade de craqueamento catalítico são produzidas

grandes quantidades de CO (PARKER, 1977 apud MARIANO, 2001).

A principal via de exposição do monóxido de carbono é a respiratória. Uma

vez inalado, o gás se difunde rapidamente, ligando-se estavelmente com a

hemoglobina cuja afinidade com o CO é cerca de 200 – 250 vezes maior que o

oxigênio. Pequenas concentrações do gás no ar são suficientes para que seus

efeitos tóxicos se manifestem.

Os efeitos causados pela intoxicação variam de acordo com a

concentração à qual o indivíduo foi exposto, variando desde a dor de cabeça leve

e tontura, até náuseas, vômitos, coma e até mesmo a morte (MARIANO, 2001).

Pode causar prejuízos na acuidade visual, no aprendizado, na capacidade de

trabalho.

O CO não pode ser considerado como um contaminante atmosférico no

sentido estrito, pois é encontrado em atmosferas puras de modo natural e, além

disso, ao entrar na atmosfera é oxidado e transforma-se em CO2. Segundo

Loureiro, 2005, a conversão de CO para CO2 na atmosfera é lenta e leva de dois

a cinco meses. Entretanto, o acúmulo deste último na atmosfera oferece alguns

riscos, entre eles uma possível modificação no clima da Terra decorrente do efeito

estufa.

50

4.2.4. Material particulado

Os particulados são constituídos de partículas poluentes de composição

diversa, contendo substâncias tóxicas como metais pesados ou hidrocarbonetos,

e tamanho inferior a 50 µm. É um conjunto de poluentes constituídos de poeiras,

fumaças e todo tipo de material líquido e sólido que se mantém suspenso na

atmosfera por causa do seu pequeno tamanho (SILVA JUNIOR, 2010).

A unidade de regeneração do catalisador de craqueamento catalítico é a

maior fonte de emissões de material particulado para a atmosfera. Em frações

menores, gases de exaustão dos aquecedores e caldeiras também podem conter

partículas (MARIANO, 2001).

A intensidade dos efeitos na saúde humana varia de acordo com as suas

propriedades químicas e físicas, principalmente às suas dimensões microscópicas

ou submicroscópicas. Estão associados à concentração das partículas, ao tempo

de exposição e a capacidade de remoção das partículas do ar inalado do sistema

respiratório.

Ao serem inaladas, penetram no sistema respiratório, agravando as

doenças respiratórias e cardiovasculares, alterações da resposta do sistema

imunitário a materiais estranhos, aumento da incidência de bronquite asmática

(DIAS, 2009).

A sinergia entre estas partículas e outros gases poluentes podem aumentar

os efeitos fisiológicos, além de poderem funcionar como catalisadores e

transformando quimicamente os poluentes iniciais em substâncias ainda mais

nocivas (MARIANO, 2001).

A poluição por material particulado prejudica a agricultura, reduzindo

colheitas, aumentando o custo da produção devido à necessidade de uso de

fertilizantes e irrigação, supressão da fotossíntese, provoca alterações no pH do

solo.

A emissão de aerossóis metálicos, com elevadas concentrações de matais

pesados, causam severa devastação da vegetação e desconfiguração da

paisagem, além de reduzir a visibilidade.

51

4.2.5. Compostos orgânicos voláteis – COVs

Considera-se COVs todos os hidrocarbonetos, com exceção do metano os

quais possivelmente podem ser substituídos por outros átomos como halogênios,

oxigênio, enxofre, nitrogênio ou fósforo, excluindo-se óxidos de carbono e

carbonatos onde os mais reativos são os que contêm ligação dupla C=C, dado

que eles podem ligar-se a radicais livres. De modo geral, são compostos

orgânicos com elevada pressão de vapor, sendo facilmente vaporizados às

condições de temperatura e pressão ambientes (SCHIRMER; RUDNIAK, 2009).

Segundo Mariano (2001), as principais fontes de hidrocarbonetos voláteis

em uma refinaria são: tanques de armazenamento; terminais de carga e

descarga de petróleo e derivados; separadores água e óleo; unidades de

regeneração de catalisadores; bombas, válvulas, flanges e compressores;

sistemas de vácuo; torres de resfriamento, flares.

Essas substâncias são classificadas como asfixiantes simples que em altas

concentrações reduzem a pressão parcial do oxigênio no sangue, provocando

baixa oxigenação. Podem causar arritmias, pressão baixa, parada cardíaca, dor

de cabeça, confusão mental, tontura, perda de memória e inconsciência, náuseas

e vômitos.

Benzeno, tolueno, xileno formam um grupo denominado por BTX que

pertence a classe dos COVs. São componentes do petróleo presentes em muitas

unidades de refino, além de também serem produzidos durante o processo de

reforma catalítica. A volatilidade natural faz com que as emissões fugitivas sejam

a maior fonte de liberação dos mesmos (MARIANO, 2001).

Benzeno é um líquido incolor, com odor característico, altamente volátil. É

absorvido rapidamente pela via respiratória, provocando irritação dos brônquios e

laringe, tosse, rouquidão e edema pulmonar. Atua no sistema nervoso central

levando ao aparecimento de fadiga, dores de cabeça, tonturas, convulsões, coma

podendo levar a morte em consequência da parada respiratória. Em contato com

a pele causa irritação, eritema (áreas vermelhas) e bolhas (MARIANO, 2001).

52

O benzeno é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em

Câncer (IARC) como cancerígeno humano (grupo 1).

Xileno e tolueno podem ser considerados com efeitos tóxicos iguais os do

benzeno. Porém, eles são classificados pela IARC no grupo 3 como não

classificável quanto a oncogenicidade, para os quais a evidência é inadequada

para o ser humano e inadequada ou limitada para animais de experimentação.

BTX provocam narcose principalmente em organismos aquáticos,

provocando redução da reação a estímulos externos e maior pigmentação no

caso dos peixes. O processo é reversível, onde a remoção das substâncias no

meio ambiente retorna à condição normal dos organismos.

Tolueno pode ser degradado por microrganismos, xileno pode ficar

presente no solo por anos embora uma parte possa ser biodegradável, e o

benzeno pode ser biodegradado em presença de oxigênio.

Quando estes compostos evaporam, reagem com outras substâncias na

atmosfera contribuindo para a formação de ozônio e smog fotoquímico.

4.2.6. Gases do Efeito Estufa – GEE

Devido à intensa utilização de combustíveis fósseis na matriz energética

mundial e acelerada alteração do uso do solo desde a Revolução Industrial do

século XVIII as emissões dos gases de efeito estufa aumentaram de forma

significativa.

Os GEE têm a capacidade de absorver radiação infravermelha dificultando

seu escape para o espaço e consequentemente retêm o calor na atmosfera.

Quando presentes em quantidades elevadas contribuem para a intensificação do

fenômeno do aquecimento global.

Os gases considerados gases do efeito estufa, segundo o Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, 2007), são: dióxido de

carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6),

hidrofluorcarbono (HFC) e perfluorcarbono (PFC).

53

O CO2 é emitido na queima do combustível fóssil para a produção de

energia. Por representar mais da metade do total de emissões de GEE e por sua

permanência na atmosfera ser de no mínimo 100 anos, o CO2 é o GEE mais

discutido. Devido à sua relevância e para fins de referência e uniformização, o

CO2 foi escolhido como gás referência para avaliação do potencial de

aquecimento global, por isso os GEE são convertidos em equivalentes de CO2

para serem reportados (COSTA, 2010), como mostrado na Tabela 11.

Tabela 11: Gases do efeito estufa e equivalência em CO2

Gases Equivalência em CO2

CO2 1

CH4 21

N2O 310

SF6 23900

HFC 140 a 11700

PFC 6500 a 9200

Fonte: IPCC, 2007

O ciclo de carbono, que apresenta o CO2, principal gás causador do efeito

estufa foi alterado em escala global e seu nível se encontra hoje fora da oscilação

natural observada historicamente. Observações indicam o aumento da

concentração de CO2 na atmosfera ao mesmo tempo em que se constata o

aumento das temperaturas médias globais.

A taxa média do crescimento anual nos últimos 30 anos foi de cerca de

1,67ppm por ano, explicado pela grande utilização de combustíveis fósseis no

mesmo período devido ao aumento da população e o do crescimento rápido das

economias de diversos países. Este acréscimo conduziu a uma concentração de

CO2 na atmosfera em 2009 de 387,2 ppm, estando 38% acima da concetração

verificada no início da revolução industrial (VIEIRA, 2011).

O gás metano CH4 formado na indústria do petróleo se forma como

subproduto da queima de combustíveis fósseis, principalmente na produção de

gás natural. A emissão do metano pode provocar a oxidação do oxigênio do ar,

reduzindo sua concentração, o que têm relevância em trabalhos executados em

54

espaço confinado. Apesar de não ser tóxico para os seres humanos, sua

concentração deve ser mantida em níveis seguros, pois apresenta alta

inflamabilidade (AGA, 2009 apud COSTA, 2010).

Os outros gases são emitidos a partir de outras atividades industriais e

apresentam alto poder de aquecimento global. O hidrofluorcarbono (HFC) é

emitido pela utilização como líquido para refrigeração, o perfluorcarbono (PFC)

chega à atmosfera através da produção de alumínio e o hexafluoreto de enxofre

(SF6) através da produção de alumínio no isolamento elétrico em atividades de

transmissão e na distribuição de energia. A emissão de óxido de nitrogênio já foi

discutida anteriormente.

55

5. Impactos ambientais

A forma como os recursos naturais são consumidos, sendo fonte de energia

não renovável, acelera a degradação do meio ambiente, com o esgotamento dos

recursos ambientais e impactos como a rápida liberação do carbono fóssil para a

atmosfera, elevando a temperatura planeta (SILVA et al., 2008).

Segundo Pires (2005), os poluentes atmosféricos afetam prejudicialmente o

meio ambiente causando prejuízo à composição química da atmosfera tendo

como consequências:

Perigo ou prejuízo ao bem estar dos homens e dos animais;

Dano ao meio ambiente (natural, residencial ou área de trabalho) levando

a efeitos sobre a sociedade que podem ou não ser expressos

financeiramente;

Efeitos que conduzam a deterioração do conforto.

De maneira geral, os efeitos podem ser classificados como: agudos, de

caráter temporário e reversível em função do aumento dos poluentes; crônicos, de

caráter permanente e cumulativos com manifestações a longo prazo provocando

graves doenças respiratórias além da degradação de materiais (PIRES, 2005).

O grau e a extensão desses efeitos dependem da escala de poluição

podendo ocorrer a nível local, regional e global. Os efeitos da poluição

atmosférica têm características de modificar um condição original ou normal e/ou

intensificar a incidência de um outro efeito, causando prejuízo ou dano.

Todos esses efeitos negativos que os poluentes atmosféricos causam no

meio ambiente geram custos para a sociedade. Esses custos devem ser

considerados pela fonte poluidora para que a sociedade em si não arque com

todas as consequências e gastos sozinha.

Ao longo dos anos os custos impostos pelos produtores em cima do seu

produto eram aqueles inerentes as suas atividades considerados custos internos.

Outros custos, chamados de externalidades, como os danos causados ao meio

ambiente se excluíam dos cálculos econômicos o que não refletia nos preços de

mercados.

56

Segundo Bona (1999, apud MARIANO, 2001), para promover a internalização

desses custos os produtores tem que assumi-los. O objetivo é obter uma

avaliação das perdas econômicas, assim como das perdas associadas ao

diferentes danos que causam impacto à fauna e flora, aos seres humanos, aos

recursos naturais e às condições climáticas.

De acordo com Mariano (2001), existem alguns mecanismos utilizados para

que ocorra a internalização destes custos, como:

- Taxação: pagamento de taxas correspondente ao custo da degradação

causada pela poluição.

- Subsídios: ao invés de se taxar aos agentes pela poluição emitida, são dados

incentivos financeiros aos mesmos para minimizar a emissões de poluentes,

como por exemplo, a implementação de sistemas de controle da poluição.

- Normas Ambientais: controlam a emissão através de padrões pré-

estabelecidos, passível de multa caso sejam descumpridas.

- Licenças de Poluição: a autoridade ambiental leiloa uma determinada

quantidade de licenças de poluição e o agente poluidor só poderá emitir poluentes

proporcionais à quantidade de licenças que adquiriu. A quantidade de licenças no

mercado irá controlar a qualidade do meio ambiente, pois o órgão ambiental tem

flexibilidade para aumentar ou diminuir o nível total da poluição ao recomprar ou

leiloar mais licenças.

Existe ainda o passivo ambiental que representa a responsabilidade social da

empresa no aspecto ambiental. A empresa tem passivo ambiental quando agride

o meio ambiente e não tenha nenhum projeto para recuperá-lo. Assim ela será

sujeita ao pagamento de indenizações a terceiros, multas e recuperação das

áreas danificadas.

Tais medidas foram implementadas para minimizar os impactos ambientais

causados pelas indústrias em geral, a fim de conscientizar e promover o

desenvolvimento sustentável, que visam crescimento econômico se preocupando

com o bem estar da população e sem degradar o meio ambiente.

Todos esses efeitos provocados pelos poluentes atmosféricos serão

descritos a seguir.

57

5.1. Efeitos dos poluentes atmosféricos sobre a saúde

Dentre os efeitos da poluição atmosférica à saúde humana destacam-se

problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, gastrintestinais, cardiovasculares,

pulmonares, além de alguns tipos de câncer (SCHIRMER; RUDNIAK, 2009).

Os efeitos causados pelos poluentes dependem da sua concentração na

atmosfera, do tempo de exposição e da sensibilidade de cada indivíduo.

Irritação nos olhos:

É a manifestação mais comum dos efeitos dos poluentes no corpo humano,

devido à exposição e sensibilidade dos olhos. É um fenômeno comum nas

regiões industriais, por estar associada à exposição a aldeídos e oxidantes

fotoquímicos. A irritação dos olhos é proporcional à concentração dos oxidantes,

porém os principais oxidantes NO2 e O3 não afetam a visão. Há dúvida se a

irritação ocular deveria ser considerada como efeito à saúde, pois não ocorrem

mudanças e fisiológicas detectáveis e a irritação desparece rapidamente após o

cessar da exposição (GODISH, 1991 apud GARCIA, 2010).

Efeitos sobre o sistema cardiovascular

Poluentes, como CO e chumbo, absorvidos através da corrente sanguínea

podem ter efeitos direto e/ou indiretos sobre o sistema cardiovascular. Doenças

cardiovasculares podem estar associadas a outras doenças ocorridas pelos

poluentes atmosféricos (MARIANO, 2001).

Efeitos sobre o sistema respiratório

Por ser o mecanismo de trocas gasosas, o sistema respiratório sofrerá

exposições diretas aos contaminantes atmosféricos. A poluição do ar tem sido

caracterizada como agente causador ou agravante de doenças do sistema

respiratório, como: bronquite crônica, câncer de pulmão, enfisema pulmonar,

asma brônquica e diversas infecções respiratórias (BIAZATTI, B. et al, 2011).

58

Perda de bem estar

Fenômenos como falta de visibilidade, construções manchadas pela

contaminação atmosférica, mau cheiro e diminuição da luz solar influenciam

negativamente sobre o bem estar mental, emocional e psicológico das pessoas. O

valor dessa perda não tem como ser mensurado.

5.2. Efeitos sobre os materiais

Efeitos significativos sobre materiais como metais, pedra-mármore,

pinturas, tecidos, borracha, couro e papel, tem sido observados devido à suas

exposições aos poluentes atmosféricos gasosos e particulados. O efeito de maior

impacto está nos metais, por efeito da corrosão (BIAZATTI, B. et al, 2011).

Os materiais são afetados através de mecanismos físicos, que podem

resultar do efeito abrasivo dos materiais particulados levados pelo ar sobre as

superfícies. Ou podem sofrer efeitos através de mecanismos químicos, onde os

gases absorvidos entram em contato direto com os materiais, ou são convertidos

em novas substâncias que serão responsáveis pelos impactos sofridos. O dano

químico é mais sério que o dano físico, por resultarem em mudanças irreversíveis.

As perdas econômicas devido ao efeito da poluição são difíceis de

quantificar, pois é difícil distinguir se a deterioração ocorreu devido a poluição ou

se foi um fenômeno natural do material (MARIANO, 2001).

5.3. Efeitos sobre a visibilidade

A presença de contaminantes na atmosfera produz a absorção e dispersão

da luz solar, além da redução notável da visibilidade. Os aerossóis com tamanhos

entre 1,4 e 0,8 µm são os que têm maiores influencias na dispersão da luz solar

devido à proximidade de seu tamanho com o comprimento de luz solar visível

(MARIANO, 2001).

59

Algumas experiências demonstraram que pode haver relação entre a

redução da visibilidade com a presença de sulfatos na atmosfera, pois esses

gases não absorvem a luz visível. A consequência dessa absorção é que a

atmosfera de grandes cidades adquire uma coloração amarelada – pardacenta –

avermelhada quando se apresentam concentrações elevadas desses poluentes

(GODISH, 1991apud GARCIA, 2010).

Um fenômeno conhecido pela redução da visibilidade chamado de smog

fotoquímico que será discutido em outro tópico.

5.4. Odores

A existência de odores desagradáveis no ar gera incômodo, sendo visto

como perda de bem estar e não como prejuízo a saúde. A presença desses

odores podem desvalorizar propriedades, pois as pessoas não gostariam de viver

em regiões onde há mau cheiro.

Odores desagradáveis podem causar um desequilíbrio na fauna, pois os

animais utilizam o olfato na procura de alimentos, na atração de indivíduos do

sexo o oposto para fins de procriação, e em muitos casos de percepção de um

perigo próximo (MARIANO, 2001).

5.5. Efeitos globais decorrentes da poluição atmosférica

Associadas ao aquecimento global, as mudanças climáticas são

consideradas um dos problemas mais relevantes mundialmente, sendo

provocadas pela intensificação do efeito estufa, com impactos diretos na vida

humana, nas atividades econômicas e no aproveitamento de recursos naturais

(CHAN, 2006).

A elevação da temperatura do planeta Terra, conhecido como efeito estufa,

é provocado pelo aumento das concentrações de CO2 e outros contaminantes

60

provenientes da atividade humana. Segundo Chan (2006), desde a metade do

século XVIII, a concentração média de CO2 na atmosfera global aumentou de 280

para 368 ppm no ano de 2000, podendo chegar a faixa de 450-500 ppm em 2050.

Efeito estufa

O efeito estufa é fundamental para a manutenção da vida terrestre , sendo

um fenômeno natural que ocorre há bilhões de anos, mantendo a temperatura

média do planeta em torno de 15ºC. Isto porque gases como CO2, CH4, NOx,

entre outros e vapor d’água formam um camada na atmosfera que aprisiona parte

das radiações emitidas pelo sol. Se isso não acontecesse a temperatura média da

Terra seria -17ºC (SCHIRMER; RUDNIAK, 2009).

Entretanto, desde a Revolução Industrial o aumento excessivo desses

gases ocasionado pelas atividades humanas, teve como consequência o aumento

da retenção de calor, potencializando o fenômeno na Terra. Segundo Schirmer;

Rudniak (2009), o aumento médio da temperatura no último século foi de 0,74ºC

com previsões de aumento de até 5,8ºC até o fim do século XXI, se a emissão de

gases continuar crescendo na taxa atual.

As ações do efeito estufa podem mudar bruscamente o comportamento do

clima terrestre. Além da elevação da temperatura, pode provocar alterações na

corrente de ventos, elevação do nível do mar, derretimento das geleiras, alteração

da biodiversidade, mudanças no regime de chuvas causando alterações nas

terras cultiváveis, afetando até a economia mundial. Hidrocarbonetos

halogenados e óxidos de nitrogênio podem causar um buraco na camada de

ozônio que protege o planeta, aumentando a incidência de raios ultravioletas.

Chuva Ácida

A poluição atmosférica é responsável pela chuva ácida, provocada

principalmente pelo óxido de enxofre e de nitrogênio, que diminuem o valor do pH

abaixo de 5,65 valor já estabelecido em razão do CO2 já presente na atmosfera

(GARCIA, 2010). Na atmosfera, esses compostos se transformam em sulfatos e

61

nitratos e combinados com vapor d’água formam ácidos sulfúrico e nítrico. Este

fenômeno não encontra barreiras físicas prejudicando o sistema aquático,

florestas, solos, e por fim, prejuízo a saúde humana (BIAZATTI, B. et al, 2011).

Um dos problemas da chuva ácida é o fato de ela ser transportada através

de grandes distâncias, podendo vir a cair em locais distantes das fontes

poluidoras.

Das consequências acarretadas por sua acidez, estão a diminuição do pH

das águas, reduzindo a população de peixes; modificação da fauna e flora;

corrosão de monumentos e prédios históricos; alteração da química dos solos,

causando prejuízo com a agricultura, danos no crescimento das árvores

(corrosões das folhas), podendo ter consequências ecológicas irreversíveis.

Smog fotoquímico

Smog fotoquímico ocorre devido às reações químicas entre óxidos de

nitrogênio e hidrocarbonetos reativos em presença de radiação ultravioletas

produzindo compostos oxidantes, onde o ozônio é o mais importante e abundante

exemplo. A formação destes oxidantes é favorecida em situações de alta pressão

combinadas com forte insolação e pouco vento.

O smog é caracterizado como uma massa de ar estagnada, em virtude de

uma inversão térmica, com vários gases, vapores e fumaças. Essencialmente, é o

resultado da mistura de ozônio, nitrato de peroxiacetila, aldeídos e outros

produtos da oxidação de nitrogênio, etc (SCHIRMER; RUDNIAK, 2009).

O resultado é uma névoa de tonalidade amarela-amarronzada que cobre

as regiões contaminadas, diminuindo a visibilidade. Pode causar tosse, irritação

dos olhos e dor de cabeça, podendo levar até a morte se a pessoa permanecer

em uma prolongada exposição nessa massa de ar.

62

6. Medidas de controle de emissões atmosféricas

É importante que as indústrias desenvolvam padrões tecnológicos que

degradem menos visando um crescimento econômico contínuo para que junto

com uma distribuição mais igualitária dos benefícios desse crescimento, caminhe

na direção do desenvolvimento sustentável (LUSTOSA, 2002).

Para atender as exigências das leis ambientais em vigor que estabelecem

limites para a emissão de gases, existem dois métodos básicos para controlar e

minimizar a emissão de poluentes: métodos indiretos e diretos.

No método indireto o controle é feito através da modificação do

equipamento e processo, alteração de matéria-prima, manutenção dos

equipamentos e operações dentro da sua limitação. Alguns exemplos são citados

abaixo, de acordo com Mariano (2001):

Substituição dos tanques de armazenamento de óleo bruto e derivados de

teto fixo por tanques de teto flutuante. O teto flutua sobre o produto

armazenado, evitando a formação de espaços de vapor minimizando a

evaporação;

Melhor eficiência na combustão nos fornos, aquecedores e caldeiras pois

quanto mais completa for a combustão menor a quantidade de poluentes

emitidos (NOx, CO e material particulado);

Aumento do consumo de gás natural, combustível menos poluente para a

geração de calor e energia;

Operação e manutenção adequada dos equipamentos, para que funcionem

nas melhores condições possíveis, o que reduz a quantidade de gases

emitidos;

Processamento de petróleos com menos teor de enxofre;

Otimização energética, através de investimentos que permitem a redução

dos consumos de combustíveis e aumentam a eficiência, reduzindo assim

as emissões atmosféricas.

Diluição dos poluentes através de chaminés elevadas reduz a

concentração dos poluentes no nível do solo, sem a redução da quantidade

63

emitida. A chaminé deve ser construída a uma altura duas vezes e meia

maior que a altura do maior prédio da vizinhança, além de dependerem de

condições de dispersão, como ventos, temperatura e difusão.

Quando tais medidas não são suficientes para a redução desejada, são

necessárias a implementação de medidas diretas, através da instalação de

equipamentos de controle, projetados para os poluentes gasosos e particulados.

Embora possa haver sinergia entre os poluentes, poucos são eficientes no

controle de ambos os tipos (MARIANO, 2001).

A escolha de um equipamento de controle depende do tipo e natureza dos

poluentes, eficiência de controle desejada, condições locais e custo.

A seguir serão descritas as técnicas de controle da poluição atmosférica

mais empregadas.

6.1. Equipamentos para a remoção de gases e vapores

6.1.1. Absorvedores de gases

O processo de absorção de gases consiste na separação de gases, onde

uma fase líquida é utilizada como absorvente, ou seja, a absorção remove o

contaminante gasoso de uma corrente gasosa por sua dissolução em um líquido.

Isto se baseia na solubilidade preferencial ou na reatividade química do gás

poluente com a fase líquida (MARIANO, 2001).

A eficiência da remoção dos gases através do líquido absorvedor depende

do tempo de contato, concentração do meio absorvente, velocidade de reação

entre absorvente e os gases, coeficiente de transferência de massa.

A solubilidade do contaminante no solvente é um parâmetro muito

importante, pois quanto mais solúvel maior a taxa de absorção. Em alguns casos,

pode adicionar um reagente químico ao líquido absorvente para elevar a

eficiência da remoção do soluto, aumentando a solubilidade fisicamente ou

reagindo com o contaminante. É o que ocorre, por exemplo, para a remoção de

64

SO2 onde a adição de cátions básicos (sódio, magnésio, cálcio) reagem com o

SO2 reduzindo-o a sulfitos e sulfatos (LISBOA; SCHIRMER, 2010).

As correntes líquidas e gasosas podem agir nos absoverdores em

contracorrente, onde o contato é através do gás ascendente com o líquido

absorvedor descendente; em concorrente, onde a corrente gasosa está na

mesma direção do fluxo da corrente líquida descendente; em corrente cruzada,

onde a corrente gasosa entra pela lateral da torre passando pelo meio do

absorvedor.

Os equipamentos geralmente utilizados são as torres de enchimento, onde

a coluna é preenchida com matérias de enchimento como anéis de Rasching e

anel de Pall, onde o tamanho varia de acordo com o tamanho da coluna; torres de

pratos, onde apresenta furos distribuídos nos pratos uniformemente, onde o gás

em ascensão resiste à passagem do líquido descendente, de forma a manter um

acúmulo em cada prato onde há contato entre as fases.

A técnica de absorção de gases aplica-se a remoção de óxidos de enxofre,

vapores de ácido sulfúrico, gás sulfídrico e óxidos de nitrogênio.

6.1.2. Adsorvedores de gases

A adsorção de gases é um processo físico-químico baseando na remoção

de um ou mais gases poluentes da corrente gasosa através da aderência dos

mesmos na superfície de um sólido. A presença de material particulado no gás

prejudica o material adsorvente, encurtando o seu tempo de vida.

Os contaminantes propagam sobre a superfície da partícula adsorvente. A

molécula do contaminante migra para os poros da partícula do adsorvente,

aderindo na superfície do poro.

Os adsorventes sólidos são porosos, com grande área superficial

específica, capazes de adsorver gases orgânicos e inorgânicos. Um dos mais

utilizados é o carvão ativado, em face à sua versatilidade, disponibilidade e custo,

sendo muito eficaz na remoção de solventes orgânicos voláteis. Outros

65

adsorventes industriais são a sílica-gel, alumina ativada, peneiras moleculares

(substâncias cristalinas constituídas basicamente de alumino-silicato de metais) e

bauxita que é muito utilizada no tratamento de frações de petróleo e na secagem

de gases (MARIANO, 2001).

Os equipamentos de adsorção podem ser de leito móvel, onde a corrente

de ar contendo o poluente passa em fluxo horizontal através da coluna vertical

adsorvedora; leito fixo, onde o ar entra sujo pelo topo e sai limpo pelo fundo; leitos

múltiplos, que podem ser divididos em camadas com o uso de pratos suportes

onde o gás então penetra na coluna (na metade da altura da coluna) e é

distribuído entre as camadas.

Os adsorvedores são extremamente efetivos na remoção de poluentes

gasosos. Mesmo a baixas concentrações, os mesmos podem ser projetados e

operados a eficiências próximas a 100% (LISBOA; SCHIRMER, 2010).

6.1.3. Incineradores

Muitos compostos orgânicos liberados durante as operações de refino

podem ser convertidos em dióxido de carbono e vapor d’água, a partir do método

da incineração cujo processo é a combustão.

A fim de se obter uma combustão eficiente deve haver um contato íntimo

entre o combustível e o oxigênio, considerando variáveis como: temperatura que

deve ser alta o suficiente para o início e desenrolar do processo; tempo de

residência suficiente entre O2 e combustível; turbulência na mistura ar-

combustível.

Caso a combustão seja incompleta pode resultar na formação de aldeídos,

ácidos orgânicos, partículas de carbono (fuligem), monóxido de carbono ou outros

produtos tão indesejáveis quanto aqueles inicialmente existentes no efluente

gasoso (LISBOA; SCHIRMER, 2010).

Segundo Mariano (2001), o uso de caldeiras na queima de CO liberados na

regeneração de catalisadores, transformando-o em CO2, é um exemplo do uso

66

dessa medida de controle de poluição nas refinarias. Além do benefício do ponto

de vista ambiental, a caldeira ainda gera calor para consumo próprio da unidade.

A queima de gases tóxicos e perigosos, nas unidades que manuseiam

hidrocarbonetos, amônia, hidrogênio e cianeto de hidrogênio, além de outros que

possam ser eventualmente emitidos em situações de emergência são realizados

pela combustão nos flares, que é o melhor meio de se dispor de tais poluentes

(MARIANO, 2001).

Os flares são equipamentos que estão localizados no ponto de emissão

dos poluentes e que promovem a queima destes em espaço aberto. São

utilizados quando os poluentes combustíveis estão em concentrações próximas

ou acima do limite inferior de inflamabilidade exigindo liberação imediata de

grandes volumes desses gases, seja para proteção da planta ou das pessoas.

6.2. Equipamentos para a remoção de material particulado

6.2.1. Ciclones

Ciclones são separadores inerciais, em formato de cone sem partes

móveis, na qual o gás carregado de material particulado é forçado a mudar de

direção, sendo acelerado através de um movimento espiral sofrendo a ação de

uma força centrífuga. A inércia das partículas faz com que as mesmas sejam

arremessadas para fora da espiral de gás, se chocam com as paredes do ciclone

e caem saindo pelo fundo do equipamento, de onde são removidas, através de

um sistema de válvulas (MARIANO, 2001).

Devido a sua eficiência baixa para partículas pequenas, o seu uso nesses

casos apresenta restrições face à impossibilidade de atender normas de emissão

mais exigentes. Em geral são utilizados para a coleta de material particulado com

diâmetro maior que 5 μm. A eficiência de ciclones é muitas vezes caracterizada

pelo seu "diâmetro crítico" que refere-se ao diâmetro da partícula que o ciclone

coleta com 100% de eficiência (LISBOA; SCHIRMER, 2010).

67

Um tipo de ciclone muito utilizado na prática são os multiciclones que são

constituídos por um agrupamento de pequenos ciclones da ordem de 25 cm de

diâmetro, que trabalham em paralelo e que possuem entrada radial. Em relação

aos ciclones convencionais estes apresentam menor perda de carga para

eficiências equivalentes, são mais eficientes, custam menos, ocupam menos

espaço.

A eficiência de ciclones é muitas vezes caracterizada pelo seu "diâmetro

crítico" ou pelo seu "diâmetro de corte". O diâmetro crítico refere-se ao diâmetro

da partícula que o ciclone coleta com 100% de eficiência.

6.2.2. Filtros

Os filtros são utilizados quando é necessária uma elevada eficiência de

controle, geralmente para partículas com diâmetros menores do que 5 μm. Eles

são enquadrados na categoria de alta eficiência de coleta, podendo chegar a

valores maiores que 99,9%.

Os filtros de tecido são os mais empregados no sistema de filtragem. O

princípio de funcionamento trata-se da passagem da mistura gasosa contendo

partículas através de um tecido onde se inicia com a colisão das partículas contra

as fibras do meio filtrante e sua posterior aderência às mesmas. De tempos em

tempos é necessária a remoção das partículas coletadas, para evitar uma

camada muito espessa dificultando a passagem do gás, afim de impedir a

redução da eficiência do processo (LISBOA; SCHIRMER, 2010).

Os filtros de tecido podem ser classificados segundo o formato do meio

filtrante. Pode ser do tipo filtro manga que tem forma de saco alongado e tubular,

cuja limpeza pode ser feita chacoalhando a manga mecanicamente, soprando ar

limpo em corrente contrária ou por jato pulsante de ar comprimido; ou do tipo

envelope em casos onde a concentração de partículas é muito elevada, usa-se,

antes do filtro, um separador do tipo inercial para retenção das partículas maiores

(LISBOA; SCHIRMER, 2010).

68

6.2.3. Coletores úmidos

Os coletores úmidos são aparelhos que umedecem as partículas de uma

corrente gasosa, com o objetivo de removê-las. O princípio de funcionamento

desses equipamentos baseia-se na diferença entre as velocidades das gotas do

líquido coletado (sozinho) e das partículas sólidas poluentes misturadas com o

líquido (MARIANO, 2001).

Nesses equipamentos, a corrente gasosa é umidificada com jatos de água,

e as gotas do líquido resultante são atomizadas. O gás carregado de material

particulado é forçado através de uma aspersão de gotas, que colidem com as

partículas, aglomerando-as, sendo posteriormente enviadas a equipamentos de

separação inercial, disposto no fim de sua trajetória, que, então, remove as

partículas. A presença das gotículas de água “aumenta” o tamanho das

partículas, o que faz com que a eficiência de coleta do separador inercial seja

também aumentada (MARIANO, 2001).

Esses aparelhos podem ser utilizados para a coleta de gases e partículas

ao mesmo tempo. Há grande variedade de coletores úmidos, de diferentes

complexidades, que operam com base neste princípio conforme o custo, a

eficiência da coleta e a quantidade de energia que consomem.

6.2.4. Precipitadores eletrostáticos

Esses equipamentos removem o material particulado de uma corrente

gasosa utilizando uma corrente elétrica de alta voltagem para separar os

particulados do gás, através da criação de alto diferencial de voltagem entre

eletrodos.

Quando o gás com as partículas passam pelos eletrodos, as partículas são

eletricamente carregadas através de um processo de ionização. O campo elétrico

existente entre o eletrodo de descarga e o eletrodo de coleta faz com que a

partícula carregada migre para o eletrodo de polaridade oposta, descarregando a

69

sua carga em uma superfície coletora. A carga elétrica é então neutralizada e, por

fim, as partículas são removidas da superfície coletora enquanto o gás prossegue.

Estes equipamentos possuem alta eficiência de coleta de material

particulado fino e grosso, podendo exceder 99,9%, com consumo de energia

baixo, além de poderem ser operados em altas temperaturas de até 700ºC

(EQUIPAMENTOS [...], 2005).

70

7. Propostas para Mudanças Climáticas

Devido às evidências científicas das causas do aquecimento global e dos

riscos climáticos decorrentes do problema, autoridades de mais de 160 países

criaram um tratado internacional em 1997, chamado Protocolo de Quioto,

determinando metas de redução e medidas de mitigação das emissões de seis

gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido nitroso,

hidrofluorcarbonetos, perfluorcarbonetos e hexafluoreto de enxofre) e estimulando

o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

O acordo entrou em vigor em 2005 e estabeleceu que os países já

industrializados (países listados no Anexo I da convenção) reduzissem em 5,2%

das emissões de GEE no período de 2008 a 2012 em relação ao que era emitido

em 1990, a partir de programas nacionais de redução de emissões.

De acordo com Cunha (2005), os países do anexo I devem proceder por

meio de medidas diversas visando a redução das emissões, como: aumento da

eficiência energética em setores relevantes de suas economias; proteção e

aumento de sumidouros e reservatórios de GEE; promoção de formas

sustentáveis de agricultura; pesquisa, desenvolvimento e uso de fontes de

energia renováveis; redução gradual de imperfeições do mercado, de incentivos

fiscais, isenção tarifárias e subsídios para setores emissores de GEE contrários

aos objetivos da convenção; estímulo e promoção de políticas e medidas que

limitem ou reduzam emissões, entre outros.

Contudo, mesmo sendo um tratado climático internacional com a finalidade

de se estabilizar os efeitos das mudanças climáticas globais, é limitada a

participação dos maiores emissores de gases do efeito estufa. É o caso dos

Estados Unidos e China que foram responsáveis no ano de 2008 por

aproximadamente 41% das emissões mundiais de GEE (RATHMANN, 2012).

A Conferência das Partes (COP17) de 2011 realizada em Durban, África do

Sul, resolveu prolongar o Protocolo de Quioto até no mínimo em 2017, enquanto

se negocia um novo tratado climático. O grande sucesso foi que pela primeira vez

71

na história todos os países concordaram em assumir as metas de emissões,

porém isso acontecerá a partir de 2020.

Cada país desenvolvido tem uma meta calculada a partir da contribuição

de cada um para as emissões de GEE desde a revolução industrial. Por isso, o

tratado não prevê metas para países pobres e em desenvolvimento, pois

passaram por um processo tardio de industrialização não contribuindo

significativamente para o aumento das emissões atmosféricas. O acordo entende

também, que os países desenvolvidos possuem capacidade financeira e

tecnológica maior para reduzir as suas emissões.

Segundo a UNFCC (2005), o protocolo estabeleceu três mecanismos de

flexibilização para auxiliar os países do Anexo I a cumprirem suas metas de

redução a custos mais baixos.

Comércio Internacional de Emissões: consiste na transição de direitos

entre países do Anexo I, permitindo que um país compre de outros cotas de

reduções realizadas;

Implementação Conjunta (IC): possibilitam que os países realizem juntos

projetos de redução de emissões, ou seja, um país que tem que cumprir suas

metas pode financiar projetos de eficiência energética e/ou retenção de GEE em

florestas em outro país. Cada projeto gera unidades de redução de emissões

(UREs) que são adicionados a cota de emissões do país invesitidor e deduzidas a

cota de emissões do país beneficiado pelo projeto (VIEIRA, 2011).

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): semelhante ao IC, permite

que os países do Anexo I se beneficiem das reduções de emissões realizadas

pelos países em desenvolvimento, e não por países do Anexo I como no IC.

O MDL promove o desenvolvimento sustentável dos países em

desenvolvimento, baseando em fontes renováveis e alternativas de energia,

eficiência e conservação de energia, reflorestamento, controle de emissões e

outros. O mecanismo permite que empresas e governos de países ricos invistam

em projetos de energia limpa nos países em desenvolvimento. Em troca, eles

recebem créditos de carbonos que podem ser vendidos ou usados para auxiliar

no cumprimento das metas de redução estabelecidas no Protocolo. Por cada

transação efetuada no MDL é cobrada uma taxa que será aplicada no

72

financiamento dos custos de adaptação dos impactos das alterações climáticas

em países em desenvolvimento.

A contribuição de um MDL é reconhecida através de Certificados de

Redução de Emissões (CRE), ou simplesmente, Créditos de Carbono. OS CREs

são negociados em bolsas de mercadorias e futuros, onde cada crédito equivale a

uma tonelada métrica de dióxido de carbono sequestrado ou mitigado (SANTIN E

ALVIN, 2007).

Abaixo serão discutidos o mercado de carbono e as políticas e metas

propostas por alguns países em vista das propostas das mudanças climáticas.

7.1. Mercado de carbono

O comércio de emissões é um sistema global de compra e venda de

emissões de carbono, baseado no esquema de cap-and-trade. É um mecanismo

de mercado que a partir dos limites de emissões de gases estabelecidos para um

determinado setor, são lançadas permissões de emissão e cada participante do

esquema determina como cumprirá estes limites.

As cotas podem ser comercializadas, e aqueles países (ou firmas) que

conseguem emitir menos do que foi estabelecido podem vender o seu excedente

aos que não conseguiram (ou não quiseram) limitar as suas emissões ao número

de cotas que tinham.

Para Ribeiro (2010), o sistema cap-and-trade é um dos mais eficientes

mecanismos para a redução de carbono, pois um sistema de regulação ou uma

taxação do carbono não são muito eficientes na prática. A taxação do carbono

fixa o preço do carbono e deixa a quantidade de poluentes emitidos variar. Já no

cap-and-trade há uma alocação livre do direito de poluir, pois a quantidade de

emissão permanece fixada e o que varia é o valor de carbono.

De acordo com Carbon Finance (2013), em 2012 houve uma baixa na

demanda nos projetos da MDL resultando na baixa dos preços dos CREs, de

€3,86/t em janeiro de 2012 para €0,34/t em dezembro de 2012. Segundo o

73

Instituto Carbono Brasil o preço dos CREs em 2013 está numa média de €0,50/t,

tendo uma cotação para 2014 de €0,52/t. Isto se deve à grande oferta de créditos

no mercado e à queda na demanda, que se não houver uma inversão entre esses

dois papéis, uma recuperação significativa dos preços não pode ser esperada em

um futuro próximo.

Outro motivo apontado para a queda do preço do carbono foi o baixo

volume de transações do uso das CREs para cobrir contratos envolvendo

Unidades de Redução de Emissão (UREs), créditos de compensação de

emissões gerados a partir do mecanismo de Implementação Conjunta (IC) dos

países da União Européia. Como UREs e RCEs têm a mesma funcionalidade sob

o Protocolo de Quioto, a compensação de emissões, a flutuação na oferta de um

tem impacto direto sobre o valor do outro. As UREs serão abordadas mais

adiante.

Como o valor atual não cobre os custos de verificação e emissão de CREs

para alguns tipos de projetos, o relatório alega que o monitoramento está sendo

reduzido e, em alguns casos, nos quais o projeto depende apenas dos créditos de

carbono para cobrir custos operacionais, as atividades estão sendo encerradas.

Assim, contratos estão sendo renegociados. Muitas empresas estão limitando

suas atividades no MDL ou assumindo novas abordagens financeiras para os

investimentos em energias limpas. Um sistema cap-and-trade tem potencial se bem regulado e

regulamentado, de promover uma otimização global do custo, buscando

oportunidades mais custo-efetivas. Para garantir a sobrevivência do MDL como

mecanismo de redução das emissões de carbono, diversos países terão que

assumir metas de corte muito mais ambiciosas para 2020 e além. Adicionalmente,

os países precisam estar dispostos a usar as reduções de emissão alcançadas

através do MDL para cumprir estas metas.

O comitê executivo do MDL vem realizando uma série de ações buscando

evitar o fracasso total do esquema, e tem focado muito na capacitação em países

menos desenvolvidos. O órgão também sugeriu uma série de mudanças nas

regras do MDL, que devem ser aprovadas na COP 19, em Varsóvia, no fim de

2013.

74

7.2. Política para mudanças climáticas do Brasil

O Brasil assumiu, desde a COP15 realizada em Copenhague, Dinamarca,

em 2009, metas voluntárias de mitigação de para as emissões dos Gases do

Efeito Estufa (GEE), com reduções entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas

até 2020 através do Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC).

De acordo com o Ministério de Meio Ambiente (MMA), analisando as metas

voluntárias, a maior parte das reduções se daria pela redução do desmatamento

na Amazônia e Cerrado, seguido pelas atividades da agropecuária,

principalmente na recuperação de pastos, setor de energia e outros setores.

Para atender às metas voluntárias, as oportunidades de mitigação no setor

de energia são: melhoria da oferta energética, substituição de combustíveis

carbonointensivos por aqueles com menor teor de carbono ou por combustíveis

de fontes renováveis, e captação e armazenamento de carbono. Além do controle

de emissões de gases nas indústrias (RATHMANN, 2012).

Segundo Kossoy; Guigon (2012), duas iniciativas prospectivas já em curso

podem colocar o estado e a cidade do Rio de Janeiro entre os principais

candidatos do carbono mercado no Brasil. Um esquema de comércio de emissões

(ECE) para o Estado do Rio de Janeiro terá o seu primeiro período legal vinculado

com as empresas privadas começando em 2013. O programa apresentado

durante a Conferência Rio +20, tem a primeira fase piloto terminando em 2015, e

os estágios subsequentes executados em três fases de 5 anos. As metas iniciais

é cobrir principalmente o setor de petróleo e gás, siderurgia, química,

petroquímica e setores de cimento. A segundo atividade é uma parceria entre o

Estado e a cidade do Rio de Janeiro para criar a BVRio, a Ambiental Permuta de

Ativos do Rio de Janeiro. A BVRio fornecerá uma plataforma de mercado de

carbono para as empresas para negociarem e comercializarem ativos ambientais,

na forma de subsídios, compensações e de outroa produtos financeiros ligados ao

carbono.

Em 2009, o Estado de São Paulo aprovou uma lei que define um objetivo

obrigatório para reduzir suas emissões de toda a economia em 20% até 2020

para 112 MtCO2e, abaixo dos 140 MtCO2e em 2005. Os setores abordados ainda

75

serão definidos. Embora a lei preveja a criação de incentivos econômicos,

financeiros e fiscais para fomentar o desenvolvimento de projetos de baixo

carbono, ele não inclui uma provisão para um mercado de carbono nacional.

Além disso, o programa de Promoção da Economia Verde do Estado foi criado

para oferecer linhas de crédito para ações que visem à redução das emissões de

GEE. Entre as iniciativas do setor privado já existentes, de Valores Mobiliários,

Mercadorias e Futuros (BM & FBOVESPA) tem desempenhado um papel ativo no

leilão de créditos de carbono. Antes do jogo, 57 das maiores empresas do país, a

maioria delas com sede em São Paulo, já estabeleceram planos de redução de

emissões voluntárias.

Em 2012, a BM & FBOVESPA e a prefeitura de São Paulo leiloaram um lote

de 530 mil títulos de crédito de carbono, gerados no termo do MDL pelo Projeto

Bandeirantes de Gás de Aterro e Geração de Energia. O preço mínimo foi de

€2,70 por título equivalente a 1 tonelada de crédito de carbono, sendo arrematado

por €3,30 por uma empresa suíça. Este valor foi bem abaixo aos do primeiro leilão

realizado em 2007, onde o preço mínimo de cada título era €12,70 e foi

arrematado por €16,20.

7.3. Propostas para mudanças climáticas da União Europeia

Os países da União Europeia têm um objetivo coletivo de redução de 8%

das emissões, sendo que cada país tem suas metas individuais. As principais

metas para estes países são: Redução de pelo menos 20% das emissões de CO2

em 2020 e de até 50% das emissões de carbono em 2050 a partir das fontes

primárias de energia; Meta mínima de 20% para utilização de energia renovável

nas fontes de energia primárias em 2020; meta mínima de 10% do uso de

biocombustíveis nos automóveis até 2020 (EC, 2007).

Para identificar as políticas e medidas mais eficazes para a redução dos

GEE foi lançado um programa pela Comissão Europeia, em 2000, denominado

76

European Climate Change Programme – ECCP. O objetivo é identificar as opções

e potenciais de redução de emissões com base na relação custo-benefício.

A partir do ECCP, foi criado o regime de comércio de emissões da UE,

chamada EU ETS. Para cada país membro foi estabelecido um limite de

emissões sobre o número total de permissões para as emissões das instalações

envolvidas no esquema, baseado nas metas de redução de emissões de cada

país, através do Protocolo de Quioto ou de políticas nacionais. As cotas são

distribuídas pelos estados-membros para as instalações envolvidas. No final deve

ser respeitado os limites de emissões.

O esquema opera através do comércio, da alocação desses créditos, e das

permissões de emissões de GEE em toda a UE. De acordo com a eficácia das

medidas para se manter dentro da cota estabelecida, as indústrias e usinas

podem vender ou comprar "permissões" de emissão de GEE, comprando se a

cota for ultrapassada e vendendo se o nível de emissões estiver abaixo da cota.

Um crédito de carbono equivale a redução de emissão para a atmosfera de uma

tonelada de CO2e .

De acordo com Rathmann (2012), os créditos de carbono que podem ser

utilizados dentro da EU ETS são:

Unidades de Redução de Emissão (UREs): créditos oriundos de projetos

de implementação conjunta.

Permissão de Emissão da União Europeia (EUA): Uma EUA representa o

direito de emitir uma tonelada de CO2e. Se um país emitir mais do que o

permitido ele tem que comprar EUA de outros países membro da EU que

emitam menos do que a quantidade de permissões a eles alocados.

Certificados de Redução de Emissões (CREs): São créditos oriundos de

projetos de MDL.

A diferença entre esses tipos de commodities é que os EUA são criadas

por um sistema de comércio de emissões, enquanto os créditos de carbono são

provenientes de projetos de mitigação de emissões de GEE e que podem ser

utilizados pelo compradores para cumprir suas metas.

As alocações de permissões de emissões serão 100% leiloadas. O setor

energético receberia 70% das permissões de forma gratuita, que irá reduzindo até

77

em 2020, quando estes passariam a ser 100% leiloadas. No setor do refino, foram

alocadas permissões gratuitas de 150,4 MtCO2 frente a emissões verificadas de

152,3 MtCO2 no ano de 2008. (RATHMANN, 2012). Neste caso, as refinarias

teriam que adquirir um pequeno montante de permissões, porém não pressionaria

o custo marginal de produção do setor, devido ao preço do carbono, que não

perderia mercado para as outras refinarias que não são pressionadas pelo custo

do carbono.

Em face da retração econômica dos países da UE, sobram créditos de

carbono no mercado resutando na queda dos preços das EUA. Quando as metas

do EU ETS foram estabelecidas, projetavam-se um preço do carbono de

€40/tCO2, porém atualmente os preços do carbono estão variando na média de

€4/t CO2. Neste contexto, os países da UE já perdeu em arrecadação em leilões

de permissões aproximadamente €100 bilhões (RATHMANN, 2012).

É necessário que haja uma redução da distribuição de permissões gratuitas

de emissões, ampliando a sua escassez no mercado, e consequentemente,

aumentando o seu preço.

7.4. Propostas para mudanças climáticas da China

A China, embora seja o segundo maior emissor mundial de GEE, ainda não

está obrigado a reduzir as suas emissões por ser considerado um país em

desenvolvimento. No entanto o governo chinês, a partir de 2006, assumiu

voluntariamente metas como: redução do consumo energético por unidade de

Produto Interno Bruto (PIB) em 20%, em 2010, com relação ao ano de 2005;

redução da carbonointensividade entre 40% e 45% até 2020 com relação a 2005,

e em 17% até 2015 baseado em 2010; redução da intensidade energética em

16% até 2015 em relação a 2010; aumento da participação do consumo de

energias renováveis na matriz energética para 11,4%, frente aos 8,7% medidos

em 2010 (RATHMANN, 2012).

78

O Asia Development Bank (ADB) investiu US$ 750 mil para estabelecer um

sistema de cap-and-trade na Província de Tianjin. O sistema de comércio de

emissões, adotado a partir de 2013, pretende reduzir em 5% as emissões até

2015 baseados em 2010. Para o período pós-2020, destaque-se a taxação do

carbono, um mecanismo custo-efetivo, como mecanismo para o cumprimento das

metas de redução, que salvo exceções não afetaria a competitividade industrial

chinesa (RATHMANN, 2012).

De acordo com o Instituto Carbono Brasil, a China juntamente com os

Estados Unidos, reconhecendo que juntos emitem 40% do total de todas as

emissões de GEE no planeta, os dois países se uniram e divulgaram novos

planos para as reduções, que devem ser discutidos na COP19 que será realizada

em novembro de 2013. As áreas que serão foco de ações são: Redução de

emissões de veículos pesados e de outros veículos; expandir a captura de

carbono, transporte e armazenagem (CCS); aumentar a eficiência energética em

construções, indústrias e transportes; melhorar a coleta e a administração de

dados de emissões; promoção de redes elétricas inteligentes (Smart Grids);

redução do uso de hidrofluorocarbonetos (HFCs) com o objetivo de evitar que

90Gt de CO2e seja emitidos até 2050.

7.5. Propostas para mudanças climáticas dos Estados Unidos

O Estados Unidos, embora no início chegou a rejeitar a proposta do

Protocolo de Quioto, começou a retomar as propostas climáticas principalmente

depois da posse do presidente Barack Obama. Foi aprovado na Câmara dos

Representantes dos EUA um projeto de lei conhecido com Waxman-Markey Bill,

elaborada pelos representantes democratas Henry Waxman e Edward Markey,

cujo principal objetivo é regular as emissões de gases do efeito estufa nos EUA

através de incentivos econômicos, programas de eficiência energética e

mecanismos de mercado. Os setores que teriam suas emissões limitadas, que

representam 85% das emissões norte-americanas, seriam o de geração de

79

energia elétrica, setor de petróleo e outras indústrias com grande participação nas

emissões de GEE (MERSCHMAN, 2010).

As metas para esses setores seriam:

Redução de 3% das emissões em 2012 com base em 2005;

Redução de 17% das emissões em 2020 com base 2005;

Redução de 42% das emissões em 2030 com base em 2005;

Reduç ão de 83% das emissões em 2050 com base em 2005.

A proposta propõe um sistema cap-and-trade, onde cada setor receberia

permissões de alocações gratuitas. Ao longo dos anos as permissões seriam

alocadas, onde em até 2025 24% das permissões seriam leiloadas. A partir de

2030, 85% das permissões passariam a ser leiloadas. A Tabela 12 mostra a

distribuição das permissões gratuitas e leiloadas por setor até o ano de 2050.

Tabela 12: Distribuição das permissões gratuitas e leiloadas por setor até o ano de 2050.

Setor 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Eletricidade 35 35 35 0 0 0 0 0

Gás Natural 9 9 9 0 0 0 0 0

Setor de

Indústrias

Energointensivas

15 15 15 0 0 0 0 0

Refinarias 2,25 2,25 2,25 0 0 0 0 0

Investimento

CCS 2 5 5 3 2 2 2 2

Prevenção de

desmatamento 5 5 5 3 2 2 2 2

Outros 2 2 4 8 8 8 8 8

Permissões

Leiloadas 27 26 24 84 85 85 85 85

Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Adaptado de MERSCHMAN (2010)

80

O Gráfico 2 mostra a porcentagem de emissões de cada setor e a

porcentagem das alocações gratuitas que cada um receberia. Pode-se perceber

que estas distribuições são desproporcionais em relação às emissões por setor.

Gráfico 2: Distribuição de emissões e alocações gratuitas por setor

O setor de refino é o principal responsável pelas emissões dos EUA com

43% do total, sendo 4% referentes às atividades das refinarias e os outros

referentes ao uso dos derivados de petróleo. Como as refinarias teriam

permissões gratuitas de 2,25% de emissões, estas não seriam suficientes para

cobrir as emissões do setor. Com isso, caso as refinarias não reduzissem suas

emissões, o valor da compra de certificados deveria ser repassado ao preço final

dos derivados (RATHMANN, 2012).

O American Institute Petroleum (API) em 2009 simulou um estudo de como

seria o aumento dos preços dos galões de gasolina em 2012 e 2019 com a

aplicação da proposta de Waxman-Markey, desconsiderando a possibilidade das

refinarias adquiriram créditos no mercado. Discordando dessa simulação, o

Departamento de Orçamentos dos EUA (Congressional Budget Office) simulou

como seria esse aumento considerando que o setor de refino adquirisse créditos

no mercado. A Tabela 13 mostra a comparação entre essas simulações:

81

Tabela 13: Simulação do mercado de carbono no setor do refino

SIMULAÇÃO API

Departamento de Orçamentos dos EUA

2012 2019 2012 2019

Valor das permissões de emissões (US$/tCO2)

53 87 16 26

Aumento do preço do galão de gasolina

0,47 0,77 0,14 0,23

Fonte: Adaptado de MERSCHMAN (2010)

O mesmo estudo realizado pelo API que devido aos altos custos impostos

às refinarias norte-americanas para conseguirem atingir as metas de emissões,

os investimentos no setor do refino sofrerá uma queda, além de uma redução na

produção e na capacidade de refino. Com isso, como os custos de produção

deverão aumentar, o refino dos EUA se tornará menos competitivo deslocando

parte da produção norte-americana para outros países, obrigando o EUA

aumentarem as importações de derivados de petróleo (MERSCHMANN, 2010).

Após a proposta de Waxman-Markey foi elaborada uma nova proposta no

Senado americano conhecido como Kerry-Boxer Bill. De acordo com Merschmann

(2010) esta proposta é similar a anterior, porém é mais exigente.

Reduz em 20% a distribuição de permissões gratuitas de emissões,

alocando-as como reservas de permissões. Com isso, o refino

receberia menos que 2% de permissões;

Reduz a quantidade de créditos internacionais que podem ser

contabilizados como redução das emissões;

As emissões em 2020 deveriam reduzir em 20% em relação a 2005,

enquanto a proposta de Waxman-Markey exigia redução de 17%.

Em outubro de 2011, a Agência de Proteção Ambiental da Califórnia

aprovou a regulação para criar um sistema cap-and-trade, que teve seu primeiro

leilão em novembro de 2012, com o objetivo de reduzir em até 15% as emissões

em 2020 baseando em 1990. No segundo leilão, em fevereiro de 2013, as

permissões foram leiloadas a US$13,62, subindo 25% em relação ao primeiro

leilão. As permissões em outubro de 2013 foram cotadas na faixa de US$12,00.

82

8. Ações Mitigadoras

Para atender os planos de redução de emissão de poluentes atmosféricos

propostas por leis ambientais, as empresas propõem ações mitigadoras com que

são destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir a sua magnitude. Este

termo é usado devido ao fato da maioria dos impactos ambientais não poderem

ser evitados, sendo possível apenas ser mitigados ou compensados.

As empresas têm que desenvolver estratégias para conseguir colocar em

prática as ações mitigadoras, que muitas vezes os resultados serão obtidos em

longo prazo. É importante que as indústrias invistam sempre no ramo de pesquisa

e desenvolvimento de novas tecnologias e melhorias operacionais, visando

sempre obter resultados cada vez melhores. Vale ressaltar que tais medidas tem

resultados a longo prazo e muitas vezes necessitam de altos investimentos para a

sua realização.

Essas medidas apresentam características em conformidade com os

objetivos a que de destinam, conforme se segue:

Medida Mitigadora Preventiva: objetiva-se minimizar ou eliminar

eventos adversos com potencial para trazer prejuízos ambientais,

procurando anteceder a ocorrência do impacto negativo.

Medida Mitigadora Corretiva: visa mitigar os efeitos de um impacto

negativo identificado, quer seja pelo reestabelecimento da situação

anterior ou estabelecendo uma nova situação de equilíbrio harmônico

entre os parâmetros, através de ações de controle para neutralização

do fator do gerador do impacto.

Medida Mitigadora Compensatória: procura repor bens

socioambientai perdidos em decorrência de ações diretas ou indiretas

do empreendimento.

Medida Potencializadora: Visa otimizar ou maximizar o efeito de um

impacto positivo decorrente direta ou indiretamente da instalação do

empreendimento.

83

As ações se diferenciam em sua aplicação, principalmente na capacidade

de resolverem o problema como um todo. Esta diferenciação pode ser feita

introduzindo as conjunções “mas” e “e” como mostrado a seguir:

Impacto negativo mas mitigável: implica que a negatividade do impacto

pode ser completamente anulada pela medida proposta.

Impacto negativo e mitigável: o impacto pode ser minimizado, mas nunca

anulado a partir das ações.

Impacto negativo mas compensável: para compensar o impacto inevitável a

medida é totalmente eficaz.

Impacto negativo e compensável: o impacto pode ser compensado em

partes do problema (RAMOS; MELO; RAMOS, 2007).

A seguir serão listadas algumas possíveis ações mitigadoras que podem

ser utilizadas no processo de refino.

8.1. Eficiência energética

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a eficiência energética consiste da

relação entre a quantidade de energia empregada em uma atividade e a

quantidade disponível para a sua realização. A promoção da eficiência energética

abrange a otimização das transformações, transporte e uso dos recursos

energéticos. Uma das soluções é a substituição de tecnologias (máquinas,

motores, sistemas de refrigeração e iluminação) por outras com maior eficiência

energética com menor custo financeiro e impacto ambiental.

O aproveitamento de calor no processo de refino pode ser feito através da

integração entre fluxos que necessitam perder calor e outros que precisam ganhar

calor. Como por exemplo, o uso de ar pré-aquecido ou rico em oxigênio durante o

processo de combustão. O calor residual pode ser aproveitado em sistemas de

refrigeração por absorção e para pré-aquecer cargas.

Outra maneira de garantir eficiência energética é eliminar as incrustações

nos trocadores de calor, pois elas reduzem a área de transferência de calor,

84

prejudicando as trocas de calor. Remoção de sal e outras impurezas que

melhoram a eficiência também, só podem ser feita dentro de uma temperatura, de

modo que os trocadores estejam livres de incrustações (MERSCHMANN, 2010).

Em longo prazo, outra opção seria a substituição das unidades de

destilação por unidades de craqueamento térmico controlado. As longas cadeias

de hidrocarbonetos seriam quebradas em outras menores, reduzindo o ponto de

evaporação das moléculas, permitindo também a remoção de contaminantes que

diminuiriam o gasto energético na etapa de hidrotratamento. Porém essa

substituição é muito custosa (MERSCHMANN, 2010).

Em algumas refinarias europeias, uma medida de eficiência energética

adotada é a instalação de plantas co-geração de alta eficiência, que além de

gerarem sua própria energia elétrica, reaproveitam rejeitos térmicos para a

obtenção de vapor, água quente, ar quente e água gelada para o processo.

8.2. Substituição de combustíveis e consumo de petróleo mais leves

Derivados mais leves emitem menor quantidade de GEE por unidade de

energia gerada. A substituição de todo óleo combustível por gás natural pode

reduzir em até 20% as emissões das refinarias (MERSCHMANN, 2010).

A crescente especificação de derivados com baixo teor de enxofre,

nitrogênio e aromáticos aumenta a necessidade de hidrogênio para o tratamento,

tornando os combustíveis ricos em hidrogênio extremamente valiosos para serem

usados nas refinarias (CLARKE, 2003 apud MARSCHMANN, 2010).

Porém é importante frisar que essa substituição de combustíveis líquidos

por gás natural nas refinarias não necessariamente reduz as emissões de CO2,

uma vez que o aumento do uso do gás natural reduziria o uso dos outros

combustíveis mais pesados, o que acarretaria na redução do preço deste. Desta

maneira, poderia ocorrer a substituição do gás natural por hidrocarbonetos mais

pesados em outras atividades. A redução das emissões de GEE só acontece de

fato se com o aumento da participação de hidrocarbonetos mais leves em

85

algumas atividades não ocorrer a sua substituição por hidrocarbonetos mais

pesados (MERCHMANN, 2010).

O consumo de petróleo mais leve pode acarretar na redução dos gases

poluentes, embora algumas questões tenham quer ser consideradas.

Quanto maior a cadeia de hidrocarbonetos no petróleo, mais pesado ele é

e maior o número de contaminantes. Assim, é necessário mais energia para

convertê-lo a derivados leves e para seu tratamento. O grande problema é que a

tendência mundial é encontrar cada vez mais petróleo pesado.

Além disso, o aumento do uso de petróleo leve em uma determinada região

poderia aumentar o seu preço em outras regiões, que continuariam usando o

petróleo pesado. Analisando esse aspecto, a redução das emissões poderia

ocorrer em uma determinada região, porém não reduziria de forma global

(MERSCHAMNN, 2010).

De forma geral, a implementação dessas ações mitigadoras tendem

apenas a deslocar as emissões de GEE para uma determinada região e não

reduzindo de forma global.

8.3. Captura e estocagem de carbono – CCS

É uma tecnologia cara que pode capturar em até 90% de CO2 emitidos

pelo uso de combustíveis fósseis na geração de eletricidade e processos

industriais, sendo uma das poucas tecnologias de redução de carbono que

pode realmente retirar o CO2 na atmosfera. O processo envolve três etapas:

captura, transporte e armazenagem segura das emissões do dióxido de

carbono.

De acordo com Carbon Capture & Storage Association (CCSA), a captura

do CO2 ocorre durante a queima dos combustíveis fósseis ou como resultado

do processo químico, podendo ocorrer de três maneiras:

Captura na pré-combustão: envolve a conversão de combustível

sólido, líquido ou gasoso em uma mistura de hidrogênio e dióxido

86

de carbono, utilizando uma série de processos tal como a

gaseificação. Esta captura é relativamente fácil permitindo a

estocagem do hidrogênio produzido o seu uso na geração de

energia e também no futuro para abastecer os carros e casas com

emissões quase nulas.

Captura na pós-combustão: ocorre através do contato do gás de

exaustão com um solvente, normalmente a base de amina, num

compartimento (MERSCHMANN, 2010). O CO2 absorvido é

separado do solvente, comprimido para o transporte e

armazenamento. Um possível problema é a presença de enxofre no

gás que pode causar problemas para o solvente.

Combustão oxigênio-combustível: o oxigênio é separado do ar antes

da combustão e o combustível é queimado em oxigênio diluído com

reciclado de gases de combustão. Os efluentes finais consistem

principalmente de CO2 e H2O, produzindo um fluxo mais

concentrado de CO2 para uma purificação mais fácil.

O transporte do gás é feito através de navios ou oleodutos, os mesmos

utilizados no transporte de gás natural, petróleo e outros fluidos. Cada projeto

escolhe o melhor método de transporte de acordo com as regulações de saúde e

segurança.

Após o seu transporte, o dióxido de carbono é injetado sob pressão para

dentro de formações geológicas porosas sob quilômetros da superfície da terra. A

pressão e temperatura faz com que o dióxido de carbono se encontre no estado

líquido ou “fase supercrítica”. Os locais de armazenamento pode ser em campos

de petróleo, salinas rochosas, ou em campos de petróleo esgotados onde o CO2

pode aumentar a quantidade de óleo recuperado.

87

9. Resultados e Discussões

Emission Estimation Protocol from Petroleum Refineries (2011), realizado

pela U.S. Environmental Protection Agency (EPA), apresentou uma lista de

poluentes previstos para ser emitidos por várias etapas do processo que devem

ser estimados, como apresentado na Figura 3. Círculos cheios indicam os

poluentes para o qual devem ser desenvolvidas estimativas de emissão. Círculos

vazios indicam os compostos que os dados podem ser estimados, mas o

inventário pode ser considerado completo sem essas estimativas.

Figura 3: Poluentes previstos para ser emitidos nos processos da refinaria

Refinarias de petróleo incluem numerosas fontes estacionárias de

combustão, o mais comum dos quais são aquecedores de processo, caldeiras,

motores de combustão interna e turbinas de combustão. Estas fontes de

combustão são pontos de ventilação que ocorrem em toda a área de processo da

88

refinaria, emitindo todos os tipos de poluentes sendo necessário estima-los como

apresentado na figura 3.

Há uma variedade de processos e equipamentos em refinarias de petróleo,

que pode liberar poluentes diretamente para a atmosfera através de aberturas de

processo. Muitas destas aberturas de processos podem ser controladas através

do flare, incinerador térmico, ou outras técnicas de controle da poluição do ar.

Observa-se que a unidade de craqueamento catalítico e a unidade de

coqueamento têm que estimar todos os compostos pedidos, indo de encontro

com a literatura ao dizer que uma das principais fontes de emissão das refinarias

são as unidades de craqueamento catalítico.

National Petroleum Refinery Initiative (2011), realizado pela EPA, fez um

levantamento das emissões da unidade de craqueamento catalítico das refinarias

presentes nos Estados Unidos entre 1997 e 2005, como mostra a figura 4.

Figura 4: Evolução das emissões dos poluentes nas unidades de craqueamento catalítico

Fonte: EPA, 2011

É nítida a redução da emissão dos gases SOx e CO. Materiais particulados

e NOx houve uma redução porém não tão expressiva. O mesmo levantamento

89

analisa as emissões de todas as refinarias das indústrias petrolíferas situadas nos

Estados Unidos, revelando que todas as refinarias reduziram suas emissões.

9.1. Petrobras

A Petrobras conta com 13 refinarias no Brasil, 2 refinarias na Argentina, 1

refinaria no Japão e uma nos Estados Unidos. De acordo com os relatórios de

sustentabilidades emitidos pela Petrobras, os dados das emissões mostrados não

constam com os dados da refinaria do Japão.

Desde 2003, a Petrobras implementou o Sistema de Gestão de Emissões

Atmosféricas (SIGEA) que realiza o inventário de mais de 30 mil fontes de

emissões diretas e indiretas de todas as atividades da companhia (exploração e

produção; refino; fertilizantes; petroquímica; geração de energia elétrica;

transporte terrestre e marítimo; e atividades de distribuição no Brasil, Argentina,

Colômbia, México, Peru, Paraguai, Uruguai e Estados Unidos).

O Relatório de Sustentabilidade de 2012 apresentou a distribuição de

emissões de GEE por atividades: produção, refino, geração de eletricidade e

vapor, fertilizantes e outros nos anos de 2010, 2011 e 2012. Os setores de refino

e de produção contribuem de forma igual, representando 35,5% das emissões

totais cada um, como mostrado na o Gráfico 3.

Gráfico 3: Distribuição de GEE por atividade na indústria do petróleo

90

O mesmo relatório quantificou as emissões dos gases NOx, SOx, CO, VOC

e materiais particulados por atividade. Com esses dados foi possível calcular a

porcentagem da contribuição de cada atividade na emissão de cada gás, como

mostrado nos Gráficos 4, 5, 6, 7 e 8.

Gráfico 4: Distribuição das emissões de óxido de enxofre por setor na Petrobras

Gráfico 5: Distribuição das emissões de óxido de nitrogênio por setor na Petrobras

91

Gráfico 6: Distribuição das emissões de monóxido de carbono por setor na Petrobras

Gráfico 7: Distribuição das emissões de compostos voláteis por setor na Petrobras

Gráfico 8: Distribuição das emissões de materiais particulados por setor na Petrobras

92

De acordo com os resultados mostrados nos Gráficos 4 a 8, o setor de

refino e petroquímico tem participação significativa na emissão de todos os gases,

com destaque para a emissão de SOx onde o refino é responsável por 62% das

emissões totais. As emissões de NOx, CO, VOCs, e materiais particulares neste

setor foram 15%, 44%,19% e 24% respectivamente.

Vale ressaltar que os dados apresentados pela Petrobras englobam as

emissões do setor de refino e petroquímica em uma mesma atividade, porém não

é possível estimar com precisão qual a participação real de cada um nas

emissões. Sendo assim serão considerados esses valores encontrados para os

cálculos seguintes.

Considerando que a contribuição do setor do refino nas emissões de todos

esses gases não tenha sofrido uma mudança significante de 2003 a 2012, foi

utilizado essas porcentagens encontradas para calcular as emissões durantes

esses anos mostrados nos Gráficos 9, 10, 11, 12, 13 e 14.

Gráfico 9: Emissão de gases do efeito estufa entre 2003 e 2012 na Petrobras

O Gráfico 9 representa as emissões de GEE no setor, onde mostra um

acréscimo das emissões de GEE. Tal fato é explicado pelo crescimento das

atividades da companhia incluídas no SIGEA sendo no início 20.000 atividades

monitoradas e agora já são 30.000. Porém a Petrobras afirma no Relatório de

Sustentabilidade de 2010, que entre 2006 e 2010 evitou-se a emissão de

93

aproximadamente 6 milhões de toneladas de CO2 em suas operações, devido a

redução da queima em tochas, aplicação de novas tecnologias e utilização de

energias renováveis.

Gráfico 10: Emissão de óxidos de nitrogênio entre 2003 e 2012 na Petrobras

Gráfico 11: Emissão de materiais particulados entre 2003 e 2012 na Petrobras

94

Gráfico 12: Emissão de monóxido de carbono entre 2003 e 2012 na Petrobras

Os Gráficos 10 e 11 mostram que as emissões de óxido de nitrogênio e

materiais particulados aumentaram 43% e 27% respectivamente, podendo ser

explicado pelo aumento das atividades da companhia. O Gráfico 12 mostra que

as emissões de monóxido de carbono aumentaram em 5 vezes de 2003 a 2012.

Além do crescimento da companhia, pode ter havido uma mudança na forma

como foi monitorado e calculado essas emissões ocasionando esse aumento.

Como os resultados apresentados aqui foram baseados na distribuição das

emissões por atividades em 2012, talvez houve aumento das emissões em outros

setores nos outros anos contribuindo para o aumento total, impactando nos

cálculos feitos para o refino. A Petrobras não indica em seus Relatórios de

Sustentabilidades o porquê desses aumentos ao longo dos anos.

Gráfico 13: Emissão de óxidos de enxofre entre 2003 e 2012 na Petrobras.

95

Gráfico 14: Emissão de compostos voláteis entre 2008 e 2012 na Petrobras.

Os Gráficos 13 mostra redução de 22% das emissões de dióxido de

enxofre durante esses anos. O Gráfico 14 mostra a redução de 12% de 2008 a

2012, pois nos Relatórios de Sustentabilidades anteriores não apresentam os

dados referentes aos anos anteriores.

Os Relatórios de Sustentabilidade da Petrobras indicam ainda a redução

de 21% das emissões do gás metano de 2003 a 2012 em todas as atividades da

companhia. Sabe-se que as emissões do gás metano são mais expressivas no

setor de exploração e produção por causa do gás natural. Porém como a

Petrobras não indica as emissões por atividade, não é possível saber qual a

parcela real de emissões de CH4 no setor de refino.

9.2. British Petroleum (BP)

British Petroleum (BP) é uma indústria petrolífera atuando desde a

exploração do petróleo até a fabricação de produtos petroquímicos utilizados

em nosso cotidiano, operando em 80 países diferentes. O setor do refino conta

hoje com 15 refinarias próprias localizadas em: Estados Unidos, Alemanha,

Holanda, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

A BP divulga os dados das emissões atmosféricas da companhia através

do HSE Charting Tool. Os dados de emissões de GEE são os resultados das

96

emissões de todos os setores, não dividindo por setores. Mesmo assim, é

interessante mostrar a redução em 35% suas emissões de 1999 até 2012,

como mostra a Gráfico 15.

Gráfico 15: Evolução das emissões de GEE em todos os setores da BP

Os dados das emissões dos outros gases são dividos em três grupos:

upstream, downstream e outros. O downstream da BP engloba o setor de

refino, fabricação, comercialização, transporte e abastecimento de derivados,

produtos petroquímicos e serviços relacionados ao cliente.

De acordo com MERSCHMANN (2010), as emissões da distribuição de

derivados representam 20% das emissões das refinarias, e as emissões da

comercialização são desprezíveis, concluindo assim que setor de refino

representou 47% das emissões de GEE em 2009. Porém, por não poder

afirmar se este número representa o cenário real da BP, os dados

apresentados a seguir mostram a evolução das emissões do setor de

downstream de 2003 até 2012.

Em relação as emissões dos outros gases, ocorreu uma expressiva

redução no setor de downstream entre 1999 e 2012, como mostra Gráfico 16:

97

Gráfico 16: : Emissões de poluentes atmosféricos por setor na BP

Em 1999, as emissões dos poluentes eram de 331ktₑ e após 14 anos

houve uma redução de 91% das emissões atingindo o patamar de 76ktₑ em

2012. Já o setor de upstream reduziu suas emissões em 34% entre 1999 e

2012. Os gráficos 17 a 20 apresentam as emissões de cada poluente no setor

de downstream, de acordo com o HSE Charting Tool.

Gráfico 17: Emissão da BP de dióxido de carbono ao longo dos anos no downstream

98

Gráfico 18: Emissão da BP de óxido de enxofre ao longo dos anos no downstream

Gráfico 19: Emissão na BP de óxido de nitrogênio ao longo dos anos no downstream

99

Gráfico 20: Emissão na BP de compostos voláteis ao longo dos anos no downstream

A redução de CO2 apresentado no Gráfico 17 foi de 16,6% entre 1999 e

2012. A redução de SOx representa a redução mais significante de 84,3% ao

longo desses anos como mostrado no Gráfico 18. As emissões de NOx,

apresentado no Gráfico 19, reduziu em 70,9% entre 1999 até 2012. Enquanto

isso, a redução de compostos voláteis foi de 78,6% do ano 2000, onde houve

o maior pico de emissões, para 2012 como pode ser analisado no Gráfico 20.

9.3. Principais ações mitigadoras adotadas por refinarias

Merschmann (2010) fez um levantamento das principais ações mitigadoras

adotadas pelas principais refinarias no mundo que têm como objetivos a

redução das emissões de GEE não só no setor de refino, mas também em

toda a cadeia produtiva em que atuam como apresentado na Tabela 14:

Observa-se que todas as refinarias estão investindo em projetos de

melhoria de eficiência energética para atingir metas de redução. Elas ainda

investem em pesquisas de novas tecnologias e CCS e busca por novas fontes

de energia renováveis. Observa-se também que para investimentos futuros

elas já consideram os custos do carbono para tomar as suas decisões.

100

Tabela 14: Principais medidas mitigadoras adotadas pelas refinarias mundiais:

Refinarias Principais medidas

Petrobras

Eficiência energética; investimentos em pesquisa

e desenvolvimento envolvendo 15 instituições

brasileiras; investimentos em biodiesel;

participação no desenvolvimento do CCS.

BP

Melhoria na eficiência energética das operações;

desenvolvimento de produtos mais eficientes;

investimentos em fontes de baixo carbono; uso

de energia renováveis; financiamento de

pesquisas na área de mudanças climáticas.

ExxonMobil

eficiência energética; investimentos em

cogeração; investimentos em CCS e tecnologia

de gaseificação; redução da queima em flare;

Sinopec eficiência energética

Shell

eficiência energética; CCS (a Shell captura e

injeta CO2 em poços de petróleo); investimentos

em tecnologia de cogeração; energias

alternativas; inclusão de custos futuros do CO2

nas decisões de investimentos.

Valero Energy

Eficiência energética; projetos de recuperação de

calor e matéria; inclusão de custos futuros do

CO2 nas decisões de investimentos; projetos de

baixo carbono.

China National Petroleum

Corporation

Projetos de estocagem de carbono através do

plantio de florestas; energias alternativas.

ConocoPhillips

Tecnologias de energias renováveis; eficiência

energética; inclusão de custos de carbono nas

decisões de investimentos; CCS; redução de

flare.

Total CCS; eficiência energética.

Fonte: Adaptado de MERSCHMANN (2010)

101

10. Conclusão

As refinarias de petróleo são consideradas uma das principais fontes de

emissões de poluentes atmosféricos no mundo. Os principais gases emitidos

são os gases do efeito estuda, representados principalmente, pelo dióxido de

carbono, óxido de nitrogênio, óxido de enxofre, monóxido de carbono,

materiais particulados e compostos orgânicos voláteis.

As principais fontes de emissões são: emissões de combustão, durante a

queima dos combustíveis; das emissões fugitivas durante os vazamentos

oriundos de falhas mecânicas de operação; imprevistos e acidentes, quando

devido alguma falha no regulador de pressão, este libera os gases para aliviar

a pressão do sistema; regeneração periódica dos catalisadores, sendo

considerada uma das principais fontes de emissões.

Estes gases causam inúmeras patologias como irritação nos olhos,

problemas no sistema cardiovascular e respiratório, além da perda de bem

estar. Ambientalmente, os poluentes são responsáveis pelo aquecimento

global, efeito estufa, chuva ácida, smog fotoquímico, diminuindo a visibilidade,

degradando animais, prejudicando a fauna, flora e toda a sociedade em geral.

As legislações ambientais estão ficando cada vez mais rigorosas e

propostas climáticas estão sendo acordadas entre os países visando reduzir

os gases de efeito estufa. As emissões estão sendo negociadas, como é o

caso do mercado de carbono baseado no sistema cap-and-trade, onde a partir

dos limites de emissões de gases estabelecidos para um determinado setor

são lançadas permissões de emissão e cada participante determina como

cumprirá estes limites. Através deste mecanismo, há uma alocação livre do

direito de poluir, pois é fixada a quantidade a ser emitida e o que varia é o

valor do preço do carbono.

De acordo com os resultados analisados, ao longo da última década as

emissões atmosféricas reduziram significantemente. As emissões de

poluentes do setor de downstream da British Petroleum (BP) reduziram em

91%.

102

A Petrobras afirma ter reduzido em aproximadamente 6 milhões de

toneladas de CO2 em 4 anos, mesmo em alguns dados mostrarem o contrário.

Tal fato pode ser explicado pelo crescimento da companhia ao longo dos

anos, como a aquisição de novas refinarias, comprovado pelo fato de que no

início 20.000 atividades eram monitoradas e atualmente são 30.000.

Diante deste cenário, pode-se concluir que as refinarias estão preocupadas

com os impactos ambientais provocados pelos seus gases poluentes e estão

procurando medidas para reduzirem cada vez mais. As ações mitigadoras

adotadas pelo setor envolvem eficiências energéticas, melhorias nos

processos produtivos, procura de novas fontes de energias renováveis,

investimentos em projetos de pesquisa e desenvolvimento do tema, além de

incluir os custos de carbono nas decisões de investimentos futuros.

Embora os resultados tenham mostrados que as emissões estão

reduzindo, é importante que se tenha continuidade nos próximos anos

procurando emitir cada vez menos. Pois, devido à organização da nossa

sociedade e a dependência econômica do petróleo, as refinarias continuarão a

existir nas próximas décadas.

Diante de toda a preocupação mundial com o meio ambiente, é importante

que as refinarias tenham consciência do seu potencial poluidor e levem em

consideração cada vez mais a importância dos fatores ambientais nas suas

operações atuais e futuras. As refinarias têm que buscar um desenvolvimento

sustentável, pois além de visar às questões ambientais se preocupam com o

desenvolvimento socioeconômico. Além de ser uma medida ética e produtiva,

também ganha espaço cada vez maior em questão de aceitabilidade dos

consumidores e sociedade em geral.

Os desafios que estão sendo colocados à sociedade são também desafios

do setor industrial que deve se engajar as iniciativas conjuntas para a busca

de soluções. O trabalho bem articulado entre governos, setores produtivos e a

sociedade é o caminho para um desenvolvimento econômico e social em

compromisso com as questões ambientais.

103

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