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ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO Formando Jovens Autônomos, Solidários e Competentes ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 03 - 3º BIMESTRE/2020 3ª SÉRIE ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA: PORTUGUÊS PROFESSORES: Maria Adriana Andrade, Gleice Carvalho TURMA: 33.01 a 33.07 CRONOGRAMA Período de realização das atividades: 06/10 a 17/10 Término das atividades: 17/10 CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 09 aulas COMPETÊNCIA ESPECÍFICA DA ÁREA 4- Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, variável,heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como respeitando as variedades linguísticas e agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza. HABILIDADES ESPECÍFICAS/OBJETIVOS DA ATIVIDADE (EM13LP45) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. (EM13LP49) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam. ESTUDO ORIENTADO 1- Organize na sua agenda semanal um tempo para estudar esse roteiro. 2- Leia atentamente as orientações/dicas do Roteiro de Estudo, dando ênfase nos assuntos que mais tem dificuldades. 3- Faça anotações que julgar pertinentes, a fim de consolidar a aprendizagem e para posterior consulta/estudo. 4- Crie um banco das palavras difíceis e desconhecidas que você encontrar no texto para posterior consulta; 5- Assista aos vídeos sugeridos quantas vezes forem necessárias, fazendo as anotações que achar importante. 6- Responda todas as atividades propostas. 7- Se tiver alguma dúvida, utilize o grupo de Whatsapp e fale com seu professor. Com certeza ele vai estar pronto para te ajudar. OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO (Conforme Guia de Aprendizagem 3º bimestre): Modernismo brasileiro: características, principais autores e obras poesia - segunda fase, prosa Graciliano Ramos. Concordância Nominal Casos específicos de concordância nominal Regência verbal AVALIAÇÃO : o (a) estudante será avaliado(a) através da observação, por parte do professor, de sua participação no grupo de WhatsApp apresentando dúvidas ou contribuições. Também, por meio da resolução da atividade e envio das respostas via Google Forms, no decorrer de cada semana. Assim, prevalecerá a avaliação interdimensional, observando a prática do exercício do protagonismo e dos 4 (quatro) pilares da educação: Aprender a Ser, a Fazer, a Conhecer e a Conviver).

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO

Formando Jovens Autônomos, Solidários e Competentes

ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 03 - 3º BIMESTRE/2020

3ª SÉRIE

ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA: PORTUGUÊS

PROFESSORES: Maria Adriana Andrade, Gleice Carvalho TURMA: 33.01 a 33.07

CRONOGRAMA

Período de realização das atividades: 06/10 a 17/10

Término das atividades: 17/10

CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 09 aulas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA DA ÁREA

4- Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, variável,heterogêneo e

sensível aos contextos de uso, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressões

identitárias, pessoais e coletivas, bem como respeitando as variedades linguísticas e agindo no

enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza.

HABILIDADES ESPECÍFICAS/OBJETIVOS DA ATIVIDADE

(EM13LP45) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo

diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos,

para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.

(EM13LP49) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e

gêneros literários de um mesmo momento histórico e de momentos históricos diversos, explorando os

modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.

ESTUDO ORIENTADO

1- Organize na sua agenda semanal um tempo para estudar esse roteiro.

2- Leia atentamente as orientações/dicas do Roteiro de Estudo, dando ênfase nos assuntos que

mais tem dificuldades.

3- Faça anotações que julgar pertinentes, a fim de consolidar a aprendizagem e para posterior

consulta/estudo.

4- Crie um banco das palavras difíceis e desconhecidas que você encontrar no texto para posterior

consulta;

5- Assista aos vídeos sugeridos quantas vezes forem necessárias, fazendo as anotações que achar

importante.

6- Responda todas as atividades propostas.

7- Se tiver alguma dúvida, utilize o grupo de Whatsapp e fale com seu professor. Com certeza ele vai

estar pronto para te ajudar.

OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO (Conforme Guia de Aprendizagem 3º bimestre):

Modernismo brasileiro: características, principais autores e obras poesia - segunda fase, prosa –

Graciliano Ramos. Concordância Nominal – Casos específicos de concordância nominal Regência

verbal

AVALIAÇÃO : o (a) estudante será avaliado(a) através da observação, por parte do professor, de sua

participação no grupo de WhatsApp apresentando dúvidas ou contribuições. Também, por meio da

resolução da atividade e envio das respostas via Google Forms, no decorrer de cada semana. Assim,

prevalecerá a avaliação interdimensional, observando a prática do exercício do protagonismo e dos 4

(quatro) pilares da educação: Aprender a Ser, a Fazer, a Conhecer e a Conviver).

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OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA– – 1ª SEMANA

Poesia na Segunda Geração do Modernismo A poesia na Segunda Geração do Modernismo apresentou à Literatura nomes como Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana, Murilo Mendes e Cecília Meireles.

A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, foi um divisor de águas para a

Literatura brasileira. Apresentou, entre outros representantes das diversas áreas da arte, alguns dos

expoentes da Literatura modernista que romperiam drasticamente com o modelo literário vigente. Nomes

como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade exaltaram o Brasil na

página literária e utilizaram à exaustão jogos primitivistas e antropofágicos.

Em sua segunda fase, entre os anos de 1930 a 1945, a poesia modernista alargou seus horizontes

temáticos e consolidou-se graças às conquistas de seus precursores. A segunda geração foi marcada pelo

amadurecimento e pela ruptura com a fase polêmica de suas primeiras manifestações. A poesia continuou

adotando o verso livre, mas resgatou também formas como o soneto ou o madrigal sem que isso fosse

necessariamente um retorno às estéticas do passado, tão questionadas pelos poetas que ganharam projeção

na Semana de Arte Moderna.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

A rua dos cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,

Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.

Depois, a cada vez que me mataram,

Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada.

Arde um toco de Vela amarelada,

Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!

Pois dessa mão avaramente adunca

Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!

Que a luz trêmula e triste como um ai,

A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana

A poesia estava em sintonia com as diversas manifestações artísticas e com outras esferas culturais e, por

esse motivo, é possível encontrar influências do Surrealismo e até mesmo da psicanálise, que dilataram o

campo de experimentações poéticas. Podemos observar essa característica nos versos do poema “O Pastor

Pianista”, de Murilo Mendes:

O Pastor Pianista

Soltaram os pianos na planície deserta

Onde as sombras dos pássaros vêm beber.

Eu sou o pastor pianista,

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Vejo ao longe com alegria meus pianos

Recortarem os vultos monumentais

Contra a lua.

Acompanhado pelas rosas migradoras

Apascento os pianos: gritam

E transmitem o antigo clamor do homem

Que reclamando a contemplação,

Sonha e provoca a harmonia,

Trabalha mesmo à força,

E pelo vento nas folhagens,

Pelos planetas, pelo andar das mulheres,

Pelo amor e seus contrastes,

Comunica-se com os deuses.

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Murilo Mendes

Quanto à temática da poesia modernista da segunda fase, podemos observar a preocupação dos poetas não

apenas com a abordagem do cotidiano, bastante denotada naquilo que alguns estudiosos chamaram de

“momento poético”, mas também com problemas sociais e históricos. Drummond apropriou-se dessas

características, que podem ser observadas no poema “Congresso Internacional do Medo”.

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio porque esse não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,

depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

Outra característica presente nesse momento da poesia modernista foi a retomada de elementos simbolistas,

sem que isso, novamente, representasse um amplo resgate da produção literária pré-modernista. Essa

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apropriação de elementos de outras vertentes da Literatura aconteceu em virtude de um alargamento do

campo temático, que contemplava aspectos sociais e inquietações religiosas.

Depois do sol...

Fez-se noite com tal mistério,

Tão sem rumor, tão devagar,

Que o crepúsculo é como um luar

Iluminando um cemitério . . .

Tudo imóvel . . . Serenidades . . .

Que tristeza, nos sonhos meus!

E quanto choro e quanto adeus

Neste mar de infelicidades!

Oh! Paisagens minhas de antanho . . .

Velhas, velhas . . . Nem vivem mais . . .

— As nuvens passam desiguais,

Com sonolência de rebanho . . .

Seres e coisas vão-se embora . . .

E, na auréola triste do luar,

Anda a lua, tão devagar,

Que parece Nossa Senhora

Pelos silêncios a sonhar...

Cecília Meireles

Os poetas da segunda geração do modernismo deram continuidade às conquistas dos primeiros

modernistas e criaram novas possibilidades temáticas, perpetuando a nova concepção de Literatura

defendida por seus antecessores e levando adiante o projeto de liberdade de expressão que possibilitou até

mesmo uma revisitação da Literatura clássica.

* A imagem utilizada para ilustrar este artigo foi feita a partir de fotografias de capas de livros dos autores citados.

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Drummond, Mario Quintana, Murilo Mendes, Cecília Meireles e Vinicius de Moraes: poetas que ampliaram o horizonte da poesia na

Literatura brasileira.*

Publicado por: Luana Castro Alves Perez

SENTIMENTO DO MUNDO (POEMA DA OBRA SENTIMENTO DO MUNDO), DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Tenho apenas duas mãos

e o sentimento do mundo, mas estou cheio escravos,

minhas lembranças escorrem

e o corpo transige na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu

estará morto e saqueado,

eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto

o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram

que havia uma guerra e era necessário

trazer fogo e alimento.

Sinto-me disperso, anterior a fronteiras,

humildemente vos peço

que me perdoeis.

Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho

desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microcopista

que habitavam a barraca

e não foram encontrados ao amanhecer

esse amanhecer mais noite que a noite.

“Sentimento do mundo” é primeiro poema e o que deu nome ao livro. Ele nos revela a visão-de-mundo do poeta: não é alegre, antes, é cheia da realidade que sempre nos estarrece, porque, por mais que sonhemos, a realidade geralmente é dura e muito desafiante.

O poeta inicia (estrofe 1) indicando suas limitações para ver o mundo:

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Tenho apenas duas mãos; mas aponta, em seguida, alguns elementos auxiliares que o ajudarão a suprir suas deficiências de visão: escravos, lembranças e o mistério do amor (versos 3 a 5); escravos podem ser os meios escusos de que nos utilizamos para tocar a vida e decifrá-la e dela nos aproveitarmos. O pessimismo denuncia-se com as mortes do céu e do próprio poeta, na estrofe 2. Apesar da ajuda incompleta dos companheiros de vida (“Camaradas”), o poeta não consegue decifrar os códigos existenciais e pede, humilde, desculpas.

Nas duas últimas estrofes, Drummond pinta uma visão de futuro bem negativo, mas bem real: mortos, lembranças, tipos de pessoas que sumiram nas batalhas da vida (“guerra”, na estrofe 3). Conclui, na estrofe 5, que o futuro (“amanhecer”) é bem negro, tenebroso. Feita só de dois versos, sintetiza seu sentimento do mundo.

Fonte: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/sentimento_do_mundo_poema_drummond/

Gramática

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância nominal ocorre quando há concordância em gênero (masculino ou feminino) e número (plural ou singular) entre o substantivo e o adjetivo que o caracteriza.

Exemplos de concordância nominal

A menina estudiosa passou no vestibular. O menino estudioso passou no vestibular. As meninas estudiosas passaram no vestibular. Os meninos estudiosos passaram no vestibular.

A principal regra de concordância nominal é que um adjetivo, caracterizando um único substantivo, concorda em gênero e número com esse substantivo.

Apesar disso, ocorre também concordância nominal entre um pronome ou numeral substantivo e diversos termos da oração que se relacionam com eles, como artigos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios.

Concordância em gênero e número

Masculino e plural: Seus olhos castanhos olhavam-me silenciosamente! Feminino e singular: A blusa amarela é minha.

Casos específicos de concordância nominal

1. Adjetivo caracterizando vários substantivos:

O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo que está mais próximo.

A faca e o garfo dourado estão na gaveta. O garfo e a faca dourada estão na gaveta. As facas e os garfos dourados estão na gaveta. Os garfos e as facas douradas estão na gaveta.

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Pode também assumir a forma no masculino plural, na existência de um substantivo masculino e um feminino.

A faca e o garfo dourados estão na gaveta. O garfo e a faca dourados estão na gaveta.

Com substantivos do mesmo gênero no singular, o adjetivo pode ficar no singular ou no plural.

Viram a rua e a casa deserta. Viram a rua e a casa desertas.

Se forem substantivos próprios ou substantivos que exprimam graus de parentesco, o adjetivo deve ficar no plural.

Meus simpáticos tios e tias me fizeram uma surpresa. Os contentes Pedro e Álvaro foram os campeões do torneio.

2. Adjetivo caracterizando pronomes pessoais:

O adjetivo concorda em gênero e número com o pronome a que se refere.

Ela ficou animada com a notícia. Ele ficou animado com a notícia. Elas ficaram animadas com a notícia. Eles ficaram animados com a notícia.

3. Vários adjetivos no singular caracterizando um único substantivo:

O substantivo permanece no singular quando há presença de um artigo entre os adjetivos, mas fica no plural quando os adjetivos se apresentam sem artigos ou outros determinantes.

Fiquei aprendendo coisas novas com a professora americana e a francesa. Fiquei aprendendo coisas novas com as professoras americana e francesa.

4. Verbo ser + adjetivo:

O adjetivo faz concordância com o substantivo quando há presença de artigos ou outros determinantes, mas permanece no masculino e no singular quando o substantivo se apresenta isolado.

A alegria é benéfica para todos! Alegria é benéfico para todos!

5. Pronome indefinido neutro + de + adjetivo:

Com os pronomes indefinidos neutros nada, algo, muito, tanto,… mais a preposição de, o adjetivo deve ficar no masculino e no singular.

Ela não tem nada de encantador. Ele não tem nada de encantador. Elas não têm nada de encantador. Eles não têm nada de encantador.

6. Palavra só como adjetivo:

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Tendo o significado de sozinho, a palavra só atua como adjetivo, devendo concordar em número com o substantivo que caracteriza.

Meu avô está só. Meus avós estão sós.

7. Com as expressões é proibido, é necessário, é bom, é preciso e é permitido:

Com as expressões: é proibido, é necessário, é bom, é preciso e é permitido, o adjetivo permanece no singular e no masculino, mantendo-se invariável, quando não há presença de artigos ou outros determinantes do substantivo.

É proibido visitação das instalações durante horário laboral. É necessário respeito e tolerância para se viver em sociedade.

Quando há presença de artigos ou outros determinantes do substantivo, o adjetivo varia em gênero e número.

É proibida a visitação das instalações durante o horário laboral. São necessários muito respeito e muita tolerância para se viver em sociedade.

8. Com as palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso e quite:

As palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso e quite devem concordar em gênero e número com o substantivo que caracterizam.

Por favor, leia as informações anexas. As próprias professoras resolveram a falta de condições das salas de aula. Eu e você estamos quites.

9. Com as palavras bastante, caro, barato, muito, pouco, longe e meio:

As palavras bastante, caro, barato, muito, pouco, longe e meio, embora invariáveis enquanto advérbios, devem concordar em gênero e número com o substantivo que caracterizam enquanto adjetivos.

Há bastantes alunos interessados na palestra. Essas compras ficaram muito caras! Vou comprar aqueles chinelos baratos. Apenas preenchi meia folha de papel com as informações necessárias.

10. Com as palavras alerta e menos:

As palavras alerta e menos, embora atuem como adjetivos, são advérbios, permanecendo sempre invariáveis.

Os cachorros ouviram barulho e ficaram alerta. Assim, há menos confusão!

11. Com as expressões um e outro, uma e outra, num e noutro, numa e noutra:

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Com as expressões um e outro, uma e outra, num e noutro, numa e noutra, o adjetivo deve ser escrito no plural, embora ao substantivo permaneça no singular.

A diretora achou um e outro funcionário cumpridores. Você pôs isso numa e noutra gaveta arrumadas?

Concordância nominal irregular

A concordância nominal pode ser também irregular, ocorrendo silepse, ou seja, concordância mental ou figurada com um substantivo que não está explícito na frase, mas sim subentendido.

Minas Gerais é encantador! (a palavra estado está subentendida) São Paulo é linda! (a palavra cidade está subentendida)

Concordância nominal e verbal

Numa frase, além de concordância nominal, ocorre também concordância verbal, ou seja, concordância em número (singular ou plural) e em pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa) entre o verbo da oração e o sujeito gramatical.

SUGESTÃO DE VIDEO AULA:

https://www.youtube.com/watch?v=8puJvBm7Ivg&feature=youtu.be ( fazer poético)

https://www.youtube.com/watch?v=7I6_we3xDUw (analise de sentimento do mundo – Drummond)

https://www.youtube.com/watch?v=UjcGEqiKsac (analise de sentimento do mundo – Drummond)

https://www.stoodi.com.br/materias/gramatica/concordancia-nominal/termos-especificos/(termos

específicos – concordância nominal)

OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO: SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA – 2ª SEMANA

Modernismo no Brasil – Segunda Fase (Prosa)

AUTORES A prosa da 2ª fase modernista caracteriza-se pelo regionalismo, pela relação do homem com o meio em que vive. A Literatura Brasileira já apresentava uma tendência regionalista.

Desde o Romantismo, a busca de traços particulares da realidade brasileira já estava presente em algumas obras, entretanto, neste período, a partir das conquistas da primeira fase modernista e das ideias socialistas, os autores dão um novo tom a esse regionalismo. O livro A bagaceira de José Américo é considerado o primeiro romance regionalista do Modernismo. Mas seu valor deve-se mais à temática histórica da seca, dos retirantes e ao aspecto social do que aos aspectos literários. Veja os principais autores da prosa dessa segunda fase:

2ª FASE MODERNISTA (1930-1945) PROSA: * Raquel de Queirós * Graciliano Ramos * Jorge Amado * Érico Veríssimo * José Lins do Rego

Quase todos esses autores voltaram-se basicamente para os temas do Nordeste, como a seca, o cangaço e o ciclo açucareiro.

Com exceção de Érico Veríssimo que apresentou uma obra voltada para as relações do homem e a paisagem do Sul do Brasil.

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Veja a imagem da representante feminina da prosa dessa 2ª fase: Raquel de Queirós foi a primeira mulher a se “eleger imortal” na Academia Brasileira de Letras. Suas obras regionalistas destacam-se pela reflexão sobre a figura feminina numa sociedade patriarcal.

Em seu livro O quinze, conta a história da luta de um povo contra a seca e a miséria, tema marcante da prosa modernista da segunda geração. A força da mulher nordestina também é tratada em toda sua obra. Entre as suas figuras femininas destacam-se: Conceição em O quinze e Maria Bonita em O Lampião.

Veja a imagem de Graciliano Ramos, outro importante autor desse momento:

Graciliano Ramos é considerado pela crítica literária o melhor ficcionista dessa segunda fase. Sua obra é marcada pela ausência de sentimentalismo e por um forte poder de síntese, refletida na linguagem direta e precisa. Entre seus livros destacam-se Memórias do Cárcere e São Bernardo.

Memórias do Cárcere é uma narrativa autobiográfica que analisa as atrocidades cometidas pela Ditadura Vargas. Por suas ligações com o partido comunista Graciliano Ramos foi realmente preso durante um ano. Em São Bernardo, Graciliano Ramos ao contar a história de Paulo Honório, rico proprietário da fazenda São Bernardo, que se casa com a professora Madalena, personagem fortemente influenciada por ideias progressistas, faz uma reflexão sobre o processo de coisificação do ser humano, (“muitas vezes mais preocupado com o ter e do que com o ser”).

Mas é com outro livro que Graciliano Ramos alcança maior notoriedade. Veja as próximas imagens: Menino Morto, de Cândido Portinari.

Família de Retirantes, de Cândido Portinari. Menino Morto e Família de Retirantes apresentam o tema central de Vidas Secas – grande livro de Graciliano Ramos. Vidas Secas é um romance que narra a história de uma família de retirantes que abandona sua terra atingida por uma forte seca. A família é formada por Sinhá Vitória, a mãe; Fabiano, o pai; seus dois filhos, denominados apenas como menino mais velho e menino mais novo e os animais: o papagaio e a cachorra Baleia. Veja um fragmento de Vidas Secas em que a família inicia a viagem em busca de uma vida melhor:

“A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos. – Anda, excomungado.

O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. (…)

Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto.

Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande”.

Graciliano Ramos A secura do ambiente e a dureza da vida aos poucos iam embrutecendo as personagens.

Veja outro importante nome dessa fase:

Jorge Amado é talvez um dos autores mais conhecidos pelo público jovem. Isto porque, muitos de seus livros foram adaptados para a TV e o cinema. E ainda hoje, é um dos escritores brasileiros que mais vendeu livros.

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Seus livros traçam um verdadeiro e completo quadro do povo brasileiro, em especial do povo baiano. A linguagem simples, marcada por expressões populares, a preocupação com os costumes e as tradições populares e o bom humor fizeram de Jorge Amado um dos mais queridos escritores brasileiros. Sua vasta produção é comumente dividida em função da temática.

Assim encontramos:

DIVISÃO TEMÁTICA DA OBRA DE JORGE AMADO * Romances da Bahia * Romances ligados ao ciclo do cacau * Crônicas de costumes

Romances da Bahia= Que retratam a vida das classes oprimidas na urbana Salvador. São livros de denúncia das desigualdades sociais. Entre eles destaca-se: Capitães da Areia.

Romances ligados ao ciclo do cacau= Que retratam a exploração dos trabalhadores rurais, pela economia latifundiária no Nordeste. Segundo o próprio Jorge Amado, foi a luta do cacau que o tornou romancista. Entre esses romances destacam-se: Cacau e Terras do Sem Fim.

Crônicas de costumes= Que partem dos cenários do agreste e da zona cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os costumes da sociedade. São desse ciclo as conhecidíssimas figuras femininas de Jorge Amado, como Gabriela, cravo e canela; Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste e Teresa Batista cansada de guerra.

Érico Veríssimo é o grande representante da região Sul do Brasil nessa segunda fase. E assim como Jorge Amado, também foi muito querido pelo público leitor.

Sua obra é frequentemente dividida em romances urbanos, históricos e políticos. Em seus romances urbanos analisa os conflitos e os valores de uma sociedade em crise. Entre os principais livros dessa categoria estão: Clarissa e Olhai os lírios do campo. A sua grande obra prima é a trilogia histórica O tempo e o vento, que narra a disputa pelo poder político entre importantes famílias na região Sul. Entre as personagens principais estão Ana Terra e Rodrigo Cambará.

O livro Incidente em Antares, é um romance político em que Érico Veríssimo explora o absurdo e o fantástico. Num dado momento do romance os coveiros da cidade entram em greve e os mortos por sua vez, resolvem ressuscitar e denunciar a corrupção e a podridão moral existente na cidade. Ocorre uma fusão entre o plano real e o imaginário.

E para concluirmos a aula, veja a imagem de José Lins do Rego: José Lins do Rego, à direita sem chapéu e de óculos, foi um apaixonado por futebol, nessa foto, tirada no Maracanã, ele assistia ao jogo do seu time predileto, o Flamengo do Rio de Janeiro.

José Lins do Rego foi um autor muito identificado com os costumes do povo e sua obra pautou-se fundamentalmente nas recordações de um menino que conviveu com as fazendas produtoras de cana. Seus principais temas são: da decadência dos engenhos produtores de açúcar e da estrutura patriarcal, as disputas políticas na região nordeste e o cangaço. Entre seus livros destacam-se: Menino de Engenho e Fogo Morto.

Veja um fragmento do livro Menino de engenho: “Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada é mais triste do que engenho de fogo morto. Uma desolação de fim de vida, de ruína, que dá à paisagem rural uma melancolia de cemitério abandonado. Na bagaceira, crescendo, o mata-pasto de cobrir gente, o melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo para outros engenhos, tudo deixado para um canto, e até os bois de carro vendidos para dar de comer aos seus donos. Ao lado da prosperidade e da riqueza do meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua autoridade, aquele simpático velhinho que era o Coronel Lula de Holanda, com seu Santa Fé caindo aos pedaços (…)”

Por: Profª Edna Prado

Fonte: https://www.enemvirtual.com.br/modernismo-no-brasil-segunda-fase-prosa/

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Vimos no último roteiro a vida de Graciliano Ramos e o resumo de sua obra Vidas secas, agora veremos:

Vidas Secas | Resumo e análise | Graciliano Ramos

Vidas Secas é a obra mais conhecida do escritor Graciliano Ramos. É também o livro mais representativo de uma temática conhecida como “romance de 30” ou “neorrealismo regionalista”, que predominava na segunda fase do modernismo brasileiro. Vidas secas é um dos livros indicados para leitura nos vestibulares de 2017, 2018 e 2019 da Fuvest. Esta indicação também é referência para outros vestibulares, como Unesp, Unifesp, Puc e Mackenzie. A seguir, leia a análise, o resumo.

Contexto histórico da obra

Vidas Secas foi escrito e publicado em 1938, logo após o seu autor ser libertado da prisão. Graciliano Ramos foi preso em 1937 sob acusações vagas de defender ideologias comunistas. Na década de 1930, o mundo passava por uma grave crise financeira. Na Europa, acirravam-se os conflitos que dariam origem à Segunda Guerra Mundial, em 1939. Da mesma forma, crescia a tensão entre duas ideologias opostas: o capitalismo e o socialismo. No Brasil, sob o governo de Getúlio Vargas, iniciava-se uma “caça aos comunistas”, que levaria muitos artistas e intelectuais ao exílio ou à prisão.

Quando Graciliano Ramos foi preso em 1937, ele já era um escritor reconhecido, com três obras publicadas. Ao sair da prisão, procurou serviço como jornalista em um jornal do Rio de Janeiro. O editor lhe ofereceu a oportunidade de publicar um texto curto (um conto).

Graciliano escreveu então um conto chamado Baleia, que contava o sofrimento e morte de uma cachorrinha de uma família de retirantes, no sertão nordestino. Com o sucesso da publicação, o jornal encomendou outros contos no mesmo estilo. Graciliano escreveu então um conto para cada membro daquela família: o pai, a mãe e os dois filhos. Nascia assim sua obra mais famosa: Vidas Secas, que manteve a estrutura de capítulos-contos, conforme veremos na análise.

Resumo do enredo e personagens de Vidas Secas

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Capa de uma das edições de Vidas, com a cachorra Baleia Vidas secas narra a história de uma família de retirantes nordestinos em sua constante luta pela sobrevivência. No primeiro capítulo (“Mudança”) vemos o pai (“Fabiano”), a mãe (“Sinhá Vitória”), os dois filhos (“menino mais velho” e “menino mais novo”) junto com a cachorrinha da família (“baleia”) e um papagaio (que será morto para servir de alimento) fugindo de uma seca que assola a região.

Eles andam em direção ao sul, sem um destino certo, movidos pela esperança de chegar a um lugar onde encontrem água e comida para sobreviver. Eles acabam chegando a uma fazenda abandonada onde encontram um pouco de água e algumas raízes para comer. Como há sinais de que choverá nos próximos dias, decidem ficar e esperar o dono da fazenda retornar com o gado. Fabiano é vaqueiro e acaba aceitando cuidar do gado do dono da terra.

Segue-se então uma sequência de fatos que vão mostrando ao leitor toda a miséria desta família. Fabiano é humilhado e roubado em seus direitos pelo dono da fazenda, a quem chama de patrão. A família vive em condições animalescas. As crianças brincam na lama com os animais. Não estudam e não têm condições nem mesmo de aprender a linguagem básica, uma vez que os pais quase não falam.

Fabiano tem uma enorme dificuldade de raciocinar e se expressar de maneira lógica e organizada. Comunica-se com gestos e grunhidos, o que o aproxima muito de um bicho, como ele mesmo reconhece. Quando vão para a cidade (capítulo “festa”), sentem-se deslocados e assustados. Fabiano é preso e surrado como um animal por capricho de um “soldado amarelo”

Paralelo ao drama físico-social desta família, acompanhamos o seu drama psicológico. Fabiano vive a angústia de se saber inferior por não conseguir falar com clareza, questionando-se constantemente se é um bicho ou um homem. Sinhá Vitória vive o drama da constante frustração do sonho de ter uma cama de lastro (metáfora para o desejo de ter um lugar definitivo e seu para viver) e os meninos vivem a angústia de não terem como satisfazer a sua curiosidade natural (capítulo “inferno”) ou a falta de perspectiva para o futuro (capítulo “menino mais novo”)

Vale ressaltar aqui a figura do seu “Tomás da bolandeira”. Esta personagem aparece apenas nas lembranças do casal. Era um vizinho da fazenda anterior, onde eles viviam até a seca os expulsar. Seu Tomás era um homem “letrado”. Sabia ler e falava “difícil”. Possuía uma cama de lastro, que despertara o desejo de Sinhá Vitória, e uma bolandeira, espécie de prensa rústica de moer cana.

Seu Tomás também é um homem rústico e pobre do interior. Mesmo assim, serve de referência ao casal, tanto no aspecto cultural quanto social. Fabiano deseja ter a capacidade de “falar” como o seu Tomás da

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Bolandeira. Sinhá Vitória deseja ter a sua estabilidade financeira (simbolizada na cama de lastro) para largar aquela vida nômade de ter de se mudar a cada período de seca.

A estrutura cíclica

No último capítulo (“fuga”), ocorre um novo período de seca e a família é obrigada novamente a fugir em direção ao sul para sobreviver. Dessa forma, temos a estrutura cíclica desta narrativa. O livro começa e termina com a família na mesma situação de retirantes, como se tivessem voltado ao mesmo ponto de partida.

Aqui vale ressaltar que esta estrutura cíclica da narrativa tem um forte aspecto simbólico. Graciliano Ramos está chamando a atenção do leitor para o drama dos retirantes nordestinos, que se repete ciclicamente, não apenas na questão da seca, mas das misérias e injustiças sociais que vão passando de geração para geração. O drama vivido por Fabiano já foi vivido por seu pai, seu avô e será repetido pelos seus filhos.

Para entender melhor esta estrutura cíclica, uma das principais características de Vidas Secas, assista à videoaula abaixo:

O foco narrativo de Vidas Secas

Vidas secas é narrado em terceira pessoa, ou seja, possui um narrador externo onisciente. No entanto, é muito comum o leitor ter a impressão de que a narrativa é feita pelas personagens do livro, em primeira pessoa. Isso acontece porque o narrador conta a história sob o ponto de vista da personagem focalizada naquele momento, explorando assim, além do drama social, o drama psicológico.

A técnica narrativa mais importante dessa obra é o uso intenso do discurso indireto livre. Trata-se de uma forma de mostrar a fala ou pensamento das personagens inseridos diretamente no discurso do narrador. Se o leitor não estiver atento, pode não perceber que aquela fala é, na verdade, da personagem. Trata-se de uma técnica rara e difícil de ser empregada pelo autor e percebida pelo leitor. São comuns questões nos vestibulares que pedem para o aluno identificar a presença do discurso indireto livre em trechos de Vidas Secas.

Análise da obra de Graciliano Ramos

Graciliano Ramos é um dos maiores escritores da literatura de língua portuguesa. É marcado por uma visão socialista, fruto de experiências concretas da realidade social nordestina e profunda reflexão intelectual. Seus livros denunciam as injustiças sociais sem deixar de explorar também o drama psicológico de seus personagens.

Essa denúncia de mazelas sociais ao lado de reflexões sobre angústias psicológicas tornam suas obras universais, extrapolando os limites regionais e/ou culturais que atingem muitos escritores brasileiros.

Graciliano Ramos é dono de um estilo marcado pela concisão e secura da linguagem. Suas frases são curtas e objetivas, sem adjetivação desnecessária e supérflua.

A crítica aponta um casamento perfeito entre o estilo seco do autor e a temática de secura e carência da obra Vidas Secas.

Escola Literária: Modernismo

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Vidas Secas pertence ao modernismo brasileiro. Mais especificamente, pertence ao segundo tempo do modernismo brasileiro, período compreendido entre 1930 e 1945. Nesse período ocorre uma retomada das características do realismo-naturalismo do século XIX. Ao mesmo tempo, temos uma preocupação dos autores em abordar aspectos da realidade sociocultural da sua região. Temos então o neorrealismo regionalista.

Também é característica desse período a ascensão da ideologia socialista, que acabou influenciando muitos artistas da época. Dessa forma, também é comum a denominação romance socialista ou romance de trinta para designar as narrativas produzidas na década de 1930.

Semelhanças entre Vidas Secas e Sagarana

Os vestibulares costumam cobrar semelhanças e diferenças entre as diversas obras que compõem a lista de leituras obrigatórias.

Nesse caso, podemos observar que tanto Vidas Secas quanto Sagarana tem um forte componente regionalista. Tanto na realidade física quanto na realidade sociocultural, observamos aspectos muito pitorescos do sertão nordestino (Vidas Secas) e do interior mineiro (Sagarana).

A abordagem dessas características, no entanto, revela também uma diferença fundamental. O regionalismo de Vidas Secas é físico, concreto, fruto de uma visão realista. Já em Sagarana, temos um regionalismo mágico, marcado pelo misticismo e religiosidade popular que extrapolam a interpretação realista e racional dos seus contos.

Você sabia existe um filme inspirado na obra Vidas Secas? A direção é de Nelson Pereira dos Santos.

Gramática

REGÊNCIA VERBAL

Regência Verbal

Regência verbal é a parte da língua que se ocupa da relação entre os verbos e os termos que se seguem a eles e completam o seu sentido.

Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos.

Para entender melhor sobre esse assunto e não errar mais, confira abaixo alguns exemplos e suas respectivas explicações:

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Nos exemplos acima, morar é um verbo transitivo indireto, pois exige a preposição em (morar em algum lugar). No segundo exemplo, implicar é um verbo transitivo direto, pois não exige preposição (implicar algo, e não implicar em algo). No terceiro exemplo, ir exige a preposição a, o que faz dele um verbo transitivo indireto. Na forma padrão, a oração “Isso implica em mudança de horário” não está correta.

Vamos ver exemplos de alguns verbos e entender como eles são regidos. Alguns, conforme o seu significado, podem ter mais do que uma forma de regência.

1. Assistir a) com o sentido de ver exige preposição: Que tal assistirmos ao filme? b) com o sentido de dar assistência não exige preposição: Sempre assistiu pessoas mais velhas. c) com o sentido de pertencer exige preposição: Assiste aos prejudicados o direito de indenização.

No último

quadrinho Calvin fala corretamente "assistir ao vídeo"

2. Chegar O verbo chegar é regido pela preposição “a”:

Chegamos ao local indicado no mapa. Essa é a forma padrão. No entanto, é comum observarmos o uso da preposição “em” nas conversas informais, cujo estilo é coloquial: Chegamos no local indicado no mapa.

3. Custar a) com o sentido de ser custoso exige preposição: Aquela decisão custou ao filho. b) com o sentido de valor não exige preposição: Aquela casa custou caro.

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4. Obedecer O verbo obedecer é transitivo indireto, logo, exige preposição:

Obedeça ao pai! Na linguagem informal, entretanto, ele é usado como verbo transitivo direto: Obedeça o pai!

5. Proceder a) com o sentido de fundamento é verbo intransitivo: Essa sua desconfiança não procede. b) com o sentido de origem exige preposição: Essa sua desconfiança procede de situações passadas.

6. Visar a) com o sentido de objetivo exige preposição: Visamos ao sucesso. Na variante coloquial, encontramos o verbo sendo utilizado sem preposição, ou seja, como verbo transitivo direto: Visamos o sucesso. b) com o sentido de mirar não exige preposição: O policial visou o bandido à distância.

7. Esquecer O verbo esquecer é transitivo direto, logo não exige preposição:

Esqueci o meu material. No entanto, na forma pronominal, deve ser usado com preposição: Esqueci-me do meu material.

8. Querer a) com o sentido de desejar não exige preposição: Quero ficar aqui. b) com o sentido de estimar exige preposição: Queria muito aos seus amigos.

9. Aspirar a) com o sentido de respirar ou absorver não exige preposição: Aspirou todo o escritório. b) com o sentido de pretender exige preposição: Aspirou ao cargo de ministro. SUGESTÃO DE VIDEO AULA

https://www.youtube.com/watch?v=6XKV-a4kYkU&feature=youtu.be (como ler e entender – vidas

secas de Graciliano Ramos)

https://www.youtube.com/watch?v=3shsFZRYfN0&feature=emb_rel_end (resumo da obra vidas secas

de Graciliano Ramos)

https://www.youtube.com/watch?v=qNP-nIrT1PY&feature=youtu.be (prosa da segunda fase do

modernismo)

https://www.youtube.com/watch?v=oziOOkwah2E (regência verbal)

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA ELIZÂNGELA GLÓRIA CARDOSO

Formando jovens, autônomos, solidários e competentes.

ROTEIRO DE ESTUDOS Nº 03 - 3º BIMESTRE/2020

ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

3ª SÉRIE

FOLHA DE ATIVIDADES/RESPOSTAS

Período de realização das atividades: 06/10 a 17/10

Entrega das atividades: 17/10/2020

ESTUDANTE: TURMA:

DISCIPLINA: Português PROFESSOR (A):

LINK DA PRIMEIRA SEMANA

https://forms.gle/GPXzxpHomVhEkcDv7

LINK DA SEGUNDA SEMANA

https://forms.gle/FwM4qCbZW91W4h2q9