Espiral 17

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espiralNº 17 - Outubro / Dezembro de 2004

boletim da associação F R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A S M O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T O

Nasceu Jesus, a herança prometida.Qual Big Bang da nova Criação,Assim o menino Deus, feito nosso irmão.

Encontro da Paz e da Justiça,Da Glória e da Majestade,Da Omnisciência e da OmnipotênciaE da Divindade com a Humanidade.

Shalom com todos os povosEm Deus, Senhor da Criação,Na solidariedade e na comunhão,No bem-estar e no perdão.

Glória a Deus e Paz na Terra!Cantam os anjosAo Rei da Paz que à terra desce.E aos homens de coração renovado.

Zélia

(continua na pág. 2)

Sumár i o :S umár i o :S umár i o :S umár i o :S umár i o :

Quem disse que a escravatura já acabou? 3

Espaço de Partilha 3

Encontro Norte/Litoral | Reflexões 4 - 5

Homenagem ao Pe. Filipe de Figueiredo 6

Rectificação 6

Casa do Gaiato | breves... 7

“Os Novíssimos” 8

Natal

O Prof. Hans Küng celebrou, em 24 de Outubro de 2004, osseus cinquenta anos de sacerdócio com uma missa na cate-dral de Rottenburg. Na homilia que então proferiu, o conhe-cido professor de teologia da Universidade de Tübingen, paraalém duma revisão do que foi a sua vida ao longo deste perí-odo, também define a sua posição relativamente a várias ques-tões, tais como a profissão do padre, o celibato e a sua espe-rança de reforma na Igreja.

Citando uma frase ouvida numa rádio — “Se queres ser felizuma hora, dorme. Se queres ser feliz um dia, vai pescar. Sequeres ser feliz um mês, casa. Se queres ser feliz toda a vida,ama o teu trabalho”— diz que poderia muito bem confirmara quarta afirmação, pois quando alguém desempenha a suamissão, realiza a tarefa da sua vida e ama, então é feliz – comtodas as vicissitudes inerentes, naturalmente.Todo o homem permanece o mesmo ao longo dos anos, masnão é o mesmo. “Isto é também assim com o meu sacerdó-cio e com esta celebração aqui: esta é a mesma de há cin-

HOMILIAHOMILIAHOMILIAHOMILIAHOMILIA

JUBILARJUBILARJUBILARJUBILARJUBILAR

Santo NSanto NSanto NSanto NSanto Natalatalatalatalatalpara cada umde vóse dos vossos!

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quenta anos, mas não é a mesma. Tanta foi a lengalengamedieval e a tralha barroca secundária que deixámos paratrás, tantos foram os constrangimentos do direito canónicode que nos desfizemos. Ganhámos uma nova liberdade esinceridade e não queremos que nos sejam retiradas. Que-remos uma liturgia viva, mas não o liturgismo”.

Falando da liberdade conquistada, diz que foi sempre críticoconsigo mesmo. “Posso assegurar-vos que, ao longo destasdécadas, nunca defendi uma opinião que eu não tivesse es-tudado exaustivamente e exposto maioritariamente por es-crito. Em última análise foi para isso que fui nomeado epara isso tinha tempo. Consequentemente, só muito rara-mente me puderam apontar verdadeiros erros e enganos.Às vezes dizia-se que eu não era suficientemente católico,mais precisamente, não suficientemente católico romano.Mas será que Jesus de Nazaré era católico romano?”

Afirmando que sempre esteve convictamente a favor dumpapado segundo o modelo da figura neo-testamentária dePedro, no início, e da figura de João XXIII hoje, mas quenem com a melhor das boas vontades podia subscrever todosos documentos emanados duma central ditatorial romana, dizmesmo: “hoje estou convicto de que deve haver um planea-mento familiar responsável, a ordenação de mulheres, o re-conhecimento dos ministérios protestantes e da Ceia do Se-nhor e, finalmente, a reunificação das igrejas cristãs sepa-radas”. E acrescenta: “assumo a liberdade, legitimada peloEvangelho, de criticar bispos que, como torcicolos, hoje con-denam o que ontem, como professores ou pastores, defen-deram”.

Partindo da frase que escolheu para a estampa da sua missanova — “Orai também por mim, para que Deus me abra umaporta à palavra, a fim de eu anunciar o mistério de Cristo”(Col 4,3) — considera que os critérios e os fundamentos porque se orienta na vida não são os seus, mas os de Jesus Cris-to, com a sua Boa Nova e a sua actuação. Ao longo da vidaprocurou sempre compreender este mistério. Aprofundou osevangelhos, estudou inúmeras obras de ciências bíblicas.Como capelão dum hospital, analisou, domingo após domingoe perícopa a perícopa, o evangelho de S. Marcos. Refere quedesse estudo muitas novas perspectivas se lhe abriram, mes-mo a respeito de si mesmo e do seu sacerdócio. “Entre ou-tras coisas, revelou-se que o próprio Jesus de Nazaré nãofoi sacerdote como os sacerdotes de oblação do templo. Foium pregador leigo e líder dum movimento de leigos, do qualos sacerdotes se mantiveram à distância. Nas muitas pará-bolas de Jesus, a figura do sacerdote só aparece uma vez e

não como exemplo, mas como dissuasão. É que o sacerdotepassa ao lado da vítima dos ladrões, ao contrário dosamaritano herético. Sacerdotes e escribas combatem Je-sus, especialmente quando ele ousa perturbar-lhes a eco-nomia do templo. Foram os sacerdotes e o sumo sacerdoteque, com o auxílio dos ocupantes romanos, acabaram por olevar à morte”.

Entre aqueles primeiros que chegaram à fé em Jesus morto eressuscitado não estavam certamente sacerdotes. Aliás, paraestes primeiros crentes, o sacerdócio do templo era irrelevante.Relevante era agora o Senhor Jesus crucificado e ressuscita-do. Para eles tornava-se cada vez mais patente que Jesus erao único mediador para chegar a Deus, o único Sumo Sacer-dote. Mas todos se consideravam povo sacerdotal, povo deDeus.Nas primitivas comunidades cristãs de então havia inúmerosserviços, vocações, carismas, ofícios, mas não sacerdotes nosentido dos sacerdotes do templo. Houve, sim, líderes dascomunidades, anciãos (“presbíteros”). E, tal como no judaís-mo, também nas comunidades cristãs os anciãos e os res-ponsáveis das comunidades foram ordenados muitas vezescom oração e imposição das mãos. E esta ordem continuoudepois da morte do apóstolo Paulo compreensivelmente tam-bém nas suas comunidades carismáticas. Tudo era muito sim-ples e singelo no princípio. Também a celebração da Euca-ristia, para a qual se formulava livremente a oração eucarísti-ca — uma oração de acção de graças, de memória e de lou-vor.

“Para este serviço fui ordenado há 50 anos e incumbido doanúncio da palavra, da celebração da eucaristia, da edifi-cação da comunidade na fé. E é isto que significa ser padreno sentido de presbítero: o serviço permanente da orienta-ção da comunidade pela palavra e pelo sacramento no es-pírito e segundo os critérios do Senhor Jesus. Portanto éisto o essencial do sacerdócio e não o que muitas vezes delese fez numa ideologia sacerdotal que segrega o sacerdotedo povo. Muito do que ao longo dos séculos se lhe acres-centou é, na realidade, não essencial. Nestes cinquenta anosque passaram aprendi a distinguir o essencial do não es-sencial para dar à nossa igreja, face à devastadora catás-trofe pastoral que sobre ela se abateu, novos espaços deacção, possibilidades de organização, oportunidades desobrevivência”.Refere a seguir uma série de questões que desde cedo o pre-ocuparam. Mas isso terá de ficar para depois.

[O texto completo pode ler-se em Kirche In, 12/2004, pp. 29-31]

João Simão

(continuação da pág. 1)

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este mundo tão padrasto paraa maior parte dos seus habitantes,encontramos mais de 1.300 milhõesde pessoas que mal vivem com 1euro por dia, e mais de 700 milhõesem situação de extrema pobreza efome. Ao todo são mais de 2 biliõesa viver desumanamente!...

É uma vergonhosa misériaprovocada pela desmedida ambiçãode uns poucos que vivem à farta, es-magando pela fome a maior parte dapopulação mundial. Dado que nãose vislumbram mudanças de siste-mas e de estruturas nacionais e in-ternacionais, os pobres vão continu-ar, de lata na mão, à espera das mi-galhas da mesa dos ricos…

Dizem as estatísticas que 80%das riquezas mundiais estão já nasmãos dos 20% dos ricos, enquantoque aos 80% de pobres só cabem20% das riquezas!... E este fosso dásinais de aumentar, em vez de dimi-nuir. Para se falar de pobreza e ten-tar resolvê-la, fizeram-se, há anos,numa «Cimeira», gastos inconcebí-veis!

Ora leiam: A Dinamarca entroucom 28 milhões de dólares, mais 800mil dólares para combustível, moto-ristas, escolta policial e visitas es-peciais de chefes de Delegações!...A «Volvo» pôs à disposição dessesmembros da «Cimeira» 220limusines!... Como dizia alguém,«uma Cimeira de luxo para falardos pobres no lixo», que terão fica-do apenas com o pó e o gás carbónicoque saído desses motores!...

Na fome do «Terceiro Mundo»pesa muito a corrupção de uns tan-tos que chupam até aos ossos os jámirrados corpos dos cada vez maispobres, sempre cada vez indefesos!Também neste trágico desequilíbriona distribuição das riquezas entram

QUEM DISSE QUE A ESCRAQUEM DISSE QUE A ESCRAQUEM DISSE QUE A ESCRAQUEM DISSE QUE A ESCRAQUEM DISSE QUE A ESCRAVVVVVAAAAATURA JÁ ATURA JÁ ATURA JÁ ATURA JÁ ATURA JÁ ACABOU?!...CABOU?!...CABOU?!...CABOU?!...CABOU?!...as multinacionais monopolistas, au-tênticas fábricas de pobres, bemcomo muitos (só muitos?) políticosque, em vez de servirem as comuni-dades, se servem delas para somarfortunas que se escondem na «trans-parência política»!...

Tudo isto porque se vai perden-do a consciência dos valores huma-nos, do respeito pela liberdade dosoutros, e dos critérios do Evangelho,que já nada parecem dizer a essesresponsáveis...

Isto é uma verdadeira escrava-tura a que os pobres estão sujeitospelos exploradores E esta escrava-tura gera outras, por exemplo, de tipopsicológico, que resvalam para aprostituição, o roubo, a droga, etc.Enfim, uma sucessão de escravatu-ras em cadeia, eufemisticamentechamadas «injustiças sociais» quenada dizem a quem as provoca, epara cuja solução não se vislumbram

perspectivas, porque se pretende ata-car a criminalidade (essa sim, queincomoda), sem se atacar decidida-mente as suas verdadeiras causas.

Não cabe ao simples cidadão,sem poder decisório, resolver estesproblemas na sua raiz, mas ao me-nos todos temos o direito (e o dever)de reclamar justiça e denunciarprepotências geradoras de conflitossociais. E nesta campanha têm de en-trar as Igrejas (por dever de consci-ência e de missão), os políticos (pordever de ofício) e os empresários(por dever de justiça distributiva),porque há gritos que se podem trans-formar em guerras fratricidas, que játodos conhecem em demasia.

Embora com nomes diferentes,e às vezes até equívocos, a antigaescravatura continua hoje, e commuitos mais tentáculos, a sugar agente indefesa!...

Manuel Paiva

N

Espaço de Partilha1. Ninguém é indiferente às necessidades dos outros. Mas, quando os

atingidos são os nossos, os que nos são mais próximos (familiares,companheiros de jornada ou de ideal), certamente nos mobilizamosmais.

2. Sabemos que o movimento tem procurado acorrer a casos concretose, por vezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lo por imperativo deconsciência e para dar cumprimento aos seus Estatutos. Mas procuraque aconteça evangelicamente: “não saiba a tua esquerda o quefaz a tua direita”.

3. Só é possível continuar a acorrer a casos de verdadeira necessidadese tu, se eu, se nós partilharmos também. Por isso, não esperesque te batam expressamente à porta. Decide-te, desde já: partilhacom os outros através do Movimento.

4. Vai já à caixa do multibanco mais próxima e faz uma transferên-ciainterbancária para a conta nº 0033 000045218426660 05. O montanteé apenas da tua conta e de Deus. Irá direitinho para quem precisa!

5. Outra maneira de ajudar a Fraternitas é indicar expressamente nocampo 901 da tua declaração anual de IRS que pretendes que aFraternitas, NIPC 504602136, beneficie de 0,5% do imposto quepagas, sem qualquer encargo adicional para ti.

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página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected] página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas

Gostei muito de participar noEncontro Regional Norte/Litoral quese realizou no Seminário deValadares, no dia 20 de Novembropassado. Apesar da ausência de al-guns que, à última hora, se viram im-possibilitados de comparecer, nãofaltou a habitual fraternidade no aco-lhimento e a salutar abertura no con-vívio e diálogo, no grupo de mais deduas dezenas de sócios presentes.Focarei apenas alguns aspectos quemais me tocaram nessas 7/8 horasem que estivemos juntos.

Começo por assinalar o mo-mento de satisfação, sentida por to-dos, com a chegada do Moreira e daCeleste. O testemunho da sua ale-gria e fidelidade continuam a ser umsinal vivo de que Deus não nos aban-dona na provação.

Também me sensibilizou a in-formação, prestada pela IsabelFernandes, de que dois irmãos nos-sos têm atravessado momentos difí-ceis, no esforço de se enquadraremprofissionalmente na nova situação,após terem sido dispensados do mi-

nistério. Se para a maioria (dos maisantigos…) esse foi um percurso ge-ralmente sem grandes percalços, jápara outros, e pelos motivos maisdiversos, esse recomeçar tem-se re-velado doloroso, a ponto de desafiara capacidade de partilha fraterna danossa Associação.

No tempo expressamente des-tinado às apresentações, por entre“histórias” já mais ou menos conhe-cidas, surge sempre a novidade dosque aproveitam o ambiente propíciodestes pequenos encontros para ex-travasar sentimentos de vivênciasacumuladas. Neste aspecto, tocou--me de modo especial o corajoso esentido depoimento do Joaquim Fer-reira Soares, assim como o testemu-nho de serena aceitação do JoséAlves Rodrigues e da Maria de As-sunção ao falarem-nos do contínuoacto de amorosa doação ao filho, ví-tima de neuropatia.

O almoço foi-nos fraternal-mente servido no refeitório da comu-nidade.

Para o retomar dos trabalhos,

E N C O N T R O N O R T E / L I T O R A Le à guisa de arranque, o Alberto Osó-rio projectou-nos um curtodiaporama intitulado “O Ponto”. Eé que arrancámos mesmo. De inter-rogação, de exclamação/admiração,de discórdia mesmo… aquele “Pon-to” podia ser tudo,menos ponto final.Interpelou-nos, desa-fiou-nos e, sobretu-do, abriu-nos frin-chas de luz para no-vas formas de pensare caminhar. Aquideixo (deixamos) umbem-haja ao Salo-mão Morgado por,uma vez mais, nosacenar com formasdiferentes de reflec-tirmos a nossa reali-dade específica, en-quanto Fraternitas,desembaraçando-nosdo esquema, a seuver demasiado espar-tilhado, com que or-ganizamos os nossosencontros anuais. Asua proposta concre-ta — que já circulaentre alguns sócios — mereceu-nosbons momentos de reflexão, haven-do mesmo quem alvitrasse que fos-se ensaiada por todos aqueles que,com conhecimento prévio, queiramaceitar esse desafio.

Fomos concluir a nossa refle-xão à capela do Seminário, numacurta oração comunitária onde trans-pareceu bem vivo o espírito de Igre-ja que nos anima.

A quem pensou e preparouaquele reconfortante chazinho final,o nosso muito obrigado.

Paulo EufrásioUma parcela dos participantes.

Era evidente a bo

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@netcabo.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected] página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento

1. O encontro do Porto, no seminá-rio da Boa Nova, de 20 de Novem-bro de 2004, correu muito bem! Oencontro de manhã avivou velhasamizades. Separados pela vida,irmanamo-nos no ideal. Afinal, aspreocupações pelos problemas davida actual não são diferentes.

De tarde, o Salomão abriu o debate.O que queremos? Os nossos objec-tivos estão conseguidos. Temos o re-conhecimento, a amizade dos hierar-cas. Só temos de nos portar bem. Nãoprovocar ondas!Foi provocação! A resposta não sefez demorar, sem hesitações. Interes-sa-nos um Fraternitas com vidanova, com opções de risco, capaz decriar situações novas — foi conclu-são assumida.

2. O Salomão levantou uma ques-tão polémica! A “inspiração” aca-bou com o último apóstolo? Ou con-

tinua presente na Igreja, interpelan-do-a como um sinal dos tempos?Hoje, há profetas como noutros tem-pos ou o Espírito Santo abandonoua Sua Igreja?Não podemos falar de abandono.Parece que a Igreja tem medo da ino-vação. O Espírito está presente na

Sua Igreja. Inspira-a e leva-a paraonde quer. Possam os homens abriro coração e a inteligência para ade-rir ao convite do Espírito. Aconte-ceu com João XXIII: convocou oVaticano II. Acontece sempre, quan-do se arrisca. “Eis que faço novastodas as coisas” — é palavra de sem-pre. Temos de correr o risco.

3. Caminhos novos se abrem à Igre-ja. Os homens da Igreja sempre op-taram pela segurança, pela paz etranquilidade das suas posições in-telectuais e pastorais. O Espírito in-comoda. Os homens preferem viver

na míngua de ministros, deixam oscristãos quase abandonados,carenciados da celebração domini-cal. As tradições condicionam a prá-tica pastoral...

4. E a vida e situação dos ministrosque têm de percorrer longas distân-cias para assistirem algumas comu-nidades? Depois, que celebrações?Qual a seriedade? Qual o gosto ealegria pela presidência? Que teste-munho se dá na comunicação da pa-lavra? Qual a novidade? Que jovia-lidade?

5. Sem dúvida que a presente situa-ção convida a Igreja a uma reflexão.Que Igreja para o nosso tempo? Umaestrutura tradicional, administrativa?Quando é que nos damos conta queestamos em zona de missão? É maisfácil fechar os olhos? Mantemos acelebração eucarística pelos mortos,esquecendo a realidade humana e so-cial que nos cerca? Jesus veio paraque tivéssemos “vida em abundân-cia... plena, cheia de graça e verda-de”, já neste mundo, para conviver-mos como ressuscitados. E a Igrejacontinua a administrar os sacramen-tos, verdadeiros e autênticos sinaisda presença do Deus Salvador. Nós,testemunhas desse amor, na nossafraqueza de viandantes, testemunha-mos, em vasos de barro, esse amorinfinito.

6. A reflexão dessa tarde foi rica.Partilho, para que a nossa alegriaseja mais perfeita. O bom Jesus queestá para vir nos abra o coração.Com entusiasmo, adiramos ao con-vite e arrisquemos por novas vias...

Santa Paz! Santo Natal! Sauda-ções fraternas!

J. Soares01.12.2004

R E F L E X Õ E SR E F L E X Õ E SR E F L E X Õ E SR E F L E X Õ E SR E F L E X Õ E S

a disposição entre os participantes no encontro do Seminário da Boa Nova.

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Vila Pouca de Aguiar enaltece e perpetua no bronzea memória do Dr. António Gil

diferentes segundo os condicio-nalismos (níveis) de cada um(inclusivamente orientador) — his-tória, linguística, comunicação, etc.Como foi brilhante o orientador nasemântica das luzentes palavras daRessurreição!...

Com algumas interrogações noar... sempre concluímos que a res-surreição implica o “Eu” todo e quea morte é a nossa consagração ao di-vino. E Deus como Juiz? — só parasalvar, concluímos. Por isso o infer-no é uma possibilidade... Mas quan-to ao céu é uma realidade — viverem Deus.

Desculpem o desabafo — fiqueimais convicto de que a minha espo-sa com quem vivi em alegria 45 anosestá vivendo em Deus junto da mãede Jesus Cristo.

* * *

No final todos concluímos:

- Foi bom, foi óptimo. Continuamoscom uma direcção excelente.

- Estas ideias, algumas renovadas eoutras novas... de raiz, vieram emtempo oportuno e caíram, julga-mos, em terra boa.

- Como Fraternitas/Movimento ago-ra falou-se mais de... mortos.

- Não seria movimento louvável fa-lar, pedir a quem de direito, me-nos missas pelos mortos e mais ac-ções pelos vivos caídos nas ruelasou armazenados em lares por es-tarem “fora de validade”?

Manuel Nabais

Homenagem ao Padre Filipe de Figueiredo

A Câmara Municipal de Estar-reja dedicou a sua Semana Culturaldeste ano ao nosso Padre Filipe deFigueiredo, no 1º aniversário do seupassamento.

Decorreu entre os dias 28 deNovembro e 8 de Dezembro. Tevediversos e variados actos: celebra-ção Eucarística, exposição evocativada sua vida, escritura pública daFundação Cónego Filipe deFigueiredo, diversas comunicações(conferências) seguidas de debates,momentos musicais.

Entre os participantes, duas co-municações foram feitas por mem-bros da Fraternitas. No dia 1 deDezembro, no Biblioteca Municipalde Estarreja, pelas 14H30, o Fran-cisco Sousa Monteiro apresentou otema “Cónego Filipe de Figueire-do: A pastoral dos Ciganos — soli-dariedade humana e cristã”. No dia

4 de Dezembro, à mesma hora, oJoão Evangelista Simão, nosso pre-sidente, proferiu, na Biblioteca Mu-nicipal de Estarreja, a sua comuni-cação intitulada “A Fraternitas —Associação de Padres Dispensados:o seu papel na Sociedade, no Mun-do e na Igreja, o envolvimento doCónego Filipe de Figueiredo”.

Registamos o evento, que, pelamaneira como o município deEstarreja o planeou e concretizou,manifesta o valor (que nós bem co-nhecemos!) e a extraordinária emultifacetada personalidade do nos-so querido padre Filipe.

Independentemente do número depessoas directamente atingidas poresta Semana Cultural, sobressai epermanece a homenagem que umaautarquia, nestes tempos de arrepiodo religioso, quis prestar a um seuilustre filho.

Na notícia inserta na página 3do número anterior do espiral, faz--se menção da ausência do SenhorBispo da diocese de Vila Real, nacelebração eucarística de Acção deGraças.

Recebemos nota do Sr. Vigário-geral da diocese, Pe. Dr. CastroFontes, informando-nos de quedeveria ter havido qualquer lapso decomunicação, pois o Sr. Pe.Sebastião Esteves, pároco da Vila,Arcipreste, natural da mesma regiãodo Pe. António Gil, fora incumbido

de presidir à mesma em nome e emrepresentação do senhor Bispo deVila Real, dado ter lugar, no mesmodia 20 de Junho, a entrada solene deD. António Marto, em Viseu, comonovo prelado dessa diocese.

Como cumpre, gostosamenteprocedemos à rectificação.

Apenas acrescentamos que aEucaristia em Vila Pouca aconteceuàs 10 horas da manhã e a cerimóniaem Viseu teve lugar de tarde. Só nãotemos a certeza de, na altura, o IP2já estar aberto ao trânsito.

(continuação da pág. 8)

“OS NOVÍSSIMOS”

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Paz para ele e consolação aos seus.

l CASAMENTO (a):O Rogério Leal Marques e a Alda Pe-reira Henriques, sócios da nosso Movi-mento, no passado dia 2 de Outubro,foram abençoados pelo Sacramento doMatrimónio, em Fátima.Parabéns!

l CASAMENTO (b):Também tivemos conhecimento que aSusana Angélica, filha do Boaventura eda Maria Angélica, contraiu matrimó-nio com Paulo Cunha. Aconteceu no dia23 de Outubro passado, em Lavra.Felicidades aos noivos!

l NOVO REBENTO:Congratulamo-nos com o AntónioRegadas e a Carla, pelo nascimento dasua filhinha, Matilde, que viu a luz dodia no passado 14 de Outubro.Aos pais babados, e à menina, os nos-sos parabéns!

l NETOS (a):Os nossos associados, Marques de Sou-sa e Manuela Frada, estão naturalmen-te muito felizes pelos netinhos que vi-

b rb rb rb rb r eeeee vvvvv e se se se se s . . .. . .. . .. . .. . . ram a luz do dia no passado 4 de Ju-nho, os gémeos David e Sara.Vida longa e venturosa .

l NETOS (b):Também o Artur Oliveira e aAntonieta estão muito gratos a Deuspelo dom de mais dois netinhos: oArtur, nascido em 21 de Junho, e oPedro, nascido em 8 de Outubro.Felicidades.

l DOENÇAS:Têm sido bastantes os que, nos últi-mos tempos, se viram a braços comproblemas de saúde, uns mais gravesque outros, alguns com necessidadede operações.Indicam-se apenas os nomes: Mar-ques de Sousa (com melhoras acen-tuadas), Maria José, esposa do Fran-cisco Monteiro (operada), José AlvesCarneiro (operado), Maria Emília, es-posa do Horácio Fernandes (proble-mas abdominais); também a mãe daMargarida, esposa do Osório, tem vis-to o seu estado de saúde agravar-se(problemas abdominais).Unamo-nos na oração por todos.

Casa do Gaiatobrio educacional e psicológico docrescimento. Não bastam condiçõesmateriais. Só os laços educam, cri-am afecto.

Sei que há problemas. Noutrostempos acompanhei de perto crian-ças nessa situação. Era difícil! E sótinha preocupações lúdicas nuns es-tritos quinze dias. Educar, educarpara a vida, com a aprendizagem detodo o necessário para se defende-rem na vida é bem mais custoso. OsPadres da rua abraçaram esta difícilsituação. É sonho! É utopia!

enho acompanhado o que temvindo a público sobre o assun-to.

Não aceito de mão beijada o queestá sendo divulgado. Há uma reali-dade social, que é o ambiente nor-mal donde provêm estas crianças.Todas são marcadas negativamentepor uma vida dura, muitas vezes de-sumana.

Pai Américo sonhou uma vidade família para estas crianças. To-das têm direito a uma família. A so-ciedade preocupa-se com o secundá-rio, esquece ou ignora que só umambiente de ternura dará o equilí-

Daqui saúdo esses padres. Nãotêm vida fácil. Sabem o que abraça-ram. Sabem em quem confiam. Apedagogia que praticam é humana.Os padres e todos os servidores es-tão sujeitos ao erro. São humanos.O importante é que não desviem osolhos dos objectivos que os motivam.

Termino com uma oração pelaperseverança desses padres e pelasua coragem evangélica ao serviçodos mais pobres.

J. Soares01.12.2004

T

l PERMUTA:Recebemos mais um número do jor-nal “Rumos” (nº 189 - Ano XXII -Novº/Dezº de 2004), da “AssociaçãoRumos – Movimento das Famíliasdos Padres casados no Brasil”. É umapublicação bimestral com muito inte-resse e variados artigos ao longo dassuas doze páginas.Agradecemos e daqui lhes enviamosum abraço muito caloroso no Senhorque veio para todos (Gal 3,28) e a to-dos salva.

l FALECIMENTO:No passado dia 11 de Novembro, fa-leceu Alexandre Herculano Ferreira,irmão do Sampaio Ferreira. em cujacasa se encontrava, em fase final deuma longa convalescença. Emigran-te nos EUA, para onde esperava re-gressar em breve, foi acometido desúbita e fatal crise de asma. Acabavade assar as castanhas para, em famí-lia, comemorar o São Martinho.

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espiralRua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO

e-mail: [email protected]

boletim daassociação fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento

Responsável: Alberto Osório de Castro

Nº 17 - Outº/Dezº de 2004

A Associação Fraternitas / Movimento propor-cionou aos seus associados mais um curso de actualiza-ção teológica.

O tema difícil e complexo de abordar motivou 73sócios(as) ávidos(as) dos novíssimos ensinamentos acer-ca dos “velhos novíssimos” (se assistiu não leia mais,de certo compreendeu mais e melhor). Este registo é sópara constar no percurso da Fraternitas que não é umaassociação qualquer de amigos — também é isso, mastornou-se primordialmente num testemunho de viver emIgreja.

Realizou-se em Fátima. É lá a sede. Foi lá que osaudoso Padre Filipe por intercessão de Maria conse-guiu que alguns “subversivos” (da ordem eclesiástica)reafirmassem oSIM à Mãe Igre-ja.

O orientadordo curso foi o jo-vem Padre Dr.António Couto,ilustre professorde teologia bí-blica na UCP.

C o m e ç o upelo Amor Divi-no — lendo e in-terpretando nabíblia a criaçãodo Mundo e acriação do Ho-mem.

Na comuni-cação — clara,precisa e apo-díctica, entrela-çava amiúde asnormas da igre-ja (D.V. 12 - Vat.II): «os textos devem ser lidos e interpretados com omesmo espírito de quem os escreveu (escritor e época)e deve estar atento à “analogia da fé”».

Ora, dado o seu à vontade com a terminologia lati-na, grega e hebraica deu-nos ideias lógicas e bem “la-vadas” nas fontes do génesis e outras que muito ajuda-ram a reaprender e a reflectir nomeadamente na pleni-tude da criação — o Homem. Deus o criou por amor,por amor o conserva e por amor lhe deu e dá as coisasdo mundo criado para que livremente as domine.

O amor, a nível divino e a nível humano naradicalidade foi reanalisado até à exaustão.

A conclusão decorreu em coerência — Deus é amor.Amamos porque nos amou primeiro. Só quem se senteamado se converte ao amor. Amando o irmão amo aDeus. Vejo o irmão, vejo Deus (Clemente de Alexandria- séc. II).

O Amor é a única chave da vida.A assistência ficou satisfeita — tinha mais luz no

“cérebro” e mais doçura no “coração”.

* * *Nas sessões ulteriores abordaram-se os temas fortes

dos novíssimos — Morte/Juízo/Inferno/Ressurreição eCéu. Os correspondentes termos andavam “num virote”a serem analisados e interpretados nas culturas daMesopotâmia, do Egipto e da Grécia em confronto comas do povo hebreu — na Bíblia e com os critérios da

sua leitura. Não raros foram aindaanalisados à luz da cultura e ciênciacontemporânea.

Assim estes termos iam sendoinevitavelmente joeirados de modos

Curso de actualização Teológica

“ O S N O V Í S S I M O S ”

(continua na pág. 6)

Estavam ali quase todos os participantes: foi muito árduo juntar o “rebanho”!...

Uma pausa para descontracção...