Espiral 23

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Sumár io :

Encontro ou descoberta

ENCONTRO

OU DESCOBERTA?

N.º 23 - Abril / Junho de 2006

boletim da associação FRAFRAFRAFRAFRATERNITTERNITTERNITTERNITTERNITASASASASAS MOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTOMOVIMENTO

Quando este boletim chegar às vossas mãos,alguns estarão de férias, outros ainda não. Haveráquem tenha ido ao nosso Encontro anual emFátima, de 28 de Abril a 1 de Maio, e quem nãotenha podido ir, pelas mais variadas razões.

Para os primeiros, estas linhas talvez sejammotivo para recordar, ou para discordar... Paraos que não foram, podem ser um meio decompartilharmos o que vivemos naqueles dias.

Alguma coisa de novo se passou nesteEncontro, e sinto nisso uma grande alegria, secalhar injustificada, mas, mesmo assim, muitosincera. Porque creio que houve algumadescoberta, um pequeno passo no nossocontinuado caminhar, que terá de ser seguido pormuitos outros. Até porque quisemos, desde aprimeira hora, ser “Movimento”, e não piedosa“associação” apenas. E movimento implica quenunca estejamos instalados, parados,conformados. Exige que façamos caminhada,umas vezes alegremente, outras talvez comsofrimento, mas sem desanimar.

No encontro vivemos a intensa alegria dapartilha, das conversas para saber como estamosuns e outros, para nos edificarmos, animarmos eajudarmos mutuamente. Ninguém duvida, creio,que essa é uma das mais importantes vertentesdos nossos encontros, porque nos sentimospróximos uns dos outros, mas a vida de cada umdecorre fisicamente longe da maioria dos outros.E nesta altura é excelente podermos contar tudoo que nos vai cá por dentro, quer seja alegria eesperança, quer seja dificuldade e angústia. Comoirmãos, dado que, por alguma razão, quisemoschamar-nos Fraternitas!

Mas algo de novo se passou desta vez.Porque duma maneira geral, e passados os

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primeiros encontros em que cada um contou asua história de vida, o modelo das nossas reuniõesanuais assentava em ouvirmos uma personalidadecompetente a falar-nos de algum tema, dandodepois um curto espaço de tempo para a reflexãoe o diálogo, em grupos ou não. Eu diria que eramencontros um pouco “passivos”, estávamos numaatitude de espectadores mais do que interventores,recebíamos mas não dávamos muito.

Desta vez o encontro foi mais interactivo.Duas manhãs completas foram dedicadas a umapartilha sobre um tema enunciado muito breve-mente, apenas para orientar a discussão, e estarealizada em pequenos grupos, de cinco a oitoparticipantes. De notar que os sete grupos foramcompletamente aleatórios, formados apenasconsoante a cor da cartolina que cada um extraíadum saco. Como curiosidade, apenas um casalse encontrou no mesmo grupo!

Na manhã de sábado, o tema foi: “Qualdeve ser a atitude do Movimento em relação àIgreja/Instituição?” (proposto pelo Carlos Leonel).Na segunda manhã, eu próprio lancei para aconsi-deração dos grupos: “Natureza e missãodo Movimento”.

Esta dinâmica, que a todos pareceuinteressante e oportuna, fez com que houvessever-dadeira partilha. Os grupos eramsuficientemente pequenos para que todos falassemmais que uma vez, e não sucedecesse que só osmais faladores monopolizassem a discussão.

Num inquérito, e na avaliação que fizemosmais tarde, o sentimento geral era que devíamosenveredar por este caminho no Encontro de Abri/Maio, muito mais activo e interpelador que a meraescuta de temas dados por especialistas. Estaoutra vertente é indicada para os “cursos” deactualiza-ção bíblica ou teológica, no final do ano.

Penso que foi uma verdadeira descoberta,esta nova maneira de encararmos a nossa estadiaem Fátima. Porque as conversas à mesa, noscorredores, no café ou nas idas à Capelinha dasAparições são muito boas e fazem-nos imensobem, mas normalmente não nos permitemaprofundar muito o que somos e vivemos.

CONVERSA COM DCONVERSA COM DCONVERSA COM DCONVERSA COM DCONVERSA COM D. JANUÁRIO. JANUÁRIO. JANUÁRIO. JANUÁRIO. JANUÁRIONa tarde de Domingo e na manhã de 1º de

Maio, D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das ForçasArmadas, brindou-nos duas comunicações, aprimeira com o tema “Sentido de 10 anos doMovimento. Que testemunhamos?”, e a segunda

“Em ordem ao futuro. Que realizar?”.Sem pretensão de resumir o que nos disse,

em tom coloquial, descontraído e amigo,compartilho três pontos interpelativos:

Primeiro, o nosso Movimento deve serconstituído por lares adultos de baptizados, emdiálogo constante com a Igreja, incluindo adisponibilidade para o serviço pastoral que ela nossolicite. Devemos caracterizar-nos pela corageme pela fé, e insistir no aprofundamento comunitáriodaquilo que constitui um casal, testemunhando umgrande sentido de felicidade, pautado pelaseriedade e pela fraternidade entre todos,sobretudo nos momentos difíceis. A «Fraternitas»tem que tornar bem visível o sentido daresponsabilidade, da inquietação, da exigência eda total recusa ao marasmo inoperante e cómodo.

Segundo, devemos amar o mundo, não fugirdele. E merecem a nossa maior atenção epreocupação três estruturas em que estamosprofundamente mergulhados: as relaçõesprofissionais, a família e a cultura.

Dizia D. Januário que precisamos de estarinformados e formados. Temos que cultivar o bomhumor, a alegria, o optimismo, olhando para omundo em transformação com sentido positivo.Acentuou fortemente a necessidade de termostempo para a família, sobretudo para os filhos.Sublinhou ainda formas de intimidade nos casaisque nós somos, que por vezes podem estar umpouco esquecidas: a oração em casal, porexemplo. Se não rezamos e não falamos em casal,estamos a perder algo de muito importante. Éverdade que fomos habituados a uma oração detipo funcionalista, e isto custa a ultrapassar, mas

(Continuação pag 1)

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SENTIR (COM) A IGREJA«Eu estarei convosco até

ao fim dos tempos»! Éesta a Igreja (Conciliar…)fundada por Jesus Cristo e,logo, a seguir, confirmada evivificada pela força e sopro oSeu Espírito, que queremosseguir. «Só Ele é o Verbo».Seguindo a doutrina e o exemploda Sua vida, a Igreja temassumido, como lema e na vidaprática, como se sabe, o prin-cípio da «opção pelos maispobres».

O Papa Bento XVI, na suaprimeira encíclica, «Deus Caritasest», publicada em 25.01.06,recordou o que havia dito nahomilia da celebração do iníciodo seu pontificado. Sublinhou acarência de amor de que sofreo homem, errando por tantos“desertos” do nosso tempo: «odeserto da pobreza, da fome eda sede; do abandono, dasolidão e do amor destruído»;

por outro lado: «o deserto daobscuridade de Deus, doesvaziamento das almas, queperderam a consciência da suadignidade e do caminho dohomem». E aponta a solução:«Só o amor, que vem de Deus,pode saciar e fortalecer ohomem nestes desertos»!

A Igreja tem criado váriosinstitutos para (cor)respon-derem, no possível e segundo ostempos e as circunstâncias, aalguns problemas, como: “Corunun”, “Caritas”, “ConselhoPontifício para a Paz e Justiça”,“Ajuda a Igreja que Sofre” eoutros. «Não é legítimo esque-cer as inúmeras obras de carida-de que, a partir da Igreja, têmcontribuído para o desenvolvi-mento da sociedade como factorimportante de promoção profis-sional e social», afirmou, recen-temente, o Presidente das IPSS.

Também, por ocasião do“Contributo Penitencial”, todasas dioceses destinaram todo, ougrande parte, do seu valor paraas Comunidades Lusófonas eda América Latina!...

precisamos de o fazer. Comocomunidade conjugal devemosabrir-nos a outros casais epartilhar com eles delicadeza,afecto e ternura.

Terceiro, quanto ao nossofuturo, precisamos de continuarbem no interior da Igreja, masestando sobretudo no mundo,ao serviço dos pobres e dos quemais precisam de ajuda ecompreensão. E temos queencarar os futuros absolutos e ospossíveis (ainda que impro-váveis). E estes devem ser a nossagrande esperança. E se possível,chamemos outros a discutirconnosco, a dialogar, a entre-ajudar.

O Encontro lançou-nosdesafios, e não vamos fingir quenada se passou. A descobertadeste Encontro tem que nos fazeravançar fortemente ancoradosna Fé, mas jubilosamente impe-lidos pela Esperança.

A todos umas boas Férias,e até sempre!

Espaço de Partilha

1.1.1.1.1. Ninguém é indiferente às necessidades dos outros. Mas,quando os atingidos são os nossos, os que nos são maispróximos (familiares, companheiros de jornada ou de ideal),certamente nos mobilizamos mais.

2.2.2.2.2. Sabemos que o movimento tem procurado acorrer acasos concretos e, por vezes, dramáticos. A Fraternitas fá-lopor imperativo de consciência e para dar cumprimento aosseus Estatutos. Mas procura que aconteça evangelicamente:“não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita”.

3 .3 .3 .3 .3 . Só é possível continuar a acorrer a casos deverdadeira necessidade se partilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos tambémpartilharmos também. Por isso,não esperes que te batam expressamente à porta. Decide-te,desde já: partilha com os outros através do Movimento.

4.4.4.4.4. Vai já à caixa do multibanco mais próxima e faz umatransferência interbancária para a conta nº 00330033003300330033000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05000045218426660 05. O montante é apenas da tuaconta e de Deus. Irá direitinho para quem precisa!

5.5.5.5.5. Também podes depositar na mesma conta bancária ovalor da quota anual de sócio: 30 euros - casal; 20 euros -pessoa singular!

Vasco FernandesVasco FernandesVasco FernandesVasco FernandesVasco Fernandes

Jose da silJose da silJose da silJose da silJose da silvvvvva pinta pinta pinta pinta pintooooo

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Há quase quatro anos,Há quase quatro anos,Há quase quatro anos,Há quase quatro anos,Há quase quatro anos,

a 20 de Fevereiro dea 20 de Fevereiro dea 20 de Fevereiro dea 20 de Fevereiro dea 20 de Fevereiro de

2002, o Conselho Central2002, o Conselho Central2002, o Conselho Central2002, o Conselho Central2002, o Conselho Central

dos Muçulmanos nados Muçulmanos nados Muçulmanos nados Muçulmanos nados Muçulmanos na

Alemanha (ZMD)Alemanha (ZMD)Alemanha (ZMD)Alemanha (ZMD)Alemanha (ZMD)

publicou uma declaraçãopublicou uma declaraçãopublicou uma declaraçãopublicou uma declaraçãopublicou uma declaração

de princípios a respeitode princípios a respeitode princípios a respeitode princípios a respeitode princípios a respeito

da posição dosda posição dosda posição dosda posição dosda posição dos

muçulmanos face aomuçulmanos face aomuçulmanos face aomuçulmanos face aomuçulmanos face ao

estado e à sociedade,estado e à sociedade,estado e à sociedade,estado e à sociedade,estado e à sociedade,

declaração essa quedeclaração essa quedeclaração essa quedeclaração essa quedeclaração essa que

nem só para anem só para anem só para anem só para anem só para a

Alemanha é relevante.Alemanha é relevante.Alemanha é relevante.Alemanha é relevante.Alemanha é relevante.

Kirche In documenta esta documenta esta documenta esta documenta esta documenta esta

interessante “Cartainteressante “Cartainteressante “Cartainteressante “Cartainteressante “Carta

Islâmica” que responde aIslâmica” que responde aIslâmica” que responde aIslâmica” que responde aIslâmica” que responde a

muitas questões, e deixamuitas questões, e deixamuitas questões, e deixamuitas questões, e deixamuitas questões, e deixa

outras em aberto.outras em aberto.outras em aberto.outras em aberto.outras em aberto.

Na introdução à CartaIslâmica escreve o

presidente do ZMD, Dr. NadeemElyas: «O Islão não é umfenómeno novo na Alemanha,sobretudo não é um fenómenotransitório. Vivem na Alemanhamais de 3,2 milhões de muçul-manos, muitos deles já deterceira e quarta geração. Amaior parte identifica-se com asociedade alemã e irá permane-cer sempre na Alemanha. (…)

A sociedade maioritáriatem o direito de saber qual é aposição dos muçulmanos noque concerne aos fundamentosdeste estado de direito, à suaconstituição, à democracia, aopluralismo e aos direitos huma-nos. Embora eles tenham, porvezes, tratado estes temas, de-vem à sociedade maioritária umaresposta abrangente, claramenteformulada e obrigatória. Estedéfice tornou-se evidente,

sobretudo, no debate que seseguiu ao 11 de Setembro».

Islão, religião da paz.Islão, religião da paz.Islão, religião da paz.Islão, religião da paz.Islão, religião da paz.“Islão” significa simulta-

neamente paz e dedicação. OIslão vê-se como religião na qualo homem, dedicando-se livre-mente a Deus, alcança a pazconsigo mesmo e com o mundo.Historicamente o Islão é, a pardo judaísmo e do cristianismo,uma das três religiões mono-teístas mundiais originárias dopróximo oriente e, porque está nacontinuação da cadeia darevelação divina, tem muito emcomum com elas.

Acreditamos no DeusAcreditamos no DeusAcreditamos no DeusAcreditamos no DeusAcreditamos no Deusmisericordioso.misericordioso.misericordioso.misericordioso.misericordioso.

Os muçulmanos crêem emDeus, a quem, como os cristãosárabes, chamam “Allah”. Ele, oDeus de Abraão e de todos osprofetas, o uno e único, queexiste por si mesmo fora dotempo e do espaço, acima detoda a definição, transcendentee imanente, justo e misericor-dioso, na sua omnipotência criouo mundo e irá mantê-lo até aoúltimo dia, o dia do juízo.

Corão éCorão éCorão éCorão éCorão érevelação verbalrevelação verbalrevelação verbalrevelação verbalrevelação verbalde Deus.de Deus.de Deus.de Deus.de Deus.

Os muçul-manos acreditamque Deus se reveloumuitas vezes atravésdos profetas e, porfim, no século VII docalendário ociden-tal, se revelou aMaomé, o «selo dosprofetas». Esta reve-

O QUE OS MUÇULMANOS DEFENDEM

NO OCIDENTE

lação, a autêntica palavra deDeus, encontra-se no Corão,que foi explicado por Maomé. Assuas sentenças e normas deconduta estão consignadas nachamada Suna. Ambos emconjunto constituem a base dafé islâmica, do direito islâmico edo modo de vida islâmico.

AAAAAcreditamos nos profe-creditamos nos profe-creditamos nos profe-creditamos nos profe-creditamos nos profe-tas do Deus uno.tas do Deus uno.tas do Deus uno.tas do Deus uno.tas do Deus uno.

Os muçulmanos veneramtodos os profetas que prece-deram Maomé, entre os quaisMoisés e Jesus. Acreditam que oCorão restabeleceu e confirmoua verdade original, o monoteís-mo puro não só de Abraão, masde todos os enviados de Deus.

Homem presta contasHomem presta contasHomem presta contasHomem presta contasHomem presta contasno último dia.no último dia.no último dia.no último dia.no último dia.

Os muçulmanos acreditamque o homem, porque temvontade livre, é o único respon-sável pelos seus actos e delespresta contas no último dia.

Muçulmano e muçul-Muçulmano e muçul-Muçulmano e muçul-Muçulmano e muçul-Muçulmano e muçul-mana têm projectos de vidamana têm projectos de vidamana têm projectos de vidamana têm projectos de vidamana têm projectos de vidaiguais.iguais.iguais.iguais.iguais.

O muçulmano e a

página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected] * página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento *

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muçulmana têm como projectode vida reconhecer Deus, servi-l’O e cumprir os Seus manda-mentos. Este é também ocaminho para a consecução daigualdade, liberdade, justiça,fraternidade e do bem-estar.

Cinco colunas do Islão.Cinco colunas do Islão.Cinco colunas do Islão.Cinco colunas do Islão.Cinco colunas do Islão.Deveres fundamentais dos

muçulmanos são as cincocolunas do Islão: a profissão defé, a oração cinco vezes por dia,o jejum no mês do Ramadão, ocontributo obrigatório (zacat) ea peregrinação a Meca.

Islão é, simultanea-Islão é, simultanea-Islão é, simultanea-Islão é, simultanea-Islão é, simultanea-mente fé, ética, ordemmente fé, ética, ordemmente fé, ética, ordemmente fé, ética, ordemmente fé, ética, ordemsocial e modo de vida.social e modo de vida.social e modo de vida.social e modo de vida.social e modo de vida.

O Islão nem é umadoutrina que nega o mundo,nem uma doutrina puramenterelacionada com este mundo,mas um meio caminho entre osdois. Enquanto orientados paraDeus os muçulmanos sãoteocêntricos; mas o que seprocura é o melhor de ambos osmundos. Por isso o Islão ésimultaneamente fé, ética,ordem social e modo de vida.Onde quer que estejam, osmuçulmanos são convidados acontribuir activamente para obem comum e a serem solidárioscom os irmãos e irmãs na fé emtodo o mundo.

PPPPPara o Islão não estáara o Islão não estáara o Islão não estáara o Islão não estáara o Islão não estáem jogo a abolição daem jogo a abolição daem jogo a abolição daem jogo a abolição daem jogo a abolição dariqueza.r iqueza.r iqueza.r iqueza.r iqueza.

O Islão procura a elimina-ção da pobreza. Protege apropriedade privada subor-dinada à comunidade e aoambiente, e fomenta a iniciativae responsabilidade empresariais.

A lei islâmica obriga osA lei islâmica obriga osA lei islâmica obriga osA lei islâmica obriga osA lei islâmica obriga osmuçulmanos na diáspora.muçulmanos na diáspora.muçulmanos na diáspora.muçulmanos na diáspora.muçulmanos na diáspora.

Os muçulmanos podemresidir em qualquer país, desde

que possam cumprir os seusdeveres religiosos. Em princípio,a lei islâmica obriga osmuçulmanos na diáspora aacatarem as normas jurídicaslocais. Neste sentido, a

concessão de vistos, aautorização de residência e anaturalização valem comocontratos que devem serrespeitados pela minoriamuçulmana.

Muçulmanos aceitam aMuçulmanos aceitam aMuçulmanos aceitam aMuçulmanos aceitam aMuçulmanos aceitam aordem consti-tucional deordem consti-tucional deordem consti-tucional deordem consti-tucional deordem consti-tucional deseparação de poderes, doseparação de poderes, doseparação de poderes, doseparação de poderes, doseparação de poderes, doestado de direito eestado de direito eestado de direito eestado de direito eestado de direito edemocrática, garantidademocrática, garantidademocrática, garantidademocrática, garantidademocrática, garantidapela constituição.pela constituição.pela constituição.pela constituição.pela constituição.

Quer sejam cidadãosalemães ou não, osmuçulmanos representados noConse-lho-Central aceitam aordem fundamental daRepública Federal Alemã,garantida pela consti-tuição, deseparação de poderes, doestado de direito e democrática,incluindo o pluralismo departidos, o direito de voto activoe passivo para as mulheres, bemcomo a liberdade de religião. Por

isso também aceitam o direito demudar de religião, de ter outraou mesmo nenhuma religião. OCorão proíbe qual-querexercício de violência e qualquercoacção em questões de fé.

Nós não pretendemosNós não pretendemosNós não pretendemosNós não pretendemosNós não pretendemosa criação dum «estado dea criação dum «estado dea criação dum «estado dea criação dum «estado dea criação dum «estado deDeus» clerical.Deus» clerical.Deus» clerical.Deus» clerical.Deus» clerical.

Pelo contrário, saudamos osistema da República FederalAlemã, onde estado e religião serelacionam mutuamente emharmonia.

Não há contradiçãoNão há contradiçãoNão há contradiçãoNão há contradiçãoNão há contradiçãoentre a doutrina islâmica eentre a doutrina islâmica eentre a doutrina islâmica eentre a doutrina islâmica eentre a doutrina islâmica eo conteúdo fundamental doso conteúdo fundamental doso conteúdo fundamental doso conteúdo fundamental doso conteúdo fundamental dosdireitos humanos.direitos humanos.direitos humanos.direitos humanos.direitos humanos.

Entre os direitos individuaisconcedidos por Deus e ancora-dos no Corão e o conteúdonuclear da declaração ocidentaldos direitos do homem não háqualquer contradição. A inten-cional protecção do indivíduocontra qualquer abuso da forçaestatal também é por nósdefendida. O direito islâmicomanda tratar de igual modo oque é igual e permite tratardiferentemente o que é diferente.O preceito da lei islâmica dereconhecer em cada caso aordem jurídica local inclui oreconhecimento do direitomatrimonial, do direito suces-sório e de direito processual emvigor na Alemanha.

Marcada pela herançaMarcada pela herançaMarcada pela herançaMarcada pela herançaMarcada pela herançajudaica, cristã, muçulmanajudaica, cristã, muçulmanajudaica, cristã, muçulmanajudaica, cristã, muçulmanajudaica, cristã, muçulmanae pelo iluminismo.e pelo iluminismo.e pelo iluminismo.e pelo iluminismo.e pelo iluminismo.

A cultura europeia estámarcada pela herança clássicagreco-romana, bem como pelajudaico-cristã-islâmica e peloiluminismo. Ela sofreu influênciaefectiva da filosofia e dacivilização islâ-mica. Também naactual transição da era modernapara a pós-moderna, os

www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected] * página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected]

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islâmicos querem dar umcontributo decisivo para asuperação de crises. Para issocontam, entre outras, a afirma-ção do pluralismo religiosoreconhecido pelo Corão, arecusa de toda a forma deracismo e chauvinismo,bem como o estilo de vidasã duma comunidade querecusa toda a espécie detóxico-dependência.

É necessário de-É necessário de-É necessário de-É necessário de-É necessário de-senvolver na Europasenvolver na Europasenvolver na Europasenvolver na Europasenvolver na Europauma identidadeuma identidadeuma identidadeuma identidadeuma identidademuçulmana.muçulmana.muçulmana.muçulmana.muçulmana.

O Corão não cessade exortar as pessoas a usarema sua própria cabeça e os seusdotes de observação. Nestesentido a doutrina islâmica éiluminista e tem sido pou-padaa conflitos sérios entre religião eciência. Em conformidade comisto fomentamos uma compre-ensão moderna das fontesislâmicas que tenha em conta ofundo da problemática da vidacontemporânea e a formaçãoduma identidade muçulmanaprópria na Europa.

Alemanha é o centroAlemanha é o centroAlemanha é o centroAlemanha é o centroAlemanha é o centrodo nosso interesse e dado nosso interesse e dado nosso interesse e dado nosso interesse e dado nosso interesse e danossa actividade.nossa actividade.nossa actividade.nossa actividade.nossa actividade.

O Conselho Central trataprincipalmente de questões doIslão e dos muçulmanos noespaço alemão, bem como dequestões da sociedade alemã.Sem descurar a sua ligação aomundo islâmico, a populaçãoislâmica residente na Alemanhadeve considerar este país, nãosó como o centro da sua vida,mas também como o centro doseu interesse e da sua actividade.

Desmontagem deDesmontagem deDesmontagem deDesmontagem deDesmontagem depreconceitos mediantepreconceitos mediantepreconceitos mediantepreconceitos mediantepreconceitos mediantetransparência, abertura etransparência, abertura etransparência, abertura etransparência, abertura etransparência, abertura ediálogo.diálogo.diálogo.diálogo.diálogo.

O Conselho-Centralconsidera que uma das suastarefas mais importantes consis-te em criar uma base de confian-

ça que possibilite uma convivên-cia construtiva dos muçulmanoscom a sociedade maioritária ecom todas as outras minorias.Para isso é necessário o desman-telamento de preconceitos atra-vés de esclarecimento e detransparência, bem como deabertura e diálogo.

Estamos comprome-Estamos comprome-Estamos comprome-Estamos comprome-Estamos comprome-tidos com toda a sociedade.tidos com toda a sociedade.tidos com toda a sociedade.tidos com toda a sociedade.tidos com toda a sociedade.

O Conselho-Central sente-se comprometido com toda asociedade e procura, em cola-boração com todos os agrupa-mentos sociais, dar um contri-buto essencial para a tolerânciae a ética, bem como para aprotecção do meio ambiente edos animais. Ele condena quais-quer violações dos direitos huma-nos em qualquer parte do mundoe oferece-se aqui como interlo-cutor na luta contra a discrimina-ção, a xenofobia, o racismo, osexismo e a violência.

Integração, com aIntegração, com aIntegração, com aIntegração, com aIntegração, com apreservação da identidade.preservação da identidade.preservação da identidade.preservação da identidade.preservação da identidade.

O Conselho-Central lutapela integração da populaçãoislâmica na sociedade, compreservação da sua identidadeislâmica, e apoia todos os

esforços direccionados para ofomento da língua e anaturalização.

Um estilo de vidaUm estilo de vidaUm estilo de vidaUm estilo de vidaUm estilo de vidadigno na sociedade.digno na sociedade.digno na sociedade.digno na sociedade.digno na sociedade.

O Conselho-Central,em cooperação com todasas instituições islâmicas,considera também tarefasua possibilitar aosmuçulmanos que vivem naAlemanha um estilo de vidamuçulmano digno noâmbito da constituição edo direito vigente. Disso fazparte, entre outras coisas:Introdução do ensino da

religião islâmica em alemão;criação de cátedras para aformação académica deprofessores de religião islâmicae de imãs; autorização para aconstrução de mesquitas nascidades; autorização para ainstalação de altifa-lantes para ochamamento à oração; respeitodas prescrições islâmicas relati-vas ao vestuário nas escolas e nasrepartições públicas; participa-ção de muçulmanos nas comis-sões de fiscalização dos media;nomeação de acompa-nhantesmilitares islâmicos; cuidadosmuçulmanos nas instituiçõesmédicas e sociais; protecçãoestatal dos dois feriadosislâmicos; e construção de cemi-térios e campos sepulcraismuçulmanos.

Neutral em polít icaNeutral em polít icaNeutral em polít icaNeutral em polít icaNeutral em polít icapart idária.part idária.part idária.part idária.part idária.

Os muçulmanos comdireito a voto apoiam aquelescandidatos que melhor defen-dam os seus direitos e objectivose que mostrem maior com-preensão pelo Islão.

(De: Kirche In, 01/2006,pp. 24,25)

João Simão (Tradução)João Simão (Tradução)João Simão (Tradução)João Simão (Tradução)João Simão (Tradução)

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B r e v e s . . .

HOMENAGEM A ORIVAL TEIXEIRA PINTO

CASAMENTO:O Fernando Jorge Félix Ferreira e a Maria

José Bijóias Mendonça, sócios da Fraternitas-Movimento, no passado dia 26 de Maio,celebraram matrimónio por registo civil, emSantarém.

Parabéns!

NOVO SÓCIO:Na reunião de 3 de Junho, foi admitido o

sócio nº 107: Caetano António Pacheco deAndrade, jornalista, casado com Maria daGraça M. O. Pacheco de Andrade, professorado Ensino Secundário, e residentes em Alverca.

Meu grande amigo, quete partiste mais cedo

do que eu imaginava. Lamento atua partida deste mundoatribulado e conforta-me acerteza de que estás junto do Paigozando a felicidade dos justos.

Quando tu nos deixaste esoube da tua passagem, lembrei-me daquele pedido que um dia,ainda bem próximo te fizera,quando me convidaste para maisum encontro regional daFraternitas na nossa diocese. Eutinha uma sobrinha que moravabem perto de ti e se debatia comuma doença terrível da tiróide,diagnosticada há poucos meses,que andava muito em baixo,muito desanimada e deprimida.Disse-te que ela precisava da tuaajuda para suportar com maiscoragem e determinação o seuproblema e a sua luta feroz pelasaúde. Ainda a minha carta maltinha chegado a tua casa e já o

meu pedido estava satisfeito.Foste imediatamente a casa dela,ali bem perto de ti, um lugar aque ela chama Bósnia para osfamiliares e amigos e passastecom ela uma boa parte da tarde,conversando e convivendo,procurando dar-lhe, mesmo emcircunstâncias de doença,coragem e força para lutar eviver, enquanto Deus quiser.Jamais poderei esquecer-me deti, enquanto me lembrar disto, doteu espírito solidário, da tuavontade em estares sempre aodispor dos outros e da causa deDeus a Quem servias com muitagenerosidade e totaldesprendimento. A minhasobrinha ainda por cá anda, mastu já partiste, meu bom amigo ecolega.

Estas e muitas outraspequeninas coisas de que eutenho conhecimento e que foramna vida a tua ocupação quase

Ao nosso querido

Orival T. Pinto

Orival… te adiantaste um pouco a nós,Ao deixar esta vida tão terrena;Mas estamos ouvindo tua voz,Embora sem te vermos… e faz pena…

Catequizaste a Fé de teus avós,Que é fiel, entre todas, e mais plena;No Hospital, voluntário para os “sós”,Nesta vida, criaste bela cena.

Publicaste um livrinho como “noz”,Pequeno, mas contendo o teu dilema:Que era depor os “contras” sob os “prós”…

Filmaste, em tua vida, bel’cinema:Abandonando tudo o que era atroz;Assim, nos Céus, terás o teu Emblema!

J. Sil J. Sil J. Sil J. Sil J. Silvvvvva Pinta Pinta Pinta Pinta Pintooooo

Serafim de SousaSerafim de SousaSerafim de SousaSerafim de SousaSerafim de [email protected]

diária, fazem, tenho a plenacerteza, parte da tua coroa deglória no céu, onde um dia todosnos encontraremos. Eras umhomem pequeno de estatura,mas eras grande, para não dizermesmo enorme na procura doscaminhos de Deus. Que Ele tedê a paz com todos os Anjos eSantos, que bem mereces.

No último encontro deFátima, nos dias 29 e 30 de Abrile 1 de Maio, rezámos por ti e poroutros elementos do nossomovimento que nos deixaram,nomeadamente pelo CónegoFilipe e Figueiredo, mas queropedir-te a ti e aos outros queintercedam junto do Pai pelosêxitos práticos das causas porque nos batemos, tambémiluminados pelo Espírito Santo.Que Deus nos atenda e nos façaprogredir.

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espiralRua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO

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boletim da

associação fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento

Responsável: Alberto Osório de Castro

Nº 17 - Outº/Dezº de 2004

“““““SENTIR O PSENTIR O PSENTIR O PSENTIR O PSENTIR O PALPI-ALPI-ALPI-ALPI-ALPI-

TTTTTAR DO MUNDOAR DO MUNDOAR DO MUNDOAR DO MUNDOAR DO MUNDO

Vivemos num mundo cheio de sofrimento,mas numa Igreja que nos ajuda a libertar-nosatravés de cristãos…

De entre os 5,7 biliões de pessoas nomundo, cerca de ¼, 1, 5 biliões, são consideradosmiseráveis, pois sobrevivem com o equivalente aum dólar por dia, considerados muito pobres,cerca de três biliões, com pouco mais de doisdólares. A maioria são mulheres! Mais de 40.000crianças morrem, por dia, no mundo, vítimas dafome ou da desnutrição! O actual sistema sócio-económico europeu produz cerca de um milhãode pobres, por ano. Actualmente, a Europa contacom mais de 68 milhões de pobres e cerca de 15milhões de desempregados. Em Portugal, há cercade 2 milhões de pobres e 480.000desempregados. Nestes últimos 20 anos, nãos econseguiu diminuir a percentagem da pobreza emPortugal.

Isto põe de em questão as políticasassistencialistas. Qual foi o impacto e a avaliaçãoda aplicação de milhões de contos (moeda antiga)na luta contra a pobreza, em Portugal, recebidosde Bruxelas nos anos mais recentes?! Será queessas políticas eram para erradicar a pobreza oupara entreter/manter o sistema?! Até que pontofoi colocada a “pessoa” no centro de todo oprocesso e a consideraram sujeito e não apenasobjecto desse mesmo processo?! Directa ouindirectamente ligada a esta problemática está oproblema Ecológico: mais de metade das florestastropicais do mundo, desapareceram do planeta,desde 1950! Estas situações, já vividas no tempode S. Bernardo, levou-o a descrevera vida humanade Cristo, em comparação, desta maneira: “Pobreno nascimento, mais pobre na vida e paupérrimoma cruz”…

UM TRISTE BRADO

Muito novo ainda me dispusAo trabalho na “Vinha do Senhor”,Rejeitando outro apelo sedutorQue se opunha à chamada de Jesus.

Fascinou-me o altar cheio de luzE preguei o Evangelho com fervor!Mas depois…abracei um outro amor,Tentando mitigar a minha cruz!

A Igreja abençoou nossa união,Sempre fui pai amigo e bem amado,Dei a Deus e à esposa o coração.

Mas não posso conter um triste brado:Se o Céu já me deu o seu perdão,Porque hei-de ser, na Igreja, um mal-amado?

Domingos LeiteDomingos LeiteDomingos LeiteDomingos LeiteDomingos Leite