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Espiritismo é Cristão Uma resposta ao livro “O Espiritismo Segundo Jesus Cristo”, de Israel Belo de Azevedo. Rogério André

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Espiritismo é Cristão Uma resposta ao livro “O Espiritismo Segundo Jesus Cristo”, de Israel Belo de Azevedo. Rogério André

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Introdução.

Nasci numa família espírita, e desde criança me acostumei a ver os ataques ao Espiritismo, principalmente dos evangélicos. Passei a debater no mundo virtual nos anos 90 com eles, e posso dizer que os argumentos são sempre os mesmos. Criei em 2011 um blog, “Espiritismo é Cristão”(http://espiritismoehcristao.blogspot.com.br ), contendo todos os argumentos em defesa do Espiritismo que acumulei após anos de debates. Recentemente, caiu em minhas mãos o livro “O Espiritismo Segundo Jesus Cristo”, do pastor Israel Belo de Azevedo. Os argumentos, como sempre, os mesmos. Notável também a preocupação do pastor com o crescimento do Espiritismo, pois, já na contracapa, faz menção ao “número expressivo de adeptos”. Dai mais uma vez o interesse daqueles que vivem da religião e não para a religião(para o próximo) em atacar aquela doutrina que segue como nenhuma outra o “dai de graça o que de graça recebeste”, ensinado por Jesus. Nesta obra, me proponho a rebater os argumentos anti-espíritas do pastor, contidos na primeira parte de seu livro, intitulada “Encontros e desencontros de dois mundos”. A segunda parte, “Para ler a Bíblia com inteligência e fé”, não discorre sobre o Espiritismo, e por isso não será tratada aqui.

Rogério André

Rio de Janeiro/RJ15 de Agosto de 2013

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Respondendo ao prefácio.

Começa o autor, relatando o encontro que teve com uma pesquisadora que se dizia “espirita cristã”, e dizendo que isso lhe causou a estranheza que o levou a escrever seu livro.E diz, por fim, tentando provar que espírita não pode ser cristão:

“Não trago para o âmbito de nossa conversa o argumento moral, pois há muitos

espíritas que são cristãos de atitude, por causa dos valores que regem suas vidas,

valores derivados dos ensinos de Jesus Cristo. Mas isso não faz deles cristãos. O

argumento moral aprovaria o espiritismo, ao mesmo tempo em que reprovaria

muitos cristãos, que não são cristãos de modo completo, pois, mesmo tendo sido

aprovados no plano teológico (por crerem nas verdades bíblicas), são reprovados

no plano moral, porque suas atitudes tristemente não condizem com os valores

propostos por Jesus Cristo.

Cristão é, portanto, aquele que passa por dois testes: o ético (moral) e o teológico.

Teologicamente falando, o cristianismo tem suas bases fincadas exclusivamente na

Bíblia, que traz não só os ensinos de Jesus Cristo para uma vida reta, mas também

os ensinos dele sobre si mesmo e sobre o presente e o futuro. No teste teológico,

infelizmente o espiritismo não passa, a começar pelo modo como vê a Bíblia. A

dificuldade maior, contudo, está no papel que Jesus Cristo ocupa na história e na

vida, pois ele é visto pelo espiritismo como um mestre, o que é muito pouco para

aquele que disse que quem o via via o Pai.”

Nos fala o pastor sobre um "teste teológico", ou seja, o apego as escrituras. Pois bem, não era justamente o apego as escrituras dos fariseus, tão apegados aos escritos mas que não praticavam os mandamentos, que Jesus mais combatia? Não é esse justamente o ensino claro na parábola do bom samaritano: importa a Deus nossas atitudes para com o próximo e não o apego as Escrituras? Leiam e tirem suas conclusões sobre o ensino dessa parábola:

“" 25. Levantando-se um doutor da lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26. Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na Lei? como lês tu? 27. Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. 28. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás. 29. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? 30. Prosseguindo Jesus, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores que, depois de o despirem e espancarem, se retiraram, deixando-o meio morto. 31. Por uma coincidência descia por aquele caminho um sacerdote; quando o viu, passou de largo. 32. Do mesmo modo também um levita, chegando ao lugar e vendo-o, passou de largo. 33. Um samaritano, porém, que ia de viagem, aproximou-se do homem e, vendo-o, teve compaixão dele. 34. Chegando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma hospedaria e tratou-o. 35. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse: Trata-o e quanto gastares de mais, na volta eu to pagarei. 36. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? 37. Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: Vai-te, e faze tu o mesmo. " (Lucas 10)

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O povo samaritano era tido como herege pelos fariseus, tão apegados aos textos bíblicos. Jesus foi perguntado sobre o que fazer para alcançar a vida eterna, e colocou justamente o samaritano como exemplo. Aqueles tão apegados as escrituras não se importaram com o homem ferido,mas sim o samaritano, e disse Jesus o colocando como exemplo a se seguir para alcançar a vida eterna: “Vá e faça o mesmo”. Isso sem colocar outra condição, sem dizer que devemos crer que ele é Deus ou que seu sangue nos salva. Em meus debates com evangélicos, ainda não vi resposta satisfatória a esse ensino, tão contrário a ideia da necessidade de ter que “crer em Jesus” para ser “salvo”. Insistem que Jesus apenas ensinou quem era o próximo, que não estava a falar sobre "salvação" aqui. Mas como não? A pergunta inicial foi o que deve ser feito para termos “vida eterna.” Jesus respondeu perguntando o que dizem os mandamentos, e diante da resposta do homem ("Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo"), Cristo disse para ele fazer isso, e fazer para que? Para alcançar a vida eterna. E então, diante da dúvida do homem sobre quem seria o próximo, ele contou a parábola colocando o samaritano como o exemplo de amor ao próximo. Justamente um homem tido como herege. E disse Jesus novamente para que seu interlocutor fizesse como fez o samaritano. Fazer como o samaritano para que? Para ter a “vida eterna”. É lógico, pois, que todo o diálogo girava em torno disso. Foi a pergunta inicial. Portanto, se não bastasse o amor e fossem ainda necessários teologismos e apego as escrituras, Jesus colocaria um doutor da lei como exemplo, não acham? Sim, pois um doutor da lei, que possui conhecimentos teológicos, passara pelo homem moribundo e não o socorrera. Mas o samaritano não passou pelo tal “crivo teológico”. Para Cristo importa a prática de seus ensinamentos, crendo nas escrituras ou não. Se não crer, se nem conhecimento sobre as escrituras a pessoa tem e coloca os ensinos em prática, melhor ainda, pois pratica o bem por puro amor desinteressado. Esse o ensino na parábola do bom samaritano e também do Espiritismo, conforme o lema “Fora da Caridade Não Há Salvação”. Argumentam, ainda, dizendo que Jesus não havia ainda sido crucificado, e que, a partir de sua morte e ressurreição, isso mudaria e a salvação se daria somente através da crença em Jesus como “Deus encarnado que se sacrificou por nós”. Mas vamos analisar a situação. O que significa isso? Que Jesus deu uma bela lição contra preconceito e intolerância, mas que a partir de sua ressurreição, seria ele próprio intolerante e preconceituoso, mandando para o fogo eterno homens como aquele samaritano só por não o idolatrarem como o Deus que se fez carne, morreu e ressuscitou? Eu não acredito, por uma simples questão de lógica e, ainda, fé na bondade e amor do nosso Criador. Não acredito em um Deus egoísta, que exige adoração até daqueles que viveram praticando o amor como o daquele samaritano. Aliás, os versículos abaixo foram escritos após a ressurreição do Cristo:

"pois para com Deus não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei " (Romanos 2:11-13)

"Deus não faz acepção de pessoas, mas é agradável a todo aquele que em qualquer nação o teme e obra o que é justo". (Atos 10:34-25)

Está claro pra mim que, independentemente da crença pessoal de cada um, a prática das leis de Deus agrada a Deus - o mesmo pensamento da parábola do bom samaritano.

Outro absurdo: o samaritano antes de Jesus estaria salvo, pois bastou demonstrar amor com seu próximo. Chico Xavier, Gandhi, Dalai Lama e tantos outros que não seguem esse dogma absurdo estão condenados, de acordo com o que pensam os católicos e evangélicos. Mas antes de Jesus seriam justificados apenas pelas obras. Então, pergunto: Jesus veio para salvar ou, como um Deus egoísta e cruel que exige uma adoração de tal e tal forma (Deus que se fez homem para tirar o

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pecado do mundo simplesmente morrendo na cruz), condenar a maior parte da Humanidade? Além do problema do tempo, de antes e depois de Jesus, há o problema do espaço: a maior parte da Humanidade não vive no mundo considerado "cristão". Assim, todos estariam condenados eternamente. Diz a Confissão de Fé de Westminster"(item XVII), órgão máximo do presbiterianismo, que"boas obras são somente aquelas que Deus recomendou em sua santa palavra, e não as que sem esta garantia são inventadas por homens por um zelo cego ou sob o pretexto de qualquer boa intenção. Obras feitas por homens não regenerados - embora em si mesmas possam ser matérias que Deus ordena -são pecaminosas e não podem agradar a Deus"

Ou seja, o samaritano, tido como herege, é colocado como exemplo pelo Cristo. Hoje, se um "herege" praticar uma boa ação, segundo a Confissão de Fé de Westminster", estará pecando. O mesmo pensamento acontece dentro do Catolicismo. O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, anatematiza a doutrina da salvação somente pelas obras:"811. Cân. 1. Se alguém disser que o homem pode ser justificado perante Deus pelas suas obras, feitas ou segundo as forças da natureza, ou segundo a doutrina da Lei, sem a graça divina [merecida] por Jesus Cristo — seja excomungado."

Recentemente o Papa Francisco disse que um ateu pode ser salvo se fizer o bem. Mas o porta-voz do Vaticano, Thomas Rosica, contrariando a tal “infalibilidade papal” prontamente o contrariou, dizendo que os ateus, bons ou maus, vão pro inferno: “os ateus continuam indo para o inferno se não aceitarem Jesus Cristo como Senhor e Salvador”, disse Thomas.

Para os cristãos de hoje, não há diferença entre Chico Xavier, Hitler, Gandhi e Fernandinho Beira-Mar. São todos "hereges" e vão pro inferno. Mas Jesus Cristo não pensava assim, e ninguém melhor do que ele, e não o pastor Israel, para nos dizer quem merece ser chamado de Cristão:

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13:35)“Onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, lá estarei no meio deles” (Mateus 18:20)

Cadê o "crivo teológico", pastor? Até mesmo no Julgamento em Mateus (25:31-46), Jesus coloca como condição única da salvação a prática do amor ao próximo: 'Vinde, benditos do meu pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Por que tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me' (Mateus 25:34-36) e ainda “sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40) Se Jesus nos ensina em todo o Evangelho que o que agrada a Deus é o amor desinteressado e não acreditar que ele é Deus, Salvador e que seu sangue tira os pecados, quem nos provará que não é assim? Agora, se alguns da época do Cristo, de forma literal ou simplesmente poética, relacionaram o sacrifício de Jesus com o costume bárbaro de matar animais para "tirar pecados", eu fico com as palavras do Jesus e não daqueles. Eu sigo a Jesus, não a Paulo ou outro apóstolo. E claro está que para o Mestre até um "herege"(para os fariseus, um samaritano era herege assim como para muitos um espírita também é) terá a vida eterna por simplesmente amar ao próximo: “ a cada um segundo suas obras.” (Mateus 16:27). Até porque, se a morte do Cristo foi para tirar pecados da Humanidade, será necessário matar outro Cristo. Sim, pois, se for como nos sacrifícios bárbaros, a morte dele foi para tirar os pecados cometidos até então, e não os cometidos até hoje. Quem via a Cristo via ao Pai, pois, sendo Jesus um enviado de Deus(e ninguém envia a si próprio), Deus nele se manifestava em suas ações e palavras, e não porque Cristo seja Deus e muito menos somos obrigados a crer nisso para sermos Cristãos.

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Respondendo a “Três Valores Espíritas”.

No capítulo inicial, em resumo, o que o autor faz é citar o que considera três virtudes do Espiritismo: a importância que dá ao estudo e a Ciência, o respeito à outras religiões e o amor ao próximo, mas ainda insistindo o autor em dizer que, para ele, Espiritismo não pode ser considerado cristão apenas por isso, que essas virtudes estão presentes em várias outras religiões, e que o importante é também o já citado “crivo teológico”, o apego ao que diz a Bíblia. Insiste o pastor que Cristianismo “não considera a moral como sendo preponderante. Ao lado da moral

também coloca a questão teológica. Como já dissemos, a fé cristã têm suas bases

fincadas exclusivamente na Bíblia e só pode se considerar cristão quem passa

pelos dois testes: o ético e o teológico”.

Dizer que a moral não é preponderante, francamente, é negar tudo o que Jesus disse, e que relembrei no capítulo anterior. O que mais fez Jesus em sua vida foi nos trazer ensinamentos e mais ensinamentos, não teria ele nos ensinado em vão tantas coisas, como, entre outros exemplos:

"Se sabeis destas coisas, bem-aventurados sereis se as praticardes" (13:17)

"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus"(Mateus 5:16)

"Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. " (Mateus 5:25)

"Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra" (Mateus 5:39)

"Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. " (Mateus 5:42) "Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;" (Mateus 5:44) "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. " (Mateus 5:48) "Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam." (Mateus 6:19-20)

"Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão. " (Mateus 7:5) "Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas." (Marcos 11:25) "Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus. " (Lucas 6:35) "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. " (Lucas 6:37) "E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui" (Lucas 12:15) "Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. " (Lucas 12:33)

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"Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo. " (João 7:24)

O ensino do amor ao próximo está presente em outras religiões. Mas Jesus é o único a ensinar que devemos amar também nossos inimigos, que devemos perdoar infinitamente, “dar a outra face”.... Insiste o pastor que o Cristianismo “não crê que todos os caminhos levam a Deus, mas

sim que Jesus Cristo é o único caminho, a verdade e a vida.”. Ele é o caminho, naquilo que ele representa: no exemplo e nos ensinos que nos deixou. Quando a Humanidade finalmente entender essa mensagem tão simples e deixar de se apegar a teologismos, a preconceitos, a intolerância, a ataques a quem se considera como “pecadores”, a uma busca egoísta pela sua própria “salvação” sabe-se lá do que, aqui na Terra reinará a paz, cumprindo a missão do Cristo. Não parece fácil, pois, como disse bem Roberto Carlos em “Todos Estão Surdos”: “Tanta gente se esqueceu. Que o amor só traz o bem. Que a covardia é surda. E só ouve o que convém . Tanta gente se afastou Do caminho que é de luz. Pouca gente se lembrou. Da mensagem que há na cruz “. Roberto Carlos nessa música nos diz justamente sobre a verdadeira missão do Cristo que foi esquecida. E nisso está a maior importância do Espiritismo, tão chamado de “demoníaco”. Importante ainda observar que a expressão "andar nos caminhos do Senhor" significa, no Antigo Testamento, agir de acordo com a vontade de Deus, revelada em seus mandamentos, estatutos, ordenanças, preceitos:

"Guarda as ordenanças do Senhor teu Deus, andando nos seus caminhos, e observando os seus estatutos, os seus mandamentos, os seus preceitos e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores, " (I Reis 2:3)

"mas incline a si os nossos corações, a fim de andarmos em todos os seus caminhos, e guardarmos os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus preceitos, que ordenou a nossos pais." (I Reis 8:58)

A lei de Deus é chamada "O caminho do Senhor": "Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus. " (Jeremias 5:4).

Os Profetas se esforçam para convencer as pessoas da necessidade de seguir o"caminho do Senhor", porque Israel sucumbe, vezes sem conta, à tentação de evitar as admoestações Divinas:

"depressa se desviou do caminho que eu lhe ordenei; eles fizeram para si um bezerro de fundição, e adoraram-no, e lhe ofereceram sacrifícios, e disseram: Eis aqui, ó Israel, o teu deus, que te tirou da terra do Egito." (Êxodo 32:8)

"Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos" (Malaquias 2:8)Considerando-se as enormes dificuldades encontradas para manter-se fiel aos desígnios divinos, pode-se entender a euforia do salmista:"Pois tenho guardado os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus. " (Salmos 18:21) Portanto, Cristo não é o caminho por causa do "sangue redentor" e sim por causa do exemplo e dos ensinos que nos deixou. Seguir esse caminho é praticar os preceitos cristãos e não simplesmente se batizar e crer que foi"lavado pelo sangue do Cristo".

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Respondendo a “Duas Fontes Diferentes”.

Discorre o autor aqui sobre a Bíblia conforme entendida pelos espíritas e pelos evangélicos:“A

primeira pergunta que deve ser feita a qualquer credo que se diz cristão é: Qual a

fonte dos seus ensinos? Em outras palavras, de onde vem aquilo que esse credo

afirma e ensina sobre a vida em geral e a fé em particular?

O Cristianismo extrai seus ensinos da Bíblia Sagrada (Antigo Testamento e Novo

Testamento), um conjunto de livros que os cristãos consideram inspirados por

Deus para orientar as pessoas em todas as questões da vida. A inspiração da Bíblia

pode ser entendida como um processo através do qual Deus atuou para comunicar

objetivamente sua vontade aos seres humanos”.

Mais à frente diz o pastor que “o correto é sempre deixar a Bíblia falar, mesmo que

isso incomode”. Ao longo de seu livro o autor sempre lembra que essa regra acima tem que ser seguida. Já vimos no caso do julgamento em Mateus 25 e na parábola do bom samaritano, que entram em choque com a ideia da salvação através da crença no “Deus encarnado que morreu por nós”, que nem sempre os evangélicos deixam simplesmente a Bíblia falar. Por sinal, veremos ao longo dessa obra como a velha regra de interpretação, “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”, só vale quando conveniente.

Será que a Bíblia, toda ela, é a "Palavra de Deus", "infalível", "perfeita", "sem contradições", etc? No Sermão da Montanha, Jesus revogou algumas coisas do Antigo Testamento, retificando o que era humano nas leis mosaicas: "Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. " (Mateus 5:38-48) Fossem todas elas ordens divinas, seriam então irrevogáveis.

Impossível provar que a Bíblia é inteiramente inspirada por Deus, ainda mais com tantas comprovadas alterações e “erros” de tradução ao longo dos anos. Isso só interessa às igrejas que se julgam donas da verdade, para poder manipular a massa, não dando a ela o direito de pensar, tendo que aceitar a tudo sem questionar, já que as igrejas(a Católica e as diversas igrejas evangélicas),julgam-se as únicas capazes de interpretar os textos bíblicos. “Fica claro, por exemplo, que o protestantismo, pelo menos o analisado por Alves, se baseia num equívoco. O livre exame, por exemplo, não existe. Tal como o católico, que, na análise da Bíblia deve seguir uma autoridade - por exemplo, um papa infalível - o protestante também não é livre para interpretar as Escrituras. Ele deve seguir o que se chama de "confissões", interpretações elaboradas por pessoas consideradas entendidas do assunto. Só podem ser aceitas as "confissões" aprovadas pelos poderes dominantes na comunidade protestante, ou seja, a fé passa a ser uma

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questão de poder." ” - análise do livro "Protestantismo e Repressão" (Ed. Ática, 1979) feita por Renato Pompeu na revista "Veja" de 10/10/1979.

Mais adiante continua o pastor: “Leio a Bíblia cotidianamente e vou impregnando a

minha mente do seu sábio e santo conteúdo”.

Vejamos alguns “sábios” e “santos” versículos da Bíblia:

"Cada um tome a sua espada e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho" (Ex. 32:27)

"Nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida" (Deut. 20:16)

"Se o povo de uma cidade incitar os moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio de espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut. 13:12/15)

São ordens do “Deus” do Velho Testamento, e certamente não é o mesmo Deus Pai dos Evangelhos, aquele que é somente amor por suas criaturas e que Jesus Cristo nos ensinou a amar e não a temer.

Veja os versículos abaixo em Levitico 21:16-24 e raciocinem um pouco: um ato tão desumano de preconceito teria vindo do próprio Deus?

“16 Disse mais o Senhor a Moisés: 17 Fala a Arão, dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, portodas as suas gerações, que tiver defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus.18 Pois nenhum homem que tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, 19 ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, 20 ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado; 21 nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus.22 Comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo; 23 contudo, não entrará até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto tem defeito; para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico. 24 Moisés, pois, assim falou a Arão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel. “

Paulo demonstrando claramente sua misoginia, muito comum à época, em I Coríntios, 14/34, 35: "As vossas mulheres devem ficar caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja"

A Bíblia coloca a mulher numa situação inferior. No Velho Testamento, então, registram-se passagens lamentáveis, a respeito do conceito que a mulher tem, conforme aquilo que se chama de "palavra de Deus". "Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar o seu marido da mão do que o fere, e ela estender a sua mão, e lhe pegar pelas suas vergonhas, então cortar-lhe-às as mãos, não a poupará o teu olho" (Deut. 25:11)

Uma passagem bíblica alega que "Deus" permitiu ao Rei Salomão (um assassino terrível) ter 300 mulheres e 700 concubinas, ainda o considerando como um dos seus "eleitos". Há um caso,

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também, em que o próprio "Deus" sugere a Isaac inventar para o Faraó que a sua própria esposa era sua irmã, para que ele, o Faraó, pudesse se aproveitar bem dela, em troca de ouro e prata.

" Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisas indecentes, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lhe dará na sua mão, e a despedirá de sua casa. Se ela, pois, saindo de sua casa, for e se casar com outro homem, e este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lhe der na sua mão, e a despedir de sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então seu primeiro marido que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor" (Deut. 24: 1, 2, 3, 4)

Veja que Cristo contrariou a ordem acima:

" 2 Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?3 Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?4 Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.5 Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.6 Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.7 Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]8 e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.9 Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.10 Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.11 Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;12 e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério." (Marcos 10)

Evidente que era lei de Moisés, para um determinado povo, e não lei de Deus, pois as leis de Deus são imutáveis, e essas Jesus dizia que veio complementar e não anular.

Lv 12,2: “Fala aos filhos de Israel: Se uma mulher conceber e tiver um menino,será imunda sete dias, como nos dias da sua menstruação será imunda”.

Lendo esses versículos, entendemos porque evangélicos no Brasil hoje não são apenas homofóbicos, mas misóginos, como o pastor Marcos Feliciano, que já se declarou contra a luta pelos direitos das mulheres.Entendemos também porque são intolerantes com outras religiões. Em Deut. 13:6, 9 e 10, há uma ordem de matar a pedradas os adeptos de outras crenças. Uma apologia à intolerância religiosa. Deus gosta de sacrifícios de animais? Em Levítico 22:17-18 "Deus" ordena que a oferta a ser oferecida no altar seja de animais sem defeito. E é mais exigente ainda, quando determina que não devam ser ofertados bichos que tiverem testículos machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados (Levítico 22:24).Mais:"Se oferecer um animal do rebanho como sacrifício de comunhão ao Senhor, trará um macho ou uma fêmea sem defeito.” (Levítico 3:6)

Deus, o Criador, onipresente, nosso Pai, aceitando ofertas de animais mortos, como nos despachos de candomblé, por si só já é algo que causa estranheza. Ainda mais, sendo exigente dessa forma. E os textos ainda nos dizem que Deus “se comprazia com o cheiro dos animais imolados em holocausto" (Números 29:36).

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Os sacrifícios de animais lembram e muito aqueles do candomblé em nossos dias. É claro, pois nada mudou do passado para hoje. Eram espíritos ainda atrasados tidos como divindades, igual em um centro de candomblé.Kardec diz em O Livro dos Espíritos:

"Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por alegorias.". Diz ele também, no mesmo livro: "os antigos fizeram, desses Espíritos, divindades especiais. As Musas não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família. Também modernamente, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os países têm seus patronos, que mais não são do que Espíritos superiores, sob várias designações". E mais à frente no mesmo livro Kardec pergunta, os espíritos respondem e ele dá a conclusão final:

“537. A mitologia dos antigos se fundava inteiramente em idéias espíritas, com a única diferença de que consideravam os Espíritos como divindades. Representavam esses deuses ou esses Espíritos com atribuições especiais. Assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir ao fenômeno da vegetação, etc. Semelhante crença é totalmente destituída de fundamento?“Tão pouco destituída é de fundamento, que ainda está muito aquém da verdade.”a) - Poderá então haver Espíritos que habitem o interior da Terra e presidam aos fenômenos geológicos?“Tais Espíritos não habitam positivamente a Terra. Presidem aos fenômenos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que recebereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor.” (...) 668. Tendo-se produzido em todos os tempos e sendo conhecidos desde as primeiras idades do mundo, não haverão os fenômenos espíritas contribuído para a difusão da crença na pluralidade dos deuses?“Sem dúvida, porquanto, chamando deus a tudo o que era sobre-humano, os homens tinham por deuses os Espíritos. Daí veio que, quando um homem, pelas suas ações, pelo seu gênio, ou por um poder oculto que o vulgo não lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam dele um deus e, por sua morte, lhe rendiam culto.” Comentário de Kardec: “A palavra deus tinha, entre os antigos, acepção muito ampla. Não indicava, como presentemente, uma personificação do Senhor da Natureza. Era uma qualificação genérica, que se dava a todo ser existente fora das condições da Humanidade. Ora, tendo-lhes as manifestações espíritas revelado a existência de seres incorpóreos a atuarem como potência da Natureza, a esses seres deram eles o nome de deuses, como lhes damos atualmente o de Espíritos. Pura questão de palavras, com a única diferença de que, na ignorância em que se achavam, mantida intencionalmente pelos que nisso tinham interesse, eles erigiram templos e altares muito lucrativos a tais deuses, ao passo que hoje os consideramos simples criaturas como nós, mais ou menos perfeitas e despidas de seus invólucros terrestres. Se estudarmos atentamente os diversos atributos das divindades pagãs, reconheceremos, sem esforço, todos os de que vemos dotados os Espíritos nos diferentes graus da escala espírita, o estado físico em que se encontram nos mundos superiores, todas as propriedades do perispírito e os papéis que desempenham nas coisas da Terra. Vindo iluminar o mundo com a sua divina luz, o Cristianismo não se propôs destruir uma coisa que está na Natureza. Orientou, porém, a adoração para Aquele a quem é devida. Quanto aos Espíritos, a lembrança deles se há perpetuado, conforme os povos, sob diversos nomes, e suas manifestações, que nunca deixaram de produzir-se, foram interpretadas de maneiras diferentes e muitas vezes exploradas sob o prestígio do mistério. Enquanto para a religião essas manifestações eram fenômenos miraculosos, para os incrédulos sempre foram embustes. Hoje, mercê de um estudo mais sério, feito à luz meridiana, o Espiritismo, escoimado das idéias supersticiosas que o

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ensombraram durante séculos, nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da Natureza"

Lemos também no Livro dos Espíritos: “669. Remonta à mais alta Antigüidade o uso dos sacrifícios humanos. Como se explica que o homem tenha sido levado a crer que tais coisas pudessem agradar a Deus?“Principalmente, porque não compreendia Deus como sendo a fonte da bondade. Nos povos primitivos a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral, ainda não se acha desenvolvido. Em segundo lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma criatura animada muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material. Foi isto que os levou a imolarem, primeiro, animais e, mais tarde, homens. De conformidade com a falsa crença que possuíam, pensavam que o valor do sacrifício era proporcional à importância da vítima. Na vida material, como geralmente a praticais, se houverdes de oferecer a alguém um presente, escolhê-lo-eis sempre de tanto maior valor quanto mais afeto e consideração quiserdes testemunhar a esse alguém. Assim tinha que ser, com relação a Deus, entre homens ignorantes.”a) - De modo que os sacrifícios de animais precederam os sacrifícios humanos?“Sobre isso não pode haver a menor dúvida.”

Somente espíritos atrasados, ligados a matéria, se deliciam com o sangue de animais. Vejamos esse relato do espírito André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, no livro "Missionários da Luz": "Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atiravam-se ao borbotões de sangue-vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora... Alexandre percebera o assombro doloroso que se apossara de mim e esclareceu-me com serenidade: - Está observando, André? Estes infelizes irmãos que nos não podem ver, pela deplorável situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais. São famintos que causam piedade. Poucas vezes, em toda a vida, eu experimentara tamanha repugnância. As cenas mais tristes das zonas inferiores que, até ali, pudera observar, não me haviam impressionado com tamanho amargor. Desencarnados à procura de alimentos daquela espécie? Matadouro cheio de entidades perversas? Que significa tudo aquilo? Lembrei meus reduzidos estudos de História, remontando-me à época em que as gerações primitivas ofereciam aos supostos deuses o sangue de touros e cabritos. Estaria ali, naquele quadro horripilante, a representação antiga dos sacrifícios em altares de pedra? Deixei que as primeiras impressões me incandescessem o cérebro, a ponto de sentir, como noutro tempo, que minhas idéias vagueavam em turbilhão. Alexandre, contudo, solicito como sempre, acercou-se mais carinhosamente de mim e explicou: - Por que tamanha sensação de pavor, meu amigo? Saia de si mesmo, quebre a concha da interpretação pessoal e venha para o campo largo da justificação. Não visitamos, nós ambos, na esfera da Crosta, os açougues mais diversos? Lembro-me de que em meu antigo lar terrestre havia sempre grande contentamento familiar pela matança dos porcos. A carcaça de carne e gordura significava abundância da cozinha e conforto do estômago. Com o mesmo direito, acercam-se os desencarnados, tão inferiores quanto já o fomos, dos animais mortos, cujo sangue fumegante lhes oferece vigorosos elementos vitais. Sem dúvida, o quadro é lastimável; não nos compete, porém, lavrar as condenações. Cada coisa, cada ser, cada alma, permanece no processo evolutivo que lhe é próprio. E se já passamos pelas estações inferiores, compreendendo como é difícil a melhoria no plano de elevação, devemos guardar a disposição legítima de auxiliar sempre, mobilizando as melhores possibilidades ao nosso alcance, a serviço do próximo."

Outra semelhança com os cultos afro-brasileiros está no urim e o tumim. Sobre essa forma de se

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comunicar com "Deus" no Velho Testamento, que lembra o jogo de búzios, lemos no Dicionário Bíblico Universal: "Palavras de sentido incerto: designam uma técnica divinatória que consiste em tirar a sorte várias vezes, usando duas pedrinhas ou bastõezinhos ou algum objeto semelhante. Um dos objetos trazia a primeira letra do alfabeto, o alef, inicial de urim, e o outro a última letra, o tau (cf. Ez 9,4), inicial de tumim? Pode-se imaginar isso. O modo como funcionava aparece em 1 Sm 13, 41-42, corrigido segundo o grego: “Saul disse: ‘Se a culpa está em mim... o Senhor... faça dar urim; se a culpa está em Israel, que dê tumim!’ Saul... foi designado. Saul disse: ‘Lançai a sorte sobre mim e meu filho Jônatas!’, e a sorte caiu em Jônatas”. Trata-se portanto de uma resposta por sim ou não, que vai progredindo por precisões sucessivas (cf. 1 Sm 23, 9-12) A operação poderia durar muito tempo (1 Sm 14, 18-19, corrigido segundo o grego). Acontecia às vezes que o oráculo se recusava a responder (1 Sm 14, 37, 28, 6). Sem dúvida, quando não saía nada ou quando os dois resultados saíam ao mesmo tempo. A manipulação das sortes era confiada ao sacerdote Eleazar (Nm 27, 21) ou à tribo de Levi (Dt 33, 8). Depois do reinado de Davi só se encontra uma menção (Esd 2, 63 = Ne 7, 65)."

Um absurdo supor que Deus naqueles tempos, e somente naqueles tempos e não mais hoje, era visto e ouvido pelas pessoas, descendo das nuvens, falando face a face com os homens. Mas se conhecemos hoje a realidade da mediunidade e é um fato que ela sempre existiu, como podemos ver na analogia em diversos pontos entre os cultos afro-brasileiros de hoje em dia e os relatos bíblicos, devemos então concluir o óbvio. Escreveu Kardec em A Gênese: "Os inúmeros fatos contemporâneos de curas, aparições, possessões, dupla vista e outros, que se encontram relatados na Revue Spirite e lembrados nas observações acima, oferecem, até quanto aos pormenores, tão flagrante analogia com os que o Evangelho narra, que ressalta evidente a identidade dos efeitos e das causas. Não se compreende que o mesmo fato tivesse hoje uma causa natural e que essa causa fosse sobrenatural outrora; diabólica com uns e divina com outros. Se fora possível pô-los aqui em confronto uns com os outros, a comparação mais fácil se tornaria; não o permitem, porém, o número deles e os desenvolvimentos que a narrativa reclamaria".

"Falava Deus a Moisés face a face, como qualquer homem fala ao seu amigo" (Êxodo 33-11) e contudo “Deus” advertiu Moisés: "Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá" (Êxodo 33:20) e em seguida abriu uma concessão: “ver-me-as pelas costas, mas a minha face não se verá” (Êxodo 33:23). E no entanto o próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele vê a forma do Senhor” (Num. 12:8) e mais: “Cara a cara o Senhor falou conosco no monte, no meio do fogo” (Deut. 5:4) e "(Moisés) a quem o Senhor conhecera cara a cara" (Deut. 34:10). Finalmente, "Deus por duas vezes apareceu a Salomão" (I Reis 11:9). Afinal, Deus foi visto ou não?

Acontece que podemos ver que o legislador hebreu não falava apenas com Javé (Yahweh), pois era outro espírito que lhe dizia: "Vai ao povo e santifica-o hoje e amanhã, que no terceiro dia o Senhor descerá" (Êxodo 19:10-11). Ou ainda: "Protesta ao povo para que não trespasse o termo para ver o Senhor" (Êxodo 19:21). Um outro espírito mencionando o nome do Senhor. Mas este outro Espírito também é chamado "Senhor" nas traduções, o que causa confusão. Mas deve-se isso ao fato de que foram indistintamente traduzidas por "Senhor" e "Deus" as palavras El, Yahweh, Elohá, e Elohim, que denominavam a Deus e a Espíritos de diversas classes, desde a pureza de Elohá Yahweh e a superioridade de seus ministros, os Elohim, até a inferioridade dos Refaim e Shedim(cf TORRES PASTORINO, La Reencarnación em el Antiguo Testamento, Revista SPIRITVS, dezembro de 1964, p. 19-28). Argumenta ainda, em outra parte, o afamado autor de "Minutos de Sabedoria": "Quando se trata de DEUS O ABSOLUTO, sem forma, jamais criatura alguma poderá vê-lo, como está escrito em Êxodo (33:20). Mas com YHWH é diferente (Números, 12:6-8). Pastorino apresenta as seguintes palavras de Moisés como prova da existência de comunicação dos hebreus com espíritos de diversas categorias, em Deut. 32:17-19: "... Inmolaron a los SHEDIM

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e no a ELOHÁ, a ELOHIM desconocidos, nuevos, aparecidos ha pouco, no temidos por vuestros padres. Olvidaste la ROCA que te engendró, y olvidaste a EL, que te dió el ser. Vió esto YHWH e los despreció, enojado por los hijos e las hijas"(La Reencarnación en el Antiguo Testamento, Revista SPIRITVS, dezembro de 1964, p. 28). Este texto do Velho Testamento está assim consignado na tradução portuguesa do Pe. Matos Soares: "Sacrificaram aos demônios e não a Deus, a deuses que desconheciam; vieram deuses novos e recentes, que seus pais não tinham adorado. - Abandonaste o Deus que te gerou, e esqueceste do Senhor teu criador - o Senhor viu (isto), e acendeu-se em ira, porque o provocaram seus filhos e filhas". o Espiritismo(em O Livro dos Espíritos) esclarece tudo isso, ensinando que outrora os Espíritos eram deuses para o homem. Não se compreendia bem que nos fenômenos mediúnicos se tratava com seres humanos desencarnados (uns mais, outro menos evoluídos), os quais sofriam então um processo de deificação. É assim que temos mais um grande princípio de aplicação do Salmo 82, versículo 6: Vós sois deuses(Elohim). E todos vós sois filhos do Altíssimo; exatamente porque todos somos Espíritos, os seres inteligentes do Universo; todos somos filhos de Deus, pois que somos obra sua. (O Livro dos Espíritos, 77) O trecho bíblico em Gênesis 3:22, assim como Gênesis 1:26 ("Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança"), pertencem, no texto primitivo, aos Elohim, ou seja, aos outrora chamados "deuses", aos espíritos superiores: os prepostos do Criador, porque mensageiros (anjos), executores de suas leis. É, pois, em vão que as teologias tentam identificar a forma plural Elohim com a Trindade, já que em Deuteronômio 32:17, conforme vimos na versão espanhola para o texto de Pastorino, a mesma forma plural Elohim é utilizada para se referir a "deuses falsos", conforme registram hoje mesmo certas versões bíblicas, como a Bíblia de Jerusalém, católica (Ed. Paulinas, 1985), ou, ainda, simplesmente "deuses", como a versão de Almeida (revista e corrigida, 1969) para I Samuel 28:13,onde a pitonisa através da qual o rei Saul conversou com Samuel (já morto), afirma: "Vejo deuses que sobem da terra", isto é, porque acreditava-se que os espíritos habitavam o Scheol, imaginado abaixo da terra. Nenhuma diferença existe entre o passado e o presente. Deus é o mesmo, os espíritos protetores são os mesmos, nada mudou. Não houve uma época no passado diferente e que não existe no presente. Assim sendo, somente a interpretação espírita resta absolutamente coerente! Javé (Yahweh) não era Deus, o Criador, mas seu representante na Terra, um dos Elohim("anjos", ou seja, espíritos mensageiros de Deus). E por ser o mais evoluído, era deles o chefe, o superior hierárquico. Não sendo Deus, e sim um espírito deificado, tinha sua forma vista por Moisés (cf Números 12:6-8) com quem falava face a face como um homem fala com outro (cf Êxodo 33:11). Ora! Acaso Deus tem forma e fala como um homem fala a outro?...

Devemos ter em mente e lembrar sempre que Cristão segue a Jesus e não a Moisés ou outro profeta ou mesmo Paulo ou outro discípulo, ainda mais quando esses profetas e discípulos entram em conflito com os ensinamentos de Jesus e com o Deus Pai que ele nos revelou.

Em seguida, o pastor cita passagens bíblicas e crítica as interpretações dadas por Kardec:

“Vejamos, por exemplo, uma passagem bíblica interessante. Pouco antes de sua

morte, Jesus confortou seus discípulos com as seguintes palavras:

Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na

casa de meu pai há muitos aposentos [ou moradas]; se não fosse assim, eu lhes

teria dito”

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(…)

A leitura desses versículos mostra apenas uma coisa: que Jesus se referia ao fato

de que, quando morresse, ele iria para o céu, onde esperaria por seus discípulos.

(…) No entanto, a leitura espírita proposta por Allan Kardec usa esse mesmo texto

para dizer que a casa do Pai é o universo. Essa leitura kardecista parte do texto

bíblico, mas vai muito além dele”

Claro, vai além do texto bíblico, realmente. Assim como vai muito além do texto bíblico a ideia de que Jesus é Filho de Deus e ao mesmo tempo é Deus junto com o Espírito Santo, fazendo parte de uma muito mal explicada Trindade, a ideia de que alguém que foi bom em toda a sua vida será condenado eternamente por não ter sido evangélico ou católico, a ideia de que a Bíblia condena a mediunidade porque mortos não se comunicam e sim demônios enganadores, e mais exemplos de “ginásticas” que todos verão ao longo desse meu livro. A diferença, Sr. Pastor, é que os espíritas assumem que não são bitolados mesmo ao texto bíblico e se apoiam na razão, nos fatos do dia a dia, na Ciência...

Continua o pastor um pouco mais à frente: “Independentemente da existência de vários

mundos, essas palavras também podem ser entendidas como o estado feliz ou

infeliz do espírito errante(....)

Como podemos ver, a interpretação que o Cristianismo faz dessa passagem se

restringe ao que está dito no texto bíblico, enquanto a interpretação do Espiritismo

lança mão de elementos que não pertencem ao texto bíblico, mas foram criados por

um homem, Hyppollyte Léon Denizard Rivail, o codificador do espiritismo que

adotava o pseudônimo de Allan Kardec”

Não é a interpretação de um homem, pastor. São relatos do mundo espiritual, que sempre chegaram até nós. Então, esses relatos se harmonizam com a interpretação dada a essas palavras de Jesus. Kardec não criou nada. Diz-se que ele é o Codificador, por ter sido o homem escolhido para colocar em livros os ensinos que não são dele, Kardec, mas dos espíritos.

Cita o pastor outros versículos bíblicos:

“o texto de Jesus trata da humildade: “Pois todo o que se exalta será humilhado,e o

que se humilha será exaltado”(Lucas 14:11). A conclusão kardecista – que não se

limita a interpretar, mas opta por acrescentar a doutrina de Allan Kardec ao texto

bíblico – é a seguinte:

'O Espiritismo vem confirmar os ensinamentos [de Jesus] exemplificando-os e

mostrando-nos que os grandes no mundo dos Espíritos são os que foram pequenos

na Terra, e frequentemente são bem pequenos lá aqueles que foram os maiores e

os mais poderosos na Terra'

Com isso fica claro que os textos que se dizem evangélicos na obra de Allan

Kardec já não são mais evangélicos, são apenas espíritas. O espiritismo não parte

do Evangelho, porque apenas o usa e acrescenta a ele elementos criados pela

doutrina espírita”

Novamente, trata-se de complementar, harmonizar com a luz trazida pela Doutrina Espírita. Muitos

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teólogos, muitos concílios, já acrescentaram muito e até deturparam textos bíblicos bem antes do Espiritismo existir. Muitos foram não só além na interpretação, mas deturparam tudo, palavras foram acrescentadas mudando todo o entendimento do texto. Acreditamos que o Espiritismo nos traz a interpretação mais pura dos ensinamentos cristãos, após séculos de concílios, distorções, intolerância, bitolação.

Continua o pastor:“O grande problema está no fato de que o espiritismo se apresenta como uma

revelação que está no mesmo nível da Bíblia. Para Kardec, a Lei do Antigo

Testamento é a primeira revelação e está personificada em Moisés; a segunda

revelação é a do Novo testamento, personificado em Cristo; o espiritismo é a

terceira revelação da Lei de Deus. O espiritismo não foi personificado em nenhum

indivíduo, pois ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos

espíritos, que são as vozes do céu, em todos os pontos da Terra, servindo-se para

isso de uma multidão incontável de médiuns”

Não é um “grande problema”, de fato a autoridade da revelação espírita está aí. Como diz Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Se a Doutrina Espírita fosse de concepção puramente humana, não ofereceria por penhor senão as luzes daquele que a houvesse concebido. Ora, ninguém, neste mundo, poderia alimentar fundadamente a pretensão de possuir, com exclusividade, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a um só homem, nada lhe garantiria a origem, porquanto fora mister acreditar, sob palavra, naquele que dissesse ter recebido deles o ensino. Admitida, de sua parte, sinceridade perfeita, quando muito poderia ele convencer as pessoas de suas relações; conseguiria sectários, mas nunca chegaria a congregar todo o mundo.Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado, pode enganar-se a si mesmo; já não será assim, quando milhões de criaturas vêem e ouvem a mesma coisa. Constitui isso uma garantia para cada um e para todos. Ao demais, pode fazer-se que desapareça um homem; mas não se pode fazer que desapareçam as coletividades; podem queimar-se os livros, mas não se podem queimar os Espíritos. “

Após citar palavras do autor espírita Léon Denis, que não diz mais do que o óbvio sobre contradições bíblicas ao lado de narrativas históricas e legendárias, e também alguns ensinamentos sublimes, prossegue o autor: “Embora Allan Kardec cite e comente frases de Jesus

Cristo, ele seleciona textos de seu interesse, e os explica de forma isolada. E,

quando os explica, ele o faz a partir de uma leitura tão livre(em termos alegóricos)

que não encontra respaldo na lógica do texto nem na história da interpretação

desse texto. Contudo, ninguém tem o direito de desfigurar o texto original para

fazê-lo dizer o que não disse. “

No entanto, veremos ao longo desse livro quem é que só aceita o que interessa nos textos, e até mesmo o desfigura, em “traduções” tendenciosas. E o problema, já disse, é que não somos nós que vivemos a dizer que tudo deve ser aceito sem questionar e sem interpretar o que já foi dito.

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E prossegue o pastor: “Se alguém se propõe a fazer uma interpretação da Bíblia, deve

se limitar a interpretá-la, e não negá-la, dizendo que a está afirmando. Se a Bíblia

é legendária, para que citá-lá então?”

Porque nem tudo é legendário, é óbvio. Só porque não aceitamos burras e cobras falantes, por exemplo, não quer dizer que vamos desconsiderar toda a Bíblia, ainda mais que sabemos que há textos de fato inspirados. Não por Deus, mas por seus enviados. Mas se o pastor acredita que tudo na Bíblia é inspirado, deveria ensinar que é pecado fazer a barba, que devemos matar filhos rebeldes, devemos enterrar as próprias fezes, matar todas as pessoas mais poderosas, destruir a espada tudo o que tem vida pela frente e incluindo os animais e crianças, consentir com o casamento de um homem com 10 mulheres, estuprar a esposa do seu inimigo, queimar um boi vivo pra Deus. Se citam Paulo para agir com preconceito e intolerância para com os homossexuais, deveriam também agir com preconceito e intolerância para com as mulheres, que, segundo Paulo, devem ficar caladinhas na Igreja. Não é "100% inspirada"? "100% perfeita"? Não é "sem contradições"? Não é "infalível"? Então, ou segue tudo ou não segue, só a metade e onde interessa não vale. Depois não podem dizer que nós só pegamos o que interessa, afinal não somos nós que falamos que a Bíblia é infalível, então por que exigir que justamente os espíritas aceitem tudo o que a Bíblia diz? Quem, então, está sendo contraditório aqui?

Prossegue o pastor: “A questão existencial, contudo é outra: O que fazer com a Bíblia?

Havendo contradição entre os ensinos do espiritismo e a Bíblia, quem merece

crédito? A dificuldade de conciliar os ensinos bíblicos e a doutrina espírita se

mostra clara, quando se comparam os dois ensinos. A comparação demanda uma

decisão: Por qual desses ensinos vale a pena viver, já que ambos na verdade não

se complementam, mas de fato se contradizem? É este o campo onde se trava a

real batalha”

Contradição entre Espiritismo e Bíblia existe onde essa contradiz também os ensinos de Jesus,a moral cristã, o Deus Pai dos Evangelhos, além de contradizer a Ciência e qualquer lógica e bom senso. Em seguida, o pastor transcreve um testemunho de um evangélico que se diz ex-espírita, com os surrados argumentos sobre divergência entre Espiritismo e Bíblia.

Transcrevo aqui o testemunho de Jayme Andrade, um ex-evangélico que se tornou espírita: "Por vários anos frequentei os cultos evangélicos, sem encontrar a solução que buscava para os problemas de ordem espiritual. Comecei a ler obras espíritas e nelas encontrei a resposta adequada aos meus íntimos anseios. Quanto mais lia, mais se robusteciam minhas convicções. Quanto mais suplicava a Deus que me orientasse no rumo da Verdade, mais me pareciam claros e lógicos os ensinamentos do Espiritismo. Alguns dos antigos irmãos não pouparam esforços no sentido de reconduzir ao aprisco a ovelha transviada. Só que não havia diálogo possível, pois jamais encontrei algum com paciência bastante para examinar com isenção minhas razões. Essa incompreensão é que talvez tenha feito germinar a ideia de uma exposição tendente a situar os princípios doutrinários do Espiritismo em face dos ensinamentos do Cristo e em confronto com as concepções religiosas do Cristianismo ortodoxo." ("O Espiritismo e as Igrejas Reformadas")

E diz o autor mais à frente: “Para se tornar Cristão, um espírita terá que abrir a Bíblia

como a revelação de Deus para a sua vida e deixar somente Deus falar, e não um

ser humano, pois na Bíblia Deus fala diretamente, sem intérpretes”

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Falava através dos espíritos, seus mensageiros, em visões, audições, materializações,por meio dos médiuns, então chamados profetas. Espíritos continuam a se comunicar. Mas onde está Deus se manifestando da mesma forma, se isso no passado foi possível?Cita em seguida o pastor as palavras de Paulo em Gálatas 1:8-11 e, como sempre fazem os evangélicos, afirma que Espiritismo traz um novo Evangelho e que o Evangelho anunciado na Bíblia não é de origem humana mas foi revelado por Jesus, que é “Deus em forma humana”, coisa que o versículo não diz. Que Cristo não estava em forma humana, é fato, realmente, pois Jesus se manifestava para Paulo em Espírito, tendo sido a primeira vez na Estrada de Damasco, para lhe revelar a “Boa Nova”(O significado de Evangelho). Mas o texto não diz que Jesus é Deus. Aliás, a Bíblia jamais afirma isso e provarei isso nas páginas dessa obra.

E será mesmo que o Espiritismo traz outro Evangelho, “de origem humana”(palavras do autor) ?

NÃO, e quem deseja criticar algo deveria antes conhecer. O Evangelho Segundo o Espiritismo não é "outro Evangelho", e sim um estudo, uma análise de diversas passagens dos evangelhos, analisadas sob a luz da Doutrina Espírita. Ele trata especificamente do aspecto religioso do Espiritismo e é todo desenvolvido a partir dos ensinamentos do Cristo. Não cabe a crítica infundada, recorrente nos argumentos de evangélicos e também católicos, de que o livro é outro evangelho só porque não trata de todo o Evangelho mas só “do que interessa ao Espiritismo”, pois ele se propõe justamente a analisar os versículos que tratam da moral Cristã. Somente isso. Sobre os dogmas cristãos, céu, inferno, ressurreição e tudo o mais que evangélicos consideram mais importante do que a moral cristã tratada no E.S.E, lemos em outras obras de Kardec, como “A Gênese” e o “O Céu e o Inferno”. O E.S.E, nos seus 28 capítulos cita mais de 400 versículos dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, os quais são estudados a fundo, de modo que se tornem compreensíveis para a grande maioria das pessoas. Das partes do Evangelho, as mais estudadas nesta obra são o "sermão da montanha" e diversas parábolas. Tudo é explicado em linguagem simples e objetiva. Para nós, dogmas criados pelos homens como o da Divindade/Trindade, Purgatório, salvação pela graça, infalibilidade do Papa, infalibilidade da Bíblia, presença real do Cristo na Eucaristia, etc., é que deturparam os ensinos cristãos, principalmente por afastar as pessoas da simplicidade da mensagem do Evangelho, que diz que seremos julgados pelas nossas obras boas ou más e não por crer nisso ou naquilo. Para nós, o Espiritismo é o Cristianismo Redivivo, com o Evangelho do amor, visando a transformação dos indivíduos e do mundo através dos preceitos cristãos, e não o "Evangelho" da intolerância, dos ataques a quem não segue os mesmos dogmas, da opressão, do orgulho em se dizer “Justificado” e “ungido”, do dinheiro doado a exploradores da fé... Para nós, evangelizar é espalhar a mensagem de amor do Cristo e não sair pelo mundo em tentativas de conversões forçadas até com índios e enfermos nos hospitais. E não é de origem humana, tendo Kardec simplesmente como o Codificador dos ensinos trazidos pelos mensageiros do Cristo em vários cantos do planeta.

"Nenhuma mensagem do mundo espiritual pode ultrapassar a lição permanente e eterna do Cristo, e a questão, sempre nova, do Espiritismo é, acima de tudo evangelizar..." (Emmanuel, mentor espiritual do querido médium Chico Xavier)

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Respondendo a “Para que o Diálogo seja Possível”.

No terceiro capítulo, começa o autor dizendo:

“Como já dissemos, para que um cristão e um espírita possam dialogar sobre suas

crenças é preciso que ambos considerem a Bíblia como a única fonte da verdade.

Mas será que as doutrinas espíritas podem ser consideradas bíblicas? Será que

elas foram desenvolvidas a partir da Bíblia? E quanto aos ensinos cristãos, qual é o

lugar que a Bíblia ocupa neles? Jesus era um profundo leitor das Escrituras(no

caso dele, do Antigo Testamento, obviamente). Diz ele que os que se enganam o

fazem “porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus”(Mateus 22:29).

Portanto, aceito o pressuposto da veracidade das Escrituras(ou seja, da Bíblia

como única fonte de verdade, por causa daquele que a inspirou), vejamos o que a

própria Bíblia diz sobre si mesma.”

O pastor faz aqui o que havia condenado no capítulo anterior, que é ir além do que a Bíblia diz e não simplesmente deixar que ela diga por si mesma. Observem os leitores que Jesus não disse que a Bíblia é a “única fonte de verdade”, muito menos que é infalível, divina de “capa a capa”. Disse apenas que as Escrituras contém verdades, e não que é ela é a Verdade inteiramente. Jesus por várias vezes, como já demonstrei, contrariou o que está no Antigo Testamento. E é claro para qualquer um que o Deus violento, que ordenava a morte até de crianças e animais, não é o mesmo Deus que Cristo nos ensinou a amar – e não a temer; Na verdade, não é nem o mesmo Deus que deu os 10 mandamentos, entre os quais estava o “Não Matarás”. Até os ateus que conhecem a Bíblia percebem que Jesus parece perdido nos textos bíblicos, com tanta mensagem de amor, transformação, tolerância(até com prostitutas), em meio ao banho de sangue que a Bíblia traz na maioria de suas páginas.

O que importa para Jesus do Antigo Testamento se resume a isso: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. ” (Mateus 22: 36-40)

Prossegue o pastor: “O valor da Bíblia é inestimável: 'Pois tudo o que foi escrito no

passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do

bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança' (Romanos

15:4)”

Tudo o que? Não dizem católicos e evangélicos que nem tudo é inspirado, e chamam de "apócrifos" livros que não constam em suas bíblias? Ainda por cima, a Bíblia protestante exclui livros que estão na Bíblia dos católicos, como Eclesiástico e Sabedoria. Afinal, a quais escrituras Paulo se referia? Mostrei aqui que tem muita coisa na Bíblia, até mesmo palavras do próprio Paulo, longe de serem proveitosas para nos ensinar e nos dar perseverança e bom ânimo.Aliás, Paulo também disse: "Examinai tudo e retende o que for bom" (I Tess. 5:21)..Prossegue o pastor: “O conteúdo da Bíblia foi inspirado por Deus. Deve-se saber que “nenhuma

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profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve

origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo

Espírito Santo?' (2Pedro 1:20-21)”

Isso está correto, se entendermos o que é profecia e o que é o Espírito Santo.

O que é profecia?Rev. Nielsson, teólogo e tradutor da Bíblia, no livro "O Espiritismo e a Igreja", fala sobre os "dons espirituais": "Esta expressão aparece apenas nos textos paulinos, com a palavra grega charismata,que significa literalmente mediunidade, ou seja, a graça de ser intermediário entre os Espíritos e os homens." Nielsson diz: "Segundo a concepção dos tempos apostólicos, os Espíritos podiam ser bons ou maus, muito evoluídos ou inferiores e atrasados". Isto explica as advertências apostólicas, pois nas assembleias cristãs manifestavam-se também os maus espíritos, amaldiçoando o Cristo para defenderem o Judaísmo Ortodoxo ou mesmo para defenderem as religiões politeístas, que também usavam a mediunidade. Os profetas eram chamados "pneumáticos", na expressão grega do texto, que quer dizer: cheios de espírito. Havia dois tipos de espíritos: os de Deus, que eram bons, e os do Mundo, que eram maus. A respeito das comunicações, Paulo é incisivo: "A manifestação do espírito é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso". Reunidos os pneumáticos à mesa, em ordem, não se devia permitir o tumulto. Paulo avisa: "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem". Do cap. XI ao XIV, Paulo ensina como se fazia a reunião "pneumática" da Igreja Primitiva, e essas regras são as mesmas das sessões mediúnicas. Ainda o Rev. Nielsson nos mostra que a palavra transe (mediúnico) vem da Bíblia, derivando de êxtase. Eis uma de suas afirmações: "O próprio Paulo nos diz que estava frequentemente em transe. O apóstolo Pedro conta-nos a mesma coisa".

De fato, vejamos alguns exemplos: "10 E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase,11 e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra,12 no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu.13 E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come.14 Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.15 Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou.16 Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu. (Atos 10:10-16)

"5 Estava eu orando na cidade de Jope, e em êxtase tive uma visão; descia um objeto, como se fosse um grande lençol, sendo baixado do céu pelas quatro pontas, e chegou perto de mim. (Atos 11:5)

"17 Aconteceu que, tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, achei-me em êxtase , 18 e vi aquele que me dizia: Apressa-te e sai logo de Jerusalém; porque não receberão o teu testemunho acerca de mim. 19 Disse eu: Senhor, eles bem sabem que eu encarcerava e açoitava pelas sinagogas os que criam em ti.(Atos 22:17-19)

Vejam, portanto, os apóstolos entrando em transe mediúnico e tendo visões.Os apóstolos e os cristãos primitivos faziam sessões mediúnicas, e nelas, como nas atuais, manifestavam-se espíritos bons e maus; aqueles, dando instruções e estes, necessitando de orientação espiritual.O mais importante episódio de psicofonia("incorporação") foi o acontecido durante Pentecostes,

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quando os discípulos incorporaram Espíritos Superiores e puseram-se a falar em línguas estrangeiras que desconheciam, evangelizando a multidão reunida para a festa, vinda de diversas regiões do mundo antigo (Atos 2:1-13). Lucas cita o espírito visto por Zacarias no Templo, durante a oferenda do incenso(Lucas 1:11-22), o que anunciou a Maria o nascimento de Jesus (Lucas 1:26-38) e no Atos dos Apóstolos refere-se a visões de Paulo (Atos 16:6-10), sendo de ressaltar aquela que foi motivo de sua conversão ao Cristianismo: Jesus, em plena estrada que leva a Damasco (Atos 9:3-9, 22:6-11). Outro claro exemplo de psicofonia na Bíblia, apesar de alguns tradutores trocarem "espírito" por "Espírito Santo":

"Estevão, cheio de graça e fortaleza, fazia grande s milagres e prodígios entre o povo. Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos Cirenenses, dos Alexandrinos e dos que eram da Cicília e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele. Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao espírito que o inspirava" (Atos dos Apóstolos 6: 8-10)

Assim está conforme Severino C. da Silva em seu "Analisando as Traduções Bíblicas".

Em Atos 8:6-8, temos: "A multidão estava atenta ao que Felipe lhes dizia, escutando-o unanimemente, e, presenciando os prodígios que fazia. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados". É exatamente o que se realiza hoje nos milhares de Centros Espíritas espalhados pelo Brasil e pelo mundo. A orientação, o esclarecimento e a condução dos espíritos necessitados para que os que se encontram em tarefa evolutiva neste planeta não sejam prejudicados. Qual a diferença daquela época para a atual? Não vejo nenhuma.

Há muito mais exemplos claros de ação dos espíritos nos Atos dos Apóstolos, um livro fortemente mediúnico. Atos 16:9, por exemplo, mostra o espírito de um macedônio aparecendo para Paulo em uma visão: "Durante a noite, Paulo teve uma visão: na sua frente estava de pé um macedônio que lhe suplicava: "Venha à Macedônia e ajude-nos!". Que diferença há entre essa visão e as dos nossos dias? Nenhuma, pois se mediunidade existe hoje, então sempre existiu.

Diz Léon Denis em No Invisível: "Segundo a Escritura, 'profetizar' não significa unicamente predizer ou adivinhar, mas também ser impulsionado por um Espírito bom ou mau(...) Encontra-se muitas estas expressões na boca dos profetas: 'o peso do Senhor caiu sobre mim', ou ainda, 'O Espírito do Senhor entrou em mim'. Esses termos claramente indicam a sensação que precede o transe, antes de ser o médium tomado pelo Espírito. E ainda: 'Vi, e eis o que disse o Senhor", o que designa a mediunidade vidente e auditiva simultâneas"

Os profetas de ontem são os médiuns de hoje, assim como os profetas de ontem eram outrora chamados videntes, conforme se lê em I Samuel 9:9 ("Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, outrora se chamava vidente."). E o termo médium, proveniente do latim, designa melhor o processo de comunicação entre o plano material e o plano espiritual, por significar exatamente "medianeiro" ou "aquele que está no meio", entre os dois planos da vida, transmitindo as informações do plano espiritual para o material. Alias, o acirramento da comunicação com os espíritos estava inclusive previsto, em Joel 2:28 e igualmente em Atos 2:17 ("Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;"). O Rev. Robert Hastings Nichols, em sua História da Igreja Cristã, publicada em versão portuguesa pela Casa Editora Presbiteriana, lembra que podemos ter uma ideia das práticas da Igreja Primitiva pelas epístolas de Paulo, "especialmente as enviadas aos coríntios". Para o Rev. Nichols, havia na Igreja Primitiva dois tipos de culto, sendo um "o da oração" e outro

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o da refeição em comum, a chamada "Festa do Amor". Quanto ao primeiro, diz o rev. Nichols: "O culto era dirigido conforme o espírito os movia no momento. Faziam orações, davam testemunho, ministravam certos ensinos, cantavam salmos". O que seriam esses "certos ensinos" e como seriam ministrados? Noutro trecho, o rev. Nichols levanta uma pontinha do véu: "O Novo Testamento fala de oficiais que se ocupavam do ministério da pregação e do ensino. São conhecidos como apóstolos, profetas e mestres. O nome do apóstolo não era restrito aos companheiros de Jesus, mas pertencia também a outros pioneiros do Evangelho, que levavam as boas novas aos novos campos. Os profetas, mestres e doutores esclareciam o significado dos Evangelhos às igrejas. Todos esses exerciam seus ofícios, não pela indicação de qualquer autoridade, mas porque revelavam estar habilitados para tais ofícios, pelos dons do Espírito Santo". Os capítulos 12 e 14 da I Epístola aos Coríntios, de Paulo, indicam claramente o procedimento a ser observado pelos que participam de uma sessão. Paulo se refere aos dons mediúnicos dos profetas. Os ensinos proféticos nada mais eram que as manifestações mediúnicas. O Espiritismo veio esclarecer o papel dos profetas na antiguidade, que era semelhante aos das sibilas e pitonisas. Espinosa já havia chegado à conclusão, nos seus famosos estudos sobre as Escrituras, que o profetismo não era um privilégio dos judeus, mas uma qualidade do homem, existente em todo o mundo moderno. Mas aquilo que Espinosa não podia explicar senão como efeito de imaginação, comparando a inspiração dos profetas à dos poetas, o Espiritismo veio explicar mais tarde, no cumprimento das promessas do Consolador, restabelecendo as coisas em seu verdadeiro sentido. O profetismo bíblico e o apostólico eram simplesmente o uso da mediunidade, como hoje se faz nas sessões espíritas. E assim como, na antiguidade, havia profetas em Israel e na Igreja Primitiva, enquanto no mundo pagão existiam sibilas, pitonisas e oráculos, assim no mundo moderno, há médiuns no Espiritismo, e há "Cavalos", "tremedores", "possessos" e "convulsionários", em organizações religiosas que não seguem os princípios do Consolador. O velho problema do profetismo está esclarecido graças aos estudos espíritas.. Em Gênesis 18:1-3, Abraão é visitado por três espíritos (anjos) que se apresentam como três homens e lhe anunciam o nascimento do seu filho Isaac. Um fenômeno de materialização.Em muitas passagens da Primeira Aliança (Antigo Testamento), a comunicação de um espírito superior ou de luz era confundida e aceita como a comunicação do Próprio Deus. Em Jó 4:15-16 lemos: "E o espírito passou diante de mim e provocou arrepios por todo o meu corpo. Estava parado diante de mim, mas não vi o seu rosto, qual fantasma diante dos meus olhos, um silêncio... Depois ouvi uma voz". Algumas traduções trocam "espírito" por "vento" ou "sopro". Mas um "vento" ou "sopro" não fica parado diante de ninguém. Nem tão pouco o profeta(médium) diria que não viu o rosto do vento. Também sabemos que vento não fala, e Jó diz que ouviu uma voz. E então?

E o Espírito Santo?

Espírito Santo como a Terceira Pessoa da Trindade não existe, é uma invenção humana, assim como todo o dogma da Trindade. Nos originais gregos do Novo Testamento aparece muito mais vezes “Pneuma Hagion” (Espírito Santo), sem o artigo definido “ho” (o) diante dele. Neles não há também o artigo indefinido (um), porque este não existe em Grego, mas em Português existe. Quando não há artigo definido é porque devemos ler em Português com artigo indefinido. Logo, devemos dizer “um” Espírito Santo” e não “o” Espírito Santo. Isso mesmo, um espírito superior, um bom espírito, encarnado ou desencarnado, mas não o Espírito Santo da Trindade.

Só a partir dos Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla (381), é que o Espírito Santo e a Santíssima Trindade foram instituídos, com as subsequentes adaptações no Novo Testamento. Nas primeiras comunidades cristãs e no Velho Testamento, eles são desconhecidos. No V.T., só aparece o E.S., como sendo um espírito humano evoluído, santo. Em Daniel 13:45 (Bíblia católica, pois a protestante só tem 12 capítulos), lemos: “Suscitarei entre vós um homem de um Espírito Santo

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chamado Daniel.” Foi por isso que São Paulo disse que somos templos de um (como está no original grego) Espírito Santo.

Exatamente assim lemos na Bíblia católica Vulgata, em latim:

"Aquele que pede, recebe, o que procura, acha; ao que bate, se abrirá. Se, portanto, bem que sejais maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos; com muito mais forte razão vosso Pai enviará, do céu, um bom espírito aqueles que lhe pedirem" (Lucas, cap. XI)

Traduções modernas trazem “Espirito Santo” no lugar de “bom espírito”. Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, o espírito de Deus. O Pai, que é Deus, enviará o espírito, segundo o texto. Será que Deus enviaria a si mesmo? O enviado é inferior ao que envia, da mesma forma que Jesus não é Deus e se dizia um enviado de Deus, que é um só e não 2 ou 3.

Jesus ainda prometeu o Consolador , que é para nós a Doutrina Espírita, enquanto católicos e protestantes acreditam ser a assistência do Espírito Santo à Igreja. Dizem que basta pedir ao Espírito Santo, que não haverá erros. Quando ficam diante de algo que a razão contraria, como uma contradição bíblica evidente, ou quando ficam diante de passagens bíblicas que contrariam frontalmente uma de suas crenças, dizem que o questionador ainda não tem o "Espírito Santo" em si. É uma explicação criada pela Igreja para que o homem caminhe para a fé cega e não use da razão. Se Espírito Santo assiste a Igreja Católica e não permite erros, como explicar, então, todos os absurdos cometidos pela Igreja Católica, principalmente na Idade Media? E pra piorar, os protestantes, com todas suas divergências em relação aos católicos, também se dizem inspirados pelo mesmo infalível Espírito Santo. Evangélicos não acreditam na presença real do Cristo na Eucaristia, que o Papa é infalível em questões de fé, na existência do Purgatório e também não idolatram Maria, como os católicos. As várias igrejas evangélicas, cada uma se dizendo a mais cristã, divergem, por exemplo, quanto a idade certa para o batismo, quanto ao dízimo, ofertas, prosperidade, doação de sangue, etc. Com quem está esse "Espírito Santo", afinal?Insistem que o Consolador não seria uma doutrina porque o E.S é uma pessoa. Mas no grego, ao falar no Espírito que seria o Consolador, Jesus usa um pronome neutro, como o "it" em inglês. Portanto, no caso do Consolador o Espírito Santo/Espírito da Verdade não é uma pessoa. Ainda sobre o Consolador: Tanto o Catolicismo quanto os duzentos e tantos ramos do Protestantismo asseveram que a vinda do Consolador que Jesus prometera deu-se no dia chamado de Pentecostes, que é 50º dia após a Páscoa. No capítulo 2 dos Atos dos Apóstolos temos a descrição do que ocorreu naquela data. Vamos, então, rememorar o que ali se descreve. Logo depois da ascensão de Jesus, portanto a pouco mais de quarenta dias após ter feito a promessa do envio do Consolador, estavam os discípulos reunidos em uma casa quando um grande ruído se fez ouvir. Logo após, surgiram no ar umas luminescências e os apóstolos começaram a falar em línguas que desconheciam. Acontece que Jerusalém estava cheia de gente de várias procedências: árabes, gregos, etc. e os discípulos, que eram galileus e na maioria incultos, falavam a essas pessoas em suas próprias línguas, o que as embasbacava. É claro que não poderia deixar de haver quem desse uma explicação "lógica" para o fenômeno, alegando que eles assim falavam porque estavam bêbados. Como se o álcool tivesse o dom de ensinar línguas! De qualquer forma, o dia de Pentecostes ficou sendo, para os vários ramos em que se dividiu o Cristianismo, como o dia em que Jesus enviou o Consolador que prometera. Só o Espiritismo diz que não. O Consolador prometido não veio no dia de Pentecostes e sim dezenove séculos mais tarde, pois que o Consolador é o próprio Espiritismo. Sendo duas opiniões contraditórias, uma pelo menos deve estar errada. Então qual será a certa? Examinemos com atenção o que Jesus disse após a última ceia, em paralelo com os fenômenos ocorridos naquele dia de Pentecostes e vejamos se têm razão católicos e protestantes. Dissera Jesus que o Espírito de Verdade ensinaria todas as verdades e relembraria tudo que Ele,

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Jesus, havia dito. Muito bem. Se o Consolador viria para ensinar todas as verdades é porque Jesus não as havia ensinado na totalidade, coisa que Ele próprio afirmou (Jo 16,12). Na data de Pentecostes houve alguma revelação nova? Não. Ao menos a Bíblia não diz que houve. Na edição da Bíblia publicada pela Enciclopédia Barsa está escrito o seguinte comentário: Esta vinda do Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Cristo. Seu principal efeito foi aumentar a graça santificante dos apóstolos e fiéis sobre os quais desceu de forma sensível. Outros efeitos foram: o carisma de falar outras línguas, a coragem de pregar abertamente e um conhecimento extraordinário da doutrina cristã. Mas não foi nada disto que o Cristo prometeu. O Consolador deveria vir para ensinar todas as verdades e não apenas para aumentar a compreensão sobre as verdades já conhecidas. Viria também para lembrar o que o Cristo dissera. Para isso seria preciso que o que Ele havia ensinado estivesse esquecido ou adulterado. Mas fazia apenas 50 dias que aquela promessa fora feita e não mais que dez dias que deixara os apóstolos, pela ascensão. Por que, nesse caso, um emissário especial para recordar tudo aquilo que era tão recente? Mas Jesus também dissera que tinha muitas coisas para ensinar ainda, mas que não poderiam ser compreendidas ou suportadas então. Como admitir que apenas 50 dias depois já essas coisas pudessem ser ensinadas, entendidas ou suportadas? E que ensinos tão importantes seriam esses que os Atos dos Apóstolos não revelam? O Cristo prometera verdades novas e não coragem para divulgar as antigas, já ensinadas. E como é possível que esses ensinos complementares o próprio Jesus não os tenha querido fazer a seus discípulos, que não os poderiam suportar, para que, poucos dias após, os mesmos discípulos os fizessem e para pessoas que nem ao menos haviam conhecido os ensinos precedentes de Jesus? Se os ensinos de Jesus precederam os do Consolador é porque o conhecimento daqueles era um pré-requisito para o conhecimento destes. E se os apóstolos falavam línguas que não compreendiam, esses ensinamentos complementares não só iam cair em ouvidos alheios a toda a anterior mensagem cristã, como também os próprios mensageiros, isto é, os discípulos, continuariam a ignorá-los, visto que desconheciam o que falavam. Não é tudo muito incoerente? Agora vejamos, à luz do Espiritismo, o que terá, de fato, ocorrido no dia de Pentecostes: nada mais do que a eclosão das mediunidades de efeitos físicos e de psicofonia xenoglóssica. O barulho que se ouviu e as luminescências que surgiram são fenômenos comuns àquela forma de mediunidade. As "línguas de fogo" são simples manifestações ectoplasmáticas. O célebre físico-químico William Crookes, designado que foi pela Sociedade Dialética de Londres para estudar os fenômenos do Espiritismo, escreveu a certa altura de seu relatório: - Vi pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sobre a cabeça de diferentes pessoas. (Fatos Espíritas- F.E.B.) Mas aquelas "línguas" também poderiam ser simples fenômenos elétricos ou magnéticos decorrentes do preparo do ambiente por entidades espirituais (ver Missionários da Luz - F.E.B.) O falar línguas estrangeiras nada mais é que a mediunidade xenoglóssica, de que há tantos exemplos nos anais do Espiritismo. E tanto é verdade que aquele fenômeno foi meramente mediúnico, que o apóstolo Pedro, vendo o espanto das pessoas, explicou-lhes o que se passava repetindo as palavras do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne: e profetizarão vossos filhos e vossas filhas, e os vossos mancebos terão visões e os vossos anciãos sonharão sonhos. (At. 2,17). O mais curioso de tudo é que são as próprias religiões que aceitam o Pentecostes como a vinda do Consolador prometido que, paradoxalmente, renegam a mediunidade, atribuindo-a ao demônio, à fraude ou a fatores meramente psicológicos, negando assim a própria explicação de Pedro. Tudo isso parece deixar patente que a vinda do Consolador não se deu na data de Pentecostes, visto que as coisas que o Cristo disse que seriam feitas não sucederam, na verdade. Quando Allan Kardec recebeu a notícia da missão que lhe cabia, quis saber qual o nome do Espírito sob cuja égide aqueles ensinos se dariam e obteve a seguinte resposta: -Para ti chamar-me-ei A Verdade. Na época nem Kardec, nem ninguém, parece ter percebido a enormidade desta revelação. Seria este o Paráclito que Jesus ficara de enviar mais tarde? A ser assim esse "mais tarde" teria demorado não aqueles absurdos 50 dias, mas dezenove séculos, pois só então as pessoas, consideradas globalmente, estariam em condições de receber os demais ensinamentos que Jesus não

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quis dar por ser muito cedo para que fossem entendidos ou suportados. Se tais ensinos, que não puderam ser dados pelo próprio Cristo, houvessem sido trazidos e aceitos apenas alguns dias depois, isto faria de Jesus um professor bem medíocre, incapaz de transmitir aquilo que daí a pouco seria ensinado por outro, com sucesso. Não. Foram necessários 19 séculos, mesmo, para que as pessoas pudessem assimilar verdades maiores. E ainda assim, quantos de nós não as podemos suportar nem agora... Jesus disse que o Espírito de Verdade não falaria por si, mas sim que falaria de tudo o que ouvira dizer (Jo 16,13). Esses ensinos, portanto, seriam o resultado não de uma opinião pessoal, mas de um consenso. Não faz sentido dizer que viria diretamente do Espírito de Deus a Verdade, pois, afinal, por que Deus precisaria ouvir a Verdade de alguém para anunciá-la? E o Consolador seria enviado. Por quem? Por Deus, ou seja, por si próprio? Já o Espiritismo se estriba exatamente sobre a universalidade do ensino dos Espíritos, e Kardec não se cansou de chamar a atenção sobre isto. O Espiritismo não é fruto de uma ou de algumas opiniões isoladas, quer de homens quer de Espíritos, e nisto está a maior garantia de sua veracidade. Assim sendo, se para muitos o dia de Pentecostes foi o dia em que Jesus mandou o Consolador que prometera, para os espíritas esse dia só chegaria com a difusão do Espiritismo. O Espiritismo, sim, a par do consolo que derrama, trouxe novas verdades que, sem contraditar nada do que o Cristo ensinara, ampliou-Lhe os preceitos e restabeleceu as verdades mutiladas ao longo dos séculos. Como a verdade deverá ir sendo revelada à medida em que formos adquirindo condições de assimilá-la, é necessário que o Consolador permaneça conosco "para sempre", tal como dito por Jesus. O Espiritismo veio e aí está, enquanto que o fenômeno de Pentecostes foi uma ocorrência isolada, não obstante as consequências que teve na época. Vemos por esta forma que o Espiritismo está absolutamente conforme a promessa de Jesus feita naquela noite fria e triste da Palestina, quando a Lua rebrilhou nas gotas de sangue que uma enorme angústia fez verter de Sua fronte atormentada pela perspectiva do suplício que sofreria nas mãos dos que se julgavam detentores da verdade e monopolizadores do bom-senso.

E continua o autor, Israel Belo de Azevedo: “O que a Bíblia ensina sobre Jesus Cristo? Ela

mesma responde, pela voz do apóstolo Paulo: 'Pois o que primeiramente lhes

transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as

Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras'

(1Coríntios 15:3)

Cristo morreu pelos nossos pecados. Sim, mas não para acabar com os pecados como mágica, e sim para nos mostrar o caminho para a luz, através dos ensinos que nos deixou. E quanto a ressurreição:

Segundo os católicos e evangélicos, Jesus continua vivo, em carne. Mas diz a Bíblia: "E quando chegaram a Mísia, intentavam ir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (Atos 16:6,7). Em Atos 9:3-9 e 22:6-11 Cristo também se manifesta em espírito para Paulo.Na Estrada de Damasco, como poderia ser Jesus ressuscitado, se Paulo apenas ouvia a sua voz(mediunidade de audiência) sem ver nada além de uma luminosidade intensa, que só um espírito como Jesus possui, que quase o cega? Os homens que estavam com ele também não viram nada,só ouviam a voz.Em Atos 16:7 Paulo e Timóteo tentam entrar na Bitínia: "Mas o Espírito de Jesus os impediu". Podem alegar que era o Espírito Santo. Mas o texto diz "O Espírito de Jesus", não "o Espírito Santo" ou "Espírito de Deus".Em 2 Cor 3:17, Paulo afirma: "O Senhor é Espírito". Jesus também pregou o Evangelho aos mortos (1 Pe 4: 4-6), o que só poderia ter feito em Espírito.

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Assim, tudo se converge para a ideia de que Jesus, após sua morte, ressuscitou em Espírito, não no corpo físico.A carne, como todos já sabemos, não ultrapassa portas nem faz aparições. No livro de Tobias, presente apenas na Bíblia dos Católicos, encontramos um anjo fazendo coisas comuns aos seres humanos, inclusive aparentemente comendo: "Eu sou Rafael, um dos sete anjos... Vocês pensavam que eu comia, mas era só aparência... E o anjo desapareceu..." (Tb 12: 15-22)No caso de Jesus não poderia ter sido uma situação semelhante? Em várias oportunidades Jesus se manifesta e ninguém o reconhece, isso não ocorreria se ele tivesse ressuscitado no corpo físico. Somente em espírito ele poderia, por sua evolução espiritual, transparecer com tanta luz que não conseguiram de imediato identificá-lo. Se Jesus apareceu em espírito, em um evidente fenômeno mediúnico, então é lógico que ele não é carne e sangue. Em João 6: 63 Cristo diz que “O espírito é o que dá a vida. A carne não serve para nada”. E Paulo disse que “a carne e o sangue não poderão herdar o reino de Deus” (1 Cor 15,50). Se Jesus está vivo, em carne e sangue, com certeza não está no Reino de Deus, pois o Reino de Deus é espiritual e não material. Só poderia estar no mundo material, no mesmo plano nosso. E onde estaria, então? Na Lua? Em Marte? E como sobrevive sem oxigênio? Podem alegar que Jesus pode tudo porque é Deus, mas e quanto aos cristãos que serão arrebatados fisicamente aos céus? Onde viverão? Não há lógica nessa ressurreição. É algo totalmente materialista, enquanto Cristo veio trazer as verdades espirituais. O mesmo podemos dizer sobre a crença de Elias e outros sendo arrebatados e não conhecendo jamais a morte.

Jesus não deixou que Maria o tocasse, entrou em um lugar fechado e só então permitiu que Tomé o tocasse. Tem todas as evidências de que Jesus estava ali em espírito todo o tempo, semi-materializado, e depois houve uma interpolação no texto ou Jesus se materializou completamente e pôde ser tocado. Por que acreditar em algo que a Ciência comprova ser impossível se nós espíritas conhecemos bem as manifestações do perispírito? Por que acreditar que após a morte nosso corpo de carne e sangue terá as mesmas propriedades que tem o perispírito? No "Livro dos Espíritos", aprendemos sobre o perispírito:

“Perispírito 93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer? “Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.” Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito. 94. De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial? “Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”a) - Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro? “É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.” 95. O invólucro semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível? “Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável.”

E também no "Livro dos Médiuns":

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“Figuremos, primeiramente, o Espírito em união com o corpo. Ele é o ser principal, pois que é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um acessório seu, de um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Por ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de perispírito. Esse invólucro semimaterial, que tem a forma humana, constitui para o Espírito um corpo fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invisível no seu estado normal, não deixa de ter algumas das propriedades da matéria. O Espírito não é, pois, um ponto,uma abstração; é um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas, onde encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarificados fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a eletricidade? Não é exato que a luz, imponderável, exerce ação química sobre a matéria ponderável? Não conhecemos a natureza íntima do perispírito. Suponhamo-lo, todavia, formado de matéria elétrica, ou de outra tão sutil quanto esta: por que, quando dirigido por uma vontade, não teria propriedade idêntica à daquela matéria?(..)Doutrina Espírita considera o perispírito simplesmente como o envoltório fluídico da alma, ou do Espírito. Sendo matéria o perispírito, se bem que muito etérea, a alma seria de uma natureza material mais ou menos essencial, de acordo com o grau da sua purificação. Este sistema não infirma qualquer dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita, pois que nada altera com relação ao destino da alma; as condições de sua felicidade futura são as mesmas; formando a alma e o perispírito um todo, sob a denominação de Espírito, como o gérmen e o perisperma o formam sob a de fruto, toda a questão se reduz a considerar homogêneo o todo, em vez de considerá-lo formado de duas partes distintas.”

O caso da ressurreição de Lázaro e outros "ressuscitados" (curados de uma letargia) por Jesus diferem da ressurreição do próprio Jesus. Lázaro não apareceu com o "corpo glorioso" de Jesus, que se manifestou após o desencarne, como um espírito materializado. A ressurreição de Jesus é a ressurreição espiritual:

"Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus." (Marcos 12:25)

Serão como anjos, ou seja, espíritos de luz e não carne e sangue como Lázaro. Infelizmente, para alguns cristãos, Jesus era um materialista. Se, na ressurreição da carne, o corpo, o mesmo corpo de nossa existência física na Terra, ganha características espirituais, então é o espírito que não serve pra nada, contrariando frontalmente o que o Cristo ensinou.. E a maior prova bíblica de que o "corpo espiritual" nada mais é do que o perispírito é o episódio no Monte Tabor: além de Jesus conversar com Elias e Moisés materializados, com seus "corpos espirituais" visíveis(através da mediunidade de efeitos físicos dos apóstolos, que, adormecidos, cediam ectoplasma para o fenômeno), Jesus, ao transfigurar-se, demonstrava a existência do perispírito em si mesmo, ainda vivo, o mesmo "corpo espiritual" que seria visto por muitos após o seu desencarne, assim como eram vistos Moisés e Elias naquele monte. Tanto a materialização como a transfiguração são fenômenos bem estudados pelo Espiritismo. Médiuns tornam seu perispírito visível numa forma luminosa. Kardec explica em O Livro dos Médiuns sobre esse fenômeno: "Figuremos agora o perispírito de uma pessoa viva, não isolado, mas irradiando-se em volta do corpo, de maneira a envolvê-lo numa espécie de vapor. Nesse estado, passível se torna das mesmas modificações de que o seria, se o corpo estivesse separado. Perdendo ele a sua

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transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, ficar velado, como se mergulhado numa bruma. Poderá então o perispírito mudar de aspecto, fazer-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito e se este dispuser de poder para tanto."

"Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, " (I Coríntios 15:51)

A palavra "musteriou" não significa "mistério" no sentido de algo que não pode ser entendido ou compreendido pelas mentes dos homens. Significa simplesmente "segredo", algo a ser revelado. "Vine’s Expository Dictionary of New Testament Words" em "musteriou" diz que tem a ver com musterion: "não o que é misterioso, mas aquilo que se faz conhecido de uma maneira e em um tempo escolhido por Deus".Portanto, há um sentido oculto no que Paulo diz, algo pra ser entendido melhor posteriormente. Seremos de fato transformados. Mas os corpos de nossa vida terrena não serão transformados, e sim a nossa aparência exterior em comparação com a atual. Os católicos e evangélicos acreditam que a pessoa vai morrer e então seu corpo ira ser transformado em um corpo com as propriedades que nós espíritas sabemos bem ser de um perispírito. Como disse, o episódio da transfiguração é mais uma entre várias evidências bíblicas a favor do Espiritismo. Por que acreditar que no futuro os corpos de todos os homens sairão dos túmulos(haverá espaço pra tanta gente? E os cremados? E aqueles que foram vítimas de uma explosão, por exemplo, onde não sobrou nada?), quando há algo que sabemos que existe e que explica tudo muito bem? O que eu acredito é que o desaparecimento do corpo do Cristo, se realmente ocorreu, foi uma obra também da mediunidade de efeitos físicos, através do fenômeno de transporte. Cristo não desejou naquele momento explicar tudo(ao anunciar o Consolador, ele disse que havia ainda muito a dizer), pois não estavam todos preparados para entender. Mas era necessário naquele momento que acreditassem que ele levantou do túmulo. Foi preciso assim para causar o impacto, para fortalecer a fé dos homens no Messias e que para o Cristianismo se espalhasse. Os hebreus acreditavam em coisas que herdaram do Zoroastrismo persa (Juízo Final, Satanás, ressurreição...) e Jesus deixou as coisas como estavam para que no futuro tudo fosse melhor entendido(O “mistério”, no sentido bíblico). Os acontecimentos no Monte Tabor foram com a clara intenção de dar uma amostra aos apóstolos e para as gerações futuras de que a verdadeira ressurreição dos mortos é a vida espiritual, como com Elias e Moisés materializados naquele monte e com a demonstração em si mesmo do verdadeiro "corpo espiritual", o perispírito. Por que outro motivo, então, disse o Cristo aos apóstolos para que guardassem segredo sobre aquilo até que ele ressuscitasse? Meditem!

Em seguida o pastor discorre sobre “O que a Bíblia nos diz sobre o Evangelho”, insistindo em dizer que o Espiritismo prega outro Evangelho, que Jesus é Deus(o que não tem nenhuma base bíblica, mas é aquilo que o pastor condena no início de sua obra: ir muito além do que os textos dizem(direi mais sobre Trindade mais à frente) e que para os cristãos toda a verdade está na Bíblia, e concluindo o tópico dizendo que o Espiritismo “embora o prometa, ele não facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo da Bíblia, nem dá a fé inabalável e esclarecida àqueles que duvidam ou vacilam”.

Digo que é o contrário. A crença no Espiritismo me é reforçada ao ver o quanto os ditos “evangélicos” subestimam a moral cristã, negligenciada a favor de uma busca pela salvação pessoal.Não vejo os evangélicos darem tanta importância ao amor que Jesus nos ensinou a praticar quanto

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os espíritas.Uma senhora conhecida minha, que já faleceu, foi espírita a vida toda, mas tinha um filho evangélico. Quando ela estava no hospital quase morrendo, o filho e amigos ficaram incomodando a pobre coitada, insistindo para que ela se convertesse, já no final de sua vida. Depois, no cemitério, não deixaram que os espíritas nem se aproximassem do enterro. Acham que essa atitude intolerante para com o próximo é cristã? Ou uma atitude arrogante e intolerante dos que se julgam certos de que estão "salvos", apenas porque "acreditam em Jesus" e que o resto vai pro "fogo do inferno" só por não ser da mesma religião ? Ora, não basta dizer apenas "Senhor, Senhor", já dissera o Mestre. Devemos colocar sua palavra em prática. E a salvação é para todos os justos, não para os que creem nisso ou naquilo. Esse comportamento de certos "cristãos" não lembra o dos fariseus, se apegando mais as escrituras, aos dogmas, do que ao amor ensinado e exemplificado por Jesus? Não foi justamente esse comportamento que ele criticou em ensinos como a parábola do bom samaritano?

E mais disse Jesus:"Propôs Jesus esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo para orar: um fariseu, e outro publicano. O fariseu orava de pé, e dizia assim: graças te dou, o meu Deus, por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros. E não ser também como é aquele publicano. Eu, por mim, jejuo duas vezes por semana e pago o dizimo de tudo quanto possuo. Apartado a um canto, o publicano nem sequer ousava erguer os olhos para o céu; batia no peito e exclamava: Meu Deus, apiedai-vos de mim, pecador. Digo-vos, acrescentou Jesus, que este voltou justificado para sua casa, e o outro não, porque todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado" (Lucas, 18:9-14)

Outro ensino claro quanto a hipocrisia e intolerância: "Os publicanos e prostitutas entrarão primeiro que vós, fariseus hipócritas, no Reino de Deus" (Mateus 21:31)

“Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. - Conhecê-lo-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? - Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. - Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. - Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. - Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. " (Mateus 7:15-20)

Já encontrei na Internet católicos e evangélicos que até não aceitavam chamar os espíritas de irmãos, pois não merecemos segundo eles ser considerados filhos de Deus. Mas o que é necessário para sermos merecidamente chamados de filhos de Deus? Basta citar trechos e mais trechos da escritura e ser como os fariseus hipócritas, sepulcros caiados, intolerantes que desprezam os outros, como o fariseu da parábola do fariseu e publicano? Basta dizer "Senhor, Senhor" ?Não!! Disse Jesus:

9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.(Mateus 5:9)

44 Eu, porém, vos digo: amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos

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e injustos. 46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? (Mateus 5:44-46) 48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. (Mates 5:48)

Meu pai, que frequenta a colônia de hansenianos de Curupaiti com outros espíritas, já me disse sobre isso que Américo Domingos também relata no livro Porque Sou Espírita: "Maravilhoso é visitar uma colônia de hansenianos e observar grupos de espíritas, empenhados na tarefa assistencial aos que lá se encontram, distribuindo, concomitantemente com um sorriso nos lábios, bens alimentícios, roupas, produtos de higiene e sapatos. Aos incapacitados, dando na boca a sopa deliciosa e apetitosa que preparam com o devido carinho. Importante ressaltar que todas as tarefas são realizadas após uma rápida reunião de congraçamento em torno de uma passagem reconfortante do Evangelho e de uma fervorosa oração. Certa feita, visitando a Colônia de hansenianos de Curupaiti, observei um interno, cabisbaixo, bem abatido, portador de deformidades marcantes (não possuía os membros inferiores, as mãos desprovidas de dedos, a face desfigurada e sem expressão devido à cegueira). Logo que o interpelei e lhe dei alguns petiscos, sorriu e me interrogou se eu era espírita. Imediatamente o questionei: - Por que me pergunta isso? Ele prontamente respondeu-me: "-Só os espíritas fazem o que você está fazendo. Vocês são humanos, conversam comigo e me perguntam se estou precisando de alguma coisa." Então, indaguei a respeito da visita de simpatizantes de outros credos religiosos. Imediatamente, afirmou que raramente grupos católicos para lá se dirigiam e quanto aos que se diziam evangélicos, pediam dinheiro para suas igrejas, e insistiam na prática da unção (passar 'óleo benzido' na testa da pessoa) Constatei mais uma vez a importância da minha religião e lembrei-me das palavras amorosas de Jesus: 'Estava enfermo e tu me visitastes' (Mateus 25:36) É verdadeiramente um 'fato prodigioso' saber que pessoas, em nome do Cristo, sem nenhum interesse pecuniário, sacrificam seus momentos de prazer ou mesmo de repouso em favor do próximo, que pode estar acamado em um leito de dor, recluso em uma prisão, vivendo em um asilo ou internato, ou mesmo abandonado em uma via pública. O Mestre ensinou que eleitos são aqueles que praticam a fraternidade, pondo o amor em ação: 'Vinde, benditos do meu pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Por que tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me' (Mateus 25:34-36) Para mim, é uma das mais significativas passagens do Evangelho, desde que Jesus não alude ao seu sacrifício na cruz, nem faz menção a qualquer religião. Reafirma que 'sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes' (Mateus 25:40)"

Não quero dizer com isso que os espíritas são todos bonzinhos e os evangélicos não prestam, mas, como diz Américo, mostrar a importância de nossa Religião, tão criticada como "coisa do diabo". Quis mostrar a que leva por um lado a crença na importância da reforma intima, através dos ensinos do Cristo, e, por um outro lado, a crença de que a salvação já está certa para aqueles que bastaram se batizar e acreditar que Jesus morreu por nós como o Deus encarnado. Insistem que basta "crer" (dentro daquilo que entendem como crer em Jesus), para se transformarem, para "nascerem de novo", para se tornarem novos homens. Mas o que vemos no dia a dia é que, infelizmente, essa crença só leva ao orgulho pela própria salvação e ao desprezo por quem tem

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outra crença. Vemos o esquecimento do verdadeiro amor ao próximo tão ensinado e exemplificado pelo Cristo, enquanto há a insistência em converter até enfermos, como nos casos acima, e até tribos indígenas. Vejam as palavras de Gilberto Freyre em um artigo do "Jornal do Comércio", Recife, 15 de março de 1981: "Fui ainda, por uns curtos meses, nos Estados Unidos, protestante, pensando até em ser missionário, não sabia onde, talvez entre os índios do Brasil. Mas, repito, só por curtos meses. O que vi de sadismo no tratamento dos negros pelos protestantes brancos - quase assisti a um linchamento, dos então comuns - a rígida divisão, nas próprias igrejas, entre brancos e negros, desencantou-me com o Protestantismo"

Todos os ensinamentos do Cristo, ao que parece, não servem para nada. Amar o próximo? Para que? Amar até os inimigos? Para que? Perdoar sempre? Para que? Ser manso e humilde? Para que? O que importa é adorar o Deus que se fez carne e azar de quem pratica aqueles ensinamentos e não adora esse Deus cruel e mesquinho. Será mesmo que somos nós que não compreendemos a moral cristã?

Portanto, não posso aceitar quando o pastor afirma que o Espiritismo não facilita a compreensão e a prática da moral cristã, quando o Espiritismo nos leva a fazer o que Cristo nos ensinou como nunca vi pastor algum dizer, principalmente os que se dedicam mais a escrever livros atacando uma religião por puro interesse pessoal, já que vivem da religião e não para a religião.E, “quanto a fé inabalável e esclarecida”, pode ter certeza de que o Espiritismo nos dá essa fé, principalmente por nos ensinar um Deus que é conforme nos ensinou Jesus: um Deus justo e misericordioso que nos ama, e não um Deus sanguinário, cruel, que pune eternamente suas criaturas ao fogo do inferno, até mesmo tendo sido bons filhos, simplesmente por não o terem idolatrado como o Deus que se fez carne e morreu por nós.

Falam tanto em "amor ao próximo" e "amor a Deus". Mas como fica o amor ao próximo de quem está no paraíso ocioso, aproveitando eternamente os prazeres celestiais, em relação a parentes e amigos queridos que penarão eternamente no inferno? Deverão todos se esquecer daqueles que amam e que sofrerão eternamente e pensar de forma egoísta somente na sua"salvação individual" ? Mas se não esquecermos daqueles que amamos, se houver amor ao próximo, como ter amor a um Deus que condenará eternamente seus entes queridos, sem nenhum direito ao perdão, apenas por não terem crido na ideia da "redenção através do sangue de Jesus", mesmo sendo pessoas que só se voltaram ao bem? Me parece impossível conciliar o amor a Deus e ao próximo quando se acredita em um "Deus"assim. Nossa fé, portanto, é alicerçada no amor que temos a Deus, e não no medo, como vemos por aí...

Em seguida, discorre ele sobre “A recusa às ideías do pecado e da salvação por Jesus

Cristo”:

“Jesus principia sua pregação anunciando que as pessoas precisam se arrepender

dos seus pecados e crer no evangelho(que, em português, significa boas novas). O

historiador bíblico registra assim as palavras de Jesus:

O tempo é chegado ', dizia ele(Jesus Cristo), 'O Reino de Deus está próximo.

Arrependam-se e creiam nas boas novas” (Marcos 1:15).

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Em outra passagem, Jesus diz:

“Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:32)

Em outras palavras, Jesus diz que não veio chamar os que se consideram justos,

mas veio chamar ao arrependimento aqueles que sabem e reconhecem que são

pecadores. O evangelho, portanto, é uma oferta ao perdão. O apóstolo Pedro, no

nascimento da igreja cristã, semanas após a ascensão de Jesus Cristo, captou a

mensagem de Jesus e a colocou em prática, ao convidar os presentes à reunião a

tomar uma atitude, nos seguintes termos:

“Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam

cancelados” (Atos 3:19)

Contudo, a doutrina espírita rejeita totalmente essa ideia do pecado. Segundo a

análise de Kardec, os defeitos atuais que carregamos são resquícios das

imperfeições que trazemos de existências anteriores. Seria uma espécie de pecado

original do qual é possível se livrar por vontade própria e com a assistência dos

bons espíritos. Os pecados cometidos são, portanto, imperfeições das vidas

passadas que devem ser superadas(por expiação própria) para a purificação”

Qual ideia rejeitamos? “Pecados” ou “imperfeições morais”, conforme preferimos chamar, a mensagem do Evangelho é a mesma, e não vemos no texto bíblico nada que se oponha a ideia de que essas imperfeições nós trazemos de vidas anteriores. São nossos pecados e não de nossos antepassados, como a crença absurda do “Pecado Original”. Mas é lógico que é por expiação própria, cada um pagará pelos seus próprios erros e deve se esforçar na direção da luz, sendo Jesus a bússola, nos ensinos que nos deixou. Ensinos, como já disse, negligenciados por quem dá maior importância a quem ele foi do que o que ele ensinou, ou seja, a sua moral.

Em seguida diz o pastor: “Diferentemente do que a Bíblia diz:'Vejam! É o cordeiro de

Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29), o Espiritismo não aceita que Jesus

tira o pecado do mundo. Na prática o que ocorre é a negação do pecado pelo

Espiritismo, para quem a palavra pecado não representa em si nada mais do que

um conceito confuso. A violação da lei acarreta a cada ser humano um

amesquinhamento moral, uma reação da consciência, que causam o sofrimento

íntimo e uma diminuição das percepções animais. Assim, o ser pune-se a si

mesmo. Deus não intervém, porque Deus é infinito; nenhum ser seria capaz de lhe

causar o menor mal”

O pastor deve achar mais sensato um Deus infinito punindo com sofrimento eterno seres finitos.E claro que não acreditamos que Jesus tira os pecados do mundo. Como mágica, bastando “crer”, é claro que não. Por acaso, os que se dizem cristãos, não pecam? Depois da vinda do Cristo, a paz reina no planeta? Os evangélicos, em sua maioria, são intolerantes, orgulhosos de si, totalmente o oposto do que Cristo ensinou que devemos ser.A remissão de nossos pecados através do sangue do Cristo é um absurdo teológico haurido de crenças pagãs, onde animais eram mortos em sacrifício a Deus para limpar os pecados. A seguir a ritualística de antanho, sem levar em conta que Jesus foi considerado "Cordeiro de Deus" de uma

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forma poética e não literal, teremos que arrumar outro Cristo para nós, visto que os pecados que pensavam estar pagando ao matar animais eram os já cometidos; não os que iriam cometer posteriormente.

E continua: “Enquanto a Bíblia diz que todos pecaram e precisam da graça de

Deus(Romanos 3:23), o Espiritismo garante que não há necessidade de salvar a

ninguém, uma vez que todos estão salvos, pois todos foram destinados à perfeição

e terão tantas oportunidades de reencarnação quantas forem necessárias para que

atinjam essa meta. E dependendo do esforço que estejam empreendendo na direção

adequada, poderão atingi-la mais ou menos rapidamente, com mais ou menos

sofrimento. Na verdade, de acordo com a perspectiva espírita, o pecado nem

existe.

Não existe sequer a ideia de salvação da forma como o Evangelho de Jesus a

apresenta. No Espiritismo, salvar-se “é aperfeiçoar-se espiritualmente”, para que

a pessoa não caia “em estados de angústia e depressão” após a morte. Salvar-se é

“libertar-se dos erros, das paixões insanas e da ignorância”. Como escreveu Chico

Xavier:

´Salvação é a libertação e preservação do espírito contra o perigo de maiores

males, no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria

felicidade, nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução'”

Jesus não veio para salvar o mundo, no sentido em que os teólogos desenvolveramsuas teorias; veio, isso sim, ensinar o caminho da salvação, dizendo o que deveríamos fazerpara alcançá-la; tanto é, que afirmou “a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27), totalmentecontrário à crença de que a sua morte seria para nos salvar. Os relatos bíblicos nos dão contade que a morte de Jesus não passou de uma trama, muito bem elaborada, por sinal, doslíderes religiosos de sua época, dos quais sempre ressaltou a hipocrisia, o orgulho, a ganância.Se Ele voltasse fisicamente outra vez, fariam o mesmo, porquanto, essas lideranças religiosasdos nossos dias estão cheias de “verdades” de mais e amor de menos.

Prossegue ele: “O homem, portanto, não é salvo por Jesus Cristo, mas se salva a si

mesmo. O espiritismo descreve o papel de Jesus na salvação na função de um

mediador, isto é, um intermediário, um médium incomparável, traço de união que

liga a humanidade a Deus. Jesus é um mediador, mas não o redentor, porque para o

Espiritismo a ideia da redenção não se sustenta: É contrária à justiça divina; é

contrária à ordem majestosa do universo. Por isso, então a missão do Cristo não

era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo que

fosse de um deus, não seria capaz de resgatar a ninguém. Cada qual deve

resgatar-se da ignorância e do mal. Ninguém além da própria pessoa poderia fazer

isso.

Diante dessas afirmações fica claro que “a mensagem da cruz é loucura para os

que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”

(1 Coríntios 1:18)

É por isso que os apóstolos podem nos ensinar, nas Escrituras, que em Jesus

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“temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com

as riquezas da graça de Deus!(Efésios 1:7). Merece destaque com letras garrafais

a lembrança do apóstolo Paulo: 'Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas

perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de

viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo,

como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, sendo justificados gratuitamente

por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24).

Como disse John Stott:

O pecado provocou a separação; a crucificação de Cristo trouxe a reconciliação. O

pecado produziu inimizade; a cruz nos trouxe a paz. O pecado criou um abismo

entre o homem e Deus; a cruz construiu uma ponte entre eles. O pecado quebrou a

comunhão; a cruz a restaurou”

Um versículo, basta um, para nos mostrar a real missão do Cristo:

"Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vos, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. (1 Pedro 2:21)

Cristo se sacrificou nos deixando exemplo a ser seguido, e não uma salvação mágica e sem nenhum esforço na direção do bem. Se fosse mágica, não teria Jesus ensinado o caminho, com tantos preceitos que ministrou.Essa a missão do Cristo na Terra. Outros homens também vieram em missão na Terra pela Humanidade e foram martirizados, como os apóstolos e alguns dos santos católicos. Jesus é o maior de todos esses missionários, mas não é Deus e não é seu sangue que nos purifica mas a sua palavra.

“Ah, mas seguir Jesus então é o mesmo que seguir Buda. Jesus, então, é dispensável”

Seguir Buda até que dá no mesmo, sim. Por isso Deus é justo: muitos, a maioria na verdade, conhecem a Buda e não a Jesus, e a Humanidade inteira não vai para o Inferno só por não seguir os dogmas cristãos. Mas não teve outro além de Jesus que ensinou com tanta autoridade, com tanta sabedoria e nenhum deixou o exemplo de sacrifício pelo próximo que ele deixou. Diz o Livro dos Espíritos: "Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra.".

A grande verdade é que quando falam que a reencarnação e a pratica da caridade eliminam a necessidade do "sacrifício redentor" do Cristo me parece óbvio que estão querendo mesmo é dizer que eliminam a necessidade de um pastor "que salva alma", um padre "que perdoa pecados", um Papa "infalível em questões de fé", enfim, eliminam a necessidade das Igrejas. E isso incomoda aos poderosos da fé. Principalmente por isso, combatem tanto o Espiritismo. Ele significa liberdade, cada um responsável por si mesmo. "Conhecereis a verdade e ela voz libertará", disse Jesus. A reencarnação é uma lei natural que toda a Humanidade dispõe como meio de evolução moral e também intelectual. A salvação somente através da crença no"sangue redentor do Cristo" excluiria a maior parte da Humanidade, que não é cristã. Mesmo muitos daqueles dedicados apenas ao bem estariam condenados a uma pena eterna, já que seriam todos julgados de acordo com crenças pessoais(dogmas), e não de acordo com o bem ou mal feito no corpo. Não consigo ver onde a justiça, misericórdia, perdão e o amor de Deus nessa crença. Ora, se todos os obstáculos de nossas vidas foram superados pelo Cristo, que, segundo a doutrina da Igreja, assumiu todos os pecados na

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cruz e na ressurreição, bastando que a criatura aceite ser incluída no rol dos redimidos, qual o interesse de cada um em proceder corretamente e praticar as leis de Deus e dos homens, se sua salvação está assegurada de antemão? Como fica a responsabilidade individual dos que praticam o mal conscientemente? Onde a Justiça Divina, se o malfeitor, o criminoso, o corrupto, o mau, o indiferente são tratados da mesma forma que o caridoso, o sensível aos sofrimentos alheios, o que se sacrifica pelo seu próximo? Há uma total injustiça nessa doutrina, que desestimula a prática do bem e a submissão aos ensinos evangélicos, que acena com o sacrifício de si mesmo, o trabalho individual dirigido ao bem, o amor ao próximo como condições de aperfeiçoamento. É evidente que o Cristo de Deus é o Salvador da Humanidade, oferecendo sua Mensagem de vida eterna como roteiro, como o caminho e a verdade que Ele mesmo se proclamou. Ele é exemplificação e modelo, mas compete a cada criatura seguir o caminho indicado, com esforço, com amor, com dedicação e não ficar de braços cruzados a espera da salvação. Quando os homens, repudiando os dogmas e preconceitos a que se aferram há tantos séculos, abrirem as portas da percepção para assimilar a cristalina simplicidade dos ensinamentos do Cristo, eles fatalmente se redimirão pelo amor, cuja prática concorre para o resgate das faltas, como a Escritura deixa bem claro em Prov. 10:12 ("O amor cobre todas as transgressões"),Lucas 7:47 ("Muito será perdoado a quem muito amou") e I Pedro 4:8 ("O amor cobre a multidão de pecados"). O plano elaborado por Deus para a salvação das almas, segundo a ortodoxia cristã (católicos e protestantes) se fundamenta na doutrina do "pecado original", ou seja, pela desobediência do primeiro homem transmitiu-se o pecado a todo o gênero humano, de sorte que pelo erro de Adão todos os seus descendentes ficaram automaticamente excluídos da graça de Deus e condenados irremissivelmente a uma eternidade das penas. Custa crer como os preconceitos se enraízam na mente das pessoas e se transmitem como que por hereditariedade (à semelhança do pecado original...) de modo que não adianta a Ciência haver demonstrado, há mais de um século, com a Paleontologia e o Evolucionismo, que o homem vive na Terra há no mínimo 40 mil anos e que a lenda dos "primeiros pais" vale hoje apenas como um símbolo. Desprezam-se todos os argumentos para manter de pé as velhas concepções, e os denodados padres e pastores continuam pregando nas igrejas que o pecado entrou no mundo por Adão e foi resgatado, satisfazendo à justiça divina, pelo sangue de um inocente no Calvário. Isso significa que continuam a semear a incredulidade no espírito humano, pois não é admissível que pessoas inteligentes ainda aceitem como verdades as lendas bíblicas cheias de tantas infantilidades: 1 - Desgraçou todo o gênero humano a desobediência de um ser primitivo que nem sabia distinguir entre o bem e o mal; 2 - Um Deus que não admitia o progresso de suas criaturas e nem queria que vivessem eternamente (Gen. 3:22); 3 - Uma serpente supostamente má, mas que se limitou a falar estritamente a verdade (Gen. 3:4/5); 4 - A transmissão iníqua do pecado a todos os descendentes de Adão, por todos os séculos sem fim (Rom. 5:12). e 5 - A remissão do pecado por outra injustiça maior, ou seja, a imolação de um inocente (Rom. 5:17). O sacrifício de animais pelos pecados dos israelitas era um ato próprio de um povo bárbaro, sendo inconcebível que Deus, o mesmo que afirmou: "Misericórdia quero, não sacrifício" (Oséas 6:6) engendrasse tão absurdo "plano" para resgatar os erros da Humanidade. Cristo se sacrificou para assegurar o cumprimento da grandiosa missão que o fez descer a Terra. Sua morte, sem duvida alguma, estava nas previsões divinas, para provocar o impacto que se fazia necessário na consciência dos homens, seus contemporâneos e os das gerações vindouras. Ele mesmo disse: "Quando for levantado da Terra, atrairei todos a mim!" (João 12:32) Nós, espíritas, entendemos que Jesus veio ao mundo para ensinar aos homens a lição do amor (João 13:34) e que a sua morte, predita por vários profetas, resultou da inadequação da Humanidade para assimilar suas extraordinárias mensagens. A condenação consiste em permanecer o homem nas trevas espirituais, enquanto as suas obras

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forem más (João 3:19). Porque não sabem o que fazem. Deus perdoará os maus no dia em que se voltarem para Ele dispostos a corrigir seus erros! E salvação para nós não é a salvação do inferno eterno e sim a "libertação do espírito humano dos grilhões que o oprimem", como a ignorância, os vícios,as paixões, os erros e os preconceitos. A medida em que o homem se liberta desses grilhões, vai descortinando novos horizontes, tornando-se mais livre, mais sábio, mais puro, numa palavra, mais perfeito. Quando Jesus ensinou "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial", ele fez depender essa perfeição da prática do amor, como se vê na meridiana clareza de Mateus 5:44/48. Ele mostrou, desse modo, que "a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes" (Evangelho Segundo o Espiritismo)

Citam inúmeros versículos em que está escrito que "crer em Jesus salva" . Mas o que é “crer em Jesus”? Será que é simplesmente acreditar que Jesus é o filho de Deus enviado por Deus(por acaso, ele mesmo!) para morrer pelos nossos pecados? Então, o resto da Humanidade, por acaso a imensa maioria, está condenada?

"Falando ele estas coisas, muitos creram nele. Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; " (João 8:30-32)

Tem que permanecer na palavra do Cristo, ou seja, acolher no coração os seus ensinos e passar a viver de acordo com os seus preceitos. E o que foi, realmente, que Ele ensinou? Quais os preceitos que ministrou? Ensinou a amar até mesmo nossos inimigos, a perdoar e esquecer as ofensas, a extirpar do coração o egoísmo e o orgulho, a fazer aos outros o que queremos que eles nos façam, a sempre retribuir o mal com o bem, a socorrer os irmãos em suas necessidades sem visar a qualquer recompensa, a compreender, servir, perdoar indefinidamente

Cristo disse ainda:

"Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática , será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha." (Mateus 7:22-24) "Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa. " (Lucas 6:49)

Não está evidente que é necessário colocar as palavras do Cristo (seus preceitos) em prática?

Jesus disse também: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. " (João 13:35)

Isso que importa e não crenças em dogmas impostos pela Igreja.

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. " (João 14:21)

"Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. " (João 15:8)

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"Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos. " (Mateus 21:43)

Entendo versículos como esse do Paulo como apenas uma analogia entre os sacrifícios dos animais e o sacrifício do Cristo. Mas Cristo não morreu para limpar os pecados como mágica - afinal, a Humanidade continua a pecar da mesma maneira - e sim para deixar o exemplo a ser seguido, como os versículos abaixo deixam bem claro:

Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vos,deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. (1 Pedro 2:21)

38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á. 40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo. 42 E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa. (Matheus 10:38:42)

Está evidente que devemos seguir o exemplo de amor que Jesus nos deu. O Espiritismo diz: "Fora da caridade não há salvação", e podemos ver que isso está de acordo com o Novo Testamento. Mas para alguns aquele que der água a um pequenino, mesmo com o mais puro amor, será condenado ao fogo do inferno só por não aceitar certos dogmas inúteis.

"Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. " (I João 1:6-7)

Portanto, temos que andar na mesma luz em que Ele está, ou seja, seguir seu exemplo, e não apenas dizer que tem comunhão com ele e dizer "Senhor, Senhor", e ser hipócrita. Andando todos na luz, estaremos em comunhão uns com os outros, porque a paz se instalará na Terra e o Reino de Deus estará entre nós. Assim, o "sangue de Jesus" - ou seja, seu sacrifício pela Humanidade - irá tirar do mundo o pecado.

4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6 Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas. 7 Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito. 8 Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. 9 Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. 10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. 11 Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. 12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. (João 15:4-

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13)

Estar em Cristo é pôr em prática as suas palavras, guardando os seus mandamentos. Quem, realmente, está em Jesus dá bons frutos, vivencia o Evangelho e coloca suas palavras em prática, palavras que se resumem em "Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei", ou seja, mais uma vez a confirmação de que o que prega o Espiritismo é o que prega o Evangelho: "Fora da caridade não há salvação". Mesmo que você não siga o Cristianismo dogmático, mesmo que nunca tenha ouvido falar em Jesus, mesmo que os homens o considerem um herege, você estará em Jesus se colocar em prática a sua palavra. Vejamos como se processaria a "salvação pela fé", no entendimento dos evangélicos: Um incrédulo ouve o sermão, sente-se tocado pela comovente mensagem do pregador e se torna um "convertido", recebe Cristo no seu coração e acredita "nascido de novo", salvo pela graça do Senhor, e purificado dos seus pecados pelo sangue do Cordeiro. Em seguida, filia-se a congregação dos fiéis através do batismo e passa, ao menos em teoria, a viver sua existência dentro dos preceitos do Evangelho, podendo tornar-se até um dos "mensageiros da palavra", no afã de trazer outros pecadores aos braços do Salvador.É suficiente essa atitude tão simples para modificar uma vida e transformar substancialmente um caráter? Basta mesmo esse "pequeno passo" para o crente se credenciar a "comunhão dos santos" e ter assegurada a sua admissão a "eterna bem-aventurança" ? Então, por que só uns poucos, talvez os de espírito mais evoluído, permanecem realmente regenerados? A maioria ostenta um cristianismo de fachada, persistindo com os mesmos sentimentos íntimos de ‘homem velho’: egoísmo, desamor, intolerância, racismo, ausência de empatia e de fraternidade. Mesmo admitindo que os indivíduos se transformem, que efeitos tem produzido o Evangelho nos grupos sociais que se intitulam cristãos, tanto católicos como protestantes? Acaso o mundo foi transformado, após quase dois mil anos de catequese? Reinam paz e harmonia entre os povos cristãos? Foi implantado nos corações o ideal da solidariedade humana? Ou continuam os homens a digladiar-se, não raro trucidando os adversários em nome do próprio Cristo, como ocorreu nas "Cruzadas", nos tribunais da "Santa Inquisição", no massacre dos camponeses alemães (com o apoio do próprio Lutero), na matança dos huguenotes e nas lutas fratricidas dos nossos dias entre os cristãos irlandeses? Observe-se que o próprio Jesus preveniu: "Pelos frutos os conhecereis"... (Mat. 7:16)

A doutrina da salvação pela fé suscita várias indagações que nunca nos pareceram satisfatoriamente respondidas: Como se salvaram os povos que antecederam Jesus? Pela observância da Lei? Mas ninguém jamais cumpriu inteiramente a Lei, a não ser o próprio Jesus. Além disso, a Lei era para o povo israelita. E os povos gentios, mais numerosos, e, naturalmente, entregues à idolatria, decerto que por ignorância, antes que por maldade? Se eram também criaturas de Deus, por que estariam excluídos da salvação? E depois do Cristo, quantos milhões têm nascido e morrido no mundo inteiro sem conhecer o Evangelho? E até mesmo no seio do próprio Cristianismo, quantos milhões continuam sendo excluídos pela simples razão de, usando o raciocínio que Deus lhe deu, interpretarem o texto bíblico de maneira diversa da adotada pelas igrejas estabelecidas? Pretender condicionar a salvação eterna a uma determinada exegese da Escritura é desconhecer a extrema variabilidade dos critérios humanos de julgamento. Diante de um fato novo, cada ser reage de um modo peculiar ao seu senso íntimo de valores; cada um tira conclusões ditadas por sua inteligência, seu acervo de conhecimentos, sua evolução intelectual e moral. Não há e nem pode haver unanimidade no modo de pensar dos homens, daí a justeza do

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provérbio: "Cada cabeça, uma sentença". Vejam-se os Tribunais de Justiça, por exemplo: existem para examinar as questões legais que lhes chegam e decidir se confirmam ou reformam as sentenças proferidas em primeira instância. Seus membros são em geral figuras venerandas, magistrados que encaneceram, por 20, 30 ou até 40 anos, no estudo, interpretação e aplicação das leis. São, portanto, profundos conhecedores do ordenamento jurídico e seria de esperar pudessem resolver sumariamente as demandas em que se chocam pretensões conflitantes. Mas o que ocorre é que os "acórdãos" bem raramente exprimem a unanimidade, havendo quase sempre opiniões discrepantes, que figuram como "votos vencidos". Ora, se isso ocorre num campo restrito como o Direito, entre homens que passaram a vida inteira estudando as leis e suas aplicações, como pretender que na exegese do texto bíblico todos os homens adotem a interpretação que os evangélicos e/ou católicos entendem ser a correta? E como admitir sejam condenados à perdição eterna todos os que divergirem dessa interpretação? A nosso ver, só a formulação de tal premissa denota uma estreiteza sectarista que de modo algum se coaduna com a pregação de amor, perdão e tolerância ministrada pelo Divino Mestre. Quem tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir, por favor leia o Novo Testamento com os olhos bem abertos e a mente despida de preconceitos, e chegará fatalmente a conclusão de que Jesus não desceu a este mundo para fundar nenhuma religião, e sim para trazer a noção de uma vida futura e da sobrevivência da alma, de recompensas e punições segundo as obras que os seres humanos tenham praticado, enfim, veio apresentar aos homens um Deus de amor e misericórdia, muito diferente daquele Jeová rancoroso do Velho Testamento.

Enquanto cada cristão procura egoisticamente salvar-se, todos decerto imbuídos das melhores intenções, as gerações se vão sucedendo sem que nenhuma das religiões estabelecidas consiga eliminar os males que assolam a Humanidade, e o mundo vai afundando no vício, na depravação e na violência. Tudo isso por quê? Simplesmente porque continuam exibindo um Salvador místico, sem dispensar atenção ao acervo de regras que Ele estabeleceu. Por que se daria ele ao trabalho de prescrevê-las, se não era para serem observadas? Quando abrirem os olhos para perceber a sublimidade do ensino, os homens verão que a Humanidade toda é solidária e que o "Reino de Deus" se instalará na Terra quando estiver instalado em todos os corações(Lucas 17: 20/21). Quando cada ser humano aprender a perdoar e esquecer as ofensas, a amar até mesmo aqueles que tenha por adversários, já não existirão adversários, uma vez que todos serão irmãos e haverá paz na Terra. Foi isto o que Jesus ensinou e há de acontecer um dia. Por que traçaria Ele o programa, se o julgasse irrealizável?

Em seguida, inicia o pastor o tópico “A anunciada insuficiência do arrependimento”:

“Diante de tudo isso que acabamos de explicar, o discurso inaugural de Jesus –

arrependam-se – torna-se sem sentido para o espiritismo. Segundo Allan Kardec,

o arrependimento é apenas a preliminar indispensável à reabilitação, mas não é o

bastante para libertar o culpado de todas as penas'. Complementa um intérprete da

doutrina espírita:

O arrependimento não é a remissão total da dívida, é a faculdade, o caminho para

redimi-la. E é nisso que consiste, segundo o código de Kardec, o perdão do

Senhor.

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Para Roustaing, outro intérprete da doutrina espírita, o arrependimento é entendido

da seguinte maneira:

O arrependimento é, com efeito, um meio de chegar ao fim, de chegar à expiação

produtiva, à atividade nas provações, à perseverança no objetivo(...). Todavia, o

Espírito culpado não pode avançar, senão mediante a reparação.

Por isso, Chico Xavier ensina que o arrependimento é caminho para a regeneração

e nunca passaporte direto para o céu.

Contudo, o apóstolo Paulo testificou que as pessoas “precisam converter-se a

Deus com arrependimento e fé, em nosso Senhor Jesus” (Atos 20:21).

Arrependimento e fé são duas faces de uma mesma moeda; um não existe sem o

outro. Arrependimento sem fé é apenas admissão de culpa. Arrependimento com fé

é admissão de culpa, tristeza pelo pecado cometido, disposição de não pecar mais e

a oração por vitória sobre o pecado.

É o Espírito Santo que convence o homem do pecado e da necessidade de

arrependimento(João 16:18). O arrependimento, que implica a disposição de não

pecar mais, é tudo o que o homem pode fazer, é também a única coisa

O arrependimento é a tristeza diante do pecado cometido, algo que o próprio Deus

coloca no coração do ser humano(2 Coríntios 2:7-10)”

Quem diz que não basta se arrepender é Jesus, quando nos dá ensinos muito mais profundos e diz que devemos praticá-los, e ainda quando repete muitas vezes aos pecadores perdoados: “Vá e não peques mais” e ainda “Vá e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”, comprovando que importa sempre a vigilância e manter-se no caminho da luz.Aliás, mais do que falar sobre a necessidade do arrependimento, o Espiritismo vai além, ao ensinar que devemos caminhar para a perfeição, conforme Cristo nos ensina.As Igrejas, principalmente as evangélicas, repetem sempre que salvam pessoas as afastando das drogas, do alcoolismo, do crime, da prostituição... Isso tudo, realmente, é muito importante. Minha Religião não se julga a única verdade. Nós, espíritas, acreditamos que todas as religiões são importantes desde que levem a reforma íntima do indivíduo. Mas o mais importante é pôr o bem em prática e não apenas se afastar de certos vícios nocivos. Eu nunca fumei, nunca bebi, nunca cometi crimes. Os regenerados, a princípio, estão no mesmo nível espiritual que eu, que estou longe de me julgar perfeito, pois, mais do que se regenerar, cada um deve procurar evoluir cada vez mais. A criança que muda de série na escola, evolui intelectualmente; o trabalhador que se especializa, evolui profissionalmente; jovens que se casam, evoluem socialmente... Evoluir é bem mais trabalhoso do que regenerar. Na regeneração, o ser humano apenas volta ao ponto que um dia abandonou, tomado de perturbação. Na evolução, a alma ascende a outros níveis de compreensão, cresce espiritualmente e adquire o que jamais possuiu. Paulo de Tarso, entidade elevada que reencarnou para servir ao Cristo, regenerou-se após a visão do Senhor na estrada de Damasco; mas, ao conhecer e vivenciar os ensinamentos evangélicos, ao longo de três décadas de sofrimentos, evoluiu para planos até então desconhecidos, tornando-se um dos mais importantes mentores em toda a história da cristandade.

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O Espiritismo, em sua didática divina, propõe três fases distintas para a educação definitiva da alma: a conscientização, pelo estudo metódico; a regeneração, pelo arrependimento das faltas cometidas e a evolução pela prática constante do Bem e pela incorporação de novos valores ao caráter. Regenerar é um passo significativo, evoluir é libertação definitiva das sombras e das limitações humanas. A Doutrina Espírita projeta-nos num mundo de novas concepções. Outrora, induzidos pelo superficialismo das igrejas mundanas, acreditávamos na lei do menor esforço para obter o "céu". A confissão auricular, a extrema-unção, dízimo e a indulgência foram mecanismos de enganos religiosos que nos furtaram a capacidade de aprofundamento das grandes questões da vida. Com o Espiritismo, entendemos que a felicidade após a morte é fruto de intenso esforço no Bem, aliado à compreensão das leis de Deus. O Espírita sabe que não basta a prática da Fé no plano da convivência. É preciso buscar, além da auto-regeneração, a evolução da própria alma. Aquele que estiver fazendo caridade para chamar a atenção, para "comprar o céu", pode desistir. Não deve haver interesses em conseguir um lugar no céu, mesmo porque acreditamos que na vida espiritual há muito trabalho na obra do nosso Pai e não um ocioso paraíso. O que Espiritismo nos ensina é que temos responsabilidade e que o verdadeiro homem de bem faz o bem com alegria, sem pensar em recompensas. Um trecho do livro "Nosso Lar", do espírito André Luiz, Psicografia de Chico Xavier, mostra bem o que estou dizendo. André Luiz, diz para a sua mãe, que vivia em esferas espirituais mais elevadas, e foi a cidade espiritual "Nosso Lar" o visitar:

" Oh! minha mãe! deve ser maravilhosa a esfera da sua habitação! Que sublimes contemplações espirituais, que ventura!"Ao que ela respondeu: "A esfera elevada, meu filho, requer, sempre, mais trabalho, maior abnegação. Não suponhas que tua mãe permaneça em visões beatificas, a distância dos deveres justos. Devo fazer-te sentir, no entanto, que minhas palavras não representam qualquer nota de tristeza, na situação em que me encontro. É antes revelação de responsabilidade necessária. Desde que voltei da Terra, tenho trabalhado intensamente pela nossa renovação espiritual. Muitas entidades, desencarnando, permanecem agarradas ao lar terrestre, a pretexto de muito amarem os que demoram no mundo carnal. Ensinaram-me aqui, todavia, que o verdadeiro amor, para transbordar em benefícios, precisa trabalhar sempre. Desde minha vinda, então, procuro esforçar-me por conquistar o direito de ajudar aqueles que tanto amamos."

E diz o "Evangelho Segundo o Espiritismo", no Capítulo XVII("Sede Perfeitos"):

" O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

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Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa" E mais a frente, mesmo livro, mensagem do espírito François-Nicolas-Madeleine: "A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno cura d'Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos. À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidoscomplacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias. Em princípio, o homem que se exalta, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio. O vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de redimir."

E, complementa o pastor o capítulo dizendo:

“PARA POSSIBILITAR O DIÁLOGO

Como já dissemos, a Bíblia(e não quaisquer outras fontes nem experiências) tem

que ser o ponto de partida de onde se derivam as certezas(crenças e

compromissos), para que o diálogo entre cristãos e qualquer outro credo não

cristão se torne possível, ainda que seja difícil.. No entanto, como acabamos de

ver, o diálogo entre espiritismo e cristianismo se torna impossível, pois ambos

partem de pontos e fontes diferentes. O ponto de partida do espiritismo é a

doutrina de Allan Kardec, enquanto o ponto de partida do Cristianismo é Bíblia

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Para que esse diálogo se torne possível é preciso que ambos abram a Bíblia e

deixem-na falar”

Explicando mais uma vez que a Doutrina é dos Espíritos, não de Kardec,E quanto a “deixar a Bíblia falar”, já venho demonstrando e continuarei demonstrando nesse livro, que isso só parece ser válido para os pastores quando interessa.

Respondendo a “Jesus Cristo, Mestre e Modelo ou Salvador?”.

Inicia assim o capítulo 4:

“Crer no evangelho de Cristo, portanto, é ter fé no Senhor Jesus. Mas quem é

Jesus? Ele mesmo se apresenta no Evangelho de João:

Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você! (João 4:26)

Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome, aquele que crê em

mim nunca terá sede. (João 6:35)

Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da

vida(João 8:12).”

De fato, quem o segue e crê nele não terá sede e não andará em trevas. Mas crer e seguir significa andar de acordo com seus ensinamentos e não apenas dizer que crê.Nada aqui diverge da Doutrina Espírita. Ao contrário, pois Jesus se diz Messias( em hebraico: “O Consagrado" ou “O Ungido”), nada sobre ser ele Deus e fazer parte de uma Trindade.O pastor cita João 6:35, mas deveria também citar João 6:38: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”, ou seja, Jesus em umas das inúmeras vezes demonstrando sua inferioridade perante o Pai, que é o único Deus.

Sobre a Trindade:

Brahma, Vishnu e Shiva compõem a Trindade no Hinduísmo, chamada de Trimurti. Uma crença do paganismo que inspirou o dogma da Trindade no Cristianismo. Uma criação da Igreja Católica e que, apesar de não ter nenhuma base bíblica,é essencial dentro da fé cristã. Tão essencial que chamam de "Santíssima Trindade". Para ser considerado "cristão", segundo os católicos, tem que crer na Trindade. A obra católica "História da Filosofia Volume I" de Giovanni Reale e Dário Antiseri diz que o Concílio de Nicéia em 325, onde esse dogma foi criado, foi "onde nasceu o símbolo da fé, destinado a ser o "credo" de todos aqueles que se reconhecem como cristãos: "Cremos em um só Deus onipotente, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai, ou seja, da substância do Pai, Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado e não criado, consubstancial ao Pai, pelo qual todas as coisas foram criadas, as que estão no céu e as que estão na terra". Na Trindade do hinduismo, Brahma é o Criador, assim como o "Pai". Vishnu é o protetor que encarna na Terra, assim como o "Filho". A diferença é que ele vem a Terra em várias encarnações, sendo as três últimas como Rama, Krishna e Buddha. Shiva, como o Espírito Santo, é quem destrói as coisas ruins para renovar o Universo. Como na Trindade cristã, são três deuses formando um só. No início, a Trindade do Cristianismo era algo mais simples. Em antigos escritos cristãos, a palavra

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"Trindade" se referia a Deus, sua Palavra e sua Sabedoria (Theófilo de Antioquia, Ante-Nicene Fathers, Volume 2, pagina 201). Mas o dogma foi se desenvolvendo entre os séculos 4 e 6, durante 3 concílios, e tudo ficou muito misterioso. Não é a toa que chamam de "O Mistério da Santíssima Trindade". Mas... mistério ou confusão? É tudo complicado demais, pois afirma que Deus é formado por três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Deus é uma pessoa, seu filho Jesus é uma segunda pessoa e o Espírito Santo é o espírito, poder e influência de Deus. Jesus é subordinado ao Pai celestial. O Pai sempre existiu, desde o princípio dos tempos. O Filho não é uma criatura, mas sim o Criador e, como o Pai, sempre existiu. Em outras palavras, o Filho é co-eterno e consubstancial com o Pai, conforme diz o dogma. Se mostramos passagens onde Jesus mostra sua submissão diante do Criador, dizendo que por ele mesmo nada podia fazer, dizendo até que o Pai é maior e até mesmo orando ao Pai, então os homens fazem prevalecer a sua "verdade" inventando teorias para justificar o que o homem inventou. Dizem, por exemplo, que na Terra Jesus estava em condição de servo, um "Deus homem". Também tentam explicar usando de analogias como a da água, que é gasosa, liquida e sólida. Só que uma molécula da água nunca é isso tudo ao mesmo tempo e mesmo se fosse continuaria sendo uma analogia fraca e que não explica como é possível Deus ser três pessoas, de diferentes personalidades, ao mesmo tempo, e ainda esse Cristianismo ser monoteísta. Como já dito por mim, a palavra "musteriou" não significa "mistério" no sentido de algo que não pode ser entendido ou compreendido pelas mentes dos homens.”, e sim “segredo”, algo a ser revelado no futuro.Os trinitaristas dizem que "mistério" é no sentido da encarnação e a "dupla natureza" de Jesus ser difícil de entender. O texto grego, no entanto, diz outra coisa. Jesus era um segredo escondido antes da fundação do nosso mundo e que foi revelado. Um segredo no sentido de algo que qualquer um pode entender depois que revelado. O conceito da Trindade como um mistério que ninguém compreende não está em lugar algum na Bíblia. Mesmo assim os trinitaristas continuam dizendo "Você não entende isso porque é um mistério". Mas a razão da Trindade ser um "mistério além da compreensão" é que é uma invenção dos homens e não está em lugar algum na Bíblia. Mas felizmente nem todos os cristãos aceitam esse dogma absurdo. Os vários cristãos primitivos como os Coríntios, Basilidianos, Caprocatianos, etc., nunca tiveram conhecimento algum sobre um Deus trino. O "Socinianismo", no século 17, rejeitava esse dogma, entre outros como o pecado original. Seu fundador é Socinus, nome latinizado de Lelio Francesco Maria Sozzini (1525-1562), teólogo protestante da Itália. Johannes Greber (1874), padre católico, em seu livro "'The Communication with the Spirit World of God' na página 371 escreveu: "Como vemos, a doutrina de um Deus trino não é apenas contrária ao bom senso, mas é inteiramente não apoiada pelas escrituras". É verdade, como em muitos outros casos é o homem que molda a chamada "palavra de Deus" como ele quer. Mesmo hoje há igrejas na África, na Ásia, a Igreja Unitária, as Testemunhas de Jeová e outros que não acreditam na Trindade. O "Daily News" de 25/6/84, com a manchete "Chocante Levantamento entre os Bispos Anglicanos", mostrou que a maioria dos bispos anglicanos não aceita a Trindade. Vejam esse diálogo imaginário com um cristão não trinitarista (NT) e outro trinitarista (T) e percebam como é muito difícil de explicar e muito difícil de entender esse dogma cristão inspirado no paganismo e construído sobre a areia, sem nenhuma base sólida. Não dá pra entender direito se são deuses diferentes ou três deuses em um. No fundo não deixa de ser tudo puro politeísmo. NT: Eu não entendo esse absurdo. Você acredita que Deus é 1 ou são três deuses? T: Deus é triuno, é 1 em três. NT: Então, na verdade, você está afirmando que Deus são três. T: ..... NT: Não é isso? Ora, me responda: Deus tem pai? T: Claro que não! NT: Jesus tem pai? T: Sim!

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NT: Portanto, Deus tem pai! T: ... NT: Deus tem mãe? T: Não. NT: Jesus tem mãe? T: Sim, mas é o Jesus humano! NT: Sim, mas você considera o "Jesus humano" como Deus ou não? T: Sim. NT: Então, Deus tem mãe. A menos que você admita que o "Jesus humano" não é Deus. T: ... NT: Deus tem filho? T: Sim. NT: Aí está: o verdadeiro Cristianismo Pagão. São três deuses e têm pai, mãe e filho. T: Er... Desculpa... Tenho que ir agora. Tchau! Não está na cara que esse Cristianismo é politeísta? Veja a lógica: São três deuses. Deus é um ser humano. Deus tem pai, mãe e filho. Qual a diferença desse Cristianismo para o Hinduísmo? Assim como no Cristianismo, no Hinduísmo Deus também tem filhos e parentes. Pesquise mais sobre Hinduísmo e veja como é tudo muito parecido.

Segue o pastor, na tentativa inútil de nos provar que Jesus é Deus:

“Um autor espírita deixa bem claro que 'como filho, ele, Jesus, não é Deus e sim o

espírito criado por Deus e espírito protetor e governador do planeta terreno, tendo

recebido de Deus todo o poder sobre os homens, a fim de levá-los à perfeição; que

foi, e é, entre estes, um enviado de Deus e que aquele que poder lhe foi dado com

esse objetivo, com esse fim'

Divaldo Franco, outro seguidor da doutrina espírita, elege a pessoa de Jesus como

o maior exemplo de entrega a Deus, como uma 'lição viva e incorruptível de amor

em relação a Humanidade'. Nessa condição, ele 'mergulhou no corpo físico e

dominou-o totalmente com seu pensamento, utilizando-o para exemplificar o poder

de Deus em relação a todas as criaturas, tornando-se o médium por excelência, na

condição de Cristo que o conduziu e o inspirava em todos os pensamentos e atos'”

Pois é exatamente o que dizem os Evangelhos: Jesus é Filho, não o próprio Deus. É enviado de Deus, e não poderia enviar a si mesmo. Jesus disse claramente que foi dado poder a ele, e, se Jesus recebeu esse poder em algum momento, é porque não é Deus, pois já teria esse poder. Não diz o pastor que devemos simplesmente abrir a Bíblia e deixar ela nos falar?

Em Isaías 9:6 lemos a promessa da vinda do Messias: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu".E em João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."Foi dito que Jesus é filho de Deus e que Deus deu seu filho ao mundo. Os que defendem a ideia da Trindade se apoiam muito neste último versículo quando tentam provar que Deus veio ao mundo para morrer pelos nossos pecados. Dizem que Jesus, sendo o único filho que Deus mandou ao

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mundo é, então, o próprio Deus. Hebreus 11:17 diz: "Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito". Abraão tinha dois filhos. Ismael e Isaque. Ismael era 13 anos mais velho do que Isaque. Mesmo assim, está escrito que Isaque era o filho unigênito(filho único) de Abraão. Se Jesus é "Filho unigênito de Deus", isso não significa que ele é literalmente o único filho de Deus e muito menos o próprio Deus. É uma forma poética de dizer o quanto Jesus é importante para Deus, pela missão que teve em nosso mundo. Kardec em "Obras Póstumas" diz: "O título de Filho de Deus, longe de implicar a igualdade, é bem antes o indício de uma submissão; ora, deve estar submetido a alguém e não a si mesmo. Para que Jesus fosse o igual absoluto de Deus, seria necessário que fosse como ele, de toda a eternidade, quer dizer, que fosse incriado; ora, o dogma diz que Deus o engendrou de toda a eternidade; mas quem disse engendrar diz criar; que isso seja, ou não, de toda a eternidade, não se é menos uma criatura, e, como tal, subordinada a seu Criador; é a ideia implícita encerrada na palavra Filho. Jesus nasceu no tempo? De outro modo dito: foi um tempo na eternidade, na eternidade passada, onde ele não existia? Ou bem é co-Eterno com o Pai? Tais são as sutilezas sobre as quais discutiu-se durante os séculos. Sobre qual autoridade se apoia a doutrina da co-eternidade passada ao estado de dogma? Sobre a opinião dos homens que a estabeleceram. Mas esses homens, por qual autoridade fundaram a sua opinião? Isso não é sobre a de Jesus, uma vez que se declara subordinado; não é sobre a dos profetas que o anunciam como o enviado e o servidor de Deus. Em quais documentos desconhecidos, mais autênticos do que os Evangelhos encontraram essa doutrina? Aparentemente, na consciência e na superioridade de suas próprias luzes. Deixemos, pois, essas vãs discussões que não poderiam terminar, e cuja solução mesmo, se fora possível, não tornaria os homens melhores. Digamos que Jesus é Filho de Deus, como todas as criaturas; ele o chama seu Pai como nós aprendemos a chamar nosso Pai. É o Filho bem-amado de Deus porque, tendo chegado à perfeição que o aproxima de Deus, possui toda a sua confiança e todo o seu afeto; ele se diz, ele mesmo, Filho único, não que seja o único ser chegado a esse grau, mas porque só ele estava predestinado a cumprir essa missão sobre a Terra."

De fato, versículos como esses abaixo explicitamente mostram a submissão de Jesus a Deus, como o enviado que trouxe ao mundo os ensinos que não são dele e sim daquele que o enviou:

"Não tenho estado a dar-vos as minhas próprias idéias, antes transmiti o que o Pai me ensinou. " (João 8:28)

"O Pai é maior do que eu" (João 14:28)

"Pai, entrego-te o meu espírito" (Lucas 23:46)

"Porque me chamas bom? Só Deus o é verdadeiramente" (Marcos 10:18)

"Contudo, ninguém sabe a data e a hora em que o fim virá, nem mesmo os anjos, nem sequer o Filho de Deus. Só o Pai o sabe." (Mateus 24:36)

"Procurais tirar-me a vida, a mim que sou um homem, que vos tenho dito a verdade que de Deus ouvi" (João, 8:40)

Veja que ele NEGA a acusação de que é Deus. É um enviado, é filho de Deus, trouxe a verdade que ouviu de Deus e não a sua

"Eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou é o mesmo que me prescreveu o que devo dizer e o que devo falar"(João 12:49)

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Muito claro. Não falou por ele, um homem, mas trouxe a palavra de Deus, aquele que o enviou

"E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; " (João 5:37) "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer. " (João 15:15)

Diz ainda João 17:3: "E a vida eterna significa conhecer-te a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste ao mundo.".

Bem claro, Deus é Deus e Jesus é o homem enviado por Deus.

Jesus orava e nos ensinou a orar a Deus. Então, orava para si mesmo?

“Ah, mas ele orava ao Pai, ele é o Filho”.

Piorou, pois mostra isso mais uma vez que pai e filho são indivíduos diferentes, havendo assim um claro politeísmo.

Escreveu João sobre Deus: "Ninguém jamais viu a Deus; e nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado."(I João 4:12) . Ninguém viu Deus, mas Jesus foi visto.

Escreveu Paulo: "todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também. " (I Coríntios 8:6).

Paulo também afirma em I Coríntios 11:3 que Deus é a cabeça de Cristo e em Hebreus 10:12 que Jesus(em sentido metafórico, é evidente) está sentado à direita de Deus. Escreveu também: "assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; ".

Se foi GERADO, como pode ser Deus?

Filho de Deus no caso era um título honroso para aqueles realmente voltados ao bem, os espíritos puros, como de fato era Jesus. Todos nós seremos Filhos de Deus, e para isso precisamos evoluir espiritualmente:

9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.(Mateus 5:9)

44 Eu, porém, vos digo: amai aos vossos inimigos, e orai pelos quevos perseguem;45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porqueele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justose injustos.46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazemos publicanos também o mesmo? (Mateus 5:44-46) 48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. (Mates 5:48)

Pra acreditar na Trindade tem que ser politeísta, acreditar numa hierarquia de deuses, afinal vários versículos falam explicitamente no Deus de Jesus, como em Mateus 27:46, João 20:17, Efésios

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1:17, Apocalipse 1:6, etc. . Jesus não é co-eterno com o Pai, como diz o Dogma da Trindade. Ou seja, ele teve um princípio. Em nenhuma parte da Bíblia você encontrará expressões como "Deus Filho" , "Filho, o Deus" ou, ainda, "Filho, o Espírito Santo". Ele é o primogênito (prototokos) da criação (Colossenses. 1:15), e isso significa que foi criado e não é Criador. Foi criado muito antes deste mundo, do qual hoje é dirigente. Apocalipse 3:14 diz que ele é o princípio da criação de Deus. Portanto, Jesus foi criado, Jesus teve um começo na criação, ao contrário do que homens inventaram ao criar esse dogma absurdo e confuso inspirado no paganismo.Ainda no Velho Testamento, lemos em Provérbios 8:22 sobre Jesus: "O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos. ". Se Jesus foi criado, de onde tiraram, então, essa idéia de que Jesus é co-eterno como o Pai, conforme diz o dogma da Trindade? Jesus, para nós espíritas, é dirigente, governador espiritual de nosso planeta, o espírito mais evoluído que já encarnou em nosso mundo, tendo sido CRIADO há muitos e muitos anos antes da Terra e já era um espírito perfeito quando esse mundo nosso foi criado, tendo inclusive colaborado em sua criação. Muitos outros antes de Jesus foram chamados de Filho de Deus sem ser Deus. Êxodo 4:22 diz que Israel é o filho primogênito de Deus, portanto ainda antes de Jesus. Israel é Deus? Em Jeremias 31:9 lemos a mesma coisa em relação a Efraim, outro nome de Israel. Em Salmos 2:7 Yahweh diz que David é seu filho. Então, David é Deus? O título Filho de Deus não foi o único dado a Jesus, mas também Filho do Homem e Filho de David, isso mais de 1000 anos depois de David. Será que David é Deus, desde que Jesus é Filho de David?

O único Deus verdadeiro é o Pai. Jesus apenas um enviado. Filho de Deus é diferente de Deus filho. Filhos de deuses com forma humana ou parte divindade e parte humana são comuns em outras religiões e mitologias. Em uma das lendas mais antigas da Humanidade, Gilgamesh é metade humano e metade divino. E o mito metade homem e metade Deus mais conhecido é Hércules. Para esses mitos, ser "filho de Deus" era o mesmo que ser o próprio Deus.

No livro A Caminho da Luz, Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, narra a participação de Jesus na formação do nosso planeta: "Sim, ele (Jesus) havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco da matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual seu coração deveria expandir-se em amor, claridade e justiça. Com seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples da matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda parte no universo galáctico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as usinas de ozônio a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida orgânica na orbe. Definiu todas as linhas do progresso da Humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem o ciclo das atividades planetárias."

Passagens como essas justificam a frase que se encontra no prólogo do Evangelho de João: No princípio era o Verbo(o Logos). Este início, porém, não deve ser entendido como o início do Universo, mas como os primórdios do nosso planeta, nos quais Jesus esteve presente como o

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Sublime Escultor, Artista Divino, a quem coube, pela vontade do Pai, comandar um grupo de espíritos trabalhadores, que formaram o nosso planeta para a recepção de espíritos que aqui passariam por etapas fundamentais ao seu progresso. No momento adequado veio ao mundo em uma missão para acelerar o progresso da Humanidade, trazendo sua mensagem de amor que muitos ainda não entenderam mesmo dizendo seus seguidores.

"E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. " (Mateus 28:18)

Se foi dado a Jesus poder sobre o céu(mundo espiritual) e sobre a terra (plano físico) é porque ele não é Deus, pois se fosse Deus já teria esse poder desde o início, não lhe seria dado esse poder. Mas o Espiritismo explica que Deus deu a ele poder sobre este mundo, principalmente depois de sua missão. Jesus é, na falta de um termo melhor, o Governador do Nosso Mundo, o seu Guia, e outros termos pelos quais se possa dar idéia das relações amorosas entre Jesus e a Humanidade inteira.

Continuando com o que diz o pastor:

“Nas Escrituras, no entanto, aprendemos que Jesus não apenas ensina a verdade.

Ele é a verdade. Ele disse: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida' (João 14:6).

Jesus não é apenas mensageiro de Deus. Ele é Deus.

Pois, da mesma forma como o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter

vida em si mesmo (João 5:26)

Eu tenho um testemunho maior que o de João; a própria obra [obra da redenção,

que completa a criação] que o Pai me deu para concluir, e que estou realizando,

testemunha que o Pai me enviou' (João 5:36)”

São versículos, que, ao contrário de comprovar a Trindade, nos mostram que Deus enviou Jesus, lhe concedeu vida, que Jesus cumpriu na Terra a obra que Deus o incumbiu de cumprir. E quanto a Jesus ser a Verdade, isso prova que ele seja Deus? Não, mas apenas que Deus agia através dele em suas obras e nos seus ensinamentos, o que ele mesmo sempre dizia. Pastor, devemos ou não nos ater apenas ao que a Bíblia nos diz?

E segue: “Eis outro texto que não deixa dúvida quanto a divindade de Jesus.

Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação, pois nele

foram criadas todas as coisas nos céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis,

sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas

por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a

cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentro os mortos,

para que em tudo tenha a supremacia.

Pois, foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele

reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na Terra quanto as que

estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz´

(Colossenses 1:15-20)”

Qual o problema, pastor, em fazer o que o Sr. Mesmo diz que deve ser feito, e simplesmente ficar com o que a Bíblia diz, sem inventar coisas? Pois está dizendo aí que foi do agrado de

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Deus(Jesus?) que em Jesus(Deus?) habitasse toda a plenitude, e que Jesus é primogênito de toda criação, logo não é o Criador. Se foi da vontade de Deus que Jesus possuísse toda plenitude, que fosse o maior entre os homens, então podemos entender o que a Bíblia quer dizer quanto a Jesus ser “a imagem de Deus invisível”(sim, Deus é invisível, nunca tomou forma humana):A palavra eikon aparece 23 vezes no Novo Testamento significando imagem no sentido comum da palavra, uma representação separada do original. Aparece para se referir a imagem de César em uma moeda, aos ídolos em imagens de deuses feitas pelos homens, a imagem da besta em Apocalipse 2, etc. E prossegue:

“Jesus não foi simplesmente um homem(ou espírito) que evoluiu. Na verdade, ele é

o Deus que se rebaixou à forma humana(Filipenses 2:6-11). Esse é o Jesus das

Escrituras. Diante disso, não podemos fugir à pergunta: Quem merece nossa

confiança, as afirmações que Jesus Cristo fez de si mesmo na Bíblia ou as

considerações interpretativas que o veem apenas como um mestre da moral ou um

ser evoluído?

Cada um de nós tem que optar por uma das alternativas possíveis. Ou [Jesus] era,

e é, o Filho de Deus, ou então foi um louco, ou algo pior. Podemos contra-

argumentá-lo, taxando-o de louco, ou cuspir nele e matá-lo como um demônio; ou

podemos cair a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não venhamos com

nenhuma bobagem paternalista sobre Ele ser um grande mestre humano. Ele não

nos deu essa escolha”.

Merece a nossa confiança as afirmações de Jesus quanto a ser ele um enviado de Deus, submisso a vontade do Pai, que foi o que sempre fez.Quanto a Filipenses 2:6: A palavra "morphe", aqui traduzida como "em forma", não significa ser igual em essência e sim a aparência exterior. No Novo Testamento só aparece, além de Filipenses 2:6, em Marcos 16:12, que diz que Jesus apareceu numa forma ("morphe") diferente para dois homens, que não o reconheceram. Jesus não estava com uma forma diferente em essência, mas apenas na aparência exterior. Outra prova de "morphe" no sentido de aparência exterior está na Septuaginta, Velho Testamento em grego escrito por volta de 250 A.C. Ela usa morphe várias vezes, sempre no sentido de aparência exterior, como em "Então um espírito passou por diante de mim; arrepiaram-se os cabelos do meu corpo. Parou ele, mas não pude discernir a sua aparência(morphe); um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, então ouvi uma voz que dizia: " (Jó 4:15-16 ) Variações da palavra "morphe" no Novo Testamento também são sempre no sentido de aparência exterior. Na transfiguração Cristo foi "transformado" (metamorphoomai) diante dos apóstolos (Mateus. 17:2; Marcos 9:2). Ele mudou em sua essência ou apenas na aparência? Se os versículos acima, falando em “forma” e “imagem”, querem nos dizer que Jesus é Deus, então porque simplesmente não dizer isso de uma forma bem clara e direta? É claro que Deus tem a mesma forma de Deus. É claro que Deus é a imagem de Deus. Por que precisariam dizer coisas assim? Os versículos não dizem "sendo Deus" mas "em forma de Deus" e "imagem de Deus". Deus é sempre o Pai na Bíblia. Não há um versículo onde está escrito que o Pai é a imagem de Deus, que Deus habitava nele, que ele tem forma de Deus. Não precisaria, o Pai é Deus e ponto final. Entendam que de maneira alguma Paulo disse que Jesus abandonou o posto de Deus para se tornar "Deus homem" como insistem os trinitaristas. Paulo disse que Jesus é a "imagem de Deus"(2 Cor. 4:4), o que Jesus confirmou afirmando que quem o viu, viu o Pai. Dizer que Jesus tem a aparência(morphe) de Deus é a mesma coisa. A Igreja Filipense era formada por judeus e gregos

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convertidos. Pela Septuaginta e outras escritos, os judeus estavam acostumados com "morphe" no sentido de aparência exterior. Para os gregos a palavra também estava relacionada a aparência exterior. Ora, Cristo dizia que quem o viu havia visto o Pai, se dizia enviado de Deus, fazendo as obras do Pai na Terra. Estava de fato representando Deus de toda a forma possível, mas jamais se dizendo Deus, agindo sempre dando exemplo de humildade perante os homens, por isso que Paulo disse "não considerou o ser igual a Deus", uma frase que contraria totalmente o dogma da Trindade. Se Jesus é Deus não faz sentido dizer que ele não quis ser igual a Deus, porque ninguém pode não querer ser igual a si mesmo. Alguns podem dizer "Jesus não quis ser igual ao Pai". Mas o versículo diz "DEUS", não o Pai. Portanto, Paulo quis colocar Cristo como exemplo de humildade para aquela igreja, por ser um espírito grandioso e mesmo assim orava sempre a Deus(e não a si mesmo, claro) e se colocava como um simples enviado, que por ele mesmo nada podia fazer. É só vermos os versículos anteriores a Filipenses 2:6: "nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo; não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros. Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, " (Filipenses 2:3-6) Não está claro que Paulo ensinava a ter o mesmo sentimento de humildade que Jesus demonstrava? Cristo disse, demonstrando o que dizia Paulo sobre a sua humildade: "Porque me chamas bom? Só Deus o é verdadeiramente" (Marcos 10:18)

Em seguida, o pastor abre outro tópico:

“A confissão que se faz imprescindível

A Bíblia nos ensina que Jesus somente é compreendido através da fé: 'todo aquele

que não permanecer no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem

permanece no ensino tem o Pai e também o Filho' (2João 1:9; 1João 2:23). O

espiritismo, contudo, vai além do ensino do Cristo. “

Está mais do que provado que quem vai além do que Cristo diz, quem fere a regra “abra a Bíblia e deixe ela falar”, citada sempre pelo pastor, não somos nós. E aguarde que mais exemplos vocês terão.Mas com a Trindade é sempre assim. Jesus não disse jamais “Eu sou Deus, me adorem”, muito pelo contrário. Mas qualquer frase os trinitaristas adoram usar como pretexto para dizer que Jesus é Deus. E depois somos nós espíritas quem distorcemos a Bíblia.

“A noção do pecado é um exemplo disso, entre tantos outros, pois a Bíblia é solene

quando garante que não temos justiça própria, porque a justiça que salva é a “que

vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé”

(Filipenses 3:9).

É este Jesus que precisa ser confessado, e não outro. Ser Cristão é confessar a fé

em Jesus Cristo, é crer que ele é o Salvador, isto é, que Jesus Cristo é Deus e que

morreu na cruz no lugar de toda a Humanidade: “Deus demonstra seu amor por

nós: Cristo morreu em nosso favor, quando ainda éramos pecadores' (Romanos 5:8)

A salvação não vem das ações humanas(ações de caridade), de modo que ninguém

pode se orgulhar da sua salvação ou da própria bondade. A justificação(ser tornado

justo, no sentido de alcançar perdão e purificação dos pecados) é algo que

acontece gratuitamente, pela graça de Jesus, graça que redime, ou seja, graça que

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ao ser concedida na cruz, elimina a culpa (Romanos 3:24)”

Ninguém pode se orgulhar de sua caridade, realmente, pois quem é caridoso de verdade é assim por amor, sem interesse, e Deus conhece o interior de cada um. E os evangélicos não se orgulham de serem os “escolhidos”? Não se orgulham de serem aqueles que serão arrebatados no dia do juízo, enquanto o resto da Humanidade, os bons e os maus, serão condenados pela eternidade ao inferno?Se o exemplo de Jesus não pode ser imitado plenamente, como dizem, então ele nos pregou uma peça daquelas, pois ele disse: “tudo o que eu fiz vós podeis fazer e muito mais” (Jo 14,12);e ainda disse, em Mt 5,48: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso pai que está noscéus”. “Deus demonstra seu amor por nós”: observem que contradição:

Dizem que "Deus é amor", "Deus é Pai", e como "nenhum homem é capaz de se livrar de seus pecados e salvar-se por conta própria" (apesar de estar bem claro que Jesus deixou seus ensinos como a "bússola" e foi contra a hipocrisia, contra os os fariseus que decoravam as escrituras mas não se esforçavam na direção do bem), Deus se fez homem para morrer na Terra, tirando nossos pecados, lavados com Seu sangue. Só que esse mesmo Deus "Pai", "amor" castiga seus filhos(a maior parte deles!!!) eternamente só por, mesmo sendo pessoas cheias de virtude, pessoas dedicadas ao bem, não aceitarem essa crença absurda da "lavagem dos pecados pelo sangue de Deus encarnado". Agora, imagine só o que vai acontecer com os que nem tiveram a chance de conhecer essa "maravilhosa redenção pelo sangue", alguns até se dedicando ao bem, como Gandhi, por exemplo. A maior parte da Humanidade nunca ouviu falar em Jesus, nunca tiveram acesso a essa salvação. Coitados! Eu que não quero um Deus "amor" e "pai" assim.

Igualam Hitler a Gandhi, Fernandinho Beira-Mar ao Chico Xavier, porque o que vale mais é a crença pessoal do que o caráter. Ainda sobre o orgulho a que o pastor Israel se refere, mais fácil alguém se orgulhar por ser um “ungido”, “homem de Deus”, “escolhido”, “salvo”, “justificado”, e ao mesmo tempo desprezar os outros, e isso vemos muito por ai: intolerância, arrogância, orgulho, preconceito, exclusão, dos que se dizem “cristãos”. Mas pode haver orgulho de ser bom? Isso não existe, pois quem é bom, o é por puro amor desinteressado, e ama com humildade e desapego, e certamente Deus não o lançará no fogo do inferno apenas por não aceitar certos dogmas que os que se dizem cristãos dão mais valor do que a moral cristã.

Quanto ao que ensinava Paulo sobre “Lei x A Fé”, vamos analisar com calma.

Paulo disse: Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2.8,9) Paulo disse “para que ninguém se glorie”, ou seja, para que ninguém se orgulhe dos seus feitos. Não se deve mesmo fazer obras pensando em sua glória pessoal, em si mesmo, em recompensas futuras. É necessário praticar o bem sem interesses, com desprendimento. É o amor que nos leva a Deus e não simplesmente as "obras", que podem muito bem ser interesseiras, como de fato acontecia com os fariseus e por isso a advertência de Paulo. O mesmo ensino de Jesus com a parábola do bom samaritano. Apesar de samaritanos serem considerados "hereges" pelos fariseus, aquele amava seu próximo de verdade sem se importar em ser glorificado. Portanto, Paulo, ao dizer que ninguém se salvaria pelas obras da lei, estava querendo demonstrar que não bastava a escravidão as formulas e ordenações para agradar a Deus. A lei, por si mesma,

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não salva e não salvava ninguém, apenas prescrevia o que é certo e o que é errado, o que se deve e o que não se deve fazer. A seu ver, estavam justificados os gentios que cumpriam naturalmente a lei, sem que para isso estivessem sujeitas a ela como os judeus.(Romanos capítulo 2). Chamo atenção para os versículos 11-13: "pois para com Deus não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei "

Observem: Independentemente da crença pessoal de cada um, a prática das leis de Deus agrada a Deus - o mesmo pensamento em Atos, 10:34 e 35, além da parábola do bom samaritano.

Ele advertia os cumpridores hipócritas dos preceitos bíblicos. Alias, é justamente isso o que ele faz em Romanos 2:17-23: "Mas se tu, que te dizes judeu e descansas na lei; que te glorias em Deus; que conheces sua vontade; que discernes o melhor, segundo a lei e te jactas de ser guia de cegos, luz aos que andam nas trevas, educador de ignorantes, mestre de crianças, porque possuis na lei a expressão mesma da ciência e da verdade... Pois bem, tu que instruis os outros, a ti mesmo não instruis! Pregas: não roubar! E roubas! Proíbe o adultério e adulteras. Aborreces os ídolos e saqueias os templos. Tu que te glorias na lei, transgredindo-a, desonra a Deus". Paulo afirmou em Romanos 2:6: "(Deus) dará a cada um segundo as suas obras". Paulo também escreveu: "Importa que compareçamos perante o tribunal do Cristo, a fim de que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito enquanto no corpo" (II Cor. 5:10) Paulo ainda escreveu, em todo o capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios, o mais belo texto que se conhece sobre o poder e a glória do amor "ágape", o amor fraternal, ou seja, a CARIDADE: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor." Alguns dizem que Paulo não falava sobre a caridade, pois diz "ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres...". Mas como foi dito, caridade não é apenas dar aos pobres, sem agir com amor. E no original grego, também já disse, é o amor "ágape", que é exatamente o amor ao próximo. Tanto é verdade que em algumas traduções da Bíblia está exatamente "CARIDADE". Está muito claro que, ao falar em "salvação pela graça", Paulo criticava os que faziam falsa caridade, sem amor, apenas para comprar o céu, como os fariseus. Mas se há o verdadeiro

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sentimento de amor na pessoa e ele se transforma em ação (o que é a verdadeira caridade, e não simplesmente dar dinheiro aos pobres, doar alimentos e roupas...), não há "compra" alguma, e Jesus, em Mateus 25, dá o prêmio de felicidade eterna àqueles que praticam a verdadeira caridade, sem fazer outra distinção. Isso sim é ser justo. A caridade é universal e está ao alcance de todos. Do ignorante, do sábio, do rico, do pobre. Não é privilégio de nenhuma crença, porque está acima da fé.

“Por isso, a cruz de Cristo é a única base sobre a qual Deus pode perdoar os

pecados. Por pecarmos contra o próximo, devemos perdoar uns aos outros. Se

Deus espera isso de nós, que somos humanos, por que Ele não deveria praticar o

que prega? Por que Ele deveria ser menos generoso do que espera que sejamos?

Assim, quando Jesus morreu na cruz, o próprio Deus, em Cristo, recebeu sobre si

o julgamento que toda humanidade merecia, a fim de conceder o perdão que

ninguém merece. A pena plena pelo pecado foi paga – não por um homem pecador,

mas por Deus, em Cristo Jesus. Na cruz o amor e a justiça divinos foram

reconciliados

Dessa forma, na cruz, a reconciliação com Deus foi realizada mediante a morte do

seu filho(Romanos 5:10) Deus resgatou seus filhos do domínio das trevas e

transportou-os para o reino de Jesus, 'pois, foi do agrado de Deus que nele

habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas,

estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz´(Colossences 1:19-20)”

“Certa feita, um discípulo de Jesus perguntou ao Mestre: 'Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe o Cristo: 'Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mt. 18:21-22)Se Jesus nos ensina que devemos perdoar indefinidamente, por que Deus não nos perdoaria e nos condenaria eternamente ao fogo do inferno, que nos sabemos ser a crença dos evangélicos e católicos?

"Qual dentre vós é o homem que se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe dará uma cobra? Ora se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus... (Mt. 7:9-11)"

Nós, pais humanos imperfeitos, sempre queremos o melhor para nossos filhos. Mas como poderia Deus punir para sempre seus filhos, mesmo sendo bons, apenas por não terem acreditado na forma de salvação que os pastores ensinam?Páginas mais à frente, o pastor completa o capítulo dizendo: “Tais crenças sobre reencarnações sucessivas e infinitas e continuidade entre o

mundo visível não encontram respaldo na Bíblia. As Escrituras não as mencionam

em nenhuma das suas páginas. Portanto, se a fé cristã tem como fonte as

Escrituras Sagradas, tudo o que nelas encontramos não faz parte da fé cristã e, por

consequência, cristão não é nem nunca será.”

Já demonstrei que a Bíblia é repleta de fenômenos mediúnicos. Continuarei demonstrando, e futuramente farei o mesmo com a reencarnação.

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Respondendo a “A Autoridade dos Espíritos”

Adiantando algumas páginas do terceiro capítulo, vamos ao ponto onde ele tece críticas a ideia da reencarnação:

“João 3: 3-7 – Kardec insiste que a expressão “nascer de novo” comporta a ideia

de sucessivas reencarnações. No entanto, quer o texto seja interpretado

literalmente ou metaforicamente, fica claro que Jesus está mostrando a Nicodemos

a necessidade de um nascimento espiritual, não biológico”

Diz o texto:Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto? Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho! Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem. E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:1-16)

Afirmam muitos que "nascer de novo" aqui teria duplo sentido, pois "anothen" também significa "do alto" e não apenas "de novo". Eu não acho relevante se a palavra tem duplo sentido ou não e sim se a palavra tem sentido dentro do contexto. Cristo disse “Nascer de novo”, pois assim Nicodemos entendeu, senão não teria perguntado“Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? ”. Já “Nascer do Alto” é uma frase que não tem sentido algum. Na verdade é uma tremenda apelação dos apologistas cristãos para não aceitar a reencarnação, explicando esse “nascer do alto” como uma transformação no homem realizada através do Espírito Santo. São os homens que querem que seja assim, pois se há um duplo sentido, nada impede também que Cristo tenha se referido ao espírito do homem que "desce" aqui na Terra, reencarnando, como ele mesmo diz no versículo 13: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem. ", ou seja, para ele "subir", para evoluir espiritualmente, para se elevar até a mais alta espiritualidade, teve que descer, "nascer de novo", reencarnar. A idéia de "nascer de novo"/"nascer do alto" conforme dizem os apologistas cristãos entraria em contradição direta com que Jesus sempre pregou quanto à necessidade de nós lutarmos contra nossas imperfeições morais sem crer em uma transformação mágica do homem como muita gente por aí acredita. Nem vou citar aqui os inúmeros versículos com as regras que Jesus ministrou aos

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discípulos, pois basta isso aqui: “Certa vez, estando Jesus a ensinar, eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse, para o experimentar: - Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: - Que está escrito na lei? Como é que lês? Tornou aquele: - ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de toda a tua mente; e a teu próximo como a ti mesmo.’ - Respondeste bem, disse-lhe Jesus. Faze isto, e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou ainda: - E quem é o meu próximo? Ao que Jesus tomou a palavra e disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos ladrões que logo o despojaram do que levava; e depois de o terem maltratado com muitas feridas, retiraram-se, deixando-o meio morto. Casualmente, descia um sacerdote pelo mesmo caminho; viu-o e passou para o outro lado; Igualmente, chegou ao lugar um levita; viu-o e também passou de largo. Mas, um samaritano, que ia seu caminho, chegou perto dele e, quando o viu, se moveu a compaixão. Aproximou-se, deitou-lhe óleo e vinho nas chagas e ligou-as; em seguida, fe-lo montar em sua cavalgadura, conduziu-o a uma hospedaria e teve cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo: Toma cuidado dele, e o que gastares a mais pagar-to-ei na volta. Qual desses três se houve como próximo daquele que caíra nas mãos dos ladrões? Respondeu logo o doutor: - Aquele que usou com o tal de misericórdia. Então lhe disse Jesus: - Pois vai, e faze tu o mesmo (Lucas 10:25-37)“ Se de fato houvesse uma transformação mágica vinda “do alto”, então, Jesus responderia ao Doutor da lei dizendo ser importante ele crer que ele, Jesus, é Deus e se batizar. Mas não, seu discurso foi sempre em direção da reforma íntima, da prática do amor ao próximo acima de tudo, e aqui ainda colocando um samaritano, que pelo povo era tido como herege, como um exemplo de pessoa que seguiu o verdadeiro caminho para Deus. Uma clara lição contra o preconceito. Quis ele provar justamente que não importam ritos e dogmas, mas simplesmente o amor. Afinal, Cristo resumiu a lei e os profetas a "(...) tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles; esta é a lei e os profetas" (Mateus 16:27).”. Enquanto isso, muitos que se dizem cristãos hoje em dia, agem como os fariseus do tempo de Jesus, julgando pessoas por causa de suas crenças pessoais e o apego as escrituras somente, não pela transformação interior que, como eu disse, deve vir com esforço próprio e não por mágica. Argumentam dizendo, por exemplo: "Sabemos que o correto, para o kardecismo, não seria aconselhar a reencarnação (desnecessária, posto que inevitável), mas chamar à prática do bem." Jesus não estava aconselhando a reencarnação. Percebam que Nicodemos, ao contrário do homem em Lucas 10(aquele pra quem Jesus aconselhou a prática do bem contando a parábola do bom samaritano), não perguntou sobre qual o caminho para o Reino de Deus. Aliás, nem perguntou nada. Apenas disse: "Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.". O mesmo que lemos aqui: "Os judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado? Jesus respondeu: "O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo. Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito" (João 7:15-18) " Por que Jesus era tão especial? Por que não era um homem comum e sim um enviado de Deus ao mundo, um representante de Deus? Por que Deus se manifestava através dele nas palavras, nas obras, nos ensinos, mais do que em qualquer outro homem na História antes e depois dele? Jesus respondia: para ele(Jesus) ser um espírito perfeito, para "subir ao céu", para chegar ao ponto de ser um espírito missionário enviado a Terra por Deus e capaz de realizar todas aquelas curas e outras obras por parte de nosso Criador precisou "nascer de novo", "descer do céu", reencarnar. E

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veio ao nosso mundo para trazer as palavras do Pai, os ensinamentos que, bem praticados, darão também a vida eterna(v.15), ou seja, a necessidade de não precisar mais encarnar a não ser por missão e a partir de então viver a verdadeira vida, que é a vida espiritual. Mas, conforme diz Jesus no versículo 12, se Cristo falava das coisas terrestres(reencarnação) e Nicodemos parecia não compreender, muito menos entenderia as coisas celestiais(a condição de Jesus como o espírito mais perfeito que esteve entre nós, em uma missão divina, sendo o enviado direto de Deus). Se Jesus estivesse falando de uma transformação no homem através de uma mágica operada por Deus, não diria que falava de coisas "terrestres". Voltar ao ventre de nossa mãe depois de velho e nascer de novo(v. 4) não é o que prega os reencarnacionistas. Entraremos de novo em um ventre - não o de nossa mãe atual - não quando estivermos velhos e sim quando formos apenas espíritos, sem carne. Por isso, a resposta do Cristo: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito" (v. 6) aplica-se como uma luva à tese da reencarnação. A carne vem dos pais, o espírito vem de Deus, "do alto", e, tal como o vento, que sopra onde quer sem que se saiba a sua origem, os homens não sabem de onde eles vem... (v.8) A idéia de uma transformação mágica operada pelo "alto" não tem lógica. Diz Jayme Andrade, em seu "O Espiritismo e as Igrejas Reformadas": "Quando a Igreja primitiva trancou as portas da comunicação com o mundo invisível, os teólogos passaram a forjar explicações para episódio tão claro. Os protestantes se escoraram na "renovação espiritual" dos que se convertem e recebem o Senhor em seus corações. Ou, como os Pentecostais, entendem que a transformação se opera através da atuação direta do Espírito Santo. Daí os apelos patéticos dos pastores, conclamando os ouvintes a darem um passo decisivo em direção a Cristo. Com as energias mentais de toda a congregação concentradas no veemente propósito de levar os pecadores aos pés do Salvador, é natural que o efeito sugestivo crie um ambiente de fortes vibrações emotivas, que leva não poucos a se sentirem "tocados pela graça", ou "cheios de espírito" e a se acreditarem, com absoluta sinceridade, participes na "comunhão dos eleitos". Formulamos estes conceitos a título meramente ilustrativo, sem o mais leve intuito de menoscabar o sentimento, assaz louvável, dos nossos queridos irmãos. Reconhecemos a piedosa intenção que os move, mas não podemos deixar de ponderar que raramente as pessoas por essa forma sugestionadas, perseveram na "graça", visto como, passado aquele instante emocional, a maioria dos "nascidos de novo", mesmo quando permanecem no seio da Igreja, logo se adaptam a rotina de um Cristianismo quase que meramente de fachada. E tanto isto é verdade que, de tempos em tempos, surgem movimentos de "renovação espiritual" proporcionando um ensejo de um "novo nascimento" a muitos que vinham trabalhando dentro de suas próprias igrejas. Ai estão para comprová-lo as campanhas de "reavivamento" empreendidas pelos dirigentes das varias denominações, notadamente nos Estados Unidos, movimentos de "renovação da fé", quais os das "Cruzadas", do notável evangelista Billy Graham, levando a salvação a tantos que já se classificaram como "crentes", com resultados observáveis nas centenas de cartas remetidas aos dirigentes das "Cruzadas" e que são habitualmente divulgadas dentro do seu órgão "DECISION". E tanto é presumível que esse "novo nascimento" tenha um valor um tanto precário, que os Pastores de algumas denominações censuram discretamente esse modo de angariar prosélitos, abstendo-se de praticá-lo em suas igrejas, embora com eventuais concessões em movimentos de evangelização, ou durante ocasionais campanhas de reavivamento espiritual. " Na Igreja Católica, batizam até crianças, que nem tiveram ainda como "nascer de novo" no sentido de assumir uma nova conduta. E ainda impedem mães solteiras de batizarem os filhos, lançando no inferno (se o batismo é realmente necessário para ir para o "céu") os coitados.

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Não faz sentido um diálogo com frases tão enigmáticas, como aquelas dos versículos 5 aos 8, e ainda o espanto de Jesus diante da ignorância de Nicodemos ("és mestre em Israel e desconheces essas coisas", "como crereis, se vos falar das coisas celestiais"), para falar em batismo e em um novo nascimento através de uma nova conduta. Por que falar de forma tão enigmática aqui, se Jesus sempre falou claramente sobre a necessidade da reforma íntima, aliás, acima de qualquer coisa exterior como o "batismo", que sabemos muito bem que por si só não transforma e nunca transformou ninguém? Olha a parábola do bom samaritano, por exemplo, para ver que Jesus sempre pregou a reforma íntima sem se importar com a crença pessoal. É verdade que Cristo mandou os apóstolos batizarem, mas foi claro quanto a isso, sem enigmas como "nascer de novo"/"nascer do alto". Se Jesus falou em batismo com Nicodemos por que foi tão esotérico, ou seja, tão misterioso? E quanto a necessidade de "nascer de novo" no sentido de arrependimento, de transformação em um novo homem, Jesus não poderia ser mais explícito durante sua vida e se fosse o caso com certeza seria ali sem usar enigmas, sem criar frases misteriosas para Nicodemos interpretar e depois estranhar o desconhecimento de um mestre em Israel sobre o assunto. Quanto ao batismo de Jesus, ele disse que era pra que cumprissem as leis e os profetas. Note-se que Jesus não atribui ao batismo nenhuma função mágica. Jesus deveria ser batizado para que se cumprisse sua função messiânica na Terra. No momento do batismo do Cristo, João viu algo em forma de pomba e a voz que confirmava a missão de Jesus. Assim, confirmou para os presentes e para o mundo que Jesus era o Messias. Essa a missão de João Batista, que em seguida foi executado. E o povo era batizado como um ritual simbolizando a conversão. Só os arrependidos eram convertidos e batizados. Não eram batizados para que se transformassem em pessoas de bem num passe de mágica.Se não tinha porque Jesus ser tão "misterioso" quanto a esses assuntos, por outro lado a reencarnação sempre esteve entre os "mistérios", era uma doutrina secreta. Realmente, saber ou não sobre reencarnação não vai fazer ninguém melhor, daí os enigmas, pois cada coisa deve vir ao seu tempo, de acordo com o grau de entendimento da Humanidade. Já a necessidade de uma mudança mágica operada pelo alto, se ela existisse, deveria ser ensinada claramente. Até porque seria o único momento na Bíblia em que Jesus teria dito tal coisa. Ao contrário, disse sempre que devemos perdoar as ofensas, amar até os inimigos, não juntar tesouros e tudo aquilo necessário para nossa evolução, sem uma mágica operada por Deus na pessoa que toma um "banhozinho". Se o batismo na água fosse tão essencial, tão mágico, Paulo não teria dito, na primeira Epístola aos Coríntios (1:14-17): "Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e Gaio. Para que ninguém diga que foi batizado em meu nome. E batizei também a família de Estefanas, além disso não sei se batizei algum outro. Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar". Também de forma enigmática, disse Jesus ao falar que Elias voltara como João Batista. E o que disse em seguida: "Quem tiver ouvidos de ouvir, ouça", comprova que nem todos estavam em condição de entender. Associam o "nascer de novo" a essas palavras de Paulo: "Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo” (2Co 5.17). " De fato, aquele que está em Cristo, que absorveu os preceitos cristãos, que segue o exemplo que Cristo deixou, é uma nova criatura. Mas insisto: o que Cristo mais fez em sua existência foi falar claramente sobre a necessidade do "novo nascimento" nesse sentido, então não teria porque falar de maneira misteriosa aqui e ainda estranhar a ignorância de Nicodemos. Segundo alguns apologistas cristãos, Jesus estranhou o desconhecimento de Nicodemos quanto a versículos como esses no Velho Testamento: “ porque derramei água sobre o solo sedento e correntes de água sobre a terra seca. Derramei o meu

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espírito sobre a tua raça e a minha bênção sobre os teus descendentes” (Isaías 44:3)

“Borrifarei água sobre vós e ficareis puros; sim, purificar-vos-ei de todas as vossas imundícies e de todos os vosso ídolos imundos. Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne”(Ezequiel 36:25-26) Água borrifada não tem nada a ver com batismo, palavra que deriva do verbo grego "baptizein", que significa mergulhar, imergir, como os batismos no Novo Testamento. E aqui primeiro o povo se congrega e é borrifado com água e depois ganha um novo coração, quando para Jesus e os apóstolos era o contrário: batismo era um símbolo do arrependimento: “Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento," (Matheus. 3:7-8).

Não tem nada a ver esses versículos com o batismo dos apóstolos, mas uma metáfora com a tradição de purificação dos judeus, que vemos em versículos como esses: “Toma os levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os; e assim lhes farás, para os purificar: esparge sobre eles a água da purificação; e eles farão passar a navalha sobre todo o seu corpo, e lavarão os seus vestidos, e se purificarão.”(Números 8:6-7) "E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação, seja por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano para holocausto, e um pombinho ou uma rola para oferta pelo pecado, ã porta da tenda da revelação, o ao sacerdote, qual o oferecerá perante o Senhor, e fará, expiação por ela; então ela será limpa do fluxo do seu sangue. Esta é a lei da que der ã luz menino ou menina. Mas, se as suas posses não bastarem para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos: um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado; assim o sacerdote fará expiação por ela, e ela será limpa." (Levítico 12:6-8) Seria muito difícil Nicodemos ligar as palavras enigmáticas de Jesus, principalmente o “nascer do alto” (?), a uma necessidade de um batismo mágico para alcançar o Reino de Deus. Difícil também ele entender que Jesus estava querendo lembrá-lo daqueles versículos, que não falam sobre a atitude que devemos ter para chegar ao Reino de Deus, e sim do retorno do povo judeu para sua terra de aliança. O versículo 24 em Ezequiel 36 diz "Pois vos tirarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra.”.Por que Cristo não citou aquelas passagens de Isaías e Ezequiel para mostrar claramente a Nicodemos do que estava falando? Ele sempre citava o Velho Testamento para mostrar do que estava falando. Aliás, no versículo 14 ele faz isso: "E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado". Torno a insistir: por que, afinal, Jesus seria tão enigmático? Essa tradição de pureza dos judeus foi frontalmente combatida por Jesus: "Então alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém, foram a Jesus e perguntaram: "Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos antes de comer!" Respondeu Jesus: "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? Pois Deus disse: 'Honra teu pai e tua mãe'* e aquele que amaldiçoar seu pai ou sua mãe será condenado à morte'.* Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: 'Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a Deus ' ele não é obrigado a 'honrar seu pai'* dessa forma. Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês. Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: 'Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens'*". Jesus chamou para junto de si a multidão e disse: "Ouçam e entendam. O que entra pela boca não torna o homem ímpuro'; mas o que sai de sua boca, isto o torna impuro' ". Então os discípulos se aproximaram dele e perguntaram: "Sabes que os fariseus

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ficaram ofendidos quando ouviram isso?" Ele respondeu: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pelas raízes. Deixem-nos; eles são guias cegos.* Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão num buraco". Então Pedro pediu-lhe: "Explica-nos a parábola". "Será que vocês ainda não conseguem entender?", perguntou Jesus: "Não percebem que o que entra pela boca vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem impuro'. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Estas coisas tornam o homem impuro'; mas o comer sem lavar as mãos não o torna impuro' ". (Mateus 15:1-20) Ou seja, para Jesus importa o interior, não é um banhozinho como o batismo ou qualquer prática puramente exterior que fará o homem agradar mais a Deus. Quando Cristo fala em "nascer da água", portanto, não tem nada a ver com a purificação do batismo e muito menos a purificação da tradição dos judeus. "O primeiro versículo em Gênesis 1:1 fala que no princípio criou Deus os Céus e a terra. A palavra "céus" em hebraico "Shamaim" significa carrega água, "Ali existe água", "fogo e água", que misturados um ao outro formaram os Céus.Como podemos observar, tudo começou com as águas. Água é vida e essa era a crença geral naquela época. É lógico que o Cristo não falava de batismo e sim do retorno através da água." - Severino Celestino da Silva, "Analisando as Traduções Bíblicas". Em "God is a Verb" , o Rabino David A. Cooper, indica que "água" na tradição hebraica e cabalística significa matéria ou mundos da matéria. Ou seja materialidade num sentido abrangente. Por isso mesmo, Cristo fala no versículo 5 em “nascer da água e do espírito” e logo em seguida em “nascer da carne”. É a mesma coisa. Se, de acordo com João Batista, o batismo de Jesus seria com o fogo, por que seria ainda necessário o batismo com água para ver o Reino de Deus?Batismo com fogo: o esforço em vencermos nossas imperfeições morais em direção do bem.

Os judeus conheciam a reencarnação, ao menos para os profetas (Elias, Jeremias, etc.) como comprova a Bíblia. Possivelmente não entendiam a reencarnação como uma lei para toda a Humanidade, então talvez por isso Nicodemos não tenha entendido muito bem as palavras de Jesus.Segue o pastor:

“Mateus 11:14; 17+11-13 Esses textos fazem referência a João Batista que viria

com uma missão bem semelhante à de Elias, o que levou alguns autores espíritas a

extrair daí que João seria uma reencarnação de Elias. Quem lê os Evangelhos nota

que o próprio João Batista acabou com a possibilidade dessa interpretação, quando

disse taxativamente que não era Elias(João 1:21). João era um profeta do mesmo

estilo de Elias, somente isso”

“Somente isso”? Então, por que não dizer que era alguém parecido com Elias e não que Elias voltou como João? Mais uma vez o “Deixe que a Bíblia fale por si mesmo” é contrariado.

O Velho Testamento diz que Elias seria o precursor do Cristo: "Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor" (Malaquias 4:5). Sobre o dia do Senhor, diz Severino Celestino em seu livro "Analisando as traduções Bíblicas": "A idéia do Dia de Iahvéh era uma crença popular na religião israelita pré-exílica e aparece pela primeira vez em Amós (5:18-20), profeta e pastor em Técua, localidade vizinha a Belém (750 a.C), que dá por sabida sem explicá-la. Segundo a sua breve descrição, o povo pensava que o Dia de Iahvéh seria constituído de luz e esplendor. Amós, no entanto, afirma que será trevas e não luz,

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escuridão e não esplendor. Isaías, (2:11), fala que, neste dia, a soberba dos mortais será abatida e o orgulho dos homens será humilhado. E só Iahvéh será exaltado naquele tempo. Fala ainda que será um dia implacável, de furor e de cólera ardente, para reduzir a terra a um deserto e dela exterminar os pecadores (Isaías 13:9). Joel fala do Dia de Iahvéh como o dia da chegada ou eclosão da mediunidade para todos, onde o espírito de Deus será derramado sobre todo ser vivo (Joel 3:1-4). O sol se converterá em trevas, a lua em sangue, antes que chegue o Grande e Terrível Dia de Iahvéh (Joel 3:4). Veja ainda Joel 4:14, Zacarias 14:1 e Ezequiel cap. 38 e 39. O profeta Isaías é quem inicia a realização do Dia de Iahvéh. Ele anuncia esta chegada, afirmando que alguém pregaria ou clamaria no deserto, preparando o caminho do Senhor. Isaías 40:3: 'Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas'. Aqui unem-se os profetas Isaías e Malaquias (3:23) o primeiro referindo-se a João Batista pregando no deserto da Judéia e o outro referindo-se a João Batista(Elias reencarnado), apresentando o Cristo como o cordeiro de Deus. É o próprio Cristo, nos Evangelhos de Mateus 11:13;17:10-13 e Marcos 9:11-13, quem confirma estas profecias dizendo que Elias voltara, e as referências à preparação do Dia do Filho do Homem são encontradas em Lucas 17:22-36;João 8:56; 1 Coríntios 1:8;3:13;2 Coríntios 1:14;Filipenses 1:6 e 10;2:16; 1 Tessalonicenses 5:2 e 4;2 Pedro 3:12 e 13;Apocalipse 16:14."

Cristo confirma a volta de Elias: "E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça. " (Mateus 11:12-15) "Desde os dias de João Batista até agora": o que significa isso, já que João Batista estava vivo? Diz Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Jesus explica, dizendo: "Se quiserdes compreender o que eu digo, ele mesmo é o Elias que há de vir'. Ora, sendo João o próprio Elias, Jesus alude a época em que João vivia com o nome de Elias. "Até ao presente o reino dos céus é tomado pela violência": outra alusão a violência da lei mosaica, que ordenava o extermínio dos infiéis, para que os demais ganhassem a Terra Prometida, Paraíso dos hebreus, ao passo que, segundo a nova lei, o céu se ganha pela caridade e pela brandura. E acrescentou: "Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir". Estas palavras, que Jesus tanto repetiu, claramente dizem que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades. " Após a morte de João Batista: "Seus discípulos então o interrogaram desta forma: 'Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?'Jesus lhes respondeu: 'É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas: - mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o reconheceram e o trataram como lhes aprouve. é assim que farão sofrer o Filho do Homem' - Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara" ( S. Mateus, cap. XVII, vv 10 a 13; - S. Marcos, cap. IX, vv 11 a 13) É importante lembrar que tanto Elias quanto João Batista tinham os mesmo hábitos: vestiam-se de pelos, usando ainda um cinto de couro em torno dos lombos (II Reis 1:8 e Mateus 3:4). Não são meras coincidências, não!

Dizem os apologistas cristãos: "Se João Batista fosse Elias, no momento da transfiguração de Cristo teriam aparecido Moisés e João (que já era morto também) e não Moisés e Elias (Mateus 17:1-8). " Isso que dá querer fazer seu próprio "Espiritismo". O espírito pode aparecer, sim com sua aparência de vidas anteriores a última. Emmanuel, por exemplo, chegou a aparecer para Chico

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Xavier como um Senador Romano, tendo vivido outras vidas após aquela época. Kardec, no "Livro dos Médiuns", ensina: "Podendo tomar todas as aparências, o Espírito se apresenta sob a que melhor o faça reconhecível, se tal é o seu desejo. Assim, embora como Espírito nenhum defeito corpóreo tenha, ele se mostrará estropiado, coxo, corcunda, ferido, com cicatrizes, se isso for necessário à prova da sua identidade. Esopo, por exemplo, como Espírito, não édisforme; porém, se o evocarem como Esopo, ainda que muitas existências tenha tido depois da em que assim se chamou, ele aparecerá feio e corcunda, com os seus trajes tradicionais."

Quanto a João ter negado, é claro que só podia negar, pois enquanto na carne o Espírito não se recorda de existências anteriores. Mesmo que soubesse que era Elias, não estaria mentindo, pois a personalidade agora seria outra: João Batista e não mais Elias. Mas havia um grande motivo pra ele não saber quem era, como mostrarei. Jesus disse: "em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele" (Mateus 11:11) Por que João Batista, segundo Jesus, era ainda menor do que o "menor no reino dos céus" ? Disse o Cristo em seu Sermão da Montanha: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus." (Mateus 5:17-19) Notem que é o mesmo Evangelho (o de Mateus) onde Jesus afirma que o menor no reino dos céus é maior do que João Batista. Também é o mesmo Evangelho onde, após a transfiguração de Jesus e a materialização dos espíritos Elias e Moisés, se confirma que Elias veio como João Batista e não foi reconhecido. Cristo diz "será chamado..." no capítulo 5 e no capítulo 11 João é chamado exatamente daquela forma. "Menor no reino dos céus", então, seria um título, uma nomeação, para aqueles que já estão no chamado "reino dos céus", aqueles espíritos que vêm ao mundo em missão (os profetas como Elias, no caso), mas que ainda estão entre os "menores", porque contrariaram um dos mandamentos divinos e ensinaram errado aos homens. E qual mandamento João Batista violou e ensinou errado aos homens, para não ser nem mesmo um dos menores, mas o menor dos menores no reino dos céus? Evangelho algum mostra João contrariando um dos mandamentos. Agora, quando o espírito de João Batista animava o corpo de Elias, o mandamento violado foi o maior deles: "não matarás". Como Elias, ele mandara degolar implacavelmente os sacerdotes do Baal no dramático desafio narrado em I Reis 18:40: "Disse-lhes Elias: Agarrai os profetas de Baal; que nenhum deles escape. Agarram-nos. Elias fê-los descer a torrente de Kishon e ali os matou". Como um profeta, um médium, um escolhido por Deus, um homem com a missão de ensinar grandes coisas aos homens, a responsabilidade de Elias era muito maior. Agora, vamos ver direito o que Jesus em Mateus 11 diz sobre João: "Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos, ouça. " (Mateus 11:11-15) Como foi explicado, citando Kardec, Jesus faz referência a violência do "tempo de João Batista" (Elias) e outros que violavam o mandamento "Não Matarás", seguindo preceitos humanos, e ensinavam errado aos homens, dizendo que o próprio Deus ditava

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aquelas leis. Mas Deus não ordena e nunca ordenou a morte de ninguém. Como disse o Cristo: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Matheus 22:37-40) . Paulo também disse: "Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. (Romanos 13:9)" O que aí não se inclui, são leis humanas e não divinas e imutáveis. "Não matarás" é um preceito divino e imutável. Está bem claro: João Batista provavelmente não sabia mesmo quem foi, pois tinha dividas, devia resgatar os débitos espirituais contraídos por ele quando era Elias. Como se sabe, João Batista foi decapitado. Ou pode até ser que soubesse (como disse, não estaria mentindo) e tenha ele mesmo escolhido, antes de vir ao mundo, passar por uma morte violenta na Terra para acelerar a sua evolução. Dizem que Elias não morreu, mas foi arrebatado, conforme 2 Reis 2.1-15 : "...Indo Eles andando e falando, eis que um Carro de Fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.". Em momento nenhum é dito que ele continuou vivo após aquele arrebatamento. Eliseu pode ter visto o perispírito de Elias no momento de sua morte ou pode simplesmente ter sido uma lenda, como muitas na Bíblia. Afinal, vejamos II Cr 21:12: "Então chegou às suas mãos um escrito do profeta Elias nestes termos: "Assim falou o Senhor , o Deus de teu pai Davi: Visto que não seguiste o exemplo de teu pai Josafá, e o exemplo de Asa, rei de Judá ...". Elias, então, escreveu uma carta depois de ser arrebatado? De acordo com a seqüência dos fatos narrados na Bíblia, essa passagem veio depois do arrebatamento. Será que há carteiro nos céus? A idéia de que Elias está em carne e osso nos céus é absurda e é refutada pela própria Bíblia, pois Jesus disse: “O espírito é o que dá a vida. A carne não serve para nada”(João 6:63). E Paulo de Tarso afirmou também:"Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção;semeia-se em vileza, ressuscitará em glória; semeia-se em fraqueza, ressuscitará em vigor. E semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, há também o corpo espiritual. (...) Eu vo-los digo, meus irmãos, a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade" (I Epístola aos Coríntios, XV, 42-50) Se Elias está vivo, em carne e sangue, com certeza não está no Reino de Deus, pois o Reino de Deus é espiritual e não material. Só poderia estar no mundo material, no mesmo plano nosso. E onde estaria, então? Na Lua? Em Marte? E como sobrevive sem oxigênio? Lucas 1:17 diz, anunciando o nascimento de João Batista: "E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado". Os apologistas cristãos dizem que isto "não quer dizer, de forma nenhuma, que João fosse Elias, mas que no seu ministério profético, haveria peculiaridades do ministério de Elias". Algumas traduções dizem exatamente COM o espírito de Elias. Seja "com" ou "no" isso é exatamente reencarnar. João Batista estava no/com espírito de Elias porque eraElias. Mas, claro, se fosse só esse versículo não provaria nada. Como demonstrado, há outras provas bíblicas de que Elias reencarnou como João Batista, principalmente as palavras do Cristo: "Ele é o Elias que havia de vir" e "Elias veio, mas não foi reconhecido", que são afirmações claras. Jesus estaria mentindo se Elias não veio de fato, ainda mais se o verdadeiro Elias estivesse vivo, em carne e osso, nos céus. Muitas outras "coincidências", até

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mesmo João resgatando os débitos de Elias, colaboram mais ainda a favor da idéia de que o espírito de Elias e de João era o mesmo. Como eu disse, a reencarnação era uma crença conhecida e se fosse uma heresia, uma coisa "satânica", Jesus faria questão de dizer que não existe a reencarnação.

“João 9:1-3 – Os discípulos perguntaram a Jesus, diante de um cego, quais eram as

causas de sua doença, quem havia pecado: se ele ou seus pais. Com base nisso, os

defensores da reencarnação deduzem que os discípulos criam nessa doutrina. No

entanto, nessa passagem os discípulos pensavam em algo mais próximo da

maldição hereditária, e não em reencarnação. Em sua resposta, Jesus rechaçou as

ideias do carma e da reencarnação.”

A pergunta sobre a causa da cegueira do cego de nascença ser os pecados do próprio cego de nascença, foi pensando em maldição hereditária? "E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus." (João 9:1-3) Nem sempre alguém é deficiente físico por causa de algo que tenha feito em outra vida. Como não é uma regra, então isso não contraria o Espiritismo. Um espírito pode simplesmente optar por isso ao reencarnar. Pode ser, por exemplo, para não ser vencido pela vaidade. Chico Xavier passou toda a sua vida com uma catarata nos olhos, que certamente foi escolha sua. Um espírito de luz, um missionário, pode escolher até morrer para ajudar na evolução de quem ama. Jesus morreu na cruz e não tinha débitos. Uma missão por amor a Humanidade. Morreu daquela forma para marcar seu nome na História da Humanidade e atrair as pessoas para seus ensinamentos e o exemplo que deixou. Um espírito também pode escolher vir ao mundo com algum defeito físico para ajudar na evolução de seus pais, principalmente. Seria uma prova para eles, sofrendo com um filho deficiente a quem precisam dedicar atenção e amor. Por isso a pergunta dos apóstolos: "quem pecou, ele ou seus pais para que nascesse cego?". Notem que não seria um castigo divino, um inocente pagando pelos pecados dos outros, mas sim a escolha, o sacrifício de um espírito, para que aqueles que ele ama (seus pais nesta vida atual seriam pessoas a quem esse espírito estaria ligado por laços afetivos desde vidas passadas) evoluam espiritualmente. E essa pergunta dos apóstolos prova que eles acreditavam ser possível um cego de nascença ter pecado. Os apóstolos acreditavam na reencarnação. Outras passagens, como aquela em que eles reconhecem que Jesus falava de João Batista como o "Elias que havia de vir", comprovam isso. E Jesus em momento algum negou essa idéia, coisa que com certeza faria se fosse uma "heresia" como muitos insistem. Jesus negou a existência do pecado naquele caso. Aquele homem nasceu cego para que nele se manifestassem as obras de Deus, ou seja, para que Jesus o curasse. Dos versículos 13 a 41 há a explicação para a missão daquele homem, que é confrontado pelos fariseus que lhe perguntam quem o havia curado, revoltados com o fato da cura ter sido em um sábado. Outras falas de Jesus confirmam que os defeitos físicos muitas vezes são devidos ao que fizemos em uma vida passada, ou seja, lei de causa e efeito: "E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados. E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem blasfema. Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o mal em vossos corações? Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados,

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ou dizer: Levanta-te e anda? " Mateus 9:2-5 Kardec no livro A Gênese: "Que significariam aquelas palavras: «Teus pecados te são remitidos» e em que podiam elas influir para a cura? O Espiritismo lhes dá a explicação, como a uma infinidade de outras palavras incompreendidas até hoje. Por meio da pluralidade das existências, ele ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as conseqüências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras. Se, portanto, a enfermidade daquele homem era uma expiação do mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: «Teus pecados te são remitidos» eqüivalia a dizer-lhe: «Pagaste a tua dívida; a fé que agora possuís elidiu a causa da tua enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela.» Daí o haver dito aos escribas: «Tão fácil é dizer: Teus pecados te são perdoados, como: Levanta-te e anda.» Cessada a causa, o efeito tem que cessar. É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara: «Teu crime está expiado e perdoado», o que eqüivaleria a se lhe dizer: «Podes sair da prisão.»"

Em outra passagem diz Jesus: “Eis-te curado; não peques mais, para que te não aconteça algo pior” (Jo 5:14)

Veja que nesse versículo acima, além de relacionar aquela enfermidade ao pecado, Cristo afirma que novos pecados trarão mais problemas. E ainda vemos aqui que o perdão do Cristo não significa passaporte direto para o céu, como muitos acreditam.

E pra encerrar:

'Se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o, e lança-o para fora de ti: melhor é entrares na vida manco ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno'. 'Se um dos teus olhos te faz tropeçar, corta-o, e lança-o para fora de ti: melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo' (Mateus 18:8-9)

Mais do que claro. Melhor entrar na vida, ou seja, REENCARNAR, com alguma deficiência do que tornar a pecar.

Mais adiante o pastor diz que não há evidência na Bíblia da preexistência das almas e que “a alma surge com o surgimento da vida. Não preexistia. Todos os seres humanos são criados. Somente Deus é eterno. O apóstolo Paulo escreveu: “Deus é o bendito e único soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível,a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém” (1Timóteo 6:15-16)

Somente Deus é imortal, pois somente ele não precisa encarnar e desencarnar. A Bíblia tem versículos onde a preexistência é clara:

“Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João” (João 1:6)

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Se foi enviado é porque já existia antes. Sabemos por intermédio do profeta Malaquias que Elias teria que voltar à arena física, antes de Jesus. Portanto, João Batista é uma personalidade, vivificada por um espírito que, em existência anterior, deu vida ao profeta Elias. Um ser espiritual que já vivia antes e foi enviado por Deus para uma grande missão, a de ser o precursor do Cristo.

“'Os filhos lutavam no ventre de Rebeca” (Gênesis 25:22). A Bíblia afirma, sob a ótica do raciocínio dogmático de existir apenas uma vida, uma heresia. Admitir que os espíritos criados dentro do ventre da mulher de Isaque, já eram adversários, é duvidar da perfeição de Deus. É lógico que a adversidade teve sua causa em uma vida pretérita e reencarnaram juntos, visando uma possível reconciliação.

“'Antes que te formasse no ventre materno, te conheci...” (Jeremias 1:5) Aqui está claríssima a afirmação de que o Espírito preexiste ao corpo de carne. Se Jeremias era conhecido, antes de ser gerado o seu corpo de carne, é perfeitamente justificável que tenha certamente tido uma existência pretérita. A continuação do texto não nos deixa dúvidas:”'Antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações”. Jeremias já era um ser superior (consagrado), tendo conquistado esse patamar da evolução, em vida passada. Portanto, o espírito, antes de reencarnar, era conhecido, recebendo a missão de ser um “profeta às nações”. Acreditar que alguém possa ser criado perfeito fere todos os princípios da Divindade. Seria uma injustiça que, de forma nenhuma, seria praticada por um Ente Superior e Perfeito;

“Quanto à vida futura, a doutrina espírita defende que há de se concordar que, após

a morte, o espírito permanece num estado de “erraticidade”, vivendo no “plano

espiritual”, em cidades compostas de estruturas próprias, enquanto se prepara

para novas encarnações. No entanto, a Bíblia diz que os mortos nada sabem e nada

fazem, como aprendemos em Eclesiastes 9:5-6”

Os hebreus no início acreditavam mesmo que os mortos, bons ou maus, iam pro scheol, abaixo da Terra. Outras crenças, como a do Juízo Final, Ressurreição da carne e ainda a reencarnação, foram adquirindo tendo contato com outras culturas.Juízo Final e ressurreição da carne são crenças que vieram do Zoroastrismo persa.Eles terem um dia acreditado em tal coisa não significa que estavam certos. Desafio aqueles que dizem que a Bíblia é toda verdadeira, sem contradição, a me responderem: se os mortos estão mesmo inconscientes, por que Cristo disse ao "bom ladrão" que NAQUELE MESMO DIA, o Cristo estaria com ele no Paraíso? E a parábola do Rico e Lázaro? E Elias e Moisés conversando com Jesus? Não me parece que estavam inconscientes, esquecidos do passado, sem louvar a Deus, etc. Veja, ainda, que em I Pedro 3:20, Jesus foi pregar aos espíritos do tempo de Noé. Por que pregar aos que não tem consciência e nem louvam ao Senhor? Aliás, se Jesus foi pregar é porque eles teriam novas oportunidades, reencarnariam, senão seria inútil pregar para quem não tiraria proveito algum da pregação.

“Para defender a doutrina da reencarnação, é preciso recusar a realidade da

ressurreição, ensinada e mostrada na Bíblia, pois a pedra fundamental do

espiritismo é que não há morte, mas apenas desencarnação. Continua-se vivo,

encarnando e desencarnando, indefinidamente, até atingir a perfeição. Pela

doutrina espírita, não há somente uma morte, mas várias e indefinidas mortes,

assim como não há somente um juízo, mas vários, de certa forma, já que a cada vez

que alguém desencarna há uma definição do novo destino ou da nova vida que o

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espírito vai seguir em direção a uma almejada perfeição”

Foi Jesus Cristo quem disse que devemos ser perfeitos, como o Pai, pra isso tendo que ter amor até pelos nossos inimigos.

A reencarnação não nasceu com o Espiritismo, como muitos pensam. Assim como a mediunidade, a reencarnação, como um fenômeno natural, sempre existiu. Os espíritos, antigamente tidos como "deuses", a ensinaram a diversos povos durante a História. Conhecida como Palingenesia (palin, de novo, gênesis de nascimento) entre os povos da Antiguidade, a Reencarnação significa o retornar do Espírito ao corpo tantas vezes quantas se tornem necessárias para o auto-burilamento, libertando-se das paixões e adquirindo experiências superiores, sublimando as expressões do instinto ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e penetra nas potencialidades transcendentes da intuição. É o renascimento no corpo físico. Na Índia que se cristalizaram as noções da imortalidade da alma e das vidas sucessivas. Os cânticos sagrados dos Vedas, que abrigam os fundamentos das concepções filosóficas orientais, eram transmitidos no princípio pela tradição oral, tendo sido compilados por um sábio brâmane cerca de 14 séculos antes de Cristo. Já aludiam aos renascimentos, mas, como todos os ensinamentos antigos, encerravam duas doutrinas: a "científica", reservada aos adeptos mais esclarecidos, e a "simbólica", ministrada sob a forma de alegorias a massa que não estava em condições de assimilar as grandes verdades. "Para os 'iniciados', a ascensão era gradual e progressiva, sem regressão as formas inferiores, enquanto ao povo, pouco evoluído, era ensinado que as almas ruins deviam renascer em corpos de animais (metempsicose)" (Gabriel Delanne em "A Reencarnação"). O "Código de Manu", o mais antigo corpo de leis de que se tem notícia, menciona a reencarnação. Manu, que codificou as leis hindus mais de 3 mil anos antes da nossa Era, não poderia supor que sua obra viesse a inspirar o "Corpus Juris Civillis" de Justiniano, e por essa forma servir de fonte para todos os legisladores modernos. Com o advento do Bramanismo, surgiu o "Bhagavad-Gitã", que é um cântico à imortalidade e ao renascimento das almas. O mais notável missionário dessa época foi Kristna, que renovou as doutrinas védicas e espalhou na região do Himalaia os mais sublimes ensinamentos. Buda, o grande filósofo místico que viveu na Índia 600 anos antes da Era Cristã, pregava que: "O Conhecimento e o amor são os dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não adquire o amor, o ser está condenado a prosseguir na série de reencarnações terrestres" (Cit. por Léon Denis em "Depois da Morte"). O velho Egito recebeu da Índia, segundo alguns orientalistas, a sua civilização e a sua fé. Segundo outros, suas próprias tradições remontam a mais de 30 mil anos. A doutrina oculta dos seus sacerdotes, cuidadosamente velada sob os "mistérios" de Isis e Osiris, achava-se exposta nos "livros sagrados" de Hermes Trismegisto. Pitágoras passou 30 anos no Egito e introduziu na Grécia a doutrina dos renascimentos também em duas versões: Delfos, Olímpia e Elêusis eram os centros da doutrina iniciativa, onde os filósofos e artistas iam assimilar os "mistérios". "Como no Egito e na India, consistiam os "mistérios" no conhecimento do segredo da morte, na revelação das vidas sucessivas e na comunicação com o mundo oculto." (Leon Denis, "Depois da Morte"). A obra de Pitágoras foi continuada por Sócrates e Platão, tendo este último ido ao Egito para iniciar-se nos "mistérios". Ao voltar, expunha suas idéias sob forma velada, pois sua condição de "iniciado" não mais lhe permitia falar livremente. Apesar disso, encontram-se no "Fédom" e no "Banquete" referências à teoria das migrações das almas e das suas reencarnações.Os Órficos, que representavam a casta do sistema religioso mais avançado dos gregos, expunham sua concepção palingenésica numa roupagem filosoficamente avançada. Eurípedes, Platão, Heródoto, Aristófanes e Aristóteles nos deixaram escritos sobre o orfismo, e sabemos o quanto Platão deve aos mistérios órficos em sua filosofia, especialmente no que concerne à doutrina da

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reencarnação. É bem provável que o homem Orfeu tenha tido uma forte influência mística na cultura grega no início do século VI AC. Nem todos os gregos consideravam críveis ou aceitáveis os pressupostos da religião pública, recheada de deuses bastante humanos. Por isso, em círculos restritos, desenvolveram-se os chamados "mistérios", com elementos da religiosidade oriental, tendo suas crenças mais logicamente enlaçadas e seus próprios rituais reconhecidamente simbólicos e com forte conteúdo arquetípico-psicológico. O orfismo é particularmente importante porque introduz na civilização grega uma nova interpretação da existência humana. Enquanto a concepção tradicional, desde Homero, considerava o homem com uma alma desconhecida, que se perdia na região do Hades após a morte, quase como um fim total da existência humana, o orfismo proclama a imortalidade da alma, sendo esta o que dá a personalidade do homem, herdeira de uma história e de um trajeto evolutivo, sempre se aperfeiçoando nesta e em inúmeras outras vidas, até que consiga se assemelhar ao máximo a Deus.As idéias sobre as vidas sucessivas penetraram no mundo romano, pois Cícero a elas alude no "Sonho de Scipião" (Cap. II), e Ovídio nas "Metamorfoses" (Cap. IX). No VI Livro da "Eneida" vê se que Enéas encontra seu pai nos Campos Elíseos e este lhe transmite a lei dos renascimentos.Virgílio escreveu: "Todas essas almas, depois de haverem por milhares de anos girado em torno dessa existência (no Elísio ou no Tártaro), são chamadas por Deus em grandes enxames para o rio Letes, a fim de que, privadas da lembrança, revejam os lugares superiores e convexos e comecem a querer voltar ao corpo" (cit. por Gabriel Delanne, em "A Reencarnação", 5a ed., página 28) Na Gália, os Druidas se comunicavam com os mortos e certamente veio através da mediunidade o conhecimento sobre as vidas sucessivas. Os Gauleses acreditavam nas vidas sucessivas, em termos semelhantes aos gregos e budistas. Assim se expressou Lucano no Canto I da "Farsália": "Para nós as almas não se sepultam nos sombrios reinos do Érebo, mas sim voam a animar outros corpos em novos mundos" (Cit. por Léon Denis, em "Depois da Morte", página 58). César escreveu naGuerra de Gales: "Uma crença que eles buscam sempre estabelecer, é que as almas não perecem de forma alguma e que após a morte elas passam de um corpo para outro." Th. Pascal em seu "Evolution Humaine" (página 263) afirma que entre os islamitas se acreditava na reencarnação, mas que esta crença cessou depois que Maomé a proibiu. No entanto, o novo "Corão", exposição moderna de uma parte da doutrina secreta(os "mistérios") do Islam, diz: "O homem que morre vai a Deus e renasce, mais tarde, em um corpo novo. O cadáver fica no túmulo, o Espírito volta à matriz (...) Os que se amam, se encontram em futuras encarnações" (Questão XXIII, vs. 17 e 27, cit. por Mário Cavalcanti de Mello, em "Como os Teólogos Refutam", páginas 101/102). Os hebreus na fase helênica não desconheciam a reencarnação, sobretudo pelo intercâmbio com o mundo greco-romano, donde a idéia de ressurreição ter algo confuso da idéia da reencarnação. Conforme Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "A Reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de Ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acabava com a morte, não acreditavam nisso. As idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saber precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo nome Ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama Reencarnação. Com efeito, a Ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. "

Os apologistas cristãos criticam muito essa afirmação, mas é bom deixar claro que Kardec não disse que Lázaro "reencarnou" ou que Jesus "reencarnou". Mesmo esses dois casos são distintos, pois Lázaro, que foi salvo por Jesus de uma doença (a letargia), não apareceu com o "corpo glorioso" de Jesus, que se manifestou após o desencarne, como um espírito materializado. Foi a ressurreição

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espiritual:"Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus ." (Marcos 12:25) Serão como anjos, ou seja, espíritos de luz e não carne e sangue como Lázaro. E há outro sentido para "ressurreição" que só pode ser entendido como reencarnação. É sabido que a crença dos hebreus no início era o “Sheol", o mundo dos mortos abaixo da Terra. A idéia da ressurreição na doutrina judaica e cristã como conhecemos começou quando os judeus foram capturados em Israel e levados para o exílio babilônico. Mais tarde, em 539 AC, Babilônia foi conquistada pelos persas, que impuseram ao império babilônico derrotado uma teocracia do Zoroastrismo. Foi aí, então, que a religião do Zoroastrismo com sua doutrina de ressurreição começou a exercer uma tremenda influência no Judaísmo. O Cristianismo, por sua vez, herdou o conceito de ressurreição do Judaísmo. De fato, é o Zoroastrismo a origem da ressurreição, a crença nos anjos(incluindo Satanás, como o anjo caído e rival de Deus) , o Juízo Final e outros conceitos. Os hebreus depois passaram a viver em uma mistura de crenças. Conceitos gregos e neo-platônicos de reencarnação, ressurreição persa, velhas idéias hebraicas de "Sheol", várias outras religiões e filosofias co-existiam entre os judeus naqueles tempos. No tempo do Cristo havia profecias sobre a volta dos profetas, como Elias, e isso não poderia ser dentro do conceito de ressurreição que eles adquiriram dos Persas, pois, observe o detalhe importante: naquele conceito, os mortos se levantarão somente no Juízo final.

Quando Jesus perguntou a seus discípulos o que diziam dele no povo, eles responderam: "Uns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros Jeremias, ou qualquer um dos antigos profetas que vieram ao mundo." Os pais de Jesus eram conhecidos, portanto não poderia ser de uma ressurreição da carne que eles falavam. A reencarnação era uma crença conhecida, se fosse uma heresia, obra de “Satanás”, como muitos dizem, então Jesus com certeza os criticaria de cara por cogitarem disso. Mas apenas perguntou: “E vós, quem acreditam que sou?". Em João 1:21 também perguntam a João Batista se ele era Elias. Além de Jesus e João não serem homens que levantaram dos túmulos, tem outra coisa que torno a repetir: a idéia inicial de ressurreição dos judeus, copiada do Zoroastrismo persa, seria apenas no juízo final, para a eternidade, e não para habitar a Terra. Mas aqui nesse caso de "ressurreição" já havia a influência dos gregos, que acreditavam na reencarnação..Os hebreus acreditavam que o retorno de Elias sobre a Terra devia preceder o do Messias. Isto porque, no Evangelho, quando seus discípulos perguntaram a Jesus se Elias voltaria, ele respondeu afirmativamente dizendo: "Elias já veio e não o reconheceram, mas eles lhe tem feito tudo o que havia sido predito." E seus discípulos compreenderam, diz o Evangelista, que era de João que lhes falava, provando que eles conheciam a idéia da reencarnação e Jesus, que conhecia o pensamento íntimo de cada um, não negou a idéia.Na Idade Média, os hebreus compilaram na Cabala os "mistérios" herdados através da tradição oral. "Os iniciados judaicos, em épocas remotas, haviam registrado a doutrina secreta em 2 obras célebres: o ZOHAR e o SCPHER-JESIRAH, - que juntas formaram a "CABALA", uma das obras capitais da ciência esotérica" (Gabriel Delanne, em "Depois da Morte, pg. 80) A Cabala é o ensino secreto dos israelitas, e foi nela que se conservaram ocultos os pontos mais elevados da doutrina, que não podiam ser ensinados publicamente. O ensinamentos das reencarnações das almas acha-se claramente expresso no ZOHAR: "Todas as almas são submetidas às provas das transmigrações. Os homens não conhecem o caminho do Mais Alto, não sabem como são julgados em todos os tempos e ignoram por quantos sofrimentos e transformações misteriosas devem passar(...) As almas devem, finalmente, mergulhar na substância de onde saíram. Porém antes devem ter desenvolvido todas as perfeições cujos germes estão plantados nelas; mas se estas condições não são realizadas em uma existência, renascerão até que tenham atingido sua absorção em Deus" (Cit. por Franck, em "La Kabbale", página 244).

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"De acordo com a "Cabala" as encarnações ocorrem a longos intervalos. As almas esquecem o seu passado e, longe de constituir uma punição, os renascimentos são uma benção, que permite aos homens o seu desenvolvimento para atingirem o seu fim" (Mário Cavalcante de Mello, em "Como os Teólogos Refutam", página 120). Essênios, fariseus e saduceus constituíam as seitas em que se dividia o judaísmo na época de Jesus. Dessas, só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acabava com a morte, não acreditavam na reencarnação. Flávio Josepho, escritor judeu dos tempos do Cristo(morreu no ano 98) escreveu sobre os fariseus:"Mas então quanto às duas ordens anteriormente mencionadas, os fariseus são aqueles estimados por sua habilidade na exata explicação de suas leis e introduzem a primeira seita. Estes atribuem tudo ao destino [ou providência] e a Deus, e embora deixe que o agir de forma correta ou o contrário esteja principalmente nas mãos dos homens, apesar de o destino, de fato, cooperar com cada ação. Dizem que todas as almas são incorruptíveis, mas que as almas dos bons homens apenas são movidas para outros corpos, - porém as almas dos maus são sujeitas ao castigo eterno. Mas os saduceus são os que compõem a segunda seita, e excluem inteiramente o destino, e supõem que Deus não está interessado se o que fazemos ou deixamos de fazer é mau; e dizem que o bom ou mal agir está na escolha dos homens, e que um ou outro, portanto, pertence a todos, que podem agir como bem entenderem. Também excluem a crença na duração imortal da alma, e nos castigos e recompensas no Hades.” (Guerra Judaica, livro II, cap. VIII) “Ademais, nossa lei ordena justamente que escravos que fogem de seus senhores deverão ser punidos, apesar de que o senhores dos quais eles fugiram tenham sido cruéis com eles. E nos atreveremos a fugir de Deus, que é o melhor de todos os senhores, e não sermos culpados de impiedade? Não sabes que os que partem desta vida conforme a lei da natureza e pagam a dívida que foi adquirida de Deus, quando ele, que no-la emprestou, fica prazeroso em pedi-la de volta, gozam de eterno renome; que suas casas e suas posteridades estão asseguradas, que suas almas são puras e obedientes e obtêm o mais sagrado lugar do paraíso, de onde, nos ciclos dos tempos, eles são novamente postos em corpos puros; enquanto as almas daqueles cujas mãos agiram desvairadamente contra si mesmos são recebidos nos lugares mais sombrios do Hades, onde Deus, que é o Pai deles, pune quem comente ofensa contra qualquer uma destas na sua posteridade? Por esta razão Deus odeia tais atos [de suicídio] e o crime é punido pelo nosso mais sábio legislador.(...)” (Guerra Judaica, livro III, cap VIII) Insistem alguns que Josepho falou sobre ressurreição no Juízo Final. Evidentemente ele falou da reencarnação, pois ser colocado em um novo corpo não é ressuscitar. E Josepho fala no tempo presente ("são movidas...", "eles são novamente postos"), e então está claro que isso acontece sempre e não acontecerá uma vez só em um juízo final, apesar dos fariseus, que seguiam também as várias crenças dos persas, acreditarem nisso também. O "corpo puro" é exatamente a mesma idéia do Livro da Sabedoria 8:19-20, onde lemos: “Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como era bom, eu vim a um corpo intacto”. Hoje esse livro não faz parte da Bíblia protestante, mas faz parte da Bíblia Católica e faz parte da Septuaginta, o Velho Testamento em grego escrito em 250 AC. Querer dizer que Josepho falava do mesmo “corpo glorioso” que se diz hoje sobre as ressurreições é absurdo, pois o que o apóstolo Paulo fez foi misturar a idéia da ressurreição conforme os judeus entendiam com a idéia da sobrevivência da alma como os gregos entendiam. Não era crença dos fariseus uma ressurreição como a que Paulo ensinou, portanto Josepho não poderia estar falando sobre isso.

Também dizem não ser reencarnação porque apenas os bons reencarnam. Tá certo que para o Espiritismo a reencarnação é para todos, mas, mesmo que de uma maneira diferente da crença espírita, eles acreditavam na reencarnação. A afirmação de Josepho, pelo contrário, só confirma que para os judeus, os profetas como Elias, Jeremias e outros voltariam em novos corpos, ou seja, reencarnariam. Provavelmente, por isso mesmo Nicodemos não havia entendido muito bem as palavras de Jesus sobre a necessidade de qualquer um "Nascer de Novo" para ver o Reino de Deus,

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já que, ao que parece, para Nicodemos só os bons homens, como o profeta Elias, "nasceriam de novo". Então, perguntamos: Se os "mistérios" transmitidos aos 'iniciados" na Índia, Egito e Grécia e até entre os judeus consistiam na existência das vidas sucessivas, e se Jesus ensinava a seus discípulos os "mistérios do mundo de Deus", prevenindo-os de que "aos de fora não se deve falar senão por parábolas" (leia-se atentamente Marcos 4:11), por que não estaria entre esses ensinamentos o da reencarnação, compreendendo-se que os Evangelhos dela não falam abertamente, por ser matéria restrita aos "iniciados" ? “Mistério” no sentido bíblico é algo que será revelado no tempo certo e não algo difícil de se entender. Isso não explicaria o espanto de Jesus diante da ignorância de Nicodemos quanto ao "nascer de novo" em um diálogo bastante enigmático, a frase do Cristo "Quem tiver ouvidos de ouvir ouça" ao anunciar a vinda de Elias como João Batista demonstrando que nem todos estavam em condição de entender a reencarnação, o reconhecimento pelos apóstolos de que Jesus falava de João Batista ao anunciar que Elias havia vindo, mas não tinha sido reconhecido, a pergunta dos apóstolos quanto ao cego de nascença ter pecado...? Não parece que todos tinham conhecimento sobre reencarnação? Jesus, que sabia do pensamento íntimo de cada um, não combateu a idéia. Se fosse algo "satânico", "herético", deveria ter feito. Em Hebreus 5:10-14 Paulo se refere aos não "iniciados" como "crianças que precisam de leite e não podem com alimentos sólidos" e que há muito o que dizer mas de difícil interpretação. Me parece claro que Jesus não falou claramente sobre reencarnação e outros assuntos aos seres humanos porque se encontrava frente a uma imaturidade muito grande para essas coisas. Jesus disse que O Consolador viria para revelar coisas que o povo ainda não tinha condições de suportar, o que prova que não ensinou tudo. Cada revelação deve vir ao seu tempo e mesmo hoje muitos não compreendem muito bem o que representa a reencarnação. Vemos no Livro dos Espíritos: "627 – Visto que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensinamento dado pelos espíritos?Terão a nos ensinar alguma coisa mais?R – A palavra de Jesus era frequentemente alegórica e cheia de parábolas, porque falava segundo os tempos e os lugares. É necessário agora que a verdade seja inteligível para todo mundo. É preciso bem explicar e desenvolver essas leis, visto que há tão pouca gente que as compreende e ainda menos que as pratica. Nossa missão é impressionar os olhos e os ouvidos par a confundir os orgulhoso e desmascara os hipócritas: aqueles que tomam as aparências da virtude e da religião pra ocultarem suas torpezas. O ensinamento dos espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim de que ninguém possa pretextar ignorância e cada um possa julgá-lo e apreciá-lo com a sua razão. Estamos encarregados de preparar o reino do bem anunciado por Jesus; por isso não é preciso que cada um interprete a lei de Deus ao capricho de suas paixões , nem falseie o sentido de uma lei toda de amor e de caridade. 628 – Por que a verdade não foi sempre colocada ao alcance de todo mundo?R – É preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz : é preciso nos habituar a ela, pouco apouco, de outra forma ela nos deslumbra.Comentário de Kardec: Jamais ocorreu que Deus permitisse ao homem receber comunicações tão completas e tão instrutivas como as que lhe é dado receber hoje. Havia como sabeis, na antiguidade, alguns indivíduos possuidores do que consideravam uma ciência sacra, e da qual faziam mistério aos profanos, segundo eles. Deveis compreender com o que conheceis das leis que regem esses fenômenos, que eles não recebiam senão algumas verdades esparsas no meio de um conjunto equívoco e a maior parte do tempo simbólico. Entretanto, não há para o estudioso, nenhum sistema filosófico antigo, nenhuma tradição, nenhuma religião a negligenciar, porque tudo contém os germes de grandes verdades que, ainda que pareçam contraditórias umas com as outras, esparsas que estão no meio de acessórios sem fundamentos, são muito fáceis de coordenar, graças à chave que nos dá o espiritismo par um multidão de coisas que puderam, até aqui, vos parecer

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sem razão e da qual, hoje a realidade vos é demonstrada de maneira irrecusável. Não negligencieis, portanto, de haurir objetos de estudos nesses materiais; eles são muito ricos e podem contribuir poderosamente para vossa instrução."

A doutrina secreta, onde a reencarnação estava contida, se manteve em vigor por algum tempo entre os cristãos primitivos, mas é curioso observar que a reação contra ela partiu precisamente do Cristianismo, ao consolidar-se nos primeiros séculos da Era Cristã, talvez por ter sido ele a primeira religião a organizar-se em princípios rígidos, cedo cristalizados em dogmas que se faziam acompanhar de anátemas terríveis contra toda e qualquer idéia que os contrariasse. Trancou-se por essa forma o pensamento humano, e durante dezoito séculos, arvorando-se em intérprete soberana dos ensinamentos do Cristo, a Igreja impôs aos povos cristãos um regime de opressão e intolerância. É que os que já se julgavam "donos da verdade" compreenderam que com a reencarnação a morte deixava de ser um motivo de terror. Diversos escritos que comprovam a crença dos primeiros judeus e cristãos na reencarnação foram destruídos. Alguns felizmente foram descobertos mais tarde - caso dos pergaminhos com os evangelhos gnósticos descobertos em 1945, revelando um pouco da verdade que a Igreja tenta encobrir. No livro Cristianismo e Espiritismo, Leon Denis diz: "Essa doutrina de esperança e de progresso não inspirava aos olhos dos chefes da Igreja, o suficiente terror da morte e do pecado. Não permitia firmar sobre bases convenientemente sólidas a autoridade do sacerdócio. O homem, podendo resgatar-se a si próprio das suas faltas, não necessitava do padre. O dom de profecia, a comunicação constante com os Espíritos, eram forças que, sem cessar, minavam o poder da Igreja. Esta, assustada, resolveu pôr termo a luta, sufocando o profetismo. Impôs silêncio a todos os que, invisíveis ou humanos, no intuito de espiritualizar o Cristianismo, afirmavam idéias cuja elevação a amedrontava". E também diz Denis em "Depois da Morte": "A Igreja, já não podendo abrir à vontade as portas do paraíso e do inferno, via diminuir o seu poder e prestígio. Julgou portanto necessário impor silêncio aos partidários da Doutrina secreta, renunciar a toda comunicação com os espíritos e condenar os ensinos destes como inspirados pelo demônio. Desde esse dia Satanás foi ganhando cada vez mais importância na religião católica. Tudo o que a estava embaraçava, foi lhe atribuído. A Igreja declarou-se a única profecia viva e permanente, a única intérprete de Deus. Orígenes e os gnósticos foram condenados pelo Concílio de Constantinopla (553 d.C), a doutrina secreta desapareceu com os profetas e a Igreja pôde executar à vontade a sua obra de absolutismo e de imobilização (...) As sociedades secretas que guardaram o ensino esotérico (Alquimistas, Templários, Rosa-Cruzes, etc.) foram encarniçadamente perseguidas" Hoje os cristãos dizem que a reencarnação é "herética", "coisa do demônio" e que é um ensino pagão e não dos cristãos. A Igreja precisou criar essa idéia de que tudo no Paganismo é coisa do "diabo", para começar a sua dominação nas mentes. Agora, o curioso, veja só, é que do paganismo a Igreja pegou justamente o politeísmo. A crença em três deuses formando um só(a Trindade) está presente no Hinduismo e em várias crenças pagãs. Isso porque esta satisfazia muito mais aos interesses da Igreja.

Continua o pastor:“A leitura de Hebreus 9:27-28 é totalmente esclarecedora nesse aspecto: 'Da

mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso

enfrentar o juizo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez,

não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o guardam”. O destino

do homem é a morte, única na sua experiência, e depois virá para ele o juizo final,

que acontecerá no último dia(João 6:54), e não numa sucessão interminável de dias.

Em outras palavras, o ser humano nasce somente uma vez, vive somente uma vez,

morre somente uma vez e é julgado somente uma vez.”

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De fato, o nosso corpo morre uma só vez. O espírito não morre nunca. E quando morremos somos imediatamente julgados pela nossa própria consciência, conforme os vários relatos de experiência de "quase morte", que mostram que a pessoa passa por uma recapitulação, onde os lances da vida passada do paciente surgem como se fossem revividos novamente e de uma só vez. Além disso, a pessoa sente os efeitos de suas ações boas ou más, como se tivesse no lugar daquelas pessoas que as experimentaram. Desse modo, o paciente tem uma perfeita e justa avaliação das conseqüências de seus atos, tornando-se o seu próprio julgador.

Em Hebreus 9:27, só aparece uma vez um artigo definido em “tois anthrôpois”, que significa “os homens”, entretanto, não há ocorrência de artigo definido antes de “krisis”, que significa “juízo”. Portanto, a tradução correta é “um juízo” e não “o juízo” como aparece na maioria das Bíblias.O original não afirma que, logo após a morte, ocorre apenas um único juízo para todos; todos em um só julgamento; um julgamento global. Segundo a regra gramatical do grego koiné, só existiam os artigos definidos e a ausência deles deixa apenas duas opções: Ou se traduz usando um artigo indefinido ou sem artigo algum.Os vocábulos “meta”, “de” e “touto” têm a mesma função neste contexto, que é dar ênfase ao imediatismo, ou melhor, ao caráter imediato de algo ou algum evento que ocorre logo após o desenlace da vida. Trata-se de uma espécie de julgamento que ocorre logo depois da morte.

O original de Hebreus 9:27 afirma indubitavelmente que o homem (anthrôpois) – referindo-se ao homem carnal;corpo físico – morre apenas uma vez (apax apothanein), ou seja, o trecho em questão renega abertamente a ressurreição (um cadáver voltar à vida) e ainda diz taxativamente que há um juízo (krisis) imediante após o falecimento, ou seja, cada pessoa passa por um juízo logo depois da morte, que seria, logicamente, um juízo individual e não o Juízo Final.Aliás, o próprio Paulo disse que a ressurreição é espiritual e não com o corpo carnal. E os que acreditam na ressurreição de Lázaro se contradizem citando esse versículo. Ou será que Lázaro continua vivo?

“Se a reencarnação, segundo a doutrina espírita, acontece múltiplas vezes, em

corpos diferentes, em corpos mortais, a ressurreição, segundo a Bíblia, acontece

uma vez, no mesmo corpo, num corpo imortal. A Bíblia é bem clara em relação a

isso. Ela traz uma história contada por Jesus, na qual ensina que, quando uma

pessoa vai para o seu destino, há um abismo intransponível entre os dois

mundos(Lucas 16:26). Paralelamente, essa passagem reafirma o conceito da

ressurreição e da impossibilidade da comunicação com os mortos, quando, no

texto, Abraão nega ao homem rico a possibilidade de enviar alguém que já havia

morrido para falar com os vivos. E vai mais além, dizendo que os vivos não

ouviriam, 'mesmo que alguém ressuscite dentre os mortos”(Lucas 16:31, grifo

nosso) Em outras palavras, a passagem está dizendo que Abraão não poderia

enviar um morto para falar aos vivos, para que eles se arrependessem, por dois

motivos: primeiro, porque os vivos já tinham as Escrituras(Moisés e os Profetas),

que os ouvissem, então(Lucas 16:29); segundo, porque, mesmo se alguém dentre

os mortos ressuscitasse para falar com os vivos, eles não o ouviriam. Ora, se a

argumentação do texto das Escrituras trabalha com a ideia de ter que ressuscitar

um morto para pode falar aos vivos, a conclusão é uma só: mortos não falam”

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Do que trata realmente a parábola do Rico e Lázaro?

A parábola conta que há uma separação entre o "céu" e o "inferno", mas nunca é dito que aquela situação do rico seria para sempre.Por que, então. Abraão chamaria o rico carinhosamente de filho ? E com toda a certeza, como na parábola do filho pródigo, Deus perdoaria seus pecados, pois não quer a condenação eterna de seus filhos.

Para nós, espíritas, há áreas de espíritos sofredores, que chamamos de zonas umbralinas, assim como a dos espíritos superiores. E os espíritos mais atrasados não chegam até áreas de padrão vibratório mais elevado. Mas a situação não é para sempre e sim até que ele se volte para Deus e evolua espiritualmente Creio que uma mãe que está no céu, se deliciando com os prazeres celestiais, e não se preocupa com os sofrimentos eternos do próprio filho no Inferno, não merece estar onde está, pois é egoísta... Também gostam de insistir que a parábola prega contra a comunicação com mortos. Mas em momento algum da parábola Cristo diz ser a comunicação impossível. Quando o rico pede que um dos mortos vá relatar aos seus irmãos sobre os tormentos por que ele passava, Abraão diz: "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.". Que eles não acreditariam, isso é fato. Agora, que a comunicação com os mortos não existe, o texto não diz. Novamente, o problema aqui também é o padrão vibratório e aqueles homens, tão voltados as coisas materiais, só poderiam se ligar a desencarnados com o mesmo padrão vibratório, jamais a um espírito disposto a dar conselhos para uma mudança de conduta. Sabemos muito bem, nós espíritas, que espíritos de luz não saem por aí alertando a todos que estão no erro, ainda mais os que têm conhecimento sobre o bem e o mal ("a lei e os profetas", neste caso) e mesmo assim preferem ficar nas trevas do que na luz.

Dizem também: . "Nesta passagem vemos claramente que os mortos não podem e não tem permissão para se comunicarem com os vivos. Demos ênfase ao versículo 26: "E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá." (LC 16:26)" Seria isso má fé ou um simples engano? Ora, está claro no texto que o abismo mencionado não é entre os mortos e os vivos, mas entre o lugar em que se achava o rico, o "inferno", e o local em que se achava Lázaro, o "céu". E esse abismo nem era tão grande, já que que o rico, levantando os olhos, "viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio". Diz Severino C. da Silva em "Analisando as Traduções Bíblicas": "A primeira análise que queremos ressaltar, nesta parábola, é que muitos utilizam para afirmar que ela proíbe ou nega a comunicação do mundo dos "mortos" com o mundo dos vivos, no entanto, reflita que na parábola, tanto Lázaro quanto o Rico estavam no mundo dos "mortos", de onde se concluí que não existia diferença de mundos. Na verdade, a lição nos demonstra que existe um abismo entre o mundo superior e o abismo dos umbrais. Sabemos que não se pode passar abruptamente dos umbrais às regiões superiores sem galgar com esforços próprios esta condição, através dos degraus reencarnatórios. O contrário, no entanto, pode ocorrer, por misericórdia divina, e nós sabemos do socorro espiritual que muitos espíritos superiores vão levar aos que sofrem nas regiões umbralinas. E é o próprio Cristo quem demonstra esta possibilidade descendo ao "Hades" ou "Umbrais" para levar consolo aos espíritos que ali se encontravam. Veja I de Pedro 3:18 e 4:6. E mais interessante ainda, para os que afirmam esta impossibilidade de comunicação entre os "mortos" e os "vivos", é que a própria parábola demonstra esta condição de comunicação. Veja os versículos 27 e 28: "Pai eu te suplico, envia Lázaro até a casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; que leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também para este lugar de tormento". Observe que Abraão não afirma que ele (Lázaro "morto") não poderia voltar. Ele mostra não ser necessário, mas que seria possível. Seria! Veja a transfiguração de Jesus em Mateus 17:1-8, a volta de Moisés e Elias do mundo dos "mortos", e em I Samuel 28:3-25, também

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a volta de Samuel do mundo dos "mortos" conversando com Saul na casa da pitonisa deEndor".

Se Lázaro e o rico estavam no "céu" e no "inferno" já logo após suas mortes, como fica a história do juízo final? E a história de que os mortos estão inconscientes e de nada sabem? O rico estava sofrendo de remorso ou sem consciência?

Outra pergunta: o rico queria que seus irmãos fossem avisados sobre o quê? Certamente não seria sobre uma "salvação pela graça", não seria sobre a necessidade de "aceitar Jesus'. Interessante, portanto, notar que, na Parábola do Rico e Lázaro, Jesus, mais uma vez, não ensina que a "salvação" vem através de crenças pessoais, mas que o que agrada a Deus são as nossas virtudes. Mas não por Lázaro ser um pobre homem e o outro um rico, e sim porque, enquanto o rico passou a vida desprezando os pobres e a Deus, comendo e bebendo muito bem, sendo vaidoso, se dedicando apenas a gozar a vida, Lázaro era um pobre sem vaidade, sem reclamar da vida, sofrendo tudo aquilo com resignação, desprezando os bens da Terra. E isso é boa obra(caridade), sim. O Espiritismo fala em caridade em um sentido amplo. Se fosse apenas doar aos pobres, os pobres não poderiam fazer caridade jamais. Lázaro foi justificado pelo amor, resignação, por não se revoltar contra seu próximo. . Não foi a crença no "sangue redentor" que o salvou, mas o amor, que "cobre a multidão de pecados", a prática do mandamento "Amai ao próximo como a ti mesmo" Sobre riqueza e miséria diz O Livro dos Espíritos: "As provas de riqueza e de miséria 814. Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria? Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência. 815. Qual das duas provas é mais terrível para o homem, a da desgraça ou a da riqueza?São-no tanto um quanto outra. A miséria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza incita a todos os excessos.816. Estando o rico sujeito a maiores tentações, também não dispõe, por outro lado, de mais meios de fazer o bem?Mas é justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente.- A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal, Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder.A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse: Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de agulha do que entrar um rico no reino dos céus... "

É só vermos versículos anteriores para percebermos que Jesus endereçou tal parábola justamente aos fariseus gananciosos e não aos que praticam a comunicação com os mortos: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele. ´ (Lucas 16:13-14) “

Veja como mais uma vez o “deixe a Bíblia falar” não é praticado. A parábola foi direcionada aos espíritas? Não! Mas só enxergam na parábola o que querem.Alias, certos pastores e "bispos" têm mais razão ainda em procurar fugir da verdadeira mensagem da parábola e de versículos como esses abaixo: "Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;

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nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento. (Mateus 10:8-10). " Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens a dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Então vem e segue-me." (Matheus 19:21)" Bem aventurado vós, os pobres, pois vosso é o reino de Deus" (Lucas 6:20) "Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam." (Mateus 6:19-20) "E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui"(Lucas 12:15) "Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. " (Lucas 12:33)

Portanto, essa a lição dessa parábola. Jesus não estava aqui pregando contra a comunicação com mortos e a reencarnação, mas contra os gananciosos, os que vivem acumulando riquezas. Dizer que o ensino é contra a mediunidade é coisa de quem só quer ver o que interessa, pois os que usam essa parábola para atacar a Doutrina Espírita ao mesmo tempo enriquecem se aproveitando da fé dos fiéis e pregam a tal “teologia da prosperidade”, que não encontra nenhum respaldo bíblico.

“Voltando aos ensinos do Espiritismo, para viver de acordo com a doutrina da

reencarnação é preciso estar convencido de que o ser humano tem uma tendência

de se aprimorar moralmente moralmente. No entanto, não há evidência irrefutável

de que qualquer melhoria moral significativa tenha ocorrido durante os milhares de

anos que a humanidade já viveu”.

Só pra quem não conhece nada de História, inclusive o que está na Bíblia, que é um verdadeiro banho de sangue “em nome de Deus”.

“Para aceitar a doutrina da reencarnação é necessário conviver com a ideia da

culpa pelo sofrimento e com o conceito de se continuar culpado e merecedor de

punição. Contudo, a Bíblia ensina que todos são culpados pelos pecados que

cometerem, mas o perdão completo é oferecido, se o pedido de perdão for feito a

Deus com a disposição de não pecar novamente. Ou seja: A punição não aperfeiçoa;

Deus é quem aperfeiçoa o homem”.

Se Deus dá a perfeição de graça, então porque Jesus nos ensinou a nos esforçar em direção do bem para sermos perfeitos como o Pai?

E Deus não pune ninguém. Lemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. E uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é

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quando se torna um castigo. - S. Luís. (Paris, 1859.)" Diz, ainda. o escritor espírita Hermínio Miranda, em entrevista dada pela Internet: "Outro aspecto a considerar é o de que o destino de cada um de nós não está fatalisticamente determinado. Trazemos, ao renascer, um plano de trabalho, projetos a desenvolver, tarefas a cumprir, retificações a promover. Poderemos ter um bom índice de êxito, cumprirmos parcialmente o programa, realizá-lo todo ou simplesmente não fazer nada daquilo e em vez de nos resgatarmos de erros anteriores, acrescentar mais erros à carga que já carregamos do passado. Pelas numerosas comunicações transmitidas por intermédio de Chico Xavier, nos últimos anos, especialmente de jovens desencarnados em acidentes, percebe-se habitualmente a presença de um componente cármico embutido no processo, mesmo naquilo que parece aleatório, como uma bala perdida ou um disparo involuntário. Seja como for, o rumo de nossa vida na terra depende do comportamento de cada um. Muitos que vêm para a carne com pesados débitos de outras vidas resgatam-se pelo devotamento ao bem e ao próximo, sem aflições maiores. A lei divina não é punitiva -- ela é educativa. Por isso, diz Pedro, na sua epístola, que “o amor cobre uma multidão de pecados”.

Assim, uma pessoa que matava outras pessoas usando fogo, por exemplo, pode resgatar seus débitos cuidando de vítimas de incêndios e não sofrendo. Importante lembrar também que as provas geralmente são escolhidas pelo próprio espírito antes de encarnar.

A Reencarnação nos mostra um Deus misericordioso, oferecendo aos seus filhos novas oportunidades e não lançando diretamente no "fogo eterno". Dizem: "Deus é amor, perdão, mas também é justiça". Ora, como "justiça" se até na justiça dos homens a pena é proporcional ao crime? Imagine alguém pegar prisão perpétua por roubar um pão pra comer? Absurdo! Já a reencarnação é um meio de evolução, de aprendizado, e não um castigo.

“Na verdade, a reencarnação não resolve o problema do sofrimento. Diante de um

bebê com uma doença crônica, um cristão diz que não sabe por que isso lhe

aconteceu, enquanto o espírita diz que esse bebê está pagando pelo que fez numa

vida passada, embora não se lembre dela. Assim, os inocentes não são realmente

culpados, pois é o carma das vidas passadas que está causando o sofrimento”.

É o mesmo espírito, com todos os seus defeitos e virtudes, por tanto quem disse que ele é inocente?

Do “O Livro dos Espíritos:”"126. Por que não conserva o homem a lembrança de suas anteriores existências? Não será ela necessária ao seu progresso futuro? Se em cada uma de suas existências um véu esconde o passado do Espírito, com isso nada perde ele das suas aquisições, apenas esquece o modo por que as conquistou. Ao aluno pouco importa saber onde, como, com que professores ele estudou as matérias de uma classe, uma vez que as saiba, quando passa para a classe seguinte. Se os castigos o tornaram laborioso e dócil, que lhe importa saber quando foi castigado por preguiçoso e insubordinado? É assim que, reencarnando, o homem traz por intuição e como idéias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digno em moralidade porque, se no curso de uma existência ele se melhorou, se soube tirar proveito das lições da experiência, se tornará melhor quando voltar; seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais firmeza; longe de ter de recomeçar tudo, ele possui um fundo que vai sempre crescendo e sobre o qual se apóia para fazer maiores conquistas. O olvido só se dá durante a vida corporal; uma vez terminada ela, o Espírito recobra a lembrança do seu passado; então poderá julgar do caminho que seguiu e do que lhe resta ainda fazer; de modo que não há essa solução de continuidade em sua vida espiritual, que é a vida normal do Espírito. Esse esquecimento temporário é um benefício da Providência; a experiência só se adquire, muitas vezes,

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por provas rudes e terríveis expiações, cuja recordação seria muito penosa e viria aumentar as angústias e tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seria se a ele se juntasse a lembrança do passado? Isto perturbaria as relações sociais e seria um tropeço ao progresso. Quereis uma prova? Supondo que um indivíduo condenado às galés tome a firme resolução de tornar-se um homem de bem, que acontece quando ele termina o cumprimento da pena? A sociedade o repele, e essa repulsa o lança de novo nos braços do vício. Se, porém, todos desconhecessem os seus antecedentes, ele seria bem acolhido; e, se ele mesmo os esquecesse, poderia ser honesto e andar de cabeça erguida, em vez de ser obrigado a curvá-la sob o peso da vergonha do que não pode olvidar. 127. Qual a origem do sentimento a que chamamos consciência? É uma recordação intuitiva do progresso feito nas precedentes existências e das resoluções tomadas pelo Espírito antes de encarnar, resoluções que ele, muitas vezes, esquece como homem. "

Portanto, o esquecimento é na verdade uma benção e basta conservarmos a intuição necessária para o nosso progresso. Caráter e inteligência não se perdem. O espírito bom, não regride, mesmo nascendo numa família voltada ao mal. Vocações, criatividade, talento artístico, conhecimento sobre línguas, etc., ficam apenas adormecidos até que a pessoa tenha contado com aquilo novamente e aprenda com facilidade, tendo a impressão de já ter conhecido aquilo. É o que acontece com os superdotados, como Mozart, que aos 4 anos tocava qualquer música ao piano. Há vários motivos pra esquecermos. Inimigos do passado costumam conviver conosco novamente, até na própria família. Já pensou como seria reconhecer em seu filho o seu assassino? Ou, ainda, já pensou como seria penoso viver sabendo dos erros que você cometeu em vidas passadas? Não seria terrível conviver com isso? Quantas besteiras que fizemos nesta vida e gostaríamos de esquecer! E, se você foi um assassino, teria que viver sabendo que, seguindo a lei de causa e efeito, pode de uma hora pra outra vir a ter uma morte violenta. E o Espírito recebe em cada nova encarnação as mesmas provas em que falhou no passado, e, se conservasse a consciência do fato, isso cercearia o seu livre-arbítrio. Mas a existência verdadeira é a espiritual e nesta o indivíduo conhece todas as causas e todas as conseqüências, sabendo com segurança as razões das provas por que passou. Vejamos um exemplo de como o esquecimento é na verdade uma benção : pela mediunidade de Chico Xavier ficamos sabendo que os mortos na tragédia do edifício Joelma nos anos 1970 em São Paulo estavam resgatando dívidas contraídas na época das Cruzadas. Agora, imagina se eles soubessem isso antes, quando ainda vivos! Sofreriam sempre de remorso pelo que fizeram e de angústia e medo do resgate das dívidas. Poderiam também, para fugir da morte violenta e sabendo que o resgate também se dá pelo amor, procurar ajudar vítimas de incêndio, por exemplo, e aí não estariam agindo com amor verdadeiro e sim por medo. A aprendizagem do espírito, portanto, tem que acontecer espontaneamente. Devemos fazer o bem quando tivermos realmente o bem em nosso interior e não apenas por medo. Imagine ainda a confusão que seria a lembrança de ter sido homem, mulher, feio, bonito, sadio, aleijado, magro, gordo, a esposa do seu atual pai, o marido de sua atual mãe, o pai do seu atual pai, coisas assim. Imagine lembrar de todas as suas mortes, ainda mais aquelas das mais violentas, ou, ainda pior, ter que suportar a memória das mortes que você causou e conviver com o sentimento de culpa. Há casos em que as pessoas tem algumas lembranças em sonhos ou uma sensação de deja-vu ao visitar um lugar. Também podemos nos lembrar através de uma Terapia de Vidas Passadas, que é útil na cura de certos traumas. Mas muitas pessoas que se metem a fazer uma regressão a vidas passadas sem a ajuda de um terapeuta profissional acabam se recordando de coisas traumáticas, como a própria morte, por exemplo, e tendo problemas psicológicos. Em "Cartas a um Discípulo", Gandhi diz: "Não conservar a memória das reencarnações anteriores é sinal da bondade da natureza para conosco. Que bem receberíamos por conhecer os particulares dos inúmeros nascimentos que já tivemos? Se fôssemos obrigados a suportar tão terrível carga de memória ao longo do nosso caminho, a vida se tornaria um fardo muito pesado".

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“Para aceitar a doutrina da reencarnação, é preciso, então, aceitar o conceito

kardecista de carma e negar o conceito bíblico do valor expiatório da morte de

Jesus(isto é, o fato de Jesus ter morrido em lugar de um ser humano para expiar os

pecados cometidos pelo homem). A reencarnação precisa do conceito do carma,

segundo o qual uma pessoa semear nesta vida pagará na próxima. Para a doutrina

espírita, o carma é uma lei inexorável, que não admite exceções. Pecados não

podem ser perdoados; devem ser punidos. Se alguém não paga por eles nesta vida

tem que pagar na próxima. Para o cristianismo, diferentemente, o perdão é

possível. O próprio Jesus perdoou aqueles que o crucificaram.”

Pastor, então me responda: há perdão para os que estão no fogo do inferno? Que eu saiba não é nisso que evangélicos acreditam. É muito bonito dizer que Jesus perdoa, não precisa de sofrer e resgatar seus erros, etc, etc, etc. Mas e aqueles que não idolatrarem Jesus como o Deus encarnado que morreu por nós? Cadê o perdão para eles? E os índios e outros povos que nunca ouviram falar em Jesus. Como fica? Já vi crente dizer que vão ser condenados, todos eles. Outros me disseram que, como eles não conheceram Jesus, serão julgados pela “lei”, ou seja, pelas obras, pelo bem ou mal praticado em vida. O mesmo me disseram sobre aqueles que vieram antes de Jesus e não conheceram as “Boas Novas”. Estes antes seriam julgados pelo bem ou mal praticados. Depois de Jesus, a coisa mudou e passa a ser necessário crer na salvação pelo sangue do Cristo, mesmo tendo vivido uma vida reta. Ai eu te pergunto: Cristo morreu mesmo para nos salvar ou para condenar todos aqueles que, depois de sua vinda, não o idolatram como o Deus encarnado que derramou seu sangue por nós? Que salvação é essa, então? Antes de Jesus, muitos mais estariam salvos, pois bastava praticar o bem, e agora é necessário crer em um Deus orgulhoso que exige adoração e que se acredite que ele deu seu sangue pela Humanidade.Segue o pastor:

“Pela crença espírita, ninguém escapa a lei do progresso, pela qual cada um será

recompensado segundo o seu merecimento real e ninguém ficará excluído da

felicidade suprema, a que todos podem aspirar, que seriam os obstáculos que

encontrem pelo caminho. O conselho de Allan Kardec é o seguinte:

Façamos, pois, todos os esforços para a este planeta não voltarmos, após presente

estada, e para merecermos ir repousar em mundo melhor; em um desses mundos

privilegiados, onde não nos lembraremos da nossa passagem por aqui, senão como

o de um exílio temporário”

Muito bem. Se “ninguém escapa da lei do progresso”(é fato, e Jesus disse para sermos perfeitos como o Pai), por que dizer ainda que é para o Espiritismo que não existe o perdão? Faltou um “pouquinho” de coerência.

“Portanto, uma escolha deve ser feita entre o carma e a graça, entre o mérito e a

cruz. A cruz torna a reencarnação completamente desnecessária. O homem não

precisa pagar pelos seus pecados. Jesus já fez este pagamento na cruz. Ele não

morreu em vão. Ele morreu para que pudéssemos ser perdoados, não pelo nosso

esforço, mas como um presente da graça. A reencarnação, porém, anula o

sacrifício de Jesus na cruz.

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Se, como propõe o Espiritismo, é a própria pessoa que paga por seus

pecados(através do “resgate” verificado ao longo das reencarnações) e cresce, até

adquirir o direito ao convivo com Deus por ter atingido a perfeição, então Jesus não

quitou nossos pecados com sua morte na cruz, não é nosso intercessor único junto

ao Pai e não virá nos buscar no dia da execução do juízo, até porque nem Juízo

Final haveria. Para acreditar nisso, contudo, somente deixando de lá tudo o que a

Bíblia nos ensina”

Eu diria que essa visão de salvação que cai do céu de graça torna desnecessária toda a moral cristã, tudo aquilo que Jesus ensinou e, com certeza, não ensinou em vão, mas para colocarmos em prática.O juizo final, como já foi dito, é uma crença herdada do Zoroastrismo persa, assim como a crença na ressurreição(no último dia) e a crença em um deus do mal(Satanás) que rivaliza com o Criador.E quanto a volta de Jesus para julgar, está escrito que os escolhidos serão os mansos e pacíficos e não aqueles que passam pelo “crivo teológico”. Mateus 25 é claro ao nos mostrar que seremos julgados pelo bem ou mal praticados e não por acreditar ou não que o sangue de Jesus nos salva.Como disse Chico Xavier: “devemos lembrar que a Humanidade conquistará os valores espirituais ao longo de vários séculos, através de muitas reencarnações, que possibilitarão a promoção de nosso planeta. Até lá, teremos muitas idéias renovadoras, apresentadas e vivenciadas por missionários que já estão encarnados entre nós ou outros que ainda virão, para estimularem as criaturas humanas nos caminhos da renovação.” Portanto, a separação entre bons e maus acontecerá na medida em que retornarmos ao Além (ao desencarnarmos). Os Espíritos que persistirem no mal (OS JOIOS) encarnarão em planetas inferiores. Os bons (OS TRIGOS) herdarão a Terra, ou seja, continuarão a encarnar na Terra.Como está na nota do Livro Apocalipse, 22:7 "A VINDA DE JESUS É PROGRESSIVA E SE MANIFESTA ATRAVÉS DO TESTEMUNHO DAQUELES QUE CONTINUAM O QUE ELE FEZ: MANIFESTAR A VERDADE, REVELAR O AMOR DO PAI E PROVOCAR A CONVERSÃO. É ASSIM QUE A CONSTANTE VINDA DE JESUS DESTRÓI O MUNDO INJUSTO, PARA CONSTRUIR O MUNDO NOVO."Como vemos, a vinda do Cristo se dará na continuação que daremos naquilo que Ele fez e pediu que fizéssemos. Como cultivar a solidariedade, para que desapareçam as diferenças sociais, os preconceitos, as lutas de classes, as disputas, os crimes, as explorações. Daí, um mundo novo se instalará na Terra. Para isso, é bom começarmos a nos perguntar para que Cristo viveu, e não por que ele morreu.

Respondendo a “A Mediunidade”.

Mais à frente no capítulo, temos os comentários do pastor sobre a mediunidade:“Alguns textos bíblicos costumam ser citados por autores espíritas para validar o

fenômeno mediúnico.

Em Gênesis 15:15 lê-se que Abraão se reunia com seus antepassados e seria

“sepultado após uma velhice feliz”. Sobre Jacó se diz que 'expirou e se reuniu com

seus antepassados” (Gênesis 49:33). Jesus se refere àqueles que vão se sentar “à

mesa no Reino do céu junto com Abraão, Isaque e Jacó(Mateus 8:11) Diz ele ainda:

´E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: ´Eu sou o

Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus dos

mortos, mas dos vivos´(Mateus 22:31-32)

Outros textos citados têm a ver com a recomendação de se discernir os espíritos,

como o de I João 4:1”Não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os

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espíritos para ver se são de Deus'

Ora, a expressão ´antepassados´aparece em centenas de passagens bíblicas. Em

Gênesis, a ideia de ir aos antepassados é uma clara figura de linguagem para

retratar a morte. Quanto a Abraão, Isaque e Jacó, Jesus ensina que estão no céu e

não em algum depósito de almas. Comparecerão diante de Deus para o apoteótico

julgamento final, e, enquanto isso não acontece, eles não se comunicam com os

seres humanos”

Quanto aos antepassados é uma questão de interpretação, mas só acho estranho que aqui querem ver no sentido figurado, o encontro com antepassados apenas como um símbolo. Mas nem sempre é assim.Quanto a aqueles espíritos estarem no “céu”, pois bem, tudo uma questão de nomes. Evangélicos chamam de“céu”, e para nós espíritas são as zonas superiores onde habitam os espíritos puros que não precisam voltar a esse mundo a não ser em missão(caso do Cristo).

“Com relação a palavra ´espírito ´ela tem vários significados na Bíblia. No caso do

discernimento, refere-se a seres humanos, com absoluta certeza(derivada da

leitura de todo o Novo Testamento, não de um versículo isolado), e tem a ver com

a percepção das intenções humanas na adoração e no convívio fraternal. Há ainda

outro sentido: todas as vezes que Jesus expulsa demônios, ele expulsa espíritos

imundos. Em nenhum momento ele fala de espíritos bons. Em outros lugares, Jesus

emprega a palavra como sinônimo de consciência.”

Espíritos de seres humanos, encarnados ou desencarnados. Se refere também a “falsos profetas” que surgiriam. Mas como discernir esses “falsos profetas”? Pelos frutos, segundo Jesus Cristo.

Palavras do Cristo: “Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. - Conhecê-lo-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? - Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. - Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. - Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. - Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. " (Mateus 7:15-20)E quando acusado de trabalhar para Satanás, Cristo disse: "Se Satanás esta dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (Lucas 11:18).O Espiritismo é somente amor, levando ao mundo a pura moral do Evangelho.

Com o Espiritismo, o homem sabe de suas responsabilidades, sabe como é importante se esforçar para vencer o seu orgulho, seu egoísmo, e todos os seus vícios terrenos, percebendo como é importante lutar não só para se regenerar mas para continuar evoluindo espiritualmente. Com o Espiritismo, o homem sabe que a justiça governa o mundo, e que cada um dos seus atos bons ou maus praticados, recairá sobre ele através dos tempos. Nesse pensamento, encontra um freio para o mal, e um poderoso estímulo para o bem.Os Espíritos se esforçam para desviar os homens do mal, nos ensinam o valor da oração, até ditando preces, o valor do trabalho, nos ensina a servir a Deus, dizendo duras verdades a pessoas desregradas, obrigando essas pessoas a cair em si e orientando elas no caminho do bem.Com o conhecimento da Doutrina Espírita, milhões de pessoas tem vencido o orgulho e o egoísmo, e se dedicado a prática do amor.Pode uma Doutrina que só produz bons frutos e vive a relembrar os ensinos do Cristo ser obra do diabo?

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Disse Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier: "Nenhuma mensagem do mundo espiritual pode ultrapassar a lição permanente e eterna do Cristo, e a questão, sempre nova, do Espiritismo é, acima de tudo evangelizar...". E também: "Quando uma centésima parte do Cristianismo de nossos lábios conseguir expressar-se em nossos atos de cada dia, a Terra será plenamente libertada de todo o mal". E Chico Xavier disse: "Os nossos guias espirituais traduzem a nossa insatisfação, no mundo inteiro, como sendo a ausência de Jesus Cristo em nossos corações "Satanás se preocuparia com a ausência de Jesus no coração dos homens? Ele teria interesse em evangelizar ? Satanás teria interesse em libertar a Terra do mal?? Como disse Cristo, ele estaria contra seu próprio Reino.

Mesmo assim, os evangélicos de hoje fazem com o Espiritismo o que os fariseus de ontem faziam com Jesus. Bastante citado por eles:"Esses tais são falsos apóstolos, operários desonestos, que se disfarçam em apóstolos de Cristo. O que não é de espantar: pois, se o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, parece bem normal que seus ministros se disfarcem em ministros de justiça, cujo fim, no entanto, será segundo as suas obras." (II Cor 11:13-15) (grifo meu)Pois é . Segundo suas OBRAS. O versículo deixa claro que a luz é só aparente(um espírito usando um nome importante para poder enganar, por exemplo), mas as obras são ruins. Não está escrito que cada um receberá segundo suas obras ? Paulo afirmou em Romanos 2:6: "(Deus) dará a cada um segundo as suas obras". Paulo também escreveu: "Importa que compareçamos perante o tribunal do Cristo, a fim de que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito enquanto no corpo" (II Cor. 5:10) Satanás é um símbolo do mal, do antagonista e adversário por excelência, tanto para espíritos desencarnados quanto encarnados. Também símbolo do mal que ainda reina nesse mundo de provas e expiações.O que eu creio é que Paulo estava exortando os fiéis a tomar cuidado com aqueles que se diziam fiéis a Cristo mas não agiam em conformidade com as palavras. A parte de Satanás visava lembrar que muitas vezes o Mal se reveste de uma tal forma que olhares menos atentos verão o Bem. Mas ainda continuará sendo o mal em suas obras, em suas ações. Espíritos encarnados ou desencarnados que se fazem de bonzinhos, mas estão com intenções ruins, estão em toda a parte. Mas "pelos frutos os conhecereis". Os espíritos que levam pessoas a beber, a se drogar ou até enlouquecer, como vemos até na Bíblia (as possessões) não são os mesmos que levam o homem a orar a Deus e a se transformar intimamente. Mas o estágio de "Satanás" não é permanente. É transitório, escolhido pelo próprio espírito, que se compraz ou recalcitra na prática do mal, mas que, inexoravelmente, terá o seu fim, quando, cansado dessa vida devassa, se decida a retomar a trilha do progresso que o conduzirá à perfeição.

Nem todos são médiuns. Se um homem consegue ver espíritos, ouvir espíritos, psicografar ou provocar efeitos físicos, quem pôs nele essa faculdade, esse dom, não foi outro senão Deus, como uma prova, nos obsedados, ou como uma missão, nos espíritos puros..Ou foram os demônios que criaram a mediunidade ? Então, eles tem tanto poder que até participam da criação? E como escolhem as pessoas que poderão vê-los, ouvi-los, psicografar mensagens deles, etc. ?? As religiões superestimam demais os demônios. Um absurdo!! Na Bíblia, e principalmente no Novo Testamento, vemos que os "demônios" só causam o mal as pessoas, até mesmo problemas físicos e loucura. Vemos que a prece e os bons pensamentos repelem os maus espíritos - "orai e vigiai", disse Cristo. Também vemos isso acontecer hoje, é o que o espírita chama de obsessão. Mas como que um médium como o Chico Xavier, que cultivava bons pensamentos, que praticava o amor, e que vivia uma vida de felicidade e paz, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ele mesmo, poderia estar acompanhado

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pelos demônios ? Para o espírita, nós apenas nos “sintonizamos” com aqueles espíritos com quem temos afinidade. Chico Xavier era um modesto funcionário público aposentado. Com a saúde debilitada e a visão quase extinta, seguia com seu trabalho, sem jamais receber um centavo, pois toda renda era revertida em favor das instituições de beneficência. E ainda ficava alta madrugada psicografando mensagens pessoais para centenas de sofredores que, de todo o Brasil e até do exterior, o procuravam diariamente em busca de lenitivo.Em um Globo Repórter sobre Chico Xavier, quando ainda vivo, Jorge Rizzini mostrou uma filmagem feita por ele de Chico muitos anos atrás, atendendo a uma enorme fila de pessoas, principalmente favelados de Uberaba. Nas suas obras encontramos conceitos de grande elevação, tanto no campo científico, como no filosófico ou no religioso, predominando as mensagens da mais pura moral evangélica. Ele é uma das provas da comunicabilidade entre os dois mundos e, acima de tudo, um grande cristão, unanimidade entre todos os que o conheceram pessoalmente, que transmitia uma enorme paz aqueles que com ele se encontravam. Poderia o demônio transmitir a sensação de paz e até nos ditar orações a Deus? “Pelos frutos os conhecereis… a árvore má não pode dar bons frutos…”, disse o Cristo. Quem ousaria negar isso, afirmando que tanto as manifestações de luz quanto as trevosas(as obsessões) vêm da mesma “árvore”. Jornal Mundo Espírita, tema “A prece e a obsessão”, por Carlos Bernardo Loureiro: “Na obra "Religião", no derradeiro Capítulo, registra-se um substancial estudo sobre a prece, estudo magnífico que o Dr. Carlos Imabassahy apóia na evidência dos fatos por ele mesmo observados e trazidos ao conhecimento do público. Um desses fatos é o que nos permitimos reproduzir, sem omissão de uma vírgula. Ouçamos o beletrista baiano: "Numa sessão, aliás teórica, falávamos sobre pontos evangélicos, quando uma jovem presente toma o aspecto de louca furiosa e quer rasgar-se. Depois, investe contra os assistentes. Houve pânico, que aumentou quando a vimos querer atirar-se de uma janela. Uns a seguravam; outros davam-lhe passes; outros traziam-lhe coisas para cheirar; cada qual alvitrava um meio, todosinteiramente inúteis, todos lamentavelmente ineficazes. Fizemos que se retirassem os curiosos; e nós, cercado de um grupo de médiuns, procuramos dar passes na possessa. Estes contribuíram para enfurecê-la ainda mais; ela se lançava a nós, dizendo-nos impropérios, arranhava-nos, esbofeteava-nos. Já estávamos exaustos. Os amigos entreolhavam-se pasmados, desanimados. Era preciso chamar uma ambulância. Mas seria o escândalo. Seria a confissão completa da falência de todos os nossos processos. As lágrimas vieram-nos aos olhos. Compreendemos, então, a extensão imensa de nossas fraquezas. E apelamos para o Pai. E oramos. E orávamos e chorávamos. Por que negar a nossa fragilidade? Éramos o responsável pela reunião. Chorávamos e orávamos. E quando um dos médiuns já ia descer as escadas em busca de socorro psiquiátrico, diz a jovem, com voz mudada, com timbre masculino: - Ah! Puderam mais do que eu, desta vez! E se acalmou. Acordou. E perguntou-nos, sorridente, ingênua, ignorante de tudo que se passara: - Que foi? Que houve? ... Estava curada. Estava curada pela prece". O caso que acabamos de transcrever faz-nos lembrar o que se conta nos Evangelhos, acerca de um moço possesso de um Espírito perverso, cujo genitor suplicara a Jesus que o curasse, depois de o terem tentado, sem nenhum sucesso, os próprios discípulos do Mestre de Nazaré. Vendo estes que, a uma ordem de Jesus, o terrível obsessor deixara imediatamente o jovem, que dantes vivia metido em correntes, como louco indomável, aproximaram-se do Senhor, em

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particular, e indagaram: "- Por que não pudemos nós expulsá-lo?" "- Esta casta de Espíritos", respondeu Jesus, "só se consegue expelir à força da oração..."(Marcos, 9;14-29; Mateus,17;14-21).”

Sobre a obsessão diz ainda Celso Martins em “Mediunidade ao seu alcance”:“É a obsessão a ação persistente de um espírito mau sobre o indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e mesmo das faculdades mentais. No processo obsessivo as nossas energias se apresentam desajustadas, de modo que o pensamento se desgoverna assimilando as forças magnéticas da entidade sofredora do mesmo teor, daí aparecendo distúrbios como por exemplo: vícios, doenças estranhas, angústias, sexo desregrado, idéias de suicídio, fobias, tragédias passionais, desarmonias no lar, doenças mentais, loucura. Infelizmente, no mundo atual a obsessão constitui um desafio às terapêuticas oficiais e mesmo alternativas, fazendo-se um grande flagelo no seio da Humanidade. Muito pior que as mais variadas enfermidades que açoitam o organismo, ela desequilibra de tal sorte o homem que poderá levá-lo a um simples tique nervoso, até mesmo às raias da loucura, como já foi dito. Kardec classifica a obsessão em três graus, a saber:1) Obsessão simples; 2) Fascinação e 3) Subjugação. Vejamos um por um: 1) Obsessão simples O espírito procura imiscuir-se nas ações humanas, perturbando a vida de sua vítima. 2) Fascinação O espírito age sobre o médium, iludindo-o, e o médium não admite sequer alguém lhe mostre esta influência de que está sendo vítima; ele não se dá conta de que o espírito impostor afirma ter sido grande vulto da História, dando-lhe as mais esquisitas comunicações, cheias de absurdidades que todos vêem, menos o médium fascinado. 3) Subjugação O obsessor pressiona constantemente o obsedado, paralisando-lhe a vontade numa espécie de dominação completa. Várias são as causas da obsessão. Dentre elas vale ressaltar: 1 - A vingança de antigos rivais (desta ou de vidas anteriores); 2 - A inveja de entidades inferiores; 3 - A invigilância do próprio obsedado; 4 - As imperfeições morais que não procuramos combater em nosso comportamento, como o orgulho, a vaidade, o egoísmo, o ciúme, o ódio, a impaciência, a cupidez, a avareza, a preguiça, a maledicência, a crueldade, a indiferença; 5 - a mediunidade não assumida; 6 - o comércio dos dons mediúnicos; 7 - o abuso das faculdades medianímicas. Claro que o Espiritismo dá algumas orientações seguras para o tratamento da obsessão.Há de ser levado em conta o tratamento tanto do encarnado como do desencarnado. O homem deverá procurar o médico, o psicólogo e a casa espírita, não só ele mas muitas vezes a sua família também. Ali, tanto os vivos como os mortos serão orientados, consolados, e a obsessão poderá ser curada na pauta do nosso merecimento individual. Nunca seria demasiado lembrar que muita gente é obsedada de si mesma, de seus desregramentos, de seus impulsos desgovernados, de seus excessos, de seus pensamentos malsãos, de seu palavreado chulo, grosseiro, rancoroso, não cabendo, depois, atribuir aos espíritos a razão de seus males. Além da água fluidificada, dos passes, das preces e das sessões de desobsessão, o encarnado que se vê as voltas com a obsessão deverá ocupar suas horas, suas mãos e sua mente com atividades úteis e leituras edificantes, vigiando o pensamento para o seu próprio bem.” Disse ainda a escritora espírita Helena M. Craveiro Carvalho em entrevista:

“1 - Como saber se a pessoa está obsedada?

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R. Há sinais passíveis de serem percebidos pelos conhecedores do assunto. 2 - Que tipos de reações costumam acompanhar os obsedados? R. Reações orgânicas, psíquicas e, segundo Kardec, também mentais. 3 - Que reações orgânicas podem ser notadas em alguns processos obsessivos? R. Certos sintomas próprios de doenças físicas e principalmente estados físicos mórbidos: cansaço extremo com desânimo, urticárias, sono excessivo, dores de cabeça, tonturas, alergias diversas, dispepsias, colites, dores de estômago, pressão alta ou baixa e até paralisias. 4 - Então, as obsessões podem também ser a causa de certas alergias? R. Não só de alergias mas de outros sinais de alteração fisiológica, promovendo os seguintes desequilíbrios devidamente relacionados pelo espírito Dr. Dias da Cruz, através da psicofonia de Francisco CândidoXavier e exarados no livro "instruções psicofônicas": dermatite atípica, dermatite de contato, coriza espasmódica, asma, edema, urticária, enxaqueca e alergia sérica (Cap XIX) 5 - Em havendo também outros sinais de obsessão, como se poderia interpretar o sono excessivo de que sofre grande parte dos obsedados? R. Como resultante da carga fluídica pesada que os obsessores 'despejam' continuamente sobre a pessoa. O magnetismo favorece o desprendimento do perispírito. Consequentemente, o corpo adormece. 6 - Poderia haver outros motivos? R. Sim. Se o indivíduo estiver sendo vampirizado, o corpo perde suas reservas de fluido vital e, enfraquecido, dorme para refazer-se. Todavia, nesse período em que não há resguardo vibratório por invigilância e desconhecimento do obsedado, poderá ter suas energias sugadas, ainda mais, pelo perseguidor. 7 - Que dizem alguns autores? R. Que existe ainda a hipótese de sintonia mental e sentimental entre o obsessor e o obsedado, inclusive de caráter sexual (principalmente quando são de sexos diferentes), o que arrastaria de bom grado o obsedado para o sono, a fim de unir-se mais e melhor ao seu 'comparsa'. 8 - Que se passa com a mente do obsedado, em grande parte dos processos obsessivos? R. A mente de alguém enovelado em processo obsessivo, geralmente não pára de trabalhar. Portanto, ocorre o cansaço mental. Esse trabalho é forçado por 'algo' que ele não pode controlar. Dia e noite a pessoa tem problemas, filosofa, busca argumentos, quer transmiti-los aos outros (geralmente para corrigir terceiros) procura quem possa escutar-lhes o raciocínio, liga um assunto ao outro, dando seqüência sem terminar qualquer deles, deixando-os aparentemente 'no ar', sem resolução. Refaz o caminho percorrido pelo raciocínio, milhares de vezes retorna ao pontode partida, as soluções comparecem mas sempre imperfeitas, não consegue resolver. É esse o panorama mental do obsedado. (...) 13 - Outros sinais? R. O arrastamento aos vícios. Os que formam dependência são os piores. (como o do álcool e dos tóxicos) (...) 17 - Como seria impulsionado o perseguido? R. Pela telepatia ou sugestão mental. O obsessor estabeleceria uma infiltração perniciosa sobre o sistema nervoso do obsedado. E, com o tempo, dominar-lhe-ia a mente, os pensamentos, a ação, a vontade. 18 - Nesses casos a cura é fácil ou difícil? R. Muito difícil porque geralmente o doente nega-se a cooperar, apesar de não ter havido verdadeira alteração mental. Por isso, também é responsável. Dá-se uma permuta de afinidades. Trata-se de vampirismo de duas faces, ou melhor, de vampirismo duplo. Um desfruta o outro. 19 - Tais 'arrastamentos' poderiam resultar em quê ? R. Em casos de adultério, prostituição, aberrações sexuais, incluindo homossexualismo. 20 - Que dizer daqueles que perdem a voz ?

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R. Há obsedados que permanecem longo tempo sem o som vocal. Expressam-se normalmente mas a voz não se faz ouvir. 21 - Ocorreriam casos mais graves, nesse sentido? R. Geralmente tais fatos registram-se como processos de resgate (onde podem ser anotadas as presenças também de obsessores mas que nem sempre serão os verdadeiros causadores desses distúrbios de audição e fonação).Tratar-se-ia de pessoas que cometeram faltas graves por calúnia,difamação, etc.22 - A que leva a obsessão por influência fluídica direta? R. Ao desequilíbrio mental, (com conseqüências físicas posteriores), principalmente se esse bombardeiro fluídico se fizer sobre as regiões 'mais altas' do cérebro. 23 - E o sugamento das energias ou vampirização? R. Conduz ao enfraquecimento físico, com posterior desequilíbrio mental. 24 - Só esses sinais, já constituiriam a obsessão toda? R. Não. Poderia cada um desses sintomas juntar-se a outras formas de perseguição. 25 - Como seriam elas? R. Entraves materiais e perseguições sentimentais. De repente, tudo começa a ir para trás. Negócios, namoros, noivados, o próprio casamento. Se bem que grande parte dos fatos podem passar-se por nossa inabilidade na conduta da vida diária. É preciso conhecer todas as possibilidades. 26 - É verdade que se pode perceber as obsessões no início? Haveria indícios? R. Sim. A mudança de uma tradicional maneira de ser. Por exemplo. Uma criatura que fosse naturalmente reservada e que de um momento para outro passasse a rir-se frequentemente, sem razão lógica e sem o resguardo habitual, além de querer fazer gracinhas tolas. 27 - Só o riso? E quanto ao choro? R. Com outras, poderia passar-se o oposto: as pessoas antes de bom ânimo, agora chorariam com freqüência, sem razão plausível, quer orgânica, psíquica ou moral. (...) 33 - Os fanáticos encaixar-se-iam sob a mesma rotulação? R. Sim, porque se revelam como força negativa. São os fascinados. Para impor seus pontos de vista e sua vontade, o fanático utiliza-se de meios impróprios. Peca pelos métodos, embora a intenção possa ser até positiva. Nesse caso, tal como ocorre no anteriormente descrito, são as pessoas que, demonstrando leviandade de caráter ou má educação, com comportamentos deficitários, praticamente abrem caminho para a ação de espíritos afins, os quais se aproveitam para se assenhorearem de suas vontades e passar a agir, eles próprios no comando, quando então, defascinados, passam a subjugados. 34 - Que é a fascinação? R. Um estado obsessivo de grau mais avançado que o da obsessão simples. Pode atingir a um grupo todo e transformar-se, com freqüência, em obsessão coletiva. 35 - Qual o seu grau de perigo? R. Muito grande porque, fascinadas, as criaturas perdem o senso crítico e tornam-se capazes de acreditar nos maiores absurdos que lhes impinge o 'guia' (falso). Núcleos e seitas particulares, isolados de contato com organizações maiores que os possam orientar, poderiam estar expostos a tais riscos. Também certos grupos espíritas, funcionando em casas particulares ou não, mas desligados de entidades maiores e mais experientes, que lhes ofereçam auxílio na estruturação e disciplina da prática doutrinária podem correr perigo de fascinação. (...) 36 - É verdade que as obsessões são mais fortes nos possuidores de mediunidade? R. Sim. Geralmente, são as obsessões que terminam por arrastar os médiuns iniciantes (desconhecedores de sua mediunidade) aos centros espíritas. Sem saber explicar a razão, os candidatos (inconscientes) à mediunidade, registram perturbações nervosas e até mentais, no desabrochar de suas sensibilidades. Segundo o Codificador, podem ocorrer obsessões também em pessoas não-portadoras de sensibilidade mediúnica.

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37 - Toda obsessão indicaria que a pessoa precisa desenvolver a mediunidade?R. Não, absolutamente. Todos os obsedados precisam evangelizar-se, com certeza. Mas nem todos poderão desenvolver a mediunidade. Para alguns casos, essa abertura dos canais mediúnicos significaria verdadeirodesastre. Mas isso não quer dizer que não devam conhecer a doutrina espírita. Essa questão é ponto pacífico e fundamental: o conhecimento do Espiritismo fortalece e equilibra todas as pessoas, com ou semmediunidade. (...) 74 - Como os médiuns videntes costumam enxergar o coronário do obsedado? R. Visualizam, com freqüência, sobre ele uma nuvem fluídica negra, resultante da ligação mental do obsedado com o obsessor.”Jornal Boa Nova, tema Obsessão e desobsessão, Março - Abril de 1998: “Formulamos algumas perguntas e respostas relacionadas à obsessão e desobsessão espiritual. Se você sofre de algum destes sintomas, procure seu médico e o auxílio de uma Casa Espírita. Saiba, devemos viver equilibradamente. Se vivermos fora da normalidade, alguma coisa está errada. Busquemos a solução, Deus nos criou para vivermos bem. - O que é a obsessão ou perturbação espiritual? A obsessão ou perturbação espiritual é a ação constante de um Espírito sobre uma pessoa encarnada. Esta ação inibi a vontade ou liberdade do ser de pensar e agir. Ela manifesta-se como uma depressão, angústia, nervosismo, visões estranhas e mais uma série de comportamentos que fogem à normalidade. - Todas as vezes que sentimos estes sintomas é sinal que estamos sendo vítimas de uma obsessão? Nem sempre. Há causas físicas que nos levam a sofrer destes mesmos sintomas. Não devemos achar que tudo é espiritual. O ideal é que consultemos um médico que nos pedirá exames como o eletroencefalograma e outros. Assim, estaremos comprovando se não temos algum problema físico. Paralelamente, devemos buscar o auxílio espiritual em uma casa que desenvolve um trabalho sério. - Quando se fala em obsessão parece que estamos falando de algo novo.Muitos religiosos não acreditam na ação de um ser que já morreu. Há passagens bíblicas que comprovam que a obsessão sempre existiu? Sim, sempre existiu, apesar de o estudo da obsessão ser uma coisa nova quando comparado com a história da humanidade. Podemos fazer uma comparação lógica: quando não sabíamos que a Terra era redonda há poucos séculos, não significava que ela tinha outro formato. Com a obsessão foi igual, apenas não tínhamos conhecimento. Há um século e meio ficamos sabendo que ela existe e tomamos conhecimento de suas nuanças. Isso graças ao trabalho da Codificação Espírita realizado por Allan Kardec, que veio trazer luz ao que o próprio Jesus fez e falou. Quanto há fatos bíblicos que comprovem a obsessão existem diversos. Um deles se encontra no evangelho de S. Marcos, cap. V, vers. de 1 a 20. Narra Marcos que havia um homem que vivia entre os sepulcros e há muito tempo parecia um louco, pois não existia cadeia e nem correntes que podiam dominá-lo. Tendo se aproximado de Jesus que passava próximo do local onde ele vivia, foi logo perguntando: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes". Jesus vendo que por trás daquela aparente loucura existia um Espírito, imediatamente expulsa a entidade que diz chamar-se legião, pois eram em muitos. O evangelista prossegue a narrativa dizendo que os Espíritos pedem para entrarem numa manada de porcos que estava próxima dali. Jesus permite e aquele homem fica curado. Há muitos outros trechos em que o Mestre expulsa os maus Espíritos. Jesus chamava-os de demônios, espíritos imundos, Satanás, e nós os chamamos de Espíritos ou entidades, uma questão de palavras. Na verdade, são a mesma coisa. - Se estes Espíritos ou Espíritos imundos como Jesus os chamava, habitam o mundo espiritual, quer dizer que podemos ser vítimas de uma obsessão a qualquer momento?Não necessariamente. Só se instala uma obsessão quando ambas as partes estão sintonizadas entre

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si. Ou seja, temos total liberdade para agirmos como quisermos. Se temos uma boa conduta moral não há como um mau Espírito encontrar acesso em nossa vida, causando-nos algum mal espiritual. Ensina-nos a Doutrina Espírita com base no evangelho de Jesus que tudo que fazemos causa-nos algum resultado. Se temos o vício da bebida, por exemplo, estaremos sempre ao lado de pessoas que gostam de beber. É óbvio que nossas companhias espirituais sejam deste nível. Assim acontece com o violento, com o adúltero, com o desonesto etc. - Qual o meio para nos libertarmos da obsessão?Devemos mudar nossa conduta. Como se faz isso? Através de um esforço íntimo. Não basta só querer, temos que realizar. Se queremos viver bem devemos saber que nada e ninguém pode nos impedir. No entanto, esta certeza deve se fazer presente em nossa vida. A religião é quem pode nos oferecer condições. Toda religião Cristã traz bons ensinamentos. Busquemos aquela que mais temos afinidade. Analisemos se ali existe seriedade. Se o padre, o pastor ou o dirigente espírita têm amor na causa que abraçou. O que podemos afirmar é que o Centro Espírita tem meios e recursos para nos libertar das obsessões, das perturbações e o que é melhor, ensinar-nos a viver de forma a termos uma conduta que fará com que estejamos mais prevenidos contra estes ataques. - Notamos que o Espiritismo tem um grande papel no campo da soluções das obsessões. Seria esta a função maior da D. Espírita?Não resta duvida que ela ajuda na solução das obsessões. Porém, este auxílio prestado pela Doutrina Espírita é apenas uma conseqüência do seu trabalho de espiritualização. Seu papel principal é fazer o homem tomar consciência de seu verdadeiro objetivo neste mundo, ensinando-o a se conduzir melhor, transformando-o moralmente, preparando o ser para uma nova realidade, a do Espírito liberto de sua própria ignorância e do sofrimento causado por ela.”Severino Celestino da Silva no livro "Analisando as Traduções Bíblicas", sobre os “demônios”: "A palavra demônio não implica na idéia do espírito mau senão na sua significação moderna, porque a palavra grega ´daimon", da qual se origina, significa ´Deus', 'poder divino´, ´gênio', 'inteligência', e se emprega para designar os seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção. Segundo o significado vulgar a palavra ´demônios´ significa seres essencialmente malfazejos e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Ora, Deus que é soberanamente justo e bom não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua natureza e condenados por toda a eternidade. Se não são obras de Deus, seriam, pois, como Ele, de toda a eternidade, ou então haveria várias potências soberanas. Ainda segundo Kardec, a primeira condição de toda doutrina é de ser lógica. Ora, a dos demônios, em seu sentido absoluto, peca por essa base essencial. Compreende-se que, na crença dos povos atrasados, que não conheciam os atributos de Deus, fossem admitidas as divindades malfazejas, como também os demônios, mas, é ilógico e contraditório, para aqueles que fazem da bondade de Deus um atributo por excelência, suporem que Ele possa ter criado seres devotados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente. Isso seria a negação da bondade divina. Os partidários da doutrina dos demônios se apóiam nas palavras do Cristo. Mas estarão bem certos no sentido que Ele dava à palavra demônio? Não sabemos que a forma alegórica era um dos caracteres distintivos da Sua Linguagem? Tudo que o Evangelho contém deve ser tomado ao pé da letra? Não seremos nós quem contesta a autoridade dos Seus ensinamentos, pois desejamos vê-los mais no coração do que na boca dos homens. Não precisamos de outra prova além desta passagem: 'Logo após estes dias de aflição, o Sol obscurecerá e a lua não derramará mais sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas. Digo-vos, em verdade, que esta geração não passará sem que todas estas coisas se tenham cumprido" (Mateus 24: vers. 29 e 35). Não temos visto a forma do texto bíblico ser contradita pela Ciência no que se refere à Criação e ao movimento da Terra? Não pode ocorrer o mesmo com certas figuras empregadas pelo Cristo, que devia falar de acordo com os tempos e os lugares? O Cristo não poderia dizer, conscientemente, uma coisa falsa. Assim, pois, se em suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é porque não as compreendemos ou as interpretamos mal. Os homens acreditaram ser os anjos entes perfeitos por toda eternidade e tomaram os espíritos

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inferiores por seres perpetuamente maus. No entanto, pela palavra demônio, devemos entender como sendo os espíritos impuros que, frequentemente, não valem mais do que as entidades designadas por esse nome, e com a diferença de que seu estado é transitório. São, portanto, os espíritos imperfeitos que murmuram contra as provas que devem suportar e que, por isso, suportam-nas por mais tempo; chegando, porém, por seu turno, a saírem desse estado, quando o quiserem. Poder-se-ia aceitar então a palavra "demônio" com esta restrição. Nesse sentido exclusivo, poderia induzir ao erro, fazendo crer na existência de seres criados para o mal."

No mesmo livro, sobre Satanás, que, na verdade, faz parte de uma época de lendas e mitos em todos os povos - era da mitologia - e não haveria de ser diferente com os hebreus: "Satanás é uma figura muito controvertida na Bíblia. A palavra "Satã" significa acusador. Aparece, pela primeira vez no livro de Jó, sendo como um promotor celestial. A sua intimidade com Deus e o direito de entrar no "Céu", de ir e vir livremente e dialogar com Ele, torna-o uma figura de muito destaque. Veja o livro de Jó 1:6: "Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles". O livro de Jó foi escrito depois do Exílio Babilônico. Sabemos que o povo judeu, tendo retornado a Israel com a permissão de Ciro, rei persa, no ano 538 a.C, assimilou muitos costumes dos persas. Isto ocorreu devido à simpatia e apoio que receberam do rei, que inclusive permitiu a construção do Segundo Templo judaico e ainda devolveu muitos de seus tesouros, que já haviam sido roubados. A religião dos persas, o Zoroastrismo, influenciou sobremaneira o judaísmo. No Zoroastrismo, existe o Deus supreno "Ahura-Mazda" que sofre a oposição de uma outra força poderosa, conhecida como "Angra Mainyu, ou Ahriman", "o espírito mau". Desde o começo da existência, esses dois espíritos antagônicos têm-se combatido mutuamente. O Zoroatrismo foi uma das mais antigas religiões a ensinar o triunfo final do bem sobre o mal. No fim, haverá punição para os maus e recompensa para os bons. E foi do Zoroastrismo que os judeus aprenderam a crença em um "Ahriman", um diabo pessoal, que, em hebraico, eles chamaram de "Satanás". Por isso, o seu aparecimento na Bíblia só ocorre no livro de Jó e nos outros livros escritos após o exílio Babilônico, do ano 538 a.C para cá. Nestes livros, já aparece a influência do Zoroastrismo persa. Observe ainda que a tentação de Adão e Eva é feita pela serpente e não por Satanás, demonstrando assim que o escritor de Gênesis não conhecia Satanás. Os sábios judaicos interpretando o Eclesiastes 10:11 afirmam (Pirkei de Rabi Eliezer 13) que, na verdade, a cobra que seduziu Adão e Eva era o anjo Samael que apareceu na Terra sob a forma de serpente. E que ele é conhecido como "o dono da língua". O Anjo Samael, que apareceu sob a forma de serpente, usou sua língua para seduzir Adão e Eva ao pecado. O poder do mal está em sua língua, e este poder pode ser usado somente para dominar o sábio. Ele não pode prevalecer sobre um ignorante. Uma outra observação interessante é que o livro de Samuel foi escrito antes da influência persa no ano de 622 a.C, e no II livro de Samuel em seu capítulo 24:1, você lê com relação ao Recenseamento de Israel o seguinte: "A cólera de IAHVÉH se inflamou novamente contra Israel e excitou David contra eles, dizendo-lhe: Vai recensear Israel e Judá" Agora, veja esta mesma passagem no I livro das Crônicas, que foi escrito no começo do ano 300 a.C, portanto, já sob a influência do Zoroastrismo persa, com o já conhecimento de "Ahriman", "Satanás". No Capítulo 21:1 desse livro está escrito: Recenseamento: "e levantou-se Satã contra Israel, e excitou David a fazer o recenseamento de Israel". Portanto, o que era Iahvéh no livro de Samuel aparece agora no livro das Crônicas como Satanás. (Confira isso na sua Bíblia). Assim está evidenciado que Satanás não é um conceito original da Bíblia e, sim, introduzido nela, a partir do Zoroastrismo Persa. Passa a existir a partir daí "uma lenda" entre o povo judeu de que Satanás é considerado como o rei dos demônios, que se rebelara contra Deus sendo expulso do céu. Ao exilar-se do céu levou consigo uma hoste de anjos caídos e tornou-se seu líder. A rebelião começou quando ele, Satanás, o maior dos anjos, com o dobro de asas, recusou prestar homenagem a Adão. Afirmam ainda que

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esteve por trás do pecado de Adão e Eva, no Járdim do Éden, mantendo a relação sexual com Eva, sendo portanto pai de Caim. Ajudou Ló a embriagar-se com vinho e tentou persuadir Abraão a não obedecer a Deus no episódio do sacrifício do seu filho Isaac. Muitas pessoas acreditam muito no poder de Satanás e até o enaltecem em suas igrejas, razão pela qual achamos que seriam fechadas muitas igrejas se seus dirigentes deixassem de acreditar em Satanás. Para seu maior esclarecimento, Kardec faz uma observação sobre Satanás que descrevemos a seguir: ´com relação a Satanás, é evidentemente a personificação do mal sob uma forma alegórica, pois não se poderia admitir um ser mau a lutar, de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios. Precisando o homem de figuras e de imagens para impressionar a sua imaginação, ele pintou os seres incorpóreos sob uma forma material, com atributos lembrando suas qualidades e seus defeitos´. E conclui Kardec: 'Modernamente, os anjos ou Espíritos puros são representados por uma figura radiosa, com asas brancas, símbolo da pureza; Satanás com dois chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões inferiores. O vulgo, que toma as coisas pela letra, viu nesses emblemas um indivíduo real, como outrora vira Saturno na alegoria do Tempo". Precisamos compreender e acreditar na misericórdia divina e no amor de Deus por nós. Um Deus onisciente, onipresente, infinitamente justo e bom e sobretudo AMOR que jamais colocaria entre nós, suas criaturas, alguém com os atributos que o homem colocou em Satanás." E ainda sobre Lúcifer, o “anjo caído”, diz Severino: "Do latim luz, fero - que traz luz, que dá claridade, luminoso. O versículo 12 do capítulo 14 de Isaías deu origem a palavra Lúcifer quando da tradução da Vulgata. Alguns teólogos citam ainda Ezequiel 37:2-11 como referentes a ele. No entanto, nos textos da Bíblia hebraica e grega esta palavra(Lúcifer) não aparece. Acompanharemos as diversas traduções: O texto hebraico Isaías 14:12 diz o seguinte: (...) "Como caíste dos céus, estrela filha da manhã. Foste atirada na terra como vencedora das nações". (...) Veja o versículo em latim onde São Jerônimo coloca a palavra Lúcifer: "quomodo cecidisti de caelo LUCIFER..." Assim, fica constatado que o termo é latino, e lançado por São Jerônimo, quando da tradução da Vulgata, no século III da era Cristã. Alguns tentam ligar esta passagem a Apocalipse 8, 10 como sendo aí a queda de Lúcifer, mas a história de que seria o chefe dos anjos caídos, citados na II Epístola de Pedro 2:4 e Judas 6 não tem fundamento comprovado no Antigo Testamento, como podemos observar. O Capítulo 14 de Isaías do versículo 3 ao 22 refere-se a queda e destruição do rei Nabucodonosor da Babilônia. Foram os padres e teólogos da igreja católica que lançaram o versículo 14:12 como sendo referente a queda do príncipe dos demônios LÚCIFER. Uma vez mais nos deparamos com a questão das traduções, dos folclores e das crenças pessoais"

Em seguida, o pastor se dedica a comentar sobre a “proibição à comunicação com os mortos”:

“No que se refere à consulta aos mortos, a Bíblia é claríssima. Vejamos algumas

instruções:

´Não recorram aos médiuns, nem busquem a quem consulta espíritos, pois vocês

serão contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Levítico 19:31)”

Aqui o pastor vai além de contrariar aquilo que colocou como regra. Não apenas interpreta além do que a Bíblia diz, mas usa de uma deturpação absurda do texto bíblico para atacar a Doutrina Espírita.Segundo Severino Celestino em seu livro “Analisando as traduções Bíblicas”, essa a tradução

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correta:"Não ireis aos NECROMANTES e nem aos ADIVINHOS". Nada de médiuns - termo surgido apenas no século XIX, criado por Kardec - e nem nada sobre consultar espíritos. Veja definição do dicionário Aurélio para "necromancia": "1. ADIVINHAÇÃO pela invocação dos espíritos. 2. MAGIA NEGRA" Segundo o livro "Historia das Religiões" de Antonio de Almeida e Souza, Necromancia é um culto de origem egípcia e africana onde os supostos sacerdotes tentam adivinhar o futuro evocando espíritos e com auxilio de restos mortais de animais e de pessoas Levítico em momento algum condena o Espiritismo e a comunicação com mortos, mas sim a necromancia, uma forma de magia antiga em que se comunica com mortos para adivinhações(sorte no amor, sorte nos negócios, essas coisas puramente materiais). O sufixo _mancia já entrega: cartomancia é adivinhação através de cartas, por exemplo.Em nenhum lugar das obras básicas da Doutrina Espírita você achará algo que recomende práticas necromânticas, divinatórias, adivinhações, feitiçarias ou coisa parecida. Então, de onde vem atitude como essas ? Dos interesses espúrios de algumas religiões que dizem pregar o Evangelho no mundo, mas, em vez de procurarem unir as criaturas em torno do Amor e da Fraternidade, que é o verdadeiro Evangelho, preferem promover o divisionismo, o ódio, a discórdia e a intolerância. Sentimentos esses que foram responsáveis pela inquisição e pela terrível marca que a Humanidade tem hoje de poder afirmar que as guerras por motivos religiosos já mataram mais gente do que todas as outras guerras juntas. Cristo disse: "Pelos frutos os conhecereis".

“Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu

filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça

presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos, que seja médium,

consulte os espíritos ou consulte os mortos. O Senhor tem repugnância pra quem

pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o SENHOR, o seu

Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês(Deut. 18:10-12)”

Creio que os Católicos e Protestantes deveriam observar todos os preceitos de Moisés, e não se ater apenas a proibição a comunicação com mortos. Seria mais coerente. Vejamos uma outra lei bíblica, que, por coerência, eles deveriam seguir: "Quando teu Deus te tiver dado gentes mais poderosas do que tu, totalmente as destruirás, não farás acordo com elas e nem terás piedade delas" (Deut. 7:2) Pois bem, qual o protestante ou católico que obedece a essa ordem e sai por aí a destruir pessoas que são mais poderosas que ele ? Existe muitagente em nossa cidade que tem mais poder do que nós. Teríamos que assassinar essas pessoas ? Por coerência, deveriam, está no mesmo livro que "condena" o Espiritismo. Mais: "Cada um tome a sua espada e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho" (Ex. 32:27) "Nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida" (Deut. 20:16) "Se o povo de uma cidade incitar os moradores a servir outros deuses, destruirás ao fio de espada tudo quanto nela houver, até os animais" (Deut. 13:12/15) Os que usam a lei mosaica para atacar a Doutrina Espírita não estão matando seus amigos, vizinhos e até os animais por quê? Deveriam ser coerentes. E os dois últimos versículos são do livro Deuteronômio, onde está a tal "condenação a comunicação com mortos". Outro: "Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar o seu marido da mão do que o fere, e ela estender a sua mão, e lhe pegar pelas suas vergonhas, então

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cortar-lhe-às as mãos, não a poupará o teu olho" (Deut. 25:11) Coitada da pobre mulher! Não tem o direito nem de defender o próprio marido. Será que os que usam o mesmo Deuteronômio para dizer que a Bíblia condena o Espiritismo segue todo esse livro? Deveriam, por coerência. Por coerência também, os que usam Levítico para atacar o Espiritismo deveriam matar o seu filho rebelde, consentir com o casamento de um homem com 10 mulheres, deveriam estuprar a esposa do seu inimigo, queimar um boi vivo pra Deus. Ou segue tudo ou não segue, só a metade e onde interessa não vale. Mais exemplos: Em Deut. 13:6, 9 e 10, há uma ordem de matar a pedradas os adeptos de outras crenças. Uma apologia à intolerância religiosa. Em Levítico 22:17-18 "Deus" ordena que a oferta a ser oferecida no altar seja de animais sem defeito. E é mais exigente ainda, quando determina que não devam ser ofertados bichos que tiverem testículos machucados, ou moídos, ou arrancados, ou cortados (Levítico 22:24) Devemos analisar, portanto, o contexto de tais proibições. Assim, vemos que a proibição a comunicação com mortos foi voltada para os que praticavam magia antiga: adivinhações, sortilégios... No tempo de Moisés e dos cananeus não havia prática espírita, porquanto o Espiritismo surgiu, no mundo, em 1857, na França. Os povos contrários aos hebreus praticavam a feitiçaria e a necromancia, as quais nada tem a ver com a Doutrina Espírita. Na prática mediúnica espírita não se faz evocação de espíritos inferiores visando sortilégios, adivinhações e trabalhos para o mal. E vamos voltar ao livro do Severino Celestino. Segundo ele, a tradução correta dos versículos em Deut. é essa:

"Quando entrares na terra que Iahvéh, teu Deus, te dá, não aprendas a fazer as abominações daquelas nações. Não se achará em ti quem faça passar seu filho ou sua filha pelo fogo, nem adivinhador, nem feiticeiros, nem agoureiro, nem cartomante, nem bruxo, nem mago e semelhante, nem quem consulte o necromante e o adivinho, nem quem exija a presença dos mortos"

"Quando entrares na terra": diz Severino sobre isso: "Quando quem entrar? Certamente Moisés se refere aos "Bnei Israel", Filhos de Israel, ou povo de Israel. E a que terra prometida por Deus se refere Moisés? Sabemos que o autor sagrado se refere à terra de Canaã ou terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes. Ora, se estas recomendações foram dirigidas aos filhos de Israel ou Hebreus, nós, espíritas, 4.000 anos depois, não temos a menor responsabilidade sobre esse fato, pois, por acaso, recebemos de Moisés a incumbência de ir para a terra prometida?Parece-nos que os desejosos de atacar, a todo custo, o seu "PRÓXIMO" só porque possui outra filosofia religiosa, ficam tão preso às questões críticas e pessoais, que não percebem a verdadeira época e origem dos textos sagrados e a quem eles foram realmente dirigidos " Sobre a passagens de crianças pelo fogo, diz Severino: "Refere-se esta primeira parte ao costume entre fenícios de queimar os primogênitos no altar de Moloq. Moisés proíbe ainda que nem sequer se faça oferta dos filhos e filhas a Moloq, fazendo-os passar pelo fogo(Lv. 18:21 - 2Rs. 23:10). Os acontecimentos bíblicos fazem pensar em ritos realizados para fundações ou em caso de derrotas e infortúnios(1Rs. 16:34; 2Rs. 3:27) Maimônides (1135-1204), filósofo, médico, mestre da literatura rabínica e um dos maiores iluminadores do povo judeu em todos os tempos, explica este procedimento: "Um grande fogo é aceso. O pai toma um de seus filhos e o entrega aos sacerdotes que são adoradores do fogo. Aqueles sacerdotes devolvem o filho ao pai, após ter sido entregue em suas mãos, para que possa ser passado através do fogo com o consentimento de seu pai. O pai é quem passa o seu filho sobre o fogo, com a permissão do sacerdote. Ele faz seu filho andar com os próprios pés através das chamas, de um lado ao outro. De fato, em tal ritual, não se queima a criança em honra de Moloq

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como filhos e filhas eram queimados no ritual de uma outra espécie de idolatria, mas faz-se meramente com que ele passe através do fogo, a serviço do ídolo chamado Moloq" Veja a desobediência dos israelitas em 2 Reis 17:17: "Fizeram passar pelo fogo seus filhos e filhas, praticaram a adivinhação e a feitiçaria, e venderam-se para fazer o mal na presença de Iahvéh, provocando sua ira". Eles ainda estavam muito ligados aos costumes egípcios, daí a preocupação de Moisés. Isaías faz referência em seu livro no capítulo 19:3 sobre este costume que é herdado dos Egípcios. Veja seu comentário: "O espírito dos egípcios será aniquilado no seu íntimo, confundirei o seu conselho. Eles irão em busca dos seus deuses vãos, dos encantadores e dos adivinhos". Na mitologia clássica grega, Cronos devorava seus filhos. A imolação de crianças na fogueira era acompanhada de cerimônias de encantamento destinadas a apaziguar o deus. Acaz, rei de Judá, realizou tais práticas e está em 2Rs. 16:2-4. Veja: "Acaz tinha vinte anos quando começou a reinar e reinou dezesseis anos em Jerusalém. Não fez o que é agradável aos olhos de Iahvéh, seu Deus, como havia feito David, seu pai. Imitou a conduta dos reis de Israel, e chegou a fazer passar pelo fogo, segundo os costumes abomináveis das nações que Iahvéh havia expulsado de diante dos filhos de Israel" Aqui existe, por parte da maioria dos tradutores, a tendência de utilizar um texto escrito em um passado remoto para adaptá-lo a uma realidade completamente diferente, no presente, tendo, principalmente, como objetivo condenar uma Doutrina que eles desconhecem. (...) Maimônides esclarece que o encantador é aquele que pronuncia palavras, que não são uma língua, imaginando totalmente que tais palavras são mágicas. Tais encantadores chegam ao ponto de dizer que, se uma pessoa pronunciar determinadas palavras sobre uma cobra ou escorpião eles se tornarão inofensivos e que, se uma pessoa pronunciar certas palavras sobre um homem, ele não será ferido. Entre eles há aquele que, enquanto fala, segura em sua mão uma chave, pedra ou outro objeto - tudo isso é proibido. O próprio encantador que segurou qualquer objeto em suas mãos ou fez qualquer ato além de falar, mesmo se apenas apontou um dedo, é punido segundo as escrituras. O adivinho é aquele que realiza qualquer ato de modo a cair em um estado letárgico para que sua mente seja afastada de todas as coisas externas, após o que ele prevê futuros eventos, dizendo "isto acontecerá ou não acontecerá" ou "é próprio fazer isto" ou "cuidado ao fazer aquilo". Alguns adivinhos fazem uso da areia ou pedras: o indivíduo se curva à terra e grita; um outro fixa o seu olhar sobre um espelho de metal ou uma lâmpada, e então eles imaginam coisas e falam em seguida. Um outro carrega um bastão na mão, curva-se sobre ele e com ele golpeia o solo, até que sua mente esteja em estado de abstração. Em seguida, ele fala. O profeta Oséias (4:12), refere-se a este costume quando diz: "Meu povo consulta o seu pedaço de madeira e o seu bastão faz-lhe revelações". Refere-se, também, a trabalhos, despachos, adivinhação e semelhantes, com o objetivo de prejudicar alguém ou de obter benefícios pessoais. Sacerdotes lançavam flechas ou as misturavam numa aljava. A ponta emplumada dessas flechas era coberta de inscrições que continham respostas variadas e contraditórias a questões angustiantes. A resposta do deus à questão estava inscrita na flecha retirada ao acaso. (...) São as mesmas recomendações existentes em Levítico 19:31, 20:6 e 20:27 e em Isaías 8:19. A palavra consultar ou interrogar, colocada antes de necromante e adivinho, prova que, entre os Hebreus, as evocações eram um meio de adivinhação. Na necromancia, o praticante fica de pé, oferece uma certa espécie de incenso, segura em sua mão um ramo de mirta e o balança. Ele pronuncia suavemente certas palavras conhecidas dos praticantes dessa arte, até que a pessoa que o consulta pensa que alguém está conversando com o necromante respondendo suas perguntas em palavras que soam como se viesse de debaixo do chão em tons excessivamente baixos, quase inaudíveis ao ouvido e apenas aprendidos pela mente. O necromante também costuma tomar o crânio de um homem morto, queimar incenso em seu nome e usar de artes de adivinhação, até que surge o rumor de uma voz, excessivamente baixo, vindo de

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sob as axilas do necromante e que responde a ele. A palavra "id'oni" refere-se ao feiticeiro que coloca o osso de um animalzinho chamado "yadúa" dentro da sua boca e prediz. Nesse caso, Maimônides diz que os que consultam espíritos familiares oferecem incenso, põem o osso (iedúa) em sua boca e realiza outros atos, até que caem ao chão como um epílético e pronunciam previsões de eventos futuros. O nó górdio, que é um nó difícil de desatar, e narrado na lenda de Alexandre, e uma ilustração da prática das tranças, fios de Parcas e outros cordames utilizados nos templos para fim de adivinhação. (...) A maioria traduz dorêsh él-hametim como consulta aos mortos, no entanto, acima já existe o verbo consultar(schoêl) utilizado antes daspalavras "necromante e adivinho". Porém, antes da palavra "mortos" observe que o verbo muda para (lidrôsh) e o primeiro significado do verbo lidrôsh, em hebraico, é exigir, daí, a tradução correta do texto ser exigir a presença dos mortos. Se este verbo tivesse o mesmo significado de consultar, não teria razão de, no versículo, o autor sagrado trocar o verbo "shoêl por dorêsh" antes da palavra "hametim" (mortos) Existe ainda o agravante: era costume dos adivinhos se deitarem de bruços sobre os túmulos para tentarem estabelecer um diálogo com os mortos. Acreditavam com isso ser possível o diálogo. Maimônides acrescenta ainda que eles jejuavam e depois passavam a noite em um cemitério, a fim de que um morto lhe aparecesse em sonho e comunicasse sobre assuntos que ele desejasse perguntar. Outros vestiam mantos especiais, pronunciavamcertas palavras, ofereciam um incenso especial e dormiam sozinhos no cemitério, a fim de que uma pessoa morta lhe aparecesse em sonho e conversasse com eles. A proibição de Moisés se dirigia exatamente a este método ou a está prática para se conseguir o intercâmbio. Moisés não diz em nenhum momento se acreditava na eficácia destas práticas. No entanto, proibia o uso, o que já é suficiente para entendermos que ele acreditava no retorno dos mortos, do contrário não as teria proibido. O rei Saul, em casa da Pitonisa de Endor(I Samuel 28:7-19), comprova esta crença que justificava plenamente a proibição. Meu Deus, onde já se ouviu dizer que nenhum espírita, seguidos dos postulados espirituais de Allan Kardec, realize tais práticas? Nós espíritas, conhecedores da faculdade mediúnica, sabemos que está prática é perigosa, principalmente quando aqueles que a praticam são médiuns. Logicamente, os espíritos vampirizadores que normalmente existem nos cemitérios levariam aqueles que praticavam este ato às mistificações e obsessões. Não podemos nos esquecer de analisar a situação em que os livros de Moisés foram escritos e para que povo foram escritos. Encontrava-se o povo hebreu em uma época de idolatria e politeísmo. E este povo era recém-saído do cativeiro e procedente de um país(Egito), onde também reinavam a idolatria e o materialismo. Existia por parte de Moisés uma preocupação em conduzir aquele povo e ao mesmo tempo em exterminar do meio deles a idolatria. Era muito comum, naquela época, a existência dos adivinhos e necromantes, que se intitulavam verdadeiros ídolos, e sendo também muito procurados pelo povo de então. Moisés tenta acabar com estes costumes e as práticas mais populares para poder instituir, entre esse povo, o verdadeiro e único Deus. Ressaltamos ainda, com relação aos mortos, que a proibição de Moisés foi contra a exigência da presença do morto, porque ele sabia que nem sempre isto é possível, o que está em pleno acordo com Kardec que nos informa nem sempre estar o espírito desencarnado em condições de atender ao nosso chamado. Ele poderá até já estar reencarnado em outro corpo e como poderia atender ao chamado? (Veja o Livro dos Médiuns, questões 273, 274, 275) Quem conhece o Espiritismo sabe muito bem que os espíritas não vão a cemitério debruçarem-se sobre túmulos, nem ali dormir, para dialogar com os espíritos e este era costume daquela época, por isso, proibido por Moisés. Além disto, os espíritas não exigem a presença dos "mortos" nem evocam os espíritos superiores para deles obterem revelações ilícitas, nem delas tirarem benefícios pessoais, mas esperam as suas

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manifestações espontâneas, para delas receberem sábios conselhos e proporcionarem alívio àqueles que sofrem. Se os Hebreus utilizassem a comunicação dos mortos do mesmo modo e seriedade com que os espíritas fazem hoje, certamente Moisés não os teria proibido de nada. Pelo contrário, tê-los ia estimulado. Veja Números 11:26 a 30. (...) Quem disse que espírita é sinônimo de necromante e adivinho? O Apocalipse fala (Cap. 22: 18 e 19) que "todos aqueles que ouvirem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhe ajuntar alguma coisa, Deus ajuntará sobre ele as pragas descritas descritas neste livro; e se alguém dele tirar qualquer coisa, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida e da cidade santa, descrita neste livro". Mas existem tradutores mudando os textos e colocando palavras inexistentes e com o único intuito de condenar aqueles que não pensam da mesma maneira que eles. É o caso das palavras "Médium" e "Espiritismo". O Cristo ensinou a amar ao próximo como a nós mesmos (Lv. 19:18; Mt. 19:19). Afirmou, ainda, que não veio para viver com os bons(Mateus Cap. 9:12; Marcos 2:17; Lucas 5:32), no entanto , ainda, existem pessoas que, apesar de possuírem uma filosofia religiosa-cristã, condenam o seu semelhante pelo simples fato de não pensar igual a eles. É como se fossem a expressão única e exclusiva da verdade. Se dizem seguidores do Cristo que ensinou o Amor e o Perdão, mas não perdoam ninguém, a não ser aqueles que vivem segundo seus conceitos, ou seja, os que pensam e possuem a mesma religião que eles. Será que foi isto que o Cristo ensinou? Medite você sobre esta colocação e lembre-se do "não julgueis para não serdes julgados" (Mt. 7:1 e 2). As lógicas expostas nos conduzem a não aceitar de forma alguma tais afirmativas, pois estas conclusões tendenciosas e infundadas só interessam aos inimigos gratuitos da Doutrina Espírita. (...) Como poderiam condenar o Espiritismo, uma doutrina codificada no século passado, em 18 de abril de 1857 e que surgiria 4000 anos depois? Por acaso Moisés já conhecia o Espiritismo? Já conhecia os médiuns e espíritas? (...) Esta proibição seria um dos mais fantásticos fenômenos de premonição do escritor do Pentateuco, visto estar condenando algo que surgiria 4000 anos depois, não acha? Na verdade, aqueles que realmente conhecem a Bíblia e o Espiritismo, em sua essência e significado, não condenam esta doutrina. É o caso do Pastor Nehemias Marien, um militante protestante e um dos maiores conhecedores da Bíblia, no Brasil, e com certeza conhecedor também do Espiritismo. É um teólogo de público e notório saber que respondeu sobre as Escrituras Sagradas num programa de TV brasileira e foi amplamente reconhecido por todos como um fenômeno de conhecimento da palavra de Deus. Vejamos, na íntegra, a sua opinião sobre o Espiritismo e Mediunidade em sua obra intitulada 'Jesus, A Luz da Nova Era': "A Doutrina Espírita é essencialmente cristã e tem o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. O Espiritismo deve ser entendido como um dos mais caudalosos afluentes do Cristianismo. A mediunidade é um fenômeno que se observa em toda a Bíblia, através dos textos nela psicografados. Nela, os redatores sagrados se manifestam como amanuenses do Espírito: não escreveram de si mesmos mas inspirados pelo Espírito de Deus, afirma o apóstolo Paulo. A ciência espírita sempre integrou a doutrina da Igreja até ser excomungada dos cânones oficiais pela precipitação do Concílio de Constantinopla, em 553 d,C. Neste particular, a sabedoria está na atitude firme do frei agostiniano Martinho Lutero, perante a Dieta de Worms: historicamente os Concílios têm errado, não sendo conveniente ninguém viver de modo contrário à sua consciência. Erram os Concílios e todo aquele que torpedeia a liberdade de consciência. A intransigência protestante até hoje considera o Espiritismo uma artimanha maligna e o catolicismo romano se contradiz diante da incontida espiral de crescimento do Espiritismo, em suas igrejas. (...) Há uma controvertida passagem , nos escritos do apóstolo Pedro, que tem perturbado as regras da hermenêutica bíblica: "Cristo vivificado no espírito foi e pregou aos espíritos em prisão" (I Pedro 3:19). Que prisão seria essa na qual Jesus pregou? Seria antes ou depois do seu Calvário? Quem teria revelado este fato ao apóstolo? Um inferno geográfico? Se o próprio Jesus não considerou vão estar pregando ali as boas novas, certamente podemos concluir pela existência de uma libertadora evolução espiritual num universo por nós desconhecido.

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E conclui: Somos todos filhos de um mesmo Deus. E todos temos em nós uma mesma consciência ESPÍRITA'(grifo do Severino). (...) E lembramos ainda que Moisés não falou nenhuma vez em demônios. Ele poderia justificar a proibição dizendo que os mortos não voltavam e quem realmente voltava nestas exigências eram os demônios." Mais a frente, sobre Jesus falando com Elias e Moisés, diz Severino: "Trata-se de uma comunicação "espírita" realizada por Jesus, mostrando ainda que as proibições de Moisés não se referiam a esse tipo de encontro no qual o próprio Moisés estava presente. Aqui ocorre um encontro entre entidades evoluídas, o que jamais poderia ser condenado por Moisés que conversava frequentemente com os "espíritos guias" (Elohim) do povo hebreu, e nesta passagem conversa com Jesus. O que foi proibido por Moisés foi a exigência da presença dos espíritos dos "mortos" para atender problemas materiais e interesses pessoais e ainda na forma estranha de ser realizada em cemitérios.

Este mesmo princípio de conduta nos é orientado por Allan Kardec no Livro dos Médiuns(questões 273, 274 e 275) onde regulamenta a evocação, mostrando que nem sempre sabemos em que situação se encontra o espírito EVOCADO. E ainda nos mostra que, nas práticas espíritas, a evocação deve ser feita dentro de um regulamento de seriedade, princípios cristãos e só com objetivos bem definidos, uma vez que existe, em alguns casos, dificuldade de se verificar a identidade do espírito evocado, levando, muitas vezes, à mistificação."

Continua o pastor:

“Quando disserem a vocês: ´Procurem um médium ou alguém que consulte os

espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos

mortos em favor dos vivos', respondam: ´À lei e aos mandamentos!´Se eles não

falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Isaías 8:19-20)

Novamente recorro a Severino. Segundo ele, , esse versículo não condena a mediunidade. Muito pelo contrário. E segundo ele o versículo não diz "o seu Deus" mas "os seus deuses"(elohim significava Deus, deuses e também os seres incorpóreos, como os espíritos de mortos no caso). Diz ele: "Expressamente Isaías questiona: Por que não consultar os mortos em favor dos vivos? Observe a tradução do texto literal e veja o que realmente significa. Isaías demonstra que não existe motivo para não se receber daqueles que estão do outro lado as suas experiências, os seus fracassos e suas vitórias. Isto, é claro, em favor dos que se encontram na matéria, para que se modifiquem e mudem suas condutas e procedimentos em favor de si mesmos, a fim de conseguirem sua evolução espiritual "Se vos disserem: "Ide consultar os feiticeiros e adivinhos, cochichadores e balbuciadores", acaso não consultará o povo os seus deuses, e os mortos a favor dos vivos?'."

Atenção para o versículo 20 que afirma: "Se eles (os mortos do verso anterior) não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” . Veja que o texto afirma que há espíritos de luz, e, para sabermos se o espirito é de luz, o que ele diz deve ser analisado de acordo com a lei - Segundo Cristo, "amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", resume toda a lei e os profetas..

“O que o Espiritismo diz sobre essas proibições tão enfáticas? Ele argumenta que,

naquele tempo, os espíritos dos mortos eram considerados por muitos como deuses.

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Por isso, deve-se levar em conta que era necessário manter, a todo custo, a ideia de

um Deus único. Moisés sabiamente instituiu a proibição de qualquer evento que viesse

a prejudicar essa ideia. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus e, por

força das circunstâncias, foram proibidas todas as outras. Na mesma linha de

explicação, ainda, segundo os espíritas, no caso de Saul, seu erro não foi consultar um

morto, mas não ter consultado um profeta, como Deus esperava”

De fato, foi um dos motivos também. Um exemplo é a vidente consultada pelo rei Saul, que dizia ver um “deus”.E se Saul foi condenado por ter ido consultar uma médium e esse é o destino de todos, temos um problema aqui. Se Deus todo poderoso(e não o "Deus dos Exércitos" do Antigo Testamento) pune com a morte quem se envolve com Espiritismo, então fica difícil de entender porque Chico Xavier morreu tão idoso e ainda foi salvo da morte uma vez pelo espírito Emmanuel, que as câmeras de TV mostraram entrando no quarto do hospital.Chico Xavier dizia que queria morrer em um dia que as pessoas estavam felizes. Morreu como quis, em um dia em que o Brasil comemorava o Penta na Copa do Mundo.Poderíamos citar outros espíritas que tiveram uma vida longa e cheia da luz, praticando o bem por influência do Espiritismo. Mas cito apenas o exemplo de Chico, que todos sabem quem foi. Então, Deus não condena a todos que se envolvem com isso?O simples fato de condenar alguém por ser médium já seria absurdo. Alguns querem ser e não podem. Que culpa alguns têm de serem médiuns,e, assim, terem nascido com o que seria, então,uma “maldição”? Será, então, que Deus ama menos aos médiuns, ao permitir isso?

“Porém, para o Cristianismo, no caso específico da mediunidade, os textos bíblicos

que a condenam são extensos e intensos. Deus abomina a mediunidade e a proibe

expressamente, em qualquer circunstância. A Bíblia não discute a existência

dessas manifestações, mas as ataca frontalmente. À luz das Escrituras Sagradas, a

comunicação com os mortos é uma prática indefensável. Ademais, se a situação dos

médiuns tem a pretensão de traduzir ou interpretar o que os espíritos têm a

transmitir, não seria razoável que houvesse na Bíblia uma recomendação para que

eles fossem ouvidos, então?”

Eles tinham os profetas, e, como demonstrei, assim eram chamados os médiuns daquele tempo.No livro "Does the Soul Survive - A Jewish Journey to Belief in Afterlife, Past Lives and Living with Purpose", o autor, o rabino Elie Kaplan Spitz, informa que pessoas de sua comunidade que tinham perdido entes queridos estavam consultando um médium americano muito famoso: George Anderson.Consultou seu professor de seminário, e, para sua surpresa, este confirmou que a Bíblia hebraica condena consultar os mortos para fins de adivinhação apenas. Se o propósito for benéfico, não há nada contra.Informa também o livro que um comitê de rabinos americanos estudou a questão com base na Bíblia hebraica chegando a mesma conclusão. Mas essa conclusão não interessa aqueles que se dizem "cristãos" e não se dedicam a pregar os preceitos do Cristo e sim a pregar o ódio contra os que não pensam igual.

“A palavra ´espírito´(no singular) aparece centenas de vezes na Bíblia, em quase

todas se referindo à dimensão interior do ser humano vivo. As variantes

encontradas são 'espírito maligno' ou ´espírito mentiroso´. Quanto à palavra

´espíritos´(no plural), o termo aparece na Bíblia entre 36 vezes(na Versão Almeida

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Revisada) e 47 vezes(na Nova Versão Internacional), dependendo da versão, em

função dos sinônimos empregados”

Anteriormente, foi citado por mim passagens em que claramente se refere ao espírito de um desencarnado, sendo que em uma delas trocaram “espírito” por “vento”, sendo que ventos não têm rosto e nem falam. Em outra, trocaram por “espírito santo”, enquanto na Vulgata Latina está “espírito bom”, e não faria sentido Deus(o Pai) enviar a si mesmo(Espírito Santo) aos homens. A não ser que existam três deuses, mas os evangélicos não se definem como politeístas.Mesmo não usando a palavra “espírito”, foram citados casos de visões, em que a explicação só pode ser a espírita ou, então, casos de esquizofrenia.

“Vamos utilizar a Nova Versão Internacional como base para a análise dessa

palavra. O termo aparece quatorze vezes no Antigo Testamento e trinta e três no

Novo Testamento. No caso do Antigo Testamento, das quatorze vezes em que

aparece, em onze delas(Levítico 19:31, 20:6, 20:27; Deuteronômio 18:11; 1Samuel

28:3,7,e 9; 2Reis 21:6 e 23:24;2Crônicas 33:6 e Isaias 8:19) é usado para condenar

a consulta a médiuns; em duas (Provérbios 9:18 e Isaias 14:9) para se referir a

mortos que se encontravam inativos no devido lugar reservado aos mortos, e em

uma delas (Zacarias 6:5) é usado como metáfora para comunicar o poder de Deus

em ação”

Versão Almeida Revista e Atualizada:

Levítico 19:31 Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.

Levítico 20:6 Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo.

Levítico 20:27 O homem ou mulher que sejam necromantes ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles.

Nada de Doutrina Espírita aqui.

I Samuel 28:3 Já Samuel era morto, e todo o Israel o tinha chorado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; Saul havia desterrado os médiuns e os adivinhos.

I Samuel 28:7 Então, disse Saul aos seus servos: Apontai-me uma mulher que seja médium, para que me encontre com ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Há uma mulher em En-Dor que é médium.

I Samuel 28:9 Respondeu-lhe a mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da terra os médiuns e adivinhos; por que, pois, me armas cilada à minha vida, para me matares?

II Reis 21:6 E queimou a seu filho como sacrifício, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e tratava com médiuns e feiticeiros; prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira.

Aqui, já entra a mentira, pelo uso do termo “médium”, criado por Kardec, quando o certo é “necromante”,e, como já dito, todo necromante é um médium mas a recíproca não é verdadeira,

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afinal nem todo médium exerce seu dom para “adivinhações”.

Vejamos na Versão Almeida Corrigida e Fiel (ACF):

I Samuel 28:3 E Samuel já estava morto, e todo o Israel o tinha chorado, e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; e Saul tinha desterrado os adivinhos e os encantadores. I Samuel 28:7 Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela, e consulte por ela. E os seus criados lhe disseram: Eis que em En-Dor há uma mulher que tem o espírito de adivinhar. I Samuel 28:9 Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores; por que, pois, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer?

II Reis 21:6 E até fez passar a seu filho pelo fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocar à ira.

Não preciso dizer mais nada. Então, pastor Israel, que tal seguir a regra e ficar com o que a Bíblia realmente diz?

Provérbios 9:18 Eles, porém, não sabem que ali estão os mortos, que os seus convidados estão nas profundezas do inferno.

Isaías 14:9 O além, desde o profundo, se turba por ti, para te sair ao encontro na tua chegada; ele, por tua causa, desperta as sombras e todos os príncipes da terra e faz levantar dos seus tronos a todos os reis das nações.

No Espiritismo há o que se poderia chamar de inferno. Há áreas de espíritos sofredores, que chamamos de zonas umbralinas. Mas esse sofrimento não é eterno.É certo que a Bíblia diz sobre a eternidade do Inferno. Mas acontece que a palavra"aion" - assim como seu adjetivo "aionios" - traduzida como "eterno", na verdade significa "tempo indeterminado","duração indefinida", "longa duração". E a mesma coisa com a palavra hebraica "olam"."O conceito de eternidade nas línguas semíticas é o de uma longa duração e séries de eras" (Rev. J. S. Blunt - Dicionário de Teologia)

"'É do conhecimento de muitos", diz Bispo Rust, "que os judeus, seja escrevendo em hebraico ou em grego, referem-se a olam (a palavra hebraica correspondente a aion), e a aion no sentido de um certo período ou duração." "A palavra aion nunca é usada nas Escrituras, ou em nenhum outro lugar, no sentido de sem fim (vulgarmente chamado eternidade, ela significa, nas Escrituras e fora delas, um período de tempo; afinal, como poderia ela ter um plural - como poderia você falar em aeons e aeons de aeons como nas Escrituras?" (Charles Kingsley)Prova disso é que há passagens onde também traduziram como "eterno" ou "para sempre" e esse significado não é suportado.Exemplo: "Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida. (Jonas 2:6)"Jonas não esteve para sempre, eternamente, na baleia.Há vários outros exemplos: Canaã não foi dada para os judeus eternamente, Sodoma e Gomorra não estão queimando até hoje, o sacerdócio dos levitas não existe até hoje, etc.Se "olam"/"aion" significa para sempre, então os escravos hebreus, de milhares de anos atrás, devem estar servindo aos seus senhores até hoje:

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"Mas se esse servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, a minha mulher e a meus filhos, não quero sair forro; então seu senhor o levará perante os juízes, e o fará chegar ã porta, ou ao umbral da porta, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre." (Êxodo 21:5-6)

"Aionios" é o adjetivo de "aion", significando "de longo tempo", "de longa duração". Pode significar "eterno" apenas em relação a Deus mas não no seu sentido original."Aion" tem plural, portanto não pode significar eterno. Há frases onde a palavra "aion" é usada repetidamente na Bíblia, um "aion" adicionado a outro "aion". Mas como, se"aion" deveria por si mesmo ser a eternidade, o infinito? Há frases se referindo a um"aion" ou a uns "aions" e ALÉM (ton aiona kai ep aiona kai eti: eis tous aionas kai eti.- Septuaginta - Êxodo 15:18; Daniel 12:3; Miquéias 4:5.) Algumas vezes a Bíblia se refere ao fim do "aion" (Mateus. 13:39,40,49; 24:3; 28:20; I Coríntios. 10:11; Hebreus. 9:26.), se referindo ao fim de um ciclo, de uma era, e não ao fim do mundo.Alguns espertos tradutores ainda colocaram um "eterno" onde nem havia "olam"/"aion", como em Mateus 18:8:“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.”(no texto original, apenas fogo).O fato é que Jesus sempre falou sobre um "temporário período de correção" (kolasin aionion) em contraste com os escritos pagãos que falavam sobre um "castigo eterno" (aidios timoria). A palavra SEMPRE usada pelos escritores gregos ao se referir a um castigo eterno é "aidios". Então, a Bíblia iria usar a palavra "aidios" se o inferno fosse eterno. Já havia nos tempos do Cristo seitas que acreditavam numa punição eterna.Vejamos o que diz "The Origins of Endless Punishment" ("As Origens da Punição Eterna") escrita por Hanson em 1899: "Por exemplo, os fariseus, de acordo com Josepho, achavam que a penalidade para o pecado era um tormento sem fim e eles declaram essa doutrina sem ambiguidade. Chamavam de eirgmos aidios(Prisão Eterna) e timorion adialeipton (Tormento sem fim) enquanto nosso Senhor chamava a punição do pecado de aionion kolasin (longa punição)"As palavras "eirgmos aidios" ou "prisão eterna" e "timorion adialeipton", "tormento sem fim", jamais aparecem no Novo Testamento. Claro, pois Deus é AMOR e é para ser AMADO e não TEMIDO.

Mais a frente em seu livro, diz o pastor: “Em Hebreus 1:14, a palavra refere-se a anjos,

seres enviados por Deus para tarefas específicas, que nunca foram seres

humanos.”

Severino C. da Silva em seu livro "Analisando as Traduções Bíblicas": "No Livro dos Espíritos, questão 128, encontramos o conceito de que os anjos, os arcanjos e os serafins não formam uma categoria especial da natureza diferente dos outros espíritos, mas são os espíritos puros daqueles que se acham no mais alto grau da escala evolutiva e reúnem todas as perfeições. Esclarece ainda que a palavra anjo revela, geralmente, a idéia da perfeição moral; entretanto, aplica-se, frequentemente, a todos os seres bons e maus que estão fora da Humanidade. Diz-se: o bom ou mau anjo, o anjo da luz e o anjo das trevas. Nesse caso, é sinônimo de Espírito ou gênio. Nós a tomamos aqui na sua boa acepção. Os anjos percorreram todos os degraus da escala evolutiva, reencarnaram muitas vezes até atingirem a perfeição. Uns evoluíram mais rápido do que outros, principalmente aqueles que aceitaram suas missões sem murmurar (questão 129. L.E.) O conceito de Demônio apresentado por muitos teólogos não apresenta consistência perante os estudos científicos a esse respeito. Muitos afirmam ser o demônio a personificação do mal. Léon Denis afirma ser justo a igreja recomendar prudência aos seus fiéis; errada, porém, em lhes

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proibir as práticas espíritas, a pretexto de que emanam do demônio. É, por ventura, demônio o Espírito que se confessa arrependido e pede preces? Demônio o que nos exorta à caridade e ao perdão? Na maioria dos casos, em lugar de ser essa personagem astuciosa e maligna descrita pela igreja, Satanás seria completamente destituído de bom senso, não percebendo que trabalha contra si. (...) A palavra hebraica ´malách´ significa mensageiro que o grego na tradução da Setenta chamou de ´anguelos´ e significa anjo. Analisando o significado hebraico da palavra, ou seja, 'mensageiro', poderíamos aceitar o belo livro ´Os Mensageiros´ psicografado por Francisco Cândido Xavier e ditado pelo espírito de André Luiz, como ´o livro dos anjos. No Antigo Testamento, a forma mais primitiva de fé nos anjos parece ter sido a do ´mensageiro de Iahvéh'. O mensageiro aparece a Agar no deserto(Gn. 16:7-13); 21:17-20), dispensa Abraão de sacrificar Isaac (Gn 22:11-18) e protege o servo de Abraão em sua viagem para encontrar uma mulher para Isaac(Gn 24: 7-40). Fala a Jacó em sonho(Gn. 31:11-13), protege-o de todo o mal(Gn 48:16) e luta com ele em Peniel(Gn. 32:24-30). Aparece a Moisés na sarça ardente (Ex. 3:2-6) e conduz Israel através do mar vermelho e do deserto (Ex. 14:19-31; 23:20-25; 33:2 e 3; Nm 20:16) Impede a passagem de Balaão na estrada, quando ele vai se encontrar com Balac(Nm. 22:22-35). Provavelmente, é também o homem que aparece a Josué nas proximidades de Jericó(Js. 5:13-15), o ´chefe do exército de Iahvéh'. Fala aos israelitas em Boquim(Juízes 2:1-3). Conclama-os a amaldiçoarem os habitantes de Meroz(Juízes 5: 23-25). Aparece a Gedeão(Juízes 6:11-18) e à mãe de Sansão(Juízes 13:3-5). Como anjo exterminador da peste, aparece a David na eira de Areúna(2 Samuel 24:16-17). Aparece a um profeta de Betel(I Reis 13:18 e 19) e a Elias durante a sua viagem ao Horêv (I Reis 19:5-7) e antes do seu encontro com os mensageiros de Ocozias (2 Reis 15 e 16). E também destrói os assírios diante de Jerusalém (2. Reis 19: 35; 2 Crônicas 32:21; Isaías 3&:36). Nos livros de Samuel e dos Reis não aparecem outras vezes mas nos diálogos é usado como exemplo de fidelidade (I Samuel 29:9), de sabedoria (2 Samuel 14:20) e de força (2 Samuel 19:28). No plural, o termo só aparece em Gênesis 19:1(os dois anjos que salvaram Ló de Sodoma) em Gênesis 28:12 (os anjos sobem e descem a escada vista em sonho por Jacó) e em Gênesis 32:2 (vêm ao encontro de Jacó em Maanaim). Essas passagens mostram com clareza que o anjo de Iahvéh pertence às partes mais antigas da tradição hebraica. O fato de que o mensageiro aparece com freqüência sempre menor, na medida em que o relato se desenvolve, pode ser explicado, considerando-se que as tradições mais antigas representam uma visão folclórica que, muitas vezes, acentua o maravilhoso e recorre ao divino para explicar os fenômenos. Também é evidente que não se pode distinguir claramente o anjo mensageiro de Iahvéh do próprio Iahvéh (segundo Gênesis 16: 13; 21:18;31:13; Êxodo 3:2-6;Juízes 6:14;13:22). Deduz-se que o anjo é um enviado de Iahvéh para falar em seu nome ou em seu nome realizar maravilhas, coisas que, em outros lugares, Iavéh realiza sem intermediários. Em algumas das passagens citadas, pode-se pensar que o anjo de Iahvéh seja um acréscimo teológico à narração, acréscimo que teria o objetivo de preservar a transcendência divina do contato muito íntimo com a criatura, ao passo que outras formas de tradição não demonstram esse escrúpulo. Pode-se concluir que a idéia do mensageiro na fé primitiva oscila entre uma união dos atributos e das operações divinas entre um ser pessoal e celeste determinado. Em Isaías 63:9 não é um mensageiro nem um anjo que liberta Israel, mas a presença de Iahvéh. O mensageiro não é um Deus. E também não é um ser espiritual. Os hebreus não tinham nenhuma idéia da realidade espiritual e distinguiam os seres celestes dos homens apenas somente pela idéia de que os primeiros deveriam ser diferentes do segundo. O anjo não é descrito, mas nada sugere a idéia de que fosse concebido de modo diverso da forma humana. O anjo de Iahvéh também continua aparecendo nos livros mais tardios. Ele acampa com aqueles que temem Iahvéh, como o anjo do Êxodo(Sl. 34:8), e persegue os maus (Sl. 35:5 e 6). Rafael, um dos sete anjos, que apresentam as preces do povo de Deus, ajuda Tobit e seu filho em suas necessidades (Tb 12:15). Em especial, aparece como o mediador entre Iahvéh e os profetas. Em

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Zacarias (1:1-17), cada visão é explicada pelo anjo que acompanha o profeta. A mesma concepção pode ser encontrada em Daniel 8:15-26 e Daniel 9:21-27, onde o anjo tem forma humana e recebe o nome de Gabriel. Em Daniel 10:9-21 aparece o príncipe Miguel, o anjo do povo de Israel que luta contra os príncipes da Grécia e da Pérsia em defesa de Israel. A mesma função de interpretação é exercida pelo "filho do homem" em Ezequiel 4:1-17 ao passo que Eliú (Jó 33:23) afirma que Deus enviará um anjo "Mediador" para interceder pelo homem atingido pelo sofrimento. Há um evidente contraste entre essa representação e a ´palavra de Iahvéh´ que chega diretamente aos profetas nos livros proféticos mais antigos. Tanto a revelação como os atos de Iahvéh se realizam pela mediação de um ser celeste, para que a transcendência divina apareça mais claramente. Os Anjos no Novo Testamento. Nos Evangelhos, os anjos têm uma importância marcante. E sobre a infância de Jesus ela é muito evidente. Os anjos avisam José do próximo nascimento do menino (Mateus 1:20-23), da fuga para o Egito (Mateus 2:13) e do retorno (Mateus 2:19). Nesses casos o anjo não difere do "mensageiro" de Iahvéh do Antigo Testamento. Gabriel é o anjo da anunciação: é ele quem fala a Zacarias do nascimento de João Batista(Lucas 1:11-21) e a Maria sobre o nascimento de Jesus (Lucas 1:26-37). Tanto o nome como a função de Gabriel derivam do Livro de Daniel. O anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus aos pastores, acompanhado por uma multidão do exército celeste que canta um hino de louvor(Lucas 2:9-14). Também aqui nos encontramos concepções do Antigo Testamento. Os anjos assistem Jesus durante as "tentações" (Mateus 4:11 e Marcos 1:13), um anjo o conforta durante a sua agonia (Lucas 22:43). Essas citações, no entanto, estão ausentes em alguns dos principais manuscritos. Na ressurreição de Jesus, há a presença de anjos, embora, ao que parece, sejam vistos apenas por poucos(Mateus 28:2;Lucas 24:23 e João 20:12), também aqui eles são mensageiros. Os anjos também aparecem como corte celeste que acompanha o Senhor(Lucas 12:8 e 9;15:10), dando-nos a entender que a ela Deus manifesta os seus desígnios (Mateus 24:36). Provavelmente, em Mateus 18:10, os anjos devem ser entendidos como custódios dos pequenos. Da mesma forma, Jesus poderia convocar os anjos para libertá-lo daqueles que O prendiam (Mateus 26:43). São os anjos que levam Lázaro para o seio de Abraão(Lucas 16:22). O anjo da piscina de Batesda não se encontra em quase nenhum dos manuscritos principais e não faz parte do Evangelho original(João 5:4). Os anjos também são ministros do juízo de Deus na Parusia (vinda escatológica do Cristo): reúnem os pecadores para o julgamento (Mateus 13:41 e 49), acompanham o Filho do Homem em sua vinda (Mateus 16:27; Marcos 8:38 e Lucas 9:26), reúnem os eleitos(Mateus 24:31 e Marcos 13:27). O que acabamos de apresentar no Antigo Testamento e nos Evangelhos demonstra que não existe diferença da concepção de "anjo" entre os dois distintos períodos. E, ainda que, segundo as informações da Doutrina Espírita, não existe nada de sobrenatural nestas citações. São fenômenos puramente espíritas e causados por entidades evoluídas chamadas anjos, que ainda hoje assistem a todos nós em nossas existências terrenas. O que ocorria no passado, ocorre no presente e ocorrerá no futuro. Muitos poderão argumentar que estes fenômenos só foram possíveis de se realizar porque foram promovidos pelos profetas e pelo Cristo. Mas o que dizer então dos mesmos fenômenos ocorrendo com todos os apóstolos e com o próprio Paulo e demais vultos do Cristianismo nascente? Por que o apóstolo João na sua primeira Epístola no capítulo 4:1 recomenda: "Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se os espíritos são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo" ? Se não existisse comunicação com os espíritos, como se justificaria tal recomendação?"

Uma incoerência de quem diz que no Espiritismo há APENAS manifestações demoníacas é que a Bíblia também fala em anjos, mas onde estão eles hoje, se até as boas manifestações são

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"demoníacas" ??

Procurei em uma Bíblia eletrônica pela palavra "anjo" no Novo Testamento. 178 ocorrências. Algumas delas:

"20 E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um [anjo] do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;" (Matheus 1:20)"13 E, havendo eles se retirado, eis que um [anjo] do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar."(Matheus 2:13)"11 Apareceu-lhe, então, um [anjo] do Senhor, em pé à direita do altar do incenso. "(Lucas 1:11)"28 E, entrando o [anjo] onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo. "(Lucas 1:28)"9 E um [anjo] do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor." (Lucas 2:9)"43 Então lhe apareceu um [anjo] do céu, que o confortava." (Lucas 22:43)"23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de [anjo]s que diziam estar ele vivo."(Lucas 24:23)"4 [Porquanto um [anjo] descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.] " (João 5:4)"12 e viu dois [anjo]s vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. "(João 20:12)"19 Mas de noite um [anjo] do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse:" (Atos 5:19)"30 E passados mais quarenta anos, apareceu-lhe um [anjo] no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça. "(Atos 7:30)"3 cerca da hora nona do dia, viu claramente em visão um [anjo] de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia: Cornélio! "(Atos 10:3)"13 E ele nos contou como vira em pé em sua casa o [anjo], que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro, "(Atos 11:13)"23 Porque esta noite me apareceu um [anjo] do Deus de quem eu sou e a quem sirvo," (Atos 27:23)

Paulo afirmou: "Vos recebestes a lei por mistérios dos anjos" (Atos 7:53), explicando ainda em Hebreus 2:2: "Por que a lei foi anunciada pelos anjos", e confirmando na mesma epistola, 1:14: "Espíritos são administradores, enviados para exercer o ministério".

Também em Hebreus, (1:7) Paulo afirma: "o que faz os seus anjos espíritos e os seus ministros chamas de fogo". Está claro que os anjos são espíritos reveladores das leis de Deus aos homens, como afirma o Espiritismo. Paulo vai ainda mais longe, afirmando em Atos 7:30-31, que Deus falou a Moisés através de um anjo na sarça ardente. Os anjos são, portanto, espíritos, ministros de Deus, que os faz chama de fogo nas aparições mediúnicas. Em Hebreus, 12:9, Paulo se refere a Deus como "Deus dos Espíritos". Houve casos estudados de manifestações de espíritos que eram na forma de línguas de fogo. Essas manifestações confirmam que os fenômenos de Pentecostes e o anjo da sarça ardente foram mediúnicos.

Procurei por "anjo" no Velho Testamento e foram 111 ocorrências.

Algumas delas:

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"12 Então disse o [anjo]: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho. " (Gen 22:12)"1 Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os [anjo]s de Deus."(Gen. 32:1)"2 E enviarei um [anjo] adiante de ti (e lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus)," (Exodo 33:2)"16 e quando clamamos ao Senhor, ele ouviu a nossa voz, e mandou um [anjo], e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos" (Números 22:26)"23 Amaldiçoai a Meroz, diz o [anjo] do Senhor, amaldiçoai acremente aos seus habitantes; porquanto não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor, entre os valentes. " (Juizes 5:23)"16 Ora, quando o [anjo] estendeu a mão sobre Jerusalém, para a destruir, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao [anjo] que fazia a destruição entre o povo: Basta; retira agora a tua mão. E o [anjo] do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. " (II Samuel 24:16)"5 E deitando-se debaixo do zimbro, dormiu; e eis que um [anjo] o tocou, e lhe disse: Levanta-te e come." (I Reis 19:5)"21 Então o Senhor enviou um [anjo] que destruiu no arraial do rei da Assíria todos os guerreiros valentes, e os príncipes, e os chefes. Ele, pois, envergonhado voltou para a sua terra; e, quando entrou na casa de seu deus, alguns dos seus próprios filhos o mataram ali à espada. "(II Crônicas 32:21)"36 Então saiu o [anjo] do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos. " (Isaias 37:36)"22 O meu Deus enviou o seu [anjo], e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum. "(Daniel 6:22)"19 Eu perguntei ao [anjo] que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém." (Zacarias 1:19)

Sobre Daniel 3:49 e 50, diz Severino C. da Silva em "Analisando as Traduções Bíblicas": "Temos aqui um fenômeno de efeito físico, onde um espírito superior(Anjo) vem se materializar (materialização) e ainda manipular a matéria, transformando suas propriedades, inclusive, no caso, alterando a temperatura por ação direta nas moléculas da matéria" e "Daniel 9:20-27. Aqui o anjo Gabriel explica a profecia a Daniel que se encontrava em oração e, no capítulo 10, temos mais uma visão, com a aparição de um espírito materializado, tocando em Daniel com a mão, mandando-o que se levantasse. Daniel confessa um grande temor que o levou a tremer. Conclui ainda o capítulo 10 com um anúncio profético."

Analisando a Bíblia, percebemos que os chamados "anjos" viviam em contato permanente com os homens. Mas será que hoje só os demônios podem se manifestar ?? E por quê?? Onde diz na Bíblia que os anjos não podem vir para fortalecer a nossa fé, enquanto os demônios tem toda a liberdade para nos tentar?? Será que até os espíritos do bem são demônios enganadores?? Ora, então onde estão os anjos?? Se não são os espíritos dos homens que morreram na virtude, como diz o Espiritismo, por que não aparecem para desmascarar os "falsos anjos do Espiritismo" ? E o que é aquilo que os espíritas chamam de obsessão, e são iguais as possessões curadas por Jesus?? Tem a mesma origem das boas manifestações??

Mais adiante diz o autor que “A Bíblia registra que Deus condena a prática da

mediunidade, e até mesmo pede a morte para os seus praticantes, tamanho é o

poder nocivo que ela tem sobre as pessoas”

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O que há de nocivo, pastor? Não creio ser nocivo relembrar a pureza do Evangelho do amor para um mundo onde o “Cristianismo” é só ódio e intolerância.Não creio ser nocivo ensinar que colheremos o mal que plantamos. Mas, sempre, é claro, “até o último centavo”, conforme as palavras do Cristo, não por todo o sempre.

Mais à frente: “O que a Bíblia ensina é que com a morte, o corpo morre e vai para o

céu. A promessa de Jesus feita na cruz a um condenado junto com ele foi: 'Eu lhe

garanto: Hoje você estará comigo no Paraíso” (Lucas 23:43)

O ladrão foi misericordioso com o Cristo(com o homem Jesus Cristo e não o Salvador. Não foi a crença no "sangue redentor" que o salvou, mas o amor, que"cobre a multidão de pecados", a prática do mandamento "Amai ao próximo como a ti mesmo"), enquanto o outro ladrão zombava dele. Agiu, sim, com amor, e Cristo, que conhece o íntimo de cada um, sabia a sinceridade do sentimento dele.O Paraíso é consciencial, está dentro de nós. Naquele dia, o ladrão estaria em paz de espírito. Isso não nega a reencarnação. Ele reencarnaria, sim, mas certamente não mais em uma prova dolorosa, de resgate. O que poucos percebem é que essa parábola nega frontalmente a crença de que os mortos estão esperando um Juízo Final, já que, "naquele mesmo dia", o ladrão estaria no Paraíso. Esse detalhe é"esquecido" por aqueles que só querem lembrar dessa passagem bíblica para atacar a reencarnação e dizer que boas obras não salvam. Claro que salvam, pois o que o ladrão fez aqui foi demonstrar amor sincero e humildade.

“Além disso, para que a mediunidade seja aceita, a doutrina bíblica da criação deve

ser descartada”.

Descartamos o Criacionismo bíblico. Ficamos com a Ciência sempre.

“Todo homem e mulher são tentados por Satanás, que procura massacrá-los, para

desviá-los da santidade que Deus propõe”

O único Deus é o Criador. Ninguém é mais forte que Ele. Satanás é uma lenda. Antes do contato dos judeus com o Zoroastrismo persa só aparece na Bíblia em seu sentido original de “adversário”, não como um Deus voltado ao mal.Se o diabo é tão astuto, tem tantos poderes, é tão CAPAZ de enganar por que é que levou tanto tempo a criar o Espiritismo? Então, só agora ele age assim, enganando com bondades ? Como é que Maria, Daniel e outros que conversaram com anjos acreditaram neles, já que o demônio, segundo se diz, é mau, tem poder e se faz de "santo" para enganar ?? E como os profetas do Antigo Testamento não concluíram que Javé era o diabo ?? Se um católico ou protestante ver um anjo ou mesmo Deus nos dias de hoje, como terá certeza de que não é o demônio, enganando ?

“Portanto, para admitir a mediunidade é preciso admitir uma hipótese(que é negada

pela própria Bíblia): a hipótese de que não podemos nos comunicar diretamente

com Deus e nem ele pode se comunicar diretamente conosco. Só assim,

precisaríamos de intermediários para nos comunicar com ele. Ora, Deus criou todo

homem e mulher à sua imagem e semelhança. Todos pecaram, mas Deus, em sua

infinita bondade, ainda se inclina para a Humanidade. Não precisamos de

intermediários para dirigir a ele nossa oração. Deus, por sua vez, age como quer e

também não precisa de intermediários para falar conosco. Ele fala objetivamente

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por meio de sua palavra escrita. Ele fala subjetivamente por meio do Espírito

Santo, que não é o espírito de uma pessoa morta, mas é(sem metáforas e

literalmente falando) o próprio Espírito de Deus.”

Se Deus não precisa de intermediários, então para que os teólogos e exegetas, sempre querendo que aceitemos a sua versão do que a Bíblia diz?Os espíritos são criaturas de Deus, sejam os espíritos desencarnados ou encarnados, como pastores, padres, o Papa e a outros a quem os cristãos dão ouvidos. São todos humanos, são pessoas, com a diferença dos desencarnados serem obviamente mais esclarecidos quanto aos assuntos da vida espiritual. Espíritos desencarnados não substituem Deus, não adoramos espíritos como se fossem deuses, pois não adoramos semelhantes - somos todos espíritos imortais e, assim como oramos a Deus, inclusive pedindo a ele o auxílio dos bons espíritos(coisa que JESUS nos ensinou: espírito BOM e não Espírito SANTO, pois Deus não poderia enviar a si mesmo), também chegaremos ao nível daqueles bons espíritos e também iremos trabalhar para o próximo como eles. Esse é o destino de todos nós, por mais que alguns prefiram crer em um Deus que pune com um inferno eterno, um Deus incapaz de perdoar seus filhos, e ainda que o destino dos "salvos" seja passar a eternidade em um paraíso ocioso sem se importar com o sofrimento do próximo. Se Deus nos fala objetivamente através do Espírito Santo, então este deve estar confuso, pelas várias divergências entre os cristãos(entre católicos e evangélicos e entre as diversas igrejas evangélicas), todos eles se dizendo inspirados pelo Espírito Santo.

Respondendo a “A (in)comunicação com os mortos”.

Inicia o pastor se repetindo em algumas páginas sobre alguns assuntos anteriores, como a “proibição a comunicação com mortos”.Novamente falando sobre a parábola do rico e Lázaro, ele diz: “Abraão deixou claro que havia

somente uma forma de os mortos voltarem para a Terra: por meio da

ressurreição(v. 31)”.

Em momento nenhum é dito que ele voltaria apenas pela ressurreição. É dito simplesmente que os irmãos do rico não acreditariam nem mesmo se ele ressuscitasse. Dizer que seria a única forma, novamente, é querer ver o que a Bíblia não diz, contrariando o que o pastor ensinou no início de seu livro.E “ressurreição” possui vários significados. Prof. Carlos Juliano Torres Pastorino, Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília; Iatinista, helenista e exímio poliglota; diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, este insigne linguista nasceu em 04/11/1910 no Rio de Janeiro, desencarnando em Brasília em 13/06/1980. Deixou-nos raras obras-primas de exegese, como Sabedoria do Evangelho (1964-1971, oito volumes) e La Reincarnaciòn En El Antiguo Testamento (Revista SPIRITVS, 1964, versão castelhana do Prof. Angel Herrera), infelizmente sem reedições modernas. Conta-nos o grande teólogo que são frequentemente traduzidos por "ressuscitar" os verbos gregos egeirô(estar acordado, despertar) e anistêmi(tornar a ficar de pé, regressar), e que este último encerra um sentido geralmente negligenciado pelos tradutores: o de "reencarnar". Explica-nos o afamado autor de Minutos de Sabedoria que as Escrituras não falam em "ressurreição dos corpos" ou "da carne", mas em anástasis ek tón nekron, ou seja: "ressurreição dos mortos".

De posse destes esclarecimentos oferecidos por uma autoridade linguística festejada como a do Prof. Pastorino, torna-se relativamente fácil aos estudiosos das Escrituras identificarem os sentidos negligenciados propositadamente pelos tradutores modernos, mais ainda se utilizarem a chave que faculta a compreensão definitiva de obscuridades antes insuperáveis: a Ciência Espírita,

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Assim, se a ressurreição é dos mortos e não dos corpos, podemos deduzir existirem pelo menos três sentidos para o "tornar a ficar de pé", o "regressar", pois quem ressuscita, quem ressurge é o Espírito: 1o - Para o plano espiritual, quando desencarna; 2o - Para o plano físico, quando reencarna; e 3o - Pela vidência ou pelas materializações, sendo este o caso da parábola.

Mais à frente diz o pastor novamente sobre “a atitude de aceitar o que o texto bíblico diz,

em lugar de levá-lo a dizer aquilo que se quer”, coisa que vem sendo desrespeitada pelo próprio autor – e será ainda mais nas linhas seguintes, ao tratar da comunicação do espírito Samuel na Bíblia( I Samuel, Capítulo 28), fazendo uma tremenda “ginástica” para não ter que aceitar o óbvio:

“”É a descrição que a mulher faz de um homem que leva Saul a concluir que se

tratava de Samuel. Ela disse que teve uma visão de um ser que subiu da terra,

vestindo um manto. A descrição é genérica demais, propícia a mistificação. O texto

diz: “Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se, rosto

em terra” (v.14). O próprio texto(versículo 13) deixa claro que Saul não via

diretamente a Samuel. Ele o “viu” por intermédio da médium.

Samuel era conhecidíssimo em Israel .Não seria difícil para a médium, passado o

susto inicial, atribuir a sua visão uma descrição que se encaixasse à pessoa de

Samuel. Naquela época quase todas as pessoas usavam manto, que era uma peça

comum no vestuário dos povos do Oriente Médio”

Evidente que Saul não viu. A vidente era a mulher, não ele. Ficamos apenas com a palavra da mulher. Mas e quanto a Bíblia, que, segundo o pastor, devemos deixar “falar”, sem desviar do que está lá? Ela dá crédito ou não à vidente?

Analisemos o que diz a Bíblia em I Samuel 28:

“E Saul se disfarçou, e vestiu outras roupas, e foi ele com dois homens, e de noite chegaram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito de feiticeira, e me faças subir a quem eu te disser.E Saul se disfarçou, e vestiu outras roupas, e foi ele com dois homens, e de noite chegaram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito de feiticeira, e me faças subir a quem eu te disser.Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores; por que, pois, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer?Então Saul lhe jurou pelo SENHOR, dizendo: Vive o SENHOR, que nenhum mal te sobrevirá por isso.A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E disse ele: Faze-me subir a Samuel.Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou com alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul.E o rei lhe disse: Não temas; que é que vês? Então a mulher disse a Saul: Vejo deuses que sobem da terra.E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou.Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.Então disse Samuel : Por que, pois, me perguntas a mim, visto que o SENHOR te tem

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desamparado, e se tem feito teu inimigo?Porque o SENHOR tem feito para contigo como pela minha boca te disse, e o SENHOR tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu próximo, a Davi.Como tu não deste ouvidos à voz do SENHOR, e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o SENHOR te fez hoje isto.E o SENHOR entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o SENHOR entregará na mão dos filisteus.E imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel; e não houve força nele; porque não tinha comido pão todo aquele dia e toda aquela noite.”

Grifei propositadamente para que vejam que a Bíblia afirma com todas as letras que era Samuel.Antes mesmo da Bíblia dizer que Saul entendeu que era Samuel quem a mulher via(e só poderia mesmo entender, pois ele não era vidente), a Bíblia diz que a mulher via realmente Samuel. “Vendo Samuel”, “Disse Samuel”, são frases que confirmam que para o autor bíblico era de fato Samuel quem se manifestava. Não é dito “o possível Samuel” ou “vendo o pretenso Samuel”. E agora, pastor? Como fica a regra de que devemos aceitar o que diz a Bíblia sem ir além?Das duas uma: ou era Samuel e a Bíblia atesta que os mortos podem se comunicar, ou, então, de infalível e divina a Bíblia não tem nada, já que mentiu.

“A revelação sobre o futuro de Saul não foi rigorosa, mas uma meia-verdade. Ele

não morreu na guerra, mas ferido, tendo cometido suicídio pouco depois. De igual

modo, nem todos os seus filhos morreram(v. 29); Is-bosete, Armoni e Mefibosete

sobreviveram. A morte de Saul não se deu no dia seguinte, mas 18 dias depois”

Agora provarei que as profecias de Samuel espírito se cumpriram todas, ao contrário do que dizem aqueles que tentam provar que Samuel era na verdade o diabo.

Disse Samuel:

“Como consequência, Iahweh entregará, juntamente contigo, o teu povo Israel nas mãos dos filisteus. Amanhã, tu e os teus filhos estareis comigo, e o exército de Israel também: Iahweh o entregará nas mãos dos filisteus." ( (1Sm 28,19)

Grifei os pontos polêmicos quanto ao cumprimento da profecia.

Vejamos as profecias específicas proferidas por Samuel-espírito, que segundo a Bíblia dos Católicos, “mesmo depois de sua morte, ele profetizou, predizendo ao rei o seu fim” (Eclesiástico 46:23)(Edição Pastoral – Paulus)

“Entregará, juntamente contigo, o teu povo Israel e o exército nas mãos dos filisteus”: significa simplesmente que na guerra contra os filisteus (1Sm 28,4), Saul, o povo de Israel e todo o exército seriam derrotados (entregues nas mãos) pelos filisteus. E não importa aqui se houve suicídio. Eles foram derrotados pelos filisteus.

Vejamos se foi exatamente isto o que ocorreu:“1. Os filisteus atacaram Israel, e os homens de Israel fugiram perseguidos por eles e caíram, feridos de morte, no monte Gelboé. 2. Os filisteus fizeram o cerco a Saul e seus filhos, e mataram a Jônatas, Abinadab e Melquisua, filhos de Saul. 3. Todo o peso do combate se concentrou sobre Saul. Os atiradores, homens armados de arco, o descobriram, e ele tremeu fortemente à vista dos

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atiradores. 4. Então disse Saul ao seu escudeiro; 'Desembainha a tua espada e transpassa-me, para que não venham esses incircuncisos e escarneçam de mim'. Mas o seu escudeiro não quis obedecer-lhe, pois tinha muito medo. Então Saul tomou sua espada e lançou-se sobre ela. 5. Vendo que Saul estava morto, também o escudeiro se lançou sobre a sua espada e morreu com ele. 6. Assim, morreram juntos naquele dia, Saul, os seus três filhos, o seu escudeiro e todos os seus homens.

Muito claro no texto a afirmativa de que “morreram juntos naquele dia, Saul, os seus três filhos, o seu escudeiro e todo os seus homens (exército)”, cumprindo-se fielmente a profecia. Aliás, ela não especifica como seriam mortos todos eles, muito menos como seria a morte de Saul, para querer justificar que ele não foi morto, mas suicidou-se. Diz apenas que seriam entregues às mãos dos filisteus, portanto derrotados pelos filisteus. E há outras versões para o episódio:

1ª) Saul suicidou-se: “Então Saul disse ao escudeiro: "Desembainhe a espada e me atravesse, antes que esses incircuncisos cheguem e caçoem de mim". O escudeiro ficou apavorado e não quis obedecer. Então Saul pegou a espada e atirou-se sobre ela.” (1Sm 31,4).2ª) Saul foi morto por um amalecita: “Eu estava casualmente no monte Gelboé e vi Saul apoiado em sua própria lança, enquanto os carros e cavalheiros se aproximavam. Saul virou-se, me viu, e me chamou. ...Então Saul me disse: ‘Aproxime-se e matame, pois estou agonizando e não acabo de morrer’. Então eu me aproximei dele e o matei, porque eu sabia que ele não iria mesmo sobreviver depois de caído”. (2Sm1,1-10).3ª) Os filisteus o enforcaram: “Então Davi foi pedir os ossos de Saul e de seu filho Jônatas aos cidadãos de Jabes de Galaad, que os tinham levado da praça de Betsã, onde os filisteus os haviam enforcado, quando venceram Saul em Gelboé”. (2Sm 21,12).Novamente, um problema para quem crê numa Bíblia sem contradições.Quanto ao "amanhã", dizem ser uma falha porque Saul não morreu no dia seguinte. Primeiro, é preciso saber que a palavra “amanhã” no grego da LXX é aurion que pode ser literalmente “no dia seguinte” (Num 16:16; At. 23:20). Mas, esta palavra pode também significar “logo” (Mat 6:30; 1 Cor 15:32) ou algum tempo ainda indefinido do futuro (Gen 30:33; Deut 6:20). O mesmo se vê no hebraico, que usa a palavra machar, que pode significar literalmente “amanhã” (Num, 16:16), ou um tempo ainda indefinido do futuro (Gen 30:33; Deut. 6:20). Sabendo isto, uma interpretação possível é, como traduzido por várias versões, “amanhã tu e teus filhos estareis comigo...”. Porém, uma outra tradução ainda perfeitamente aceitável do mesmo versículo seria “logo tu e teus filhos estareis comigo”. Dentro do contexto, tanto no grego como no hebraico, uma tradução que dá a entender que Saul e seus filhos morreriam “em breve” é totalmente aceitável.Segundo, é importante lembrar que o que acontece logo em seguida (caps. 29-30) não aconteceu necessariamente em ordem cronológica após os eventos de Cap. 28. 1 Crôn. 10 fala da morte de Saul (que ocorre em 1 Sam 31). Mais adiante o mesmo livro, 1 Crôn. 12:19-20, fala dos eventos que ocorreram antes da morte de Saul, em 1 Sam 29. Isto não significa que as duas histórias estão em contradição, mas simplesmente que os historiadores não se sentiram obrigados a relatar as coisas precisamente em uma seqüência cronológica.A questão, agora, se resume na afirmativa de que não morreram todos os filhos de Saul. Em 1Sm 28,19 diz apenas que “tu e os teus filhos estareis comigo”; portanto, não se afirmou que TODOS os filhos de Saul iriam morrer. Mas, considerando o “teor geral das escrituras”, podemos argumentar que sim, usando-nos dessa afirmação: “Dessa forma, morreram Saul e seus três filhos: a família inteira” (1Cr 10,6), confirmando totalmente a profecia.

Seria interessante que também observássemos certos detalhes que são essenciais para o entendimento correto daquilo que aconteceu. Por qual motivo o cronista disse que morreu a família inteira de Saul? Teríamos alguma coisa para esclarecer isto? É aí que separamos um pesquisador de

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um fanático; enquanto o primeiro não se dá por satisfeito realizando uma investigação mais profunda possível, o outro se contenta com a primeira informação que coincida com seu interesse dogmático, ficando plenamente feliz com sua “descoberta”.Veremos que os filhos de Saul com Aquinoam, sua esposa, foram segundo 1Sm 14,49: Jônatas, Jesui (Isbaal ou Isboset) e Melquisua, enquanto, que em 1Sm 31,2, são citados: Jônatas, Abinadab e Melquisua. Abstraindo-se da divergência dos nomes, a quantidade é a mesma. Por ser a “mulher oficial” de Saul estes é que eram considerados os de sua família. Foram exatamente estes que pereceram juntamente com o pai.

Mas não foram só estes os filhos de Saul. Ele teve outros; de dois deles – Armoni e Meribaal (ou Mefiboset) - conseguimos identificar a mãe. O detalhe é que a mãe deles era uma concubina de Saul (2Sm 3,7) chamada Resfa, filha de Aías; assim, por serem filhos da “filial”, certamente não seriam considerados da família.Todos conhecemos a expressão popular “filho sem pai”; mas, para a nossa surpresa, encontramos, aqui – justo na Bíblia, um “filho sem mãe”, cujo pai foi Saul. Seu nome era Isbaal (Isboset) (2Sm 2,8), cujos relatos não identificam quem foi a sua mãe.Uma opinião importante: “Esta verdadeira 'batalha de Waterloo' de Saul e seus filhos cumpriu a profecia de Samuel (28,19)”. (grifo nosso). Essa opinião, que retiramos da Bíblia Anotada – Mundo Cristão (p. 403), que é a usada pela maioria dos evangélicos.. Observar bem que nesta opinião consta que se cumpriu a profecia de Samuel, e não de um pseudo-Samuel, citando capítulo 28, versículo 19, ou seja, justamente aquele que trata da manifestação do Espírito de Samuel fazendo a profecia em análise.

Nas páginas seguintes, o autor lança 4 hipóteses para não ter que simplesmente aceitar o que a Bíblia diz, sendo a quarta dela a hipótese do “espírito do engano” se manifestando. Ou seja, a Bíblia é inspirada por Deus apenas quando interessa. Aqui foi o diabo enganando.E em seguida ao falar novamente sobre a proibição a comunicação com mortos: “se o problema

fosse apenas o abuso da prática da necromancia, como alegam alguns, Deus não

condenaria tão frontalmente a prática em si”.

Necromancia em si já é um abuso, pastor. É prática de adivinhações. Aliás, necromancia foi o que Saul buscou.

“O que fez Saul senão buscar revelações ilícitas com uma necromante visando

benefícios pessoais? Ademais: Que preço pagou? A própria Bíblia informa algo que

se deve ter em mente ainda, à luz de todo ensino bíblico sobre a comunicação com

os mortos: o fato que Saul morreu pelo pecado de ter consultado uma

necromante(...)

Assim, o texto em que Saul consulta uma médium deve ser entendido como um

texto informativo. Essa prática lhe custou caro. A história não está ali como um

modelo a ser seguido, mas como uma informação que explica o seu fracasso como

homem de Deus e governante dos homens”

Saul foi ao encontro de uma mulher que mercantilizava o trabalho mediúnico, como também utilizava-o para fins divinatórios. Portanto, era anatematizada pelos judeus por causa da prática inferior da mediunidade. Foi até ela para saber seu futuro na guerra contra os filisteus. Claramente, caso de necromancia. O espíritos ligados aos hebreus não se comunicaram com Saul, então ele foi atrás de uma pitonisa. No primeiro livro de Samuel, capítulo quinze, versículos trinta e dois e trinta e três, há o relato do assassinato à espada de Agague, rei dos amalequitas, cometido por Samuel. Somente numa reunião mediúnica bem inferior, o que não acontece no Espiritismo, um espírito

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necessitado de ajuda espiritual, como Samuel, um assassino, é invocado para fins de interesse pessoal. Justifica-se a proibição de Moisés por dois motivos, um é que não sabiam diferenciar os espíritos da divindade, adorando-os como deuses(e a médium consultada por Saul disse ver “um deus”), outro é que a faziam por objetivos dos mais fúteis. E não seremos nós que iremos apoiar tais ocorrências; entretanto, não há como negá-las, no tocante à possibilidade de acontecerem, a não ser por puro dogmatismo, para não dizer fanatismo religioso.

“A atitude de Saul tem também um ensino negativo. Saul tentou ouvir a Deus

lançando mão de todos os recursos. Mas, na verdade, ele não queria ouvir a Deus.

Queria apenas a benção divina, mas não desejava ter um relacionamento com

Deus. Saul queria um deus manipulável, mas Deus não se deixa manipular. Na

realidade ele queria apenas uma benção para a guerra próxima..

Saul não entendeu que comunhão com Deus é um convite a um relacionamento de

compromisso com Ele. Pelo contrário, pretendia ter um Deus de conveniência, que

servisse a seus interesses. Como Deus não se deixou manipular, Saul buscou a sua

própria solução, no caso a necromancia. Ele apelou, disposto a pagar qualquer

preço por uma revelação que lhe trouxesse tranquilidade.

Teve oportunidade de rever sua atitude, mas escolheu afundar-se ainda mais no

pecado, cometendo um gesto que era contrário aos seus princípios. O desespero

pode fazer com que princípios sejam quebrados. Eis o que Saul nos ensina:

Devemos ter em mente aquilo que ocorreu com ele depois, para não cairmos como

ele caiu”.

Já foi dito: se Deus condena qualquer um que se envolva com mediunidade como fez com Saul, então como explicar a vida e obra de tantos vultos do Espiritismo, que tiveram uma longa vida com felicidade servindo ao próximo? Bezerra de Menezes, Batuira, Chico Xavier e tantos outros derrubam qualquer coisa que se diga quanto a Deus abominar a mediunidade e condenar com a morte.Chico, inclusive, que viveu 92 anos, foi curado uma vez no hospital pelo espírito Emmanuel, que foi visto pelas câmeras de TV(uma “luz misteriosa”) entrando pela janela onde Chico estava, e Chico então se recuperou momentos depois, vindo a desencarnar no dia em que o Brasil conquistou o Penta na Copa do Mundo. Chico dizia que queria morrer em um dia em que todos estivessem felizes no Brasil, e Deus pelo visto fez valer o seu desejo.

Certamente que no versículo 6 está dito que Saul tentou, por várias formas, se comunicar com Deus e não foi atendido; entretanto, como Samuel “mesmo depois de sua morte, ele profetizou, predizendo ao rei o seu fim. Mesmo do sepulcro, ele levantou a voz, uma profecia, para apagar a injustiça do povo” (Eclo 46,20), fica evidente que apenas dessa forma, ou seja, consultando os mortos, é que ele, Saul, foi atendido por Deus. Disso temos plena convicção, pois nada acontece sem que haja permissão divina, já que “até os cabelos de vossas cabeças estão contados” (Mt 10,30), o que significa que Deus mantém tudo sobre pleno controle.Já que tocamos no livro Eclesiástico, vejamos o texto pela Bíblia Sagrada Edição Barsa, Tradução do Pe. Antônio Pereira de Figueiredo; lemos (p. 571): “E depois disto dormiu Samuel o sono da morte, e apareceu ao rei, e lhe predisse o fim da sua vida, e saindo da terra, levantou a sua voz, profetizando o golpe, que estava para se descarregar sobre a impiedade da nação” (Eclo 46,23). A narrativa é cristalina quanto à realidade da manifestação de Samuel, confirmando também a questão a respeito da profecia. Entretanto, sabemos que este livro não consta de algumas Bíblias protestantes; sendo assim, então, perguntamos, afinal, qual é a VERDADEIRA? A dos católicos ou a dos protestantes? Com base em que poderemos dizer que seja uma ou outra? “A verdade não

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pode existir em coisas que divergem”, palavras de São Jerônimo na carta-prefácio da Vulgata.Saul tentou ouvir a Deus? De que forma? Se descreve na Bíblia que havia duas pedras, em forma de dados, denominadas de urim e tumim, que eram tidas como sagradas, com as quais buscavam saber da vontade de Deus. O sacerdote, diante de um problema que lhe apresentavam, jogava essas pedras da sorte para cima e de conformidade como ficavam, após caírem ao chão, ele interpretava como sendo um “sim” ou um “não”, em resposta à consulta formulada.Exatamente como um popular “cara ou corôa”, no qual se joga uma moeda para o alto, quando, normalmente, queremos decidir alguma coisa sem ser parcial.Uma outra forma que viam como resposta de Deus eram os sonhos; mas aí temos campo aberto às especulações, uma vez que suas interpretações nada mais são que algo, se não igual, bem próximo das adivinhações, as quais eram proibidas.

Saul perseguia os necromantes. Por qual motivo? Certamente não era por crer que os mortos não se comunicam jamais, estão inconscientes, só demônios têm esse poder, para nos enganar. Se assim fosse, não teria procurado a pitonisa. Ele sabia que a mediunidade existe, sim, e que apenas estaria comunicando-se com um morto para fins fúteis(necromancia, ou seja, adivinhações), isso sim reprovado inclusive pelos espíritas.Mais à frente, falando sobre a consulta aos mortos ser uma prática antiga, o autor cita mais uma vez uma Bíblia tendenciosamente adulterada: “Os egípcios ficaram desanimados, e farei que

os seus planos resultem em nada. Depois eles consultarão os ídolos e os

necromantes, os médiuns e os adivinhos” (Isaias 19:3)

Versão Almeida Revisada Imprensa Bíblica: E o espírito dos egípcios se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu conselho; e eles consultarão os seus ídolos, e encantadores, e necromantes e feiticeiros. Isaías 19:3

Mais à frente diz o autor que “Saul queria ouvir a voz de Samuel, o profeta que o ungira

rei no passado. Pela feitiçaria, seu desejo foi atendido”

O que Saul procurou foi uma necromante e não uma feiticeira! Vejamos o Aurélio:Feiticeira: Mulher que faz feitiços; bruxa, carocha, estrige, magia, mágica; Necromante: pessoa que pratica a necromancia e Necromancia: Adivinhação pela invocação dos espíritos.Ligar médium a feitiçaria, é recurso barato, por querer, com isso, que as pessoas pensem dessa forma, pois, assim, por medo ou por superstição, tomem gato por lebre.

Mais adiante o autor contesta a mediunidade no Monte Tabor, onde Jesus foi visto pelos apóstolos conversando com Elias e Moisés, dizendo que “não guarda qualquer semelhança com

sessões de comunicação mediúnica, onde há o consulente, o médium e o suposto

espírito do morto. A tarefa do médium é servir como meio(como intermediário)

para que o consulente ouça algo daquele a quem quer ouvir. Moisés e Elias nada

disseram aos discípulos nem sobre os discípulos. Falaram somente a Jesus. Na

verdade, não houve consulta aos mortos, por parte dos discípulos. Além disso,

Jesus não serviu como um médium entre os vivos e os mortos, pois não houve

nenhuma mensagem entregue aos discípulos por parte de Moisés e Elias”

Então, ao menos Jesus contrariou a “ordem de Deus” para não consultar aos mortos. E não vale dizer que ele podia porque “é Deus”, já que, mesmo se isso fosse verdade, ele dizia sempre que podemos fazer tudo o que ele fazia e ainda mais.

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E o pastor deveria pesquisar mais sobre mediunidade antes de querer fazer seu Espiritismo. Claro está para nós que ali houve um fenômeno de materialização.

Em seu livro “Porque sou espírita”, escreve Américo Domingos: “A propósito, tenho ainda outras abordagens bíblicas, a serem digeridas por todos aqueles que negam a presença dos desencarnados, acompanhando os 'vivos': 1 - Após a transfiguração de Jesus e já aparecendo, materializados, dois grandes vultos do Antigo Testamento, Moisés e Elias, deveriam estar os apóstolos Pedro, Tiago e João bem acordados, e, sem dúvidas, tensos, devido a grande quantidade de adrenalina circulante em seus corpos.Contudo, para tristeza dos que negam o fenômeno mediúnico e para gáudio dos espíritas, o evangelista Lucas diz que 'Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono' (Lucas 9:32). Por que estavam adormecidos? 2 - No primeiro livro de Reis, há também uma descrição bem expressiva, em relação ao tema. O profeta Elias achava-se em fuga, porquanto estava jurado de morte pelo assassínio dos profetas de Baal. Depois de uma longa caminhada pelo deserto, assentou-se debaixo de um arbusto. 'Deitou-se, e DORMIU debaixo do zimbro' (1.a Reis 19:5). Um mensageiro espiritual, materializado, toca-o e lhe diz: 'Levanta-te e coma'. A sua frente, se encontravam, materializados, um pão cozido sobre pedras e uma botija de água. Após ter comido e bebido, voltou a dormir. Após algum tempo, ressurge novamente, materializado, o ser espiritual, tocando outra vez em Elias, mandando-lhe comer e beber. A seguir, ordenou-lhe a partida (I Reis 19:6-8) Por que dou tanta importância ao fato de Elias estar adormecido, antes da chegada do espírito materializado? 3 - No livro dos Atos dos Apóstolos, encontra-se a informação de que Pedro se achava aprisionado à mando de Herodes, DORMINDO na prisão, entre dois soldados, acorrentado com duas candeias. Eis, porém, que surge uma entidade espiritual, materializada, e a cela apresenta-se totalmente iluminada. O ser extrafísico, tocando o lado de Pedro; o desperta e lhe diz: 'Levanta-te depressa. Cinge-te, a calça as tuas sandálias. Põe a tua capa, e segue-me' (Atos 12:5-8). A seguir o Evangelista Lucas cita duas referências a Pedro que, 'para os que não tem ouvidos para ouvir', parecem ser enigmáticas: 'Pedro não sabia o que era real, o que se fazia por meio do anjo ou mensageiro espiritual; parecia-lhe uma visão' (Atos 12:9). 'Então, Pedro, caindo em si...' (Atos 12:11) Por que grifei Pedro dormindo no cárcere? Qual a explicação para as impressões vivenciadas pelo apóstolo já fora da cela? 4 - O fato a seguir ocorreu com Paulo e Silas, açoitados e presos. Os valorosos discípulos de Jesus se encontravam no cárcere, com os pés presos a um tronco.'Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus... de repente sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, soltaram-se as cadeias de todos' (Atos 16:23-26) No outro versículo, está uma afirmação assaz claríssima para o entendimento espírita: 'O Carcereiro despertou do SONO" (Atos 16:27). Por que mais uma vez foi ressaltado o fato de alguém estar dormindo? Por que os textos ressaltam alguém estar adormecido, num momento tão importante como o da materialização de Espíritos?Sem dúvida, a palavra autorizada do Consolador surge à nossa frente. O Mestre não nos deixou órfãos, já que a Revelação Espírita, com o beneplácito da ciência, vem esclarecer a todos a respeito da Ectoplasmia e responder as questões por mim formuladas. O Espiritismo ensina que tanto no fenômeno da Materialização, como no de Efeitos Físicos, há o aproveitamento de uma substância, eliminada por um médium, adormecido, denominada ectoplasma. Na materialização, oser desencarnado se apresenta visível e tangível, devido a impregnação de sua vestimenta espiritual pelo ectoplasma, cedido por um sensitivo, acrescido dos que se formam dos participantes da reunião ou, até mesmo, da natureza.

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A produção de efeitos físicos é realizada, graças a uma condensação de ectoplasma, dando ensejo à produção de pancadas, ruídos, voz direta e sematologia. Tanto nos fenômenos de efeitos físicos, quanto na Materialização, há necessidade da presença de um médium que tenha a faculdade de liberar substância essencial à realização do fenômeno da ectoplasmia. O sensitivo recolhe-se a uma cabine escura onde se deita e, profundamente adormecido, exterioriza-se o ectoplasma por diversos orifícios do seu corpo, principalmente da boca e das narinas. (...) No 'Monte da Transfiguração', os apóstolos Pedro, Tiago e João serviram-se de médiuns, cedendo ectoplasma para a materialização de Moisés e Elias. Daí o fato de estarem 'premidos de sono'. O fato acontecido com Pedro foi semelhante ao acontecido com Elias. Estava dormindo, em transe profundo, cedendo ectoplasma, proporcionando a aparição tangível de um Arauto Espiritual que, inclusive, toca em Pedro, acordando-o. Ao sair da prisão, o discípulo acompanhava o Espírito, pensando ter uma visão, isto é, acreditando-se fora do corpo físico, em desdobramento ou projeção da consciência. Estava realmente confuso, o que vem confirmar que estava acordando de um transe profundo. Essa hipótese é real, porquanto o apóstolo já sozinho, 'caiu em si', isto é, estava compreendendo o que se passava, achando-se inteiramente lúcido' (Atos 12:11). Em relação a Paulo e Silas, curiosamente, era o carcereiro, o médium de ectoplasma. Daí o texto ser bem claro: 'O carcereiro despertou do sono'. Para os que já têm 'OLHOS DE VER' e 'OUVIDOS DE OUVIR' é perfeitamente entendida a mensagem, um tanto enigmática da Bíblia, em que nos fenômenos de materialização e de efeitos físicos descreve-sesempre alguém adormecido. ”

O propósito dessa materialização: provar a imortalidade da alma, como já disse lá atrás.

Segue o pastor: “O rosto de Jesus se transfigurou, assumindo talvez um aspecto

resplandecente, como aconteceu a Moisés no Monte Sinai. Em meio a essa

transformação, os discípulos tiveram uma visão: a de contemplar Moisés e Elias

conversando com Jesus. O aparecimento desses dois personagens centrais no

Antigo Testamento foi uma visão”

Não foi visão, foi materialização. E mesmo as visões não surgem do nada, não são sobrenaturais, mas, não sendo fruto da esquizofrenia, são bem explicadas pela Doutrina Espírita.

Escreveu Kardec em A Gênese: "Os inúmeros fatos contemporâneos de curas, aparições, possessões, dupla vista e outros, que se encontram relatados na Revue Spirite e lembrados nas observações acima, oferecem, até quanto aos pormenores, tão flagrante analogia com os que o Evangelho narra, que ressalta evidente a identidade dos efeitos e das causas. Não se compreende que o mesmo fato tivesse hoje uma causa natural e que essa causa fosse sobrenatural outrora; diabólica com uns e divina com outros. Se fora possível pô-los aqui em confronto uns com os outros, a comparação mais fácil se tornaria; não o permitem, porém, o número deles e os desenvolvimentos que a narrativa reclamaria".

Páginas mais à frente: “.... podemos voltar à resposta dos discípulos(Mateus 16:14) à

pergunta de Jesus: “Quem os outros dizem que o Filho do Homem é?” (Mateus

16:13)(...) Logicamente Jesus não poderia ser uma reencarnação de João Batista,

tendo nascido poucos meses antes dele(Lucas 1:57). Em síntese, a ideia da

reencarnação, nesse texto, fica completamente prejudicada. Se as respostas

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particulares partissem do pressuposto de uma reencarnação, mencionariam Elias,

Jeremias ou outros profetas, nunca o contemporâneo João Batista.”

Isso se deve a ideia confusa que havia da ressurreição/reencarnação, como já dito. Mas, então, com o que eles estavam em mente,se Jesus teve seu nascimento conhecido, logo não poderia ser um profeta que passou pela ressurreição carnal?E, voltando a falar sobre Elias e João Batista, torna o autor a dizer o que a Bíblia não diz, contrariando a sua própria regrinha tão repetida: “A linguagem de Jesus não é narrativa, é

poética. A declaração de Jesus é: veio alguém no espírito de Elias, no sentido de

que viera alguém que fazia o que a profecia dizia que o precursor de Jesus faria”.Não há nada de narrativa poética. Jesus disse claramente que Elias veio e não foi reconhecido, cumprindo-se a profecia, e não alguém parecido com Elias.

Em seguida, um longo texto sobre a graça, chegando a citar Bono Vox e a insistência de que o sacrifício de Jesus eliminou a necessidade de se fazer boas obras – conforme Cristo nos ensinou a praticar, e por algum motivo certamente foi.

Respondendo a “A Encarnação”

No oitavo capítulo de seu livro, o autor tenta nos provar que Jesus é Deus, lembrando sobre o versículo que o chama de Emmanuel(“Deus conosco”), usado como prova pelos trinitaristas de que Jesus seria Deus, assim como outras profecias sobre a sua vinda. Seriam elas, de fato, provas de que Jesus é Deus?"O mundo que estava em trevas viu uma Grande Luz....Porque um menino vos nasceu; um filho se nos deu, e o principado estava sobre os seu ombros e o seu nome é Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz. (Isaías 9:2-6).

"Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emannuel, que traduzido é: Deus conosco." (Mateus 1.23)

Insistem os trinitaristas que, se Jesus assim foi chamado, então só pode ser Deus. Mas não é bem assim. Os versículos falam em nome. Segundo os versículos, assim o Messias seria chamado. Se fosse como querem, as profecias deveriam afirmar que Jesus é "Deus forte" e é "Deus conosco". Os trinitaristas, na sua insistente tentativa de colocar Jesus como Deus, parecem se esquecer de que fazia parte da velha cultura judaica ter "Deus" no nome, como é o caso de "Deus forte", que em hebraico é "EL Gibor". "Deus" aqui é "El". Muitos judeus foram chamados de "Deus" antes de Jesus existir. Exemplos: Ezekiel (Ezequiel) e Gabriel também significam "Deus Forte" Elli: significa "Deus" Elijah(Elias): É a abreviação de EliJehovah ou "Eli Yahweh". Eli e Yahweh são nomes dados a Deus no Velho Testamento. Elias era o próprio Deus? Salmos 82:6: "Eu disse: Vós sois deuses". "Deuses" aqui é Elohim. Uma palavra que tanto pode ser usada no singular quanto no plural("deus" ou "deuses). Nesta frase, é o plural de "El". Está claro aqui que alguém ser chamado de "Deus" não faz dele um "Deus". Será que Michael Jackson é Deus? Michael significa "aquele que é como Deus". É óbvio que El Gibor e Emmanuel(ou Immanuel) eram nomes comuns já antes de Jesus. Então, o que os trinitaristas afirmam não tem sentido. Dentro daquele contexto judaico, uma pessoa ser chamada de "Deus forte" ou "Deus conosco" não significava que ela é Deus, mas apenas uma maneira de dizer que essa pessoa será forte, poderosa, um "Deus" na Terra por causa de seu poder.

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Mas é sempre bom enfatizar que isso é um nome, assim como muitos antes de Jesus tiveram "Deus" em seu nome. Jesus era um mensageiro de Deus, um escolhido de Deus, mas não o próprio Deus. Os judeus, aliás, acreditam que o "Deus forte" da Profecia é Ezequias. E eles não acreditam que Ezequias é Deus. Da mesma forma que entendem Ezequias como "Pai da Eternidade" e não como o "Pai Eterno", o Criador do Universo, o que é diferente. E é chamado de Príncipe e não Rei. Jesus era Deus conosco por ser representante de Deus na Terra. Em 2 Cor. 5:19 está: "pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões". Deus estava em Cristo. Deus é Cristo? Quem disse isso? O mesmo que foi dito acima vale para Jeremias 23:5-6: "Porque vem o dia, diz o Senhor, em que porei um ramo justo sobre o trono de David. Será um rei que governará com sabedoria e justiça, e que fará prevalecer a retidão sobre toda a Terra. E este será o seu nome: O Senhor é a nossa Justiça. ". "O senhor é nossa justiça" ou "Yahweh nossa justiça" é apenas um nome. E não só Jesus assim foi chamado. Jerusalém foi da mesma maneira chamada em Jeremias 33:15-16. Ainda em Isaías, onde versículos que profetizam a vinda do Messias são usados para defender a Trindade, lemos outra profecia sobre o Cristo: "Do cepo de Jessé brotará um rebento, e das suas raízes frutificará um ramo. O Espírito do Senhor ficará sobre ele: Espírito de sabedoria, de discernimento, de conselho e de poder; Espírito de conhecimento e do temor ao Senhor. Todo o seu prazer será obedecer ao Senhor. Não julgará segundo as aparências, nem por ouvir dizer." (Isaias 11:1-3) Desde Isaías se dizia que o enviado obedeceria a Deus com prazer e não faria a sua própria vontade e sim a de Deus, coisa que Jesus sempre repetiu, jamais se colocando como igual a Deus.

Em seguida, o autor cita 2Corintios 5:21 e Hebreus 4:15 como provas também da Divindade, porque ensinam que Jesus eram “sem pecado”. Sim, encarnado como Jesus ele era puro, sem imperfeições humanas, o que não significa que não tenha tido essas imperfeições em outras eras, em outros mundos antes de vir ao nosso mundo em missão.

Em seguida, cita três versículos. Um deles, Filipenses 2:5-8, já citado anteriormente e já respondido páginas atrás. E mais os seguintes versículos:

“No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele

estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;

sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz

dos homens. A luz brilha nas trevas , e as trevas não a derrotaram (João 1:1-5)

Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele,

mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o

receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes

o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência

natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas

nasceram de Deus. Aquele que a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos

a sua glória , glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de

verdade(João 1:10-14)”.

João 1:10-14 diz que quem crê será também “Filho de Deus”. Basta crer? Não, é preciso viver em função da moral cristã. Outra passagem que já citei nos mostra que para Cristo serão “Filhos de Deus” todos aqueles que amam até mesmo seus inimigos.Os versículos em que João fala sobre o “Verbo” são usados sempre para tentar nos provar que Jesus é Deus.

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Por este versículo, os trinitaristas entendem que Jesus era o verbo e, desde que o verbo era Deus e se fez carne, Jesus é Deus. O "logos", aqui traduzido como "Verbo", seria Jesus Cristo, então por isso traduzem com "V" maiúsculo. Mas essa palavra aparece no Novo Testamento umas 300 vezes e os tradutores costumam colocar com "V" maiúsculo umas 7 vezes. Quando uma palavra aparece umas 300 vezes e em menos de 10 vezes é com letra maiúscula, é óbvio de que a decisão de quando usar ou não usar letra maiúscula é uma decisão do tradutor, baseada simplesmente na forma em que entende as escrituras e na forma que quer que os outros entendam. A palavra "logos" tem vários significados. Uma delas é a mente e produtos da mente, como "razão" ("lógica" vem de "logos"), e também uma "palavra", "dito", etc. Na Bíblia, aparece traduzida como "explicação", "aparência", "livro", "conversa", "razão" e muito, muito mais coisa. Sendo uma palavra que define tanta coisa, qual será a melhor tradução no caso de João 1:1 ? Afinal, . "logos" significa muita coisa, mas certamente "Jesus Cristo" não é uma delas. "Logos" em João 1:1 se refere a auto-expressão da criatividade de Deus, a Sua comunicação direta conosco, seja através da Sua criação, como em Romanos 1:19-20 ("Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis;") e especialmente os céus, como em Salmos 19("Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. (...) Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!"). O "logos" se mostrou também através dos profetas e, principalmente, através de Seu filho: "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo" (Hebreus 1:1-2) O famoso trinitarista John Lightfoot escreveu no seu livro "St.Paul’s Epistle to the Colossians and Philemon": "A palavra logos, então, significando ao mesmo tempo, "razão" e "fala", foi um termo filosófico adotado pelo Judaísmo Alexandrino antes de São Paulo escrever, expressando a manifestação do Deus invisível na criação e no governo do mundo, o que inclui todos os modos pelos quais Ele faz ser percebido pelo homem. Como sua razão, isso significa seu projeto ou "design". Como sua fala, significa sua revelação. Professores cristãos, quando adotam este termo, exaltam e determinam seu significado ligando a ele duas idéias precisas e definitivas: (1) "O Verbo é uma Pessoa Divina" (2) "O Verbo encarnou em Jesus Cristo". É óbvio que essas duas proposições devem ter alterado materialmente o significado de todos os termos subordinados conectados a idéia do logos." Notem que foram escritores cristãos que ligaram a idéia do "logos" a uma "pessoa divina". É certamente verdade que quando a palavra "logos" passou a ser entendida como sendo Jesus Cristo, a idéia que se tinha sobre João 1:1 foi alterada totalmente. Lightfoot sabe que a idéia de logos diz respeito a razão e discurso, não Jesus Cristo. O "logos", que é o plano, propósito e sabedoria de Deus, "se tornou carne" (ganhou uma existência física) em Jesus Cristo. Jesus é "a imagem do Deus invisível" (Colossenses 1:15), seu chefe emissário, representante e agente. Porque Jesus obedecia perfeitamente ao Pai, era como se o próprio Pai, que é invisível, se comunicasse numa forma física. Assim Jesus poderia dizer: "Quem me viu a mim, viu o Pai;" (João 14:9) ou "E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; " (João 5:37). João 7:15-18 também é muito claro nesse sentido: "Os judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado? Jesus respondeu: "O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo. Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito". "Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem

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sabeis; " (Atos 2:22) Portanto, mais do que claro que Jesus foi enviado por Deus(o único Deus, o Pai), subordinado a ele, fazia as obras e deu ao mundo os ensinamentos de Deus e não dele mesmo. Há outro problema para os que usam João 1:1 como prova da Trindade. A frase traduzida como "E o verbo era Deus", deveria ser "E o verbo era um Deus", pois na primeira frase (traduzida como "o verbo estava com Deus") há o artigo "o" no original grego e na segunda frase (traduzida como "o verbo era Deus") não há o artigo, e quando não existe o artigo devemos entender como artigo indefinido(“um”). Deveriam traduzir, portanto: "... o verbo estava com Deus... o verbo era um deus". E quando ao "logos" estar "no princípio", se refere ao princípio do nosso planeta e não de todo o Universo. Para os espíritas, Jesus colaborou na obra de nosso planeta, já sendo um espírito perfeito, tendo evoluído em encarnações em outros mundos.

Ainda sobre Jesus, o pastor escreve: “Jesus não foi um ser resultante da reencarnação de

um profeta do passado. Diferentemente do que ensina o espiritismo, do hinduista

ao kardecista, Jesus não foi uma reencarnação de Elias ou de algum outro profeta”.Dois erros: Em primeiro lugar, não existe Espiritismo hinduista ou kardecista. Espiritismo é um só, a doutrina dos espíritos codificada por Allan Kardec. Em segundo lugar, espíritas não dizem que Jesus foi a reencarnação de algum profeta, mas que nesse mundo veio apenas uma vez – e em missão não expiação.

“Jesus não foi um ser resultante de um processo evolutivo(...) esta 'fantasia' está

em contradição com o que ensina o apóstolo Paulo, especialmente em Filipenses

2:5-11, Jesus era Deus desde a eternidade e continua a ser Deus.”

Filipenses 2:5-11 diz: “ e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. “Importante observar que Filipenses 2:9 diz: “ Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, “Se Deus o exaltou, o colocou na mais alta posição(em nosso mundo, e não no Universo), então isso se deu obviamente em algum momento da História. Então, como assim, “Jesus era Deus desde a eternidade”? E se Deus o evocou, então Jesus não evocou a si mesmo. Tão difícil assim ficar apenas com o que a Bíblia diz, pastor? Não é essa a regra que devemos seguir?Filipenses 10 diz que todo joelho deve se dobrar para Jesus. Outros versículos parecem nos dizer que Jesus deve ser adorado como Deus. Por que isso?

Para entendermos porque o verbo “adorar” é usado em aplicação a Jesus, precisamos primeiro descobrir qual a palavra original que foi vertida por “adorar” e qual é o seu significado dentro do contexto bíblico. Nas referências onde aparecem a tradução “adorar” ou suas conjugações, o correspondente grego é προσκυνέω (proskynô), que pode ser traduzido por “adorar”, “reverenciar”, “receber respeitosamente”, “inclinar-se”, “prostrar-se” e etc. A palavra indica também sinal de sujeição. Por vezes é usada juntamente com o verbo “πίπτω” piptô (cair por terra, denotando o movimento de prostrar-se). É mais uma palavra grega cuja falta de equivalente exato causa prejuízo no entendimento das Escrituras. A ideia fortemente contida na palavra é reverência. É composta por duas outras palavras: “πρός” (pros) e “κυνέω” (kynô); a primeira é uma preposição, que indica proximidade e direção, e a segunda é o verbo beijar (alguns entendem: beijar a mão), outros entendem uma composição com o substantivo “κύων” (cachorro), denotando o respeito que o cão tem ao seu dono quando sai ao seu encontro para lamber-lhe a mão. Em seu uso comum, dentro da Bíblia Sagrada, ressalta-se o sentido de reverência, respeito, reconhecimento de superioridade hierárquica ou até mesmo sinal de humildade por parte de quem presta a reverência. Seguramente não é um termo de uso exclusivo no relacionamento do homem

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para com Deus. Na Septuaginta, o Antigo Testamento traduzido para o Grego, traduziram a palavra correspondente do hebraico ה ח| pelo seu equivalente grego προσκυνέω. Também usado para com os (shachah) ש~homens e falsos deuses, com relação a esses últimos, por ter conotação cultual, é terminantemente proibido por Yahweh. Encontramos “proskynô” sendo usado, por exemplo, em Gn. 23.7,12, quando Abraão se inclinou diante dos hititas na terra onde sepultaria Sara. Essa mesma palavra é usada para indicar que Abraão se prostrou diante dos homens que anunciaram o nascimento de Isaque, Gn. 18.2. É ainda a mesma usada para dizer que Ló se prostrou com o rosto em terra ao receber os dois anjos que o iria livrar da destruição de Sodoma e Gomorra. Jacó quando se reencontra com Esaú, ele juntamente com sua família se prostra diante de seu irmão, e, é o mesmo verbo usado na benção de Isaque sobre Jacó em Gn. 27.29. Na benção de Jacó a Judá, Gn. 49.8. No sonho de José onde os feixes que representavam seus irmãos se prostraram diante dele e já no Egito, seus irmãos, de fato, se prostraram (adoraram) diante José, Gn. 43.26. O próprio Moisés “adorou” (reverenciou, mostrou-se sujeito a) seu sogro e o beijo em Ex. 18.7 É o mesmo usado nos 10 mandamentos em Ex. 20.5. Rute também prostrou-se diante de Boaz Rt. 2.10. Ao condenar a família de Eli, Yahweh diz que dos que deles sobrassem iriam se inclinar (adorar) ante aquele que iria tomar o lugar de Eli pedindo comida, I Sm. 2.36. Davi prostrou-se diante de Jônatas I Sm. 20.41. Sibá, servo de Maribaal, se prostra (adora) a Davi, II Sm. 16.4. A Bíblia diz: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se (ἔπεσεν) sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou (προσεκύνησεν) à terra.” (I Sm. 25.23 – LXX) . O próprio Natã, profeta de Yahweh, portanto alguém muito cônscio de suas obrigações com Deus, “adora” (se o conceito trinitário fosse o correto a palavra seria “adora”) Davi em I Rs. 1.23, “E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis aí está o profeta Natã. E entrou à presença do rei, e prostrou-se (προσεκύνησεν) diante dele com o rosto em terra.” E como não podia deixar de ser, é também quando lemos Abraão dizer que iria adorar (prestar reverência a Deus em obediência à ordem que recebeu) juntamente com seu filho, Gn. 22.5. E a mesma em passagens como em Gn. 24.26, no trato que Eliezer dá a Yahweh. Todos essas ocorrências, e não somente as que se referem a Deus, poderiam ser traduzidas por “adorou”, “adoraram” e assemelhados, mas porque não foram? Simplesmente por opção do tradutor. Ele poderia ter traduzido todos, inclusive as que se referem a Deus por “reverenciou”, “reverenciaram” e etc. Pois bem, isso mostra que a visão que o indivíduo tem da passagem bíblica influi diretamente em sua compreensão do texto e na tradução produzida. Feitas essas considerações, reflitamos sobre sua aplicação a Jesus, Nosso Senhor. Leiamos Mt. 2.2. Lá encontramos os magos perguntando pelo nascido rei dos judeus, e dizendo “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.” (ARC). Será que os magos vieram do oriente para “adorar” um rei dos judeus? Ora, não são os judeus monoteístas? Os pais da criança concordariam com um culto ao seu filho? Será que aqueles homens entendiam que o menino fosse o próprio Deus, nascido (?) por aqueles dias? Certamente o sentido de proskynô aqui é o mesmo daquele usado no Antigo Testamento para reverenciar líderes e reis, e os magos vieram prestar homenagem como a bem traduz a própria BJ: “… vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. Era natural para um rei ser reverenciado, isto fica evidenciado até mesmo pelos soldados romanos responsáveis por punirem Jesus antes de sua crucificação, ironizando dizem: “Salve, Rei dos Judeus … e postos de joelhos o adoravam”. A bíblia do Peregrino prefere “prestavam homenagem” ao referir-se a ação dos soldados. “Adorar” aqui, ainda que por escárnio, é sem dúvida, reverenciá-lo como um rei dos judeus e não como um Deus cultual, até porque os romanos não tinham ao Pai de Jesus como seu Deus, nem a Jesus mesmo como Deus, mas como um provável rejeitado “rei dos Judeus”, e isso está explicitado na placa fixada na cruz: “ … por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS” (Mt. 27.37). As próprias ofertas dadas pelos magos revela o tríplice ministério de Jesus, ouro (rei), incenso (sacerdote) e mirra (profeta). Eles não ofereceram ao menino algum animal imolado como se estivesse sacrificando a Deus. Pelo que se percebe, os magos não o estavam considerando Deus, mas alguém que teria ofícios dignos de honra aqui na terra, um Rei.

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Os fariseus acusaram Jesus de muitas coisas, mas nunca o acusaram de haver incitado o povo a adorá-lo, prestar-lhe culto, nem mesmo acusaram alguém de o adorar, e isto é significativo, pois prova que ações de adoração, no sentido cultual, a Jesus, de fato, não aconteceram. Veja o caso do cego de nascença que fora curado por Jesus. Naquele relato encontramos, Jo. 9.38-40 “Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou. 39 E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos. 40 E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe:Também nós somos cegos?”. Se adorar Jesus tem sentido cultual, conforme requerido pelos trinitarianos, como o que prestamos a Deus, como pode os fariseus ávidos por incriminarem Jesus, presenciarem o “culto” do cego ao Senhor e se incomodarem apenas com a insinuação de que Jesus os havia chamado de cegos? Qualquer um que o adorasse, não somente a ele mas a qualquer outra pessoa, seria morto por idolatria, mas isso não aconteceu com ninguém, nem mesmo quando lemos Mt. 8.2: “E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”; mais uma vez a Bíblia de Jerusalém contextualiza o fato e traduz em harmonia com as ocorrências do Antigo Testamento: “quando de repente um leproso se aproximou e prostrou-se diante dele dizendo: ‘Senhor, se queres, tens poder para purificar-me’”. Achar que os judeus estavam por toda parte adorando ou vendo os outros adorarem alguém que não o próprio Yahweh, o Pai, e fechados os olhos a isso é negar a realidade do monoteísmo zeloso do judaísmo e a historicidade factual da Bíblia. Em Mt. 15.25, vemos que a mulher cananeia reconhece a Jesus como “Senhor” (o título) e “Filho de Davi” (a ascendência), portanto REI, ou seja, aquela mulher não o via como Deus, mas como um que tinha senhorio e era descendente de Davi, assim, não há razão para entendermos que a melhor tradução para proskynô nessas ocorrências seja “adorar”, mas “prostrar-se” se encaixa perfeitamente ao contexto monárquico. Perceba em Mc. 15.19, quando vemos nitidamente que o termo traduzido nas Almeidas por “adorar” ignora o verso 18 onde os soldados ironizam Jesus e o saúdam dizendo “Salve, Rei dos judeus”. Eles debocharam fazendo-se como reverentes de um rei. Outros versos onde encontramos a palavra é Mt. 9.18; Mt. 14.33; Mt. 28.9,17; Mc. 5.6; Lc. 24.52; Jo. 9.38; Hb. 1.6. Há também σέβομαι (sebomai), outra palavra grega que é usada com sentido de adoração, mas reflete muito mais o sentido de temor, devoção, religiosidade. Ocorre 8 vezes no NT. Mt 15.9; Mc 7.7; At 13.43; At 13.50, 16.14, 17.4,17.17, At 18.7. A insistente tradução de προσκυνέω (proskynô) por “adorar” em nossas Bíblias, em especial no NT, causou, inclusive, uma situação esdrúxula: Jesus estaria dizendo que certas pessoas deveriam adorar outras. Vemos isso em Ap. 3.9 “Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo.” Será que haverá pessoas que vão adorar os crentes da igreja de Filadélfia? Certamente a tradução do Peregrino deixa muito mais claro o sentido original: “Vê o que farei à sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus sem o ser, pois mentem:farei que venham prostrar-se a teus pés,reconhecendo que eu te amo.” Há quem cite Hb. 1.6 “E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” buscando uma informação de “adoração” a Jesus, mas ai, na verdade, tem-se outra atestação de que Ele não é Deus, pois os anjos não precisam receber ordem para adorar a Deus. Se eles receberam ordem de “adorar” alguém, então tal “adoração” já teria sido uma concessão do SER de onde partiu a ordem. Logo, se percebe que a palavra “proskynô” traduzida nesse verso por “adorem” não é a melhor opção. Isto se fosse usado o sentido cultual, mas já sabemos que há também o sentido de reverência e respeito contido nessa palavra. Alguns tentam alegar que se Jesus não rejeitou a chamada “adoração” porque ele era Deus. Tentam buscar como texto de prova o caso de João diante do anjo no Apocalipse, e, Cornélio com Pedro, apóstolo, este último rejeitou a “adoração” do Centurião. Então, no entender trinitário, o contraste dessas duas situações denotaria a deidade de Jesus, mas seria de bom alvitre termos uma visão panorâmica do que aconteceu. Analisemos, por agora, o caso do centurião Cornélio e o apóstolo Pedro. Em At. 10.2 lemos que aquele homem era: “Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus.” e ainda em 10.22 “Cornélio, o

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centurião, homem justo e temente a Deus, e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa, e ouvisse as tuas palavras.” Este homem temente a Deus e piedoso que tinha testemunho inclusive dos judeus, teria passado dessa magnifica e honrosa condição diante de nossos olhos à imediata condição de idólatra e repreensível segundo nossos tradutores e segundo o entendimento trinitário corrente, pois teria intentado adorar, sabe-se lá porque, a Pedro e teria sido repreendido por este no ato (?). O curioso é que o Anjo de Deus havia dito a Cornélio que ele mandasse chamar a Simão, conhecido como Pedro que estava na casa de outro homem, ou seja, nada indicava a Cornélio uma “divindade” digna de “adoração”, pelo contrário, era apenas um crente que estava abrigado na casa de outro. Cornélio já sabia que quem viria a ele era um homem, mas como o próprio Deus, através de seu anjo, foi quem indicou esse homem, então, como era de se esperar da parte do Centurião, acostumado, por profissão, a hierarquia, buscou honrar e reverenciar o enviado de Deus. E como o evento era singular convidou “os seus parentes e amigos mais íntimos.” (V.24) para receber o homem de Deus. Será que era intenção de Cornélio se revelar idólatra diante de uma plateia crente especialmente convidada? Apesar dessa necessária e clara contextualização da situação apontando para o caminho contrário, parece que a única percepção possível para alguns nos dias de hoje é que Cornélio a despeito de tudo isso, em um estalo de dedos, tornou-se um idólatra! Talvez, a única “base” para essa conclusão tenha sido, além do fato de os tradutores usarem o termo “adorar”, Pedro haver recusado aquela ação. Mas, por que acharmos que Pedro estaria repreendendo um homem cujo testemunho até então era impecável? Talvez a resposta mais apropriada seja: Por causa do dogma trinitário! Sim, pois poderíamos simplesmente entender “Ergue-te, que eu também sou homem” como um simples “levante irmão porque eu sou igual a você”, “levante irmão porque eu não sou melhor que ninguém”, “levante porque estamos no mesmo nível” ou coisas do gênero, ou seja, ao invés de vermos a afirmação como uma “repreensão” a Cornélio, vermos um belo exemplo de igualdade da parte de Pedro. Uma palavra de cordialidade ao invés de uma acusação. Mas, se essa contextualização for feita vai ser menos um verso com a palavra “adorar” e menos um a ser usado em “benefício” da trindade, então, acham que o melhor a fazer é esquecer o contexto em que vivia o Centurião e relacionar a outro verso isolado de contexto como, por exemplo, Ap. 19.10; para mostrar que o anjo recusou adoração, quando também é muito difícil crer que João, digno de receber a Revelação, tenha deixado de lado essa condição espiritual privilegiada e esquecido de todo o momento sublime em que estava para se tornar um “adorador”, gratuito de anjos. Logo ele de quem é dito, nas Escrituras, ser o discípulo a quem Jesus amava. Como seriam idólatras os piedosos homens de Deus se a visão trinitária fosse verdadeira? Mas, e Jesus por que não teria rejeitado essas supostas “adorações”? Simplesmente porque não eram adorações! Jesus se declarou Mestre e Senhor (Jo. 13.13), Cristo (Mt. 23.10) e Rei (Jo. 18.36). Por todas e por cada uma dessas posições ele é digino de reverência e portanto “proskynô” pode e deve, de forma natural, ser aplicada a ele sem a requerida conotação trinitária de adoração cultual. As bíblias que tiveram o mínimo de preocupação com o contexto judaico em que foi escrito o Novo Testamento não se precipitaram em traduzir o termo “proskynô” por “adorar” em todas as ocorrências, para não ir além do que, de fato, está escrito, embora que ainda façam em algumas outras passagens bíblicas. Então, quando alguém lhe disser que Jesus é Deus porque recebeu adoração, lembre-se que a culpa por esse mal entendido não é de quem te disse isso, mas da opção do tradutor que em uma situação de descontextualização do restante das escrituras preferiu usar a palavra “adorar” sempre que “proskunô” se refere a Jesus e como reverência para todos os outros. A Bíblia nos dá uma exemplo claro que mesmo que tenhamos um versículo onde se mostra duas pessoas recebendo “adoração” devemos separar os sentidos da aplicação dessa palava para um e para outro, ou entender que o sentido é, para as partes citadas, de reverência, não de culto. Um homem e Deus são conjuntamente “adorados” (claro se a requisição trinitária fosse verdadeira) pelo mesmo povo hebreu em I Cr. 29.20, Davi e Yahweh, na Septuaginta lemos: “κάμψαντες τὰ γόνατα προσεκύνησαν τῷ κυρίῳ καὶ τῷ βασιλεῖ”. A Almeida Corrigida Fiel traduziu por “inclinaram-se, e prostraram-se perante o SENHOR e o rei”. Aqui relembre do caso de Cornélio e João. Davi poderia

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ter feito o que eles fizeram e dizer “adorem” a Deus, mas no contexto monárquico em que vivia tal “adoração” lhe era comum. Agora medite, se ao invés de Davi o verso fosse no Novo Testamente e estivesse falando de Jesus, então, qual seria a preferência dos tradutores trinitários? Certamente o verbo proskunô ali seria “e inclinaram-se e adoraram o SENHOR e Jesus”. Mas, como é Davi, será que os hebreus estavam cultuando esse homem de Deus? Porém, como ter certeza que com relação a Jesus traduzir “proskynô” por adorar no sentido cultual em que adoramos a Deus não é a melhor tradução? Leiamos, então, Dt. 5.9 “Não te encurvarás (προσκυνήσεις - proskynêseis) a elas, nem as servirás (λατρεύσῃς – latreusês); porque eu, Yahweh teu Deus, sou Deus zeloso…” e, ainda, Dt. 10.20 “Ao Yahweh teu Deus temerás (φοβηθήσῃ - fobêthêsê); a ele servirás (λατρεύσεις)…”. O próprio Jesus, ao ser tentado por Satanás, diz em Mt. 4.10 “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás (προσκυνήσεις – proskynêseis), e só a ele servirás (λατρεύσεις – latreuseis)”. Pois bem, perceba que aqui é usado proskynô, assim como em vários outros lugares como já vimos, mas ao falar em “servir” (λατρεύω), Jesus diz “só a teu Deus, Yahweh”. Note que nesse caso o serviço que se fala é o serviço com conotação religiosa, serviço sagrado, de culto a Deus. Isto é confirmado na constatação do uso do termo pela Septuaginta em Dt. 5.9, Dt. 10.20, e nas passagens, por exemplo, que nos informam sobre a libertação de Israel do Egito, quando Deus diz em Ex. 3.12 “E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte”, aqui servir a Deus é, também, com o verbo λατρεύω e este é diferente, por exemplo, do “servir” ao Egito, em Ex. 6.5 “E também tenho ouvido o gemido dos filhos de Israel, aos quais os egípcios fazem servir…” ACF, onde “servir” é καταδουλόω (katadoulô), mostrando nitidamente que o serviço a Deus é o cultual e não o de força de trabalho usada no Egito. Infelizmente as traduções para língua portuguesa não transmitem essa nuance. Essa condição é vista também de forma muito clara em Dt. 6.12,13 “Guarda-te, que não te esqueças de Yahweh, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão (ἐξ οἴκου δουλείας). A Yahweh teu Deus temerás e a ele servirás (αὐτῷ λατρεύσεις), e pelo seu nome jurarás ”. λατρεύω é usado dessa forma também Novo Testamento, e Agostinho mesmo dá testemunho disso em sua obra “A Trindade” ao afirmar que “Quanto ao modo de servi-lo [a Deus], difere, porém, do revelado no preceito de servirmos uns aos outros pela caridade (Gl 5,13), que em grego se designa com o verbodouleuein, enquanto serviço a Deus está expresso pelo verbolatreuein”

Que Jesus é digno de reverência, de nossa prostração em respeito a Ele, a Bíblia deixa claro, inclusive devemos honrá-lo como honramos (honra e culto são coisa distintas) o Pai, Ele é o nosso Rei, Jo. 5.23 “para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou”. Porque honrando a Ele estaremos honrando o Pai que o enviou. Mas, e com relação a adorar como uma atitude de culto? Será que também devemos cultuá-lo como se cultua a Deus, seu Pai? Será que devemos, nesse sentido, adorá-lo? Para respondermos a essas perguntas precisamos verificar se a palavra cultuar (latreuein), dentro da Bíblia, é aplicada também a Jesus como é a Deus, seu Pai. O termo usado pelo próprio Jesus, como já vimos em Mt. 4.10 ao dizer “só a ele(Deus) servirás” ou mais claramente traduzido “só a ele (Deus) prestarás culto” é “λατρεύσεις” (futuro do verbo λατρεύω “latreô”), o mesmo que comentamos poucas linhas acima e que é reconhecido por Agostinho em sua obra “A Trindade” como termo de identificação cultual a Deus. Pois bem, este termo jamais é usado com relação a Jesus. Já foi percebido que o uso da palavra proskynô, geralmente traduzido por prostrar-se ou adorar, na relação entre as pessoas ou seres não é o suficiente para atribuir ou reconhecer deidade em ninguém, visto que é uma forma espontânea e respeitosa, com significado de honra e/ou sujeição, de se dirigir tanto a Deus quanto aos homens, mas λατρεύω (latreô), por outro lado, é usado nitidamente no que se refere ao serviço religioso voltado à devoção cultual. Esse verbo ou um de seus derivados ocorre 26 vezes no Novo Testamento e não se aplica uma única vez sequer ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Considerando a importância do assunto que está sendo tratado vale a pena trazermos todas à leitura: •Mt. 4.10 “Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” Como já foi comentado aqui o verbo “servir” é λατρεύω (cultuar,

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prestar serviço sagrado) e se refere diretamente a Deus. É muitíssimo oportuno ler o verso seguinte que diz: “Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.” O verbo “servir” nesse verso, ao falar dos anjos, é διακονεω (diakonô) que significa servir, de prestar serviço como aquele que tem cuidado, prover com serviço, mostrando que os anjos embora reverenciem (proskynô) a Jesus (Hb. 1.6), não o cultuam (latreô).•Lc. 1.74 “de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor”

•Lc. 2.37 “e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.”•Lc. 4.8 “Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.”•Jo. 16.2 “Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.”•At. 7.7 “Mas eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus; e depois disto sairão, e me servirão neste lugar.”•At. 7.42 “Mas Deus se afastou, e os abandonou ao culto das hostes do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no deserto, ó casa de Israel?” Aqui mesmo não sendo um culto a Deus, confirma que o uso da palavra é aplicado a quem se pretende cultuar em sentido divinal.•At. 24.14 “Mas confesso-te isto: que, seguindo o caminho a que eles chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas.”•At. 26.7 “a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa desta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus.”•At. 27.23 “Porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo”•Rm. 1.9 “Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós”•Rm. 1.25 “pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Idem At. 7.42)•Rm. 9.4 “os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas”•Rm. 12.1 “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”•Fp. 3.3 “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.”•II Tm. 1.3 “Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura, de que sem cessar faço menção de ti em minhas súplicas de noite e de dia”•Hb. 8.5 “os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado, quando estava para construir o tabernáculo; porque lhe foi dito: Olha, faze conforme o modelo que no monte se te mostrou.”, a Bíblia de Jerusalém traduziu mais claramente este verso: “Estes realizam um culto que é cópia e sombra das realidades celestes, de acordo com a instituição divina recebida por Moisés…”•Hb. 9.1 “Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um santuário terrestre.”•Hb. 9.6 “Ora, estando estas coisas assim preparadas, entram continuamente na primeira tenda os sacerdotes, celebrando os serviços sagrados”•Hb. 9.14 “quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?”•Hb. 10.2 “Doutra maneira, não teriam deixado de ser oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca mais teriam consciência de pecado.”•Hb.12.28 “Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela

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qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor”•Hb. 13.10 “Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo.”•Ap. 7.15 “Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles.”•Ap. 22.3 “Ali não haverá jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”

É interessante este último verso citado porque há quem o use para dizer que “latreo” é também, ainda que seria uma única ocorrência, aplicado ao Cordeiro (Cristo), e dessa forma tando Deus quanto o Cordeiro (Jesus) receberiam culto, mas o texto é claro “O servirão” (o cultuarão), e não “os servirão”, e, o próprio verso anterior de Apocalipse, cujo texto acima está destacado, não deixa dúvida a quem está se referindo essa passagem bíblica, que corrobora a informação dada por Paulo em I Co. 15.28 “E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. O que deveríamos nos perguntar é: Por que João teria feito a distinção clara, chamado um de Deus e o outro de Cordeiro para depois disso dizer que o Cordeiro era quem seria cultuado e não aquele a quem ele primeiro chamou de Deus, o Pai? Deveríamos nos questionar também que se Ap. 22.3 fala do Cordeiro como sendo aquele a quem se cultuaria, então, qual seria a razão de não se dizer isto também de Deus nesse mesmo verso, visto que estão discriminados distintamente, mas no mesmo verso? A proposta trinitária criaria uma situação estranha e invertida, inexistente na Bíblia, que seria destacar com ente de culto quem nunca foi designado para tal e excluir Aquele que é por inerência cultuado em toda a Bíblia, e ratificada, pelo próprio Cordeiro quando na Terra ao dizer em Mt. 4.10 “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e SÓ A ELE ele servirás” (destaquei). Não há espaço nesse verso para dizer que Jesus estivesse falando dele mesmo ao diabo. Na ausência de versos no NT que indiquem um serviço de culto ao Filho, se busca em Dn. 7.13,14 onde, em determinadas versões da Septuaginta, nesses versos que são reconhecidos como uma profecia aplicada a Cristo, aparece o verbo “λατρεύω”, mas o que parece passar desapercebido por quem cita esses versos, primeiro é o fato de haver outras versões da Septuaginta que não apresenta esse verbo, mas aparece lá δοῦλεω (servir sem conotação cultual) e segundo a sempre necessária contextualização dos próprios versos: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. 14 E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído”. Aqui, segundo se aceita comumente, o “Ancião de Dias” é Deus e o “como o filho do homem” é Jesus. Agora atente para o que está dito: Fizeram “o semelhante ao filho do homem” chegar até o ancião de dias (Deus), então o “semelhante ao filho do homem” já não poderia ser Deus também, pois o fizeram chegar até ELE. Em seguida diz-se que “Foi-lhe dado” várias posições de eminência e somente depois de essas coisas lhes haverem sido dadas, então, os povos e nações o “serviriam”. Percebe-se, nitidamente, que a descrição desse verso é da entronização de um rei, não a de preparação de um culto a Deus ou a Divindade. É de se destacar que a versão utilizada dos LXX que propõe “latruo” na tradução do livro de Daniel para o grego usou de modo desuniforme os termos helênicos, pois ele não usou “λατρεύω” para traduzir a mesma palavra semítica em, por exemplo, Dn. 7.27; aqui ele usou ὑποταγήσονται (hypagêsontai) do verbo ὑποτάσσω (=sujeitar), esse mesmo verbo é usado no NT em Ef. 5.21. Devemos relembrar também que há outras versões da Septuaginta que não usam “λατρεύω” nesses versos de Daniel, mas δοῦλεω, via pela qual se adiciona mas uma dificuldade a pretensão trinitária. Talvez se ao invés de buscar a palavra grega “λατρεύω”, já que existe também versões dos LXX com a palavra δοῦλεω nesses mesmos versos, talvez se buscasse a forma aramaica que consta em

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Daniel houvesse um pouco mais de lógica פלח (pel-akh’), por esta haver sido usada várias vezes no episódio de Misael, Ananias e Azarias quando ser recusaram a “servir” (adorar) a divindade babilônica, mas tal lógica também estaria em prejuízo, pois há que ser notado que assim como “proskunô”, “pelakh’” tem a conotação determinada pelo contexto independentemente da quantidade de vezes que é usada, ou seja, não é porque foi usada mais vezes no relado do caso dos três jovens israelitas que terá seu significado determinado com um único sentido, pois essa palavra aramaica significa: prestar reverência, servir, adorar, ministrar, etc. E nesse sentido podemos ver sua ocorrência em Ez. 7.24 “ ה~ ל~ ית א� י ב£ ח£ ל¥ onde os LXX teriam preferido vertê-la por “λειτουργοῖς” e ,”ופ~podendo ser traduzida para nossa língua por “atendentes da casa de Deus” ou conforme aparece na Almeida “ministros da casa de Deus”, o que equivale a “servidores do Templo”. Além disso ainda cabe aqui a reflexão: Se alguém só tem direito de ser “cultuado” após receber de Deus as coisas, como pode esse alguém ser, também, Deus? Assim, certamente essa ocorrência em Daniel não é um requerimento de culto ao rei como se, aquele que precisou receber poder e honra, devesse ser cultuado e reconhecido como Deus, mesmo se considerarmos a versão que não traz δοῦλεω nesses versos. A propósito, Deus precisa receber alguma coisa para dever ser adorado? (Rm. 11.35) Deus é Deus de eternidade a eternidade e merecedor ininterrupto de culto. Como se percebe de forma abundante, dentro da Bíblia, todas as referências de serviço cultual sagrado apontam para Deus, o Pai, e não para o Filho, Jesus Cristo. Para os escritores sagrados, no Novo Testamento, Jesus não é a pessoa a quem cultuavam, ou prestavam serviço de culto como prestavam a Deus. Considerando tudo isso, não existe razão para se crer que “proskynô” quando aplicado a Jesus deva ser entendido como adoração no mesmo sentido que adoramos a Deus, pois ele mesmo, vale a pena repetir, disse: “Ao Senhor (Yahweh) teu Deus adorarás, e só a ele prestarás culto.” É oportuno dizermos que existem outras palavras com significado de serviço, mas essas outras são usadas indistintamente entre os próprios homens, e entre os homens e Deus. São elas “diakonia” (serviço prestado como servo), “liturgia” (serviço prestado como oficiante), “doulia” (serviço prestado com sentido de submissão [escravo]).

Como prova da Trindade, em seguida o pastor cita Colossenses 2:9: “Pois em Cristo habita

corporalmente toda a plenitude da divindade, ”.

Habitava, sim, pois ele mesmo dizia, que trazia a obra e as palavras do Pai. Dizia que não falava por ele mesmo, mas por aquele que o enviou. Se Jesus fosse Deus, a Divindade não habitaria nele. Ele simplesmente seria a Divindade. Mas com a ideia da Trindade tem que ser assim mesmo: só insistindo em dizer o que a Bíblia não diz.

Encerro aqui minhas respostas a obra do pastor Israel Belo de Azevedo. Dai em diante são argumentos repetidos e já respondidos sobre Trindade e salvação e textos mais direcionados aos evangélicos.

Mas como o assunto é Trindade, não poderia encerrar a obra sem tratar de outros versículos muito usados por quem acredita que Jesus é Deus.

"Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." Atos 20:28

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Há manuscritos gregos que dizem "Igreja do Senhor" e não "Igreja de Deus". E nas traduções para o inglês das Bíblias English Standard Version(ESV) e American Standard Version(ASV) está exatamente "Church of Lord" (Igreja do Senhor) e não "Church of God" (Igreja de Deus). Até muitos estudiosos do dogma da Trindade acreditam que "Senhor" é o correto, porque não é mencionado em lugar algum da Bíblia que Deus tem sangue. Pelo contrário, Deus é espírito, conforme está em João 4.24. Se os manuscritos onde diz "Senhor" e não "Deus" estão certos, então o problema está resolvido: o versículo faz referência ao próprio Jesus Cristo, sem chamá-lo de Deus. De qualquer forma, é mais um versículo a favor da Trindade colocado em dúvida.

Jesus é onipotente?

Os próprios versículos que são apresentados para “atestar” a onipotência de Jesus, nosso Senhor, são justamente aqueles que mostram sua dependência de uma fonte de poder que não é ele mesmo.Como exemplo temos a afirmação de que Jesus é inerentemente Onipotente baseados, em geral, em Mt. 28.18 “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.” ou então Mt. 11.27 “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, ….”. Mas, a primeira observação que devemos fazer aqui é acerca da expressão traduzida por “poder”, pois ao lermos “todo o poder” logo deduzimos que Jesus é todo-poderoso e, por consequência teria, então, um status, no mínimo igual ao do Pai, a quem a Bíblia chama de “Todo-Podereso”, mas “todo o poder” nesse trecho é, em grego, “πᾶσα ἐξουσία”, diferente daquela usada para dizer que Deu, o Pai, é Todo-Poderoso (παντοκράτωρ ) , como, por exemplo, em II Co. 6.18, “E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”. Na verdade “ἐξουσία” tem conotação de autoridade, não exatamente poder e seria melhor traduzido por “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”. A tradução dessa palavra por “autoridade” é encontrada em Lc. 10.19 “Eis que vos dei autoridade (ἐξουσίαν) para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder(δύναμιν) do inimigo; e nada vos fará dano algum”. De qualquer forma perceba que em ambos os casos vemos uma fonte de “poder” (a palavra original é autoridade) da qual emana a capacidade do Filho e que não é o próprio Filho. Em um verso se diz “É-me dado todo o poder” e no outro é dito “Todas as coisas me foram entregues”. Ele é o receptáculo e não a origem do poder ou autoridade. Se ele hoje tem todo poder, esse lhe foi dado em determinado momento pelo Pai.

Assim, vemos que Filho não é inerentemente onipotente, na verdade, o verso fala de autoridade que foi traduzido por “poder”.

Todo o poder que Ele tem lhe foi dado pelo Pai. Em sua condição terrena lemos em Jo. 10.18 “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade(ἐξουσίαν) para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.”(ARA) Após a ressurreição lemos em Mt. 28.18 “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.” E, no mundo vindouro ele se sujeitará a Deus mostrando que não é um co-igual, ou seja, não é o mesmo que Deus é, como sugere o credo atanasiano, I Co. 15: 27 “Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés.Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” Perceba aqui a questão que Paulo faz em distinguir e destacar que UM não lhe está sujeito, justamente aquele que todas as coisas lhe sujeitou. Como podem ser co-iguais se há UM que lhe sujeita as coisas? E se são o mesmo Deus como alegam os trinitários, por que Paulo insiste em dizer que quem lhe sujeitou as coisas não lhe está sujeito? Se na mente de Paulo os dois fossem co-iguais essa declaração não teria sentido. Em várias outras ocorrências vemos Jesus mostrar sua limitação e total dependência de Deus, seu Pai: João 5.19, 30,

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36; 8.28; 14.10,11, 31. A Bíblia mostra que os milagres de Jesus decorrem da atuação de Deus na vida dele “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At. 2.22)

Jesus perdoa pecados e julga, e por isso é Deus?Apesar de Jesus ter pedido ao Pai para que perdoasse aos que o crucificavam, os trinitaristas usam estes versículos como prova de que Jesus é Deus: "Quando Jesus reparou na fé deles, disse ao doente: Coragem, filho, porque já perdoei os teus pecados! Que ofensa a Deus! Esse homem é como se se considerasse o próprio Deus!, murmuravam entre si alguns chefes religiosos." (Mateus 9:2-3)

"Mas que blasfêmia! Acaso ele imaginará que é Deus? Só Deus pode perdoar os pecados." (Marcos 2:7) Kardec no livro A Gênese: "Que significariam aquelas palavras: «Teus pecados te são remitidos» e em que podiam elas influir para a cura? O Espiritismo lhes dá a explicação, como a uma infinidade de outras palavras incompreendidas até hoje. Por meio da pluralidade das existências, ele ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as conseqüências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras. Se, portanto, a enfermidade daquele homem era uma expiação do mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: «Teus pecados te são remitidos» eqüivalia a dizer-lhe: «Pagaste a tua dívida; a fé que agora possuís elidiu a causa da tua enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela.» Daí o haver dito aos escribas: «Tão fácil é dizer: Teus pecados te são perdoados, como: Levanta-te e anda.» Cessada a causa, o efeito tem que cessar. É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara: «Teu crime está expiado e perdoado», o que eqüivaleria a se lhe dizer: «Podes sair da prisão.»" Não há um versículo na Bíblia que diga "Só Deus pode perdoar os pecados". Esta idéia veio da tradição. Jesus disse que tinha na Terra essa autoridade porque ela lhe foi dada por Deus. Sendo Cristo quem era, espírito perfeito que sabia o que se passava no íntimo de cada um, podia perceber quem estava realmente arrependido e merecia perdão. João 20:23 mostra Jesus dizendo aos apóstolos para perdoarem pecados. Se os fariseus estavam certos e apenas Deus pode perdoar pecados, então os apóstolos também eram todos um único Deus. Também dizem que só Deus pode julgar e citam versículos como esse: "Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento" (João 5:22) Mas isso na verdade contraria a idéia da Trindade, pois nos mostra que Jesus recebeu essa autoridade de Deus, para julgar em nosso mundo, onde é regente. Ele recebeu porque não a tinha, porque não é Deus e nunca foi. Se fosse Deus, já teria essa autoridade e não precisaria receber de

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ninguém. Versículo com a mesma idéia desse: "E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. " (Mateus 28:18) Se foi dado a Jesus poder sobre o céu(mundo espiritual) e sobre a terra (plano físico) é porque ele não é Deus, pois se fosse Deus já teria esse poder desde o início. Mas o Espiritismo explica que Deus deu a ele poder sobre este mundo. Jesus é dirigente da Terra. E vejamos outro versículo em João 5 que comprova a inferioridade de Jesus diante do Pai: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. " (João 5:30) Seu julgamento só é justo porque é de acordo com a vontade de quem o enviou e não dele próprio. Como podem ainda afirmar que ele é Deus?

Tomé achava que Jesus era Deus?Outro versículo muito citado pelos que defendem a idéia da Trindade é João 20:28, onde Tomé diz, após ver Jesus ressuscitado: "Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!". Isso significa que Jesus é Deus, o "Jeová" dos Judeus? Claro que não. No mesmo capítulo onde Tomé diz isso, Cristo diz a Maria Madalena: "Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.". Então, se há o Deus de Jesus e Jesus é Deus, há uma hierarquia de deuses? Trinitaristas são politeístas ? Jesus não é o Deus Criador do Universo, o Deus eterno, mas alguém com divina autoridade, um enviado de Deus, e para homens assim a palavra grega "theos" sem artigo definido e a hebraica "elohim" foram muitas vezes usadas e ninguém mais do que Jesus até hoje mereceu ser chamado assim.A palavra "deus" aparece umas 1200 vezes no Novo Testamento, mas, tanto no grego quanto no hebraico, "deus" tem vários significados. No Velho Testamento, "elohim"("deus" ou "deuses", singular ou plural) foi usada com Abraão em Gênesis 23:6: "Ouve-nos, senhor(elohim); príncipe de Deus és tu entre nós". Observe que o "senhor" tem "s" minúsculo aqui. Se fosse Jesus, os tradutores seriam tendenciosos como sempre e usariam um "S" maiúsculo na hora de traduzir. Em Êxodo 7:1 lemos que Deus fez de Moisés um "deus" diante do faraó. O termo "elohim" também se refere aos juízes de Israel(Êxodo. 22:9, 28), anjos, etc. Quando Jacó lutou com "Deus" (leia Oséias 12:4 e também Gênesis 16:7-13), na verdade foi com um anjo(um espírito). Pessoas que fazem grandes feitos são apontadas como "deus"(elohim) por Yahweh (Javé ou Jeová, nome do Deus no Velho Testamento). No grego, a palavra "theos" também é muito abrangente. A língua grega usa a palavra "theos" para se referir ao Pai, mas também para outras autoridades, e até mesmo Satanás(II Coríntios 4:4) e deuses falsos(I Coríntios 8:5). Também serve para homens com grande autoridade: João 10:34-35; Atos 12:22. Quando o Novo Testamento foi escrito, os manuscritos gregos eram escritos com letras maiúsculas. Não havia maiúsculas e minúsculas como hoje. Então, a distinção entre "Deus" e

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"deus" não podia ser feita, e depende do contexto na hora de determinar se é "Deus" ou "deus". No grego não há artigo indefinido ("um", "uma"). Por isso, quando se refere a "Deus", há sempre no grego um artigo definido (que nem sempre aparece em português, apenas no grego), para diferenciar. João o evangelista em João 10:35 ao citar Salmos 82:6, que usa a palavra "Elohim", usa aqui a palavra "theos" sem artigo. Mesmo assim essa regra nem sempre funciona no caso do Deus verdadeiro, pois Satanás é chamado de Deus, com artigo e tudo, em II Coríntios 4:4.

Segundo os trinitaristas, os fariseus quiseram apedrejar Jesus por ele se dizer Deus. “E responderam: Não por qualquer obra boa, mas por ofensa a Deus; pois tu, um simples homem, afirmas ser Deus. " (João 10:33) O correto é "um deus" ou "deus" e não "Deus". Se os tradutores fossem honestos, fariam como nos versículos 34 e 35, pois a palavra "theos" é a mesma e também sem artigo definido. Quando é assim, devemos traduzir com o artigo indefinido(“um”), que não existe no grego. Também deveriam fazer como em Atos 12:22, onde traduziram assim: "E o povo exclamava: É a voz de um deus(theos), e não de um homem". "Um deus" aqui é Herodes. Fosse Jesus, traduziriam "É a voz de Deus". Em Atos 28:6, "theos" vem relacionada a Paulo. Traduziram como "um deus". O uso do artigo definido também não seria prova de que é o Deus Criador, pois II Coríntios 4:4 se refere a "Satanás" e tem artigo. Então, é importante vermos sempre o contexto. Neste caso está claro que agiram de má fé em João 10:33, pois, além de todo tradutor do grego saber que theos sem artigo deve ser traduzido como "um deus", analisando o contexto não tem lógica a afirmação de que Jesus afirma ser Deus. Em momento algum Cristo diz isso e nem dá a entender que é Deus. O que ele dizia é que era enviado de Deus, mostrando ao mundo as obras do Pai. É só lermos o versículo anterior: "Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me? " (João 10:32). E ainda os versículos seguintes: "Jesus replicou: Mas na vossa lei está escrito que Deus disse: 'Vocês são deuses' . Então, se as Escrituras, que não podem ser anuladas, dizem serem deuses aqueles a quem foi enviada a mensagem de Deus, como é que vocês agora afirmam que aquele que foi santificado e enviado ao mundo pelo Pai está a ofender Deus ao declarar: 'Sou o Filho de Deus'? Compreende-se que não acreditem em mim a não ser que faça as obras do meu Pai. Mas, já que as realizo, acreditem nelas, mesmo que não creiam em mim. Então ficarão convencidos de que o Pai está em mim, e eu no Pai." (João 10:34-38). As obras eram da parte de Deus, que o enviou e a quem estava submisso. Jesus já havia dito o mesmo antes, como está em dois capítulos antes desse: "Procurais tirar-me a vida, a mim que sou um homem, que vos tenho dito a verdade que de Deus ouvi" (João, 8:40). Não tem lógica dizer que Jesus afirmava ser Deus, quando ele afirma ser um homem que trouxe a palavra que ele ouviu do próprio Deus. Mas é perfeitamente compreensível que os fariseus o vissem como um homem que clamava ser "um deus" ou "divino". Outro caso em que quiseram apedrejá-lo: "Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. " (João 5:18) Os fariseus achavam uma heresia Jesus se mostrar como alguém que vinha com a autoridade do enviado de Deus, autoridade que de fato ele tinha (ver João 5:17). Chegaram até a dizer que estava com demônios, como os cristãos fazem hoje com os médiuns espíritas. O conceito de "igual" se encontra várias vezes na Bíblia sem significar exatamente "igual em substância". Quando José estava usando do poder e da autoridade do Faraó, igual a Jesus com o poder e autoridade que Deus lhe deu, disseram que era igual ao Faraó (Gênesis 44:18).

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"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. " (João 8:58) Dizem os trinitaristas que aqui Jesus afirmou ser Deus, fazendo uma conexão com o versículo abaixo, onde Deus no Velho Testamento diz uma frase parecida: "Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." Alegam que as palavras gregas "ego eimi" ("eu sou") ditas por Jesus indicam que Jesus é Deus. Mas será mesmo? O evangelista João escreveu o evangelho em grego e aquelas palavras de Deus no Velho Testamento foram escritas em hebraico. Ao se referir a Jesus, João usa "ego eimi", mas "ho on" é usada na Septuaginta, a tradução para o grego do Velho Testamento escrita por volta de 250 AC e utilizada pelos apóstolos. Vários citações do Velho Testamento feitas pelos apóstolos são na verdade da Septuaginta e não do hebraico. Se João quisesse fazer essa ligação com certeza teria escrito como na Septuaginta. Apesar de "ho on " aparecer no Evangelho de João, nunca é usada como um título, um nome ou fazendo referência a Jesus. No Apocalipse, também escrito por João, "ho on " aparece 5 vezes (Apocalipse 1:4, 8; 4:8; 11:17; 16:5). E em cada uma dessas vezes aparece como um título ou nomeação dada a Deus e não a Jesus. "João, ó sete igrejas que estão na Ásia: Graça a vós e paz da parte daquele que é [ho on], e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;" (Apocalipse 1:4) Este versículo se refere a Deus e não a Jesus, pois o versículo seguinte cita Jesus: "e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, ". Portanto, João diz que os cumprimentos vêm da parte de Deus, dos sete espíritos e de Jesus. Pessoas diferentes. O versículo 8 diz "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é[ho on], e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso. ". Este versículo fala de Deus e não de Jesus. Em Apocalipse 4:8 está escrito: "Os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos; e não têm descanso nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é[ho on], e que há de vir.". Também se refere a Deus e não a Jesus, que, em Apocalipse 5:6-7, é o Cordeiro, próximo a Deus, que está em seu trono. Em Apocalipse 5:13 há duas entidades separadas, Deus(em seu trono) e o Cordeiro: "Ouvi também a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos: " Também em Apocalipse 11:17 e Apocalipse 16:5, "ho on" se refere a Deus e não a Jesus. Está claro que para João "ho on" é diferente de "ego eimi". Ele não fez essa associação. O uso de "ego eimi" não faz da pessoa Deus. Paulo usou as mesmas palavras "ego eimi" em Atos 26:29 referindo a si mesmo. É incrível o que os tendenciosos tradutores da Bíblia fazem para validar o absurdo dogma da Trindade. Jesus nunca disse "Sou Deus, me adorem!", então fazem com que as pessoas "interpretem" qualquer inocente frase como equivalente a "Sou Deus, me adorem!". Perguntarão: "O que, então, escandalizou os hebreus e fez com que quisessem apedrejá-lo, se não foi porque ele usou o título "eu sou" se declarando Deus?" É só vermos os versículos anteriores. O que deixou eles escandalizados foi o fato de Jesus, depois de insistir que seu testemunho é altamente significativo por ele ser um enviado de Deus que dizia ao mundo o que do próprio Deus ouviu(Confiram o versículo 26: "Muitas coisas tenho que dizer e julgar acerca de vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele ouvi, isso falo ao mundo." e também o versículo 28: "nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim

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falo." Há motivo pra alguém achar que ele é Deus? Não diz, isso sim, que é um enviado de Deus?), ser "de cima" (da mais alta espiritualidade), ele ainda diz que já existia antes do profeta Abraão, o Pai de Israel tão amado pelos judeus,o que para os fariseus foi um insulto. Diziam que Jesus era um sujeito com demônios, um homem qualquer se achando um enviado de Deus, acima de Abraão e de todos os profetas, que conhecia pessoalmente a Deus sendo um enviado Dele, que havia conhecido Abraão e este havia ficado contente em vê-lo, tendo Abraão já morrido há muitos anos. Acharam tudo isso, mas não que Jesus estivesse querendo se passar por Deus, o Criador do Universo, O Jeová dos judeus. Para nós, espíritas, para ser um espírito preexistente não precisa ser Deus. Mas, se for para ficar apenas na Bíblia, ela diz que Salomão(Provérbios 8:22-31) e Melquisedeque (Hebreus 7:3), existiam antes da Terra. Sem falar em outros versículos claros sobre espíritos pré-existentes, como em Jeremias 1:5 "Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei; ó nações te dei por profeta."

O título !Senhor” significa que Jesus é Deus?O título “Senhor” significa, como querem os trinitaristas, que Jesus é Deus? Claro que não, a palavra grega kurios é um título masculino de respeito e nobreza, usado várias vezes no Novo Testamento. Não se pode dizer que Jesus é Deus só porque é chamado de Senhor. Donos de propriedade(Mateus 20:8), chefes de família (Marcos 13:35), donos de escravos (Mateus 10:24), maridos (1 Pedro. 3:6), o imperador romano (Atos 25:26), autoridades romanas, muitos foram chamados de "senhor"(kurios). Também um filho chama seu pai de "senhor" em Mateus 21:29. E Atos 2:36 está escrito "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. " Se Deus fez de Jesus um Senhor, então ser Senhor nem sempre significa ser Deus. "Senhor" quando se refere ao verdadeiro e único Deus no Velho Testamento é "Yahweh" ou

"Adonai" e Jesus nunca foi chamado assim e a prova disso vemos neste versículo: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te ã minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. " (Salmos 110:1). Dizem que nesse versículo estaria a comprovação da Trindade. Ao contrário, é uma prova contrária. O primeiro "Senhor" no hebraico é adonai, de fato um dos nomes usados pelos hebreus para o verdadeiro e único Deus, como "Yahweh". Mas na segunda vez a palavra muda para "adoni", que jamais é usada para Deus, mas para homens e anjos, como em Ex. 21:5, 1 Sam. 30:13-15, Gen. 18:12, 2 Sam. 11:11 e vários outros exemplos. A palavra mudou para "adoni" justamente porque Jesus não é Deus e nunca foi, encerrando de vez o assunto. A “International Standard Bible Encyclopedia” diz: "A forma ADONI (“meu senhor”), um título real (1 Sam. 29:8), é diferente do título divino ADONAI ("meu Senhor") usada para Yahweh". É falso, portanto, o argumento de que Jesus é Deus por ser chamado de Senhor, já que Jesus jamais foi chamado de "adonai" ou "Yahweh". Escreveu Paulo: "todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual

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existem todas as coisas, e por ele nós também. " (I Coríntios 8:6). Então, segundo a língua grega, Senhor nem sempre é Deus. Conforme entendido no Espiritismo, Jesus é o Senhor do nosso planeta, o dirigente da Terra, mas não Deus.

João escreveu: "Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. " (1 João 5:20 ), e assim alegam os trinitaristas que o "verdadeiro Deus" é Jesus Cristo. Mas analisando o contexto veremos que não é verdade. Aqui a exegese é considerada um engano por vários que até mesmo acreditam na Divindade de Jesus, mas se acham convencidos de que "houtos" (este)se refere ao Pai, o verdadeiro Deus, e não a Jesus. O capítulo começa afirmando: "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é o nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, ama também ao que dele é nascido. ". Está claro desde o princípio que Jesus nasceu de Deus, foi gerado, não é o verdadeiro Deus, o Criador. E dos versículos 18 aos 20, João diz: "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno. Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. ". Está claro que quando disse sobre o verdadeiro Deus, João dizia sobre aquele que o gerou e o mandou ao mundo para, como o "logos" encarnado, a "imagem de Deus invisível", fazer com que os homens tivessem conhecimento de sua existência. Ora, a frase "verdadeiro Deus" foi dita 4 vezes na Bíblia: 2 Crônicas 15:3, Jeremias 10:10, João 17:3 e 1 Tessalonicenses 1:9. Em todas as vezes está se referindo apenas ao Pai. A mais significante é esta, em João 17:3, o mesmo João de 1 João 5:20: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste. ". Foi Cristo quem disse isso, orando ao Pai e não a si mesmo, dizendo que foi enviado pelo Pai, o único Deus verdadeiro. Sendo o mesmo autor de I João 5:20, não há porque duvidar de que João falava naquela epístola sobre o Pai e não sobre Jesus, o enviado de Deus, o nascido de Deus, mas não o próprio Deus. Foi o que todos entenderam, pois já estavam acostumados a entender o Pai como "o único Deus verdadeiro".

"Disse-me ainda: está cumprido: Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da água da vida. " (Apocalipse 21:6) "Eu sou o Alfa e o ômega, o primeiro e o derradeiro, o princípio e o fim" (Apocalipse 22:13) Os trinitaristas dizem que Jesus, ao ser chamado de "O Alfa e o Ômega" e também "O Princípio e Fim", assim como Deus foi chamado em outros versículos, também é Deus. A Bíblia diz de fato que Jesus é o princípio e o fim e a resposta pra isso está em Apocalipse 3:14: "Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: ". Jesus é o princípio da criação de Deus, é criatura e não O Criador. De fato, Jesus existia bem antes deste mundo ser criado, a criatura de Deus mais antiga que aqui esteve. Está escrito também que Jesus é o primogênito da criação (Colossenses. 1:15), e isso significa que foi criado e não é Criador. Foi criado muito antes deste mundo, do qual hoje é dirigente.

Como Jesus nunca disse ser Deus, os apóstolos nunca disseram que Jesus é Deus, ninguém disse

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que Jesus é Deus, muitos insistem em dizer que ele é Deus fazendo ligações entre frases, como no exemplo abaixo: (Jesus diz, após curar um homem) "Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera. " (Lucas 8:39) Jesus realizava as obras de Deus, como sempre dizia: "Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. " (João 14:10) Então, não tem nada demais nesse versículo. De fato, Deus havia curado aquele homem através de Jesus.

Jesus é um com o Pai?

Jayme Andrade, ex-evangélico, diz no livro "O Espiritismo e as Igrejas Reformadas": "Os teólogos costumam apresentar como prova da sua divindade a frase "Eu e o Pai somos um" (João 10:30), sem atentar para o fato de que logo adiante Ele incluiu na mesma categoria os apóstolos, quando afirmou: "Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós" (João 17:11) e "para que também eles sejam um em nós " (João 17:21).

É óbvio que isso é um símbolo. Jesus é "um com o Pai" no mesmo propósito, no mesmo pensamento. Um símbolo óbvio como em Marcos 10:8, que diz que homem e mulher se tornarão "uma só carne". Em 1 Coríntios 6:17 está escrito: “ O que se une ao Senhor, um espírito é com ele.” Como sempre, os apologistas cristãos insistem em ver em qualquer frase inocente uma prova da Divindade do Cristo. Mas não há base bíblica alguma para a Trindade.

Dizem os apologistas cristãos que quando Jesus foi "tentado por Satanás " (Lucas 4 e Mateus 4), "Satanás" também se fez de "anjo de luz", da forma que acreditam ocorrer nas manifestações no Espiritismo. Mas o que lemos é que "Satanás" tentou Jesus com propostas arrojadas, materialistas, tentando afastar Cristo de sua missão, como "o poder sobre todos os reinos da Terra em troca de sua submissão". O que tem de "luz" nisso? Só porque ele cita versículos bíblicos? Isso pode ter valor para alguns apologistas cristãos, assim como tinha para os fariseus. Não para o Espiritismo, que, conforme a parábola do bom samaritano ensinada pelo Cristo, ensina que o que agrada a Deus é a nossa conduta moral e não o apego as escrituras. Satanás é um mito, uma lenda inspirada no Zoroastrismo persa. Mesmo considerando que um espírito imperfeito, voltado para o mal, o tivesse tentado, é um absurdo. É um símbolo ou uma interpolação. E é mais absurdo ainda para os que acreditam que Jesus é Deus. Como disse Léon Denis: "Se Jesus era Deus, poderia Satanás ignorá-lo ? E como teria a pretensão de exercer influência sobre ele" ? Cristo não era Deus, mas um espírito puro, o mais perfeito a vir até esse mundo. Qual o Espírito das Trevas, por mais destemido que fosse, teria a audácia de enfrentar o Cristo para lhe fazer propostas de ordem nitidamente humana? Os evangelistas narram que os espíritos trevosos se sentiam espavoridos pela simples aproximação do Mestre, haja vista, para ilustração, o célebre caso do possesso geraseno (Marcos 5:6-7). Ora, assim como qualquer treva desaparece ao raiar do sol, qualquer espírito trevoso se afasta, quando uma entidade sublimada, da categoria daquela a que pertence Jesus, se apresenta. Os evangelhos se contradizem. Segundo Mateus foi em cima de uma Montanha (4,8). Segundo Lucas foi em Jerusalém, no pináculo do Templo (4,9). Assim, em Mateus o cenário da tentação é: a) deserto; b) Templo; c) Montanha. Em Lucas o cenário é: a) deserto; b) montanha; c) Templo de

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Jerusalém. Essa crença fica mais ilógica, quando as narrações afirmam que Jesus estava no deserto, e as sugestões de "Satanás" aconteceram no pináculo do Templo de Jerusalém, ou em cima de uma montanha - o que faz crer que o que era assim levitado era o Espírito de Jesus, sem o corpo. Jamais poderemos aceitar as narrativas evangélicas em torno da "tentação" de Jesus, como expressões fiéis de um fato acontecido, quando apreciadas em seu sentido literal. Jesus certamente foi para o deserto, esteve lá sozinho orando, e o resto é lenda. Mas também um ensino que objetiva demonstrar que o simples fato de estar na Terra, mesmo em se tratando de Espíritos de elevada hierarquia, envolve a necessidade de oração e vigilância, em face dos atrativos que a vida humana oferece àqueles que se deixam seduzir pelas coisas de César.

"Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus." (Mateus 4:7)

Insistem que esse versículo comprova que Jesus é Deus. Muito pelo contrário! "Satanás" na verdade tentava a Deus ao insistir que Jesus desobedecesse ao seu Pai, o verdadeiro e único Deus, e que adorasse "Satanás" acima de todos. (leia o versículo 9: "disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. "). Ora, "Satanás", se soubesse que Jesus é Deus, não iria pedir que Jesus o adorasse. Diante da insistência de "Satanás", Jesus diz, no versículo 10: "Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." E era o que Jesus fazia, sempre adorando e orando a Deus acima de todos. Certamente, não orava e adorava a si mesmo.

Traduções forjadas a favor da TrindadeDiz Leblois, pastor em Strasburgo, no livro "As Bíblias E Os Iniciadores Religiosos Da Humanidade", citado por Léon Denis em "Cristianismo em Espiritismo": "Vimos, na Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, na do mosteiro de Saint-Gall, manuscritos em que o dogma da Trindade está apenas acrescentado à margem. Mais tarde foi intercalado no texto, onde se encontra ainda." Há uma deturpação absurda em João 1:8, onde alguns manuscritos, obviamente alterados pelos copistas, dizem: "Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer. " Deus unigênito? Claro que Jesus é o filho unigênito, como sempre foi chamado. A Trindade é demolida na primeira frase. Se "ninguém jamais viu a Deus" e Jesus foi visto por muitos, mesmo depois de desencarnado, então Jesus não é Deus. Mas, então tiveram que alterar o resto para continuarem insistindo que Jesus é Deus. Mas a frase não faz o menor sentido. O correto é FILHO unigênito, claro. I Coríntios 10:8: "E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes" Com esse versículo pretendem provar que Jesus é o Deus de Israel, já que cita um episódio em Números 21:5-7 com o "Deus dos Exércitos" como se o mesmo fosse o Cristo. Só que o certo é "Senhor" e não “Cristo”, como está em várias traduções, provavelmente a maioria. Segundo Bart Ehrman no livro "A Ortodoxa Corrupção da Escritura", o correto aqui é "Senhor". Claro, pois Jesus, que é amor, não tem nada a ver com aquele "Deus dos exércitos".

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"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um." (I João 5:7) Como diz Jayme Andrade em "O Espiritismo e as Igrejas Reformadas": "aí a interpolação é tão evidente que a própria "Bíblia de Jerusalém" (editada com aprovação eclesiástica) o resume com estas palavras: "Porque três são os que testemunham: O Espírito, a água e o sangue", aduzindo em nota de rodapé que as frases restantes "não constam dos antigos manuscritos, nem das antigas versões, nem dos melhores manuscritos da Vulgata, parecendo ser uma glosa marginal

introduzida posteriormente" (N.T., 6a edição, página 649 (grifo nosso)) " Vejamos alguns versículos onde os trinitaristas se aproveitam do fato dos originais bíblicos não terem pontuação, tornando muitas vezes dúbio o significado da frase: "de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém." (Romanos 9:5) A tradução acima é da João Ferreira de Almeida, Protestante. Em uma Bíblia Católica (Ed. Vozes) está escrito: ":... deles são os patriarcas e deles é o Cristo segundo a carne. O Deus que está acima de tudo seja bendito pelos séculos! Amém". Várias outras traduções diferem, ou colocando Jesus como Deus ou louvando ao verdadeiro e único Deus (o Pai) no fim da frase. Há uma forte evidência a favor da idéia de que é um louvor ao verdadeiro e único Deus (o Pai) no final, pois frases como essa "Deus seja louvado" e "Deus acima de todos" se encontram em muitos outros lugares na Bíblia, como em Rom. 1:25; 2 Cor. 11:31; Efésios 1:3; 4:6; 1 Tim. 6:15, sempre se referindo ao Pai. Para Paulo, de fato, há só um Deus, o Pai, como podemos ver em 1 Coríntios 8:6, Efésios 4:6 e outros versículos como 1 Timóteo 2:5-6, que transcrevo: "Porque existe um só Deus. E entre ele e os homens há um só intermediário, que é Jesus Cristo seu Filho, que é, ele próprio, homem também; o qual se deu a si mesmo como preço da salvação de toda a humanidade. Esta é a mensagem que Deus trouxe ao mundo no momento oportuno". O que pode ser mais claro do que uma afirmação de que Cristo é um homem e que Deus é um só? Também uma tradução forjada: "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:" (2 Pedro 1:1). Algumas traduções, como a versão em inglês de King James, colocam o "nosso Deus" e "Salvador Jesus Cristo" como pessoas distintas. Portanto, lendo-se "do nosso Deus E do Salvador Jesus Cristo". Pedro com certeza colocou Deus e Jesus como pessoas separadas, pois é o que ele faz no versículo seguinte: "Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; ". Outra: "aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, " (Tito 2:13) O texto grego literalmente diz: "esperando (prosdechomenoi) a (ten) bem-aventurada (makarian)

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esperança (elpida) e (kai) aparecimento (epifaneian) da (tes) glória (doxes) do (tou) grande (megalou) Deus (theou) e (kai) Salvador (sothros) nosso (emon) Jesus (iesou) Cristo (christou) Algumas versões, inclusive traduções em língua inglesa de igrejas trinitaristas, colocam "nosso grande Deus" e "Salvador Cristo Jesus" como pessoas distintas. A frase correta também pode ser "glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus". Cristo é que é a glória de Deus. É só analisarmos o contexto para vermos que deve ser essa a tradução mais certa: "nem defraudando, antes mostrando perfeita lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus nosso Salvador. Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando ã impiedade e ó paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus, " (Tito 2:10-13) "Glória de Deus", "graça de Deus", mesma coisa. A graça/glória de Deus é Jesus, não resta dúvidas. Outras palavras de Paulo no mesmo contexto, confirmam ser essa a interpretação mais certa: "Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus; " (I Coríntios 1:4) Está claro que a graça de Deus/glória de Deus é Jesus, não? "Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos." (Romanos 5:15) A graça de Deus se manifestou através de um HOMEM. O que poderia ser mais claro? Jesus é Deus ou HOMEM? Deus em Tito 2 é chamado de Salvador. Como Jesus também foi, insistem então em fazer a associação, dizendo que Jesus é Deus. Trinitaristas adoram forçar a barra dessa forma, mas ambos podem assim ser chamados, já que Jesus salva porque Deus se manifesta nele, o mediador entre Deus e os homens. Ele mesmo não se cansava de dizer que fazia as obras de Deus, trazia as palavras de Deus, que por ele nada podia fazer. Como os espíritos disseram a Kardec, Jesus era como um "médium de Deus". E no Evangelho de Mateus:

"Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras." (Mateus 16:27) Se Paulo tivesse dito: "esperando o aparecimento do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo", os trinitaristas poderiam usar isso a favor da Trindade. Mas Paulo disse: "esperando a GLÓRIA de Deus", que é Jesus Cristo. É o mesmo que dizer "esperando o aparecimento de Jesus, a glória de nosso grande Deus e Salvador". Paulo escreveu 13 livros dos 27 livros do Novo Testamento. Ele usa a palavra theos (Deus) mais de 500 vezes no Novo Testamento. Todas as vezes, Paulo não se refere a Jesus como "Deus". A frase "o grande Deus" é uma frase que Paulo jamais usaria para se referir a Jesus, pois para ele há

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somente um Deus, o Pai, e ele se refere várias vezes a Jesus como outra pessoa: "todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também. " (I Coríntios 8:6)

"um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos." (Efésios 4:6) "a todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados para serdes santos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. " (Romanos 1:7-8) "no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho." (Romanos 2:16) "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 6:23) "Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; " (Romanos 8:34) "Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." (Romanos 15:6) "ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém". (Romanos 16:27) "Paulo, chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus" (I Coríntios 1:1) "Graça seja convosco, e paz, da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo" (I Coríntios 1:3) "Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. " (II Coríntios 1:2) "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo;" (Efésios 1:3) "para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele;" (Efésios 1:17) Acho que já basta. Paulo não iria se contradizer. Iria? Outro versículo forjado: "para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus, O Cristo, " (Colossenses 2:2) Os originais gregos dizem "tou musteriou tou theou Christou”, mas a tradução exata é debatida. Alguns dizem que pode ser, sim, o "mistério de Deus, o Cristo", mas outros dizem que o correto é "o mistério do Cristo de Deus". O fato é que o versículo não afirma que o Cristo é Deus e sim diz que o mistério de Deus é o Cristo. O "Mistério" no sentido de “segredo” a ser revelado em seu tempo.