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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng ISSN 2178-3586 ESTRUTURA DE PAREDES EM CONCRETO ARMADO MOLDADAS IN LOCO THAÍS DANIELE KRAICZYI HEKAVEI 1 BRUNO ANGELO GOMES SANTIAGO 2 CLEYTON CRISTIAO CROVADOR 3 TALITA SOARES DE ANDRADE 4 ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE THAÍS DANIELE KRAICZYI HEKAVEI 1 ; ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE BRUNO ANGELO GOMES SANTIAGO 2 ; ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE CLEYTON CRISTIAO CROVADOR 3 ; ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE TALITA SOARES DE ANDRADE 4 RESUMO: Este artigo apresenta a tecnologia das estruturas de paredes em concreto armado moldadas in loco, identificando suas características básicas e formas de execução, suas vantagens e o seu uso na construção civil, visto a grande demanda de métodos construtivos que buscam agilidade em sua produção. PALAVRAS-CHAVE: tecnologias, armação, concretagem, vantagens. 1 INTRODUÇÃO É notório que no mundo atual, a praticidade, qualidade e eficiência das atividades desenvolvidas são levadas a sério, se tornando um princípio. A construção civil também busca essas características. A FGV Projetos, elaborou um estudo onde identificou que o Brasil irá necessitar até 2020, aproximadamente 27,7 milhões de moradias, suprindo assim a demanda do crescimento familiar, conforme FERNANDES e ROLLI (2008) apud NASCIMENTO e BRAGA (2009). Sendo assim, quando se faz necessário a construção de edifícios de vários pavimentos ou grande quantidade de unidades em um curto espaço de tempo, surge a necessidade de tecnologias que favoreçam a conclusão da obra em um período reduzido. Levando em consideração essas informações, o sistema construtivo de paredes de concreto moldadas “in loco” colabora com o objetivo de um processo rápido da edificação.

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ESTRUTURA DE PAREDES EM CONCRETO ARMADO MOLDADAS IN LOCO

THAÍS DANIELE KRAICZYI HEKAVEI1

BRUNO ANGELO GOMES SANTIAGO2

CLEYTON CRISTIAO CROVADOR3

TALITA SOARES DE ANDRADE4

¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – THAÍS DANIELE KRAICZYI

HEKAVEI1; ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – BRUNO ANGELO GOMES

SANTIAGO2; ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – CLEYTON CRISTIAO CROVADOR3;

¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – TALITA SOARES DE ANDRADE4

RESUMO: Este artigo apresenta a tecnologia das estruturas de paredes em concreto armado moldadas in loco, identificando suas características básicas e formas de execução, suas vantagens e o seu uso na construção civil, visto a grande demanda de métodos construtivos que buscam agilidade em sua produção. PALAVRAS-CHAVE: tecnologias, armação, concretagem, vantagens.

1 INTRODUÇÃO

É notório que no mundo atual, a praticidade, qualidade e eficiência das

atividades desenvolvidas são levadas a sério, se tornando um princípio. A

construção civil também busca essas características. A FGV Projetos, elaborou um

estudo onde identificou que o Brasil irá necessitar até 2020, aproximadamente 27,7

milhões de moradias, suprindo assim a demanda do crescimento familiar, conforme

FERNANDES e ROLLI (2008) apud NASCIMENTO e BRAGA (2009).

Sendo assim, quando se faz necessário a construção de edifícios de vários

pavimentos ou grande quantidade de unidades em um curto espaço de tempo, surge

a necessidade de tecnologias que favoreçam a conclusão da obra em um período

reduzido.

Levando em consideração essas informações, o sistema construtivo de

paredes de concreto moldadas “in loco” colabora com o objetivo de um processo

rápido da edificação.

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O concreto é o principal elemento para o processo construtivo de paredes

moldadas “in loco”. Em 2012 entrou em vigor a NBR 16055/2012, que normatiza a

tecnologia em questão. A publicação desse documento contribui para que esse

processo construtivo se torne mais popular e padronizado.

Para compreender melhor as potencialidades e limitações deste sistema

construtivo, será realizado uma revisão bibliográfica e apontados os principais

aspectos relevantes para a execução do mesmo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Em maio de 2012, foi publicada pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) a norma NBR 16.055/2012, difundindo o procedimento, dando

assim uma maior confiabilidade e garantindo a qualidade da execução das paredes

moldadas “in loco”.

Materiais utilizados

o Concreto

Como principal material utilizado na construção civil, o concreto é um

composto constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia), agregado graúdo

(brita ou pedra), ar e quando necessário aditivos que modificam sua

trabalhabilidade.

Misurelli e Massuda (2009) indicam quatro tipos de concreto, que podem ser

utilizados no sistema de Paredes de Concreto, são eles: “o concreto celular; o

concreto com alto teor de ar incorporado – até 9%; o concreto com agregados leves

ou com baixa massa específica e; o concreto convencional ou auto adensável.”

A escolha do material adequado deve ser precisa, o projetista deve atentar

às principais características de cada mistura sempre observando o requerido.

o Armadura

A armação das paredes moldadas “in loco” é executada através de telas

soldadas, dispostas verticalmente às paredes. Como a quantidade de pavimentos

pode variar, em alguns casos se torna necessário o uso de reforço no lado externo

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das paredes. Já para os vãos das janelas e portas são utilizados reforços de barras

de armadura convencional.

Algumas recomendações devem ser seguidas, como o uso de telas

soldadas já ser contabilizada no projeto estrutural, reduzir ao máximo os tipos e as

posições inadequadas das telas, obedecendo as dimensões do projeto e fazer o uso

de telas com qualidade garantida por fornecedor.

o Formas

As fôrmas têm o papel de suportar o concreto em estado fresco até que

possa alcançar o estado de sustentação. As formais mais utilizadas nas paredes de

concreto são as formas metálicas, as metálicas com madeira compensada, e as de

plástico.

A aplicação do desmoldante é importante, garantindo a possível reutilização

das fôrmas, e facilitando a desforma além de impedir a aderência entre ambos.

Etapas de produção

o Fundação

Não existindo uma regulamentação que se prevê a fundação a qual deverá

ser utilizada, na maioria das vezes são executadas as fundações: sapata corrida,

radier e blocos de travamento para estacas e tubulões, levando em consideração os

projetos estruturais.

o Marcação na laje

A marcação das paredes no piso/laje em que vão ser executadas, é a etapa

inicial desse sistema, sendo um procedimento de fácil execução, porém exigindo

atenção e cuidado, garantindo o alinhamento correto.

A NBR 16.055 (ABNT, 2012) define como tolerância máxima para a posição

dos eixos de cada parede em relação ao projeto ∓ 5 mm, e a tolerância individual de

desalinhamento horizontal (Th) de elementos estruturais menor ou igual a l/500 ou 5

mm, considerando o menor valor, sendo o l o comprimento expresso em mm.

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Figura 1 – Tolerância para desvios horizontais

Fonte: NBR 16.055 (ABNT, 2012)

o Armação

A forma mais usual entre as construtoras para esse tipo de construção é a

armação em tela soldada na posição vertical das paredes, que por sua vez devem

“...resistir aos esforços de flexotorção das paredes, controlar a retração do concreto

e estruturar e fixar as tubulações de elétrica, hidráulica e gás” (ABCP, 2008).

E por ser um dos principais materiais para a boa qualidade e segurança, as

telas devem ser transportadas, manuseadas e estocadas de forma a garantir que

elas não oxidem, caso acorra essa situação, o construtor deve limpar e avaliação

das armaduras, podendo até reduzir a seção (ABNT NBR 16.055, 2012).

Seguindo as especificações, a montagem das telas soldadas da armadura

principal é executada, seguindo dos reforços e então é executado os itens de

finalização, como cintas e espaçadores, esses que tem função no alinhamento,

espessura das paredes e geometria das placas. Para deixar o serviço mais rápido,

pode-se retirar a tela dos locais onde estão localizados portas e janelas. Segue

abaixo, a figura 2 que demonstra o processo de execução de armaduras.

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Figura 2 – Execução das armaduras

Fonte: Construção no mercado.

o Instalações prediais

Nesse sistema construtivo temos duas opções para executar a instalação

hidráulicas, que pode ser embutido diretamente na estrutura ou utilizar shafts,

compartimentos geralmente em alvenaria ou plástico que não interferem na estrutura

da edificação (FARIA, 2009).

Caso a opção escolhida seja a primeira, o construtor deve se atentar a

algumas especificações:

a) A temperatura de contato entre a tubulação e o concreto não pode ser

maior que 15° Celsius;

b) A pressão interna na tubulação máxima deve ser de 0,3 MPa;

c) O maior diâmetro da tubulação permitido é 50mm;

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d) O diâmetro não deve ser maior que 50% da espessura da parede,

garantindo espaço para o cobrimento e a armadura de reforço – exceção de paredes

com telas dos dois lados com comprimento mínimo de 50 cm por lado, aonde é

permitido a instalação de tubulação com diâmetro de até 66% da espessura da

parede;

e) Não deve haver o contato de tubulação metálica com armadura, evitando

a corrosão galvânica (ABNT NBR 16.055, 2012).

A ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política) ainda recomenta que

todas as instalações sejam testadas antes de executar a concretagem, pois em caso

de vazamentos posteriormente verificados, a manutenção acontece com a

necessidade de quebrar as paredes maciças. (ABCP,2018)

Assim como para as instalações hidráulicas, as elétricas também possuem

normas que regem sua execução e elas estão previstas na NBR 16.055:2012

apresentadas no item 2.3.4.3 que trata da forma em embutir essas instalações, mas

existe algumas construtoras que executam externamente à parede. Na figura 3, tem-

se um exemplo de montagem de instalação hidráulica.

Os kits elétricos (caixas de interruptores, tomadas, luzes, etc.) devem ser

posicionados nas fôrmas orientados pelo projeto, por meio de gabaritos. Os

eletrodutos devem ser dispostos na armadura com espaçadores garantindo o

recobrimento. É necessário ainda fixar os eletrodutos na tela soldada a fim de evitar

o deslocamento durante a concretagem (ABCP, 2008).

E como essa técnica se tornou mais difundia, já existe no mercado caixas de

passagem especificas para esses procedimentos, assegurando que não ocorro

obstrução durante a concretagem das formas. A ABCP (2008) orienta que caixas

onde possuam orifícios que possibilitam a infiltração do concreto devem ser

preenchidas com papel ou pó de serra, evitando a eventual vedação dos dutos.

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Figura 3 – Execução de hidráulica

. Fonte: Bastos Construtora.

o Montagem das formas e escoramento

O processo de montagem das formas deve vir especificadas em projeto,

trazendo o posicionamento de cada peça para evitar erros e atrasos na execução.

É fundamental o uso prévio de desmoldante, produto que, segundo Abatte

(2003) se usado corretamente auxilia no processo de desenforma do concreto,

possibilita o reaproveitamento das fôrmas e melhora a aparência final do concreto.

Misurelli e Massuda (2009) afirmam que apesar de ser necessária a

orientação sequencial de montagem das fôrmas no projeto, existe um padrão

usualmente seguido pelos construtores onde: posicionam os painéis de fôrma;

realizam a montagem, começando de internos para os externos, com a possibilidade

de montagem pareada; empregam os caixilhos e os grampos de fixação; posicionam

as escoras e os prumos e; colocam as ancoragens fechando as fôrmas.

A ABNT NBR 16.055 cita em seu texto uma precaução a ser tomada no

projeto de escoramento das fôrmas, deve ser feito para que ela combata qualquer

força advinda de seu peso próprio, da estrutura ou cargas acidentais advindas de

qualquer condição durante o processo de execução, para que as paredes não

sofram deformações que prejudiquem o molde das paredes, conforme figura 4.

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Figura 4 – Execução das formas.

Fonte: Construliga

o Concretagem

O concreto é essencial nessa técnica construtiva, por isso requer uma

atenção especial em todo o processo. Afinal, a concretagem bem executada é o que

vai garantir a durabilidade e qualidade almejadas em projeto (MISURELLI;

MASSUDA, 2009).

A NBR 16.055 (ABNT, 2012) define que o concreto pode ser produzido tanto

pelo construtor quanto por uma empresa contratada, contudo a responsabilidade

pelo serviço e atendimento as normas ABNT NBR 12655 e ABNT NBR 7212 é

atribuída às duas partes.

Mas obviamente o processo mais rápido e consequentemente mais usado

pelas construtoras é aquele que advém de usinas. O concreto é fabricado,

repassado aos caminhões betoneiras, estes fazem o transporte até o local das

fôrmas, e então a mistura é finalizada com inserção da espuma, do agente

incorporador de ar ou de aditivos superplastificantes (ABCP, 2008).

O recebimento do concreto deve ser feito seguindo os procedimentos

estabelecidos na ABNT NBR 14931:2004, de forma que atenda às características de

abatimento (slump) e espalhamento (flow) exigidos em projeto.

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Para o lançamento a NBR 16.055 (ABNT, 2012) prevê algumas medidas

durante o lançamento que devem ser tomadas para garantir a homogeneidade do

concreto, dentre elas:

a) Evitar a inclinação excessiva do caminhão, impedindo a possível

segregação decorrente do transporte;

b) O preenchimento das fôrmas deve evitar pontos concentrados que

possam provocar deformações ou alterações nos moldes;

c) Maiores cuidados devem ser tomados quanto maiores forem a altura de

lançamento e a densidade de armadura, sempre eliminando ou impedindo ao

máximo a possível segregação dos componentes do concreto.

Misurelli e Massuda (2009) explicam um esquema para a concretagem das

formas, onde é iniciado por um dos cantos da construção até que as paredes

próximas estejam completas, seguido pela execução do canto oposto e então

finalizados pelos outros cantos da mesma forma. O tempo de parada de

concretagem não deve ser superior a 30 minutos.

Concretos como o autoadensável (Tipo N) e o celular (Tipo L1) são os mais

viáveis para o sistema construtivo em Paredes de Concreto. A alta ductibilidade e

trabalhabilidade dispensam a necessidade de vibração e facilitam o processo de

preenchimento de toda área interna das fôrmas (MISURELLI; MASSUDA, 2009).

Caso não seja usado nenhum desses dois tipos, o construtor deve tomar alguns

cuidados especiais no adensamento, utilizando ferramentas que auxiliem no

preenchimento total das formas, evitando vazios ou deslocamento das telas de

armadura.

Após os procedimentos anteriores finalizados, a desenforma e cura do

concreto ocorrem. Misurelli e Massuda (2009) apontam que a desforma somente

deve ser realizada após o concreto assumir a resistência exigida em projeto, de tal

forma que esse procedimento não ocasione fissuras.

A retração é uma das principais causas de patologias na construções de

concreto, e a cura é um fator primordial para que isso não ocorro, por tanto, a NBR

16055 (ABNT, 2012) afirma que a cura do concreto é imprescindível, e deve ter

início logo após a desforma das paredes, enquanto não for alcançada a dureza

almejada a cura deve se manter constante, minimizando a perda de água pela

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superfície exposta, assegurando uma superfície com resistência adequada e

ocasionando a formação de uma capa superficial durável.

o Acabamentos

Um dos benefícios dessa técnica, é que após a desenforma ela quase não

precisa receber acabamentos, as paredes por serem executados em nível e

aprumadas são de forma regular, e possuem alguns sinais externos advindos das

junções das formas, mas que podem ser rapidamente solucionadas, como

demonstra a figura 5.

A ABCP (2008) ainda recomenda técnicas para um melhor acabamento:

a) Rebarbas originadas pela junção de painéis podem ser removidas com

espátula assim que finalizada a desforma;

b) Argamassa de cimento e areia pode ser utilizada no preenchimento dos

furos de ancoragens;

c) A Feltragem – aplicação de uma camada nata de cimento Portland, com

traço rico em cimento – é indicada para correção de possíveis falhas originadas de

infiltração de ar, ou decorrentes da heterogeneidade da granulometria da areia e

impurezas.

Figura 5 – Paredes de concreto armado prontas para receber acabamento.

Fonte: Forsa.

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Aplicações

Com o aumento da demanda do mercado imobiliário brasileiro e as medidas

governamentais para ampliar a oferta da casa própria, o sistema de paredes de

concreto armado moldadas in loco, representa uma solução possível para a

produção em grande escala.

Segundo MISURELLI, H; MASSUDA, C, esse método de construção

racionalizado possibilita a construção de casas térreas, sobrados, edifícios de até

cinco pavimentos padrão, edifícios de oito pavimentos padrão com esforços de

compressão, de até 30 pavimentos padrão e com mais de 30 pavimentos -

considerados casos especiais e específicos.

Esse método foi inspirado em experiência anteriores de construções

industrializadas em concreto celular, conhecido como sisistema Gethal e concreto

convencional, chamado de sistema Outinord, que eram muito usuais nas décadas de

70 e 80 em muitos países, porém essas tecnologias não foram utilizadas no Brasil,

devido às questões econômicas em que se encontravam o país na época e devido a

pouca demanda de construção em grande escala. Na figura 6 tem-se um exemplo

de casas térreas construídas com esse sistema.

Figura 6 – Casas térreas construídas com sistemas de paredes de concreto

Fonte: MISURELLI; MASSUDA, 2009, p. 74

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sistema de construção em questão, prioriza a utilização dessa tecnologia,

para produções em grandes escalas. Construtoras que possuem empreendimentos com

alta demanda e repetitividade, e que necessitam de uma velocidade elevada na construção

das edificações podem fazer um bom uso dessa tecnologia, visto que o termo

“racionalização” é utilizado na prática na obra com esse método.

As principais vantagens e particularidades do uso dessa tecnologia, se

resumem basicamente em:

Alta produtividade em um curto espaço de tempo;

Baixo índice de perdas;

Mão de obra reduzida;

Possibilidade da vedação exercer função estrutural;

As formas são reutilizáveis, de fácil uso;

Aumento na qualidade dos serviços de execução e acabamentos;

Uniformidade das paredes, proporcionando um acabamento de alta

qualidade;

Não exige qualificação do operário, apenas um treinamento do

sistema;

Simplificação das tarefas, pois possui uma sequência ordenada de

trabalho;

Aumento da área útil da habitação.

Os resultados obtidos para o método das edificações com estruturas de

paredes em concreto armado moldadas in loco, cumprem com o seu papel principal,

que é a produtividade em grande escala em um tempo reduzido.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As paredes de concreto armado moldadas “in loco” possuem etapas de

construção bem definidas proporcionando uma maior velocidade de execução

comparado a outros métodos construtivos de estruturas, além da racionalização de

serviços.

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Para um resultado de qualidade, todas as etapas devem ser executadas de

uma forma correta e supervisionadas por um responsável, pois são etapas muito

bem definidas e importantes.

A escolha do material que será utilizado tem grande importância para o bom

desempenho da edificação, pois cada material necessita de um cuidado específico,

seja na montagem ou aplicação.

De um modo geral, analisando as vantagens e particularidade do sistema

constritivo, ele atende as necessidades apontadas no início do trabalho, tendo uma

grande contribuição nas construções que necessitam ser realizadas em um curto

espaço de tempo, sendo de grande valia a pesquisa para um maior conhecimento

dessa tecnologia, que comparada as demais, é um método novo e eficiente.

5 REFERÊNCIAS

ABATTE, V. Desmoldante: um para cada tipo de fôrma. Revista Techne, n.70, jan 2003. Disponível em <htttp://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/70/artigo286230-1.aspx>. Acesso em 15 de setembro. 2018. ADAMCZYK, J.; ZAREBSKA, J.; INGRAO, C. Cellular concrete the material of sustainable construction. Technical Issues, Polônia, Janeiro 2015. 12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. 2007/2008. Disponível em <http://abesc.org.br/arquivos/coletania-aditivos.pdf>. Acesso em 15 de setembro. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16055: Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações - Requisitos e procedimentos - Elaboração. Rio de Janeiro, 2012. BRAGUIM, T. C. Utilização de modelos de cálculo para projeto de edifícios de paredes de concreto armado moldadas no local. Universidade de São Paulo. 227 páginas, 2013. FARIA, R. Normas de paredes de concreto moldadas "in loco". Revista Techne, n.146, maio 2009. Disponível em <htttp://techne17.pini.com.br/engenharia-42civil/146/normas-norma-de-paredes-de-concreto-moldadas-in-loco-286588-1.aspx>.Acesso em 13 de setembro de 2018. IBRACON, Concreto: Ciência e suas Tecnologias, 1972. 1824 p.,Volume 2.

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MISURELLI, H; MASSUDA, C. Paredes de Concreto. Revista Techne, n.147, p. 74-78, jun. 2009. NASCIMENTO, D. M.; BRAGA, R. C. D. Q. Déficit Habitacional: um problema a ser resolvido ou uma lição aprendida? Risco, São Paulo, janeiro, 2009. 11. SANTOS, Altair. 2012. Disponível em: <http://www.cimentoitambe.com.br/norma-populariza-parede-de-concreto-moldada-in-loco/>. Acesso em 15 de setembro. 2018. SANTOS, V. F. Paredes de concreto com fôrmas metálicas. Revista Techne, n.169, abril 2011. Disponível em <htttp://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/169/artigo286819-1.aspx>. Acesso em 15 de setembro. 2018.