ESTRUTURA SEMÂNTICA E SISTÊMICA DA CONSCIÊNCIA Sergio Otavio Bassetti - FCEE.
Transcript of ESTRUTURA SEMÂNTICA E SISTÊMICA DA CONSCIÊNCIA Sergio Otavio Bassetti - FCEE.
ESTRUTURA SEMÂNTICA E SISTÊMICA ESTRUTURA SEMÂNTICA E SISTÊMICA DA CONSCIÊNCIADA CONSCIÊNCIA
Sergio Otavio Bassetti - FCEESergio Otavio Bassetti - FCEE
Experimento de BuytendijkExperimento de BuytendijkConceito de “seguinte”Conceito de “seguinte”
x
x
x
x
x
x
x
DO SENSORIAL AO RACIONALDO SENSORIAL AO RACIONAL
O homem não se limita à impressão imediata do que o O homem não se limita à impressão imediata do que o circunda, está em condições de ultrapassar os limites circunda, está em condições de ultrapassar os limites da experiência sensível, de penetrar mais da experiência sensível, de penetrar mais profundamente na essência das coisas. Ele dispõe, não profundamente na essência das coisas. Ele dispõe, não só de um conhecimento sensorial, mas também de um só de um conhecimento sensorial, mas também de um conhecimento racional.conhecimento racional.
Como explicar a passagem do conhecimento sensorial para o racional?
Para explicar as formas mais complexas da vida consciente do homem é imprescindível sair dos limites do organismo, buscar as origens desta vida consciente e do comportamento “categorial”, não nas profundezas do cérebro ou da alma, mas sim nas condições externas da vida e, em primeiro lugar, da vida social, nas formas histórico-sociais da existência do homem. Vygotsky (Apud Luria, 1986, p. 20-21)
Dois fatores são responsáveis pela passagem do sensorial para o racional:
• O trabalho social e este, mediante a divisão de sua funções, origina novas formas de comportamento, independente dos motivos biológicos elementares.(Trabalho)
Dos motivos biológicos para os motivos sociais de comportamento.
• No processo do trabalho socialmente dividido, surgiu nas pessoas a necessidade de comunicação. (Linguagem)
DefiniçãoDefinição - a - a linguagemlinguagem é um sistema de códigos, por é um sistema de códigos, por
meio dos quais designam-se os objetos externos e suas meio dos quais designam-se os objetos externos e suas
relações; com a ajuda desses códigos incluem-se os relações; com a ajuda desses códigos incluem-se os
objetos em determinados sistemas de categorias. Este objetos em determinados sistemas de categorias. Este
sistema de códigos leva a formação da sistema de códigos leva a formação da consciência consciência
“categorial”.“categorial”.
O elemento fundamental da linguagem é a O elemento fundamental da linguagem é a palavra.palavra.
A palavra designa as coisas, individualiza suas A palavra designa as coisas, individualiza suas
características. Indica ações, relações, reúne objetos características. Indica ações, relações, reúne objetos
em determinados sistemas.em determinados sistemas.
A palavra codifica a experiênciaA palavra codifica a experiência..
Estrutura simpráxica e sinsemântica da palavraEstrutura simpráxica e sinsemântica da palavra
SimpráxicaSimpráxica – a palavra recebe sua significação na – a palavra recebe sua significação na
atividade prática, isolada desta não teria existência atividade prática, isolada desta não teria existência
independente.independente.
Sinsemântica Sinsemântica – independência da ação prática. Um – independência da ação prática. Um
sistema autônomo de códigos capaz de designar os sistema autônomo de códigos capaz de designar os
objetos, ações, relações e expressar idéias. objetos, ações, relações e expressar idéias.
Na ontogênese, a passagem do caráter simpráxico Na ontogênese, a passagem do caráter simpráxico
ao sinsemântico da linguagem não ocorre em ao sinsemântico da linguagem não ocorre em
função do trabalho, mas da função do trabalho, mas da internalizaçãointernalização da da
experiência acumulada pela humanidade mediante experiência acumulada pela humanidade mediante
a comunicação com os adultosa comunicação com os adultos
As primeiras palavras não nascem dos As primeiras palavras não nascem dos primeiros sons que emite a criança, mas sim primeiros sons que emite a criança, mas sim daqueles sons da linguagem que assimila da daqueles sons da linguagem que assimila da fala do adulto.fala do adulto.
É necessário inibir os sons biológicos, da mesma É necessário inibir os sons biológicos, da mesma
forma que o mecanismo da preensão deve ser forma que o mecanismo da preensão deve ser
inibido para que possa aparecer o movimento inibido para que possa aparecer o movimento
voluntário. voluntário.
As primeiras palavras da criança estão sempre As primeiras palavras da criança estão sempre vinculadas à ação da criança, não expressam seus vinculadas à ação da criança, não expressam seus estados, estão dirigidas ao objeto e portanto tem estados, estão dirigidas ao objeto e portanto tem um caráter simpráxico.um caráter simpráxico.
Ex. “ga” – pode representar gato, leite, beber, pular, Ex. “ga” – pode representar gato, leite, beber, pular,
etc.etc.
Depois a criança começa a adquirir a morfologia Depois a criança começa a adquirir a morfologia
elementar da palavra e passa a “substantiva-la”. elementar da palavra e passa a “substantiva-la”.
Ex. gato ou gatinho – gatoEx. gato ou gatinho – gato
Antes uma expressão designava Antes uma expressão designava coisas, ações, qualidades; agora a coisas, ações, qualidades; agora a palavra se estabiliza, o significado palavra se estabiliza, o significado se reduz e o vocabulário se se reduz e o vocabulário se amplia.amplia.
CONCLUSÃOCONCLUSÃO
A palavra, na ontogênese, nasce de um contexto A palavra, na ontogênese, nasce de um contexto
simpráxico, separando-se progressivamente da prática e simpráxico, separando-se progressivamente da prática e
converte-se em um signo autônomo, que designa um converte-se em um signo autônomo, que designa um
objeto, uma ação ou uma qualidade (e mais adiante uma objeto, uma ação ou uma qualidade (e mais adiante uma
relação). É neste momento que ocorre o verdadeiro relação). É neste momento que ocorre o verdadeiro
nascimento da palavra como elemento do complexo nascimento da palavra como elemento do complexo
sistema de códigos da língua.sistema de códigos da língua.
FUNÇÃO DA PALAVRAFUNÇÃO DA PALAVRA
A palavra tem um papel designativo – A palavra tem um papel designativo – função função
denotativa ou referencialdenotativa ou referencial..
A palavra designa objetos, ações, qualidades ou A palavra designa objetos, ações, qualidades ou
relações. relações.
Vygotsky – Vygotsky – referência objetalreferência objetal como função de como função de representação, de substituição do objeto.representação, de substituição do objeto.
Com a função designativa da palavra o homem Com a função designativa da palavra o homem
duplica o mundo passando a ter a possibilidade de duplica o mundo passando a ter a possibilidade de
operar mentalmente com objetos, inclusive na operar mentalmente com objetos, inclusive na
ausência deles.ausência deles.
Com esta função – designativa – o homem pode Com esta função – designativa – o homem pode dirigir não só sua percepção, suas dirigir não só sua percepção, suas representações, mas também sua memória.representações, mas também sua memória.
Ex. Pode executar mentalmente - levantar um peso de Ex. Pode executar mentalmente - levantar um peso de
1 kg e outro de 1g e saber qual é o mais pesado.1 kg e outro de 1g e saber qual é o mais pesado.
Da palavra nasce a capacidade da ação voluntária.Da palavra nasce a capacidade da ação voluntária.
Também assegura a possibilidade Também assegura a possibilidade
de transmitir a experiência de de transmitir a experiência de
indivíduo a indivíduo e a indivíduo a indivíduo e a
possibilidade de assimilar a possibilidade de assimilar a
experiência das gerações experiência das gerações
anterioresanteriores
A PALAVRA E O CAMPO A PALAVRA E O CAMPO SEMÂNTICOSEMÂNTICO
A palavra não é apenas um rótulo.A palavra não é apenas um rótulo.
A palavra possui muitos significados.A palavra possui muitos significados.
Homônimos – Ex. manga, sonho, etc.Homônimos – Ex. manga, sonho, etc.
A referencia objetal exata é, na essência, a escolha do A referencia objetal exata é, na essência, a escolha do
significado necessário entre uma série de significado necessário entre uma série de
possibilidades. possibilidades.
A escolha do significado exato depende de A escolha do significado exato depende de marcadores semânticos, pela entonação, e marcadores semânticos, pela entonação, e principalmente pelo contexto.principalmente pelo contexto.
FUNÇÃO ASSOCIATIVAFUNÇÃO ASSOCIATIVA – A palavra não somente – A palavra não somente
indica um objeto, mas também, inevitavelmente, indica um objeto, mas também, inevitavelmente,
provoca a aparição de uma série de enlaces provoca a aparição de uma série de enlaces
complementares. Ex. “Jardim” – pode evocar complementares. Ex. “Jardim” – pode evocar
involuntariamente as palavras: árvore, flores, banco, involuntariamente as palavras: árvore, flores, banco,
encontro, etc. encontro, etc.
A palavra converte-se em elo ou nó central de A palavra converte-se em elo ou nó central de
toda uma rede de imagens por ela evocadas e toda uma rede de imagens por ela evocadas e
de palavras conotativamente ligadas a ela. de palavras conotativamente ligadas a ela.
Aquele que fala ou que escuta contém, inibe, Aquele que fala ou que escuta contém, inibe,
toda esta rede de palavras e imagens evocadas toda esta rede de palavras e imagens evocadas
pela palavra, para poder escolher o significado pela palavra, para poder escolher o significado
imediato ou denotativo.imediato ou denotativo.
FUNÇÃO CATEGORIAL FUNÇÃO CATEGORIAL
É a capacidade que a palavra tem de não É a capacidade que a palavra tem de não
apenas substituir, representar os objetos ou de apenas substituir, representar os objetos ou de
provocar associações, mas também de provocar associações, mas também de analisá-analisá-
los, para abstrair e generalizar suas los, para abstrair e generalizar suas
características. características.
A palavra isola a A palavra isola a característica essencialcaracterística essencial do objeto. do objeto.
Ex.Ex.
mesa mesa – algo que tem a característica de um estrado ou – algo que tem a característica de um estrado ou
tablado.tablado.
RelógioRelógio – objeto que tem a função de medir o tempo. – objeto que tem a função de medir o tempo.
TelevisorTelevisor – objeto que permite ver à distância. – objeto que permite ver à distância.
TelefoneTelefone – objeto que permite falar à distância. – objeto que permite falar à distância.
A palavra generaliza uma coisa, a inclui em uma A palavra generaliza uma coisa, a inclui em uma determinada categoria, ou seja, possuí uma complexa determinada categoria, ou seja, possuí uma complexa função intelectual de generalizaçãofunção intelectual de generalização..
Ex. Mesa, relógio, televisão, telefone.Ex. Mesa, relógio, televisão, telefone.
Ao generalizar os objetos, a palavra converte-se em em Ao generalizar os objetos, a palavra converte-se em em
um instrumento de abstração e categorização, que é a um instrumento de abstração e categorização, que é a
operação mais importante da consciência.operação mais importante da consciência.
A palavra é a célula do pensamentoA palavra é a célula do pensamento. .
A palavra por ter um significado generalizado A palavra por ter um significado generalizado permite que o sujeito transmita seu pensamento – é a permite que o sujeito transmita seu pensamento – é a condição para a compreensão.condição para a compreensão.
Ex. o relógio, por tem um significado generalizado Ex. o relógio, por tem um significado generalizado
permite a transmissão de uma determinada permite a transmissão de uma determinada
informação, mesmo que haja uma diferença na informação, mesmo que haja uma diferença na
representação entre quem falou e quem ouviu.representação entre quem falou e quem ouviu.
A palavra se transforma em instrumento de A palavra se transforma em instrumento de
pensamento: analisa e generaliza. pensamento: analisa e generaliza.
A palavra não só separa a característica do objeto e o A palavra não só separa a característica do objeto e o generaliza incluindo-o em uma determinada generaliza incluindo-o em uma determinada categoria; além disso, a palavra executa um trabalho categoria; além disso, a palavra executa um trabalho automático de análise do objeto que passa automático de análise do objeto que passa desapercebido para o sujeito, transmitindo-lhe a desapercebido para o sujeito, transmitindo-lhe a experiência das gerações anteriores acumulada na experiência das gerações anteriores acumulada na história da sociedade.história da sociedade.
EX. Tinteiro – radical “tinta” – tem relação com cor.
- Sufixo “eiro” – instrumentalidade e poder conter.
Tinteiro significa instrumento que pode conter coisas relacionadas a tinta ou a cor.
O DESENVOLVIMENTO DO SIGNIFICADO DA O DESENVOLVIMENTO DO SIGNIFICADO DA PALAVRA NA ONTOGÊNESEPALAVRA NA ONTOGÊNESE
SignificadoSignificado – sistema de relações que se formou – sistema de relações que se formou
objetivamente no processo histórico e que está objetivamente no processo histórico e que está
encerrado na palavra. É um sistema estável de encerrado na palavra. É um sistema estável de
generalizações, que se pode encontrar em cada generalizações, que se pode encontrar em cada
palavra, palavra, igualmente para todas as pessoas.igualmente para todas as pessoas.
Sentido – Sentido – é o significado individual da palavra, é o significado individual da palavra, separado do sistema objetivo de enlaces; este separado do sistema objetivo de enlaces; este tem relação com o momento e a situação dada.tem relação com o momento e a situação dada.
Ex. palavra “Carvão” Ex. palavra “Carvão”
Significado Significado – é um objeto preto, a maioria das vezes – é um objeto preto, a maioria das vezes
de origem vegetal, resultado da calcinação de árvores, de origem vegetal, resultado da calcinação de árvores,
com uma determinada composição química em cuja com uma determinada composição química em cuja
base está o elemento carbono.base está o elemento carbono.
SentidoSentido - Para uma pessoa que vai fazer um churrasco é o - Para uma pessoa que vai fazer um churrasco é o elemento com o qual vai assar a carne.elemento com o qual vai assar a carne.
- Para o cientista é o elemento químico que entra na Para o cientista é o elemento químico que entra na
composição da matéria orgânica.composição da matéria orgânica.
- Para o pintor é o elemento com o qual ele fará o esboço Para o pintor é o elemento com o qual ele fará o esboço
do quadro.do quadro.
- Para a menina que sujou o vestido com o carvão terá um Para a menina que sujou o vestido com o carvão terá um
sentido desagradável. sentido desagradável.
Significado referencialSignificado referencial – é o elemento – é o elemento
fundamental da linguagem.fundamental da linguagem.
SentidoSentido – é a unidade fundamental da – é a unidade fundamental da
comunicação.comunicação.
DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO DESIGNIFICATIVA (REFERÊNCIA OBJETAL) DESIGNIFICATIVA (REFERÊNCIA OBJETAL)
DA PALAVRA NA ONTOGÊNESEDA PALAVRA NA ONTOGÊNESE
Na criança de 3,5 – 4 anos a referência objetal já está Na criança de 3,5 – 4 anos a referência objetal já está
formada. “Casa” designa um objeto, “xícara” outro, formada. “Casa” designa um objeto, “xícara” outro,
“ursinho”, um terceiro objeto.“ursinho”, um terceiro objeto.
A referência objetal se forma gradualmente na A referência objetal se forma gradualmente na
ontogênese.ontogênese.
Inicialmente certos fatores não verbais, simpráxicos, Inicialmente certos fatores não verbais, simpráxicos,
entrelaçam-se com a referência objetal da palavra. Ou seja, a entrelaçam-se com a referência objetal da palavra. Ou seja, a
criança compreende as palavras em função de uma série de criança compreende as palavras em função de uma série de
fatores complementares, situacionais, que mais tarde deixam fatores complementares, situacionais, que mais tarde deixam
de influenciar.(final do 2º ano).de influenciar.(final do 2º ano).
Fatores complementares:Fatores complementares:
a) posição da criança (6 meses);a) posição da criança (6 meses);
b) quem fala;b) quem fala;
c) gestos; c) gestos;
d) entonação. d) entonação.
Experimento de TappoletExperimento de Tappolet
Perguntava para a criança no início do 2º ano de vida em sua Perguntava para a criança no início do 2º ano de vida em sua
língua natal (Francês):língua natal (Francês):
““Ou est la fenetre?” (onde está a janela) – a criança se voltava Ou est la fenetre?” (onde está a janela) – a criança se voltava
para ela.para ela.
Depois com a mesma entonação e flexão, perguntava em alemão:Depois com a mesma entonação e flexão, perguntava em alemão:
““Wo ist das fenster?” a criança reagia da mesma forma.Wo ist das fenster?” a criança reagia da mesma forma.
DESENVOLVIMENTO DO DESENVOLVIMENTO DO SIGNIFICADO DA PALAVRASIGNIFICADO DA PALAVRA
Em cada etapa do desenvolvimento infantil, a palavra, Em cada etapa do desenvolvimento infantil, a palavra,
mesmo conservando a mesma referência objetal – mesa mesmo conservando a mesma referência objetal – mesa
é mesa, xícara é xícara, etc. – adquire novas é mesa, xícara é xícara, etc. – adquire novas estruturas estruturas
semânticassemânticas, muda e enriquece o , muda e enriquece o sistema de enlaces e sistema de enlaces e
generalizaçõesgeneralizações..
Na ontogênese ocorre uma mudança Na ontogênese ocorre uma mudança psicológica no significado da palavra, psicológica no significado da palavra, mudança de sua estrutura sistêmica. Ou seja, mudança de sua estrutura sistêmica. Ou seja, por trás do significado da palavra, em cada por trás do significado da palavra, em cada etapa, estão presentes diferentes processos etapa, estão presentes diferentes processos psíquicos. Nisto consiste a tese sobre o psíquicos. Nisto consiste a tese sobre o desenvolvimento semântico e sistêmico da desenvolvimento semântico e sistêmico da consciênciaconsciência, que reflete o mundo externo , que reflete o mundo externo através da palavra.através da palavra.
DESENVOLVIMENTO SISTÊMICO DO DESENVOLVIMENTO SISTÊMICO DO SIGNIFICADO DA PALAVRASIGNIFICADO DA PALAVRA
No processo de desenvolvimento da criança No processo de desenvolvimento da criança
encontram-se, por trás do significado da palavra, encontram-se, por trás do significado da palavra,
diferentes processos psíquicos.diferentes processos psíquicos.
A palavra é um aparelho que reflete o mundo externo A palavra é um aparelho que reflete o mundo externo
em seus enlaces e relações. Portanto, se à medida que a em seus enlaces e relações. Portanto, se à medida que a
criança se desenvolve, muda o significado da palavra, criança se desenvolve, muda o significado da palavra,
quer dizer que também muda o reflexo daqueles quer dizer que também muda o reflexo daqueles
enlaces e relações que, através da palavra, determinam enlaces e relações que, através da palavra, determinam
a estrutura de sua consciência. a estrutura de sua consciência.
Ex. a palavra “mercado”.Ex. a palavra “mercado”.
Para uma criança de 3 anos a referência objetal Para uma criança de 3 anos a referência objetal
está estável.está estável.
No entanto, a medida em que a criança se No entanto, a medida em que a criança se
desenvolve o significado categorial se modifica. desenvolve o significado categorial se modifica.
Inicialmente a palavra “mercado” designa um Inicialmente a palavra “mercado” designa um
certo lugar de onde são trazidos pão, bolacha, certo lugar de onde são trazidos pão, bolacha,
doces, etc. Por trás da palavra “mercado” doces, etc. Por trás da palavra “mercado”
encontram-se encontram-se laços afetivoslaços afetivos..
No início da idade escolar a palavra “mercado” No início da idade escolar a palavra “mercado”
designa o lugar onde se vai comprar produtos diversos designa o lugar onde se vai comprar produtos diversos
e onde as vezes é mandada fazer compras e que se e onde as vezes é mandada fazer compras e que se
situa na esquina da casa. Esta palavra fica privada do situa na esquina da casa. Esta palavra fica privada do
significado afetivo. Agora, o papel principal é significado afetivo. Agora, o papel principal é
desempenhado pela imagem direta do mercado desempenhado pela imagem direta do mercado
concreto. Esta palavra evoca concreto. Esta palavra evoca uma situação concreta, uma situação concreta,
direta, situacionaldireta, situacional. .
Para um adulto na palavra “mercado” se Para um adulto na palavra “mercado” se
encontra um encontra um sistema de conceitossistema de conceitos. Por exemplo, . Por exemplo,
as relações comerciais ou econômicas.as relações comerciais ou econômicas.
RESUMINDO - RESUMINDO - O sistema sistêmico (processos O sistema sistêmico (processos
psicológicos) vária de acordo com o desenvolvimento psicológicos) vária de acordo com o desenvolvimento
semântico da palavra:semântico da palavra:
Na criança pré-escolar predomina os Na criança pré-escolar predomina os enlaces afetivos.enlaces afetivos.
Na criança em idade escolar predomina os Na criança em idade escolar predomina os enlaces enlaces
circunstanciais, diretos, figurados. circunstanciais, diretos, figurados.
No adulto os No adulto os enlaces lógico-verbais, conceituaisenlaces lógico-verbais, conceituais..
Desta forma, pode-se dizer que a criança pensa Desta forma, pode-se dizer que a criança pensa
lembrando e o adulto lembra pensando.lembrando e o adulto lembra pensando.
EX. PALAVRA “CACHORRO”EX. PALAVRA “CACHORRO”
Enlaces circunstanciais, diretosEnlaces circunstanciais, diretos
cachorroObedece ao dono
LateCuida da casa
morde
Sai para passear
Briga com o gato
CACHORRO GATOCAVALO
BASSET PASTOR
DOMÉSTICO SELVAGEM
ANIMAL VEGETAL
VIVO INANIM.
EX. PALAVRA “CACHORRO”
Enlaces conceituais, lógico-verbais
CARÁTER SISTÊMICO DA CARÁTER SISTÊMICO DA CONSCIÊNCIACONSCIÊNCIA
Nas etapas iniciais do desenvolvimento a consciência Nas etapas iniciais do desenvolvimento a consciência
tem um tem um caráter afetivocaráter afetivo, reflete o mundo afetivamente. , reflete o mundo afetivamente.
Na etapa seguinte, a consciência começa a ter um Na etapa seguinte, a consciência começa a ter um
caráter concreto-imediatocaráter concreto-imediato. Na etapa culminante do . Na etapa culminante do
desenvolvimento a consciência adquire um desenvolvimento a consciência adquire um caráter caráter
lógico verbal abstratológico verbal abstrato. .
O DESENVOLVIMENTO DOS O DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS E OS MÉTODOS PARA CONCEITOS E OS MÉTODOS PARA
SUA INVESTIGAÇÃOSUA INVESTIGAÇÃO
1.MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE 1.MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE CONCEITOSCONCEITOS
Consiste em pedir ao sujeito que dê o significado de Consiste em pedir ao sujeito que dê o significado de uma palavra.uma palavra.
ex. “O que é um cachorro?” “O que é uma mesa?” “O ex. “O que é um cachorro?” “O que é uma mesa?” “O que é uma árvore?”que é uma árvore?”
1.MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE 1.MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE CONCEITOSCONCEITOS
Respostas: Respostas: - O sujeito não determina o significado da - O sujeito não determina o significado da
palavra, mas reproduz um traço, função do objeto ou palavra, mas reproduz um traço, função do objeto ou introduz o objeto em alguma situação prática. Reflete introduz o objeto em alguma situação prática. Reflete enlaces imediatos. Predomina o conteúdo real enlaces imediatos. Predomina o conteúdo real imediato da palavra.imediato da palavra.
- O sujeito introduz o objeto em certos sistemas - O sujeito introduz o objeto em certos sistemas de conceitos, em determinada categoria. Reflete de conceitos, em determinada categoria. Reflete enlaces abstratos; relações lógico-verbais. enlaces abstratos; relações lógico-verbais.
2. 2. MÉTODO DA COMPARAÇÃOMÉTODO DA COMPARAÇÃO
Consiste em dizer (mostrar) dois objetos pedindo Consiste em dizer (mostrar) dois objetos pedindo ao sujeito que diga o que há de comum/diferente ao sujeito que diga o que há de comum/diferente entre eles.entre eles.
2. 2. MÉTODO DA COMPARAÇÃOMÉTODO DA COMPARAÇÃO
1º nível: duas palavras (objetos) que 1º nível: duas palavras (objetos) que evidentemente pertencem a mesma categoria.evidentemente pertencem a mesma categoria.
Ex. cachorro/gato; Ex. cachorro/gato;
leão/tigre;leão/tigre;
bicicleta/motocicleta.bicicleta/motocicleta.
2. 2. MÉTODO DA COMPARAÇÃOMÉTODO DA COMPARAÇÃO
2º nível: duas palavras (objetos) cujo aspecto 2º nível: duas palavras (objetos) cujo aspecto comum é difícil de encontrar visto que se comum é difícil de encontrar visto que se diferenciam muito.diferenciam muito.
Ex. Ex.
leão/cachorro; leão/cachorro;
coruja/peixe;coruja/peixe;
lápis/máquina de escrever.lápis/máquina de escrever.
2. 2. MÉTODO DA COMPARAÇÃOMÉTODO DA COMPARAÇÃO
3º nível: duas palavras (objetos) em situação 3º nível: duas palavras (objetos) em situação conflitiva (as diferenças são mais marcantes que as conflitiva (as diferenças são mais marcantes que as semelhanças).semelhanças).
Ex.Ex.
cavalo/cavaleiro; cavalo/cavaleiro;
mesa/cadeira.mesa/cadeira.
2. 2. MÉTODO DA COMPARAÇÃOMÉTODO DA COMPARAÇÃO
Respostas:Respostas: - Separação dos traços concretos dos dois objetos ou inclusão em - Separação dos traços concretos dos dois objetos ou inclusão em uma situação imediata.uma situação imediata.- Separação dos traços comuns introduzindo os objetos em categoria - Separação dos traços comuns introduzindo os objetos em categoria abstrata. abstrata. Em pré-escolares predomina as operações real-imediatas e tendem a Em pré-escolares predomina as operações real-imediatas e tendem a assinalar as diferenças.assinalar as diferenças.A diferenciação necessita do pensamento concreto-imediato. A diferenciação necessita do pensamento concreto-imediato. A semelhança necessita do pensamento analítico-sintético para A semelhança necessita do pensamento analítico-sintético para separar o traço geral e introdução em categorias abstratas.separar o traço geral e introdução em categorias abstratas.Nível 1 e 2 são difíceis para os pré-escolares.Nível 1 e 2 são difíceis para os pré-escolares.Em escolares de séries iniciais já começa aparecer a operação de Em escolares de séries iniciais já começa aparecer a operação de generalização, mas ainda com tendência de colocar os objetos em generalização, mas ainda com tendência de colocar os objetos em uma situação concreta. uma situação concreta. Nos outros escolares aparece a operação de abstração.Nos outros escolares aparece a operação de abstração.
3. QUARTO EXCLUÍDO3. QUARTO EXCLUÍDO
Consiste em apresentar quatro palavras/objetos Consiste em apresentar quatro palavras/objetos pedindo ao sujeito que escolha dentre eles três que pedindo ao sujeito que escolha dentre eles três que podem ser nomeados por somente uma e mesma podem ser nomeados por somente uma e mesma palavra, e que exclua o quarto.palavra, e que exclua o quarto.
3. QUARTO EXCLUÍDO3. QUARTO EXCLUÍDO
1º nível1º nível
Três objetos idênticos em sua forma e pertencentes Três objetos idênticos em sua forma e pertencentes a uma determinada categoria. o quarto é diferente a uma determinada categoria. o quarto é diferente na forma, cor e pertencente à outra categoria.na forma, cor e pertencente à outra categoria.
Ex. maçã, ameixa, laranja, guarda-chuvaEx. maçã, ameixa, laranja, guarda-chuva..
Resolução por pensamento senso-perceptivo ou Resolução por pensamento senso-perceptivo ou pensamento categorial, lógico verbal. pensamento categorial, lógico verbal.
3. QUARTO EXCLUÍDO3. QUARTO EXCLUÍDO
2º nível2º nível
Três objetos de uma mesma categoria, mas que se Três objetos de uma mesma categoria, mas que se diferenciam na aparência e o quarto parecido com um dos diferenciam na aparência e o quarto parecido com um dos três na aparência e pertencente à outra categoria.três na aparência e pertencente à outra categoria.Ex. Ex. beterraba, cenoura, rabanete, balão vermelhobeterraba, cenoura, rabanete, balão vermelho..
Resolução por pensamento senso-perceptivo ou Resolução por pensamento senso-perceptivo ou pensamento categorial, lógico verbal.pensamento categorial, lógico verbal.
3. QUARTO EXCLUÍDO3. QUARTO EXCLUÍDO
3º nível3º nívelTrês objetos de mesma categoria e o quarto de outra Três objetos de mesma categoria e o quarto de outra categoria que entra numa situação comum com os três.categoria que entra numa situação comum com os três.Ex. machado, tronco, serra, páEx. machado, tronco, serra, pá..
Resolução por enlaces real-concreto, situacional ou por Resolução por enlaces real-concreto, situacional ou por pensamento categorial, lógico-verbal.pensamento categorial, lógico-verbal.
4. CLASSIFICAÇÃO LIVRE4. CLASSIFICAÇÃO LIVRE
Este método consiste em pedir à criança que Este método consiste em pedir à criança que organize grupos com uma variedade de objetos organize grupos com uma variedade de objetos (figuras) disponíveis.(figuras) disponíveis.
Ex. animais, vegetais, móveis, baixelas, diversos Ex. animais, vegetais, móveis, baixelas, diversos tipos de transporte, etc.tipos de transporte, etc.
4. CLASSIFICAÇÃO LIVRE4. CLASSIFICAÇÃO LIVRE
RESPOSTASRESPOSTASa) Classifica de acordo com atributos externos, a) Classifica de acordo com atributos externos, traço real-concretotraço real-concreto – cor, forma. – cor, forma.b) Classifica de acordo com uma b) Classifica de acordo com uma situação real-situação real-concretaconcreta – pão, mesa, cadeira, faca, colher e – pão, mesa, cadeira, faca, colher e chamar este grupo de “almoço”.chamar este grupo de “almoço”.c) Classifica de acordo com categorias, com os c) Classifica de acordo com categorias, com os traços essenciais através de uma operação que traços essenciais através de uma operação que possui um possui um caráter lógico-verbalcaráter lógico-verbal. “alimentos”; . “alimentos”; “móveis”. “móveis”.
5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS 5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS ARTIFICIAISARTIFICIAIS
Também chamado de método da dupla Também chamado de método da dupla estimulação, pois tenta minimizar a influência estimulação, pois tenta minimizar a influência isolada da linguagem e da percepção.isolada da linguagem e da percepção.
Material – 22 blocos de cores (5), formas (6), Material – 22 blocos de cores (5), formas (6), alturas (2) e larguras (2) diferentes. Na face alturas (2) e larguras (2) diferentes. Na face inferior de cada bloco, que não é vista pelo sujeito, inferior de cada bloco, que não é vista pelo sujeito, está escrita uma palavra sem sentido: está escrita uma palavra sem sentido: bik, lag, mur, bik, lag, mur, cevcev. .
5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS 5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS ARTIFICIAISARTIFICIAIS
O propósito deste método é de formar o conceito O propósito deste método é de formar o conceito da palavra sem sentido.da palavra sem sentido.
Aplicação Aplicação
a)a)Vira um dos blocos (amostra) e pede para o Vira um dos blocos (amostra) e pede para o sujeito pegar todos os blocos que tenham o mesmo sujeito pegar todos os blocos que tenham o mesmo nome.nome.
b)b)Pede-se para o sujeito que organize grupos.Pede-se para o sujeito que organize grupos.
5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS 5. MÉTODO DA FORMAÇÃO DE CONCEITOS ARTIFICIAISARTIFICIAIS
RespostasRespostas
a)a) Organização sem critério estável, sem se Organização sem critério estável, sem se preocupar com as características dos objetos – preocupar com as características dos objetos – sicretismo. sicretismo.
b) Organização de acordo com um traço b) Organização de acordo com um traço determinado, mas este traço não é permanente determinado, mas este traço não é permanente – complexo.– complexo.
c) Organização por conceitos. c) Organização por conceitos.
ESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃOESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃO
No início do desenvolvimento infantil a criança No início do desenvolvimento infantil a criança
agrupa os objetos sem utilizar critério.agrupa os objetos sem utilizar critério.
Dessa maneira ela acrescenta qualquer objeto ao Dessa maneira ela acrescenta qualquer objeto ao
grupo sem um princípio lógico.grupo sem um princípio lógico.
Nesta fase,denominado de Nesta fase,denominado de sincretismo ou copilações sincretismo ou copilações
não organizadasnão organizadas é muito difícil para um observador é muito difícil para um observador
adulto discernir o critério utilizado pela criança para adulto discernir o critério utilizado pela criança para
fazer o agrupamento.fazer o agrupamento.
ESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃOESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃO
O O segundo nível é o segundo nível é o pensamento por pensamento por
complexoscomplexos. As generalizações criadas com a . As generalizações criadas com a
ajuda deste modo de pensamento são ajuda deste modo de pensamento são
complexos de objetos ou coisas complexas e complexos de objetos ou coisas complexas e
variadas que já não se relacionam com os variadas que já não se relacionam com os
vínculos ou impressões subjetivas que vínculos ou impressões subjetivas que
existem entre os objetos.existem entre os objetos.
ESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃOESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃO
Na estrutura de generalização por complexo as Na estrutura de generalização por complexo as
características dos objetos adotam a função de características dos objetos adotam a função de
signos e passam a controlar a atividade do signos e passam a controlar a atividade do
indivíduo. Não é o indivíduo que organiza o indivíduo. Não é o indivíduo que organiza o
contexto, é o contexto que organiza a atividade do contexto, é o contexto que organiza a atividade do
indivíduo.indivíduo.
ESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃOESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃO
Os Os conceitos potenciais ( pseudoconceitos) conceitos potenciais ( pseudoconceitos)
marcam a transição dos complexos aos conceitos marcam a transição dos complexos aos conceitos
genuínos. A generalização que se produz no genuínos. A generalização que se produz no
pensamento da criança nos recorda por sua forma pensamento da criança nos recorda por sua forma
externa o conceito que o adulto usa na atividade externa o conceito que o adulto usa na atividade
intelectual, mas na sua essência, em sua natureza intelectual, mas na sua essência, em sua natureza
psicológica é algo diferente de um conceito no psicológica é algo diferente de um conceito no
sentido verdadeiro da palavra. O conceito não é sentido verdadeiro da palavra. O conceito não é
mediatizado por outros conceitos.mediatizado por outros conceitos.
ESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃOESTRUTURAS DE GENERALIZAÇÃO
Num quarto estágio está o Num quarto estágio está o pensamento conceitual pensamento conceitual
ou “conceitos genuínos”ou “conceitos genuínos”. O sujeito classifica não . O sujeito classifica não
mais com base em suas impressões imediatas, mas mais com base em suas impressões imediatas, mas
isolando diferentes atributos dos objetos, isolando diferentes atributos dos objetos,
colocando-os em uma categoria específica, colocando-os em uma categoria específica,
mediatizado por um conceito abstrato, codificado mediatizado por um conceito abstrato, codificado
em uma palavra. Análise e síntese consolidam-se e em uma palavra. Análise e síntese consolidam-se e
articulam-se.articulam-se.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Conceitos cotidianosConceitos cotidianos
FinalidadeFinalidade – ação prática imediata. – ação prática imediata.
Processo de elaboraçãoProcesso de elaboração – está implícito na – está implícito na
atividade prática.atividade prática.
Meios Meios – não utiliza meios especiais de – não utiliza meios especiais de
conhecimento; são os próprios meios de vida.conhecimento; são os próprios meios de vida.
Resultados Resultados – indicações específicas de ação.– indicações específicas de ação.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Conceitos científicosConceitos científicos
FinalidadeFinalidade – sistematização teórica de resultados com – sistematização teórica de resultados com
uma aplicação prática mediata. uma aplicação prática mediata.
Processo de elaboraçãoProcesso de elaboração – se elabora – se elabora
metodologicamente para produzir conhecimento.metodologicamente para produzir conhecimento.
Meios Meios – meios especiais que podem ser materiais, – meios especiais que podem ser materiais,
lingüísticos, matemáticos, lógicos. lingüísticos, matemáticos, lógicos.
ResultadosResultados – generalizados, explicativos e que – generalizados, explicativos e que
possibilitam soluções genéricas.possibilitam soluções genéricas.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Conceitos científicosConceitos científicos se originam na se originam na
atividade estruturada e especializada da aula atividade estruturada e especializada da aula
e se caracterizam por sua organização e se caracterizam por sua organização
hierárquica e lógica. Os conceitos científicos hierárquica e lógica. Os conceitos científicos
não têm por que relacionar-se com não têm por que relacionar-se com
problemas científicos, mas sua organização é problemas científicos, mas sua organização é
científica na medida em que se trata de científica na medida em que se trata de
estruturas formais, lógicas e estruturas formais, lógicas e
descontextualizadas.descontextualizadas.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Conceitos cotidianos – Conceitos cotidianos – surgem surgem
espontaneamente a partir das próprias espontaneamente a partir das próprias
reflexões da criança sobre experiências reflexões da criança sobre experiências
imediatas e cotidianas, são ricos em imediatas e cotidianas, são ricos em
experiência, mas assistemáticos e muito experiência, mas assistemáticos e muito
dependentes do contexto.dependentes do contexto.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Os Os conceitos científicosconceitos científicos se desenvolvem com se desenvolvem com
mais rapidez, superando os conceitos mais rapidez, superando os conceitos
cotidianos. As crianças respondem melhor as cotidianos. As crianças respondem melhor as
perguntas relativas a conceitos aprendidos perguntas relativas a conceitos aprendidos
na escola que as relativas aos conceitos na escola que as relativas aos conceitos
adquiridos espontaneamente na vida diáriaadquiridos espontaneamente na vida diária..
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
EX. Relações causais (porque)EX. Relações causais (porque)
Relações adversativas (embora)Relações adversativas (embora)
Crianças de 2º (8 anos) e de 4º série (10 anos)Crianças de 2º (8 anos) e de 4º série (10 anos)
Faz-se perguntas de relações causais da vida Faz-se perguntas de relações causais da vida
cotidiana e do contexto escolar. cotidiana e do contexto escolar.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Vida cotidiana:Vida cotidiana:
O menino foi ao cinema porque........O menino foi ao cinema porque........
A menina caiu da bicicleta porque......A menina caiu da bicicleta porque......
Contexto escolar:Contexto escolar:
Os portuguêses descobriram o BrasilOs portuguêses descobriram o Brasil
porque....porque....
A baleia é um mamifero porque..........A baleia é um mamifero porque..........
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Percentual de acertos:Percentual de acertos:
2º2º 4º4º
Conceitos científicosConceitos científicos 79,779,7 81,881,8
Conceitos cotidianos Conceitos cotidianos 5959 81,381,3
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Faz-se perguntas de realções Faz-se perguntas de realções
adversativas da vida cotidiana e do adversativas da vida cotidiana e do
contexto escolar. contexto escolar.
Vida cotidiana:Vida cotidiana:
O menino foi ao cinema embora ........O menino foi ao cinema embora ........
A menina caiu da bicicleta embora......A menina caiu da bicicleta embora......
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Contexto escolar:Contexto escolar:
Os portuguêses descobriram o BrasilOs portuguêses descobriram o Brasil
embora....embora....
A baleia é um mamifero embora..........A baleia é um mamifero embora..........
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Percentual de acertos:Percentual de acertos:
2º2º 4º4º
Conceitos científicosConceitos científicos 21,321,3 79,579,5
Conceitos cotidianos Conceitos cotidianos 16,216,2 65,565,5
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
A conclusão que Vygotsky extraiu A conclusão que Vygotsky extraiu
destes resultados foi que, se os conceitos destes resultados foi que, se os conceitos
científicos representam a educação e os científicos representam a educação e os
conceitos cotidianos o desenvolvimento, conceitos cotidianos o desenvolvimento,
então a então a educação vai adiante do educação vai adiante do
desenvolvimento e o apoiadesenvolvimento e o apoia. .
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
os conceitos científicos proporcionam os conceitos científicos proporcionam
sistematicidade, consciência e organização sistematicidade, consciência e organização
hierárquica ao pensamento da criançahierárquica ao pensamento da criança, mas , mas
carecem da riqueza de conexões com o carecem da riqueza de conexões com o
mundo diário – característica dos conceitos mundo diário – característica dos conceitos
cotidianos. cotidianos.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Os conceitos cotidianos são ricos em Os conceitos cotidianos são ricos em
conexões experienciais, mas carecem de conexões experienciais, mas carecem de
sistema e estão ligados a contextos sistema e estão ligados a contextos
concretos da vida diária.concretos da vida diária.
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Ex. A criança aprende o que significa ser Ex. A criança aprende o que significa ser
irmão, mas demora para aprender a irmão, mas demora para aprender a
estrutura formal das relações familiares. estrutura formal das relações familiares.
““Quem é o filho de meu pai que não é meu Quem é o filho de meu pai que não é meu
irmão?”irmão?”
CONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOSCONCEITOS COTIDIANOS E CIENTÍFICOS
Para que se produza o desenvolvimento do Para que se produza o desenvolvimento do
pensamento infantil é preciso que que os pensamento infantil é preciso que que os
conceitos científicos, que progridem de cima conceitos científicos, que progridem de cima
para baixopara baixo, desde generalizações intelectuais a , desde generalizações intelectuais a
questões concretas, interatuem com os questões concretas, interatuem com os conceitos conceitos
cotidianos, que progridem para cimacotidianos, que progridem para cima, até uma , até uma
maior sistematicidade.maior sistematicidade.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
Para Vygotsky os processos psicológicos superiores Para Vygotsky os processos psicológicos superiores
são são “funções de atividade mediada”.“funções de atividade mediada”.
As funções psicológicas superiores são o resultado da As funções psicológicas superiores são o resultado da
ação do indivíduo - da ação do indivíduo - da “ação ao pensamento”.“ação ao pensamento”.
A A internalizaçãointernalização é o processo fundamental para a é o processo fundamental para a
formação de uma função psicológica superior.formação de uma função psicológica superior.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
A característica central das funções psicológicas A característica central das funções psicológicas
superiores é a estimulação autoreguladora, isto é, a superiores é a estimulação autoreguladora, isto é, a
criação e o uso de estímulos artificiais que se criação e o uso de estímulos artificiais que se
convertem nas causas imediatas do comportamento. convertem nas causas imediatas do comportamento.
O controle é voluntário; o indivíduo que controla o O controle é voluntário; o indivíduo que controla o
meio e não o meio que controla a atividade do meio e não o meio que controla a atividade do
indivíduo.indivíduo.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
As funções psicológicas superiores têm um As funções psicológicas superiores têm um
caráter intelectualizado ou de realização caráter intelectualizado ou de realização
consciente. A voluntariedade fica vinculada ao consciente. A voluntariedade fica vinculada ao
intelecto.intelecto.
As funções psicológicas superiores têm uma As funções psicológicas superiores têm uma
história e uma natureza social. Há uma história e uma natureza social. Há uma
transição desde uma influência social externa transição desde uma influência social externa
sobre o indivíduo a uma influência social sobre o indivíduo a uma influência social
interna sobre indivíduo.interna sobre indivíduo.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
As funções psicológicas superiores são mediadas pelos As funções psicológicas superiores são mediadas pelos
signos. A concepção de controle voluntário, a signos. A concepção de controle voluntário, a
realização consciente e a natureza social dos processos realização consciente e a natureza social dos processos
psicológicos pressupõem a existência de ferramentas psicológicos pressupõem a existência de ferramentas
psicológicas, ou signos, que podem ser utilizados para psicológicas, ou signos, que podem ser utilizados para
controlar a atividade do indivíduo. controlar a atividade do indivíduo.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
Signo Signo - instrumentos psicológicos culturalmente - instrumentos psicológicos culturalmente
desenvolvidos. (linguagem, escrita, números, dança, desenvolvidos. (linguagem, escrita, números, dança,
música, etc.) música, etc.)
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
Ex. Sistema matemáticoEx. Sistema matemáticoSegundo Ginsburg existem três sistemas cognitivos de Segundo Ginsburg existem três sistemas cognitivos de funcionamento matemáticofuncionamento matemático..
Sistema 1Sistema 1 NaturalNatural - não é transmitida pela cultural. - não é transmitida pela cultural.InformalInformal - independente da escolarização. - independente da escolarização.Funções psicológicas elementaresFunções psicológicas elementares – dependente do – dependente do contexto e não mediados por signos. contexto e não mediados por signos.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
Ex. Sistema matemáticoEx. Sistema matemático
Sistema 2Sistema 2
CulturalCultural - utilização de signos – sistemas - utilização de signos – sistemas
numéricos.numéricos.
Informal Informal - independente de escolarização.- independente de escolarização.
Funções psicológicas superiores rudimentares Funções psicológicas superiores rudimentares
depende do contexto e são mediadas por signos.depende do contexto e são mediadas por signos.
FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORESFUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES
Ex. Sistema matemáticoEx. Sistema matemático
Sistema 3Sistema 3
CulturalCultural - utilização de signos. - utilização de signos.
FormalFormal - dependente da prática educativa. - dependente da prática educativa.
Funções psicológicas superiores avançadasFunções psicológicas superiores avançadas - -
descontextualizada e mediadas por signos.descontextualizada e mediadas por signos.
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
O pensamento não é simplesmente expresso O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir.em palavras, é por meio delas que ele passa a existir.
A fala tem um aspectoA fala tem um aspecto interior – semântico interior – semântico, e , e um aspecto um aspecto exterior – fonéticoexterior – fonético..
Quando a criança começa a dominar a fala Quando a criança começa a dominar a fala exterior ela vai da palavra para a frase, no entanto exterior ela vai da palavra para a frase, no entanto seu significado vai do geral para o particular. seu significado vai do geral para o particular. Ou Ou seja a palavra no início é uma frase.seja a palavra no início é uma frase.
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
Pensamento e linguagem têm raízes Pensamento e linguagem têm raízes
distintas, para depois se entrecruzarem para distintas, para depois se entrecruzarem para
tornar o tornar o pensamento verbal e linguagem pensamento verbal e linguagem
intelectualintelectual..
A A linguagemlinguagem habilita o ser humano a habilita o ser humano a
superar a ação impulsiva, planejar a solução de superar a ação impulsiva, planejar a solução de
problemas antes de sua execução e a controlar problemas antes de sua execução e a controlar
seu próprio comportamento.seu próprio comportamento.
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
A linguagem tanto A linguagem tanto expressaexpressa o pensamento o pensamento
como age como como age como organizadoraorganizadora desse pensamento. desse pensamento.
A fala mais primitiva da criança (sons, A fala mais primitiva da criança (sons,
gestos, expressões) é social, mas não expressam gestos, expressões) é social, mas não expressam
significados específicos.significados específicos.
Esta fase é considerada como o Esta fase é considerada como o estágio pré-estágio pré-
intelectual do desenvolvimento da falaintelectual do desenvolvimento da fala. .
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
Antes de aprender a falar a criança já soluciona problemas Antes de aprender a falar a criança já soluciona problemas
práticos, inclusive com o auxílio de instrumentos.práticos, inclusive com o auxílio de instrumentos.
Esta fase é considerada de Esta fase é considerada de estágio pré-lingüistíco do estágio pré-lingüistíco do
desenvolvimento do pensamento. desenvolvimento do pensamento.
A fala evolui de uma A fala evolui de uma fala exteriorfala exterior para uma para uma fala interiorfala interior, ,
tendo a tendo a fala egocêntricafala egocêntrica como transição entre elas como transição entre elas..
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
Fala socialFala social – está dirigida para o controle – está dirigida para o controle
do ambiente, voltada para os outros.do ambiente, voltada para os outros.
Fala interiorFala interior – está dirigida para si mesmo. – está dirigida para si mesmo.
Fala egocêntricaFala egocêntrica – é um fenômeno de – é um fenômeno de
transição das funções interpsíquicas para as transição das funções interpsíquicas para as
intrapsíquicas.intrapsíquicas.
RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMLINGUAGEM
Quanto a função a Quanto a função a fala egocêntricafala egocêntrica é é
semelhante a semelhante a fala interiorfala interior, ou seja, não se limita , ou seja, não se limita
a acompanhar a atividade da criança; está a a acompanhar a atividade da criança; está a
serviço da orientação mental, da compreensão serviço da orientação mental, da compreensão
consciente, para ajudar a superar dificuldades.consciente, para ajudar a superar dificuldades.
O pensamento se torna verbal e a O pensamento se torna verbal e a
linguagem intelectual.linguagem intelectual.
MEMÓRIA MEDIADAMEMÓRIA MEDIADA
pin, cuv, chon, soch, muv, zin, poch, pig, bov, lavpin, cuv, chon, soch, muv, zin, poch, pig, bov, lav
MEMÓRIA MEDIADAMEMÓRIA MEDIADA
neve, almoço, estudo,neve, almoço, estudo, jovem, roupa, pai, campo,jovem, roupa, pai, campo,
pássaro, carroçapássaro, carroça
MEMÓRIA MEDIADAMEMÓRIA MEDIADA
floresta, casa, chuva, reunião, floresta, casa, chuva, reunião, flores, asa, fogo,flores, asa, fogo,
verdade, roupa, adegaverdade, roupa, adega
MEMÓRIA MEDIADAMEMÓRIA MEDIADA
cigarro, telefone, caneta, almofada,cigarro, telefone, caneta, almofada, chave, religião, consciência, peixe, revista, chave, religião, consciência, peixe, revista,
consideração. consideração.
MEMÓRIA MEDIADAMEMÓRIA MEDIADA
Agenda, amor, calendário, função,Agenda, amor, calendário, função, tragédia, computador, ansiedade,tragédia, computador, ansiedade,
telefone, chaveiro,telefone, chaveiro,esperança esperança
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAREFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
KOZULIN, Alex KOZULIN, Alex – La Psicología de Vygoyski– La Psicología de Vygoyski..Aliamza, Madrid, 1994. Aliamza, Madrid, 1994. LURIA, A. R. LURIA, A. R. - - Pensamento e Linguagem asPensamento e Linguagem asúltimas conferências de Luriaúltimas conferências de Luria. . Porto Alegre,Porto Alegre,Artes Médicas, 1986.Artes Médicas, 1986.VYGOTSKY, L.S. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e LinguagemPensamento e Linguagem.. Martins Fontes, 1987.Martins Fontes, 1987.REGO, T. C. – REGO, T. C. – Vygotsky – uma perspectiva Vygotsky – uma perspectiva histórico-cultural da educaçãohistórico-cultural da educação. . Ed. Vozes, 2ª Ed. Vozes, 2ª edição.edição.