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ESTUDO DO FATOR DE FORMA DE ÁREA EM REPARO COM CHAPA COLADA EM
TUBULAÇÕES COM FURO
Ricardo Hudson da Silva – [email protected]
Laboratório de Adesão e Aderência - LAA, Instituto Politécnico/ UERJ, 28625-570 – Nova
Friburgo, RJ, Brasil Eduardo Martins Sampaio – [email protected]
Laboratório de Adesão e Aderência - LAA, Instituto Politécnico/ UERJ, 28625-570 – Nova
Friburgo, RJ, Brasil
Ney Robson Rohem – [email protected]
Laboratório de Adesão e Aderência - LAA, Instituto Politécnico/ UERJ, 28625-570 – Nova
Friburgo, RJ, Brasil
Resumo. Este trabalho tem por finalidade o estudo da resistência à pressão hidrostática do reparo
com chapa colada com adesivo epóxi em tubulações com furo. O fator de forma de área, ou seja,
variação das dimensões nas direções longitudinal e circunferencial do tubo foi investigado. A
melhor área e dimensões nas direções citadas foram analisadas estatisticamente utilizando
planejamento fatorial de experimentos com resultados da pressão de falha da chapa colada. Altos
valores de resistência hidrostática foram encontrados, demonstrando a eficiência dos
procedimentos adotados na confecção do reparo, no preparo de superfície e na colagem. Os
estudos demonstram pouca influência na resistência do reparo devido à variação nas direções e a
alta influência no aumento da área de colagem. O trabalho aponta para o desenvolvimento de um
novo procedimento de reparo de contingência.
Palavras chaves: adesão, aderência, colagem, reparo de dutos, adesivo epóxi.
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INTRODUÇÃO
Juntas coladas com adesivos estruturais têm sido muito utilizadas na indústria de petróleo,
aeroespacial, automobilística entre outras de uma forma geral. Alguns fatores tais como uma
distribuição mais uniforme das tensões em comparação com as juntas convencionais (parafusos,
rebites e solda), não necessitar de aporte de calor na sua aplicação, apresentar boa resistência às
intempéries e simplicidade de aplicação, fizeram com que muitos trabalhos de investigação para
sua aplicação fossem realizados. O Laboratório de Adesão e Aderência (LAA) do Instituto
Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ/UERJ) tem participado
ativamente de estudos para aplicação de juntas coladas com adesivos estruturais, entre os
trabalhos realizados, podemos destacar: Desenvolvimento de toda a metodologia que culminou
na RT/TMEC nº 003/08 (recomendação técnica para qualificação de adesivos para reparo
estrutural – CENPES/PETROBRÁS); Desenvolvimento e construção de equipamento destinado
ao estudo do comportamento em fluência de juntas metálicas coladas (dissertação de mestrado,
Albani, 2013); Estudo do fator de forma nas juntas coladas (dissertação de mestrado, Silva,
2007); Critério de falha para juntas coladas submetidas a carregamentos complexos (tese de
doutorado, Silva, 2009).
Os trabalhos citados motivaram a realização de um estudo em busca de obter um fator de
forma de uma chapa metálica colada com adesivo epóxi que pudesse ser aplicado em reparos de
contingência em tubos furados. Nos tubos sob pressão interna, as tensões na direção
circunferencial do tubo é o dobro das tensões na direção longitudinal. A Figura 1 a seguir mostra
um duto rompido onde pode-se perceber que a falha se propaga na direção longitudinal do duto
evidenciando-se assim maior tensão na direção circunferencial.
Figura 1 – Duto rompido por corrosão.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Os corpos de prova foram obtidos através, do corte em guilhotina, de chapas galvanizadas
de aço de baixo carbono com espessura de 1,6 mm. Foram confeccionados corpos de prova para
controle, conforme Figura 2, cujas dimensões são: 50 mm na direção longitudinal L e 50 mm na
direção circunferencial C do tubo. O tubo utilizado foi o API 5L X56 Sch 40 de 6” de diâmetro
com um furo de diâmetro 10 mm que será reparado.
A partir das dimensões do corpo de prova de controle (identificadas a partir de agora
como Grupo 3), foram determinadas as variações das dimensões das chapas nas direções:
longitudinal L e circunferencial C do tubo e da área da chapa a ser colada, resultando em mais 8
grupos. Para cada grupo obteve-se 5 corpos de prova para análise estatística.
A Tabela 1 mostra a combinação nas dimensões: longitudinal L e circunferencial C para
cada grupo analisado de acordo com as relações adotadas para as dimensões nas direções
longitudinal L e circunferencial C para as chapas coladas. Definem-se desta forma as dimensões
teóricas, bem como a área das chapas utilizadas para análise dos grupos.
Grupo Longitudinal L
(mm)
Circunferencial C
(mm)
Área da
chapa (mm2)
Análise da influência na
variação da dimensão
circunferencial C da chapa
colada (dimensão L fixa).
1 50 100 5000
2 50 75 3750
3
(Controle) 50 50 2500
4 50 37,5 1875
5 50 25 1250
Análise da influência na
variação da dimensão
longitudinal L da chapa
colada (dimensão C fixa).
6 100 50 5000
7 75 50 3750
8 37,5 50 1875
9 25 50 1250
Grupo extra para a análise
via Planejamento Fatorial 10 100 100 10000
Tabela 1 – Áreas teóricas em função das dimensões nas direções longitudinal e circunferencial.
Figura 2 – Chapa de controle para os experimentos.
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As Figuras 3 e 4 a seguir mostram todos os grupos, dimensão longitudinal e
circunferencial constante, com as chapas já calandradas. Os riscos nas chapas representam o seu
centro para facilitar a centralização da chapa com o centro do furo no tubo a ser reparado no
momento da colagem. Para indicar o centro do furo no tubo, foi feita marcações de guia no tubo.
Figura 3 – Chapas calandradas com dimensão constante na direção longitudinal do tubo (variação
da dimensão somente na direção circunferencial do tubo).
Figura 4 – Chapas calandradas com dimensão constante na direção circunferencial do tubo
(variação da dimensão somente na direção longitudinal do tubo).
O tratamento superficial de jateamento, tanto das chapas quanto dos tubos, foi realizado
utilizando-se granalhas de aço G40 com ar comprimido de 6,5 bar de pressão. A rugosidade
média obtida nas chapas jateadas foi de Rt = 56,62 ± 1,77 µm medida com rugosímetro
tridimensional TalyScan – Taylor Hobson. As rugosidades dos tubos obtiveram, em média, o
valor de Rt = 68,09 ±12,34 µm medido com rugosímetro portátil marca Mitutoyo.
Após realizado o jateamento das chapas e dos tubos, foi efetuado a limpeza das áreas
jateadas nas chapas e nos tubos para remoção de impurezas que possam prejudicar o processo de
colagem das chapas nos tubos. A limpeza foi feita utilizando-se spray contendo acetona, a Figura
5 mostra o processo de limpeza do tubo e da chapa.
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O adesivo à base de epóxi utilizado para colagem das chapas nos tubos foi o NVT
(adesivo estrutural desenvolvido pela NOVATEC em parceria com o LAA). Após
homogeneizado a mistura dos componentes de adesivo, utilizando-se espátula, aplica-se o
adesivo na chapa e no entorno do furo no tubo a ser reparado. Após aplicado o adesivo cola-se a
chapa no tubo exercendo pressão com os dedos para que seja retirado o excesso de adesivo. Neste
momento se faz necessário obter o melhor alinhamento do centro da chapa com o centro do furo
que está sendo reparado. A Figura 6 a seguir representa o que foi descrito.
(a) (b)
Figura 5 – (a) limpeza da chapa (b) limpeza do tubo.
(a) (b)
Figura 6 – (a) Mistura dos dois componentes da resina; (b) Aplicação da
resina na chapa e em torno do furo.
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A Figura 7 a seguir mostra a chapa colada no tubo e a Figura 8 mostra todo o tubo com a
chapa colada. O tempo de cura do adesivo para se efetuar os testes hidrostáticos foi de 24 horas.
Os testes hidrostáticos foram realizados no Laboratório de Adesão e Aderência (LAA)
onde existe infraestrutura suficiente para realizar, com segurança, este tipo de ensaio. Os testes
hidrostáticos foram realizados de acordo com a Norma ASTM D 1599:05 que preconiza uma
rampa de incremento de pressão de 1 bar por segundo. Os testes foram realizados até a ruptura
das chapas, as pressões de ruptura foram registradas.
As Figuras 9 e 10 mostram a bomba hidráulica, com acionamento pneumático, utilizada
para a pressurização dos tubos e o tubo pronto para o teste hidrostático. A bomba possui
capacidade máxima de teste de 700 bar.
Figura 9 – Bomba para o teste hidrostático.
Figura 7 – Chapa colada no tubo Figura 8 – Tubo reparado
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Figura 10 – Tubos prontos para ensaio hidrostático.
A Figura 11 representa a chapa colada e o tubo após o ensaio hidrostático.
Figura 11 – Tubo após o ensaio.
REULTADOS E DISCUSSÃO
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A Tabela 2 mostra o resultado da força de ruptura das chapas no teste hidrostático de
todos os grupos utilizados. Como dito anteriormente, foram realizados 5 ensaios para cada grupo
citado neste trabalho.
Grupo Largura
(mm)
Comprimento
(mm) Área (mm
2) Força na Ruptura (kN)
Análise da
influência na
variação da
dimensão
circunferencial
C da chapa
colada.
1 50 100 5000 117,52±12,68 (10,79%)
2 50 75 3750 94,14±4,72 (5,02%)
3* 50 50 2500 56,32±3,60 (6,40%)
4 50 37,5 1875 44,12±0,82 (1,87%)
5 50 25 1250 25,40±1,25 (4,93%)
Análise da
influência na
variação da
dimensão
longitudinal L
da chapa colada.
6 100 50 5000 122,25±14,58 (11,93%)
7 75 50 3750 96,56±5,63 (5,83%)
8 37,5 50 1875 45,23±1,35 (2,98%)
9 25 50 1250 28,40±1,62 (5,71%)
Grupo extra
para a análise
via
Planejamento
Fatorial
10 100 100 10000 275,42±16,77 (6,09%)
Tabela 2 – Resultado da força de ruptura para cada grupo ensaiado. * Corpo de prova para controle dos ensaios.
Os resultados que apresentaram maior força na ruptura da chapa colada foram aqueles de
maior área colada, tanto a partir do aumento na dimensão da chapa na direção circunferencial C
quanto no aumento da dimensão da chapa na direção longitudinal L do tubo.
A Figura 12 mostra o comportamento em um gráfico típico força versus área de como a
dimensão na direção longitudinal L ou a dimensão na direção circunferencial C da área da chapa
colada afeta a força na falha do reparo. Vale ressaltar nesse momento que foram analisadas tanto
áreas superiores do valor fixado para o corpo de prova de controle (grupo A3 – área de 2500
mm2, com L = C = 50 mm) quanto para áreas inferiores a este valor. O valor da força de falha do
reparo obtido para a chapa confeccionada a partir da área do corpo de prova de controle foi
aquele tomado como base para o traçado da reta que representa a relação proporcional entre força
e área a partir dos resultados do corpo de prova de controle, grupo A3.
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0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Grupo de controle A3
Largura constante
Circunferencial constante
Fo
rça
na
Ru
ptu
ra (
kN
)
Area da chapa (mm2)
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
A9
A3
Figura 12 - Força x área para variações nas direções longitudinal L e circunferencial C da área da
chapa colada.
Fazendo-se uma análise da Tabela 2 bem como do gráfico da Figura 12 verifica-se que a
geometria da chapa colada exerce pouca influência na força de ruptura da chapa, essa influência
será discutida na análise estatística a seguir. De forma geral, na comparação dos grupos de
mesma área da chapa, um aumento da dimensão na direção longitudinal L produz uma força de
ruptura um pouco maior quando comparada com a força de ruptura. Quando as dimensões são
aumentadas na direção circunferencial C, essa pequena diferença na força de ruptura entre os
grupos de mesma área será objeto de estudo para saber se realmente os grupos são iguais ou
diferentes estatisticamente. A leitura direta no gráfico não nos fornece garantia suficiente para
afirmar, com exatidão, se ocorreu diferença para mais ou para menos na força de ruptura da
chapa colada.
Comparação estatística da força de ruptura
Os grupos de mesma área que tiveram suas dimensões variando na direção longitudinal L
do tubo com as que tiveram suas dimensões variando na direção circunferencial C do tubo, foram
analisadas através da comparação par a par. Foi testada a significância das diferenças entre as
médias amostrais de cada grupo de mesma área, e esta variando sua dimensão na direção
longitudinal L e na direção circunferencial C. Os mesmos procedimentos descritos acima foram
feitos na análise do planejamento fatorial de experimentos.
Utilizaremos a análise de variância ANOVA para verificar se existe alguma diferença
significativa na força de ruptura da chapa quando comparamos os grupos com áreas iguais. Para
se decidir estatisticamente se os grupos apresentam força de ruptura diferentes estatisticamente,
formula-se a hipótese nula (Ho) de que não existe diferença estatística entre as médias na força de
ruptura da chapa nos dois grupos de mesma área analisados, com o único objetivo de rejeitá-la ou
invalidá-la. Vale ressaltar que sempre pensamos a rejeição da hipótese nula como uma conclusão
forte, dessa forma, se a hipótese nula for rejeitada os grupos analisados serão considerados
estatisticamente diferentes.
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Será verificado o valor de p, calculado por programa estatístico, para validar ou rejeitar a
hipótese nula Ho. Para um nível de confiabilidade de 95 %, adotaremos . Para valores de
p > 0,05 não rejeitaremos a hipótese nula. Foram analisadas, previamente, a normalidade e a
homoscedasticidade dos grupos utilizados neste trabalho.
Análise via planejamento fatorial de experimentos
De forma a avaliarmos estatisticamente, utilizando a tabela ANOVA, quais as dimensões,
longitudinal ou circunferencial, teve maior influência na força de ruptura das chapas coladas, bem
como se houve interação entre as duas dimensões, foi efetuada a análise via planejamento fatorial
de experimentos. Através desta análise, chega-se também a equação de regressão para força de
ruptura da chapa colada para as condições descritas neste trabalho. Os grupos utilizados no
planejamento fatorial de experimentos foram: grupos 1, 3 e 6 e um grupo particular, grupo 10, em
que tanto o valor da dimensão na direção longitudinal quanto na direção circunferencial da área
colada da chapa foram duplicados em relação às dimensões do grupo de controle (grupo 3). A
Tabela 3 reúne os grupos utilizados na análise deste planejamento fatorial de experimentos bem
como os valores das médias na força de ruptura da chapa obtidas nos ensaios hidrostáticos,
incluindo-se o grupo 10.
Grupo Longitudinal – L
(mm)
Circunferencial – C
(mm)
Área
(mm2)
Força na ruptura (kN)
1 50 100 5000 117,52±12,68 (10,79%)
3 50 50 2500 56,32±3,60 (6,40%)
6 100 50 5000 122,25±14,58 (11,93%)
10 100 100 10000 275,42±16,77 (6,09%)
Tabela 3 – Grupos utilizados no planejamento fatorial de experimentos.
Os testes de normalidade e homoscedasticidade para os grupos utilizados no planejamento
fatorial de experimentos foram constatados com um nível de confiança de 95 %, ou seja, os
grupos utilizados no planejamento fatorial de experimentos apresentam-se normais e
homoscedásticos com confiança de 95 %.
Para análise do teste de comparação estatística entre as médias na força de ruptura da
chapa nos grupos utilizados no planejamento de experimentos (grupo 1, grupo 3, grupo 6 e o
grupo 10), será realizado o teste de Ficher’s LSD com confiabilidade de 95 %. Para essa análise
formula-se a hipótese nula Ho de que não existe diferença estatística entre as médias avaliadas. O
teste de Fischer LSD apresentou o valor de p praticamente zero, dessa forma rejeita-se a hipótese
nula de que não existe diferença estatística na força de ruptura dos grupos utilizados no
planejamento fatorial de experimentos, ou seja, os grupos utilizados no planejamento fatorial de
experimentos apresentam, estatisticamente, médias diferentes para força de ruptura da chapa.
Será apresentado na Tabela 5, o resultado da análise de variância dos dados a partir da
tabela ANOVA, considerando-se a análise segundo DOE – Design of Experiments – para
obtenção da equação de regressão. É importante destacar que as análises de erro foram feitas em
relação ao erro puro (PURE ERROR) de forma a considerar a variabilidade das replicatas
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existentes, sem atribuir todo erro ao modelo adotado (SS residual). A análise de significância será
feita verificando-se o valor da distribuição p. Quanto menores forem os valores da distribuição p
mais significativo será o efeito do fator analisado sobre a variável de resposta que no nosso
trabalho é a força de ruptura da chapa colada. Os fatores cujos efeitos apresentarem valores de p
< 0,05 serão considerados efeitos significativos com 95 % de confiabilidade. Será formulada
como hipótese nula Ho que os fatores de entrada não influenciam as variáveis de resposta que é a
força de ruptura da chapa colada.
ANOVA; Var.:Força (N); R-sqr=,97508; Adj:,97041 (Análise dos dados tabela2 (Sal vo automaticamente)RevAH Novemrbo 2013)
2**(2-0) design; MS Pure Error=208669E3
DV: Força (N)
Factor SS df MS F p
(1)L (mm)
(2)C (mm)
1 by 2
Pure Error
Total SS
6,261990E+10 1 6,261990E+10300,0926 0,000000
5,744418E+10 1 5,744418E+10275,2890 0,000000
1,057295E+10 1 1,057295E+10 50,6686 0,000002
3,338698E+0916 2,086686E+08
1,339757E+1119 Tabela 5 – Tabela ANOVA para o grupo utilizado no planejamento fatorial de experimentos.
Na Tabela 5 verifica-se que os fatores avaliados neste trabalho apresentaram valores de p
<< 0,05, dessa forma pode-se rejeitar a hipótese nula de que os fatores de entrada (dimensão
longitudinal L e dimensão circunferencial C) não influenciam a variável de resposta força na
ruptura da chapa. Neste caso, todos os efeitos principais, tanto para dimensão longitudinal L
quanto para dimensão circunferencial C das chapas coladas foram consideradas significativas,
mostrando a importância do estudo da relação geométrica das dimensões da chapa colada no
tubo. Verifica-se também a significância dos efeitos da interação entre os fatores dimensão
longitudinal L e dimensão circunferencial C. Esta interação, significativa, nos mostra que esses
fatores não devem ser analisados separadamente, ou seja, em análises individuais, pois o valor do
nível em que se encontra um dos fatores irá impactar diretamente na influência que o outro fator
tem na força de ruptura da chapa colada.
A Tabela 6 mostra os valores dos efeitos para os fatores dimensão longitudinal L e
circunferencial C analisados e suas respectivas interações.
Effect Estimates; Var.:Força (N); R-sqr=,97508; Adj:,97041 (Análise dos dados tabela2 (Salvo automaticamente)RevAH Novemrbo 2013)
2**(2-0) design; MS Pure Error=208669E3
DV: Força (N)
Factor
Effect Std.Err.
Pure Err
t(16) p -95,%
Cnf.Limt
+95,%
Cnf.Limt
Coeff.
Mean/Interc.
(1)L (mm)
(2)C (mm)
1 by 2
142879,23230,08244,233910,000000136031,7149726,6142879,2
111910,66460,16517,323180,000000 98215,7 125605,5 55955,3
107186,06460,16516,591840,000000 93491,1 120880,9 53593,0
45984,7 6460,165 7,11819 0,000002 32289,7 59679,6 22992,3 Tabela 6 – Valores dos efeitos para os fatores avaliados.
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Fazendo a análise dos resultados dos valores obtidos para os efeitos dos fatores avaliados,
percebe-se que:
Dobrando a dimensão da chapa na direção longitudinal do tubo em relação à dimensão
utilizada para controle dos experimentos, obteve-se um aumento da força de ruptura da
chapa de, em média, 111,9 kN, que é o valor do efeito principal para o referido fator;
Dobrando a dimensão da chapa na direção circunferencial do tubo em relação à dimensão
utilizada para controle dos experimentos, obteve-se novamente um aumento da força de
ruptura da chapa de, em média, 107,2 kN, que é o valor do efeito principal para o referido
fator.
A análise feita anteriormente nos mostra que as chapas coladas que possuem área maior,
comparada com a área da chapa utilizada como controle, consegue-se um aumento na força de
ruptura das chapas quando suas dimensões são aumentadas tanto na direção longitudinal quanto
na direção transversal do tubo. Quando a dimensão é aumentada na direção longitudinal do tubo
ocorre um pequeno aumento, de aproximadamente 4,4%, comparando-se quando a dimensão é
aumentada do mesmo valor na direção circunferencial do tubo.
Para todos os casos dos fatores analisados, os erros associados ao efeito apresentam-se
com, pelo menos, uma ordem de grandeza inferior, isso demostra que os resultados experimentais
obtidos apresentam qualidade, evitando que o efeito seja considerado não significativo.
O efeito de interação entre as dimensões na direção longitudinal e circunferencial do tubo
possuem valor não nulo, porém inferior aos efeitos principais quando a área da chapa colada é
aumentada isoladamente nas direções longitudinal e circunferencial do tubo. Como existe efeito
de interação entre os fatores avaliados, mesmo com uma importância menor em relação ao efeito
dos fatores isolados, não devemos negligenciar essa interação.
Os valores dos coeficientes presentes na Tabela 7 são relativos à equação de regressão
para as variáveis escalonadas nos níveis adotados, a qual não deve ser extrapolada. À frente serão
utilizados coeficientes mais adequados, sem escalonamento, aos quais podem ser aplicados os
valores reais dos níveis dos fatores avaliados.
O valor de R2 - ajustado, neste caso, é 0,975, indicando que o modelo, cuja equação de
regressão que será apresentada à frente, representa de forma bastante satisfatória a dispersão
experimental dos dados obtidos.
A Tabela 7 traz os coeficientes para confecção das equações com as variáveis em seus
domínios originais.
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Regr. Coefficients; Var.:Força (N); R-sqr=,97508; Adj:,97041 (Análise dos dados tabela2 (Salvo automaticamente)RevAH Novemrbo 2013)
2**(2-0) design; MS Pure Error=208669E3
DV: Força (N)
Factor
Regressn
Coeff.
Std.Err.
Pure Err
t(16)
Mean/Interc.
(1)L (mm)
(2)C (mm)
1 by 2
21165,3632300,82 0,65526
-520,87 408,58 -1,27484
-615,36 408,58 -1,50611
36,79 5,17 7,11819
Tabela 7 – Tabela dos coeficientes da regressão não escalonados para força de ruptura da chapa
colada.
Considerando-se as dimensões (L e C) das chapas utilizadas neste trabalho, o tratamento
superficial das chapas e dos tubos, o adesivo utilizado, o tempo de cura do adesivo, o diâmetro do
tubo bem como o diâmetro do furo, propõe-se o modelo a seguir para força de resistência do
reparo:
CONCLUSÕES
Para as condições utilizadas neste trabalho, as maiores forças de ruptura foram aquelas de
maior área da chapa colada, o que condiz com a relação linear entre força e área. Neste trabalho
concluímos que não existe diferença estatística na força de ruptura da chapa colada quando
comparamos a mesma área colada seja quando varia-se a dimensão da chapa na direção
longitudinal ou circunferencial do tubo. A menor pressão de falha dos grupos utilizados neste
trabalho foi de 216 bar, valor muito superior que as pressões de trabalho (em torno de 70 bar)
normal de uma tubulação similar as utilizadas nos testes, fazendo com que a metodologia
utilizada seja muito promissora como um reparo de contingência.
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REFERÊNCIAS
1. ALBANI, R. Queiroz. Estudo do comportamento em fluência de juntas metálicas coladas,
2013. Dissertação de Mestrado - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Politécnico,
2013.
2. FERRANTE, M. Seleção de Materiais; Engenharia de Materiais, EdUFSCar, 2002.
3. KACHANOV,L.M. Introduction to Continum Damage Mechanics, Mechanics of Elastic
Stability. Academic Publishers, 1986.
4. LIMAVERDE, A.M.; DA SILVA, A.H.M.F.T; SAMPAIO, E.M.; BRAGA, F.J.C. Influência
do tratamento superficial na resistência mecânica de juntas de cisalhamento coladas. In: IV
CONEM, Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, Recife, PE, 22 a 25 de agosto de 2006.
5. PERRUT, V. A. Análise de reparo de tubos com defeito transpassante por meio de materiais
compósitos. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2009.
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STUDY OF FORM FACTOR OF REPAIR IN AREA WITH PLATE STUCK IN PIPES WITH
HOLE
ABSTRACT
The objective of this work was make the study the resistance to hydrostatic pressure of the
repair with plate glued with epoxy adhesive in tubes with hole. The form factor field, or varying
the dimensions in the longitudinal and circumferential directions of the tube were investigated.
The best area in the aforementioned directions and dimensions were analyzed statistically using
factorial design of experiments with results from failure of the pressure plate glued. High values
of hydrostatic resistance were found, demonstrating the efficiency of the procedures used in
making the repair, the surface preparation and bonding. Studies show little influence on the
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strength of the repair due to variation in the directions and high influence on the increase of the
paste area. The work aims to develop a new procedure for repair emergency contingency.
Key words: adherence, adhesion, glue, duct repair, epoxy adhesive.
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