Estudo Do to Nas Materias de Astrologia Fsp

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1 ENQUADRAMENTO DAS MATÉRIAS DE ASTRONOMIA NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 2007 - 2009

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ENQUADRAMENTO DAS MATÉRIAS DE

ASTRONOMIA NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO

2007 - 2009

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Luz "errada" ofusca maratona astronômica

Cidades do Chile e da Espanha combatem poluição luminosa, que impede observação do céu e desperdiça energia elétrica Luz que "vaza" em excesso para o espaço é principal inimigo de jornada de cem horas de observação que marca Ano da Astronomia

Quando astrônomos profissionais e amadores do mundo inteiro se juntarem a partir de amanhã para a maior maratona de observação dos céus já feita, as 100 Horas de Astronomia, enfrentarão um inimigo comum: o céu das grandes cidades do mundo, como São Paulo, que permite ver apenas a Lua e um punhado de estrelas mais brilhantes. Por causa da poluição luminosa, os cenários urbanos estão longe do ideal para observações. No deserto do Chile, por exemplo, é possível contar a olho nu mais de 5.000 estrelas. Transformar o panorama do céu, segundo os pesquisadores inconformados com o grande desperdício de luz, não melhora apenas o lado da astronomia. Faz bem ao bolso também.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0104200901.htm

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CÉU VIRTUAL: PROJETO MUNDIAL PÕE TELESCÓPIOS À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO

A maratona 100 Horas de Astronomia, que vai colocar telescópios à disposição do público leigo a partir de amanhã, poderá ser acompanhada ao vivo ou pela internet. No Brasil, várias cidades fazem parte da programação, algumas com astrônomos profissionais, outras com amadores. Todos os eventos no país estão listados no site do projeto (www.astronomia2009.org.br). O Brasil, ontem, era o segundo país com mais atrações listadas, 146. Na internet, o interessado poderá observar imagens enviadas por 80 observatórios ao redor do mundo. As fotografias poderão ser encontradas no site internacional do projeto (www.100hoursofastronomy.org).

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0104200902.htm

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ciência

Zoo das galáxias

Projeto on-line pede que internautas ajudem cientistas a classificar galáxias

Imagine que um grupo de cientistas tem, hoje, acesso a 250 mil fotografias de galáxias espalhadas pelo universo. E que eles precisam classificar todas elas, uma a uma, para dar continuidade às suas pesquisas sobre o cosmo. É exatamente aí que você se encaixa, com seu conhecimento quase nulo sobre astronomia. O pulo do gato, que faz com que sua contribuição de amador gere frutos científicos, está no "Galaxy Zoo 2" (www.galaxyzoo.org), site que pede ajuda a internautas do mundo inteiro para classificar as galáxias fotografadas pelo telescópio do Sloan Digital Sky Survey -projeto financiado por instituições de países como os Estados Unidos, o Japão e o Brasil.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1603200905.htm

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Dupla acha buracos negros "siameses"

Corpos com centenas de milhares de vezes a massa do Sol giram um em torno do outro, bem no centro de uma galáxia Observação do fenômeno foi feita de maneira indireta, por meio da luz emitida pela matéria que está prestes a ser engolida para sempre RICARDO MIOTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Uma dupla de astrônomos anunciou ontem a descoberta de um par de buracos negros negros gigantes, orbitando um o outro, no centro de uma galáxia. Essa estrutura binária, até então concebida apenas em teoria, pode ajudar a entender como se formam esses monstros galácticos, que tem massas de até 100 mil vezes a do Sol, e onde a gravidade é tão grande que nem a luz pode escapar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0503200901.htm

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BEATRIZ BARBUY

Somos dependentes, mas não queremos perder o bonde

Ganhadora de um prêmio de ciência destinado a pesquisadores de países em desenvolvimento e de outro para mulheres, a astrônoma da USP Beatriz Barbuy conta por que não se intimidou com as limitações de verba -nem com o machismo-durante sua carreira Vice-presidente da União Astronômica Internacional, a paulistana Beatriz Barbuy diz que o Brasil não pode abrir mão de ajuda externa para fazer astronomia de ponta, mas precisa planejar sua independência. Aos 59, ela acaba de ganhar o prêmio L'Oréal/Unesco, dedicado a mulheres que se destacam na ciência. Solteira, conta que nasceu em família liberal e não sabia o que era machismo. "Só comecei a perceber quando entrei na faculdade." Barbuy também ganhou, em 2008, o prêmio Trieste, destinado a cientistas de países em desenvolvimento. Em entrevista à Folha por telefone, ela conta por que voltou ao Brasil depois de um doutorado na França, mesmo tendo qualificação para trabalhar em instituições de ponta na Europa.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0803200901.htm

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Cometa "na contramão" será visível hoje

Lulin, astro que aparenta ter duas caudas, terá brilho máximo nesta noite e poderá ser visto com binóculos, se não chover Cometa originado em zona distante e que viaja em sentido oposto ao da órbita da Terra deve levar milhões de anos para reaparecer

RICARDO MIOTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O cometa Lulin, esverdeado, rápido, vindo de longe, circulando no sentido oposto ao dos planetas e com duas caudas, poderá ser visto no céu com brilho máximo na madrugada de hoje para amanhã, com ajuda de binóculos. Vale a pena: ele não deve voltar por aqui nos próximos milhões de anos. Já era possível ver o Lulin aumentando o seu brilho no céu havia alguns dias, mas ele atinge agora a sua aproximação máxima com a Terra. Estará a cerca de 60 milhões de quilômetros, menos de metade da distância entre a Terra e o Sol. Para observar o astro errante no seu momento mais luminoso, será necessário estar em um lugar com céu limpo e longe das luzes da cidade. A Lua, pelo menos, deve colaborar: estará no fim da fase minguante e não ofuscará a observação. Se as condições forem favoráveis, será possível ver o cometa a olho nu. Ter um binóculo à mão é recomendável. Mas é melhor não contar com o bom tempo: o Sol aparece hoje entre nuvens no país inteiro e pancadas de chuva podem acontecer. Na noite de hoje, o cometa aparecerá perto de Saturno (veja quadro à direita).

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2302200901.htm

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ASTRONOMIA

Cometa poderá ser visto na segunda-feira

DA ASSOCIATED PRESS

O Lulin, um cometa esverdeado descoberto há dois anos, terá sua aproximação máxima da Terra na madrugada de segunda-feira para terça-feira (23 e 24) e poderá ser visto com ajuda de binóculos. Ele estará a cerca de 60 milhões de quilômetros, menos da metade da distância entre Terra e o Sol. O cometa é verde por causa da estrutura de seus compostos de carbono e porque têm cianogênio, um gás tóxico. Sua órbita, ao contrário do que ocorre na maioria dos cometas, é no sentido horário. Esta é a primeira passagem de Lulin perto do Sol, dizem astrônomos, porque ele ainda preserva a maior parte dos seus gases. Quando ele se aproximar da estrela, o chamado "vento solar" deve varrer esses gases, formando a cauda do cometa.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1802200905.htm

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Telescópio no Chile turbina astronomia produzida no Brasil

Com brasileiros controlando 31% do observatório Soar, produção científica de grupos nacionais triplicou na área Experiência adquirida com a realização do projeto colocou o país no mercado de aparelhos de observação sofisticados, diz cientista

EDUARDO GERAQUE ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA (CHILE) Um prédio de mais de 700 m2 sustenta uma cúpula de 20 metros de altura, perdida na imensidão dos Andes chilenos. Quem entra no observatório Soar, em Cerro Pachón, a 2.701 metros de altitude, vê o maquinário silencioso. A impressão é que se está diante de um brinquedo grandioso, que ficou ali guardado por alguém. Mas a aparente imobilidade é rompida com as explicações técnicas do astrônomo residente Luciano Fraga, 32, que há um ano e sete meses se mudou para a pacata La Serena, no Chile. O Soar, claro, é mais do que um videogame sofisticado. Inaugurado em 2004, começou agora a funcionar "em velocidade cruzeiro", dedicando mais tempo à observação científica e menos a trabalhos de ajuste.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0202200901.htm

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Para astrônomo, observatório é como videogame

DO ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA

Trabalhando no Chile, o astrônomo Luciano Fraga, 32, troca a noite pelo dia para comandar as observações no Soar, que tem o Brasil como investidor majoritário. Diferentemente de astrônomos mais "românticos", ele não faz questão de trabalhar junto do telescópio. Para Fraga, manipular um dos maiores observatórios do mundo é como jogar videogame. Ele faz tudo desde uma estação de trabalho em sua casa, numa colina na cidade de La Serena, no litoral do Chile. Não que estar ao lado da praia traga vantagem recreativa. Por causa da água gelada, em um ano e sete meses Fraga entrou no mar apenas um dia. Mas ele não dispensa um farto risoto de frutos do mar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0202200902.htm

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ASTRONOMIA

Temperatura sobe 700C em 6 horas em planeta extra-solar

RICARDO BONALUME NETO DA REPORTAGEM LOCAL

Astrônomos nos EUA descobriram um comportamento tão bizarro de um planeta fora do Sistema Solar que o torna de longe o mais inóspito e inabitável já encontrado. Em apenas seis horas, a superfície do planeta HD 80606b passa de 525 C para 1.225 C -um aumento de 700 C. Os extremos de calor acontecem nos momentos em que passa perto da estrela em torno da qual ele gira. O planeta foi observado através do telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e seu comportamento está descrito na edição de hoje da revista científica "Nature" pela equipe de Gregory Laughlin, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. É a primeira observação de mudanças de clima de um planeta fora do sistema solar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2901200902.htm

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ESPAÇO

Ano mundial da astronomia tem início no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Os astrônomos foram mais rápidos do que os biólogos, e Galileu venceu Darwin dentro da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Ontem, na sede da instituição em Paris (França), ocorreu a cerimônia de abertura do Ano Internacional da Astronomia, que terá muitas atividades no Brasil. O ano de 2009, marca os 400 anos em que Galileu olhou pela primeira vez para o céu com um telescópio, mas são comemorados também os 200 anos de nascimento de Darwin e os 150 anos de seu livro "A Origem das Espécies". No Brasil, a abertura oficial do ano em homenagem à astronomia ocorrerá na noite de terça-feira, no Planetário da cidade do Rio de Janeiro. Entre as atividades, há a apresentação da Escola de Samba Unidos da Tijuca que, neste ano, defenderá na avenida o enredo "Uma odisseia sobre o espaço". A grande missão no Brasil, segundo Augusto Damineli, coordenador do ano da Unesco no país, é fazer com que as pessoas olhem mais para o céu.

NA INTERNET - Veja a agenda de eventos para o Brasil www.astronomia2009.org.br

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200902.htm

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Telescópios do Havaí detectam metano na atmosfera de Marte

Na Terra, gás está relacionado com atividade biológica e erupção de vulcões

DA REUTERS

Uma série de observações da atmosfera de Marte, feitas por três telescópios no Havaí, mostram uma vasta quantidade de metano -gás tipicamente envolvido em processos biológicos- misturado com vapor d'água durante o verão boreal. A Nasa afirma que não há evidência de que seres vivos estejam produzindo o metano (também produto de atividade vulcânica), mas diz que a mistura de gases é a notícia mais favorável à existência de vida no planeta vermelho até agora. A descoberta está descrita na edição de hoje da revista "Science", e os pesquisadores concederam uma entrevista coletiva para divulgar a notícia. "A questão que mais atrai está relacionada mesmo à origem do metano em Marte", afirma Michael Mumma, da Nasa. Segundo o cientista, o gás, que é a molécula mais simples de carbono com hidrogênio, foi produzido por fontes existentes em áreas aquecidas no hemisfério Norte marciano. "Organismos vivos produzem mais de 90% do metano atmosférico da Terra; o resto é de origem geoquímica. Em Marte, o metano poderia ter a assinatura dessas duas origens."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200903.htm

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Inglês usou telescópio para ver a Lua antes de Galileu

Historiador apresenta mapa lunar de Thomas Harriot datado de julho de 1609 Uso de instrumento para astronomia só foi feito pelo italiano 4 meses mais tarde; britânico omitiu trabalhos para evitar ser perseguido

No ano em que o mundo comemora o quarto centenário da introdução do telescópio na astronomia, um obscuro acadêmico inglês ameaça roubar do italiano Galileu Galilei (1564-1642) o mérito de ter feito a primeira observação celeste com esse tipo de instrumento óptico. De acordo com um desenho antigo -e com cartas e anotações analisadas por historiadores-, foi o britânico Thomas Harriot (1560-1621), não Galileu, quem desbravou o céu usando o novo equipamento. A ilustração, um mapa parcial e simplificado da superfície da Lua, é datada de 26 de julho de 1609, quase quatro meses antes do registro mais antigo das observações de Galileu. Um novo estudo, que esquadrinhou a cronologia dos fatos com base em documentos antigos, foi distribuído ontem à imprensa pela RAS, a Sociedade Astronômica Real da Inglaterra.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1501200901.htm

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Apagão em estrela reforça teoria de cientista brasileiro

Eta Carinae, na verdade, é um sistema com dois astros; atrito entre ambas bloqueia passagem de raios energéticos Fenômeno invisível a olho nu ocorreu exatamente no dia previsto por Augusto Damineli, da USP; telescópio no Chile registrou o evento EDUARDO GERAQUE ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA (CHILE) Às 3h35 da manhã (4h35 de Brasília) de segunda-feira em La Serena, no Chile, o astrônomo Augusto Damineli, 61, sentava-se na cadeira que permite controlar o telescópio Soar (Observatório do Sul para Pesquisa Astrofísica). Ansioso, testemunhou um fenômeno que poucos tiveram oportunidade de ver, ocorrido em Eta Carinae, uma estrela que ele estuda há 20 anos. Ontem, bem no dia em que Damineli havia previsto, a estrela sofreu um apagão. O prédio de controle do Soar, na verdade, fica a 80 km do equipamento, que está no topo de Cerro Pachón, a 2.701 metros de altitude. "Astrônomo não pode por muito a mão no telescópio", brinca o cientista brasileiro. Em La Serena, 475 km ao norte de Santiago, na beira do Pacífico, o observatório fica próximo de centros produtores de vinho e pescado. E, ontem, não faltou motivo para abrir uma garrafa.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1301200903.htm

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Quando astro explodir, noite vai virar dia na Terra

DO ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA

Para quem vive no hemisfério Sul, pode haver algum mês nos próximos anos em que a noite vire praticamente dia. Tudo por causa da Eta Carinae. A explosão definitiva dessa estrela, que pode ocorrer "a qualquer momento" -hoje ou daqui a muitos séculos-, deve liberar uma energia equivalente à luminosidade de dez luas cheias. "Seria praticamente um mês sem noite", calcula Augusto Damineli, da USP (Universidade de São Paulo). O cataclismo galáctico provavelmente dará origem a um buraco negro. Apesar de não destruir Eta Carinae B, a explosão poderia afetar Terra. Só não vai afetar por uma questão de sorte. "As emissões de raios gama de um evento como esse atravessam todo o Universo como um tiro", diz o astrônomo brasileiro. "Mas a Terra não está na direção exata dessa emissão. Como estamos a 45 graus, não corremos riscos." Apesar de ser difícil saber quando a morte definitiva da Eta Carinae A vai ocorrer -estrelas como essa não passam dos 3 milhões de anos- Damineli lembra que o apagão observado ontem poderá ajudar a completar mais informações da dupla. "Ainda precisamos explicar melhor o papel de cada um dos atores nessa peça. Já sabemos que são dois" afirma, transmitindo segurança.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1301200905.htm

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Marcelo Gleiser

O ano da astronomia

A visão que temos hoje do cosmo se deve a dois homens que, há 400 anos, acreditaram nas próprias ideias

Começou a grande festa dos céus. 2009 é o Ano Internacional da Astronomia. Por todo o mundo, centenas de conferências, palestras, livros e documentários irão celebrar a ciência dos céus. No Brasil, entre várias celebrações, telescópios serão distribuídos em escolas. Por que 2009? Em 1609, dois eventos marcaram o início de uma nova era: o italiano Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus, mudando definitivamente a nossa concepção dos astros e, mais importante, o nosso lugar no cosmo. No mesmo ano, o astrônomo alemão Johannes Kepler publicou o seu "Astronomia Nova", que, como já diz o título, propôs uma nova astronomia, baseada na descrição das causas por trás dos movimentos celestes: planetas giram em torno do Sol devido a uma força e não por estarem presos a esferas de cristal. Na mesma obra, Kepler mostra que as órbitas planetárias, por milênios descritas como sendo circulares, são, na verdade, elípticas. Tanto na obra de Galileu quanto na de Kepler, são os dados e as observações cuidadosas que determinam a nova ciência dos céus. Galileu não inventou o telescópio. A descoberta é atribuída a um holandês, em 1608. O que Galileu fez foi aperfeiçoar o instrumento, aumentando a sua potência. A sua grande sacada foi usar o instrumento para estudar o céu noturno, com o intuito de criticar a filosofia de Aristóteles e seus seguidores.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0401200903.htm

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Dupla de físicos enxerga Universo em gota d'água

Em nível molecular, estudo imita interação entre campo magnético e gravidade Experiência que utiliza levitação gera gotículas que reproduzem tanto núcleos atômicos quanto grandes buracos negros IGOR ZOLNERKEVIC COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Uma gota d'água pode revelar segredos sobre planetas, núcleos atômicos e até buracos negros, indica um novo experimento. Cientistas observaram o que acontece com um pingo do líquido quando posto para "levitar" sob forças eletromagnéticas. E, pelo visto, na física, como na canção de Chico Buarque, quase qualquer interação "pode ser a gota d'água". Quando giram rapidamente, as gotas criadas pelos físicos Richard Hill e Laurence Eaves, da Universidade de Nottingham (Reino Unido), adotam forma de amendoim ou triângulo. A tecnologia que faz com que as gotas parem no meio do ar é a mesma que fez um sapo levitar, em uma pesquisa ganhadora do infame Prêmio IgNobel, em 1997. A aplicação de um campo magnético 10 vezes mais intenso que o de um imã de autofalante faz com que a água das gotas produza seu próprio campo magnético como reposta. "A força magnética [da água] contrabalança a força da gravidade em nível molecular, por todo o objeto", explicou Hill. "Podemos investigar como as coisas se comportam no espaço, aqui no solo."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2212200801.htm

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ASTRONOMIA

Cientista elucida explosão de estrela desaparecida em 1573

DA ASSOCIATED PRESS

Quatro séculos atrás, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe desafiou colegas ao relatar o surgimento daquilo que achava ser uma nova estrela no céu, em 1572, que sumiu após brilhar por um ano. Só agora, porém, cientistas descobriram o que exatemente ele avistara. Na época, o fenômeno ajudou Brahe a argumentar que os objetos celestes além dos planetas não eram imutáveis. Astrônomos modernos já sabiam que aquilo na verdade foi uma supernova -a explosão de uma estrela-, mas não de qual tipo. Um estudo na revista "Nature" afirma agora que Brahe viu a morte de uma estrela do tipo anã branca. De tanto engolir matéria de outra estrela vizinha, sua gravidade cresceu e a fez entrar em colapso. O cientistas só conseguiram estudar o fenômeno tão antigo usando uma espécie de "eco luminoso". A luz da supernova passou pela Terra há muito tempo, mas parte dela atingira nuvens cósmicas de poeira, fazendo-as brilhar mais tarde. Esse brilho é o que foi analisado agora.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0412200802.htm

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Áreas contempladas incluem mudança do clima, astrofísica e estudos dos EUA

DA REDAÇÃO DO ENVIADO A BRASÍLIA

De terremotos à astrofísica, passando por estudos dos EUA e de geleiras, a lista de linhas de pesquisa a serem financiadas nos novos institutos é ampla. O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Astrofísica, coordenado pelo professor João Evangelista Steiner, da USP, é um dos contemplados. "No nosso caso, a questão é mais estratégica. O objetivo do nosso grupo será pensar onde estaremos daqui a 15 anos. A astronomia brasileira colhe frutos hoje por causa dos observatórios Gemini e Soar [ambos instalados no Chile]. O primeiro começou há 15 anos e o segundo há 2 anos", afirmou o cientista à Folha. O objetivo do Instituto Nacional de Mudanças Climáticas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), é mais pragmático. O grupo terá R$ 7,2 milhões para desenvolver um modelo climático brasileiro que possa prever, assim como fazem os grandes grupos de modelagem do mundo hoje, as exatas conseqüências do aquecimento global. "O que anima é a possibilidade de fazer pesquisa integrada e interdisciplinar", diz o coordenador do centro, o climatologista Carlos Nobre. Ele pilotará uma rede que envolve 74 grupos de pesquisa nacionais e 14 internacionais. O país também ganhará seu primeiro centro de pesquisas da criosfera (nome dado aos 10% da superfície terrestre permanentemente cobertos por gelo). Sediado na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o centro liderado por Jefferson Simões abrigará um laboratório especial para a armazenagem e o estudo de testemunhos (cilindros) de gelo escavados em geleiras na Antártida ou nos Andes.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2811200802.htm

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ASTRONOMIA

SONDA VAI ESTUDAR FRONTEIRA DO SISTEMA SOLAR A Nasa lança amanhã uma nova sonda espacial para estudar os limites do Sistema Solar. A Ibex, que é do tamanho de um pneu de caminhão, será levada ao espaço por um foguete Pegasus, lançado desde um avião sobre o Pacífico e orbitará a Terra a 322 mil quilômetros de distância. A espaçonave não-tripulada investigará por que a fronteira da heliosfera -a distância máxima até onde o vento solar viaja- parece estar recuando.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1810200805.htm

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ASTRONOMIA

Sonda registra maior calmaria do vento solar

FRANCE PRESSE

Nunca antes na história das medições dos ventos solares feitas pelas agências espaciais americana e européia -que começaram há 50 anos- a intensidade desse fenômeno esteve tão baixa. Essa calmaria, decorrente provavelmente da alteração dos fluxos magnéticos do Sol, segundo os cientistas, pode reduzir o escudo natural proporcionado pela heliosfera (vasta zona de vários bilhões de quilômetros de diâmetro que serve como "trilho" para o vento de partículas que saem do Sol). Essa falha no escudo natural do Sistema Solar, registrada pela sonda Ulisses, que há 17 anos estuda o astro, pode fazer com que os raios cósmicos, provenientes de outros lugares da Via Láctea, penetrem com mais facilidade nas vizinhanças da Terra, segundo Ed Smith, responsável pelo projeto.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2509200804.htm

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ASTRONOMIA TELESCÓPIO VÊ PLANETA EM TORNO DE "GÊMEO" DO SOL Astrônomos canadenses usando o telescópio Gemini Norte, no Havaí, fizeram a primeira fotografia de um planeta extra-solar em torno de uma estrela parecida com o Sol. O planeta tem oito vezes a massa de Júpiter, e está tão longe de sua estrela que, se a descoberta for confirmada, ela demandará uma revisão nas teorias atuais de formação de planetas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1609200802.htm

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outro mundo

Não estamos sós

Quando eles olham para o céu, procuram mais do que estrelas; conheça gente que acredita em ET

DANIEL SOLYSZKO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Numa noite escura de Alpinópolis, no sul de Minas Gerais, Vinicios e um amigo subiram a serra para observar o céu e as estrelas. Estavam dentro do carro e, de repente, olhando para trás, viram uma cratera próxima à uma árvore, com luzes coloridas. "Abrimos o vidro do carro e ouvimos um barulho estranho, mas ficamos com medo de sair porque a gente não sabia bem o que era." Apesar de já ter interesse por astronomia, o estudante, na época com 16 anos, se tornou obcecado pela ufologia após esse contato imediato assustador. Hoje, aos 20, Vinicios Batista Dias criou um site sobre o tema, o UFO Zone (www.ufozone.com.br). Para manter sua página sempre atualizada, ele pesquisa arduamente tudo o que encontra sobre o assunto. "Procuro investigar um pouco para saber a opinião dos especialistas em ufologia e depois tirar minhas conclusões." Entre outras atividades, ele também monitora satélites, na esperança de se deparar com algum caso de avistamento.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1509200806.htm

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Programa espacial, o sonho possível

CARLOS GANEM

Chegar ao espaço é uma meta que será cumprida em um futuro próximo. Mas o Programa Espacial Brasileiro vai muito além disso

UM PROGRAMA espacial é muito mais do que fazer e lançar foguetes, satélites e veículos espaciais. É mais do que uma área física, onde se instalam radares, equipamentos de telemetria, meteorologia e torres de lançamento. É um objetivo que congrega os sonhos de conhecimento e domínio do espaço que está presente desde os primórdios da humanidade na sua atitude diante do universo. Essa meta não é fácil de alcançar. A atividade espacial é complexa, exige planejamento, longo prazo de maturação e, ainda assim, é de alto risco. Grandes conquistas foram alcançadas por meio da atividade espacial. Atualmente, diminuímos as distâncias por meio das telecomunicações, que levam informação, saúde e educação a lugares de difícil acesso. Mapeamos com precisão o planeta, fazemos previsões meteorológicas cada vez mais acuradas... Mas esse desenvolvimento cobra um preço. Não é por acaso que, com pouquíssimas exceções, praticamente todos os programas espaciais do mundo exibem um longo histórico de tristes ocorrências. E, no Brasil, esse desenvolvimento não foi diferente. A última sexta-feira foi um dia triste para o Programa Espacial Brasileiro, em que lembramos dos 21 técnicos que há cinco anos perderam suas vidas no acidente ocorrido em Alcântara (MA), acreditando no sonho de garantir ao Brasil o acesso ao espaço. Em respeito à memória dos que se foram e sem desistir de proporcionar ao país a soberania e os benefícios advindos da tecnologia espacial é que precisamos continuar esse projeto. Chegar ao espaço é uma meta que será cumprida em um futuro próximo. Em 2010, deverá ser lançado o primeiro protótipo de uma nova série de foguetes que está sendo desenvolvida no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), a do Veículo Lançador de Satélites (VLS). Nesse mesmo ano, deverá ser lançado pela Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional Brasil-Ucrânia, o primeiro foguete, Cyclone-4, a partir de Alcântara, abrindo-nos as portas para a exploração comercial das atividades espaciais.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2808200809.htm

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Brasileiros vão à caça de planetas gigantes Astrônomos participarão de maior projeto de varredura dos céus já feito Pesquisadores capitaneados pelo Observatório Nacional ainda usarão telescópio nos Estados Unidos para estudar região central da Via Láctea CLAUDIO ANGELO EDITOR DE CIÊNCIA Pesquisadores brasileiros acabam de se tornar sócios de um dos clubes mais exclusivos da astronomia. Eles vão usar dados de um telescópio nos Estados Unidos para procurar planetas gigantes fora do Sistema Solar e obter pistas sobre a evolução do Universo. O tal clube, o SDSS (Sloan Digital Sky Survey), se auto-intitula "o levantamento astronômico mais ambicioso já realizado". Desde o começo da década, seus cientistas têm usado um telescópio com espelho de 2,5 metros de diâmetro para fazer varreduras sistemáticas do céu e desvendar a geografia do cosmo: como as galáxias se distribuem pelo Universo e por que elas estão onde estão. Até agora, o projeto já detectou mais de 200 milhões de objetos celestes e ajudou a confirmar que uma energia misteriosa -a energia escura- está realmente acelerando a expansão do Universo. Também ajudou a rastrear os vestígios de galáxias que se chocaram com a Via Láctea no passado.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2408200802.htm

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Energia misteriosa faz dez anos sem ganhar explicação

Força que faz Universo crescer de forma acelerada desafia físicos teóricos, e astrônomos ainda esperam "ajuda do céu" Entidade física de natureza desconhecida -batizada de energia escura-, vai contra a gravidade, afastando as galáxias umas das outras

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL Uma das maiores descobertas da história da astronomia está completando uma década neste ano, mas cientistas não têm muita motivação para comprar um bolo e tornar a data uma comemoração. Em 1998, dois grupos de pesquisa independentes descobriram que o Universo está se expandido de maneira acelerada -algo que ninguém esperava. Passados dez anos, a força que move esse fenômeno já tem um nome -energia escura-, mas ninguém ainda sabe o que ela é. "Não estamos mesmo muito mais perto da resposta do que estávamos antes", disse à Folha Robert Kirshner, astrônomo da Universidade Harvard, de Cambridge (EUA). "Mas estamos bem convencidos hoje de que essa coisa existe, e esse sinal não se foi nos últimos anos. Na verdade se tornou melhor, mais evidente." Kirshner foi um dos astrônomos com papel crucial na descoberta de 1998. Ele inventou uma maneira de analisar a luz de supernovas (explosões de estrelas) em galáxias que se afastam da Terra a alta velocidade para estimar quão distantes elas estão. Sob liderança de Adam Riess, ex-aluno de Kirshner, astrônomos usaram essa técnica para fazer um grande mapeamento do Universo, mostrando que as galáxias mais distantes estão se afastando cada vez mais rápido.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200801.htm

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Nova geração de supertelescópios renova esperança

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de cosmólogos estarem um tanto quanto imobilizados na busca de uma solução teórica para o problema da energia escura, cientistas que fazem o trabalho "braçal" na área -construir e operar telescópios- vislumbram uma oportunidade de ouro. Um congresso no mês passado no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, reuniu representantes de vários novos projetos de observação que podem jogar luz sobre o enigma. Alguns deles, que começarão a operar na próxima década, ajudarão a investigar como a gravidade e a energia escura atuam em cada nível. Uma boa varredura no céu mostra como as estrelas se agrupam para formar galáxias, como surgem aglomerados de galáxias, como estes se juntam em superaglomerados e assim em diante. "Numa varredura profunda, podemos ver mais objetos, e podemos aprender algo novo", diz John Peoples, um dos idealizadores do DES (Dark Energy Survey), projeto que "turbinou" o telescópio Blanco, no Chile, para essa e outras tarefas. "Pode ser que não aprendamos algo [sobre energia escura] agora, mas a astronomia se trata disso: ampliar a fronteira."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200802.htm

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+ Marcelo Gleiser

Buracos negros em fúria

Fenômeno representa a união do macro com o micro

Sempre que menciono buracos negros, detecto no rosto das pessoas um misto de fascínio e terror. Como podem meros restos mortais de estrelas ser capazes de criar rupturas no aspecto mais fundamental da realidade, a continuidade do espaço e do tempo? Não é exagero dizer que buracos negros representam a fronteira entre o racional e o absurdo, entre o possível e o desconhecido. Se os buracos negros sugam tudo e não emitem luz, como sabemos que eles existem? Na verdade, a história não é bem assim. Quando a matéria é acelerada na direção de um buraco negro, como água escoando por um ralo de banheira, ela pode emitir radiação. Essa radiação, de natureza eletromagnética, pode ser de vários tipos: se for na freqüência da luz visível, podemos vê-la. Se for no infravermelho ou no ultravioleta, temos de usar telescópios especializados nessas freqüências. Hoje, a astronomia usa muitas janelas para ver os céus. Dentre as várias assinaturas eletromagnéticas dos buracos negros, a mais espetacular é criada pelos gigantes da ordem, estruturas com massas que podem chegar a milhões ou até centenas de milhões de massas solares. Por incrível que pareça, esses monstros cósmicos habitam o coração da maioria das galáxias. Mesmo a nossa Via Láctea tem um buraco negro gigante, com massa equivalente à de 3 milhões de sóis.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200805.htm

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ASTRONOMIA

Ex-planeta Plutão deverá ser agora chamado de "plutóide"

DA REUTERS Os livros didáticos que se apressaram em mudar a designação de Plutão terão de ser corrigidos de novo em suas próximas edições. Os corpos celestes semelhantes ao ex-planeta -que foi "rebaixado" para planeta-anão em 2006- deverão agora ser chamados de "plutóides". O novo nome foi anunciado ontem pela União Astronômica Internacional, que havia tomado a decisão em reunião fechada na Noruega, na semana passada. Pequeno demais para ser considerado planeta, mas com força gravitacional suficiente para adquirir forma arredondada, Plutão é o único de dois plutóides achados até agora. O outro, Eris, tem uma órbita mais distante, mas é maior. Sua descoberta em 2003 foi o que desencadeou o movimento que levou Plutão ao rebaixamento. Um dos argumentos principais para separar os plutóides dos planetas é que astrônomos estimam que existam vários outros objetos do tipo ainda a serem descobertos. Para serem considerados plutóides, esses novos astros também terão de orbitar o Sol além de Netuno.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1206200803.htm

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ASTRONOMIA

Telescópio que enxerga raio X encontra matéria "perdida"

DA REPORTAGEM LOCAL

Cientistas que analisaram imagens do telescópio espacial XMM-Newton, da ESA (Agência Espacial Européia), anunciaram ontem ter encontrado uma enorme "ponte" de gás ultraquente entre dois aglomerados de galáxias. Essa grande quantidade de matéria, encontrada em uma região que antes parecia ser um colossal vazio, já havia sido prevista em teoria, mas nunca avistada. Como a grande nuvem de gás descrita pelos cientistas é extremamente rarefeita, ela havia escapado ao escrutínio de outros telescópios. O XMM-Newton, porém, que enxerga imagens raios X em altíssima resolução, conseguiu ver a matéria perdida. A ponte de gás encontrada fica entre os aglomerados de galáxias Abell 222 e Abell 223, a 2,3 bilhões de anos-luz da Terra. Segundo cientistas do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, de Garching (Alemanha), estruturas como essa são o que compõe cerca de metade da matéria comum que existe no universo. Apesar de a descoberta do XMM-Newton ser importante, dizem os astrônomos, ela ainda não resolve o problema da chamada "matéria escura", que não emite luz nem nenhum tipo de radiação. Apesar de não deixar traço observável, ela é responsável por mais de 85% da massa do Universo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0805200802.htm

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ASTRONOMIA

"PAS DE DEUX" INTERGALÁCTICO Astrônomos publicaram uma coleção de imagens de colisões entre galáxias fotografadas pelo Telescópio Espacial Hubble, ontem, para comemorar os 18 anos do observatório orbital

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2504200803.htm

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ASTRONOMIA

Espanhóis descobrem menor planeta fora do Sistema Solar

DA REUTERS

Um grupo de astrônomos espanhóis anunciou ontem a descoberta do menor planeta já visto fora do Sistema Solar. Ser pequeno, neste caso, tem um mérito especial. "Acho que estamos muito perto, a apenas alguns anos, de detectar um planeta semelhante à Terra", disse Ignasi Ribas, líder da equipe, que revelou a descoberta em um estudo na revista "Astrophysical Journal Letters". O planeta, com raio cerca de 50% maior que o da Terra, orbita uma anã vermelha (tipo de estrela fraca) à distância de 30 anos-luz da Terra, na região da constelação do Leão. Segundo os astrônomos do CSIC (Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha), autores da descoberta, sua massa é de cerca de cinco vezes a da Terra. Registrado com o código "GJ 436c", o planeta foi achado por meio da análise de distorções na órbita de outro planeta, gigante, que orbita a mesma estrela. "Em um tempo muito curto, seremos capazes de observar um planeta com a mesma massa da Terra, mas ele estará em uma órbita muito mais próxima à sua estrela do que a Terra está do Sol, então não vai ser, a rigor, um planeta do tipo da Terra", diz Ribas. "Planetas com massas similares à da Terra e situados a uma certa distância de suas estrelas permitem a existência de água líquida em sua superfície, ou seja, são habitáveis. Estamos um pouco longe [de descobri-los], mas certamente o faremos numa década."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1004200802.htm

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ESPAÇO

Meteorito cai no nordeste da Argentina

ADRIANA KÜCHLER DE BUENOS AIRES Um meteorito teria caído na noite de domingo na Província de Entre Ríos, na Argentina. Às 22h03, um objeto luminoso foi avistado no céu de várias cidades da Província, ao norte de Buenos Aires. No entanto, até a tarde de ontem, o objeto ainda não havia sido encontrado e não se podia determinar o local do impacto. Moradores de cidades da região disseram ter visto um objeto luminoso de cor vermelha que foi ficando azulado conforme se aproximava da Terra. Em seguida, foi ouvido um estrondo e o solo tremeu. Durante o dia, várias pessoas encontraram pedras que poderiam ser pedaços do meteorito. A Associação Entrerriana de Astronomia divulgou um comunicado informando que seus integrantes estão buscando o meteorito, mas que existe a possibilidade de que o objeto seja, na verdade, lixo espacial. "Nesse caso, os organismos espaciais, como a Nasa ou a Agência Espacial Européia, nos informarão a respeito", diz o informe.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0804200803.htm

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ASTRONOMIA NASA IDENTIFICA MENOR BURACO NEGRO Pesquisadores da Nasa identificaram o menor buraco negro já encontrado. Chamado J1650, ele tem 3,8 vezes a massa do Sol e o diâmetro de uma cidade grande. "Durante muito tempo os astrônomos quiseram saber qual era o menor tamanho possível para um buraco negro, e esse carinha é um grande passo para responder a essa questão", disse Nikolai Shaposhnikov, do Centro Goddard de Vôo Espacial. O menor buraco negro descoberto antes tinha 6,3 vezes a massa solar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0204200804.htm

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Eclipse lunar total é visível hoje a partir da meia-noite

Lua entrará na sombra da Terra e ficará com aspecto escuro e avermelhado Segundo astrônomos, uma condição tão favorável quanto esta para observar outra vez o fenômeno não ocorrerá no Brasil até 2015

DA REDAÇÃO

A Lua entra em eclipse total na madrugada de hoje para amanhã entre 0h01 e 0h51 (horário de Brasília). O fenômeno -caracterizado pelo bloqueio da luz solar que chega ao satélite quando a Terra está na sua frente- será visível de todo o Brasil e de diversos países banhados pelo oceano Atlântico (veja mapa à direita). O que se observará não é um enegrecimento total da Lua; ela ficará avermelhada e mais escura. Isso ocorre porque, apesar de ela não receber luz solar direta durante o fenômeno, ela receberá raios solares que passam pela atmosfera terrestre e são desviados. Esse processo privilegia raios de luz com cores próximas ao vermelho. Quem quiser observar todo o fenômeno terá de acompanhá-lo a partir das 21h34, quando começa o eclipse parcial. Neste processo, parte do satélite fica encoberto, com a aparência de um biscoito mordido.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2002200801.htm

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ASTRONOMIA

Via Láctea tem muitos planetas similares à Terra

DA REPORTAGEM LOCAL

Os planetas rochosos como Vênus, Marte e a Terra são mais comuns na Via Láctea do que os cientistas imaginavam. Dados apresentados por Michael Meyer, da Universidade do Arizona, indicam que de 20% a 60% das 309 estrelas parecidas com o Sol na galáxia não agregam matéria gasosa, e sim formadas por poeira rochosa. "O resultado é empolgante por causa da alta quantidade de planetas como a Terra", disse o cientista durante uma conferência em Boston. As informações apresentadas por Meyer foram coletadas pelo telescópio espacial Spitzer, da Nasa. A inferência sobre a constituição dos planetas é feita de forma indireta. O telescópio analisa apenas a poeira que gravita ao redor das estrelas parecidas com o Sol e não a constituição do planeta em si. Ao todo, os cientistas estudaram seis grupos desses astros, com idades que variaram de 3 milhões a 3 bilhões de anos.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1902200804.htm

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ASTRONOMIA GRUPO DESCOBRE SISTEMA ESTELAR "IRMÃO" DO SOL

Pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio (EUA) anunciam hoje na revista "Science" a descoberta dois novos planetas em um sistema estelar distante, com estrutura semelhante à do Sol. Um dos astros é parecido com Saturno e o outro com Júpiter. A descoberta, que contou com a participação de astrônomos amadores, usou uma técnica inovadora. Os cientistas detectam a presença dos planetas por meio do ínfimo desvio que a gravidade deles provoca na luz que emana da estrela.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1502200805.htm

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ASTRONOMIA HUBBLE FLAGRA DANÇA DE GALÁXIAS Um par de galáxias detectado na década de 1970 só pôde ter os detalhes de sua colisão vistos agora, graças ao Telescópio Espacial Hubble. As galáxias, batizadas NGC 3808 e NGC 3080A, localizadas na constelação de Leão (a 300 milhões de anos-luz da Terra), formam juntas o par Arp 87. Elas estão em plena fusão, induzida pela gravidade. Poeira, gás e estrelas fluindo de um dos braços da NGC 3808 (a galáxia maior, espiral) formam um envelope em torno da 3808A. A forma da "ponte" entre as duas sugere que estrelas da galáxia maior foram capturadas pela gravidade da menor.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe3010200704.htm

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ASTRONOMIA

Lua de Saturno tem área com chuva intensa

DA REUTERS

Uma série de imagens novas do Observatório Keck, do Havaí, revelaram uma cobertura de nuvens em quase toda a atmosfera de Titã, a maior lua de Saturno. Uma parte do satélite do planeta provavelmente está sob uma garoa constante de metano, substância conhecida na Terra como o componente principal do gás natural. A descoberta foi divulgada ontem, quando pesquisadores apresentaram a análise de imagens do telescópio ultrapotente situado em Keck. Cientistas já tinham evidências de que existia chuva em Titã, mas foi a primeira vez que se viu uma área sob constante precipitação. A região de "tempo ruim" é um território acidentado batizado pelos astrônomos de Xanadu.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1310200702.htm

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ASTRONOMIA

Planeta extra-solar escapou do destino que espera a Terra

Representação da V 391 Pegasi em expansão máxima

DA REPORTAGEM LOCAL

O "fim do mundo" previsto pelos astrônomos para daqui a 5 bilhões de anos poderá não acontecer como imaginado, graças à descoberta de um planeta que conseguiu sobreviver à fase de "gigante vermelha" da sua estrela. Estrelas nascem, vivem da fusão de elementos produzindo energia e morrem. O Sol é uma estrela em idade madura. Hidrogênio no seu núcleo se funde formando hélio e gerando energia. Quando seu núcleo parar de "queimar" e se tornar todo hélio, o Sol vai entrar na fase de gigante vermelha, podendo expandir seu raio em mais de cem vezes. Durante esse crescimento, os planetas mais próximos, como a Terra, poderão ser engolidos. Esta, pelo menos, era a teoria com a qual a ciência trabalhava até então. Uma equipe de 23 pesquisadores liderada por Roberto R. Silvotti, do Instituto Nacional de Astrofísica, de Nápoles, Itália, descobriu um planeta que escapou de ser engolido. Sua estrela, a V391 Pegasi, já passou pela fase de gigante vermelha. Em artigo na "Nature" o grupo conta que a estrela, ao se expandir, diminuiu em 70% a distância até o planeta. Mas depois perdeu quase metade da massa, por motivos desconhecidos. Com a diminuição da atração gravitacional da estrela, o planeta migrou para uma órbita mais distante.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1309200703.htm

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ASTRONÁUTICA

Estação espacial recebe primeira comandante

DA REUTERS

A espaçonave russa Soyuz transportando a americana Peggy Whitson, primeira mulher a comandar a ISS (Estação Espacial Internacional) se acoplou ontem com sucesso ao complexo orbital. A nave ainda levava o cosmonauta russo Yuri Malenchenko e o primeiro astronauta malaio, o ortopedista-cirurgião Sheikh Muszaphar Shukor. Whitson e Malenchenko, que já estiveram na ISS em outra missão, compõem agora a 16ª tripulação da estação. Eles ajudarão a preparar o local para a chegada de novas estruturas da ISS que começam a chegar de ônibus espacial no fim do mês. A viagem de Shukor faz parte de um acordo da Rússia com a Malásia para comércio de aeronaves.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1310200703.htm

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ASTRONOMIA

Estrela binária morrendo parece cometa

DA REUTERS

A imagem do rastro de uma estrela binária em processo de morte está fornecendo aos cientistas uma forma inédita de medir a perda de massa de astros nesse estado. À primeira vista os astrônomos até pensaram se tratar de um novo cometa, mas logo observaram que a estrela Mira está deixando para trás uma cauda gigantesca de oxigênio, carbono e nitrogênio. É a primeira vez que os cientistas observam esse fenômeno. A cauda já está com uma distância de 13 anos-luz (um ano luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros) e foi detectada pelo telescópio Galaxy Evolution Explorer, da Nasa. Hoje, Mira está a 350 anos-luz da Terra, na constelação da Baleia, atravessando a Via Láctea a 130 km/s. O material que ela está perdendo provavelmente vai formar novas estrelas e planetas no Universo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1608200703.htm

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Regina Silveira recria céu em mostra

Metáforas celestes e preocupações cosmológicas permeiam as três obras feitas pela artista para a exposição "Ficções", no ES

Fã de telescópios e revistas de astronomia, Silveira, que expõe em Vila Velha, afirma ter seu imaginário habitado por imagens do espaço

GABRIELA LONGMAN ENVIADA ESPECIAL A VILA VELHA (ES) Regina Silveira chegou aos céus, ou pelo menos recriou-os em "Ficções", mostra inaugurada na quinta-feira passada no Museu Vale do Rio Doce, em Vila Velha (ES). Ao longo de um ano de diálogo com o curador, Adolfo Montejo Navas, ela concebeu, modificou e construiu as três obras da exposição. "Entrecéu" é responsável pelo impacto inicial. Ao entrar no espaço, o visitante é recebido por um corredor de 35 m de comprimento revestido de um céu azulado com nuvens -foto impressa sobre vinil adesivo. Teto e parede foram também revestidos, gerando uma espécie de túnel celeste. "Não tem horizonte neste trabalho. Você tem que entrar na cápsula. Eu queria justamente criar um lugar impossível, queria deixar as pessoas desorientadas", diz a artista.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0208200715.htm

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ESPAÇO

Astronauta brasileiro nega crime comercial

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O astronauta brasileiro Marcos Pontes, que está sendo investigado pela Procuradoria da Justiça Militar em São Paulo por supostos crimes de "ato de comércio", divulgou nota anteontem negando as acusações. Ele diz que trata-se de um procedimento "padrão, legítimo e rotineiro" e que está tranqüilo de "não haver absolutamente nada de irregular" em suas atividades. Há suspeitas de que Pontes lucre com uma escola em Bauru (interior de SP) e com um site que vende artigos em seu nome, o www.conexaoespacial.com, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo". O Código Militar proíbe qualquer prática comercial. Apesar de o tenente-coronel ter entrado para a reserva logo após voltar da Estação Espacial Internacional, os lucros configurariam crime enquanto ele estava na ativa. No ano passado havia suspeita de que ele estaria cobrando por palestras.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1107200702.htm

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ASTRONOMIA

Galáxia pode ser a mais velha já observada

DA REUTERS

Uma equipe de astrônomos anunciou ontem ter encontrado sinais da mais antiga galáxia já observada, uma descoberta que pode trazer pistas sobre as origens do Universo. A partir de observações feitas no telescópio gigante Keck, localizado no Havaí, um grupo do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) detectou uma luz que teria surgido quando o Universo tinha apenas 500 milhões de anos (a idade estimada é de 13,5 bilhões de anos). "Acreditamos que esta é uma das primeiras gerações de estrelas que nasceram quando o Universo ainda estava na infância", disse Richard Ellis, um dos responsáveis pelo achado. Os cientistas acreditam que nos primeiros 300 mil anos após o Big Bang, o Universo era extremamente quente e não tinha estrelas. Os objetos identificados podem ajudar a compreender a etapa seguinte, quando as estrelas começaram a brilhar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1107200703.htm

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ASTRONOMIA

Cabeça de Órion tem berçário de estrelas, mostra telescópio

Berçário estelar achado pelo Telescópio Espacial Spitzer

DA REDAÇÃO

Uma imagem captada pelo Telescópio Espacial Spitzer mostra um berçário de estrelas localizado da constelação de Órion, anunciaram cientistas na última sexta-feira. Astrônomos acreditam que uma supernova (explosão estelar) há 3 milhões de anos tenha dado origem ao material que formou estrelas recém-nascidas na região da constelação que representa a cabeça do caçador grego. Na imagem (veja foto acima), manchas verdes indicam a presença de moléculas orgânicas formadas com a queima de carbono. As nuvens vermelhas e alaranjadas são gás aquecido pelas estrelas da região.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2105200702.htm

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Agência espacial dos Estados Unidos apresenta o sucessor do Hubble

DA FRANCE PRESSE

A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, apresentou anteontem a maquete do Telescópio Espacial James Webb. O nome é uma homenagem ao segundo administrador do órgão. (Ele chefiou a instituição de 1961 a 1968.) O novo aparelho será o substituto do Telescópio Espacial Hubble, a envelhecida jóia da coroa da astronomia óptica. O Hubble, lançado há 17 anos, só deve durar até 2013 -e já chegou a hora de apresentar seu um sucessor. O novo instrumento custará US$ 4,5 bilhões e será lançado em 2013, por um foguete europeu Ariane-5. O projeto é uma criação conjunta de americanos, europeus e canadenses. O James Webb vai orbitar a Terra a uma altura de 1,5 milhão de quilômetros. Apesar de custar quase a metade do preço, o novo telescópio será muito mais potente que o seu antecessor. Com ele, os cientistas esperam investigar o início do Universo e ainda encontrar novos sistemas estelares, tão confortáveis para os humanos como é o nosso, o do Sol.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1205200703.htm

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ASTRONOMIA

Americano faz 1º mapa do clima de planeta extra-solar

DA REDAÇÃO

Um grupo de astrônomos nos EUA produziu o primeiro boletim meteorológico de um planeta fora do Sistema Solar. O mapa climático revela que o astro tem os ventos mais fortes conhecidos. "A velocidade do vento no planeta extra-solar provavelmente excede a do som. E a velocidade do som nesses planetas é dez vezes maior que na Terra, então isso quer dizer alguma coisa", disse Adam Showman, da Universidade do Arizona. Ele é co-autor do estudo, que sai hoje na revista "Nature". Seus grupo produziu o mapa climático do planeta gigante gasoso HD 189733b usando dados do telescópio espacial Spitzer, da Nasa. Aplicando os dados a modelos numéricos, os pesquisadores estimaram que as temperaturas do lado "claro" do planeta (voltado permanentemente para sua estrela) são 260C mais altas que as do lado "escuro". Isso faz com que o ar quente se distribua rapidamente pelo planeta, a velocidades que podem chegar a 35.000 km/h. Para comparação, os ventos na Terra raramente ultrapassam os 200 km/h. Estudar a atmosfera desse tipo de planeta pode ajudar a busca por vida fora do Sistema Solar. Isso porque planetas de órbita "travada" em relação a sua estrela são comuns no Universo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1005200703.htm

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astronomia

No mundo da lua

Munidos de telescópios, jovens se dedicam à observação do céu e participam de competições

DA REPORTAGEM LOCAL

Preste atenção nesse mapinha redondo aí em cima. Hoje, às 20h, é assim que vai estar o céu. Esse mapa se chama planisfério e é uma representação da esfera celeste. Serve para reconhecer as constelações. Todas as bolinhas representadas são estrelas que podem ser observadas a olho nu, se você estiver num lugar sem muita luz (fora das cidades grandes) e se as nuvens ajudarem. "Os planetas estão em constante movimento, por isso não estão representados", explica Ulisses Capozzoli, editor da revista "Astronomy Brasil". Ele é o responsável por acertar o planisfério que está publicado nesta página. Ver estrelas Para alguns adolescentes essa história de astronomia já virou mania. Catarina Amarante, 14, estudante da 8ª série, começou a se interessar pelo assunto há quatro anos. "É bonito ver coisas que as pessoas nem imaginam que existem", afirma. Apesar de ainda ser iniciante no assunto, ela já conseguiu achar sozinha uma nebulosa (uma nuvem de gás e de poeira de onde surgem estrelas ou que são deixadas por uma estrela morta), observando o céu de Bertioga (litoral norte de São Paulo), com seu telescópio. "Perco totalmente a noção do tempo. Já passei mais de quatro horas no telescópio", conta a estudante, que já ganhou medalha de ouro em uma olimpíada de astronomia. E foi justamente por conta de uma olimpíada que o estudante Bryan Levy, 14, tomou gosto pelo assunto. "Gosto de estudar a formação das constelações e do sistema solar", diz. Por conta de seu bom desempenho, Renata Harumi, 15, ganhou um telescópio de aniversário e sempre o leva para a praia, onde é mais fácil ver estrelas. "Depois de começar a estudar, passei a olhar para o céu de um jeito diferente", diz.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm0705200704.htm

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ASTRONOMIA

Novo planeta tem 8 vezes o peso de Júpiter

DA REDAÇÃO

Astrônomos americanos anunciaram ontem a descoberta de um planeta supermaciço fora do Sistema Solar. O novo astro tem oito vezes a massa de Júpiter, o maior dos vizinhos da Terra dentro do sistema solar, e está a 440 anos-luz de distância. A órbita do novo planeta também é intrigante. Segundo os astrônomos, ela é bem oval. Isso faz com que o astro se aproxime do seu sol, mas depois se afaste muito, quase duas vezes mais. É como se a Terra chegasse perto de Mercúrio (e recebesse muito calor) e depois se afastasse do Sol até perto de Marte.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0305200704.htm

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Animação aborda ciência e astronomia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma tripulação alienígena embarca em missões para desvendar os mistérios do universo. O argumento não é original, mas o estilo da nova série de animação do National Geographic Channel, "A Patrulha Zula", garante às crianças uma boa mistura de entretenimento e informação. "A Patrulha Zula" faz parte da programação "NatGeo e Eu", que o canal britânico estréia hoje. Diariamente, das 6h às 12h, serão exibidos programas voltados para crianças entre dois anos e cinco anos, com objetivo de estimular o contato delas com o mundo da ciência e da astronomia. No episódio "O Conto do Cometa", por exemplo, a alienígena Zeeter aposta corrida com um cometa e acaba descobrindo que é impossível competir com a velocidade do astro. Criado por Deborah Manchester e roteirizado por autores de desenhos como "Doug" e "101 Dálmatas", "A Patrulha Zula" foi classificado pelo "New York Times" como uma espécie de "Vila Sésamo do espaço". A programação do "NatGeo e Eu" conta também com "A Fazendinha McDonald's", que explica como é a vida rural, com ação ao vivo e cenas de estúdio. Outro destaque é "O Gigante e os Pontinhos Vermelhos", com quadros educativos, charadas e informações sobre animais, natureza, alimentos, números e cores. (DANIELA ARRAIS)

NATGEO E EU Quando: diariamente, das 6h às 12h Onde: National Geographic Channel

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1604200716.htm

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O sonho de Kepler

Cientista foi autor do primeiro conto de ficção sobre extraterrestres

Em ciência, existem alguns casos famosos de sonhos que inspiraram grandes descobertas. Um deles foi o do químico alemão August Kekulé. Após anos tentando desvendar a estrutura do benzeno, Kekulé, em um devaneio diurno, visualizou uma serpente mordendo o próprio rabo, como no símbolo do Ourobouros. Daí deduziu que o benzeno tivesse a estrutura de um "anel" com seis átomos de carbono. Einstein também inspirou-se em fantasias diurnas para criar suas teorias ousadas. Numa delas, imaginou-se cavalgando ao lado de uma onda de luz. Note que esses "sonhos" não eram do tipo noturno, mas visões alegóricas que ocorriam durante o dia. Outros cientistas e filósofos usaram alegorias para polemizar ou para atingir uma faixa maior da população, não especializada nas suas disciplinas. Dessas alegorias, talvez a primeira delas, seja o "Sonho", de Johannes Kepler, publicado postumamente em 1634. Como os leitores do meu romance "A Harmonia do Mundo" sabem, para mim Kepler é um dos personagens mais relevantes e fascinantes da história da ciência, arquiteto, junto com Galileu Galilei e, posteriormente, Isaac Newton, da grande revolução copernicana que, no final da Renascença, redefiniu a visão de mundo da sociedade européia. "Sonho" é um conto de ficção científica -que eu saiba, o primeiro a tratar da possibilidade de vida extraterrestre. No caso, Kepler usou a Lua como cenário. Como afirmou nas amplas notas que acompanham o conto, seu objetivo foi usar o movimento da Lua como argumento em favor do movimento da Terra. Para tal, Kepler usou a astronomia da época com tremenda coragem intelectual, proclamando que a Lua era muito mais parecida com a Terra do que os filósofos e a Igreja pregavam. Nosso satélite não era feito de éter e sim de pedra, e tinha crateras e montanhas como a Terra. Kepler adicionou também rios, mares e lagos, onde as criaturas lunares nadavam. Ele imaginava esses seres como sendo inteligentes, capazes, por exemplo, de construir barcos tal como nós aqui na Terra. Existem duas raças de seres, os Subvolvanos e os Privolvanos. (Os nomes são inspirados pelo fato de esses seres verem a Terra revolver nos céus.) Os Privolvanos habitam as regiões do lado oculto da Lua e nunca vêem a Terra. Suas noites são escuras e frias. Seus dias muito quentes. Já os Subvolvanos estão sempre de frente para a Terra. Suas noites são claras, já que, para eles, a Terra tem o tamanho de 15 luas para nós. Um dia e uma noite para as criaturas da Lua equivalem a um mês terrestre. Kepler cria uma realidade mágica para justificar sua viagem até a Lua. Influenciado pela mãe, que quase foi queimada na fogueira acusada de bruxarias, conjurou espíritos das sombras capazes de transportar seres humanos pelo espaço. O conto é uma homenagem à sua mãe e à sua crença em uma realidade paralela àquela explicada pela ciência. Mas se a fórmula para se chegar à Lua era mágica e sobrenatural, a análise da astronomia sob o ponto de vista dos seres lunares é firmemente baseada em cálculos e observações. Outros seres espalhados pelo espaço terão visões diferentes do céu; não somos os únicos a olhar para a noite e a medir o cosmo. Na descrição das criaturas, Kepler chega a mencionar seres "monstruosos e gigantescos", "esponjosos e porosos", formas de vida adaptadas à realidade lunar, completamente diferentes das encontradas aqui. Ou seja, 250 anos antes de Wallace e Darwin, Kepler antevê que a vida se adapta às condições locais, a semente da idéia da evolução por seleção natural. Nada mal para um mero "sonho".

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0804200702.htm

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Nasa adota cautela para voltar à Lua

Nova política e orçamento apertado não impedirão a missão tripulada prevista para 2015, diz o engenheiro do projeto

Segundo Brian Muirhead acidentes de 1999 e 2003 pesaram na transformação da agência, que ainda quer pôr astronautas em Marte

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro anos após a perda do ônibus espacial Columbia, a Nasa está sucumbido a política da cautela. O antigo bordão "Mais rápida, mais barata e melhor", que marcou a administração da agência espacial dos EUA na virada do século, vem desaparecendo de vez do repertório dos seus engenheiros. Mesmo com esse cuidado (e sem garantia de orçamento), a Nasa exibe confiança de que levará astronautas de volta à Lua em 2015. A missão seria um "trampolim" para chegada depois em Marte. Hoje, mesmo avessa a bordões, a agência poderia adotar um slogan como "Assuma riscos, não falhe". Este é o título de uma palestra que Brian Muirhead, ex-engenheiro-chefe do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) -o grande berçário de tecnologias da Nasa- vem ministrar no Brasil no mês que vem (para empresários, não para cientistas). Em entrevista por telefone à Folha, Muirhead, que acaba de assumir a chefia de engenharia do futuro programa tripulado à Lua, falou sobre o novo espírito da agência.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2603200701.htm

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ASTRONOMIA

Água congelada em Marte formaria um oceano de 11 m

Imagem de radar mostra gelo no pólo sul de Marte; camadas mais grossas aparecem em vermelho, e as finas em violeta

RICARDO BONALUME NETO DA REPORTAGEM LOCAL

Imagens de radar do Pólo Sul de Marte revelam que a região tem tanto gelo que o planeta seria coberto por uma camada de água de 11 metros de profundidade se ele derretesse. Tanta água poderia facilitar futuras missões tripuladas a Marte; poderia permitir sua colonização; e, num cenário radical, permitir que o planeta se tornasse mais parecido com a Terra. Mas tudo isso ainda é ficção, apesar de a realidade ser impressionante. Toda essa água é pura, como mostra o radar. E ainda falta analisar imagens do pólo Norte. As imagens foram feitas pela sonda Mars Express, da Agência Espacial Européia. Os dados analisados agora são de observações de 2005 e 2006, nas quais foi possível sondar o solo até 3,7 km abaixo da superfície no pólo. "Os depósitos em camadas do pólo Sul de Marte cobrem uma área tão grande quanto uma boa parte da Europa. A quantidade de água que eles contêm já foi estimada antes, mas nunca com o grau de confiabilidade que este radar torna possível", afirma Jeffrey Plaut, da Nasa, um dos líderes do estudo. Para que exista ou tenha existido vida em Marte, essa água toda teria de, em algum momento do passado, ter existido na forma líquida. Isso deve ter acontecido antes, como mostram marcas na superfície marciana -que exigiriam, para serem feitas, uma boa quantidade de líquido, ainda mais que o que existe hoje na forma de gelo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1603200702.htm

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ASTRONOMIA

Trombada cósmica destruiu planetóide vizinho de Plutão

DA REDAÇÃO

Um objeto do tamanho de Plutão foi destruído 4,5 milhões de anos atrás em uma violenta colisão nos confins do Sistema Solar, e os restos do impacto ainda são visíveis. A descoberta, anunciada pelo astrônomo Michael Brown -o mesmo que descobriu Eris, planeta-anão maior que Plutão- revelou a primeira família de asteróides (os restos da colisão) além de Netuno. Brown conseguiu rastrear a colisão no tempo a partir da descoberta de outro planetóide na região. O objeto, registrado com a sigla "2003 EL61", ainda não tem nome, mas foi apelidado de "Santa" (Papai Noel, em inglês) porque foi visto pela primeira vez pouco antes do Natal daquele ano. "Santa" é o terceiro maior objeto do cinturão de Kuiper, a região orbital de Plutão e Eris. Ele tem forma irregular e gira extremamente rápido, característica que intrigou os cientistas. "Ele gira tão rápido que se esticou na forma de uma bola de futebol americano meio esvaziada e pisoteada", disse Brown em comunicado a jornalistas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1503200702.htm

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ASTRONOMIA

Calor do Sol faz asteróide girar mais rápido

RICARDO BONALUME NETO DA REPORTAGEM LOCAL O calor do Sol pode deixar os terráqueos letárgicos, mas outros habitantes do Sistema Solar estão girando mais rápido por conta dele: os asteróides. A descoberta está descrita em três artigos nas edições on-line das duas principais revistas científicas multidisciplinares, a norte-americana "Science" e a britânica "Nature". O movimento acelerado dos asteróides se deve ao chamado efeito Yorp, nome dos cientistas que o teorizaram -Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack. Ele acontece quando a energia solar atinge objetos assimétricos. Basicamente, uma face grande do asteróide recebe a radiação do Sol, e depois gira fazendo face ao frio do espaço. Ela então emana mais radiação infravermelha do que outra menor, acelerando o giro. Um dos estudos, na "Nature" mostrou que nos últimos 40 anos a rotação do asteróide 1862 Apollo cresceu a ponto de fazê-lo dar um giro extra em torno de si para cada volta que ele dá em torno do Sol.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0803200705.htm

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Peru abriga observatório de 2.300 anos

Conjunto de 13 torres em Chankillo, no litoral do país, é a ferramenta astronômica mais antiga das Américas, diz estudo Lugar é anterior à civilização Inca e deve ajudar a explicar origem do culto ao Sol entre os povos andinos; local pode ter tido importância política

O nascer do Sol no solstício de inverno (21 de junho) visto de um ponto demarcado em Chankillo

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL Uma dupla de arqueólogos anuncia hoje a descoberta do mais antigo observatório solar das Américas. O complexo de pedra com 2300 anos -um conjunto de 13 torres construídas numa montanha junto à cidadela de Chankillo, no litoral do Peru- servia como uma espécie de calendário para marcar eventos que deveriam ter importância social ou religiosa numa civilização anterior. "As torres, vistas desde a parte baixa do observatório, são uma espécie de grande régua no horizonte que permite medir o movimento do sol conforme o passar dos dias, das semanas e dos meses", disse à Folha o arqueólogo Ivan Ghezzi, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Peru, principal autor da descoberta. Em um estudo com o astrônomo Clive Ruggles, da Universidade de Leicester (Inglaterra), publicado hoje na revista "Science", Ghezzi lista evidências celestes e culturais para mostrar como funcionava o observatório (veja quadro ao lado). O sítio de Chankillo está sendo escavado desde 2001, mas até agora não havia uma hipótese consistente para explicar a função das 13 torres. "Foi uma grande surpresa descobrir que 1.800 anos antes dos incas, temos evidências materiais arqueológicas tangíveis daquilo que nós já sabíamos que eles praticavam", diz Ghezzi. O sítio também data de uma época anterior aos observatórios maias mais antigos. Os povos da América Central, porém, tinham uma tradição astronômica independente e distinta da dos incas, dizem os autores da descoberta.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0203200701.htm

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ASTRONOMIA

Poeira da lua de Encélado preenche anel de Saturno

DA REDAÇÃO

A atividade de vulcões na lua saturnina de Encélado é responsável por lançar ao espaço partículas que compõem o anel E de Saturno e se depositam na superfície de outros satélites do planeta. Em estudo publicado na edição de hoje da revista "Science", astrônomos descrevem como o material ejetado dá brilho fora do comum às luas que orbitam aquela região. Apesar de ter apenas 500 km de diâmetro, Encélado é um dos satélites planetários que mais têm atraído a atenção de astrônomos, por causa da poeira que ele ejeta por atividade vulcânica. O nome Encélado, vem da mitologia antiga. Assim se chamava o gigante que habitava o interior do monte Etna, na Sicília, e produzia o fogo expelido pelo vulcão. Para mostrar que é a poeira de Encélado que dá brilho a outras luas saturninas, os cientistas usaram imagens desses satélites registradas pelo telescópio Hubble em 2005, quando eles se encontravam em posição favorável. Fotos da sonda Cassini do ano passado indicam que a pequena lua pode ter lagos de água líquida e talvez até oceanos subterrâneos.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0902200704.htm

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Cometa só voltará daqui a 100 mil anos

Descobridor do astro mais brilhante do gênero dos últimos 42 anos diz que visibilidade será melhor na próxima semana Robert McNaught, escocês radicado na Austrália, trabalha em projeto que monitora asteróides em risco de colisão com a Terra

Cometa McNaught é flagrado no céu de Christchurch, Nova Zelândia, anteontem; visibilidade é melhor em cidades mais ao sul

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL O descobridor do cometa que corta o céu do hemisfério Sul neste mês é um astrônomo autodidata que não se considera cientista. "Sou um observador", diz Robert McNaught, um escocês emigrado para a Austrália, que guardou na gaveta seu diploma de psicólogo para trabalhar com astronomia. Desde que começou sua carreira tardia, o homem que dá nome ao cometa mais brilhante dos últimos 42 anos já descobriu outros 31, a maioria deles no Observatório Siding Spring, perto de Sydney. Em entrevista à Folha, McNaught falou um pouco sobre seu trabalho.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2001200701.htm

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ASTRONOMIA

Tempo nublado prejudica visão do cometa McNaught

DA REDAÇÃO

As chuvas que afetam principalmente o Sudeste estragaram parte da festa, mas o cometa McNaught ainda pode ser visto a olho nu -e fotografado- em todo o Brasil pelo menos até sábado. Com instrumentos, será visível quase até o fim do mês. O astro é o mais brilhante de seu gênero a passar perto da Terra nos últimos 42 anos. É cem vezes mais brilhante que o Halley, que se aproximou pela última vez daqui em 1986. Ele pode ser observado em qualquer lugar de onde se possa ver o pôr-do-sol, desde que não haja muitas nuvens. Basta olhar na direção do poente. O ideal é procurá-lo cerca de meia hora após o crepúsculo. Anteontem, por exemplo, o McNaught ainda era visível por volta das 20h. O cometa fez no fim-de-semana sua aproximação máxima do Sol. Agora ele se afasta da Terra, e pode ser que não volte nunca mais: alguns astrônomos aventam a possibilidade de que ele seja aniquilado na sua passagem de raspão pela estrela. Por enquanto os astrônomos não se arriscam a prever seu destino: nem a massa nem o período do McNaught foram determinados.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1801200704.htm

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ASTRONOMIA

Cometa ajuda a estudar origem da Terra e do Sol

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL A passagem do cometa McNaught perto da Terra servirá para estudar sua composição e revelar dados sobre a composição do aglomerado de matéria que existia nesta região do Universo antes de o Sistema Solar se formar. O McNaught é um dos corpos que povoam a chamada Nuvem de Oort, um conjunto de cometas com órbitas longas, que se estendem para muito além de Plutão -cerca de 100 mil vezes além da distância que a Terra está do Sol. "Se o cometa não sofreu muitas interações com outros objetos, pode conter informações interessantes sobre a origem do Sistema Solar", diz Francisco Jablonski, astrônomo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "A espectroscopia [separação da luz por cores] pode calcular a proporção relativa dos elementos químicos que o compõem." Observações estão sendo feitas por grandes telescópios da Terra e pelas sondas Stereo e Soho, mas os melhores dados só devem ser colhidos dentro de algumas semanas, pois agora esses instrumentos sofisticados podem ser ofuscados pela luz do Sol. Alguns astrônomos aventam a possibilidade de o cometa ser aniquilado pelo desgaste que sofre ao passar perto do Sol, mas ninguém se arrisca dar certezas. "Ainda não foi possível determinar nem a massa do cometa nem o período", diz Jablonski.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200705.htm

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ASTRONOMIA

Cometa McNaught poderá ser visto do Brasil hoje à noite

DA REDAÇÃO

O cometa McNaught, astro mais brilhante do gênero nos últimos 30 anos, poderá ser observado no céu do hemisfério Sul já na noite de hoje. O cometa fez sua aproximação máxima com o Sol na última sexta-feira. Nesta noite, estimam astrônomos, ele fará sua aproximação máxima com a Terra e poderá ser visto no horizonte. Segundo o site de astrônomos amadores "Southern Comets", ele rivalizará em brilho com Vênus. Para observar o McNaught é preciso olhar para o céu logo após o pôr-do-Sol na direção do poente, de preferência usando binóculos. Os melhores locais para observação são longe de luzes urbanas e com o céu limpo. Vênus, que estará no oeste, também pode ser usado como ponto de referência. O McNaught foi descoberto em agosto pelo astrônomo australiano Robert McNaught, mas só ficou claro que ele seria tão brilhante quando se aproximou do Sol. Ele é seis vezes mais brilhante que o cometa Hale-Bopp, que fez sua última passagem em 1997, e cem vezes mais brilhante que o Halley, que decepcionou muita gente em sua aparição de 1986.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1501200702.htm

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Nova sonda busca planetas candidatos a abrigar vida

Telescópio espacial francês terá uma de suas bases de operação no Maranhão Brasileiros ajudaram a criar o software da sonda e terão participação nas pesquisas; missão também vai estudar "terremotos" nas estrelas

RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL Se as condições meteorológicas permitirem, decola amanhã às 12h23 (horário de Brasília) o primeiro telescópio espacial criado com participação brasileira. A sonda Corot (abreviação de Convecção, Rotação e Trânsito) terá como missão encontrar planetas pequenos e rochosos -parecidos com a Terra e capazes de abrigar vida- fora do Sistema Solar. A sonda será colocada em órbita por um foguete russo lançado da base de Baikonur, no Cazaquistão. Projetada pela França, que bancou 70% da empreitada, a Corot contou com participação de brasileiros no desenvolvimento de seu software de operação e em projetos científicos. Uma das estações terrestres que receberá os dados da sonda ficará em Alcântara, no Maranhão. Apesar de ter contribuído com menos de 2% do dinheiro usado no projeto, o Brasil foi de importância fundamental. "A base de Alcântara vai permitir um aumento de quase 50% no número de estrelas observadas", diz Eduardo Janot Pacheco, professor do IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica da USP) e chefe da divisão brasileira da Corot. Se a sonda não tivesse uma base no hemisfério sul, seu campo de visão cairia de 100 mil para 70 mil estrelas.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2612200601.htm