Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

6
Edgard S. Almeida Neto [vers˜ ao preliminar] Mar¸ co de 2015 1 1 Estruturas Sim´ etricas Um carregamento qualquer sempre pode ser decomposto numa parte sim´ etrica e outra an- tissim´ etrica quando lidamos com estruturas sim´ etricas de comportamento linear, Fig. 1. A decomposi¸ c˜ao auxilia a compreender o comportamento da estrutura e permite reduzir signi- ficativamente o n´ umero de inc´ognitas hiperest´ aticas. Isto ocorre em virtude de analisarmos apenas uma fra¸ c˜ao da estrutura e, ao mesmo tempo, identificarmos inc´ ognitas hiperest´ aticas nulas e explicitarmos poss´ ıveis desacoplamentos das demais inc´ ognitas. Visando sistematizar a elimina¸ c˜aodasinc´ ognitas trivialmente nulas, discutiremos a sime- tria e a antissimetria dos esfor¸ cos solicitantes e examinaremos as condi¸ c˜oes de contorno que devem se observadas em se¸ c˜oes transversais (STs) localizadas nos planos de simetria. Fig. 1: Decomposi¸ c˜ao de carregamento em uma estrutura sim´ etrica trabalhando como (a) ortico e (b) grelha. 1.1 Simetria e Anti-Simetria dos Esfor¸ cos Solicitantes Conforme mostrado na Fig. 2, as distribui¸ c˜oes das tens˜ oes normais e tangenciais em se¸ c˜oes transversais opostas originam esfor¸ cos resultantes sim´ etricos e antissim´ etricos, respectiva- mente. Assim a for¸ ca normal e o momento fletor s˜ ao esfor¸ cos sim´ etricos nas se¸c˜oes opos- tas como evidenciam as distribui¸ c˜oes das tens˜ oes normais na Fig. 2-a; e a for¸ ca cortante e o momento de tor¸ c˜aos˜ ao esfor¸ cos antissim´ etricos pois, exceto pelo sentido das tens˜ oes, as correspondentes distribui¸ c˜oes de tens˜ao tangencial s˜ ao iguais nas se¸ c˜oes opostas, Fig. 2-b. 2 Fig. 2: Esfor¸ cos solicitantes :(a) Simetria e (b) antissimetria Obtemos conclus˜ oes semelhantes observando os esfor¸ cos solicitantes em um trecho infinitesi- mal de barra delimitado por se¸ c˜oes junto ao plano de simetria da estrutura, Figs. 3-a e 3-b. Contudo, devemos tomar cuidado com a representa¸ c˜ao vetorial dos momentos pois a simetria desses vetores n˜ao est´ a associada a das tens˜ oes na ST, Figs. 3-c. Fig. 3: Trecho contendo o plano de simetria: (a) esfor¸ cos sim´ etricos e (b) antissim´ etricos; (c) representa¸ c˜ao vetorial dos momentos. Condi¸c˜oes de simetria ou antissimetria do carregamento permitem eliminar trˆ es dos es- for¸ cos solicitantes numa se¸c˜ao contida num plano de simetria da estrutura. Por um lado, a simetria admite apenas a existˆ encia dos esfor¸cos sim´ etricos M 1 , M 2 e N nasse¸c˜oescontidas nos planos de simetria, como exemplificado na Fig 4. Por outro lado, a antissimetria do carre- gamento admite apenas esfor¸ cos antissim´ etricos V 1 , V 2 e M T nessasse¸c˜oes,comoexemplificado na Fig 5. A presen¸ ca de for¸ cas ou momentos concentrados aplicados na se¸ c˜ao de simetria pode

description

Breve resumo teórico e alguns exercícios associados. Originalmente disponibilizados pelo professor Edgard do departamento de estruturas da EPUSP.

Transcript of Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Page 1: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

20151

1Estru

tura

sSim

etrica

s

Um

carregamen

toqualq

uer

sempre

pode

serdecom

posto

num

aparte

simetrica

eou

traan

-

tissimetrica

quan

do

lidam

oscom

estrutu

rassim

etricasde

comportam

ento

linear,

Fig.

1.A

decom

posicao

auxilia

acom

preen

der

ocom

portam

ento

da

estrutu

rae

perm

itered

uzir

signi-

ficativam

ente

onum

erode

incogn

itaship

erestaticas.Isto

ocorre

emvirtu

de

de

analisarm

os

apen

asum

afracao

da

estrutu

rae,

aom

esmo

tempo,

iden

tificarm

osin

cognitas

hip

erestaticas

nulas

eex

plicitarm

ospossıveis

desacop

lamen

tosdas

dem

aisin

cognitas.

Visan

do

sistematizar

aelim

inacao

das

incogn

itastriv

ialmen

tenulas,

discu

tiremos

asim

e-

triae

aan

tissimetria

dos

esforcossolicitan

tese

exam

inarem

osas

condicoes

de

contorn

oque

devem

seob

servadas

emsecoes

transversais

(ST

s)lo

calizadas

nos

plan

osde

simetria.

Fig.

1:D

ecomposicao

de

carregamen

toem

um

aestru

tura

simetrica

trabalh

ando

como

(a)portico

e(b

)grelh

a.

1.1

Sim

etria

eA

nti-S

imetria

dos

Esfo

rcos

Solic

itante

s

Con

forme

mostrad

ona

Fig.

2,as

distrib

uicoes

das

tensoes

norm

aise

tangen

ciaisem

secoes

transversais

opostas

originam

esforcosresu

ltantes

simetricos

ean

tissimetricos,

respectiva-

men

te.A

ssima

forcanorm

ale

om

omen

tofletor

saoesforcos

simetricos

nas

secoesop

os-

tascom

oev

iden

ciamas

distrib

uicoes

das

tensoes

norm

aisna

Fig.

2-a;e

aforca

cortante

e

om

omen

tode

torcaosao

esforcosan

tissimetricos

pois,

exceto

pelo

sentid

odas

tensoes,

as

correspon

den

tesdistrib

uicoes

de

tensao

tangen

cialsao

iguais

nas

secoesop

ostas,Fig.

2-b.

2

Fig.

2:E

sforcossolicitan

tes:(a)

Sim

etriae

(b)

antissim

etria

Obtem

oscon

clusoes

semelh

antes

observan

do

osesforcos

solicitantes

emum

trecho

infinitesi-

mal

de

barra

delim

itado

por

secoesju

nto

aoplan

ode

simetria

da

estrutu

ra,Figs.

3-ae

3-b.

Con

tudo,

devem

ostom

arcu

idad

ocom

arep

resentacao

vetorialdos

mom

entos

pois

asim

etria

desses

vetoresnao

estaasso

ciada

adas

tensoes

na

ST

,Figs.

3-c.

Fig.

3:Trech

ocon

tendo

oplan

ode

simetria:

(a)esforcos

simetricos

e(b

)an

tissimetricos;

(c)rep

resentacao

vetorialdos

mom

entos.

Con

dicoes

de

simetria

ouan

tissimetria

do

carregamen

toperm

itemelim

inar

tresdos

es-

forcossolicitan

tesnum

asecao

contid

anum

plan

ode

simetria

da

estrutu

ra.Por

um

lado,

a

simetria

adm

iteap

enas

aex

istencia

dos

esforcossim

etricosM

1 ,M

2e

Nnas

secoescon

tidas

nos

plan

osde

simetria,

como

exem

plifi

cado

na

Fig

4.Por

outro

lado,

aan

tissimetria

do

carre-

gamen

toad

mite

apen

asesforcos

antissim

etricosV

1 ,V

2e

MT

nessas

secoes,com

oex

emplifi

cado

na

Fig

5.A

presen

cade

forcasou

mom

entos

concen

trados

aplicad

osna

secaode

simetria

pode

Page 2: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

20153

sercon

tornad

adiv

idin

do

osesforcos

eap

licando

am

etade

emcad

asecao

imed

iatamen

teao

lado,

oque

satisfazo

equilıb

riode

esforcosno

trecho

delim

itado

por

essassecoes.

Fig.

4:E

strutu

racom

carregamen

tosim

etrico:(a)

eixo

de

simetria;

(b)

EIF

;(c)

equilıb

riodos

trechos

centrais.

Fig.

5:E

strutu

racom

carregamen

toan

tissimetrico:

(a)eix

ode

antissim

etria;(b

)E

IF;

(c)eq

uilıb

riodos

trechos

centrais.

1.2

Condic

oes

de

Conto

rno

no

Pla

no

de

Sim

etria

As

condicoes

de

simetria

ean

tissimetria

do

carregamen

topodem

sertrad

uzid

asem

deslo

ca-

men

tose

rotacoesnulas

das

secoestran

sversaiscon

tidas

no

plan

ode

simetria

da

estrutu

ra,

como

ilustram

asFigs.

6e

7.Se

ocarregam

ento

forsim

etrico,o

deslo

camen

tou

norm

alao

plan

oe

asrotacoes

ϕem

torno

de

eixos

contid

osno

plan

ode

simetria

devem

sernulos.

Se

foran

tissimetrico,

odeslo

camen

tov

ea

rotacaoθ

emtorn

odo

eixo

norm

alao

plan

ode

sime-

triadevem

sernulos.

Rep

areque

existe

um

acorrelacao

direta

entre

osesforcos

solicitantes

transm

itidos

eos

deslo

camen

tosnulos

na

secao.

4

Fig.

6:C

ondicoes

de

contorn

ono

plan

ode

simetria:

carregamen

tosim

etrico.

Fig.

7:C

ondicoes

de

contorn

ono

plan

ode

simetria:

carregamen

toan

tissimetrico.

1.3

Reso

lucao

da

Estru

tura

Aresolu

caodas

estrutu

rassim

etricaship

erestaticassegu

eos

passos

descritos

na

Tab

.1,

os

quais

saoilu

strados

nos

prox

imos

exem

plos.

1.4

Exem

plo

s

Page 3: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

20155

Tab

ela1:

Resolu

caode

estrutu

rassim

etricas.

Passo

Descricao

1Id

entifi

que

osplan

osde

simetria

da

estrutu

ra.

2D

ivid

aos

esforcoscon

centrad

osap

licados

nas

secoesde

simetria

eap

li-que

nas

secoesim

ediatam

ente

aolad

o.

3Trace

acon

figu

racaodeform

ada

da

estrutu

rae,

sefor

ocaso,

evid

encie

atorcao

das

barras.

4U

seo

tracado

aprox

imad

oda

configu

racaodeform

ada

para

verificar

asim

etriae

aan

tissimetria

do

carregamen

to.Se

necessario,

decom

pon

ha

ocarregam

ento

etrace

ascon

figu

racoesdeform

adas

correspon

den

tes.

5O

bten

ha

um

anova

estrutu

rapor

meio

de

cortespassan

do

pelos

plan

osde

simetria.

Levan

teos

esforcossolicitan

tesnao-n

ulos

nas

secoesque

coincid

emcom

osplan

osde

simetria

ein

troduza

osvın

culos

fictıcios

associad

osas

condicoes

de

simetria

ean

tissimetria.

6D

etermin

eo

graude

hip

erestaticidad

eda

nova

estrutu

ra.

7Se

elafor

isostatica,ob

tenha

asreacoes

eos

esforcossolicitan

tespor

equilıb

rio.

8Se

elafor

hip

erestatica,resolva

pelo

pro

cessodos

esforcosou

dos

des-

locam

entos.

6Exem

plo

1Para

ocarregam

ento

indi-

cado

eem

pregan

do

todas

asprop

riedad

es

de

simetria

ean

tissimetria

possıveis,

a)in

diq

ue

aE

IFcom

om

enor

num

erode

incogn

itaship

erestaticase

aseq

uacoes

de

compatib

ilidad

ecorresp

onden

tes;

b)

traceo

diagram

ade

mom

entos

fletores.

Con

sidere

EI

=con

st,b

=a

edesp

rezeos

efeitosda

deform

acaopor

forcanorm

al.Fig.

E1:

Portico.

Page 4: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

20157

Exem

plo

2Trace

odiagram

ade

mom

entos

fletores

para

aviga

contın

ua

da

figu

ra.C

onsid

ere

EI

=con

st.

Fig.

E2:

Viga

contın

ua.

8Exem

plo

3Trace

osdiagram

asde

mom

entos

para

aviga

balcao

aolad

o.C

onsid

ereE

I=

const

eG

IT

=E

I.

Fig.

E3:

Viga

balcao.

Decom

posicao

do

carregamen

tonas

partes

simetrica

ean

tissimetrica.

Page 5: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

20159

10Exem

plo

4Para

agrelh

ada

figu

ra,

traceos

diagram

asde

mom

entos

ecal-

cule

arotacao

θx

na

secaodo

meio

da

barra

central.

Con

sidere

EI

=con

ste

GIT

=E

I.

Os

apoios

resistema

forca

verticalF

ze

aom

omen

tode

torcaoM

y .

Fig.

E4:

Grelh

a.

Fig.

E4-1:

Configuracao

Deform

ada.

Da

simetria

daestrutura

indicadana

Fig.

E4-1,

podemos

concluirque

om

omento

Pa/3

nao

solicitaa

vigacentral

aflexao

enem

asvigas

lateraisa

torcao.E

mvirtude

dodesacoplam

entode

Me

MT ,

todosos

esforcossolicitantes

podemser

determinados

estaticamente.

Fig.

E4-2:

Representacao

parcialda

estrutura.

Nota

1E

mbora

abarra

centraldagrelha

estejasobre

umplano

desim

etriada

estrutura,lembram

os

queas

propriedadesde

simetria

eantissim

etriaso

valempara

secoescujo

planocoincide

como

de

simetria.

Nesse

exemplo,

aindafoi

possıvelsubdividir

aestrutura

etrabalhar

comum

trechoda

barracentral

submetido

am

etadedas

forcasexternas.

Page 6: Estuturas Hiperestáticas Simétricas.

Edgard

S.A

lmeid

aN

eto[versao

prelim

inar]

Marco

de

201511

Fig.

E4-3:

Diagram

ade

corpolivre

ediagram

ade

mom

entos.

Aseguir,

porcuriosidade,

consideraremos

ascondicoes

desim

etriae

resolveremos

aestrutura

hiperestaticaparcial

ignorandoo

desacoplamento

entreM

eM

T .

Rotacao,

θC

x=

θC

1+

θC

2=

Pa

2

12EI

+P

a2

36EI

=P

a2

9E

I.

12Exem

plo

5E

mpregan

do

todas

asprop

riedad

esde

simetria

ean

tissimetria

possıveis,

indiq

ue

aE

IFcom

om

enor

num

erode

incogn

itaship

erestaticase

aseq

uacoes

de

compatib

ilidad

e

correspon

den

tes.C

onsid

ereE

I=

const

eG

IT

=E

I.

Fig.

E5:

Grelh

aap

oiada

nos

cantos.