ET-010 Euclides de Freitas Couto

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    Turismo em Pirapora/MG: um estudo de caso sobre a percepo dos residentes

    locais

    Euclides de Freitas Couto1

    Ricardo Dias da Costa2

    Eduardo Trindade Bahia3

    INTRODUO

    O turismo uma atividade que, estando em um nvel elevado de desenvolvimento,

    pode servir de base para a economia de uma regio ou uma localidade especfica,

    requerendo, entretanto, especial ateno para os impactos ambientais, econmicos e

    socioculturais que provoca. uma atividade que consome espao geogrfico: exige a

    construo de infraestrutura, utilizao de recursos variados, integrao da populao

    nativa e pode degradar o ambiente (BISSOLI, 2001).

    Dados obtidos no Ministrio do Turismo mostram que a atividade turstica vem

    aumentando, consideravelmente, sua participao no PIB nacional. A variao da

    receita cambial turstica no Brasil de 1995 a 2006 chegou, neste ltimo ano, ao valor de

    US$ 4,32 bilhes (BRASIL, 2007).

    A partir do ano de 1995, o governo brasileiro adotou algumas polticas que visavam ao

    desenvolvimento do turismo partindo de uma base local: o Plano Nacional de

    Municipalizao do Turismo PNMT, do governo Fernando Henrique Cardoso e o

    Plano Nacional de Turismo PNT, do governo Luiz Incio Lula da Silva vm

    promovendo a reestruturao do planejamento turstico no Brasil por meio da

    capacitao dos municpios para o desenvolvimento nas reas econmica, social ecultural. Em ltima instncia, elas visam ampliar a gerao de emprego e renda nas

    comunidades, fazendo com que a populao local no se veja na necessidade de

    migrar para alcanar sua ascenso social. (BRASIL, 2007). Muitos municpios

    brasileiros apresentam potenciais tursticos mal explorados por falta de planejamento e

    conhecimentos tcnicos na rea de turismo, agravados, em alguns casos, pela

    1 Doutor em Histria, Professor Adjunto, Centro Universitrio UNI-BH, e-mail: [email protected] Mestre em Turismo e Meio Ambiente, Professor auxiliar, Centro Universitrio Newton Paiva. e-mail:[email protected] Doutor em Cincias Del Mar, Professor Adjunto, Centro Universitrio UNA, e-mail:[email protected].

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    deteriorao ambiental, que compromete as atividades tursticas nesses municpios,

    visto que tais atividades dependem da harmonia e da sustentabilidade do espao

    geogrfico para se desenvolver.

    O presente trabalho visa analisar o desenvolvimento da atividade turstica no municpiode Pirapora, a partir da viso dos residentes e gestores locais de organizaes

    relacionadas com o turismo e sua capacidade de melhorar as condies

    socioeconmicas daquela comunidade no perodo de 2002 a 2009, perodo este que

    coincide com retomada das atividades tursticas do Vapor Benjamim Guimares. A

    anlise do perodo possibilitou melhor conhecimento sobre a utilizao do Vapor

    Benjamim Guimares, um atrativo turstico nico, que pode contribuir para melhorar a

    imagem da cidade, dinamizar a economia e a cultura da regio e ainda preservar omeio ambiente.

    Ao tomarmos o planejamento e a gesto como processos essenciais para o

    desenvolvimento do turismo, foi fundamental analisar e destacar o papel da iniciativa

    pblica por meio de uma vontade poltica expressa e da deciso de contribuir com

    todos aqueles que esto empenhados no desenvolvimento do turismo na regio de

    Pirapora no perodo estudado. A anlise dos diversos componentes econmicos,

    sociais, polticos, ambientais e culturais e a relao destes componentes com a

    sociedade do destino turstico, confirmou a relevncia da atividade turstica para a

    cidade. Nesse sentido, sugerimos que, a partir deste estudo, as autoridades brasileiras

    tenham uma pequena amostra do diagnstico turstico da regio, a qual possa servir

    como base para tomada de decises que colaborem para o desenvolvimento local.

    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1. Municpios Tursticos

    Como o turismo uma atividade que se desenvolve por meio de atrativos localizados,

    utiliza servios e gera impostos, primordialmente, no municpio, mais adequado que

    se concentre os processos de planejamento e gerenciamento na esfera municipal. Tal

    medida visa envolver ao mximo a comunidade local nas polticas de desenvolvimento

    do turismo, vinculando-a aos programas a serem implantados. Nesse sentido, o PNMT

    procurava conscientizar os municpios sobre o fato de que somente a presena de

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    atrativos ou potencial turstico, no era garantia de que a atividade iria,

    necessariamente, se desenvolver. A atividade turstica s poder produzir benefcios

    sociais, econmicos, histrico-culturais e ambientais, se for planejada e gerenciada no

    mbito de uma poltica que considere as especificidades das dinmicas local, regional,

    nacional e at internacional.

    Com a criao do Ministrio do Turismo em 2003, surgiu no Brasil um novo modelo de

    gesto pblica. Tendo como princpios a descentralizao e participao, a proposta

    inicial previa a constituio de um sistema nacional de gesto do turismo: um ncleo

    bsico formado pelo Ministrio do Turismo, Conselho Municipal de Turismo (CONTUR)

    e pelo Frum Nacional de Secretrios e Dirigentes Estaduais de Turismo.

    Complementando essa rede de gesto descentralizada apresentavam-se os Fruns eConselhos Estaduais de Turismo, alm de ouras entidades de relevncia estadual

    vinculadas ao turismo (BRASIL, 2007.)

    2.2. Turismo e desenvolvimento local

    importante ressaltar que em um destino turstico h uma inter-relao entre as

    diversas instncias polticas, refletindo, por consequncia, a prpria complexidade da

    dinmica social presente na atualidade. Muito provavelmente, os impactos em uma

    determinada rea, provocaro reflexos em outras. Assim, os articuladores dessas

    polticas precisam construir uma viso holstica, buscando considerar todos os

    possveis impactos e transfiguraes scio-ambientais e culturais que a atividade

    turstica ir desenvolver com as outras reas da sociedade (LICKORISH, JENKINS,

    2000). Independente do tamanho da atividade turstica e da importncia que o governo

    da atividade, o setor pblico deve atuar em quatro frentes especficas: polticas,

    planejamento, desenvolvimento e regulamentao.

    Nessa perspectiva, a incorporao do turismo a um projeto de desenvolvimento local

    deve levar em conta os diversos setores relacionados ao turismo e a oferta e demanda

    do produto turstico. Essa diversidade de setores pode gerar idias e percepes

    conflitantes entre si. Por conseguinte, esta situao deve ser avaliada antes de

    qualquer deciso quanto a eleger a atividade turstica como um catalisador para o

    desenvolvimento de qualquer municpio.

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    Para Cruz (2000), cabe poltica pblica de turismo o estabelecimento de metas e

    diretrizes que orientem o desenvolvimento socioespacial da atividade, tanto no que

    tange a esfera pblica, como no que se refere iniciativa privada. Na ausncia da

    poltica pblica, o turismo desenvolve-se revelia, ou seja, ao sabor de iniciativas e

    interesses particulares. As polticas pblicas, ao serem planejadas devem estarancoradas na dicotomia trabalho-lazer, que se manifesta na ascenso do turismo no

    sculo XX.

    A partir dessas premissas, fica evidenciado que o desenvolvimento econmico

    decorrente da atividade turstica no deve ser considerado o elemento basilar para o

    desenvolvimento turstico em determinada regio. A atividade turstica sustentvel deve

    em considerar, prioritariamente, as determinantes socioculturais e ambientaisobservadas no mbito local. , nessa perspectiva, que o residente deve ser ouvido em

    relao s suas expectativas quanto ao desenvolvimento do turismo em seu municpio,

    conforme sinaliza Brian Goodey:

    O desenvolvimento sustentvel requer que as comunidades locais, mesmo emvista das limitaes polticas impostas pelo Estado, obtenham maior controlesobre seus recursos e seu futuro. Tal controle possibilita uma considervelredefinio do que se constitui de fato os recursos e o futuro das localidades.(GOODEY, 2005, p.48)

    Nessa lgica, a incerteza do sucesso na implantao de processos que propiciem o

    desenvolvimento de uma atividade turstica deve ser relativizada em funo de que a

    necessidade de aporte financeiro, por parte da iniciativa privada e das instituies

    pblicas, visto que qualquer projeto, por melhor que seja, est cercado de incertezas

    no desenvolvimento, quer seja na rea industrial, comercial e/ou prestao de servios.

    2.3- Relao entre o desenvolvimento do turismo e o residente de destinostursticos

    A relao turista versus residente , necessariamente, uma instncia conflituosa que

    pode gerar impactos positivos e/ou negativos para ambas as partes. Cabe, no entanto,

    aos administradores do turismo, atentar-se e mediar os possveis impactos decorrentes

    dessa querela. Segundo Theobald (2002), a relao turista/residente pode trazer

    consequncias negativas para a comunidade local. Segundo ele, poder haver um

    recuo da comunidade no que diz respeito ao apoio ao turismo, causando impactoseconmicos e polticos importantes.

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    Em pesquisa realizada com residentes da cidade de Pirapora realizada por Costa

    (2003), foram aplicados 519 questionrios. Alguns resultados relevantes desta

    pesquisa merecem destaque. Quando perguntados se a cidade possua condies de

    receber turistas, 73,8% dos respondentes alegaram que o maior entrave aodesenvolvimento do turismo na cidade, era a pouca atuao dos agentes pblicos

    responsveis por tais atividades em Pirapora. Dentre as questes apontadas pelos

    residentes como relevantes para a melhoria das condies de receber os turistas, o

    maior porcentual (55,8%) apontou a alternativa referente infraestrutura da cidade

    (saneamento bsico, acesso, transporte, comunicao e segurana). Por sua vez, o

    desempenho da administrao pblica do turismo foi vista como ineficiente pelos

    entrevistados, uma vez que 58,1% dos respondentes classificaram-na como ruim.Apesar desse fato, a crena nos benefcios que o desenvolvimento da atividade

    turstica poderia trazer para cidade, foi constatada em 89% dos entrevistados.

    Na mesma ocasio, foi realizada por Costa (2003), outra pesquisa com empresrios de

    Pirapora, sendo aplicados 40 questionrios divididos entre o trade turstico e o

    comrcio em geral. Nesta pesquisa, com relao ao desenvolvimento do turismo no

    municpio, houve opinies equilibradas: 30,6% dos respondentes classificaram como

    boa, 38,9% classificaram como ruim e o restante, 30,6% classificaram como regular. O

    rio So Francisco foi indicado como maior fator motivacional para o desenvolvimento

    do turismo no municpio. No entanto, 57,5% dos respondentes entenderam que o

    planejamento do turismo, na cidade, era ruim, fato que justificou a viso de poucas

    perspectivas para o crescimento da atividade. A aferio mais curiosa, entretanto, foi

    constatar que 77,5% dos respondentes no viam as ms condies ambientais do rio

    como entrave para o desenvolvimento turstico do municpio. Esse dado, em certa

    medida, pode nos revelar a ausncia e/ou a pouca conscincia ambiental dos

    moradores de Pirapora.

    Em funo da situao provocada pela globalizao, o fenmeno turstico passa por

    um questionamento em relao aos seus aspectos: o meio social e o econmico. No

    aspecto social deve ser analisada a viso da comunidade local em relao ao turismo.

    As expectativas das comunidades nem sempre so consideradas e este um dos

    grandes problemas encontrados quando se trata de implantao de um plano de

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    desenvolvimento econmico, baseado na comunidade local, e visando

    sustentabilidade desta.

    METODOLOGIA

    Este trabalho teve incio a partir da elaborao do referencial terico que trata de uma

    reviso bibliogrfica das diversas vertentes do turismo nacional e internacional,

    buscando justificar a relevncia da atividade turstica e a sua contribuio para o

    desenvolvimento sustentvel de um destino turstico. A partir dessas anlises, foram

    realizadas pesquisas empricas, documentais e de opinio com os moradores.

    A atualizao do levantamento dos atrativos tursticos e outras atividades tursticas dacidade (oferta turstica) foi realizada atravs de pesquisas emprica, documental e

    entrevistas com os responsveis pelos rgos pblicos de turismo e os operadores de

    mercado, que so os hoteleiros, agentes de viagens, e outros.

    Utilizou-se a pesquisa de opinio atravs de questionrio, para conhecer a percepo

    dos moradores de Pirapora em relao situao do turismo local que foi realizada no

    perodo da Semana Santa de 2009. A pesquisa do tipo descritivo estatstico amostral,de forma aleatria simples, utilizou-se a aplicao de questionrios estruturados, na

    forma de entrevistas diretas pessoais com perguntas fechadas. Desta forma foi

    possvel ter uma viso bem prxima realidade de pensamento dos diversos setores

    da comunidade.

    Para o desenvolvimento da pesquisa, considerou-se o universo de pesquisa composto

    pelos residentes em Pirapora/MG. Foi aplicado o maior nmero possvel de

    questionrios aos residentes no perodo da semana santa de 2009, o que permitiu

    obter amostra da populao de 285 questionrios respondidos. Baseado nesta amostra

    calculou-se o erro conforme mostrado no QUADRO 1.

    QUADRO 1Clculo do erro da pesquisa

    Frmula:n = _ . p . q . N

    e(N-1) + . p . q

    Varivel Descrio Valor utilizado/obtidon tamanho da amostra 285

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    nvel de confiana escolhido, expresso emnmeros de desvios- padro

    30

    p porcentagem com a qual o fenmeno severifica

    70

    q porcentagem complementar (100 p) 30N populao 50.000e erro mximo permitido 5,5%

    3.1. Apresentao e Anlise dos Dados

    O tempo de residncia, na cidade, foi determinante para justificar as respostas sobre a

    capacidade da cidade em receber turistas. Os mais antigos tm posies definidas e

    claras quanto a isso. Dos 163 respondentes do sim, 133 residem h mais de 15 anos

    na cidade e dos 117 que responderam no, 97 tambm residem h mais de 15 anos

    em Pirapora. O tempo de residncia propicia, tambm, um maior conhecimento das

    potencialidades e restries tursticas da cidade, e permitem uma tomada de posio

    clara e firme, pouco sujeita a situaes de momento, como mostra da Tabela1

    TABELA 1Cruzamento das perguntas sobre:

    As condies da cidade receber turistas versus tempo de residncia em PiraporaTempo de residncia em Pirapora

    Menos de04 anos Entre 05 e08 anos Entre 08 e10 anos Entre 10 e15 anos Acima de 15anos Total

    A cidade temcondies de

    receberturistas?

    Sim 6 6 0 18 133 163

    No 6 2 2 10 97 117

    Total12 8 2 28 230 280

    4,3% 2,9% ,7% 10,0% 82,1% 100,0%Fonte: pesquisa prpria

    A tabela 2 apresenta o cruzamento da questo sobre se a cidade tem condies de

    receber turistas versus a faixa etria.

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    TABELA 2Cruzamento das perguntas sobre:

    As condies da cidade de receber turistas versus faixa etria do entrevistadoFaixa etria do Entrevistado

    Menos de15 anos

    Entre 15 e20 anos

    Entre 20 e25 anos

    Entre 25e

    30 anos

    Acima de35

    anos

    Total

    A cidade temcondies de

    receberturistas?

    Sim 10 63 39 19 32 163

    No 4 34 28 33 18 117

    Total14 97 67 52 50 280

    5,0% 34,6% 23,9% 18,6% 17,9% 100,0%Fonte: pesquisa prpria

    Tomando como base o cruzamento apresentado, nota-se que dos residentes

    entrevistados, uma pequena maioria (163 dos 280) acha que a cidade oferece

    condies para receber turistas. Destes, 62,6%, que representam os jovens com idade

    entre 15 e 25 anos, optou pelo sim, no que diz respeito s condies de receber

    turistas, mas h que se levar em conta os 117 que responderam no, porque 53%

    deles esto na mesma faixa do sim. Esta diviso pode ser justificada em funo do

    momento scio educacional em que vivem os jovens dessa faixa etria: trmino de um

    ciclo da vida acadmica e incio de outro, bem como a insero no mercado de

    trabalho.

    Analisando as tabelas 3 e 4, que tratam dos impactos causados pela atividade turstica

    no municpio, os respondentes demonstram maturidade ao perceber que os impactos

    positivos podem ser percebidos nas reas sociocultural, econmica e ambiental. E

    mais, so coerentes quando destacam que os impactos negativos so mais evidentes

    no meio ambiente, espao onde o turismo se desenvolve.

    TABELA 3rea em que a movimentao turstica causa impacto positivo

    Freqncia Percentual Vlido Percentual CumulativoScio-cultural 12 4,2 4,2Econmica 76 26,9 31,1Ambiental 16 5,7 36,7

    Todas 173 61,1 97,9No souberesponder

    6 2,1 100,0

    Total 283 100,0Fonte: pesquisa prpria

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    Em pesquisa realizada por Costa (2003), foi constatado que 41,9% dos 519

    respondentes percebiam a atuao da administrao publica do turismo local como

    boa e regular. Na pesquisa realizada em 2009, como demonstra a tabela 5, esse

    percentual subiu para 73%. Isso pode ser justificado pelo trabalho desenvolvido pelas

    diversas instncias que atuam para o desenvolvimento do turismo nacional, estadual emunicipal. Corrobora com essa justificativa a constatao por meio da tabela 6, que

    trata da percepo que os residentes tm da melhoria das condies econmicas do

    municpio e dos impactos positivos causados pela atividade.

    TABELA 4rea em que a movimentao turstica causa impacto negativo

    Freqncia Percentual Vlido Percentual CumulativoScio-cultural 29 10,2 10,2Econmica 8 2,8 13,0Ambiental 230 80,7 93,7No souberesponder

    18 6,3 100,0

    Total 285 100,0Fonte: pesquisa prpria

    TABELA 5Opinio dos residentes sobre a administrao pblica do turismo local

    Frequncia Percentual Vlido Percentual CumulativoBoa 59 20,7 20,7

    Regular 149 52,3 73,0

    No souberesponder 77 27,0 100,0Total 285 100,0

    Fonte: pesquisa prpria

    TABELA 6Opinio dos residentes sobre a contribuio da atividade turstica para

    melhoraria da situao econmica do municpioFrequncia Percentual Vlido Percentual Cumulativo

    Sim 241 84,6 84,6No 36 12,6 97,2

    No soube responder 8 2,8 100,0

    Total 285 100,0Fonte: pesquisa prpria

    As tabelas 7 e 8 demonstram que apesar do residente entender que a atividade

    turstica melhorou as condies de vida na cidade, ele no considera alguma melhoria

    na sua condio de vida, em funo do turismo o que pode acontecer pela no

    percepo da capacidade distributiva que a atividade tem.

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    TABELA 7Opinio dos residentes sobre o padro de vida dos residentes mais alto devido ao

    dinheiro que os turistas na cidadeFrequncia Percentual Vlido Percentual Cumulativo

    Discordo totalmente 3 1,1 1,1Discordo 205 72,4 73,5Concordo 75 26,5 100,0

    Total 283 100,0Fonte: pesquisa prpria

    TABELA 8Opinio dos residentes sobre a qualidade de vida na cidade melhorou por

    causa do turismoFrequncia Percentual Vlido Percentual Cumulativo

    Discordo totalmente 3 1,1 1,1Discordo 114 40,3 41,3

    Concordo 160 56,5 97,9No opinou 6 2,1 100,0Total 283 100,0

    Fonte: pesquisa prpria

    A tabela 9 mostra que, apesar das oportunidades de lazer existentes serem abertas

    utilizao dos residentes, elas no so devidamente aproveitadas. Um dos motivos

    pode ser um dado que no fazia parte da pesquisa, mas que foi ressaltado pelos

    empresrios: na regio beira-rio o comrcio, bem como a rea de alimentos e bebidas,explora o turista e no o turismo, em funo dos altos preos que so praticados. Tal

    fato certamente distancia o residente dessa rea.

    TABELA 9Cruzamento das perguntas sobre: As condies da cidade de receber turistas

    versus opinio sobre se a utilizao das reas e instalaes de recreao pelos turistas

    As reas e instalaes de recreao so mais utilizadas pelos turistas.

    A cidade tem condies de receberturistas?

    Discordo

    totalmente

    Discordo Concordo Total

    Sim 0 15 145 160

    No 3 4 110 117

    3 19 255 277Total 1,1% 6,9% 92,1% 100,0%

    Fonte: pesquisa prpria

    CONSIDERAES FINAIS

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    Pode-se considerar que um dos pontos de destaque desse trabalho foi a constatao

    da melhoria nas condies do turismo da cidade, com o retorno das atividades do

    Vapor Benjamim Guimares. Tais melhorias puderam ser observadas tanto pelos os

    benefcios incorporados pelos empresrios, quanto por uma considervel parcela da

    populao, que tambm beneficiou-se de maneira direta e/ou indiretamente.

    A funo das aes estatais no turismo assumiu grande importncia e complexidade.

    Tomando-se o turismo como uma atividade econmica, que se desenvolve no territrio

    de uma comunidade, onde estruturado por matrias primas como a paisagem, o

    patrimnio natural e cultural, a participao do poder pblico condio sine qua non

    para que a atividade desenvolva-se. Sobre esse aspecto, constatou-se, a partir da

    opinio dos residentes e empresrios de Pirapora, uma melhoria na avaliao dagesto pblica do turismo na cidade.

    Outro fator que pde ser confirmado pela pesquisa a sintonia entre comunidade,

    interesse pblico e iniciativa privada sobre os rumos a serem dados atividade turstica

    no municpio, como estratgia de desenvolvimento socioeconmico. Ao serem

    questionados sobre essa temtica, 96 entre os 176 residentes responderam que no

    tiveram melhoria em sua situao econmica, mas entendiam que houve melhoria na

    qualidade de vida no municpio. Essa constatao remete a uma das premissas do

    PNMT, a sensibilizao da comunidade sobre a importncia da atividade turstica para

    a cidade.

    Um forte indicador de que a comunidade local no usufrui da atividade turstica pde

    ser constatada nas respostas de 154 dos 285 residentes consultados, os quais

    informaram nunca ter viajado no Vapor. Esse dado revela que as autoridades locais

    devem ter a preocupao de criar mecanismos de incentivo participao dos

    residentes no turismo, possibilitando a integrao entre turistas e residentes.

    interessante ressaltar que normalmente as pessoas valorizam e gostam daquilo que

    conhecem, mas mesmo assim as anlises demonstraram que, apesar da proporo

    dos que nunca viajaram no vapor ser alta, a populao valoriza e credita ao retorno das

    atividades do vapor Benjamim Guimares participao na melhoria da qualidade de

    vida.

    A cidade conta com dois atrativos de forte expresso no cenrio nacional e at

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    internacional, o Vapor Benjamim Guimares e o rio So Francisco. Ambos so

    considerados pelos residentes, bem como pelos empresrios e administrao pblica,

    como atrativos importantes na gerao de fluxo de turistas para a cidade.

    Se para os residentes de Pirapora, pudemos constatar que o turismo pode ser umaatividade promissora para o desenvolvimento econmico da regio, o Ministrio do

    Turismo em conjunto com a Secretaria de Estado de Turismo do Estado de Minas

    Gerais tem traado as polticas pblicas a serem aplicadas no turismo no estado.

    Para destinos tursticos como a cidade de Pirapora, a premissa bsica deve ser o foco

    no desenvolvimento da atividade turstica, sob a gide da sustentabilidade, visto que

    dois dos maiores atrativos da cidade so de forte expresso nacional e internacional, oRio So Francisco e o vapor Benjamim Guimares, considerados por toda a

    comunidade como geradores da demanda turstica.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BISSOLI, Maria ngela M. A. Planejamento turstico municipal com suporte em

    BRASIL. Ministrio do Turismo. Plano Nacional de Turismo 2007/2010: uma viagem deincluso. Braslia: Ministrio do Turismo, 2007.

    COSTA, Ricardo Dias da. Turismo em Pirapora: trajetria, potencialidades e restries.2003. 109 f. Dissertao (Mster em Gestin de Actividads y Recursos Tursticos) Universitat de Ls Illes Balears, Palma de Mallorca, Espanha, 2003.

    CRUZ, Rita de Cssia. Poltica de turismo e territrio. So Paulo: Contexto, 2000, 167p.

    GOODEY, Brian. Interpretao e comunidade local. In: MURTA, Stela Maris, ALBANO,Celina (ORGS). Interpretar o patrimnio: um exerccio de olhar. Belo Horizonte: UFMG,2005.

    LICKORISH, L. J.; JENKINS, C. L. Introduo ao turismo. Rio de Janeiro: Campus,2000.

    ORGANIZAO MUNDIAL DE TURISMO - OMT. Programa Nacional deMunicipalizao do Turismo. Guia para oficinas de turismo dos agentes multiplicadorese dos monitores. Planejamento para o desenvolvimento do turismo sustentvel emnvel municipal. Madrid: OMT, 1994.

    THEOBALD, William F..(Org.). Turismo global. 2. ed. So Paulo: Senac, 2002.