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EU COM OS OUTROS - “AS RELAÇÕES PRECOCES”

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A Imaturidade do Bebé Humano

Prepara-o para o desenvolvimento de competências relacionais que se iniciam com quem cuida dele

Sob a forma de Vinculação

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Durante séculos o recém-nascido foi encarado como sendo pouco mais do que um indigente

De acordo com a pobreza desta conceção, os cuidados maternos eram concebidos quase exclusivamente com um providenciar à maturação e ao crescimento.

Ao contrário do que se pensava , o bebé não é um sujeito passivo .É, pelo contrário, um sujeito ativo.

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Uma nova forma de encarar a infância se vai repercutir na educação, alterando a forma de lidar com a criança em vários ambientes.

No ambiente familiar, a mãe está consciente de que na relação precoce que estabelece com a criança reside a chave do sucesso da futura socialização.

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Nos orfanatos, creches ou nos jardins de infância há hoje a intenção de propiciarem vivências emocionais agradáveis

Procura-se criar uma atmosfera calorosa sob o ponto de vista afetivo e estimulante sob o ponto de vista intelectual

Os adultos que lidam com as crianças devem pessoas qualificadas , que ofereçam garantias não só a nível de cuidados básicos, mas também de atuação carinhosa.

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Na psicologia, o desenvolvimento infantil passa a ser um assunto de eleição:

Piaget apresenta o período sensório-motor como a base de todo o desenvolvimento intelectual futuro. Segundo este, a criança nasce com esquemas de ação que, desenvolvidos e interiorizados, se transformam em esquemas de pensamento.

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Os conceitos de Freud centram-se na capacidade de a criança sentir prazer e desprazer desde o momento do nascimento. Centradas na amamentação, as primeiras vivências afetivas contribuem para a base estruturadora da personalidade, determinando o ulterior relacionamento emocional com as outras pessoas.

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Erikson, por sua vez, defende que a confiança e desconfiança que norteiam o relacionamento social radica nas experiências vividas durante os primeiros meses de vida. O modo como o bebé resolve o primeiro conflito existencial influencia o grau de esperança num relacionamento social gratificante, a efetuar no futuro.

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Relações precoces

Primeiras relações da vida.

Primeira forma de conhecimento que temos do mundo social.

A qualidade dessas relações vai influenciar de forma mais ou menos poderosa as futuras relações ou vínculos afetivos.

São a base da constituição de relações com os outros.

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Vinculação ou apego

Forte laço emocional que progressivamente se desenvolve entre o bebé e a pessoa que satisfaz várias das suas necessidades.

O modo como se processa a relação mãe - bebé tem forte impacto no desenvolvimento do individuo ao nível da auto-estima, da confiança e da capacidade de relacionamento interpessoal equilibrada.

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Para Shaffer vinculação “é uma ligação emocional muito íntima entre duas pessoas, caracterizada pela afeição mútua e pelo desejo de manterem proximidade.

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Vinculação ou apego

Macoby identificou quatro características desta ligação:

Procurar proximidade sobretudo em situações de tensão e desconforto; Prazer e alegria quando há

reunião; Desconforto emocional quando

há separação; Orientação das ações do bebé para a pessoa que mais se ocupa

consigo.

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A teoria da vinculação surgiu no seguimento de estudos feitos pelo psicanalista britânico, John Bowlby , acerca da carência afetiva e da perda de ligação maternal.

A introdução do conceito de vinculação evidencia a necessidade que existe no bebé em estabelecer contacto e laços afetivos com as pessoas mais próximas, na maior parte das vezes com a sua mãe

O autor argumentou que , nascendo completamente dependentes, os bebés estão geneticamente programados para se comportarem em relação às mães de modo a assegurarem a sua sobrevivência

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A teoria de Bowlby

Segundo Bowlby “o bebé deve viver uma relação calorosa, íntima e continua com a mãe na qual ambos encontrem satisfação e prazer”.

A rutura do laço materno com acriança tem graves efeitos no desenvolvimento intelectual, social e emocional.

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Para Bowlby, a construção e a manutenção do vínculo materno (com a mãe ou com uma figura materna) durante a infância tem um impacto duradouro e persistente.

A perda do vínculo afetivo primordial produz inevitavelmente no futuro desequilíbrios comportamentais, incapacidade de cuidar dos outros, falta de profundidade afetiva, insensibilidade à culpa e ao remorso, ou seja, assinalável deficiência nas relações interpessoais.

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A vinculação e o desenvolvimento

A vinculação afetiva segura por volta do primeiro ano de vida torna os indivíduos que a construíram mais competentes social e emocionalmente , mais cooperantes, capazes e desinibidos.

Crianças com uma segura ligação afetiva –emocionalmente mais confiantes – têm maior capacidade de concentração, são menos impulsivos e indisciplinados, melhores na resolução de problemas e mais sociáveis.

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A INVESTIGAÇÃO DE BOWLBY

A proximidade física do progenitor é uma necessidade inata, primária

Essencial ao desenvolvimento mental do ser humano e ao desenvolvimento da sociabilidade

Teoria da vinculação

Em suma:

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A qualidade da vinculação varia de criança para criança, podendo a ligação ser mais ou menos segura.

A qualidade da vinculação foi estudada pela psicóloga Mary Ainsworth por meio de uma experimentação designada “situação estranha”.

Manual pág. 133

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Tipos de vinculação – Mary Ainsworth

Vinculação SeguraAs crianças manifestam alegria; prestam atenção a qualquer estranho , que com a mãe dentro, entrasse na sala; ficam um pouco stressadas quando a mãe se ausenta; dirigem-se à mãe quando ela regressa; a pessoa estranha não é fonte especial de conforto.

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Tipos de vinculação – Mary Ainsworth

Vinculação evitanteAs crianças Parecem ignorar a mãe; Não manifestam desconforto quando a mãe abandona s sala; Ficam nervosas quando ficam sozinhas; A pessoa estranha é fonte de conforto tão importante como a mãe.

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Tipos de vinculação – Mary Ainsworth

Vinculação Insegura(ambivalente/resistente) As crianças

Permanecem quase sempre junto da mãe; Não se aventuram na sala; Ficam extremamente

nervosas quando a mãe saía da sala; Ficam zangadas quando ela

volta; Resistem a qualquer

aproximação a estranhos.

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Necessidade de vinculação - A perspetiva de Harlow

As experiências de Harlow provam a necessidade de vinculação gratificante com a mãe. A partir das experiências realizadas com macacos, concluiu que a mãe funciona como um símbolo de proteção, conforto e segurança.

Este vínculo que se estabelece entre recém–nascido e a mãe, também se verifica com seres humanos, provando que os laços afetivos positivos servem de base ao desenvolvimento da criança.

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Harlow considerou que a necessidade do contacto físico com a mãe, ou com outro cuidador, estaria na origem da vinculação, sendo tão importante como a alimentação na construção dessa relação.

Harlow , separou macacos recém-nascidos das suas mães e, para verificar se o conforto era mais importante do que o alimento para a vinculação, colocou-os sucessivamente numa jaula com duas mães substitutas artificiais: uma feita de arame e com um biberão preso à zona do peito; outra feita de tecido felpudo suave e macio mas sem qualquer fonte de alimentação.

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Harlow pretendia saber quanto tempo os macacos recém-separados das suas mães biológicas passariam junto da mãe artificial equipada com um biberão.

Harlow concluiu que os macacos passavam mais de metade do tempo agarrados à mãe de tecido felpudo e muito pouco tempo com a de arame, que fornecia alimento. A necessidade de contacto aconchegante era uma base mais forte para a formação de um vinculo do que a satisfação da fome ou da necessidade de sucção.

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Apesar de muitos cientistas contestarem as conclusões tiradas das experiências de Harlow, essas conclusões vieram a confirmar-se através das investigações de Spitz.

René Spitz, psiquiatra infantil, designou por hospitalismo o conjunto de perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de cuidados maternos atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente, atraso na linguagem. Os efeitos do Hospitalismo, presente nas crianças que foram abandonadas em orfanatos ou asilos, são duradouros e muitas vezes irreversíveis.

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A professora Margarida Novais