As relações precoces

14

Transcript of As relações precoces

Page 1: As relações precoces
Page 2: As relações precoces

As Relações Precoces são as primeiras ligações que um bebé adquire.

Os bebés estabelecem um vínculo afectivo, normalmente com a mãe biológica,

mas também a mãe afectiva e o pai podem estabelecer esse vínculo.

Quando se fala em relações precoces, fala-se também em

desenvolvimento social:

Estas relações e as que vamos desenvolvendo ao longo da vida explicam o

que pensamos, o que sentimos, o que aprendemos. Assim, as relações

precoces são um papel fundamental na construção de relações com os

outros e na construção do eu psicológico. Por isso, quando se fala em

relações precoces também se fala em desenvolvimento social.

Page 3: As relações precoces

Ao contrário do que se pensava, o bebé não é um sujeito

passivo. É, pelo contrário, um sujeito activo. Existe uma

interacção entre o bebé e os progenitores em que ambas as

partes comunicam estados emocionais e respondem de

modo adequado: regulação mútua. O bebé emite sinais

daquilo que pretende e responde, com agrado ou

desagrado, ao tratamento disponibilizado.

Page 4: As relações precoces

A teoria da vinculação surgiu no seguimento de estudos feitos pelo psicanalista

britânico, John Bowlby, acerca da carência afectiva e da perda de ligação

maternal.

A introdução do conceito de vinculação evidencia a necessidade que

existe no bebé em estabelecer contacto e laços afectivos com as pessoas

mais próximas, na maior parte das vezes com a sua mãe.

Segundo Bowlby, é a primeira relação afectiva da criança que, não sendo

fruto de uma aprendizagem, é algo de fundamental para a construção do

seu equilíbrio biológico e emocional.

A ligação que o bebé irá estabelecer com a mãe servirá de base e de

molde para futuras relações da criança.

Page 5: As relações precoces

A teoria de Bowlby representa a tentativa mais exaustiva de

compreender o fenómeno da vinculação. O autor argumentou que , nascendo

completamente dependentes, os bebés estão geneticamente programados para

se comportarem em relação às mães de modo a assegurarem a sua

sobrevivência. O bebé deve , para Bowlby, viver uma relação calorosa, íntima e

contínua com a mãe (ou uma figura materna permanente) na qual ambos

encontrem satisfação e prazer.

Para Bowlby, a construção e a manutenção do vínculo

materno (com a mãe ou com uma figura materna) durante a infância tem um

impacto duradouro e persistente. A perda do vínculo afectivo primordial produz

inevitavelmente no futuro desequilíbrios comportamentais, incapacidade de

cuidar dos outros, falta de profundidade afectiva, insensibilidade à culpa e ao

remorso, ou seja, assinalável deficiência nas relações interpessoais.

Page 6: As relações precoces

As experiências de Harlow provam a necessidade de vinculação

gratificante com a mãe

Harlow, a partir das experiências realizadas com macacos, concluiu que a mãe

funciona como um símbolo de protecção, conforto e segurança.

Este vínculo que se estabelece entre recém – nascido e a mãe, também se

verifica com seres humanos, provando que os laços afectivos positivos servem

de base ao desenvolvimento da criança.

Harlow considerou que a necessidade do contacto físico com a mãe, ou com

outro cuidador, estaria na origem da vinculação, sendo tão importante como a

alimentação na construção dessa relação.

Page 7: As relações precoces

Harlow , separou macacos recém-nascidos das suas mães e, para

verificar se o conforto era mais importante do que o alimento para a

vinculação, colocou-os sucessivamente numa jaula com duas mães –

substitutas artificiais: uma feita de arame e com um biberão preso à zona do

peito; outra feita de tecido felpudo suave e macio mas sem qualquer fonte de

alimentação. Harlow pretendia saber quanto tempo os macacos recém-

separados das suas mães biológicas passariam junto da mãe artificial

equipada com um biberão.

Harlow concluiu que os macacos passavam mais de metade do

tempo agarrados à mãe de tecido felpudo e muito pouco tempo com a de

arame, que fornecia alimento. A necessidade de contacto aconchegante

era uma base mais forte para a formação de um vinculo do que a

satisfação da fome ou da necessidade de sucção.

Page 8: As relações precoces

Harlow prolongou a experiência introduzindo um urso gigante de peluche

que

Produzia um barulho arrepiante ao bater num tambor. Amedrontados, os

pequenos macacos fugiam e refugiavam-se junto da “mãe” de tecido felpudo

não procurando a “mãe” de arame.

Perante outros novos estímulos, o macaco-bebé afastava-se

progressivamente daquela para uma exploração inicial retornando quando

necessitava de se sentir seguro para posteriores explorações.

O vinculo afectivo só em parte deriva da satisfação de necessidades

biológicas, dependendo fundamentalmente de respostas emocionais

Page 9: As relações precoces

Apesar de muitos cientistas contestarem as conclusões tiradas das experiências de

Harlow, essas conclusões vieram a confirmar-se através das investigações de Spitz.

René Spitz, psiquiatra infantil, designou por hospitalismo o conjunto de

perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de

cuidados maternos atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na

habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente, atraso na

linguagem. Os efeitos do Hospitalismo, presente nas crianças que foram

abandonadas em orfanatos ou asilos, são duradouros e muitas vezes

irreversíveis.

Page 10: As relações precoces

Podemos apenas observar comportamentos de vinculação e não a vinculação.

Os comportamentos vinculativos podem ser :

Comportamentos de sinalização

ChorarSorrir (Para chamar a mãe/figura vinculativa e mantê-la próxima)

Vocalizar

Comportamentos de aproximação

SeguirAgarrarTrepar

Page 11: As relações precoces

A vinculação tem uma função biológica e psicológica

Manutenção da proximidade dacriança e a protecção da mesma

de eventuais perigos

A criança internaliza o modelo darelação com a figura materna, o que lhe proporciona a segurançanecessária para explorar o meio

Page 12: As relações precoces

A qualidade da vinculação varia de criança para criança, podendo a ligação ser mais

ou menos segura.

A qualidade da vinculação foi estudada pela psicóloga Mary Ainsworth por meio de

uma experimentação designada “situação estranha”.

Mary Ainsworth distingue então:

Segura

As crianças choram

perante a ausência da

mãe, mas procuram

contacto físico logo que a

reencontram, acalmando.

Evitante

As crianças

parecem

indiferentes à

ausência da

mãe

Insegura

As crianças manifestam

ansiedade mesmo

antes da mãe se

ausentar e perturbação

quando se ausenta,

hesitando entre a

aproximação e o

afastamento dela

quando esta regressa

Page 13: As relações precoces

Segundo Michael Lamb os bebés também

desenvolvem um forte apego em relação ao

elemento paterno. O papel do pai tem

sofrido, ao longo dos tempos, uma mudança

radical. Enquanto que outrora o pai apenas tinha o dever de impor a

autoridade e de sustentar a família, recentemente, com a emancipação da

mulher, o homem tem vindo a ter um papel mais integrante na vida

familiar, além de partilhar as tarefas com a mulher, ele ajuda a tratar das

crianças, tarefa, tradicionalmente, atribuída à mulher.