Eu e Meus amigos escritores

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APRESENTAÇÃO Prezado Leitor... Este livro simples é a segunda coletânea de textos, poesias e poemas dos escritores que participaram anonimamente ou não da “FLIP” a Festa Literária Internacional de Parati – RJ, no ano de 2.009. Um belo gesto de demonstrar a sociedade o quanto se aproveita nos cantos das ruas, nas rodinhas dos bares, nos bancos das praças... Quanta riqueza existe ao nosso redor, basta parar para ouvir uma roda de prosa, um recitar solitário de um poeta divagador, de um cordel que se oferece a cada embalar, um fanzine ao intervir no caminhar, de um escritor que uma poesia quer ofertar, um poeta errante que um trocado quer ganhar! Um documentário histórico, onde reuni autores de todo Brasil que espontaneamente doaram suas obras, dedicando humildemente à humanidade, formando um coletivo de escritores que decidiram não seguirem os costumes cotidianos, onde os interesses financeiros ficam por conta de cada autor... Alguns precisam de apoio, situação que consideramos justa, outros guardarão como recordações, muitos farão escambo com outros escritores... Enfim, é de livre expressão! Portanto caro amigo leitor, ao adquirir este exemplar você estará retribuindo para uma autêntica obra literária, aproveite cada verso, aprecie cada parágrafo, sinta cada verso, liberte sua consciência para que seu coração perceba que o ser humano é a parte mais fundamental nesta história e que sua criatividade ultrapassa limites... Esta coletânea é formada ao decorrer de cada dia da “FLIP”, não se trata de um “Marketing Social”, é obra momentânea que se transforma e se constrói humildemente pelas ruas da maravilhosa cidade de Paraty no Rio de Janeiro. Boa leitura!!!

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Coletânea de Poetas que participam da Off Off FLIP em Paraty

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Page 1: Eu e Meus amigos escritores

APRESENTAÇÃO Prezado Leitor... Este livro simples é a segunda coletânea de textos, poesias e

poemas dos escritores que participaram anonimamente ou não da “FLIP” a Festa Literária Internacional de Parati – RJ, no ano de 2.009. Um belo gesto de demonstrar a sociedade o quanto se aproveita nos cantos das ruas, nas rodinhas dos bares, nos bancos das praças... Quanta riqueza existe ao nosso redor, basta parar para ouvir uma roda de prosa, um recitar solitário de um poeta divagador, de um cordel que se oferece a cada embalar, um fanzine ao intervir no caminhar, de um escritor que uma poesia quer ofertar, um poeta errante que um trocado quer ganhar!

Um documentário histórico, onde reuni autores de todo Brasil que espontaneamente doaram suas obras, dedicando humildemente à humanidade, formando um coletivo de escritores que decidiram não seguirem os costumes cotidianos, onde os interesses financeiros ficam por conta de cada autor... Alguns precisam de apoio, situação que consideramos justa, outros guardarão como recordações, muitos farão escambo com outros escritores... Enfim, é de livre expressão!

Portanto caro amigo leitor, ao adquirir este exemplar você estará retribuindo para uma autêntica obra literária, aproveite cada verso, aprecie cada parágrafo, sinta cada verso, liberte sua consciência para que seu coração perceba que o ser humano é a parte mais fundamental nesta história e que sua criatividade ultrapassa limites... Esta coletânea é formada ao decorrer de cada dia da “FLIP”, não se trata de um “Marketing Social”, é obra momentânea que se transforma e se constrói humildemente pelas ruas da maravilhosa cidade de Paraty no Rio de Janeiro.

Boa leitura!!!

Page 2: Eu e Meus amigos escritores

Quem sou eu, quem somos nós?

É dito nas escrituras védicas, que somos almas espirituais indestrutíveis

sempre existentes de uma forma ou de outra, hora manifesta, hora imanifesta, e que somos todos servos de

krishna, Cristo, Jesus, independente da religião, uns conscientes outros não... Mas que no fundo todos somos

partes integrantes e intrigantes deste grande ser, o senhor do

Universo, conhecido também como Jagannatha... Sou apenas seu servo,

servo d´Deus, servo d’ty , sou também de Paraty ,feito no mar e nascido no Rio de Janeiro...

A poesia da minha vida é encontrar uma forma de viver a vida e buscar a fonte da vida.

e mostrar a todos de vontade que é vida de verdade.

Hare Bol... Cante o Maha Mantra e seja ainda mais Feliz

. ..Hare Krishna, Hare Krishna Krishna Krishna, Hare Hare

Hare Rama, Hare Rama Rama Rama, Hare Hare…

Este grande mantra purifica a Alma e nos leva de volta ao supremo!

Uma meta maior na vida!

Jonathas Quintão – Paraty.RJ [email protected]

A arte

A Poesia A arte de fazer arte

A Poesia é a palavra em verso De ser artista, arteira

Que assim como o nosso universo Brincar o dia inteiro

Se transforma em verso para novamente Inspirar o Ar puro

Criar algo como a gente! Contemplando

O templo

da vida

E fazer

Da vida

Uma grande

Obra de arte

Que nos invade

Nos anima

E nos faz Feliz

Page 3: Eu e Meus amigos escritores

Graça Carpes Nossa Senhora da Poesia http://pulsarpoetico.zip.net mãe de todos os poetas [email protected] protegei minha alegria

e a de todos nós!

Não mais eu... Não mais você... Outros de nós... Surgiram!

Pio – Ubatuba / SP [email protected] FRAGMENTO DE TEXTO – “O LIVRO AZUL”

As mulheres, mães e filhas, e todos os homens filhos de mulheres e homens. O Amor-Vermelho, Amarelo e Azul, toda delícia do Verde e a cor do mar, delícia indefinível! O brilho da luz nas trevas, e toda a atração dessa luz... O Universo em expansão as esferas silenciosas, a música, os mantrans, e o silêncio.

Lilian Rabello (carnavalesca) – RJ [email protected] PARATY

Para mim Para ti E para nós A poesia Jorra pelas ruas... Para uns, muito Para outros, muito pouco Para alguns tudo Para vários tudo oco!

A FLIP flerta com a alma do poeta

Por mais que queiram nos calar As vozes poéticas ecoam no ar...

Paraty, julho de 2.009.

Léo Costa – RJ [email protected] Vamos Fazer um futuro melhor?

Saia em busca dos seus ideais, deixe a rotina e suas coisas banais. Encare de frente o seu oponente, mesmo que este esteja em sua mente.

Sua jornada é longa, começa agora... Você sabe sua hora. Hora de fazer, hora de aprender...

Hora de fazer, fazer o quê? Vamos lá! Vamos fazer um futuro melhor... Pra gente viver!

Eduardo Tornaghi – RJ PELADA POÉTICA [email protected]

Hedonismo O Rascunho Wit À minha frente à esquerda contém um poema as coisas não são o a minha frente, que o poema que vemos esquerda. impresso não tem as coisas nem são o Imagem invertida, que são apenas um duplo. o testemunho: toda certeza Amor limitado, na rasura que temos coisa pouca. na pressão do punho é vaidade Espelho só se pode na linha da letra qualidade beijar na boca. o cunho. do que é vão. aquilo:

o que a palavra tem

Ronaldo Vieira [email protected]

PEDIDO SECRETO

Como recuperar o tempo perdido Talvez o vento o traga novamente

De forma secreta, num pedido Como se faz a estrela cadente

Tiago Miçanga - RJ [email protected] www.nacaraecoragem.blogspot.com

RECADO SEM REMORSO Quando dei por mim já não era mais santo E o manto que me protegia, não fora suficiente Luz na caverna Abstrata! (faz com que eu me veja no espelho) minhas anotações estão lá promessas mal compridas,

sonhos e tudo que eu poderia reunir para montar uma grande história.

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Flávia Almeida – SP [email protected] www.poetaindependente.blogspot.com Livro: Lirismo

Reflexão

Profundidade... Amplitude abrangente... Do universo mais profundo do SER... Estímulo para o "despertar"... Caminho para o autoconhecimento... discernimento... do EU, do outro e do mundo em que vivemos.

Veracidade

Existência... Palavras não podem externar meus sentidos...

Protegei meu santuário... O amor pleno... Meus olhos de lágrimas, As vivências... Minha face marcada... Nós fomos... Meus lábios, meus sentidos, Nós mesmos...

Minhas mãos que clamam, Minhas pernas trêmulas,

E o meu coração, feito Inspiração poética para amar...

Protegei-o, porque dele virá Do lodo surgiu o lírio... a luz e o perdão... Ao som da lira...

(inspiração poética),

Protegei meu santuário, que Canção de quem ama

traz consigo a minha luz Fala sem palavras...

Meu brilho e o poder de Vogar sereno

perpetuar gerações... No vagar da vida...

Eric Medeiros - SP [email protected] www.poetaindependente.blogspot.com “SEMPRE EXISTIRÁ UM SOL... POEMA DE UM VENCEDOR PARA AQUECER E UMA LUA... Por tantos percalços PARA ENCANTAR!” Por tantas inconseqüências e conseqüências Por tantas lutas Por tantos obstáculos Por tantas lágrimas que derrubei Por tantos amores e dores “Arte de Amar” Por tantas aventuras e tombos Por tantas brincadeiras e alegrias Fiquei um tempo sem escrever, Por tantos machucados e cicatrizes Passei um tempo a meditar... Por tantas malicias e decepções Pensando em te ver, Por tantas sacanagens e desgostos aonde te encontrar! Por tantas amizades e desacertos Por tantas moradias e desilusões Fiquei um tempo te procurando Por tamanha vivência, e não consegui te encontrar. Encontrei-me... Aos poucos fui me decepcionando e no amor deixava de acreditar! E percebi que sempre fui E sempre serei o mesmo homem. Cheguei ao fundo do poço... Paralisado no mais terrível lugar. Um conquistador! Uma estátua sem esboço...

Ruindo, a se espedaçar! Na arte tudo pode acontecer... Quando o artista se inspirar.

“AMANHÃ... Meu esboço fez aparecer... Uma nova noite Suas mãos a me restaurar!

Uma lua nova a aparecer E quando estivermos juntos Tudo poderá acontecer!”

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Sonia Pereira - SP [email protected]

INSANIDADE TÃO TAO

Ri Repare: A o teu tormento Louca não é dor,

(sem é movimento! memo)

ri a

louca EIS A QUESTÃO DÁ UM TEMPO! Roça-me o peito, A vida é um saco não sussurra entendo e me belisca a orelha, pra quê tanta mas não concretiza o ato. luz Deixa-me atônito, o poema energia (fornalha no raso do âmago); nenhum esquiva-se de meu corpo agüenta domínio tanta e foge, vontade de ir deixando rastros, sei lá fascínios. em frente Restos calados até o próximo limite que esperam buraco negro e me fitam e sumir. e se riem do meu grito. Meu dilema.

Mia Vieira - RJ [email protected] [email protected]

DESERTO INTERROGATIVO

Espinhos cinzas contornam Sorrisos amarelos de eutanásia

Flores barbitúricas não alteram mais a visão; Psicodélica suicida do meu jardim.

Corpos armados de carinho Explodem pelos olhos Na memória tua voz; Filmes queimados Causa & efeito

Irreversíveis

Como do ar poluído Preciso de tuas mãos. Jogaste fora os anéis de papelão

Sem ao menos tentar reciclar Enquanto eu invoco o fim do mundo

Na embriaguez covarde de te esperar

Meu coração tornou-se concreto (...Hoje sou frio). E meu ser, surrealmente abstrato

Todas as luzes se apagaram Junto com seus olhos, que “Há espaços sem passos Não me vêem Em um tempo que não

passa em mim”

Mais ainda assim, insisto te cultivar Rara flor

Cactos do meu abismo. VERSOS DE VENTO 2006 Escrevo versos de vento

Cortante, dor mundana. Constante, fotos e fatos.

No caminho de contos e coisas; Tudo combina........................

Em diferentes; Tons de sons.

Ouro Preto, outubro de 2007

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Giovani Mendes Baffo - SP [email protected] [email protected]

analfabeto estátua de barro negro funcional com hálito de cerveja funcionando usada nos bares da vida

para enfeitar as mesas rio e insisto ás nove e quinze o relógio da central Thiago imita o cristo Sampa é suja, meu caro

Chove carro na chuva Melancolia na Br 101 Chove chuva no carro ando tão vazio e sem luz que até o brilho Um doce dessa lua cheia brilho de lua já não me seduz Nos olhos de Deise nua Ando sem sol Sem sal e nem saber se dorinha meu amor não seria uma prostituta inventário

Um milhão em sonhos Bens quase nada Momentos risonhos quem mora Não sei quantas madrugadas na rua Anda o dia Foi tudo que juntei inteiro Nessa vida desregrada de pijama

No Brasil ou na China Minha mãe é faixa

Preta em faxina

Renata Carvel - RJ [email protected] AMBULANTES A Falha Suspeitaria de cascalho correr por minhas veias, Aceitar o que nos é dado Meus sentidos alterados, pode ser mal de fato; Reanimados suscitavam. Como aceitei teu beijo e abraços Atrita a constituição fina Que agora me foram tirados De meu sistema circulatório Deixando aqui dentro um vácuo, Veias nervosas e tóxicas. Passando meus dias em marasmo. Entope-me a traquéia

Será que sou só um corpo A poeira do vidro, dos azulejos. Ou só um olho exposto? Uma máquina de reconstrução Observando as maldades do amor Trabalhando para o passado. Que o prazer nos dá e retira, Ambulantes do existir. Como um torpor. Não vejo nada de excepcional, Tão pouco culpo alguém Olhos avermelhados, Sedentos dum algo. Vagueiam abundantes entre Não sei se hoje os arbustos d’outra gruta já teremos horário Na tentativa de voltar ao

de voltar pra cachola, jogo da velha, questão de realidades já bateram vários meio-dias, Não se pode resumir tudo

que não se podem mais na mesma garrafada fechar os poros. O trabalho é triplo Foliculite. Criar, reciclar e arrematar. 3 vezes costurar, e por mais 3 vezes beber, vomitar e se limpar.

Mais três vezes remanejar E se privar

Parede, teto e chão Suor, lágrimas e desconstrução. Ao fim é simples

A impotência constante.

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Ítalo Rovere – Fortaleza-CE Outras edições do autor Livro: África “Tato Amarelo e Um diário Indiano” Poemas de Viajem www.italorovere.com [email protected] Segregados Moçambique Isca que triste tua realidade Arrisque Acho até maldade corra o risco Infelicidade que se abate não tema pela morte sobre seu continente Segura as rédeas da história Não crer na sorte e a glória será nossa é mérito no mundo é morte No fundo há medo do homem velho e se faz segredo que vive em nós O mundo segrega te prega na cruz - Ressuscita! Nós A dita é dura África Reluzente é doida pra prender e matar Ressuscita África a liberdade da vida Permite que vive um nós que atua alma se eleve se entreve Virulência na escuridão Do mundo O vírus pra iluminar não respeita fronteiras o úni(co) Assim como aqueles verso que fazem suas fronteiras não respeitando seus povos

Dalberto Gomes - RJ Livro: “DANDO A CARA A TAPA”

[email protected] [email protected] DANDO A CARA A TAPA

Minha poesia está amalgamada Em duas faces PODER Da razão e da abstração

Ela mergulha na obscuridade do ser Querer é poder Perscrutando labirintos Poder querer Intangível e inatingível. É ter poder

Poder é ter Ela doutrina e apascenta Ter poder. Leões e serpentes

É borbulhante nas questões O poder seduz É lava e fogo O poder induz Santificada e excomungada Ao querer ter mais poder. Lânguida e preguiçosa

Ao desvencilhar-se do O poder alicia emaranhado de conceitos O poder vicia Códigos, regras e pré-conceitos. Seja quem for: Acrobata Presidente Dá um salto mortal Gerente E cai vitoriosa no papel Chefia. Dando a outra face

Ao tapa do público.

Querer é poder / Poder é ter o dinheiro / A força, a palavra, a crença... O meu primeiro! O poder corrompe / Interrompe / Causa desavença.

Poder é ter / Ter fé / Fé é poder / Poder é luz / Poderosos iluminados: Buda, Maomé, Jesus. O poder do cristão é a cruz / Poder é doce. É solidão.

Não me venha querer / Com o seu poder / Tentar me fuder. E por favor! Não queira com seu poder / Implantar o horror Pois será diluído pela inquebrantável crença no amor. Se poder é querer / Eu quero! Quero ter você / Como amiga e amante / Podes crer.

Page 8: Eu e Meus amigos escritores

José Andrade – Salvador-BA Outra edição do autor: Livro: Onze Horas “POEMA AUSENTE” A beleza e a efemeridade da vida www.palavradeluz.blogspot.com [email protected]

PALAVRA

Minha Arte... A ENFERMIDADE DA VIDA Meu Caminho Sl. 103 (versão de Ir. Mirian) Meu Amor...

Minha Vida... A nossa vida a um sopro é Presente. Presença De Deus. semelhante e nós passamos como o tempo, num instante: pois são mil anos para Deus como um SABEDORIA dia, como vigília de uma noite que se foi. Amante das corujas

Amigo da sabedoria Tal como a flor que de manhã no Meu amigo também campo cresce, logo de tarde e cortada Dai-me os olhos do saber e fenece, assim a vida é muito breve Ver a verdade além das aparências aqui na Terra, feita de luta, de vaidade e muita dor.

MUDANLA DE COR Que o teu Espírito nos dê sabedoria, pra bem vivermos Mato. A Floresta não é mato nossos anos, nossos dias… Estamos matando o mato

As matas, manto verde da Terra O verde está ficando cada vez mais cinza

Verde claro, raro, escuro na bandeira Há muito, verde não é esperança É somente lembrança de adultos A esperança das crianças é colorida A vida é sofrida, doida

A esperança é cinza

Cátia Cernov – RO Outras edições: [email protected] “Girassóis Translúcidos” (Poemas) www.catiacernov.blogspot.com “Rosa de Jericó” (Poemas) “Amazônia em Chamas”

Livro: Sapiens

Sapiens era meio homem e meio sapo. Era de uma espécie de anfíbio em fase de ascensão evolucionaria na Terra. Vinha assistir a aqueles últimos tempos dos homens – a queda dos mamíferos; e ver o que restaria para a próxima espécie que esperava na escala evolucionaria – os anfíbios. E ele estava ali, naquele tempo, naquele metrô cuspindo gente nas estações, observando de como os homens conduziam as suas civilizações e tratavam os da sua espécie.

Os tempos eram tempos de fins de tempos. Os primatas se preparavam para o fim de seus tempos de domínio, e deixariam um mundo sujo e caótico para os anfíbios. - Nossas conquistas construíram este mundo. Os sapos permaneceram no brejo. - Não, não permanecemos. E estamos furiosos! Suas conquistas contaminaram os brejos. Agora terão de encarar os monstros de suas próprias criações.

Livro: O Mamulengo

Foi como uma marionete que, de repente, cortou os fios de conduta que a moviam.

Numa manhã de céu claro, a cidade movimentada, ele decidiu não mais reagir à realidade que o cercava. Talvez um sonho, uma brusca mudança de percepção, ou mesmo algo patológico o deixou naquele profundo estado de prostração. Pouco se importou em saber por que, não refletiu acerca disso, apenas deixou-se cair no pátio do quintal. E lá ficou jogado, mole e disforme, entregue a um novo destino. Pois estava resolvido a renunciar as exigências da realidade, aniquilar tudo que o construiu até ali e gerar uma nova realidade, só sua. E iniciou ali a sua jornada em busca da autonomia mental.

Page 9: Eu e Meus amigos escritores

Breno Góes - RJ EX – QUADRINHAR Ou “A BIT OF BITS” Ou ainda: Exercícios em rodondilha maior) [email protected]

ODE AO AEDO

O escultor já havia terminado Zeus, Apolo, Dionísio, Hera,

Palas, Hermes, Afrodite, Ares, Poisedon, Hades, Ártemis e Hefaisto (seu predileto), quando deu os deuses por terminados e resolveu esculpir o herói Hercules. Seria sua décima terceira escultura, justamente esculpindo o herói famoso por seus doze trabalhos. Ao terminá-lo, notou uma imperfeição, pois o escroto esquerdo do semi-deus estava exatamente na altura do direito. Todos sabem que o esquerdo é um pouco mais pra baixo.

Num acesso de fúria, jogou todas as estátuas fora, quebrando as de mármore e derretendo as de bronze. Ao perguntarem, depois, por que ele havia feito isso, ela disse que não importava, pois ainda conservava sua obra completa. Dizia, os loucos que o entendessem, que seus olhos emboçados de tanto pó de pedra e queimados de tanto bronze incandescente, suas cicatrizes e calos decorrentes do manuseio do cinzel e suas três hérnias de disco oriundas do curvar-se para as estatuas eram na verdade a verdadeira obra de arte da qual ela era sujeito. - Não era eu, percebera? Nunca foi meu propósito ou fim ultimo esculpir deuses. Durante esse tempo todo eram eles me esculpindo. - Então... - Sim - Ele tinha doçura nos olhos enrugados, quase piedade - No final das contas, eu sou um ator.

Thiago dos Santos - SP Livro: BAILE DA NOSTALGIA [email protected] QUE BELO DIA PARA O FIM DO MUNDO Que belo dia para o fim do mundo E tantas pessoas querendo viver Descendo a estreita ladeira penso nisso tudo Posso ser triste, mas que belo entardecer.

O sol cai suave e ilumina a ponte Que se inicia no fim da fina rua. A ponte que o sol ilumina Deixa os olhos mais vivos. EM HOTEL BARATO – NO RIO Tudo melhor aqui de cima. Com sono escrevo Hoje podia não vir a lua, Palavras sentidas. Nem sua noite. Pisadas batidas É triste mesmo saber Adentram pela saída de ar, Que todos esses que flutuam Donde tudo tende a recomeçar. No bafo do Calor Jaz se afogarão Tem uma santa Em chuva de gotas Presa na porta, Que não chegam ao chão. Fina, curta, Posta torta.

E com o vento de mentira DO QUE SE PASSOU Que sai dentre as fatias Penso na vida; O amor vejo, Memórias, histórias E me inspirou Pela metade queridas. (vividas) A escalar estatuas Para escrever teu nome Nas bocas delas. E agora, sabendo que tudo passa Penso em teu nome

Pousando em bocas eternas.

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Louis Alien [email protected]

O DIA DEPOIS DE ONTEM ANTES DO PÔR-DO-SOL

sonho antigo Canto

Toda vez que como morangos me lembro de você

Pela cor ESTAR BEM VIVO NO pelo GOSTO MEIO DAS COISAS É me lembro PASSAR POR ELAS, E do corpo DE PREFERÊNCIA, do ROSTO CONTINUAR PASSANDO então percebo “Torquato Neto” (não tenho você) não estou MORTO RECEITINHA CONJUGAÇÃO

O autismo pode ser não há novidades Um certo senso incomum não existem Maaaaas inverdades Não tem sentido nem omissões Sem ter tido há missões e calabouços Sem ter tido tudo. digressões e reembolsos mas as VerdadesEu escrevo que perseguimos

Tu desenhas são Uma só Ele vê TV e o Resto é Nós não sabemos

disfarce.

Vós perdestes Tudo E Eles? perdidamente só Bem... o jardineiro fiel Eles se foram. Procura seu ramo

- não me engano se foi frio teu último suspiro-

-se bem me lembro ainda sou eu mesmo vivendo ao relento-

Carluxo BLUES.

Ela saltou do táxi e ajeitou a saia curta que aproveitadoramente no carro haviam encurtado mais, olhou ao redor com um piscar arrogante e se virou com as nádegas presas ao tecido como se fosse uma placenta nunca arrancada e saiu rebolando e tropeçando com as sandálias dois números abaixo dos teus pés, até o final da calçada de luzes verdes do motel, sumindo logo depois.

Gritos perfumados. Odores expulsos de trás das cortinas. O beijo se desdobra ao lhe encontrar a nuca. As visões de si mesmo nunca lhe haviam excitado tanto. O delineador afogava a retina, enquanto escorriam as gotas de tesão que

derretiam e deslizavam tingindo as virilhas de negro e fazendo a gruta cantar e gemer como as divas do blues...

M.Editorial – IN 28 POEMAS www.macunaimaproducoes.com [email protected]

A beleza mete medo porque nunca seu segredo revela ao observador que quer fugir, mas quedo permanece em vigília enquanto a beleza brinca com o grotesco.

Dinis Carneiro – MG

[email protected]

SER POETA É GARIMPAR DIAMANTES É SUPERAR UM CAMINHO

REPLETO DE PEDRAS PARA CONQUISTAR

ALGUNS BRILHANTES

Page 11: Eu e Meus amigos escritores

Lena Moraes – Rio de Janeiro – RJ [email protected]

Querem me vender a galáxia?! PAR DE JORROS Quero apenas que não vendam a ninguém a estrela que é só minha. Revelada ad eternum nas quatro retinas nossa imagem POEMA CONCRETO DO MEDO no espelho duplicada RECEIO e dividida por dois. REC RÉ. Caramujo – PE [email protected] Sentimentos plantados sob doces beijos conquistados as batidas de um maracatu que não para... Vais a Amazônia? Eu quero ir também, amar-te nos igarapés onde o acará se esconde ou entre jequitibás e uba-ubas que crescem eternamente. Mas se quiseres passear no interior, te mostro as ruas poeirentas lá do meu sertão... Se quiseres passear nas cavernas te mostro os desenhos dos meus antepassados, se quiseres passear nas areias quentes te mostro as praias mais lindas do meu litoral... Agora se quiseres passear nas raízes do meu manguezal, amar te hei no meio da lama. Edmilson Santinni – Maria Souza www.teatroemcordel.com.br TEATRO EM CORDEL [email protected] Des’ lá da Idade Média Deixando cantar na veia Que nessa literatura O verso de cada aldeia. Corre drama e aventura, Mas, no fundo, não disfarça Misturados com tragédia, Que seu forte é mesmo a farsa, Que às vezes dá comida comédia, Nas rimas que encadeia.

N. Talalapaxi S. – Angola [email protected] Poesia [email protected] TRAPOS & FARRAPOS Parte 1 – DO DESTINO

UNIÃO

Uma união de tábuas É uma embarcação; A embarcação sem união É naufrágio. Uma união de pedras É um edifício O edifício sem união É ruína.

Uma união de flores É um jardim; O jardim sem união É mato. Uma união de homens É um exercito;

O exercito sem união É despojo. Uma união de vozes É um coral; O coral sem união É ruído. Uma união de nubentes

É um matrimônio; O matrimônio sem união É divórcio.

Uma união do barro e do sopro divino É o homem; O homem sem união É cadáver. De tudo quanto existe

A união é a vida; A vida sem união É morte.

Entre no Quarto Poder... o livro... www.flordomundo.com.br

Page 12: Eu e Meus amigos escritores

André Luiz Bentes [email protected] Até quando quiser... o devir O olho esbugalhado vê tudo que passa

Seria redundante se não fosse outro Seguindo adiante o tempo se escassa O ser apavorado por ser tudo novo Do arco... da lira, tensão permanente Do absurdo o ente, choque das espadas Contemplo a noite vinda como um bom lagarto Que grato pelas pedras só observa e sente E até quando quiser, enquanto houver desejo Meu medo estará morto e meu olhar distante Descubro no instante e no após esqueço A voz no ouvido esquerdo só diz: adiante! E rio sem moral dos que buscam começo Percebo a gaivota e seu vôo rasante Como nós dentro do crânio Se dá a foz do que foi a vida E agora é somente lembrança... Dali Como se nadasse num rio de medo As páginas da história trazem soluções Respostas inaladas de onde não há cheiro De um mar sem horizonte, um infinito em vão

E as águas são passadas enquanto tenho sede Na ponte o tempo corre pelas minhas mãos No espelho logo vê-se que já estão sem dedos

Eunucos das idéias sob a luz do Sol

Heber Cunha - MG Campanha MG 14.09.07 Do cordel: Oromaris Oromaris é o menino mais esperto que existe. Escolheu nascer da semente do mais simples pai, colocada dentro da mais agradável mãe. Por isso sua educação é algo natural, sem intenção, como cuidar de uma planta sadia em solo rico e ambiente perfeito. Oromaris cresce com o Escudo do NÃO, com a Espada do SIM e com o Fogo do Eu. Porque ele é um príncipe verdadeiro, se você crê na impossível REALIDADE de uma doce gota de água ou de um minúsculo peixinho e de uma alegre fruta. Até na realidade do príncipe do Fogo. Oromaris é o Príncipe do Fogo.

William Melo Soares – Piauí NA ROTA O BEIJA FLOR RIO POTY

Desce o rio céu de maio margeando elegante o plantio a garça pousa das vazantes na ramagem, alimentando ribeirinha em seu leito flor de salsa essa gente ribeirinha, céu de maio Segue o rio amor de mãe vida aflora Nesga de nuvem pela nandança dos peixes. no azul

Eu te levo Tu me levas Nos levitamos

Page 13: Eu e Meus amigos escritores

Macambira & Querindina – Esperança – PB [email protected] [email protected] Uma história para ti 67 - Era isso que Macambira Desejava conseguir Que onça entendesse 68 - E ainda hoje está E não comesse mais ali Pela mata ou floresta E sem matar a bichinha Vive a perambular Apesar daquela rinha Dentro do que ainda resta Fez a oncinha fugir Por causa da destruição Que destrói a criação 69 - Quando olhei pro menino Sendo poucas como esta Parado do jeito que tava Balancei-o pelo braço 70 – Foi então que ele disse Mas ele nem balançava Pra que eu possa dormir Pois estava admirado Vó me conta outra Pelo que tinha escutado Senão daqui não vou sair Nem os zois ele piscava Pois é bom lhe escutar

Esses versos a rimar 71 – Peguei Geraldin E na rede coloquei 72 - Contarei as aventuras Balançando o bichin E causos de verdade Bem baixin assim falei Que possam lhe instruir Depois eu conto uma história Que mostrem a realidade Que tá em minha memória Pois nas rimas se aprende Prometo que contarei Nosso mundo se entende Nos dá a maturidade

73 - E pra você que está lendo Lendo o nosso cordel Procure assim valorizar Este folheto de papel Pois faz parte da Cultura Afinal a Literatura É tão boa quando o mel

Fernando Lopes [email protected]

OLHARES

Sei: você tem o olhar mais invejável que o meu modo de ver já viu ao vivo: fulminante quando pede o entregar-se exigente quando órbita inatingível

cintilante quando da de revelar-se diferente quando atenta intraduzível

intrigante quando pensa que oferece envolvente quando quer o impossível

displicente quando diz-me o indizível cativante quando encara sem nuance de amante quando pisca de relance

insistente quando encara impassível e por mais que você tente esquivar-se de olhar olhares como o seu eu vivo.

Joaley Almeida Lemos – Brasília - DF Amor e Lição Do Livre Caminho

[email protected]

Agora vou ir junto com o vento deslizando tranqüilo o pensamento e não mais serei tormento nem angústia pelo que não tenho. Leve serei nuvem e vagarei em compasso lento. Das mãos a ferramenta do peito sentimento, quando ele mais pleno poesia riscará areia. Olhos e horizontes se abriram num beijo e a matéria antes tão densa, será pena, cócegas e vento.

Na direção do vento Nos sertões do peito No caminho que se abre Lanço minha semente. Palavras que catei dos velhos do convívio com os mestres da coragem que inalo.

Page 14: Eu e Meus amigos escritores

Juliana Hollanda [email protected]

sobre passarinhos e asas de borboleta (I) Da série: “Hey sleeping beauty come back to sleep” ou Síndrome de Estocolmo

refém de si mesma dormiu no calabouço durante anos não tinha força para subir as escadas -escapar- alimentava-se de excessos de sono, formigas e outros pequenos insetos -folgados insetos- ousavam desapertá-la de vez em quando ela os esmagava com os dedos ainda sonâmbula e os levava a boca. bastavam dois ou três para alimenta-la por uma semana ela retornava ao transe quase que instantaneamente e voltava para o mundo onde era seguro estar - o mundo dos sonhos -

Pedro Tostes - SP www.ptostes.blogspot.com

ANJO www.descaminhar.blogspot.com

[email protected] a arte da vida ALICE

em arte

alucinada desbanca dinheiro foge atrás glória do coelho que fama a persegue. o corpo o medo a vida do que tem medo que muda

nada diz -Sonhar é inocente- onde? se esconde o coração Alice quase inteiro

eternamente o futuro (em pedaços

numa carta de baralho apenas a sempre sã incompreensão)

assim perdida contando nos dedos despenca as feridas do céu

buscando lógica ou saídas

ele permanece Pedro Tostes não se joga Coletivo

não entende Poesia Maloquerista nunca mais Livro:

seremos Descaminhar iguais (dix/annablume)