Eutanásia em veterinária

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Eutanásia em veterinária Prof Marília Gomes

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Eutanásia em veterinária

Prof Marília Gomes

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CFMV, 2013

“indução da cessação da vida animal, por meio de método tecnicamente aceitável

e cientificamente comprovado,observando sempre os princípios éticos”

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• Do grego eu = bom + thánatos = morte

• Morte sem sofrimento (morte feliz)

• Medicina humana: proibida em quase todo o mundo

• Medicina veterinária: indicada por veterinário - legislação vigente

• Ainda não existe um agente ideal para o procedimento

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Processos • Métodos químicos1. Agentes injetáveis 2. Agentes inalatórios3. Imersão (peixes e anfíbios)

• Métodos físicos1. Agentes mecânicos2. Irradiação de micro-ondas3. Compressão torácica (cardiopulmonar em pequenos pássaros)4. Armadilhas de captura que matam (para coleção em zoologia)

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• Combinação de agentes – melhora a qualidade do processo:

Indução suave - sem dor, sem alterações comportamentais, sem causar medo, espasmos ou ansiedade

Indução rápida - inconsciência e morte devem ocorrer rapidamente Ser seguro e de fácil utilização para o profissional que manipula o agente Não causar contaminação sanitária e ao meio ambiente Não deixar resíduos ou lesões teciduais que poderiam vir a prejudicar a

necropsia Custo acessível

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Quando pode-se optar pela eutanásia?1. O bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sem

possibilidade de controle por analgésicos ou sedativos2. A condição do animal for uma ameaça à saúde pública3. O animal doente colocar em risco outros animais ou o meio ambiente4. O animal for objeto de ensino ou pesquisa5. O animal representar custos incompatíveis com a atividade produtiva a

que se destina ou com os recursos financeiros do proprietário (aí entram as entidades protetoras e hospitais veterinários)

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• Escolha do método de eutanásia: 1. Espécie envolvida2. Idade3. Estado fisiológico dos animais4. Meios disponíveis para a contenção5. Capacidade técnica do executor6. Número de animais

Considerar:

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1. Compatível com os fins desejados e embasado cientificamente2. Seguro para quem o executa3. Realizado com o maior grau de confiabilidade possível, comprovando-se

sempre a morte do animal4. Aprovado institucionalmente na comissão de ética no uso de animais

(CEUA), no caso de fins científicos

Devendo, ainda, o método ser:

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• Os princípios básicos de bem-estar, norteadores dos métodos de eutanásia, precisam ser exaustivamente discutidos, pois são eles que orientarão a abordagem do tema sob todos os aspectos técnicos e desafios éticos

• O amplo entendimento desses princípios trará um novo momento, no qual os atores (executores, proprietários de animais, alunos, funcionários, entre outros) poderão atuar como balizadores do processo da eutanásia

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• Os princípios de bem-estar animal, relevantes para a eutanásia em animais, objetivam garantir:

1. Elevado grau de respeito aos animais2. Ausência ou redução máxima de desconforto e dor3. Inconsciência imediata seguida de morte4. Ausência ou redução máxima do medo e da ansiedade5. Segurança e irreversibilidade

Bem-estar animal:

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6. Ser apropriado para a espécie, idade e estado fisiológico do animal ou animais em questão

7. Ausência ou mínimo impacto ambiental8. Ausência ou redução máxima de riscos aos presentes durante o ato9. Treinamento e habilitação dos responsáveis por executar o

procedimento de eutanásia para agir de forma humanitária, sabendo reconhecer o sofrimento, grau de consciência e morte do animal

10. Ausência ou redução máxima de impactos, emocional e psicológico negativos, em operadores e observadores

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• O comportamento e as respostas fisiológicas ao estímulo nocivo podem incluir:

Angústia, vocalização, agressividade, tentativa de fuga, postura defensiva, salivação, micção, defecação, dilatação das pupilas, taquicardia, hipertermia, arrepios, tremores e espasmos musculares

• O medo pode causar: Imobilidade ou síncope em algumas espécies

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1. Garantir que os animais submetidos à eutanásia estejam em ambiente tranquilo e adequado, respeitando os princípios básicos norteadores desse método

2. Atestar a morte do animal, observando a ausência dos parâmetros vitais3. Manter os prontuários com os métodos e as técnicas empregados sempre

disponíveis para fiscalização pelos órgãos competentes4. Esclarecer ao proprietário ou responsável legal pelo animal, quando for o caso,

sobre o ato da eutanásia5. Solicitar autorização, por escrito, do proprietário ou responsável legal pelo

animal, para a realização do procedimento, quando for o caso6. Permitir que o proprietário ou responsável legal pelo animal assista ao

procedimento, sempre que o proprietário assim desejar, desde que não existam riscos inerentes

Cabe ao médico veterinário:

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Confirmação da morte do animal • O executor deve ser capaz de identificar o momento da morte do animal

através de alguns indicadores:

1. Ausência de movimentos torácicos e sinais de respiração. Essa confirmação per se não é suficiente, pois a parada respiratória sempre antecede a cardíaca e pode ser reversível

2. Ausência de batimentos cardíacos e pulso, que podem ser constatados com a utilização de estetoscópio, palpação torácica e compressão digital de artéria superficial (e.G. Aa. Femoral)

3. Perda da coloração das membranas mucosas que ocorre por ausência de fluxo sanguíneo, deixando o tempo de reperfusão capilar muito prolongado

4. Perda do reflexo corneal, que é avaliado por compressão digital da córnea com retração reflexa do globo ocular

5. Perda do brilho e umidade das córneas e rigor mortis

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Impactos psicológicos na equipe executora e no público em geral • Quando animais são submetidos à eutanásia, cria-se um impacto psicológico

no ser humano

• Visando a minimizar o impacto negativo, a equipe envolvida na execução da eutanásia deve passar por treinamentos continuados, além de receber apoio psicológico e rodízio na atividade de execução

• No caso dos proprietários de animais de estimação, precisa haver esclarecimentos suficientes para o entendimento da necessidade do processo, do método a ser empregado e da irreversibilidade do mesmo

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• Deve ser facultado ao proprietário o direito de presenciar o ato e, se necessário, um período de tempo a sós com o animal antes da eutanásia

• A destinação do corpo deve ser discutida antes do procedimento

• O proprietário deve manifestar o entendimento de todo o processo e proceder à autorização de forma expressa

• No julgamento do Médico Veterinário para indicação da eutanásia, o aspecto econômico deve ser o último numa escala de prioridades e, jamais, deve-se realizar a eutanásia como forma de atender a uma necessidade do proprietário, como por exemplo, a convivência com as limitações impostas pela idade avançada do animal

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HISTÓRIAS

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Foi por meio de anestésicos que, há três meses, a consultora de moda paulistana Christina Kiraly sacrificou seu golden retriever George, de 14 anos. Após um ano lutando sem sucesso contra um câncer no fígado do cão, ela optou pela eutanásia. “Ele não era mais o mesmo”, relata. “Eu não conseguia assistir àquele sofrimento. Já conheci gente que prefere manter seu animal em agonia, mas eu não faria isso com o meu”, ela diz. Para aliviar a dor da perda, Christina guarda as cinzas de George

numa urna.

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A professora paulista Luciana Fernandez gastou 7.000 reais nos últimos dois meses para tratar de um linfoma que acometeu seu gato Vítor, de

10 anos. O animal foi tratado com quimioterapia, mas não teve boa resposta à medicação. Vítor é considerado um paciente em estado terminal, tem dificuldade para andar e precisa de medicamentos

diários. “Prefiro acordar um dia e encontrá-lo morto a levá-lo a algum lugar para matá-lo”, ela diz. “Mas não posso ser egoísta, se ele começar

a sofrer muito, terei de optar pela eutanásia”, completa.

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O advogado Lincon Teixeira e sua mulher, Maria Estela, desembolsaram 20.000 reais nos últimos sete meses para combater a insuficiência renal

da cadela maltês Nanuche. O animal parou de comer, beber água e andar. “Já havíamos optado pela eutanásia se ela continuasse assim, porque ela estava sofrendo muito”, diz Estela. Nanuche se recuperou dos sintomas e seus donos acreditam que ela ainda tem qualidade de

vida para seguir em frente.

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Há três anos o labrador Ring, da administradora Tatiana Hirakawa, ficou paralítico e se submeteu a uma cirurgia na coluna. Os veterinários a advertiram que, se ele não recuperasse os movimentos, o sacrifício seria a melhor opção. “Já gastei 15.000 reais em tratamentos e Ring

recuperou, em parte, os movimentos”, ela conta.

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• A escritora americana Jessica Pierce, que há um ano sacrificou seu labrador, lançou nos Estados Unidos o livro The Last Walk (A Última Caminhada), aborda a eutanásia animal sob vários aspectos.

• Ela chama atenção para o fato de que muita gente sacrifica os animais porque simplesmente não tem paciência para cuidar deles quando velhos. Escreve Jessica: “A eutanásia de animais domésticos está profundamente enraizada na cultura americana, e raramente refletimos sobre as questões morais que ela envolve”.

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• Nos Estados Unidos, 35% da população de 172 milhões de animais de estimação é considerada como paciente geriátrico. Isso abriu uma nova frente na medicina veterinária americana – os cuidados paliativos.

• Assim como é feito com os humanos, a medicina paliativa ameniza a dor e o sofrimento dos pacientes em estado terminal, até o momento da morte. Quando o sofrimento é incontornável e nem a medicina paliativa funciona, no entanto, o sacrifício pode ser a melhor solução para o amiguinho de longa data.

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• Diferente da responsabilidade da cura, a da morte pode ser mais séria, sobretudo, se não respeitada a vontade do cliente. Apesar de não existir nenhuma lei para determinar os parâmetros da chamada “morte feliz”, são condenáveis, e passíveis de punição, a eutanásia ativa, aquela que a ação direta provoca a morte do paciente (animal), quando não autorizado pelo cliente (dono).

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OBRIGADA!

A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo

que seus animais são tratados

(Mahatma Gandhi)