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Evolução das Abordagens em Economia Industrial (3)

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As Origens da Economia Industrial (2)

O Modelo E-C-D sempre teve uma ênfase muito forte na parte empírica.

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Os primeiros estudos empíricos do paradigma E-C-D demonstraram, por exemplo, uma relação positiva entre concentração da indústria (número de vendedores) e lucratividade das empresas.

Isso ajudou a impulsionar o paradigma E-C-D.

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Mas ele tinha alguns problemas (ou pelo menos, eram percebidos como problemas).

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Um dos aspectos que será percebido como problema é o fato de que a análise não era tão formalizada quanto a teoria microeconômica convencional.

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Isso se tornou mais problemático a partir dos anos 1960-70, quando impulsionada pelos trabalhos de Arrow e Debreu uma década antes, a teoria microeconômica vai ganhar formalizações cada vez mais sofisticadas.

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Alguns autores passam a denunciar a análise baseada E-C-D como sendo excessivamente empírica e pouco elaborada teoricamente.

Todavia, dois outros problemas mais importantes afetariam o paradigma E-C-D.

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O primeiro problema com o paradigma E-C-D foi favorecer uma interpretação determinística das relações entre estrutura e conduta por parte das cortes norte-americanas no julgamento de casos de defesa da concorrência.

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Assim, as cortes começam a considerar o tamanho das empresas uma espécie de mal em si mesmo.

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O marco neste sentido foi o caso Alcoa em 1945, quando a empresa foi considerada culpada de tentativa de monopolização do mercado de alumínio.

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Isso porque a empresa estava expandindo sua capacidade à frente da expansão da demanda, mantendo assim reserva de capacidade ociosa.

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Influenciadas pelo paradigma E-C-D, as cortes tendiam a produzir excessos, além de prejudicar o interesse das grandes empresas.

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As Origens da Economia Industrial (2) Um caso de excesso que se tornou

referência foi o caso Brown Shoe (1962), em que a corte não permitiu o ato de concentração entre duas empresas produtoras de sapatos (Brown e Kinney), embora elas dispusessem apenas de algo em torno de 5% do mercado nacional.

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As Origens da Economia Industrial (2) O segundo problema, será a percepção

de perda de competitividade dos produtos norte-americanos nos anos 1970.

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As Origens da Economia Industrial (2) O aumento das parcelas de mercado

absorvidas por produtos alemães e japoneses será interpretada como uma consequência de uma política de defesa da concorrência menos rigorosa nestes países.

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As Origens da Economia Industrial (2) Desse modo, em função de: 1) Interpretações legais polêmicas;

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As Origens da Economia Industrial (2) 2) Um ambiente acadêmico mais

favorável a formalizações rigorosas, e 3) Uma inflexão na política antitruste

norte-americana com vistas à competição internacional de suas empresas...

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As Origens da Economia Industrial (2) O paradigma E-C-D vai começar a sofrer

fortes críticas, as mais influentes vindas do que ficou conhecido como “escola de Chicago de Economia Industrial”.

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As Origens da Economia Industrial (2) Na verdade, a escola de Chicago não se

limitava à Universidade de Chicago. Um dos mais importantes economistas

que criticavam o paradigma E-C-D, Harold Demsetz, era da Universidade da California, Los Angelas.

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As Origens da Economia Industrial (2) Na verdade, a primeira geração de

economistas de Chicago, Como Henry Simons, que defendeu nos anos 1930 a divisão das grandes empresas.

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As Origens da Economia Industrial (2) Simons acreditava que a maior parte

das indústrias poderia ser atendida por um número relativamente grande de empresas, sem que com isso fossem sacrificadas economias de escala significativas.

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As Origens da Economia Industrial (2) Simons escreveu na Grande Depressão,

e acreditava que se a economia continuasse comandada por grandes empresas,a pressão política acabaria por generalizar as empresas públicas.

A chamada “segunda geração”de Chicago vai adotar uma abordagem diferente.

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As Origens da Economia Industrial (2) Economistas como Harold Demsetz e

Richard Posner vão adotar algumas hipóteses importantes:

A primeira de natureza teórica: a base teórica fundamental para a análise dos problemas de Economia Industrial é a “Teoria dos Preços” (Price Theory), ou seja, a teoria microeconômica ortodoxa.

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As Origens da Economia Industrial (2) Isso, obviamente, implica utilizar

modelos formalizados, pela crescente formalização da teoria microeconômica.

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A segunda hipótese, de natureza mais metodológica é a de que o modelo de concorrência perfeita em geral fornece uma “boa aproximação” das indústrias no mundo real.

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As Origens da Economia Industrial (2) Isso valeria até mesmo para as

indústrias que são imperfeitamente competitivas.

Aqui temos de abrir dois parênteses. O primeiro será para o chamado

Teorema do Segundo Melhor.

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As Origens da Economia Industrial (2) O Teorema do Segundo Melhor é

frequentemente ignorado, embora ele date de 1956, quando foi demonstrado por Richard Lipsey e Kelvin Lancaster.

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As Origens da Economia Industrial (2) O teorema afirma que se houver mais do

que uma distorção na economia, nada garante que ao eliminarmos uma distorção estaremos nos aproximando do resultado eficiente.

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As Origens da Economia Industrial (2) O segundo parênteses é para o teorema

Sonnenschein-Mantel-Debreu, que afirma que o equilíbrio geral não é nem único, nem estável.

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As Origens da Economia Industrial (2) A razão disto é que o efeito-renda faz

com que as próprias curvas de demanda e oferta se desloquem, multiplicando os equilíbrios possíveis e complicando a convergência para qualquer equilíbrio (uma vez fora dele).

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As Origens da Economia Industrial (2) Apesar disso, com base nestes

princípios, os economistas desta segunda geração de Chicago criticavam a relação causa-efeito pressuposta pelo paradigma E-C-D.

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As Origens da Economia Industrial (2) O argumento era o de que, pela falta de

uma elaboração teórica mais rigorosa, o sentido assumido pelo E-C-D poderia ser invertido.

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As Origens da Economia Industrial (2) Uma maior concentração industrial pode

resultar de uma maior eficiência de determinadas empresas, que por isso cresceriam mais do que as outras, resultando daí a concentração.

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As Origens da Economia Industrial (2) Assim argumentavam esses autores,

melhor do que simplesmente assumir que uma elevada concentração significa empresas com poder de mercado e ineficiência...

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As Origens da Economia Industrial (2) ...Seria analisar a conduta das empresas

em setores concentrados, examinando a possibilidade destas condutas envolverem ganhos de eficiência para as empresas e os consumidores.

Ou seja, argumentava-se a favor de uma maior ênfase na conduta das empresas e menos na estrutura do setor.

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As Origens da Economia Industrial (2) Essa argumentação efetivamente

enfraqueceu o paradigma E-C-D, tanto como base de Economia Industrial, quanto como base de análise de defesa da concorrência.

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As Origens da Economia Industrial (2) Ao menos nos Estados Unidos. A

mudança da ênfase para a conduta vai propiciar a incorporação de Teoria dos Jogos à Economia Industrial.

Esta incorporação será conhecida como Nova Organização Industrial (New Industrial Organization). Alguns autores também chamam essa abordagem de pós-Chicago.

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As Origens da Economia Industrial (2) O mesmo não é necessariamente

verdade no caso da Europa, e menos ainda no caso brasileiro.

Basta consultar o livro Industrial Organization in Context de Stephen Martin (Oxford: Oxford University Press, 2010) e o Guia para a Análise de Atos de Concentração da SEAE/Min. Faz.

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RONALDO [email protected]

Fim da Terceira Aula

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